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INTRODUÇÃO

Quando falamos sobre atenção, não falamos somente sobre o que vemos ou
percebemos, mas também sobre o nosso aprendizado e nossa linguagem. A
atenção faz parte de todo nosso processo de vida psíquica e também cognitiva.
Segundo o livro "desenvolvimento humano”, na escola a criança faz atividades
que ajudam a manter a atenção, processar e reter a informação e também
ajudam a planejar e monitorar seus comportamentos(pag.324).Sendo assim,
percebemos que a atenção pode ser algo que pode ser melhorado e
aprimorado, mas também existem coisas que podem prejudicar o nosso foco e
a atenção.
O tempo todo estamos conectados a tecnologia, em sites quando marcamos
uma ida ao dentista, ou quando mandamos currículos de formas online ao
invés de entrega-los pessoalmente. Muitos pais trabalham e por conta do
cansaço acabam colocando vídeos e filmes nos celulares para que os filhos
fiquem mais calmos ou chorem menos, à primeira vista parece não existir
problema, mas um estudo longitudinal, nacionalmente
representativo(Christakisetal,2004) explica que "a televisão pode prejudicar o
desenvolvimento da atenção...quanto mais horas crianças de 1 a 3 anos
passavam assistindo televisão, maior era a probabilidade de apresentarem
problemas de atenção aos 7 anos"(pag.185). Uma reanalise desse estudo
constatou que a associação entre ver televisão e problemas atencionais
existiam para as crianças que permaneciam em um tempo excessivo diante da
televisão (pag.185-Desenvolvimento Humano).
Neste trabalho iremos definir atenção, abordar os diferentes tipos de atenção e
como a tecnologia pode interferir na mesma, seja nos estudos, na nossa
segurança, nossos relacionamentos ou até mesmo causando transtornos como
TDAH e TOC.
DEFININDO A ATENÇÃO

Segundo o dicionário Michaelis, atenção significa, entre outros: “Concentração


da atividade mental em determinada pessoa ou coisa.”
O dicionário “APA Dictionary of Psychology” nos oferece uma definição mais
focada na psicologia: “estado em que os recursos cognitivos são focados em
certos aspectos do ambiente ao invés de outros e o sistema nervoso central
está em estado de prontidão para responder aos estímulos”. O dicionário “APA
Dictionary of Psychology” também explica que algumas atividades requerem
participação consciente, porém a atenção também pode ser dirigida
involuntariamente por estímulos externos, a tecnologia é um excelente exemplo
disso.
Elizabeth Styles, em seu livro “THE PSYCHOLOGY OF ATTENTION” explica
que atenção é um conceito difícil de definir pelos psicólogos, porém há um
consenso de que se trata de uma capacidade limitada de processamento de
informações. Em suma, é um termo usado para se referir a diferentes
processos e que se aplica a diferentes situações.

ATENÇÃO HUMANA X ATENÇÃO PEIXINHO DOURADO

Uma pesquisa realizada pela Microsoft, no Canadá, com 2000 pessoas que
responderam perguntas e participaram de jogos online, sugere que a atenção
dos humanos já é mais curta que a de um peixinho dourado. Os voluntários
que mais usavam aparelhos eletrônicos móveis (celulares, tablets e afins)
tiveram maior dificuldade para se concentrar nas atividades em que a atenção
era exigida, assim os pesquisadores concluíram que nossa concentração está
diminuindo graças ao impacto dos aparelhos eletrônicos móveis e das mídias
digitais.
A estimativa é que os peixinhos dourados consigam manter a atenção por até
nove segundos. Em 2000 a capacidade humana de manter a atenção era de
até 12 segundos e em 2013 já caiu para oito segundos, um a menos que o
peixinho.
A boa notícia, segundo os pesquisadores, é que nosso cérebro pode estar se
adaptando às novas tecnologias – nesse caso a atenção mais curta pode ser
um efeito colateral normal.

TIPOS DE ATENÇÃO E SUAS FUNÇÕES


O objetivo de falar sobre os tipos de atenção, dentro da visão da Psicologia, é
nos mostrar a interação do indivíduo com o ambiente e como se dividem.
Segundo Luria e Vygotsky a atenção pode ser definida como a direção da
consciência, o estado de concentração da atividade mental sobre determinado
objeto. A atenção tem caráter seletivo e precisa da memória.
Existem dois tipos básicos de atenção, a atenção voluntária é a concentração
intencional e consciente sobre um objeto, já a atenção espontânea é aquela
que nos desperta o interesse espontâneo, incidental, para um objeto qualquer.
Temos também a subdivisão da atenção.
1 – Atenção Seletiva: É a atenção que seleciona o foco da mente, mesmo em
um ambiente com muito barulho ou distrações, ela consegue focar em seu
objetivo sem distrações.
Como desenvolver: Em um ambiente onde a muito sons, escolha um e procure
se concentrar apenas nele, você vai escutar outros sons, mas não terão tanto
destaque quanto o que você escolheu.
2 – Atenção Alternada: É a atenção em que o indivíduo consegue alternar o
foco da sua atenção, por exemplo a dona de casa que acompanha uma receita
pela internet e ao mesmo tempo vai desenvolvendo a receita.
Como desenvolver: Escolha no seu dia duas ou mais tarefas que você possa
desenvolver de forma simultânea ao longo do dia.
3 – Atenção Sustentada: É o tipo de atenção em que precisamos manter o foco
em longos períodos de tempo, por exemplo na escola, em cursos, etc.
A atenção sustentada trabalha junto com a atenção seletiva. Ela não só exige a
nossa atenção, mas que nos mantenhamos concentrados em uma atividade
específica por muito tempo.
Como desenvolver: Crie uma determinada tarefa e vá executando uma de cada
vez, procurando eliminar todo tipo de distração possível, inclusive o celular.
4 – Atenção Concentrada: É aquela que a pessoa se mantém concentrada no
que está fazendo, seja uma leitura, escrever um artigo, etc.
Como desenvolver: dando atenção a uma coisa por vez e manter-se bem
alimentado são alguns fatores que auxiliam a atenção concentrada.

REPERCUSSÕES DA TECNOLOGIA SOBRE A ATENÇÃO


Três avanços tecnológicos mudaram totalmente o modo de vida nas últimas
décadas: a Internet, as redes sociais e o celular (smartphone).

O celular nos permite acessar qualquer informação a qualquer hora do dia,


porém o livro The Distract Mind diz que isso pode não ser muito saudável para
a mente humana, que é facilmente distraída. Celulares são tão onipresentes
que pesquisas indicam que 81% dos brasileiros possuem celular para uso
pessoal. Pesquisas nos EUA indicam que 55% dos adultos usam enquanto
dirigem, 35% usam no cinema, 33% usam no jantar, 19% admitem usar o seu
na igreja, 12% usam durante o banho, e 9% usam durante o sexo.

A tecnologia capta a nossa atenção e cria interferências em nossos objetivos à


medida que tentamos filtrar a enorme quantidade de informação que
recebemos a todo instante. Com a Internet sempre ao nosso alcance, já não
precisamos nos lembrar de fatos, basta pesquisa-los no Google.
Esse mundo rico em tecnologia tem seus benefícios e malefícios: se por um
lado temos informação a qualquer hora e lugar, por outro lado nossa atenção é
constantemente atraída pelo ambiente multissensorial da tecnologia, a todo
instante nossa atenção é captada por sons, imagens e vibrações. Agimos como
se não fossemos mais capazes de permanecer ociosos ou como se tivéssemos
perdido a capacidade de simplesmente estar sozinhos com nossos
pensamentos.

CRIANÇAS E ADOLESCENTES

A Academia Americana de Pediatria recomenda que o uso de telas deve ser


evitado em bebes de até dois anos de idade e minimamente utilizados para
crianças de dois anos ou mais.
Pesquisas indicam que quanto mais crianças e adolescentes usam tecnologia,
menos saudáveis são. Os efeitos negativos são vários, como dificuldades
psicológicas, ajustamento psicológico deficiente, problemas emocionais e
familiares, bem-estar social prejudicado, impulsividade, falta de atenção,
obesidade, menos horas de sono, problemas com funcionamento familiar,
amizades e desempenho académico. O porém é que crianças e adolescentes
com esses tipos de problemas podem procurar mais a tecnologia como um
refúgio, em qualquer caso o uso excessivo da tecnologia por eles deve sempre
ser visto como um alerta.
Segundo a Dra. Vera Ferrari Rego Bastos, psicanalista pediatra de São Paulo,
TV’s, celulares e tablets induzem à passividade e ao isolamento, estão
associados ao déficit de atenção e atrasos cognitivos. Assim, cabe aos
responsáveis monitorarem o tempo de uso desses dispositivos, já que a
capacidade de atenção e concentração de crianças e adolescentes é menor
que a de adultos.
RELAÇÕES E SAÚDE

Uma das áreas mais difíceis de mensurar o impacto da tecnologia na atenção é


nas relações. Estamos nos afastando cada vez mais de ligações reais, pois
estamos fisicamente presentes, porém mentalmente distantes.
Crianças precisam competir com o celular pela atenção dos pais, amigos se
encontram para ficar “sozinhos juntos”, um em cada quatro proprietário de
celular sente que o seu cônjuge ou parceiro estava distraído pelo seu celular
quando estavam juntos.
Nossa relação com a tecnologia não só atrapalha nossa atenção com o outro,
como tem nos gerado uma necessidade de estar constantemente conectado
que nos gera ansiedade e dificuldade para dormir.

EDUCAÇÃO

Muitos estudos têm examinado o uso da tecnologia relacionada à educação e o


impacto na nossa atenção. Estudantes utilizam celulares durante a aula, o que
é uma fonte de interrupção. 87% dos professores relataram que a utilização de
tecnologias está criando "uma geração facilmente distraída com curtos
períodos de atenção", e 64% sentiram que os meios digitais "fazem mais para
distrair os estudantes do que para os ajudar academicamente ".
Um estudo descobriu que nove a cada dez estudantes utilizam o aparelho por
razões não acadêmicas durante a aula. Fora da sala de aula estes estudantes
também utilizam os celulares de forma equivocada. Num estudo de laboratório,
um investigador da Universidade da Commonwealth da Virgínia observou
universitários durante uma sessão de estudo de três horas, utilizando câmaras
de vídeo e aparelhos de localização ocular e descobriu que, em média, os
estudantes passaram mais de uma hora ouvindo música e mostraram trinta e
cinco interrupções de seis segundos ou mais, totalizando vinte e seis minutos
interrompidos em apenas três horas.
Outro estudo descobriu que a razão por trás da constante mudança de tarefas
é o desejo de alimentar necessidades emocionais. Segundo os autores, "Isto é
preocupante porque os estudantes começam a sentir que precisam ter a
televisão ligada ou verificar continuamente as suas mensagens de texto ou
computador enquanto fazem os seus trabalhos de casa. Não os ajuda, mas
eles recebem uma recompensa emocional que os mantém a fazê-lo ".
Mais esforços têm sido feitos para documentar o impacto da tecnologia sobre
os estudantes do que sobre qualquer outro grupo social. Os motivos são:
estudantes geralmente têm amplo acesso à internet, redes sociais e celulares e
vemos agora as primeiras gerações de pessoas que cresceram em um
ambiente rico em tecnologia.
Em um experimento da Universidade Estadual de Connecticut os estudantes
foram separados em três grupos com a tarefa de ler o capítulo de um livro e
depois realizar um teste sobre o texto. O primeiro grupo simplesmente leu o
capítulo e fez o teste. O segundo grupo conversou por mensagem de texto com
os cientistas, depois leu o capítulo e fez o teste. Já o terceiro grupo começou a
ler o capítulo e foi interrompido com as mesmas mensagens do segundo grupo
em diversos momentos da leitura para depois fazer o teste. A intenção era que
o terceiro grupo simulasse o comportamento típico dos universitários. Os
resultados mostraram que todos os grupos tiveram um desempenho
igualmente satisfatório no teste, mas o terceiro grupo demorou um tempo
substancialmente maior para finalizar o teste, mesmo desconsiderando o
tempo gasto com as mensagens.
As capacidades de controles cognitivos são desafiadas enquanto estudamos,
não conseguimos nos concentrar por mais de poucos minutos, especialmente
em atividades mais passivas como a leitura, precisamos redirecionar nosso
foco após cada interrupção, assim acabamos precisando de mais tempo do
que seria necessário. Nossa memória também é comprometida, já que as
distrações minimizam a fidelidade das informações que tentamos reter no
processo de aprendizagem.
O excesso de multitarefa durante a aprendizagem aumenta o tempo necessário
para dominar eficazmente o conteúdo e também aumenta o nível de estresse
sentido pelo aluno. Estudos relacionaram a "tentativa" de multitarefas na sala
de aula com o fraco desempenho em classe. Estudantes que utilizam celulares
e enviam mensagens de texto com mais frequência durante as aulas
mostraram ser mais ansiosos e menos satisfeitos com a vida do que os
estudantes que utilizavam celulares e enviavam mensagens de texto com
menos frequência. Estudos também mostram que estudantes que usam mais
tecnologia desnecessária na sala de aula tendem a envolver-se em
comportamentos de maior risco, incluindo o uso de álcool, cigarros, maconha e
outras drogas, dirigir bêbados, brigar e ter múltiplos parceiros sexuais. Em
geral, parece que os estudantes universitários que utilizam tecnologia
desnecessária durante as aulas ou enquanto estudam enfrentam dificuldades
tanto a nível acadêmico quanto pessoal.

APRENDIZAGEM

Quando estamos aprendendo algo novo como uma nova matéria, dirigir, andar
de bicicleta, etc., usamos a atenção voluntária pois estamos ativamente
concentrados e intencionados a não errar.
Segundo Vygotsky, a criança que está brincando aprende a agir numa esfera
cognitiva, assim é livre para determinar suas próprias ações; o brinquedo ou
jogo estimula a curiosidade proporcionando desenvolvimento da linguagem, do
pensamento e da atenção.
Muitos pais e professores já estão utilizando o método de jogos (digitais ou
físicos) para estimular a concentração e flexibilidade cognitiva em seus filhos e
alunos.

SEGURANÇA

Em um estudo experimental, pediram a estudantes universitários que


atravessassem a rua num ambiente virtual ou falando ao telefone, ouvindo
música, ou enviando mensagens de texto. Os que estavam enviando
mensagens ou ouvindo música tinham mais probabilidades de serem atingidos
por um carro simulado, o que os autores atribuíram ao conflito entre as
exigências cognitivas de atravessar a rua e de prestar atenção aos veículos e
as exigências de prestar atenção à conversa de mensagens de texto ou à sua
música - um custo clássico de interrupção, mortal neste caso.
David Strayer, professor na Universidade de Utah e perito no impacto da
tecnologia na condução, comparou motoristas que utilizam celulares com
motoristas embriagados e descobriu que uma pessoa que usa celular enquanto
conduz tem a mesma probabilidade de sofrer um acidente que uma pessoa
com um nível de álcool no sangue acima do limite legal.
Dirigir requer o uso de todos os aspectos do controle cognitivo - atenção,
memória e gestão de objetivo. A distração digital é uma fonte significativa de
acidentes de trânsito. Os acidentes relacionados ao celular podem acontecer
principalmente por desvios de atenção, tais como: tirar as mãos do volante,
tirar os olhos da estrada – sendo a atenção uma das nossas principais
capacidades de controle cognitivo com limitações distintas.
As estatísticas sobre tecnologia e direção são alarmantes, particularmente
entre os motoristas mais jovens que ainda não possuem um sistema de
controle cognitivo totalmente desenvolvido e, mesmo quando não estão
dirigindo, sofrem de desatenção.

TRABALHO

Muitos estudos demonstraram que os trabalhadores de escritório enfrentam


interrupções constantes da tecnologia à qual respondem rapidamente, o que
resulta então em tempo de trabalho extra para regressar à tarefa interrompida.
Outros estudos no local de trabalho observam trabalhadores e universitários
em suas funções cotidianas e mostram que embora as interrupções ocorram a
cada três minutos demorava quase meia hora para o profissional retornar a
tarefa original, à medida que outras eram realizadas. Apesar disso os
trabalhadores cumprem as tarefas mais rapidamente após as interrupções,
porém essa rapidez tem um custo mental que Gloria Mark da Universidade da
Califórnia, relata: "trabalhar mais rápido com interrupções tem o seu custo: as
pessoas nas condições interrompidas experimentaram uma maior carga de
trabalho, mais estresse, maior frustração, mais pressão de tempo e esforço.
Assim, o trabalho interrompido pode ser feito mais rapidamente, mas a um
preço".
Em escritórios abertos, eliminar as interrupções é um desafio ainda maior, já
que esses ambientes promovem excesso de distração. Quando os
trabalhadores necessitam de concentração para desempenhar o seu trabalho,
reportam mais distração e mais estresse cognitivo em ambientes de escritório
aberto.
A tecnologia virou um comando para abandonar o que quer que estejamos a
fazer e reorientar a nossa atenção para um novo pedaço de informação. O
preço é alto: ansiedade e estresse. O resultado final é que ser constantemente
interrompido e ter de gastar tempo extra para recordar o que estávamos
fazendo tem um impacto negativo na produtividade e qualidade de vida no local
de trabalho.

DISTURBIOS RELACIONADOS À ATENÇÃO

Os distúrbios que se apresentam à falta de controle comportamental cognitivo


estão diretamente relacionados à tecnologia. Sendo essas condições
normalmente associadas a problemas no córtex pré-frontal, como a atenção
para informações irrelevantes ao um momento inapropriado, qual é e pode ser
amplificado pelo uso das tecnologias. Ou a falta de flexibilidade, que demonstra
uma pessoa que utiliza dela e não se tem relacionamento saudável
prejudicando seu estado de espírito, como uma instabilidade gerada.
Ainda havendo outras caracterizações, como “...atender a estímulos
relevantes, inibir respostas, selecionar informação relevante da memória para
aplicar a uma situação atual, envolver a memória de trabalho...”.

TDAH - Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade

TDAH ou TDA são siglas dadas ao Transtorno de déficit de Atenção e


Hiperatividade, a falta de controle cognitivo interfere diretamente nesse caso,
não tendo concentração em atividades exigidas com um longo prazo de
“recompensa”, se concentrando em coisas distintas do que a necessária, uma
dificuldade na maioria dos casos de ignorar a informação irrelevante. Na
tecnologia qual dá "recompensas" a curto prazo, ao utilizar uma rede social, ou
jogar um jogo, até mesmo de ler ou ver tanto entretenimento ou uma matéria
científica, a recompensa sendo imediata é atrativo para pessoas com esse
déficit, e chega a ser um forte e poderoso estímulo.

“...Um estudo recente realizado por investigadores no Hospital Infantil de


Cincinnati examinou decretos de processamento cognitivo em adolescentes
com e sem TDAH ao conduzirem num simulador de condução sob três
condições: falar em um celular, enviar mensagens de texto num celular, e uma
condição de controle em que conduziam sem tarefas adicionais potencialmente
perturbadoras.⁴¹ Independentemente de terem ou não um diagnóstico de
TDAH, os adolescentes que enviavam mensagens de texto enquanto
conduziam apresentavam sinais de incapacidade de condução: conduziam
mais lentamente, a sua velocidade era mais variável, e a sua posição na faixa
era mais variável do que quando conduziam sem tarefas adicionais. Falar ao
celular serviu para reduzir a variabilidade da sua posição na faixa de rodagem,
mas não afetou a velocidade. No entanto, ao conduzir num simulador, em
todas as condições, mesmo sem a utilização de tecnologia adicional, os
adolescentes diagnosticados com TDAH mostraram tanto mais variabilidade na
sua velocidade de condução como na sua posição na faixa de rodagem. Este
interessante estudo oferece uma visão do impacto negativo da tecnologia sobre
os condutores adolescentes na definição do seu fardo adicional de ter um
défice de atenção de base, ou, como os autores lhe referem, "os riscos
combinados da adolescência, TDAH, e da condução distraída". …”
Esse trecho retirado do livro ” The Distracted Mind: Ancient Brains in a
High-Tech World ” de Adam Gazzaley e Larry Rosen, mostra o grande impacto
negativo da tecnologia nessas pessoas, e um risco grave que as pessoas
podem correr.

Depressão e Ansiedade

Hoje tantos jovens obtêm esses transtornos, mas não apenas jovens
como adultos também, e a grande e evolutiva tecnologia dessa era tem
contribuindo para isso. Com a depressões contagiosas, onde a mídia social, e
redes relacionadas se tornarem fontes de depressão e ansiedade tentando
almejar algo “perfeito”, além de propagação de humor através de mensagens
que hoje em dia a grande maioria infelizmente é com aspectos negativos,
surgindo mais e mais pessoas com esses transtornos. Utilizando da disposição
genética ou ambiental da pessoa para agregar esses problemas. A grande
quantidade de informações que a internet propaga, como o uso de uma
combinação de tecnologia e multitarefas, é dito pelo Dr. Rosen que essas
perturbações atuam diretamente com a ansiedade, ao contrário da distimia e
depressão grave, que o uso da tecnologia, principalmente o uso das redes
sociais e o aumento da sintomatologia, mostram que os jovens se afastam
delas, um aspecto positivo nesse uso, onde pessoas que utilizavam o
Facebook tinham tendência a se sentir menos solitários, pelos amigos qual
conversavam e tinha contato nele, inclusive se utilizando da rede social para se
afastar da solidão.

“ Um estudo feito pelos investigadores da Michigan State University deu


uma bateria completa de inquéritos online a 318 estudantes universitários que
mediram a multitarefa dos media e vários aspectos da disfunção psicossocial.
Mesmo depois de controlarem a quantidade de media que o estudante usava
diariamente, bem como traços de personalidade como o neuroticismo e a
extraversão, ambos comprovadamente relacionados com a depressão,
descobriram que os estudantes que se dedicavam a mais multitarefa dos media
apresentavam mais sintomas de depressão, bem como mais sintomas de
ansiedade social. De fato, o uso dos media em geral não estava associado à
ansiedade social, mas o multitarefa dos media, tentando usar mais de uma
forma de media ao mesmo tempo, estava relacionado com a ansiedade social.
No estudo anteriormente mencionado que examinou os preditores de
sintomas de perturbações psiquiátricas, todas as perturbações baseadas na
ansiedade estavam associadas a alguma combinação de utilização dos meios
de comunicação e da tecnologia, incluindo o tempo passado em linha, meios
de comunicação social e comunicações electrónicas. Embora a investigação
sobre o impacto da tecnologia nas perturbações baseadas na ansiedade seja
escassa, sabemos que existe uma relação inversa, de tal forma que a
ansiedade perturba o controle cognitivo, diminuindo particularmente a memória
de trabalho e perturbando a atenção e a gestão de objetivos.”
Esse texto retirado do livro ” The Distracted Mind: Ancient Brains in a High-
Tech World ” de Adam Gazzaley e Larry Rosen.

Transtornos do espectro do autismo

Pessoas com esse espectro se demonstram um déficit de controle cognitivo,


principalmente relacionado ao controle de foco, ou inflexibilidade mental tanto
para planejar quanto inibir, em um estudo apresentado no livro “The Distracted
Mind” podemos dizer que a “...utilização da tecnologia entre os indivíduos com
TEA(Transtorno de Espectro Autista), tem como possibilidade de indivíduos
com sintomas mais graves ou funcionamento intelectual inferior possam passar
mais tempo a utilizar meios cognitivamente menos exigentes, tais como a
televisão; enquanto que os indivíduos com apresentações de sintomas mais
suaves podem ter um maior envolvimento numa gama mais vasta de
atividades... “
Tendo assim como o TDAH um grande desenvolvimento para focos que
também além atrativos também podem estar relacionados a uma área de
desenvolvimento que se tem uma “recompensa” imediata.

RISCOS DA TECNOLOGIA

Nossas taxas de tédio e ansiedade estão aumentando, aparentemente em


resposta direta ao aumento da tecnologia. As principais razões para adultos
utilizarem celular são: estar sozinhos, passar o tempo, ou enquanto esperam
algo ou alguém. Uma possibilidade para a sensação de tédio ter aumentado
tanto nos últimos anos é a influencia da recompensa de curto prazo nos meios
de comunicação modernos.
Nossa perda de capacidade de não fazer nada e suportar o tédio nos deixa
pouco tempo para reflexão, pensamento profundo ou simplesmente devagar
em pensamentos aleatórios.
Estamos cada vez mais ansiosos, consequência do uso da tecnologia e da
nossa propensão para interromper o nosso foco de atenção. A ansiedade
gerada por não poder acessar tecnologias como redes sociais e e-mails tem
sido apelidada de FOMO, sigla em inglês para Fear Of Missing Out, que pode
ser traduzido como “medo de ficar de fora”, uma urgência em estar conectado
que pode gerar inúmeros transtornos psicológicos. A ansiedade também pode
causar problemas como insônia e nomofobia (vício em celular). Como
população, parece que sentimos uma necessidade cada vez maior de
permanecer conectados, e essa necessidade nos faz ficar cada vez mais
tempo conectados e menos tempo concentrados nos que estamos ou
deveríamos estar fazendo no momento.
Além de prejuízos à atenção e processos cognitivos, o uso excessivo de
tecnologia também pode causar problemas como obesidade, o que aumenta o
risco de doenças crônicas, problemas posturais, o que impacta principalmente
a coluna, problemas ortopédicos e problemas de visão

CONCLUSÃO

A atenção é um importante recurso cognitivo para nossa sobrevivência,


segurança e aprendizagem. Com o rápido avanço da tecnologia, vieram muitas
vantagens e praticidade: facilita a rotina, a comunicação e o transporte ficaram
muito mais fáceis, temos informações do mundo todo e podemos comprar todo
tipo de coisa sem sair de casa. Porém também há muitas desvantagens,
causadas não necessariamente pela tecnologia em si, mas pelo mau uso que
fazemos dela. Mensurar o ponto que a tecnologia passa de aliada do dia a dia
para causa dos nossos problemas é um dos grandes desafios da atualidade.
O ideal é que bebês não tenham acesso a telas ou tecnologias usadas para
distrai-los, e que crianças e adolescentes tenham seu uso controlado ao
máximo, pois a capacidade de atenção e concentração deles é menor que de
um adulto.
Muito útil para a educação e trabalho, a tecnologia vira um problema quando
nos distraímos constantemente por razões não acadêmicas ou não
relacionadas ao nosso trabalho, o que atrapalha nossa aprendizagem e
produtividade e nos faz precisar de muito mais tempo para concluir as tarefas.
Nossa segurança também pode ser prejudicada devido ao mau uso da
tecnologia, as estatísticas sobre tecnologia e direção, por exemplo, são
alarmantes.
O impacto da tecnologia pode se fazer de uma maneira positiva ou negativa na
vida da pessoa com distúrbios com TDAH, depressão, ansiedade ou transtorno
do espectro autista, desde que seu ambiente e gene, esteja também propício
tendo como princípio os estudos apresentados interagirem com as pessoas
sem seu individualismo total.

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