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AULAS DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADE CIVIL – 2ª

UNIDADE

PROF. MICHEL POSSÍDIO

AULA 23 DE ABRIL DE 2021

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

A transmissibilidade das obrigações é uma conquista do direito moderno. Consiste numa


sucessão, a qual classificamos ativa se atinente ao credor ou passiva, se atinente ao devedor,
que não altera a substância da relação jurídica.

A transmissibilidade das várias posições obrigacionais pode decorrer, presentes os


requisitos para a sua eficácia, de:
a) cessão de crédito, pela qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação
obrigacional;
b) cessão de débito, que constitui negócio jurídico pelo qual o devedor transfere a
outrem a sua posição na relação jurídica, sem novar, ou seja, sem acarretar a criação de
obrigação nova e a extinção da anterior;
c) cessão de contrato, em que se procede à transmissão, ao cessionário, da inteira
posição contratual do cedente, como sucede na transferência a terceiro, feita pelo promitente
comprador, por exemplo, de sua posição no compromisso de compra e venda de imóvel loteado,
sem anuência do credor.
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito1 2 3 4 se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou
a convenção com o devedor;5 6 a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de
boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação7.

1. A cessão de crédito é forma de transmissão de direito. Na cessão de crédito, há a


transferência de qualidade creditícia do credor (cedente) em face do devedor, para terceiro
(cessionário), de forma que este assume o respectivo direito de crédito, com todos os
acessórios e garantias. É negócio jurídico abstrato, que se completa, independentemente, de
sua causa.

2. A cessão pode-se dar por meio de transferência gratuita ou onerosa. A cessão ainda pode ser
voluntária (quando se dá espontaneamente), legal (quando deriva de imposição da lei) ou
judicial (quando é determinado por sentença). Finalmente, a cessão de crédito pode ter
natureza pro soluto (nos casos, em que a transferência do crédito opera a solução de
obrigação preexistente, exonerando o credor) ou pro solvendo (nas hipóteses em que subsiste
tanto a obrigação preexistente, sem a quitação do credor, como também a cedida).

3. Por se tratar de negócio jurídico abstrato, a cessão de crédito submete-se às regras gerais de
prova do negócio, podendo ser demonstrada por qualquer meio, se o valor do crédito cedido
for inferior à taxa legal, ou por começo de prova escrita, se referido valor for superior a tanto
(CC, art. 227). A cessão de crédito pode ser feita mediante instrumento ou público ou ainda
verbalmente (nos casos, em que a transferência da obrigação se dá por meio da entrega do
título). Assim, não se exige requisito formal para eficácia da cessão entre as partes, exceto
quando o próprio requisito formal para a eficácia da cessão entre as partes, exceto quando o
próprio direito cedido exigir instrumento público.

4. A entrega do título não é necessária para que a cessão de crédito seja eficaz, exceto nos casos
em que o instrumento tiver a função representativa do próprio crédito. Seriam exemplo de
tais casos a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a warrant etc.

Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios1.
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do
título do crédito cedido.

Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo,
ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título
de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a
prioridade da notificação.
Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os
atos conservatórios do direito cedido.

Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no
momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.

Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao
cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe
nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.

Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do
que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que
o cessionário houver feito com a cobrança.

Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver
conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado,
subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.

Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do
credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e
o credor o ignorava.

Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na
assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.

Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção
da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.

Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas
garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a
obrigação.

Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor
primitivo.
Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido;
se o credor,
notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento.

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i-do-direito-das-obrigacoes/titulo-ii-da-transmissao-das-obrigacoes>
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ADIMPLEMENTO - AD NUTUM
Consiste no pagamento de determinada obrigação.

No Direito Civil, adimplemento, também chamado de pagamento, compreende uma das


formas de extinção de uma determinada obrigação através do seu cumprimento pelo devedor.
O caso mais comum de forma de adimplemento é a entrega de dinheiro ao credor.
O adimplemento/pagamento pode ocorrer tanto nas obrigações pessoais quanto nas
obrigações de crédito.

Fundamentação: Artigos 304 a 333, do Código Civil (Parte Especial, Livro I, Título
III, Capítulo I).

INADIMPLEMENTO
O Código Civil aponta como efeitos do inadimplemento culposo da obrigação: mora,
perdas e danos, juros, cláusula penal e arras. Nota-se que o legislador civil aplica tais efeitos
para o não cumprimento de qualquer obrigação seja esta contratual ou extracontratual.
Art. 389 - não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

O inadimplemento nada mais é, neste prisma, do que o descumprimento da obrigação,


seja pelo credor ou pelo devedor.
O inadimplemento absoluto se caracteriza por criar uma impossibilidade ao credor de
receber a prestação devida, convertendo-se a obrigação principal em obrigação de indenizar. A
partir do descumprimento da obrigação, a prestação se torna inútil para o credor, de modo que,
se prestada, não mais satisfará as necessidades do mesmo.
O inadimplemento relativo consiste no descumprimento da obrigação que, após
descumprida, ainda interessa ao credor. A obrigação, neste caso, ainda pode ser cumprida
mesmo após a data acordada para o seu adimplemento, por possuir, ainda, utilidade. Neste caso,
o efeito do inadimplemento é a mora, ou seja, o retardamento da prestação1.

1
Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/os-efeitos-do-inadimplemento-das-
obrigacoes/>. Acesso em 14 de maio de 2021.
AULA 14 DE MAIO DE 2021

ATO JURÍDICO
Constitui simples manifestação de vontade, sem conteúdo negocial, que determina a produção de efeitos
legalmente previstos.

NEGÓCIO JURÍDICO
“a manifestação de vontade destinada a produzir efeitos jurídicos”, “o ato de vontade dirigido a fins
práticos tutelados pelo ordenamento jurídico”, ou “uma declaração de vontade, pela qual o agente
pretende atingir determinados efeitos admitidos por lei”.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA X RESPONSABILIDADE CIVIL


SUBJETIVA

Com o desenvolvimento da teoria do risco, incrementada pelo avanço tecnológico do


século XX, a responsabilidade civil subjetiva, fundamentada na ideia de culpa, cedeu lugar,
paulatinamente, à responsabilidade civil objetiva.
Hoje, ambas as formas de responsabilidade convivem, havendo sido esta, inclusive, a
posição adotada pelo Novo Código Civil.
A diferença entre a responsabilidade subjetiva e a objetiva reside, basicamente, no
fato de que a primeira depende da comprovação de dolo ou culpa, enquanto a segunda, estará
caracterizada desde que o nexo causal esteja comprovado.
A responsabilidade subjetiva se dará quando o causador de determinado ato ilícito
atingir este resultado em razão do dolo ou da culpa em sua conduta, sendo obrigado a indenizar
do dano causado apenas caso se consume sua responsabilidade. Exemplo clássico que podemos
seguir será em um acidente de ônibus, onde o motorista do veículo será compelido a indenizar
dos prejuízos, caso seja provada a vontade de praticar aquele ato (dolo) ou ainda que haja a
presença de negligência, imprudência ou imperícia (culpa).
Já na responsabilidade objetiva, o dever de indenizar se dará independentemente da
comprovação de dolo ou culpa, bastando que fique configurado o nexo causal daquela atividade
com o objetivo atingido. A responsabilidade objetiva é presente na maioria das relações
previstas no código de defesa do consumidor, e, novamente utilizando o universo do exemplo
anterior, podemos definir que, no mesmo acidente de ônibus, a empresa responsável pelo
transporte responderá de forma objetiva pelos transtornos causados, justamente pela relação
empresa-cliente ser prevista no código consumerista.

PRESSUPOSTOS QUE PRECISAM SER ANALISADOS NA RESPONSABILIDADE


CIVIL SUBJETIVA

1. o dano
2. o nexo de causalidade
3. a conduta
4. a exigência de demonstração da culpa em sentido lato.
“a) conduta culposa, que se extrai da expressão “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imperícia”; b) nexo causal, expresso no verbo “causar”; c) dano, revelado nas expressões “violar direito
ou causar dano a outrem””

“A responsabilidade objetiva dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal. Se a vítima, que
experimentou um dano, não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, não há como ser
ressarcida.”

ATO ILÍCITO
“Sempre que alguém falta ao dever a que é adstrito, comete um ilícito, e como os
deveres, qualquer que seja a sua causa imediata, na realidade são sempre impostos pelos
preceitos jurídicos, o ato ilícito importa na violação do ordenamento jurídico”

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

*O artigo 186 adotou com maior vigor a teoria da responsabilidade civil subjetiva.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

✓ Dever se não lesar - neminem laedere

IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA E IMPERÍCIA

A imprudência pressupõe uma ação que foi feita de forma precipitada e sem cautela. O
agente toma sua atitude sem a cautela e zelo necessário que se esperava. Significa que sabe
fazer a ação da forma correta, mas não toma o devido cuidado para que isso aconteça. Exemplo
disso é o motorista devidamente habilitado que ultrapassa um sinal vermelho e, como
consequência disso, provoca um acidente de trânsito.

Negligência implica em o agente deixar de fazer algo que sabidamente deveria ter feito,
dando causa ao resultado danoso. Como agir com descuido, desatenção ou indiferença, sem
tomar as devidas precauções. Um exemplo é o caso de uma babá que, vendo a criança brincar
próximo a uma panela quente, não a afasta, vindo a criança a sofrer um acidente.

A imperícia consiste em o agente não saber praticar o ato. Ser imperito para uma
determinada tarefa é realizá-la sem ter o conhecimento técnico, teórico ou prático necessário
para isso. Um exemplo é o médico clínico geral que pratica cirurgia plástica sem ter o
conhecimento necessário, fazendo com que o paciente fique com algum tipo de deformação.
AULA 21 DE MAIO DE 2021

RESPONSABILIDADE POR ATO PRÓPRIO


Responsabilidade de o próprio autor da ação responder por aquilo praticado.

Art. 186, CC. "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito."

RESPONSABILIDADE POR ATO DE OUTREM

“Quando um filho menor praticar um ato ilícito como: Roubar, furtar, dirigir um veículo.
Ficaram responsável os pais ou outrem que tiver sua guarda, responderam independe de culpa,
sua responsabilidade é objetiva. Se o filho for estudar fora e pratica algum ato ilícito mesmo
diante dessa situação os pais serão responsáveis.”

RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA OU ANIMAL


Responsabilidade da pessoa que detém o poder de comando das coisas e animais causadores de
danos à outrem, prejuízo este que não poderia ficar no esquecimento sem que houve uma
maneira para sua reparação.

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína,
se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA, BASEADA NO RISCO


ADMINISTRATIVO
Art. 37, § 6º da Constituição Federal de 1988

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços


públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

✓ Do Estado – Objetiva
✓ Do Agente – Subjetiva

DANO MORAL REFLEXO OU POR RICOCHETE


O dano moral reflexo, indireto ou por ricochete refere-se ao direito de indenização das pessoas
intimamente ligadas à vítima direta do evento danoso, que sofreram, de forma reflexa, os efeitos
do dano experimentado por esta.

PERDA DO TEMPO ÚTIL


Situação caracterizada quando consumidores, em virtude de situações intoleráveis, marcadas
por mau atendimento, desídia e desrespeito, veem-se compelidos a sair de sua rotina para
solucionar problemas enfrentados em relações de consumo causados por atos ilícitos ou
condutas abusivas dos fornecedores de produtos ou serviços.

EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE
✓ Culpa exclusiva da vítima;
✓ Culpa exclusiva de terceiro;
✓ Caso fortuito e a força maior.

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