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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS E SOCIAIS/ CAMPUS FRANCA

DISCENTE: Manuela Ramos Mora RA: 211223425

DOCENTE: Prof. Regina Laisner

PERÍODO: Noturno

DISCIPLINA: Formação política e econômica do Brasil

CURSO: Relações Internacionais, 1º ano

Resumo crítico: LEAL, Victor Nunes Leal. Coronelismo, enxada e voto. O


município e o regime representativo no Brasil. São Paulo, Ed. Alfa-Omega, 1976.
Cap. 1 e 7. 

O autor Victor Leal busca em sua obra, Coronelismo, enxada e voto, explicar as origens
e marcas administrativas, sociais, políticas e econômicas de um fenômeno importante da
Primeira República, denominado “coronelismo”, que influenciou e ainda de maneira
branda influencia a história da política brasileira. Serão analisados dois importantes
capítulos. O primeiro, “Indicações sobre a estrutura e o processo do “coronelismo”; e o
sétimo capítulo, “considerações finais”. Deste modo, nos dois capítulos enxergamos a
problemática do “coronelismo”; caracterizado pelas relações entre o poder decadente
dos atores privados somado a um poder público que é marcado pelo representativíssimo;
além de ser consequência de uma forte concentração fundiária marcada pelo poder dos
donos de terra. Destaca-se primeiramente a figura de maior importância, o coronel, que
exerce sua influência sobre seus dependentes; trabalhadores e habitantes do meio rural
que dependem economicamente e socialmente; ao exercer o mandonismo, paternalismo
e voto de cabresto. Logo, ele contraria o princípio de cidadania do livre exercício do
poder ao exigir que o indivíduo, este intelectualmente ignorante pela falta de
informação, vote no candidato desejado por aquele primeiro. Em segundo lugar,
também é apontada a relação entre o coronel, chefe estadual e Estado, na qual a
reciprocidade se faz presente; o governo para eleger seus candidatos de interesse nas
eleições federais e estudais precisa dos votos dos municípios, assim, os chefes locais são
responsáveis por esse feito e em troca ganham carta branca e dinheiro para custear
melhorias nas localidades. O que pode ser visto nesse trecho, “É claro, portanto, que os
dois aspectos o prestígio próprio dos "coronéis" e o prestígio de empréstimo que o poder
público lhes outorga - são mutuamente dependentes e funcionam ao mesmo tempo
como determinantes e determinados” (LEAL,1976, p.34). Um terceiro ponto é a
concentração agrária do país, a qual mesmo com a decadência das fazendo ainda
apresenta uma forte concentração de terras que perdura até os dias atuais, além das
circunstâncias de fragilidade que os moradores do meio rural tinham e têm que
enfrentar. Esse fator favorecia a força do regime coronelista, sendo a autonomia
municipal com seu poder extralegal e o isolacionismo, grandes bases desse problema.
Por fim, Leal com um panorama histórico analisa que no Império o voto censitário
atrasou o maleficio tratado nesse texto; mas com a Assembleia Constituinte de 1823 e o
início da República, a presença do direito sufrágio e o abolicionismo, se tornou mais
fácil a manipulação eleitoral, principalmente no meio rural, devido a precariedade das
condições dos indivíduos. Contudo, com ele indicou que com o Código Eleitoral de
1932 e a Assembleia de 1946 o “coronelismo” foi ameaçado; porém, enquanto a
reforma agrária não ocorrer em um país que apresenta uma situação de atraso da
indústria e agricultura continuarão a gerar impactos na economia, política e na vida
social ainda na sociedade brasileira, junto com o poder ainda existente desse regime
opressor. A partir da leitura do livro é de suma importância refletir sobre a complexa
questão agrária brasileira, desta forma, com base nos dados levantados pelo autor, pode-
se ver na História, uma situação precária de pequenos proprietários e trabalhadores do
campo, além de maioria das propriedades, inclusive as sem produtividade, concentradas
na mão de poucos. A questão dos latifúndios atualmente é resumida no fato de valor
social das terras não ser cumprido; ou seja, no lugar dos espaços que não estão sendo
utilizados serem usufruídos pela população, eles permanecem como bens da elite agrária
que enriquecem cada vez mais, criando um aprofundamento das desigualdades e da
necessidade de uma reforma agrária. Ao final, conclui-se que segundo Nunes, (1976,
p.23) “concebemos o "coronelismo" como resultado da superposição de formas
desenvolvidas do regime representativo a uma estrutura econômica e social
inadequada”, gerou-se uma sociedade com um vicioso círculo político antidemocrático
baseado na troca de favores entre o Estado e a dominação dos proprietários rurais,
favorecidos pela concentração de terras e livre atuação nos municípios. Criando um
cenário ideal para diversos obstáculos para o desenvolvimento do Brasil, o poder nas
mãos da elite; carência de participação política urbana, ainda mais forte no meio rural;
agricultura subdesenvolvida; uma indústria retardada; e a marcante miséria do campo.
Em suma, Victor Nunes Leal, provando ser um excelente escritor e analisador do tema,
além de mostrar uma visão mais funda a respeito do tema, nos leva a refletir sobre o
quanto é fundamental aumentar nosso espírito público e agirmos durante a crise de
representatividade que está na frente de nossos olhos. Ele, ao trazer assuntos que
influenciam nossa vida política; como a problemática agrária; a pobreza e suas
desigualdades sociais e o constante jogo de compra de votos; mostra que o sistema
coronelista ainda perdura e deve ser urgentemente combatido. Assim, esse intrigante
texto conseguiu trazer a explicação e uma das proveniências da atual estrutura política e
econômica de nosso país, apresentando por meio de pesquisas, dados e um detalhado
aprofundamento sobre o assunto, indo mais longe com assuntos incomuns; como
retratar as despesas eleitorais por exemplo; e pertinentes para a compreensão deste.
Podendo-se afirmar que essa sem dúvidas é uma fascinante e informativa obra, bem-
organizada, desenvolvida e com uma narrativa objetiva, porém nenhum pouco rasa, e
cheia de críticas cabíveis, na qual se deve prestar bastante atenção, por não se tratar de
estudo simples.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEAL, Victor Nunes Leal. Coronelismo, enxada e voto. O município e o regime
representativo no Brasil. São Paulo, Ed. Alfa-Omega, 1976.

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