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APOIO:

Você que é leitor CARTA CAPITAL tem um ebook exclusivo do Eduardo Moreira para te ajudar a
mudar completamente o seu comportamento em relação as suas finanças.

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ÍNDICE

1º - Introdução

2º - Estória do Dia

3º - Conformidade

4º - Como Costumamos Agir

5º - O que In uencia a Conformidade

6º - Autoridade

7º - Concordância

8º - Identi cação

9º - Internalização

10º - Propaganda

11º - Sorteios e Loterias

12º - O efeito custo zero

13º - O preço de ser dono de algo

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INTRODUÇÃO
Olá! Seja muito bem-vindo ao nosso livro digital “Os Fundamentos da Economia
Comportamental”!

Aqui você vai aprender a BASE de tudo o que você tem que aprender sobre nan-
ças e investimentos.

Então, se você não aprendeu algum assunto completamente, se tiver alguma dú-
vida, eu sugiro que leia novamente, porque é assim que deve ser o processo de
aprendizado. Sem pressa, no tempo certo, ajudando você a completar todas es-
tas lacunas do conhecimento, para que você possa seguir com muito sucesso
nanceiro e em seus investimentos para alcançar a verdadeira independência
nanceira.

Lembrando que Independência Financeira não é só ter mais dinheiro para não
precisar mais trabalhar. Independência Financeira é não depender de ninguém
para te dizer o certo a se fazer com o dinheiro.

E antes de entrar nos assuntos que todo mundo quer entrar mais detalhadamen-
te, como por exemplo, entender como funcionam as operações com Ações, como
calcula quanto deveria valer uma Ação ou quais são as características que você
mais deve se atentar em relação aos títulos de Renda Fixa e etc...

Vamos falar sobre um dos assuntos mais importantes do que diz respeito à vida
nanceira e a caminhada de investimentos que cada pessoa tem...

… A gente vai falar agora sobre Economia Comportamental.


Este é o tema que eu particularmente mais gosto de estudar sobre nanças e
investimentos. Isso porque investir, antes de qualquer coisa, é um processo de-

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cisório, pois saber tomar as decisões da maneira mais assertiva é o grande se-
gredo para ser um grande investidor.

E quando a gente fala em tomar as decisões de maneira mais assertiva possível,


isso envolve duas coisas:

1. Saber escolher bem

2. Deixar de escolher mal in uenciado pelas outras pessoas

A maior parte das decisões que tomamos foram tomadas antes mesmo de ra-
cionalizarmos que tomamos a decisão. Na verdade, alguns pesquisadores dizem
que a gente só racionaliza para encontrarmos o motivo de justi car uma decisão
que já foi tomada de forma inconsciente.

E o que faz a gente tomar essa decisão de um nível inconsciente?

Uma série de mecanismos automáticos que temos na nossa cabeça e que nos
fazem agir quase que instintivamente.

É exatamente sabendo desses mecanismos automáticos que corretoras, ban-


cos, lojas comerciais, fazem como que você invista e compre aquilo que você
NÃO precisa, aquilo que NÃO é bom para você. Mas, às vezes, mesmo sabendo
ou tendo uma ideia de que aquilo não é o ideal para você, tem uma coisa mais
forte que te faz comprar.

E é sobre isso que se trata este livro digital: entender porquê isso acontece e sa-
ber se defender para à partir deste capítulo, você começar a tomar as melhores
decisões para a sua vida e seus investimentos.

ESTÓRIA DO DIA
Começamos então com a segunda história depois da nossa breve introdução.

É a história do Expert e o Estagiário.

Entrei no mercado nanceiro como estagiário. Entrei aos 20 anos e quei por
uns 2, 3 anos como estagiário. Na época, o banco que eu estava era o maior ban-
co de investimento do país e ele recebeu uma visita de um dos maiores nomes do
mundo de investimentos.

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Um rapaz que já tinha sido um Trader (que negocia, compra e vende ações de
Renda Fixa, derivativos, moeda) e que atuava em uma grande mesa de operação
de um dos maiores bancos do mundo, depois saiu e virou um escritor, se tornou
um “ lósofo” do mundo das nanças.

Talvez você deva estar com algum palpite sobre quem é esta pessoa. Fique tran-
quilo, já vou te dizer quem é.

Este rapaz deu uma palestra falando sobre a estratégia que ele acreditava ser a
estratégia mais vencedora no mercado de ações.

A estratégia era a seguinte: ele comprava a volatilidade da volatilidade. E aí


você lendo isso claro que não entendeu nada… E nem precisa entender, porque a
gente ainda não está nessa fase.

Mas o que é a volatilidade de um mercado? Ou a volatilidade de uma Ação?

A volatilidade é o ponto que a trajetória de preço daquele mercado ou daquela


Ação varia em relação a média.

Vamos imaginar que ela saiu do ponto A para um ponto B, traçando uma trajetória
reta.

Assim, supondo que ela saiu de um preço de R$ 2 para um preço de R$ 10, e foi
de R$ 2 à R$ 10 por uma linha reta no tempo.

A volatilidade vai dizer quão diferente dessa linha reta foi a trajetória desse ativo,

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Ação ou título de renda xa, porque a gente sabe que se esse preço vai de R$ 2
até R$ 10 seguindo por uma linha reta. É como se ela tivesse ido por uma média
dessa alta. Mas, as coisas não funcionam assim.

Então essa trajetória que difere na média traz risco. E por que ter risco? Se você
já fez os meus cursos, deve saber que RISCO signi ca . Então se traz risco, sig-
ni ca que você não vai ter a certeza de onde estará o seu ativo ao longo do tempo.

Ele não vai estar sempre em cima da média. A volatilidade te diz o quão longe
ele costuma passear longe da média. E quanto mais longe da média ele costuma
passear, maior a volatilidade. Maior a volatilidade, maior a sua incerteza, logo,
maior o risco.

Por isso, a volatilidade é uma medida de risco. E a medida matemática que a gen-
te usa normalmente para calcular a volatilidade é o desvio padrão.

Muitas pessoas cam tentando adivinhar qual vai ser a volatilidade de uma Ação,
de um título de renda xa ou qualquer outro ativo. Esse expert iria mais longe. Ele
falava o seguinte: se eu pegasse essa volatilidade ao longo do tempo, eu poderia
dizer qual que é a média dessa volatilidade.

Se eu posso dizer qual é a média dessa volatilidade, quer dizer que a volatilidade
não é sempre a mesma. Então existe a volatilidade da volatilidade.

Ele dizia que ninguém se atentava a isso e que o truque dos investimentos dele
era apostar que a volatilidade da volatilidade era maior do que todo mundo ima-
ginava.

Ele ia e fazia seus derivativos, comprava essa volatilidade da volatilidade. E o que


quer dizer esse comprar? Quer dizer que se acontecesse alguma coisa que trou-
xesse uma incerteza muito grande para o mercado, muito maior do que a incerte-
za prevista inicialmente imaginada, ele ganharia muito dinheiro.

Traduzindo tudo o que falei até agora: Esse expert gostava que os mercados to-
massem sustos muito maiores do que as pessoas imaginavam, e quando toma-
vam esses sustos, ele iria ganhar muito dinheiro.

Pronto! E só isso!

E aí, ele terminou a palestra, e eu estagiário levantei a mão e disse, “tenho uma
dúvida”.

Ele respondeu “qual é a sua dúvida?”

E eu falei o seguinte...

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“Se você aposta nos grandes sustos de mercado, quem garante que o susto não
vai ser grande o su ciente para fazer com que as regras de mercado mudem, e
com as novas regras, você não consiga capturar esse dinheiro que você acha que
ganhou?

Você acha que ganhou dinheiro com as regras de hoje, mas você não sabe se vai
conseguir pegar esse dinheiro com as regras de amanhã. Quem disse que a bol-
sa não vai quebrar dentro desse susto? Quem disse que alguma outra coisa não
pode acontecer que não vai te permitir colocar no bolso este lucro?”

Ele viu aquela pergunta e me respondeu ironicamente, até meio agressivo. E pas-
sou-se um tempo, dois aviões se chocam contra as torres gêmeas nos Estados
Unidos. Os Estados Unidos vivem o maior ataque dentro do seu território já so-
frido em toda sua história. E quando isso aconteceu, o susto que ele falava na
“teoria” dele, aconteceu.

Essa era a chance de ganhar aquele dinheiro que ele sempre sonhou ganhar dos
fundos dele, infelizmente com uma tragédia, mas os fundos dele estavam apos-
tados para esse tipo de evento.

Só que o que aconteceu quando essa tragédia das torres gêmeas chocou os EUA?
As bolsas fecharam. Não tinha condição de ter mercado, porque o centro -
nanceiro de Nova York foi atingido. Várias corretoras estavam nas torres gêmeas,
e não tinha liquidação de papéis.

As regras mudaram, e aí o mercado cou fechado vários dias, e quando abriu, ele
já não tinha aquela queda enorme do primeiro dia. E aí ele não conseguiu lucrar o
que ele achou que ia lucrar na teoria.

Ou seja, o estagiário estava certo na sua pergunta.

E porque eu estou falando disso?

Primeiro, o estagiário era eu. Segundo, o expert era o Nassim Taleb. Um gênio,
uma pessoa brilhante, mas que naquele dia, deveria ter ouvido a pergunta do es-
tagiário.

Eu falo isso porque muitas vezes você está aqui com o papel de estagiário e eu
nesse papel de expert. Mas isso não quer dizer que as coisas que vêm a sua ca-
beça são menos importantes do que as coisas que eu estou falando para você.

E por quê isso?

Porque você aprendendo tudo o que eu estou passando aqui, acredito que você

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terá a capacidade de chegar a conclusões brilhantes e de tomar decisões fantás-
ticas na sua caminhada de investimento.

Por isso, acredite mais em seu potencial.

O meu intuito é esse: mostrar o poder que você tem para decidir corretamente!

CONFORMIDADE
Vamos falar um pouco agora sobre Análise Comportamental.

Ou em outras palavras…

Porque nos comportamos da forma como nos comportamos na hora de tomar as


decisões da nossa vida.

O que mais faz a gente tomar decisão na vida de uma certa maneira é o que a gen-
te chama de conformidade.

E o que é a conformidade?

É uma mudança no comportamento de uma pessoa como resultado de uma pres-


são real ou imaginária de um grupo maior.

O que isso quer dizer?

Quer dizer que às vezes a gente olha para todo mundo fazendo uma coisa e faze-
mos exatamente igual.

E por que que isso acontece? Porque a gente ainda é muito parecido biologica-
mente e siologicamente com os nossos antepassados que moravam nas caver-
nas.

Em nossos genes ainda correm informações que existiam nos nossos antepas-
sados.

Imagine que naquela época, o pessoal estava no campo, colhendo frutas ou ca-
çando, e DE REPENTE passa uma manada de vários animais correndo da direita
para a esquerda, ou melhor, passam um grupo de pessoas correndo da direita
para a esquerda.

Você acha que vai car esperando para ver o que é que está vindo atrás dessas
pessoas ou vai sair correndo da direita para a esquerda também? Vai sair corren-

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do da direita para a esquerda. (Lembre-se dessa frase).

E por que você faz isso? Porque se corre e está errado, só se cansa. E como é que
se pode estar errado? Pode ter caído um coco no chão, do lado de uma pessoa, e
essa pessoa ouviu aquele barulho, se assustou e deu um grito.

Outra pessoa ouviu ela dando um grito, achou que era um leão e saiu correndo.
Todos acharam que era um leão, mesmo sendo um boato, e saíram correndo jun-
tos, mas era apenas um coco.

Se ele estiver errado porque era um coco, ele tem como punição pagar por estar
errado, que é somente car cansado. Agora, se ele resolve car parado, não cor-
rer, está errado e é um leão de verdade, ele paga com a própria vida. A punição
dele é morrer.

Então, a punição de a gente correr junto com a manada, normalmente é menor do


que a punição de dar errado quando a gente não vai junto com a manada. E é por
essa razão que as pessoas costumam agir igual uma manada.

O problema é que quando agimos junto com a manada, fazemos o que todo mun-
do está fazendo, não temos que pensar, e quando a gente não tem que pensar, é
incapaz de aprender.

Então quem só faz o que todo mundo está fazendo, não aprende nunca. É por
isso que existe aquela frase do Nelson Rodrigues que diz “a unanimidade é burra”.

Não que a unanimidade seja burra no sentido de que só faz besteira. É burra no
sentido de que não consegue aprender coisas novas.

E, realmente, quando você age apenas da maneira que todo mundo age, você é
incapaz de aprender. E o problema, dentro do que estamos aprendendo, é que
sabendo que as pessoas agem assim, os bancos e corretoras tentam te fazer
acreditar que você tem que entrar naquele investimento porque todo mundo está
investindo naquilo.

Ou seja, ele está te dizendo “a manada está indo da esquerda para a direita, tem
certeza que você vai car parado?”

Você não aguenta e vai da esquerda para a direita.

E a gente vai ver aqui como fazer para evitar que isso aconteça.

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COMO COSTUMAMOS AGIR
Existe um fenômeno que diz que a gente age em conformidade, mas existe uma
explicação para isso. E a explicação é que nós agimos em conformidade para ser-
mos bem vistos na hora pelo grupo.

Logo, se nosso antepassado agisse diferente da forma que o grupo agiu, podiam
imaginar que ele não era con ável, que não era um membro parecido com eles.
E ele estaria fora do grupo. Só que estar fora do grupo era algo muito perigoso
naquela época.

A força do indivíduo vinha da força do grupo.

Por isso, até hoje temos essa mania de querer ser bem vistos e aceitos pelo gru-
po, ter essa sensação de pertencimento. A nal, quem acompanha e apoia o gru-
po é bem visto na hora.

Só que o que a história diz, é que quem não acompanha o grupo, é bem visto pela
história.

Isso não quer dizer que você tem que ser um maluco, fazendo tudo diferente do
que o grupo faz, mas esses que não acompanham não fazem de forma estudada,
de forma consciente. Porque resolver fazer tudo ao contrário, pode também não
ser uma boa ideia. Você precisa saber o momento certo para agir dife-
rente dos demais.

Existe um fenômeno chamado de Groupthinking.

Groupthinking quer dizer que todas as vezes que você tem um grupo onde todo

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mundo pensa igual, é perigosíssimo. Mas por que isso é perigoso? Porque sua
capacidade de tomar uma decisão diferente da maioria é quase 0.

Eu sei que já falei da conformidade... entretanto, agora estamos falando de algo


onde você tem uma unanimidade, O grupo inteiro pensa igual.

Para você ter uma ideia, existe um experimento interessante que é feito da se-
guinte maneira:

Você dá este experimento para um grupo de dez pessoas, nas quais


nove são atores neste grupo. Eles já estão combinados com você e
sabem sobre o experimento. Uma pessoa não sabe de nada, que essa
se torna a “cobaia” do grupo.

Um pesquisador chega e mostra uma folha com três traços do mes-


mo tamanho. Ele pegava e mostrava para as dez pessoas. E aí, os
nove primeiros que eram atores, falavam um traço era maior do que
os outros dois.

Quase todas as vezes, o último participante cobaia, ia e apontava o


que todo mundo tinha falado, dizendo que realmente tinha um traço
maior que os outros dois.

Ele estava vendo que eram traços iguais, estava na frente dele. Ele podia conferir
e tudo, mas ele não conseguia falar uma coisa ao contrário simplesmente porque
TODOS tinham falado a mesma coisa.

Agora, quando você pegava um dos nove e falava que os três traços eram iguais,
aí a pessoa conseguia dizer que os traços eram iguais também. Bastava quebrar
a unanimidade.

É por isso que eu sempre recomendo aos meus alunos o seguinte: Nunca façam
parte de um grupo onde todo mundo pensa igual. Seja ele de WhatsApp, de dis-
cussão, de investimentos...

Nestes grupos, os riscos passam despercebidos. Às vezes, tem um risco enorme


e ninguém vê. Porque, no nal das contas, um con rma o outro.

Existem exemplos trágicos de conformidade, como por exemplo, o nazismo,


outros regimes políticos, o acidente da Nasa em 1986.

No Nazismo, várias entrevistas foram realizadas com o ciais do exército ale-

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mão depois que acabou a guerra, e viram que eles não tinham nenhuma maldade
dentro de si, mas eles não conseguiam se atentar ao que eles estavam fazendo,
eles acham que era correto, não viam mal nenhum naquilo que estavam fazendo.

Mas por que isso?

Porque todo mundo fazia igual, e a capacidade de discernimento deles ia a quase


zero!

Eu não quero eximi-los da culpa da atrocidade que zeram, todos tinham que ter
sido punidos por isso. Eu digo “tinham” pois muitos não estão mais vivos. Mas o
ponto é o por que que eles zeram isso? Porque eles eram parte de um grupo que
pensava todo igual e não tinha capacidade de discernimento.

Já no Acidente da Nasa de 1986, existia uma briga por recursos do governo


americano e a agência espacial estava precisando que aquele ônibus espacial
fosse lançado para provar o sucesso do projeto e poder conseguir mais recursos
para a Nasa.

E aí, pouco antes do lançamento, apareceu um problema nos anéis de junção dos
propulsores da nave. É um problema absolutamente simples, para o nível de qua-
lidade dos engenheiros que tem lá, e eles estavam vendo aquilo acontecer.

Porém, como precisavam da verba do programa espacial, eles falaram que o pro-
blema não era sério, e todo mundo concordou que realmente não era sério, as-
sim, ninguém foi capaz de atentar para a gravidade da situação.

O desfecho foi que vidas se perderam por causa desse fenômeno de group-
thinking da Nasa.

Existem vários casos na área de investimentos sobre Groupthinking. Todo ano


acontece um evento em que juntam um grupo, fazem palestras para que o grupo
todo pense igual e no nal, é uma armadilha, que faz com que todo mundo caia
em uma pirâmide, quando essa pirâmide desmorona, todos os participantes aca-
bam perdendo muito dinheiro.

Então, cuidado! Nunca faça parte de um grupo que pense tudo igual. Eu sei
que se colocar como uma pessoa que pensa diferente pode ser desconfortável,
ruim... Mas esse incômodo pode ser o que vai te salvar nos investimentos e em
várias outras decisões da sua vida.

Temos essa mania de achar que “em time que está ganhando não se mexe” e tam-
bém de dar um peso muito grande para a opinião dos outros.

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Essa história de que em time que está ganhando não se mexe, para investimentos,
isso NÃO VALE. O mercado muda todo ano, para não dizer todo mês. Se você achar
que em time que está ganhando não se mexe, você nunca vai construir riqueza no
mercado nanceiro. Você tem que se adaptar às novas realidades.

Veja bem, estamos vivendo uma fase onde as cinco maiores empresas do mundo,
são do ramo de tecnologia. Há 20 anos, se tivesse uma, era a Microsoft, e nem sei
se ela já estava entre as cinco maiores empresas da época.
O ponto é que as maiores empresas do mundo naquele tempo eram as empresas
de economia tradicional, então o mundo mudou. Nos último 15 anos, 53% das em-
presas deixaram de existir, segundo o maior índice de ações dos Estados Unidos.

Logo, em time que está ganhando se mexe SIM, para que ele continue ganhando.

Sobre o peso grande que damos à opinião dos outros, você vai aprender a dar
mais peso a sua opinião. Contudo, que bom que hoje você dá mais peso à opi-
nião alheia, porque você ainda não tinha o conhecimento necessário para dar
esse grande peso para a sua opinião, no que diz respeito aos investimentos.

Agora, com conhecimento que você vai adquirir ao longo deste livro, você vai po-
der dar esse grande peso para a sua opinião e tomar as decisões corretas, mes-
mo que isso implique ir contra o resto do grupo.

O QUE INFLUENCIA
A CONFORMIDADE

Existem vários gatilhos mentais que nos fazem agir de acordo com a conformida-
de. Eu trouxe aqui os 5 principais gatilhos, para que você veja e tente reconhecer,
em sua vida, quando um desses fatores age na sua tomada de decisões.

Isso não quer dizer que você não vá tomar a decisão, isso quer dizer que você vai
racionalizar e ver se realmente quer fazer aquilo, ou se está simplesmente se-
guindo um mecanismo automático em sua vida.

O primeiro gatilho é a unanimidade. A unanimidade aumenta demais a aptidão


a conformidade. Todas as vezes que você estiver em um grupo, que todo mundo
esteja tomando a mesma decisão, ligue a luz amarela do sinal e tente fazer um
exercício assim:

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“E se eu não soubesse de nada sobre esse assunto, eu estaria tomando essa deci-
são? Se e não soubesse o que estão fazendo, eu estaria tomando a decisão?”

Isso é o que vai passar na sua cabeça. Todas as vezes que o seu gerente de banco
ou o seu consultor nanceiro te ligarem e falarem “cara, não perde isso, todos os
meus clientes estão fazendo”, você acende o sinal amarelo, porque se fosse real-
mente muito boa a proposta, ele não precisaria te dizer isso.

Se o seu consultor nanceiro ou gerente de banco utiliza esse discurso “está todo
mundo fazendo”, é porque tem alguma coisa estranha. Cuidado.

Então o primeiro in uenciador da conformidade é: A unanimidade, que au-


menta a nossa aptidão para agir conforme todo mundo.

O segunda, é o seguinte: Se você quer se defender de agir da maneira que todo


mundo age, se isso é um vício que você tem, uma maneira de você fugir disso é
se comprometer a agir de uma maneira diferente.

O que eu quero dizer com o comprometer? Quero dizer que você deve pegar um
papel e escrever “Eu vou agir de tal maneira na minha vida, etc etc etc”, assina
embaixo prega na sua geladeira e, se possível, prometa a alguém, a quem você
ama. Promete ao seu lho, sua esposa, ao seu pai...

Ou, melhor, faça uma declaração pública, escreva no facebook e assine embaixo
(Claro, que não seja nada que vá comprometer e te expor de uma maneira que não
seja boa para vocè).

Quando fazemos isso, temos uma capacidade muito maior de agir diferente da
maneira que os outros estão nos forçando a fazer.

E por quê isso?

Porque as pessoas, nossos antepassados, eram muito valorizados pela capacida-


de que tinham de honrar a palavra deles, porque se não honrassem sua palavra,
não eram con áveis. E se não eram con áveis, não eram desejados nos grupos,
eram perigosos para os grupos, e aí eram colocados para fora.

Por isso que a palavra tem uma força tão grande. Você já viu aquela história que
“homem que é homem tem palavra” ou “combinado é combinado”...

E sobre o “combinado é combinado”, eu tenho uma história muito bacana, você já


deve ter percebido que eu adoro contar uma história, porque as histórias trazem
exemplos que nos impedem de esquecer seus ensinamentos.

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Fui pela primeira vez com o meu lho mais novo para a Disney quando ele tinha
três anos de idade. Eu, pai separado, tive uma crise de consciência enorme, de
que não passava tempo su ciente com o meu lho, logo ele, que era a coisa mais
importante da minha vida, a pessoa que eu mais amava, eu precisava ter um tem-
po só nosso para conhecer de verdade o lho que eu pouco conhecia.

Nos mandamos para a Disney, tendo até então passado pouquíssimo tempo junto
dele . Eu cava quinze minutos, aí a babá vinha e tomava conta, davam um Ipad na
mão para ele... e aí percebi que nunca tinha passado tanto tempo com meu lho,
nessa viagem eu iríamos passar sete dias, um dia inteiro em um parque, em um
país que não conhecíamos ninguém.

No primeiro dia eu cheguei para ele e falei:

“Filho, olha só, a gente vai ver um monte de brinquedo, um monte de coisa que
você vai car assim super entusiasmado, então papai queria combinar com você
o seguinte, o que a gente combinar no começo do dia, a gente tem que cumprir,
combinado é combinado.”

E ele falou:

“Tá bom papai, combinado é combinado”

E aí, no primeiro dia, quando entramos na Disney, tinha um brinquedo do Buzz


Lightyear, do desenho animado Toy Story... se você é pai/mãe sabe de qual dese-
nho eu estou falando.
En m, quando entramos no brinquedo, ele cou alucinado no brinquedo, ele saiu
e quis entrar novamente. Só que a la era gigante. Aí eu falei “ lho, vamos ver as
outras coisas, depois voltamos aqui”.

Mas ele insistiu e queria ir de qualquer jeito. Então falei para ele “vamos ver o res-
to das coisas e no nal do dia nós voltamos aqui. combinado?”

Ele disse que “sim pai, combinado”.

Passamos o dia conhecendo vários brinquedos e depois de mais de 8 horas de


parque eu estava exausto. Foi quando ele olhou para mim e disse “papai, vamos lá
no Buzz Lightyear?”

E eu respondi “ lho, vamos para o hotel. Nós fomos em quase todos os brinque-
dos do parque, estou muito cansado”.

Ele disse “mas você disse que iríamos voltar nesse brinquedo no nal do dia. E
você não me ensinou que combinado é combinado?”

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E o que você faria nessa hora? Eu fui no Buzz Lightyear que ele tanto queria, pois
eu precisava mostrar para o meu lho que a palavra tem um valor importante nas
nossas vidas.

Isso signi ca que quando nos comprometemos com algo, independente de estar
exausto como eu estava naquele dia, ou com todo mundo contrário a nós, a gen-
te faz. Por exemplo, se você tem dinheiro na Caderneta de Poupança, você está
cometendo uma besteira imensa, pois tem um monte de opção melhor para você
investir o seu dinheiro.

Como o Tesouro Selic. Basta escolher uma corretora que não cobre taxa de cor-
retagem. O seu dinheiro vai render mais, você pode resgatar todo dia sem perder
a rentabilidade do mês. Conta com a proteção do Governo Federal ao invés do
FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

Faça o seguinte, prometa “eu prometo que não vou ter, a partir de segunda-feira,
nem mais 1 centavo na Caderneta de Poupança.” Prometa para o lho, esposa,
seja lá quem for.

Você vai pegar esse “documento”, assinar e colocar na geladeira provando que
você irá fazer.

Aprenda a usar o comprometimento ao seu favor para fugir da conformidade.


Isso é utilizado em grupos de Alcoólicos Anônimos, cursos motivacionais e livros
de autoajuda. Esse é um macete super antigo para fazer as pessoas conseguirem
cumprir aquilo que elas gostariam, mesmo quando a pressão do outro
lado é grande.

Comprometimento diminui a tendência que as pessoas têm de agir em conformi-


dade com o resto do grupo.

Accountability diminui a conformidade. Accountability quer dizer explicar o por-


quê de você tomar a decisão. Ou seja, todas as vezes que você for tomar a decisão
em relação aos investimentos (e isso serve para a vida também), tenta explicar
essa sua decisão.

Por exemplo, eu comprei Ação de Vale.

Mas por que você comprou Ação de Vale?


Resposta: Ah, porque eu acho que o Brasil vai crescer e Vale é uma empresa
que tem muito a ver com o Brasil.

Mas será que isso basta? Você sabe qual foi o Lucro da Vale no ano passado? Você
sabe se a Vale está com algum problema na justiça e que pode causar uma multa
muito grande para a empresa? Será que a Vale tem grandes planos de investi-

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mento para os próximos anos que sobre dividendos para você?

Olha, se você não sabe quase nada disso, vai perceber que não sabe o porquê
comprou.

Você tem que saber explicar tudo que você está investindo. Isso é responsabilizar-se.

Então accountability vai te responsabilizar pelas suas decisões nanceiras e vai


fazer com que você avalie se você está tomando as decisões de uma maneira
coerente ou simplesmente por um impulso de uma maneira rasa, coisa que você
nunca deve fazer.

Outro exemplo. Quando você tem a autoestima alta, você diminui a conformida-
de. A autoestima é essa capacidade que você tem de acreditar que você é bom o
su ciente para tomar a decisão.

Você só é capaz de se dar crédito quando você em condições de tomar decisões


corretas. E sabe o que a gente precisa para tomar a decisão correta e acreditar
na gente?

Ter conhecimento.

O conhecimento é o que vai fazer com que você tenha a autoestima necessária
de não agir sempre conforme todo mundo está agindo.

E eu garanto que ao nal deste Livro Digital você terá conhecimento necessário
para acreditar demais em você e desenvolver uma autoestima que você nunca
teve em relação aos seus investimentos.

AUTORIDADE
Existe mais um item que aumenta ou diminui a conformidade, que é a Autoridade.

Todas as vezes em que vemos uma autoridade falando alguma coisa, temos ten-
dência a agir conforme todo mundo que está seguindo ela. Se essa autoridade
fala que devemos comprar ou vender alguma coisa, por exemplo, a gente segue
essa opinião. Muitas vezes sem nem pensar.

Ou seja, tem um ator ou uma atriz de televisão falando para você comprar um sa-
bão em pó. Você compra esse produto.

Agora me diga, o que esse ator ou atriz tem de conhecimentos especiais, melho-

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res do que os seus, em relação a sabão em pó?

Com investimentos acontece a mesma coisa. Pegam um ator ou atriz, um espor-


tista famoso, que não entende nada mais que você sobre investimentos e colo-
cam eles para mandar você investir.

Mas o nosso cérebro é muito levado a fazer o que uma autoridade nos manda fa-
zer.

Então ca o aprendizado: quando alguém mandar você fazer um investimento


com um argumento como “temos aqui o nosso economista chefe”, lembre-se
sempre do que você vai ler agora:

Nos Estados Unidos, um rapaz que era presidente do Nasdaq (uma das maiores
bolsas do mundo, aquela que negociava ações de tecnologia dos Estados Unidos)
e um dos homens mais riscos de toda Wall Street, foi o responsável pela maior
pirâmide e maior fraude dos Estados Unidos. Seu nome era Bernard Madoff.
Se o presidente de uma das três maiores Bolsas do mundo, ídolo de Wall Street
e considerado gênio pelos maiores gênios formados nas maiores universidades
do mundo, fez uma pirâmide e deu esse golpe, signi ca que todo mundo merece
algum grau de descon ança da sua parte.

Não pense “ah mas esse eu conheço”, “é meu parente”, pois um dos homens com
a maior reputação do mundo deu um golpe. Então cuidado. Quando vierem com
muita autoridade por trás de um investimento para querer te convencer, pode ter
algo estranho aí.

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CONCORDÂNCIA
Já pensou sobre por que nós agimos conforme um padrão? Por que fazemos o
que achamos que deve ser feito?

Agimos conforme o padrão ou por concordância, ou por identi cação, ou por in-
teriorização.

Neste capítulo você vai ver entender o que signi ca a o primeiro deles.

• Concordância:

Quando agimos ou por medo de sermos punidos ou querendo receber uma re-
compensa, não necessariamente acreditamos no que fazemos. Tomamos a ati-
tude apenas por medo ou por ganância.

Vou te dar um exemplo: multas de trânsito. No Brasil, espalhou-se radares nas


principais capitais do país por todos os lados, para as pessoas respeitarem a ve-
locidade, o semáforo, a faixa de pedestre e etc.

Feito isso, as pessoas começaram a utilizar um aplicativo que avisa onde há ra-
dar. Ficam de olho para ver se há um agente de trânsito que vai multar e etc. Se
não tem, ele não cumpre. Se tem, ele cumpre.

E por que o Governo não faz nada para melhorar isso? Justamente porque o Go-
verno quer mesmo que as pessoas sejam multadas, porque isso acabou virando
um imposto gigante para os municípios do país inteiro. Um dinheiro que eles nem
contavam que poderiam receber, e de repente se torna mais um monte de impos-
to para eles.

Isso signi ca que deixou de ser de interesse dos Governos porque eles passaram
a ter interesse nanceiro. Olha que loucura, eles passaram a ter interesse em
muita multa, receita de multa.

Perderam o interesse de que as pessoas passem a agir conforme as regras do


trânsito para que todos vivam em uma comunidade mais segura e melhor.

Nos Estados Unidos, por exemplo, se você está em uma estrada, você pode ver
uma plaquinha digital que mostra a velocidade que você passou. Aí você vê que
passou acima da velocidade máxima e você acha que você errou, você é o culpa-
do.

Mas aquelas plaquinhas não te multam. Elas são só para te mostrar que
você está acima da velocidade permitida. Assim você diminui a velocidade e

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ca na velocidade certa.

Obviamente se o policial de pegar em uma velocidade muito acima ou se você


car muito tempo em uma velocidade acima, você leva uma multa.

Mas a ideia é só te mostrar que você está fazendo o que não é o combinado. Ou
seja, lá as pessoas não agem por medo de uma multa ou punição, elas agem por
acreditar que aquilo é o certo a se fazer. Então a concordância é e caz até um
certo ponto, mas perigosa porque não incorpora nas pessoas a verdadeira moti-
vação de fazer aquilo que deve ser feito.

IDENTIFICAÇÃO
O segundo ponto para agirmos conforme padrão é a identi cação.

A identi cação é quando agimos para nos tornarmos parecidos com um in uen-
ciador. Admiramos muito alguém e por isso achamos que deveríamos fazer aqui-
lo que essa pessoa faz.

Por isso que as pessoas colocam esportistas, artistas e cantores populares para
fazer propaganda de produtos. Pois sabem que ao nos identi carmos com essas
pessoas, vamos querer tomar as mesmas atitudes.

Ao passo que o ator ou famoso que faz a propaganda, está com interesse 100%
econômico. Ele está com zero de crença verdadeira, não necessariamente, ele
acredita naquele produto.

Mas funciona. Ou seja, ver uma pessoa famosa que tem autoridade ou quando
vemos uma pessoa com uma grande reputação, tendemos a agir como ela.

É por isso que hoje em dia as redes sociais têm tanta propaganda. E até os ter-
mos utilizados pelas empresas de marketing digital são de nidos como “macroin-
uenciadores” e os “microin uenciadores”.

Quem são os macroin uenciadores: aquelas pes-


soas que têm milhões de seguidores, como jogado-
res de futebol, atores e atrizes. Essas pessoas são
contratadas para dizer que elas zeram X ou Y e todo
mundo seguir.

Já os microin uenciadores são muito admira-


dos em algum nicho especí co, seja no de moda

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ou de maquiagem, por exemplo. Têm um número de seguidores menor, mas são
muito fortes naquele nicho que eles estão. Desenvolvem um núcleo que é muito
coeso e que age muito de acordo com a forma que ele age.

Muitas vezes as agências de propaganda preferem usar os microin uenciadores


porque eles costumam ter uma capacidade muito maior de in uenciar.

Isso nos mostra como nós agimos por identi cação, mas agimos porque admira-
mos o outro e não necessariamente porque acreditamos que naquilo que esta-
mos fazendo.

Veja que curioso. Acreditamos no que o outro faz, mas não necessariamente no
que estamos fazendo.

INTERNALIZAÇÃO
A maneira mais forte para agirmos é quando internalizamos um conceito. Ou seja,
quando a gente acredita que aquilo funciona daquele jeito, agimos segundo essa
a nossa verdade.

Existem aquelas frases na bíblia (sem falar de religião nenhuma, somente de um


texto antigo) que diz “a verdade nos libertará” ou “eu sou o caminho, a verdade e a
vida”.

Ou aqueles textos do Hinduísmo que se fala muito de Satya, que é “a grande ver-
dade que deve ser descoberta por cada pessoa”, ou seja, a grande verdade que
você descobre dentro de si. E é a partir dessa descoberta que você redescobre
a vida.

Esse conceito de você internalizar aquilo que você acredita, signi ca estar em
contato com a sua verdade pessoal. E o que entra como a sua verdade pessoal
não se deixa levar pela conformidade.

Saindo de textos religiosos para a prática do nosso dia a dia…

Se você realmente entendeu como funciona a Caderneta de Poupança, entendeu


como funciona o Título Público, como funciona o DI, FGC, os riscos envolvidos, as
possibilidades, a liquidez de cada produto… você passa a acreditar que a Poupan-
ça é um investimento ruim.

E o que você faz? Para de investir na Poupança. Podem te dizer o que quiserem,
mas você não investe mais na Poupança.

Veja que curioso. Se você for analisar os investidores mais ricos do país, chama-

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dos os investidores Private, 0.2% do dinheiro deles está na Poupança.

Se você for ver o investidor de varejo ou pequeno investidor, 63% do dinheiro dele
está investido na Poupança.

E os dois têm praticamente os mesmos investimentos à disposição, com as pla-


taformas que existem hoje em dia. Ou seja, é só uma questão da pessoa que tem
mais dinheiro vai mais atrás de conhecimento e descobre que a Poupança não é
um bom investimento.

Se alguém do banco ligar para ele e disser para ele investir na Poupança, ele vai
rir e ignorar. Mas o pequeno investidor não terá essa mesma reação. Por muitas
vezes não ter autoestima, por ser chamado de “pequeno investidor” acaba sendo
persuadido por alguém do banco.

Mas a partir do momento que ele é um investidor como qualquer outra pessoa,
e que o fato de ele ser “pequeno” faz parte de um processo, ele vai em busca da
verdade.

Então para você ter a capacidade de investir, de tomar as decisões na sua em-
presa, de tomar as decisões em relação aos seus lhos, ao seu companheiro(a),
você precisa internalizar os conceitos que são importantes para a
sua vida.

P R O PAGA N DA
Neste capítulo, vamos falar de alguém que tenta nos tirar do trilho o tempo intei-
ro quando queremos fazer a coisa certa: a propaganda.

Muita gente que estuda publicidade e faz meus curso e/ou assiste aos meus ví-
deos diz “você está falando mal da propaganda e etc”. Mas que que claro, não
estou falando mal. Apenas quero mostrar o efeito que a propaganda pode ter na
vida das pessoas.

Como uma arma pode ser usada para o bem e para o mal. Aliás, qualquer coisa
na vida, quem determina bom ou mau uso somos nós. E quem tem que saber se
defender das coisas também somos nós.

Então por exemplo, se você tem uma propaganda que consegue convencer os
pais do Brasil inteiro a levarem seus lhos para se vacinar contra alguma doença
e essas crianças são vacinadas e a doença é erradicada do país, concorda que é
maravilhoso?

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Olha que importante a propaganda, como ela conseguiu fazer algo muito bom.

Agora se a intenção da propaganda é convencer a maior parte dos brasileiros a


investir em um produto como o COE (Certi cado de Operações Estruturadas),
por exemplo, que é um produto que nos Estados Unidos foi praticamente banido
do mercado, com zero transparência…

A gente tem que saber se defender.

Vamos falar primeiro sobre os efeitos e entender como a propaganda age na nos-
sa vida.

Por exemplo, 90% das mães de alunos da pré-escola dizem já ter ouvido o lho
pedir um produto que viram na televisão.

Quando eles cam um pouquinho mais velhos, das crianças até 5 anos cantam
algum jingle da televisão.

E conforme o tempo vai passando, ao se formarem, somente 4% das crianças


acreditam que as propagandas da televisão falam a verdade.

Eu, Eduardo, vejo isso com meu lho mais velho. Uma vez ele quis comprar um
brinquedo que era uma sorveteria, e era para modelar com massinha. Na propa-
ganda era uma maravilha, parecia lindo.

Quando o tal do brinquedo chegou em casa, era um caos. Difícil de manusear e


muito diferente do que a propaganda mostrava.

Depois de um evento desse, você passa a não acreditar em nada no que você viu
na propaganda.

E agora um dado que vai te chocar. Sabe qual é o efeito que isso gera nas pesso-
as?

O contrário do que você está imaginando. Como o cliente acha que todo mundo
vai enganar ele, ele continua fazendo o mesmo que já estava fazendo.

Ou seja, continua usando as coisas que são propagandeadas todos os dias, mes-
mo sabendo que as propagandas não correspondem à realidade. Olha que loucu-
ra.

Isso acontece no mercado nanceiro. Quando você vê aqueles cinco maiores


bancos do país cheios de propaganda por todo lado, as bicicletas na rua cheias
de propaganda, antes de começar o lme no cinema mais propaganda, você sabe
que isso não corresponde à realidade.

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O banco fala que pensa em você, no seu futuro e você sabe que não é verdade.
Até porque o Brasil está vivendo a maior crise em toda a sua história recente.
Trimestre após trimestre os bancos tendo lucro recorde. O que os cinco maiores
bancos cobram entre taxas e tarifas por ano é maior do que o orçamento da edu-
cação e da saúde no país.

Com tanta gente desempregada, os bancos continuarem batendo lucro recorde


e cobrando tarifas atrás de tarifas é uma demonstração de preocupação com o
futuro do seu lho ou com você?

Claro que não.

Mas com tanta propaganda ele faz com que você tenha medo de mudar. E aí você
tem medo de mudar porque acha que o universo lá fora é mais desconhecido.
Prefere car com o “diabo” que você conhece do que com o que não conhece,
justamente porque acha que tudo é ruim e tudo é mau.

Mas você precisa saber que existem coisas boas do lado de fora. É necessário
dar esse passo de acreditar, pois você sabe o que é certo. A propaganda só existe
para te deixar com mais medo de sair dessa casca onde está assustado.

SORTEIOS E LOTERIAS
Aqui vamos falar sobre como tudo o que vimos até agora, desde a nossa ten-
dência de agir em conformidade até o impacto das propagandas, fazem com que
a gente tome decisões irracionais nas nossas vidas. Principalmente em relação
aos investimentos.

• 1º Sorteios e loterias

Nesse aspecto, o que está em jogo é a Expectativa de Perder X a Esperança de


Ganhar.

Vou te dar um exemplo.

Imagine eu falar para você:

“Olha, eu tenho um investimento para você e nele você tem 99,99999% de chance
de perder tudo o que você está colocando. E 0,00001% de chance de ganhar mui-
to dinheiro. Você quer investir?”

Eu tenho certeza que você diria não.

“Mas alguma vez na vida você já comprou um bilhete da Loto ou da Mega-Sena?”

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Muito provavelmente a resposta é sim. Ou seja, você investiu em algo assim. E as
pessoas investem sem saber que é a mesma coisa.

Só que alguém pode falar “ah, mas isso é só um bilhete”.

Aí o que acontece: no mercado nanceiro criaram um negócio chamado Título de


Capitalização, que é igual. É feito como se fosse um CDB com uma taxa horroro-
sa, a pior do mundo, e coloca dentro desse CDB um sorteio.

Aí o cliente compra o CDB por muito dinheiro. Gasta dinheiro em um investimento


muito ruim só porque há a possibilidade de ganhar um carro, uma casa. E no nal
ainda diz que “você recebe o seu dinheiro corrigido pela in ação”.

Ora, se tem investimento que vai te garantir mais do que o dobro da in ação, será
que vale a pena car nesse investimento para ganhar um carro?

Ou será que vale a pena você investir no que dá o dobro da in ação, e com isso
que você vai ganhar mais pegar uma parcela e comprar um monte de bilhete na
Loteria Federal, na Mega-Sena, etc? E assim ter muito mais chance de ganhar um
carro ou coisas que valem muito mais.

Todas as vezes que alguém te vende investimento, essa pessoa te fala da melhor
coisa possível. Pode reparar na propaganda que chega no seu e-mail. É do tipo
“Ganhe até 150% do CDI no COE” ou “Ganhe até 300% da variação do dólar no COE
ou no Fundo”.

A palavra “até” que é um perigo, porque ela não vale nada se


a chance do “até” for pequena.

Tenha na cabeça o seguinte: não caia na pro-


paganda do melhor resultado possível.
Todas as vezes que os bancos quise-
rem te mostrar uma coisa de “ganhe
até”, tome cuidado. É melhor sair
fora porque é perigoso.

É como se você tivesse com-


prando um bilhete de loteria ao
invés de fazer o investimento
que consistentemente vai te
oferecer um bom resultado.

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O EFEITO CUSTO ZERO
Todos nós temos uma mania de querer pegar tudo o que é de graça. Tudo mesmo.

Uma vez zeram um experimento em uma Universidade Americana que era as-
sim: colocaram uma mesinha com biscoito. Conforme as pessoas passavam por
essa mesinha, elas podiam pegar um biscoito de graça. Era um cookie de cho-
colate. E todo mundo pegava (tirando um ou outro que tinha alergia a leite ou
chocolate).

De graça, óbvio que todo mundo pegava. Mas aí quando colocaram o valor de US$
0,01, as pessoas pararam de pegar porque o valor não era mais US$ 0,00.

Pararam de pegar por causa de UM centavo!

Zero é o número que liga uma chavinha na nossa cabeça e faz com que a gente
tome decisões.

A mesma coisa acontece com as sacolinhas plásticas dos supermercados. An-


tigamente, você podia pegar quantas sacolinhas fossem necessárias para a sua
compra.

Só que isso começou a gerar um problema ambiental gigantesco. O plástico por


ser impermeável causava danos enormes nas cidades quando chovia.

Por isso alguns mercados começaram a cobrar R$ 0,08 por sacolinha. Veja bem,
OITO CENTAVOS. E aí o que a população começou a fazer? Ir para as compras já
levando de casa uma caixa de papelão, carrinho de compras e etc.

Tudo isso para economizar às vezes R$ 0,50, R$ 1,00 por compra. E por quê? Sim-
plesmente porque não é mais ZERO.

E sabendo disso, os bancos e as corretoras adoram te vender coisa falando “in-


vista nisso que a taxa é zero”. E você opta por investir e acaba fazendo uma bes-
teira enorme.

Muitas vezes o gerente do banco diz “compra um CDB porque o CDB não tem taxa
e o Fundo de Investimento tem taxa”. E o que adianta se o Fundo de Investimento
com a taxa tiver um retorno muito maior do que o CDB? Ou seja, não adianta nada
você comprar o CDB simplesmente porque a taxa é zero.

Na verdade você vai estar emprestando dinheiro para o banco. Essa história de

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“taxa zero” é uma grande balela. Você pode estar emprestando dinheiro para o
banco a uma taxa ridiculamente baixa, barata. Mas tem que emprestar para o
banco numa taxa certa.

Ou seja, apesar do CDB não estar te cobrando taxa nenhuma, na verdade está te
cobrando muito dinheiro porque você está emprestando dinheiro muito barato
para o banco e não está emprestando dinheiro no que seria justo. Por isso cuida-
do.

Várias empresas falam o seguinte “aqui você opera o Tesouro Direto de graça,
taxa zero.” E realmente é zero mesmo. Aí você vai lá e coloca dinheiro no Tesouro.
Na semana seguinte, já estão te ligando para oferecer outros produtos.

Signi ca que isso era uma isca. Eles queriam mesmo que você colocasse o seu
dinheiro lá, para depois te oferecer COE, Fundos Imobiliários e vários produtos
que tem uma comissão enorme para ele te vender. Então tome muito cuidado
como custo zero. Tente sempre ver o seguinte “o que sobra para mim dos in-
vestimentos?” É isso que se tem que comparar.

O PREÇO DE SER DONO DE ALGO


Na sua vida de investidor, você tem que tomar muito cuidado com o que é o pre-
ço de uma coisa e o que é valor.

O valor é aquilo que pode ser o valor matemático, teórico, intrínseco ou o valor
sentimental.

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E a gente confunde isso com preço. Muitas vezes aquilo que tem um valor senti-
mental grande para gente e não aceita vender pelo preço do mercado. Então, co-
meçamos a torcer ou a querer convencer o mercado de que nós estamos certos
e o mercado está errado. Isso não existe.

Justamente porque o mercado é uma interação entre milhares de pessoas. Exis-


te um certo nível de oferta e um certo nível de demanda para cada tipo de coisa,
por isso a oferta e a demanda variam dependendo do preço que aquele negócio
está sendo ofertado.

Vamos supor que eu tenho uma pipoca a R$ 0,01 para ser vendida. Eu vou ter mi-
lhares de pessoas querendo comprar a minha pipoca.

Agora uma pipoca a R$ 1.000 ninguém vai querer comprar. E a quantida-


de de pessoas que querem a pipoca vai diminuindo à medida que a pipoca
vai cando mais cara.

Da mesma maneira, se tiver alguém que queira pagar R$ 1.000 pelo saco de pi-
poca, o pipoqueiro vai dar um jeito de produzir uma tonelada de pipoca por dia. O
tanto que ele puder produzir ele vai produzir.

Agora se quiserem pagar R$ 0,01 pelo saco de pipoca, ele não vai fazer pipoca
nenhuma porque ele vai perder dinheiro. Então a medida que o preço vai aumen-
tando, ele oferece mais pipoca para vender.

As duas curvas são contrárias. E elas se encontram no ponto. Esse ponto é o pre-
ço que as coisas têm no mercado. Onde as curvas de oferta e demanda se
encontram. Esse é o preço de mercado.

Esse é o preço que temos que ter na cabeça quando formos comprar ou vender
alguma coisa, porque é esse que existe.

Vamos supor que você comprou um apartamento em São Paulo, em um bairro


legal. O prédio é antigo, mas você vê uma chance de reformar o apartamento.

Você compra o apartamento de três quartos, de 120m². E você que é solteiro,


está ganhando bem, resolve fazer um grande loft para dar suas festas, levar suas
namoradas, impressionar os amigos e tudo aquilo que jovem gosta de fazer.

Você compra por R$ 500 mil o apartamento e gasta mais R$ 500 mil em reforma
para car maravilhoso.

E quando a reforma termina…

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O chefe da empresa que você trabalha te chama para mudar de estado e ir traba-
lhar na lial da sua empresa que ca longe de onde você mora hoje.

Aí você tem que colocar o seu apartamento à venda. Te pergunto: você pagou
R$ 500 mil e gastou mais R$ 500 mil com a reforma. Quanto será que vale o seu
apartamento?

R$ 1 milhão? Não vale. R$ 700 mil? Não vale. E aí vem a notícia chocante: talvez
não valha nem os R$ 500 mil que você pagou.

Porque as pessoas que vão procurar o apartamento naquele querem três quar-
tos, com suíte, para poder morar com os lhos. O prédio não tem essa caracterís-
tica de ter lofts, se a pessoa comprar um loft nele, ela não vai ter nenhum vizinho
que tenha a ver com ela.

Então por ter uma procura baixa, ele não vai valer nem os R$ 500 mil que você
pagou. Mas você só acha justo vender por uns R$ 900 mil porque o apartamento
é lindo e você deu a sua vida para poder fazer aquilo.

E você tem razão nisso. Não estou querendo dizer que as coisas não têm valor
sentimental, porque elas têm sim. Mas se você não for capaz de saber o valor de
mercado das coisas, você não vai conseguir comprá-las ou vendê-las.

Mas, se você não vende esse apartamento por R$ 900 mil que é o preço que você
quer (e que você não vai vender) e perde a oportunidade de vender ele por R$ 500
mil…

Todo mês você vai ter que arcar com gastos de IPTU, luz, condômino e etc. Todo
esse custo somado com o que você está deixando de ganhar com os R$ 500 mil
você receberia aplicados vai car parado.

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Vamos supor que daqui há 3 anos você precise do dinheiro e venda o apartamen-
to por R$ 600 mil. Você vai pensar “me dei bem, valeu a pena esperar. Recebi R$
100 mil a mais”.

Só que quanto você perdeu ao deixar de investir o dinheiro e com todas as taxas
que você teve que pagar durante esse período? Pode colocar nessa conta uns R$
300 mil. Ou seja, não valeu a pena.

Eu por exemplo, quando tenho que vender algum automóvel, entro em algum site
e vejo qual é o mais barato de um modelo igual ao meu. Depois vou em alguma loja
física e vejo o quanto eles pagariam no meu automóvel.

Esse é o mercado. O melhor preço de compra do mercado, para praticamente


vender no mesmo dia, é aquele da loja de automóveis. E o melhor preço de venda
é o do site.

Aí o que eu faço, coloco o preço do meu entre os dois preços. Todo mundo diz
“mas você está perdendo muito dinheiro, era só colocar um pouco mais barato
que o mais barato do site”.

Eu já z isso e veja o que acontece. O dono do carro mais barato coloca o valor
ainda mais barato que o seu. E você coloca mais barato que o dele. Começa a
aparecer para as pessoas que esse modelo está cando cada vez mais barato e
elas esperam para comprar.

Quando eu coloco com esse valor que eu disse, ca muito mais barato que o mais
barato à venda no site e eu estou recebendo muito mais dinheiro do que se eu co-
locasse na troca. E aí pronto, coloquei o dinheiro para rodar e estou com a minha
vida produtiva funcionando e colocando dinheiro no meu negócio. E minha vida
nanceira não para por causa disso, porque a nal, tempo é dinheiro.

E eu costumo vender meus carros em um ou dois dias. Saiba então que achar que
as coisas deveriam ter um preço grande só porque elas são suas e você tem um
valor sentimental pode te fazer perder muito dinheiro no mercado.

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