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Registre-se, por oportuno, que a pretensão de separar em campos diametralmente

diversos e bem delineados, as medidas cautelares e as de antecipação de tutela, é tarefa


que apenas o direito brasileiro, ambiciosamente, almejou. No direito europeu – onde
primeiro se sentiu e exaltou a necessidade de incluir nos poderes do órgão judicial o de,
em caso de urgência, permitir não só a prevenção, mas também a satisfação provisória
da pretensão cuja realização se busca na tutela definitiva de mérito –, o que se fez não
foi criar uma nova modalidade de prestação jurisdicional a par da cautelar.

Entendeu-se, simplesmente, que a lei poderia perfeitamente ampliar a tutela cautelar


para incluir, dentre as medidas de eliminação do periculum in mora, em certos casos,
providências que satisfizessem antecipadamente o direito material do litigante, desde
que isso fosse indispensável ao atingimento da plena efetividade da prestação
jurisdicional, ficando resguardada a possibilidade de reversão, na hipótese de eventual
resultado adverso para o beneficiário na sentença definitiva da lide.

Não podemos esquecer como é importante que conheçamos os antecedentes históricos


do art. 273 do nosso CPC, com a nova redação que lhe deu a Lei nº 8.952/94, a fim de
evitarmos atitudes de rigidez conceitual que não condizem, de maneira alguma, com os
objetivos que a ampliação da tutela preventiva visou alcançar, dentro da perspectiva de
uma prestação jurisdicional que se afastasse do plano meramente formal para atingir o
da realidade material e do da plena efetividade da Justiça.

Verificamos que no direito europeu, onde se forjaram esses antecedentes históricos e


culturais, tudo se fez, em matéria de tutela antecipatória, dentro do próprio conceito de
poder geral de cautela, sem que a tradição da ciência processual se sentisse compelida a
entrever uma repugnância entre a noção de prevenção cautelar e a de antecipação
provisória emergencial, quando ambas fossem geradas pela conjuntura comum do
periculum in mora.

A propósito, convém ressaltar que o direito comparado contemporâneo admite tranqüila


e maciçamente que o perigo obstaculável pela tutela cautelar (periculum in mora) tanto
pode afetar o processo pendente como o direito material subjetivo do litigante. Daí que
a medida cautelar tanto pode impedir a simples frustração da sentença como ato
processual definitivo como pode antecipar provisoriamente a mesma sentença para
evitar a inutilização irremediável do próprio direito material da parte que demanda a
tutela jurisdicional.

Um vez presente os pressupostos para a concessão de tutela antecipada, não há motivo


para a concessão de medida cautelar e, quando presente os apenas os requisitos para a
medida cautelar, não há que se falar em concessão de tutela antecipada.

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http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1566

http://pt.shvoong.com/law-and-politics/law/1855227-tutela-antecipada-medida-cautelar/
http://www.textolivre.com.br/artigos/35789-tutela-cautelar-e-tutela-antecipada-estudo-dos-
institutos-de-direito-processual-civil

http://www.uj.com.br/publicacoes/doutrinas/6758/Tutela__Cautelar_X_Tutela_Antecipada

MOMENTO

- Assim, é cabível a Medida cautelar sempre que houver um interesse reconhecido pelo
ordenamento jurídico como legítimo sob ameaça de dano iminente e de difícil reparação.
Segundo Humberto Theodoro Júnior, a tutela cautelar e a tutela antecipada “têm em comum a
força de quebrar a seqüência normal do procedimento ordinário, ensejando sumariamente
provimentos que, em regra, só seriam cabíveis depois do acertamento definitivo do direito da
parte”

- Antecipação tutelar:

é necessário o requerimento da parte para que o juízo possa antecipar a tutela


jurisdicional, sendo proibida sua concessão de ofício, prevalecendo o princípio da demanda.
Isso é justificado pela necessidade de haver boa-fé objetiva nos procedimentos judiciais,
devendo a parte que causar deliberadamente dano injusto à outra ser responsabilizada
civilmente por litigância de má-fé.

Quanto ao momento a tutela antecipada depende do:

Requerimento: normalmente requerida na PI, quem requer é o autor. A exceção é que às


vezes não é o autor que requer, mas o réu. Pode também ser requerido no curso do processo.

Concessão: o juiz pode conceder logo após a PI, liminarmente, faz sem ouvir o réu (inaudita
altera parte).

No momento de conhecimento é a prova inequívoca convencedora da verossimilhança da


alegação (prova documental).

O juiz também pode conceder no curso do processo após a citação do réu.

Após a citação do réu o juiz pode conceder a tutela antes da sentença. Pode conceder na
própria sentença.

A tutela antecipada é uma decisão interlocutória e não é afetada pelo efeito suspensivo.
A Tutela Antecipada pode ser pleiteada em qualquer procedimento seja comum ou especial,
podendo ser uma antecipação total ou parcial.

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A medida cautelar e a tutela antecipada são dois institutos de direito processual civil
distintos, embora possuam semelhanças entre si.

Em primeiro lugar, cumpre ressaltar que ambas são consideradas medidas que possuem
o mesmo fundamento constitucional, o art.5º, XXXV, da Constituição Federal de 1.988,
que preceitua a efetividade da prestação jurisdicional, com o manifesto escopo de evitar
que uma demanda prolongada cause danos aos direitos em questão. Os dois institutos
processuais têm uma mesma origem e isso constitui sua principal similaridade.

MOMENTO:Cuidemos agora das distinções. A medida cautelar é concedida através de


um processo cautelar, que é uma cognição exauriente. Já a tutela antecipada é deferida
em um incidente processual, e não uma ação autônoma, e analisada após uma cognição
sumária.

CARACTERÍSTICA: É por isso que a tutela acautelatória tem como característica sua
provável imutabilidade, pois trata- se de um processo dotado de autonomia, mesmo
tendo ocorrido no curso de outra demanda. Enquanto a tutela antecipatória é
essencialmente precária ou provisória.

FINALIDADE: Fator que consideramos talvez o mais importante para a diferenciação


entre tutela antecipada e cautelar é no tocante à finalidade, pois a primeira visa garantir
o direito imediatamente sob o risco iminente deste perecer, já a segunda objetiva a
futura fruição do direito em litígio.

Para que se vislumbre melhor tal diferença exemplifiquemos: numa ação cautelar de
arresto, o escopo é apreender judicialmente um bem a fim degarantir futuramente o
pagamento da dívida. Já numa ação de anulação de cláusula contratual abusiva, o autor
requer tutela antecipada para que tal item do contrato não surta qualquer efeito desde já.

Perceba–se que no primeiro caso, o da ação cautelar, a finalidade é garantir que caso
seja julgada procedente a ação de cobrança, o devedor disponha de meios para saldar a
divida. Na segunda hipótese, o que se pede com a ação é a anulação da cláusula
contratual, e o que se requer coincide com o provimento final, por isso estamos diante
uma tutela antecipada.

A tutela cautelar, embora tenha caráter predominante conservativo, pode eventualmente


ser satisfativa. Imaginemos um caso de uma pessoa que tem seu filho retido por outra,
que se recusa a devolvê-lo. Ela ingressa no Poder Judiciário com ação cautelar de busca
e apreensão de menor. Ao ter medida deferida e efetivada, com a volta da criança ao seu
poder, estamos diante de uma situação de ação cautelar que pôde satisfazer a pretensão
total do requerente.
O mesmo se pode afirmar em relação à ação cautelar de homologação do penhor legal,
que tem característica satisfativa. Ao ratificar judicialmente o penhor, o autor da ação
estará diante do provimento jurisdicional que almeja, sendo desnecessário outro
processo. Entretanto, em uma ação de arresto ou seqüestro, a intenção do autor é
garantir o resultado útil do processo, tendo caráter conservativo. Desse raciocínio
podemos concluir que as medidas cautelares podem ou não ser urgentes.

No que concerne à tutela antecipada ela é conservativa, e excepcionalmente admite


situações em que possa ter caráter satisfativo. Entretanto, ao contrário das medidas
cautelares, ela sempre será urgente. Em alguns casos a concessão da tutela antecipada
poderá ser irreversível. Tratam-se de conjunturas de extrema complexidade, muitas
vezes envolvendo a saúde do autor da demanda.

Exemplo constantemente trazido pela doutrina é o caso do plano de saúde que se nega a
custear a operação de um segurado. Este ingressa com ação pedindo tutela antecipada
para que se proceda à cirurgia. Caso ela seja deferida, estaremos diante de uma situação
sem volta, pois o pleito do demandante estará satisfeito. Dessa curta explanação,
extraímos que a tutela antecipada é essencialmente conservativa, mas existem hipóteses
excepcionais em que, caso ela seja deferida, será satisfativa. Entretanto, salienta-se que
ela sempre será urgente.

Ante o exposto neste artigo, podemos concluir que tutela antecipada e tutela cautelar
ainda causam tormento em sua distinção, especialmente na prática forense. Porém,
note–se que é possível estabelecer parâmetros diferenciadores, principalmente no que
diz respeito à finalidade de cada uma delas, pois tutela cautelar almeja que a demanda
surta um efeito útil, e seu pedido não coincide com o pedido do provimento final. Já a
tutela antecipada visa proteger o próprio direito em questão, antecipando os efeitos da
sentença, por isso seu requerimento é mesmo do pleito realizado na petição inicial.

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