SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SOP)
É um dos distúrbios hormonais mais frequente em
mulheres adultas jovens. Pode ser clinicamente
suspeitada frente a manifestações de
hiperandrogenismo (hirsutismo, acne, alopecia) e
ciclos menstruais irregulares.
CLASSIFICAÇÃO
- Fenótipo 1 ou "SOP Clássico": caracterizado por
hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial, e oligo-
anovulação crônica, com ou sem ovários policísticos
ao ultrassom.
-Fenótipo 2 ou "SOP Ovulatório": caracterizado por
hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial, e ovários
policísticos, mas com ciclos menstruais normais.
-Fenótipo 3: consiste em pacientes com anovulação
crônica e ovários policísticos, mas não tem
hiperandrogenismo.
QUADRO CLÍNICO
Normalmente as primeiras manifestações ocorrem no
período perimenárquico. Os distúrbios menstruais
devem ser considerados como possíveis sinais precoces
da síndrome uma vez que passados 2 anos desde a
menarca e se apresente: Oligomenorreia; Amenorreia
secundária; Metrorragia disfuncional; Raramente uma
amenorreia primária ou adrenarca prematura
(puberdade precoce em alguns casos);
- Infertilidade;
-Obesidade, que geralmente é androide/tipo central.
-Hiperandrogenismo: acne, seborreia, hirsutismo e
alopecia androgênica. De um modo geral, regiões
andrógenas sensíveis devem ser consideradas como
costeletas, nádegas, entre outras;
-Hiperinsulinemia: se observa obesidade central,
acantose nigricans em pregas (retronucal, inguinal e
axila) e acrocordões são observados.
Em adolescentes na presença de hiperandrogenismo
(acne ou hirsutismo moderado a grave) e amenorreia
no primeiro ano ou oligomenorréia após pelo menos 2
anos de menarca, o diagnóstico não deve ser duvidado.
É importante, assim, o estudo de imagem.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da SOP deve levar em consideração
quatro características: disfunção menstrual
(oligomenorreia ou anovulação crônica), ovários
policísticos, hiperandrogenemia (aumento
testosterona total, testosterona livre ou DHEAS clínico
e/ou laboratorial) e hiperandrogenismo (presença de
hirsutismo, acne e alopecia padrão androgênico quando
associada a distúrbio menstrual). Como nenhuma
característica isolada é suficiente para o diagnóstico de
SOP, deve ser considerado como um diagnóstico de
exclusão, devendo descartar, inicialmente, todos os
fenótipos que possam mimetizá-la, como por exemplo,
a disfunção tireoidiana, tumores virilizantes, forma não
clássica de hiperplasia adrenal congênita, síndrome de
Cushing e hiperprolactinemia. O achado de uma
morfologia de um ovário policístico na USG não é
suficiente para o diagnóstico de SOP, pois pode haver
outras causas que podem produzir imagem similar à de
SOP na USG: disfunção do eixo hipotálamo-
hipofisário, hiperprolactinemia, transtornos de
alimentação ou a transição normal para a adolescência.
Portanto é necessário a presença de, pelo menos, 2 dos
3 critérios seguintes, após a exclusão de outras causas
conhecidas de hiperandrogenismo para o diagnóstico
de SOP:
-Disfunção ovulatória;
-Evidência de hiperandrogenismo clínico (sinais e
sintomas) ou laboratorial (concentrações séricas
aumentadas de androgênios);
-Aparência policística dos ovários na USG pélvica
segundo os critérios de Rotterdam: volume ovariano
acima de 10 cm3 que estejam na fase folicular inicial,
sem ACO e sem estimulantes da concepção ou
presença de 12 ou mais folículos com 0,2 a 0,9 cm em
qualquer dos ovários.
Algumas condições podem estar associadas ou serem
decorrentes da síndrome dos ovários policísticos, como
hiperplasia e carcinoma do endométrio, apnéia do
sono, obesidade, hipertensão arterial sistêmica,
diminuição da sensibilidade à insulina e distúrbios
metabólicos, com um possível aumento de risco em
longo prazo para doenças cardiovasculares. Alterações
do metabolismo dos carboidratos são frequentes em
pacientes portadoras da síndrome. Em geral está
presente a obesidade do tipo androide, a qual pode ser
detectada clinicamente através da medida da
circunferência abdominal (maior que 88 cm para
mulheres) ou da relação entre a circunferência da
cintura e do quadril (maior que 0,85 para mulheres) o
que confere um risco significativo de anormalidades
metabólicas em indivíduos com um índice de massa
corporal entre 25,0 e 34,9 kg/m2. Possivelmente a
resistência à insulina é o elo entre a síndrome, os
distúrbios metabólicos e complicações metabólicas e o
aumento do risco cardiovascular.
ESTUDO INICIAL DE PACIENTE COM
OLIGOMENORREIA, HIPERANDROGENISMO
E ALTA SUSPEITAA DE SOP
Exames de laboratório
de
-FSH/LH; Estradiol; TSH; Prolactina; Testosterona
total e SHBG (medir índice andrógenos libres);
Androstenediona; DHEA/ DHEAS; 17-OH
progesterona.
Imagenológico
-USG abdominal (avaliar glândula suprarrenal)
-USG pélvica (avaliar ovários)
TRATAMENTO
O tratamento da síndrome é inespecífico, devendo ser
direcionado de acordo com a queixa da paciente:
contraceptivo hormonal oral para o distúrbio
menstrual, associação de contraceptivo hormonal oral
com antiandrógenos para as manifestações
hierandrogênicas (hirsutismo, acne e alopecia) e
acetato de clomifeno para a infertilidade. Com relação
ao risco cardiovascular, a primeira medida é a
mudança de estilo de vida, englobando uma
alimentação saudável, hipocalórica se houver
sobrepeso ou obesidade, prática regular de atividade
física, e medidas de combate ao tabagismo. Com
relação ao uso de medicamentos, considerações devem
ser feitas com relação às drogas sensibilizadoras da
ação da insulina, redutoras do colesterol, anti-
hipertensivos e antiobesidade. O cloridrato de
metformina tem sido amplamente utilizado no
tratamento da SOP, com melhora do padrão menstrual
e fertilidade. O uso das drogas redutoras de colesterol
segue as recomendações do ATP III, ou seja, LDL-
colesterol acima de 160 mg/dL e/ou não HDL-
colesterol acima de 130 mg/dL. O objetivo seria uma
redução do LDL-colesterol abaixo de 100 mg/dL ou 70
mg/dL, na dependência da presença de diabetes,
síndrome metabólica ou doença vascular. Drogas anti-
hipertensivas devem ser utilizadas na presença de
níveis pressóricos acima de 140/90 mmHg, quando não
ocorre resposta à mudança de estilo de vida. Deve-se
dar preferência aos inibidores de enzima de conversão
e bloqueadores do receptor da angiotensina sobre os
beta-bloqueadores e diuréticos. O objetivo do
tratamento é a redução dos níveis pressóricos a 120/80
mmHg.
-Citrato de clomifeno ou Gonadotropinas (FSH)
injetáveis como indutores de ovulação: tratar de 3 a 6
ciclos e, se não resolverem, tentar métodos mais
sofisticados (FIV).
-Metformina (1.000-2.000 mg/dia): reservada para
pacientes com resistência à insulina. Metade das
mulheres só precisa de controle de peso/exercício e
melhorar a sensibilidade à insulina para alcançar a
gravidez.
Tratamento de hiperinsulinemia
-Corrigir Obesidade
-Dieta: Hipocalórica e de baixo Índice Glicêmico
(Restringir Carboidratos)
-Exercício Aeróbico
-Suporte Psicológico
-Metformina: biguanida que aumenta a sensibilidade
tecidual à insulina sem produzir hipoglicemia.
Tratamento do Hiperandrogenismo
-Anticoncepcionais hormonais classicamente
antiandrogênicos Em geral todos os contraceptivos
diminuem o LH e aumentam o SHBG. Isso diminui a
testosterona total e aumenta a união da testosterona.
Finalmente os níveis de testosterona livre diminuem.
Portanto, poderia dizer que todos os contraceptivos têm
algum efeito antiandrogênico.
-Antiandrógenos específicos: Espironolactona 200
mg/dia (diurético) ou Finasteride 1 mg/dia. Alto risco
de teratogenicidade em caso de gravidez.

Tratamento da SOP

Seus objetivos principais são: corrigir a anovulação, o

hiperandrogenismo e as alterações secundárias ao
excesso de insulina (insulinorresistencia). Também é
um objetivo do tratamento evitar que a paciente
desenvolva diabetes.

Tratamento da Anovulação

-Corrigir obesidade;
-Exercício aeróbico periódico;
-Dieta hipocalórica e de baixo índice glicêmico
(restringir os carboidratos);
-Apoio psicológico;
-Progestágenos cíclicos por 7- 10 dias ao mês ou
anticonceptivos antiandrogênicos.

Em caso de desejo de gravidez: