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The UCC 2-B (UCITA) Debate and the Sociology of the Information Age *
1. Introdução
2. O Que é Informação?
O contexto econômico mais amplo da discussão UCC 2B, então, poderia muito
bem ser a sua conseqüência para a inovação e para a flexibilidade
organizacional em uma economia do conhecimento. Isto deslocaria o foco para
longe da aplicação de uma teoria de direitos de propriedade, baseada nos
argumentos do direito natural do capitalismo de outrora, que pressupõe a
inovação como um caso de produção de nova propriedade intelectual.
A pesquisa de Castell começa perguntando como e por que a inovação técnica
ocorre. Como sociólogo urbano, ele considera primeiramente as maiores
cidades do mundo como os meios sociais clássicos de inovação. Além disso,
como mostra Castells, a área da Baía de São Francisco, mesmo sem ser uma
das maiores regiões metropolitanas, se tornou a sede das revoluções tanto da
indústria de computadores como da indústria de biotecnologia. A inovação no
mundo moderno, ele argumenta, é o produto de um "ambiente de inovação"
caracterizado por um livre fluxo de idéias. [37] No caso de Silicon Valley, é a
proximidade das Universidades de pesquisa (Berkeley, UCSF e Stanford) e o
desenvolvimento de uma cultura de empreendedores apoiada por capital de
risco o que cria uma massa crítica de informação para a inovação. Mais ainda,
o conceito analítico central da empresa em rede não é nem a informação em si
mesma , nem a forma institucional flexível sozinha, mas o fluxo de informação;
este "fluxo" é, por sua vez, a chave para o progresso das artes úteis e das
ciências em uma sociedade da informação. Assim, Castells sugere que o nosso
sentido tradicional de lugar geográfico seja substituído pelo entendimento dos
"espaços dos fluxos" - isto é, dos fluxos de informação que determinam a
riqueza ou a pobreza de um bairro, cidade, região ou nação. [38]
Qual será a relação entre o espaço dos fluxos, o livre fluxo de idéias e o
regime contratual proposto? Se, de fato, é o fluxo das idéias o que determina a
inovação e a riqueza, então o UCC 2B tende a comercializar e a privatizar
questões políticas relativas ao progresso nas artes úteis e nas ciências ao
colocar o controle econômico nas mãos das corporações internacionais. Mais
importante ainda, se a proteção da propriedade intelectual é definida como o
objetivo político prioritário, seja por contrato ou por direito autoral, a natureza
da Internet como um "espaço de fluxos" será transformada pela criptografia e
por outros controles tecnológicos, transformando sinais em mercadorias
através de restrições de acesso. Estará assim o benefício econômico da rede
fatalmente comprometido - isto é, será que a proteção inibirá a flexibilidade que
torna possível a própria 'empresa em rede'?
No mundo impresso, este limite tem sido administrado pelas leis de copyright,
em particular pelo uso razoável e pela doutrina da primeira alienação [first sale
doctrine], que tornou possível a existência da biblioteca pública de pesquisa
moderna como uma instituição-limite de manutenção, que compra informação
no mercado, mas que a empresta no âmbito de uma cultura de doação. [46] A
biblioteca pública de pesquisa dirigiu o fluxo de informação para a inovação e
para a pesquisa durante o século passado e, juntamente com a "Land Grant
University", serviu como núcleo da política de informação norte-americana na
era da industrialização. Mas esta estratégia se vê agora ameaçada pela
privatização [enclosure] do domínio público. Hoje, a biblioteca digital é ainda
um híbrido de doação e troca de mercado, na medida que as bibliotecas
digitalizam trabalhos que não estão sob copyright ou que são produzidos para
o domínio público. Mas diversas publicações correntes, em particular
periódicos científicos, são reguladas por termos contratuais que não permitem
vendas para as bibliotecas, senão apenas o licenciamento do uso de seus
"conteúdos informacionais". De fato, a expressão "conteúdo informacional" foi
inventado pela indústria editorial para indicar que ela se tornou um mercado
bancário da propriedade intelectual; o negócio editorial hoje diz respeito à
propriedade dos fluxos de informação, ao licenciamento do uso da informação.
Os contratos editoriais proíbem geralmente o uso de documentos digitais na
economia de doação tradicional das bibliotecas, tal como a circulação além do
permitido pela licença institucional ou pelo empréstimo entre bibliotecas. Os
fluxos de informação de pesquisa na biblioteca digital do futuro serão
provavelmente dirigidos na base de taxas per capita ou por serviço.
Bar & Murase definiram quatro níveis básicos de função que devem existir em
qualquer sistema de comércio, já seja convencional ou eletrônico,
estabelecendo tipos associados, ainda que diferenciados, de desafios
tecnológicos e reguladores. Tais "níveis" poderiam servir como esquema útil
para organizar uma análise do debate UCC 2B:
2. Um mercado.
3. Mecanismos de transações.
4. Alienáveis [Deliverables]
5. Conclusão
Este artigo argumentou que o debate UCC 2B, como todas as discussões
sobre a "revolução dos computadores", se tornou refém de suas próprias
metáforas - metáforas sobre as "auto-estradas da informação" e a "economia
do conhecimento". A primeira fase de qualquer processo histórico de mudança
precisa, necessariamente, das metáforas do passado, mas a sua utilidade é, no
melhor dos casos, heurística. A pesquisa em ciência social foi apresentada
neste artigo como um teste para aquela heurística, identificando duas
preocupações importantes. Em primeiro lugar, mesmo que os códigos de
programa constituam a infraestrutura da nova economia, eles não são apenas
uma mercadoria mais entre outras formas de investimento de capital; são
também meios de comunicação que envolvem interesses políticos importantes.
Em segundo lugar, a economia do conhecimento não substitui a economia
industrial em um sentido simples; pelo contrário, cada setor econômico é
transformado segundo sua própria lógica e, por isso, as políticas reguladoras
precisam ser aplicadas modesta e paulatinamente. Infelizmente, o debate UCC
2B falhou freqüentemente na apreciação e nas respostas a estas questões.
Notas e Referências:
[1] Vários cientistas sociais acreditam que é muito cedo para se saber se
existe discontinuidade de matéria ou método, e advertem que a focalização nos
"impactos sociais da tecnologia" incentiva a modelagem teórica do futuro, em
um desvio da pesquisa empírica. Ver, p. ex., Paul Attewell, Research on
Information Technology Impacts, in Fostering Research on the Economic and
Social Impacts of Information Technology, 133, 134 (The National Research
Council, 1998); Claude S. Fischer, Computer Mediated Communication, in
Fostering Research on the Economic and Social Impacts of Information
Technology 142,143 (The National Research Council, 1998).
[3] Id.
[5] Ver Sherry Turkle, The Second Self , 24 (1998); Sherry Turkle, Artificial
Intelligence and Psychoanalysis: A New Alliance, 117:1, Daedalus, 241, 245
(1988); Sherry Turkle, Life on the Screen: Identity in the Age of the Internet, 177
- 209 (1995).
[6] Bernard Lietaer, The Social Impact of Electronic Money : A Challenge to the
European Union? , A Report to the European Commision's Forward Studies
Unit (1998) (em arquivo do autor).
[8] Ver Michael Borrus & Francois Bar, The Future of Networking, BRIE -
Berkeley Roundtable on International Economy, Research Paper, March 16,
1993. (disponível por encomenda a <
http://brie.berkeley.edu/BRIE/pubs/wp/index.html >, visitado em 08/11/98).
[19] Ver Fernand Braudel, The Structures of Everyday Life, 400-01 (1981).
Enquanto a indústria do copyright adotou a metáfora da auto-estrada da
informação para analisar a rede, a comunidade acadêmica se apropriou da
metáfora da biblioteca digital, utilizando a história do livro para obter uma
perspectiva da situação corrente. Ver, p.ex., Elizabeth Eisenstein, The Printing
Press as an Agent of Change, 453-520 (1979).
[20] Ver Eisenstein, nota supra 19, em 62. Ver também Manuel Castells, The
Power of Identity, 5-67 (1997).
[21] Julie Cohen, Copyrigth and Jurisprudence of Self Help, 13:3, Berkeley
Tech L. J. (1998), citando Lawrence Lessig, The Zones of Cyberespace, 48:5,
Stanford L. Rev., 1403, 1433 (1996).
[22] Pam Samuelson, Encoding the Law into Digital Libraries, 41:4,
Communications of the ACM, 13, 13-14 (1998).
[23] Geoff Cooper e Steve Woolgar, Software is Society made Malleable: The
importance of Conceptions of Audience in Software and Research Practice,
Brunel University, Uxbridge Middesex, United Kingdom: The Program on
Information and Communication Tecnologies, Policy Research Paper No. 25,
1993, em 2 (em arquivo do autor).
[24] Steve Woolgar, Configuring the User: the Case of Usability Trials, in A
Sociology of Monsters: Essays on Power, Technology and Domination, 59
(1991).
[33] Mary Furlong, An Electronic Community for Older Adults : The SeniorNet
Network, 39, Journal of Communication, 145, 149 (1989).
[35] Michael Borrus & John Zysman, Globalization with Borders: the Rise of
Wintelism as the Future of Global Competition, 4:2, Industry and Innovation,
141, 141-42 (1997).
[37] Id. Sobre o meio urbano de inovação, ver, em geral, Manuel Castells, The
Informational City: Information Technology, Economic Restructuring and the
Urban-Regional Process (1989) (que discute a noção teórica de meio urbano
como algo favorável ou opressivo para a inovação); AnnaLee Saxenian,
Regional Advantage (1994) (que aplica a noção de que o meio urbano e a
inovação estão ligados, através da comparação entre as redes sociais e de
negócios que contribuiram para a inovação na área de Silicon Valley com as da
região não tão bem sucedida da "Route 128", em Boston).
[41] Martin Kenney & James Curry, The Internet, New Firm Formation and
Enterprise Patterns, The International Workshop on Business Venture Creation
and New Human Resource Management Strategies in Japan, Europe and the
U.S. Tokyo, October 1-2, 1998 (visitado em 07/11/98, < http://e-
economy.berkeley.edu >).
[42] Sobre as comunidades virtuais e a sociedade civil, ver Mary E. Virnoche &
Gary T. Marx, "Only Connect" - E.M. Forster in an Age of Electronic
Communication: Computer-Mediated Association and Community Networks,
67:1, Sociological Inquiry, 85, 86-88 (1997).
[43] John Hagel III & Arthur G. Armstrong, NetGain: Expanding Markets
Through Virtual Communities, 187 (1997).
[45] Id.
[49] John Leslie King & Kenneth L. Kraemer, Computer and Communication
Technologies: Impacts on the Organization of Enterprise and the Establishment
and Maintenance of Civil Society, Fostering Research Enterprise on the
Economic and Social Impacts of Information Technology, 188, 190-91, The
National Research Council, 1998.
[54] Id.
Links : http://www.sims.berkeley.edu/~plyman/
Peter Lyman
plyman@sims.berkeley.edu - http://www.sims.berkeley.edu/~plyman/
Professor and Associate Dean
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