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Sanatana-dharma

Brahman, a Verdade Absoluta, o objetivo do Vedanta, pode ser alcançado por dois
caminhos. Um deles é pelo Vedanta "darshana", ou a compreensão filosófica da
conclusão dos Vedas, como descrito anteriormente. O outro caminho é através de
"sanatana-dharma", a religião eterna do Vedanta. Tanto darshana quanto sanatana-
dharma são ensinados no Bhagavad-gita, falado por Sri Krishna a Seu discípulo
Arjuna 5.000 anos atrás em Kurukshetra.

Darshana é explicado no Bhagavad-gita 7.19.

bahunam janmanam ante

jnanavan mam prapadyate

vasudevah sarvam iti

sa mahatma su-durlabhah

"Após muitos nascimentos e mortes, aquele que tem verdadeiro conhecimento rende-se
a mim, sabendo que sou a causa de todas as causas e de tudo o que existe. É muito raro
encontrar semelhante alma."

Sanatana-dharma é explicado no Bhagavad-gita 18.66. Este verso é ápice de todo o


texto.

sarva-dharman parityajya

mam ekam sharanam vraja

aham tvam sarva-papebhyo

mokshayishyami ma shucah

"Abandone todas as variedades de religião e simplesmente renda-se a Mim. Eu o


libertarei de todas as reações pecaminosas. Não tema."

Tanto em darshana quanto em sanatana-dharma, render-se a Krisnha porque Krishna


é o objetivo dos Vedas, como confirmado no Bhagavad-gita 15.15: vedaish ca sarvair
aham eva vedyo, vedanta-krid veda-vid eva caham, “Através de todos os Vedas, é a
Mim que se deve conhecer. Na verdade, sou o compilador do Vedanta e sou aquele que
conhece os Vedas”.

Qual é a diferença entre a religião (dharma) que é eterna (sanatana) e aquela religião
que não é eterna? A religião que não é eterna, a qual Krishna pede que abandonemos
no Bhagavad-gita 18.66 pode ser de dois tipos: bhoga-dharma e tyaga-dharma.

Bhoga-dharma, a religião da ação (karma) para o prazer sensual, nesta e na próxima


vida, é resumida no Bhagavad-gita 2.42-43 da seguinte maneira:

"Os homens de pouco conhecimento estão muitíssimo apegados às palavras floridas do


Vedas, que recomendam várias atividades fruitivas àqueles que desejam elevar-se aos
planetas celestiais, com o conseqüente bom nascimento, poder e assim por diante. Por
estarem ávidos em satisfazer os sentidos (bhoga) e ter uma vida opulenta (aishvarya),
eles dizem que isto é tudo o que importa."

Tyaga-dharma, a religião daqueles que evitam o karma, é rejeitada pelo Senhor


Krishna neste verso:

"Só por abstermos da ação não significa que estamos livres da reação, nem somente
pela prática da renúncia pode-se atingir a perfeição." (Bhagavad-gita 3.4)

Sanatana-dharma, a religião eterna é bhakti-yoga, o yoga do serviço devocional ao


Senhor Krishna. Evitando ao mesmo tempo o serviço para o prazer pessoal e a cessação
de todas as atividades, o bhakti-yogi trabalha apenas para o prazer de Krishna. Bhakti-
yoga libera a alma do enredamento na teia dos tri-guna (os três modos da natureza
material) e transfere a alma liberada para Krishna. A forma pessoal, transcedental de
Krishna é a fonte e a base da refulgência impessoal de Brahman (Brahmajyoti), que
brilha para todo o sempre além da escuridão da natureza material. Isto tudo é
confirmado no Bhagavad-gita 14.26 e 27:

"Aquele que se ocupa em serviço devocional pleno e não falha em circunstância alguma,
transcende de imediato os modos da natureza material e chega então ao nível de
Brahman. E Eu sou a base do Brahman impessoal, que é imortal, imperecível e eterno e
é a posição constitucional da felicidade última."

Sanatana-dharma é exemplificada nas vidas dos mahatmas ou grande almas. Suas


práticas religiosas são descritas no Bhagavad-gita 9.14 and 15:

"“Ó filho de Prtha, aqueles que não se iludem, as grandes almas, estão sob a proteção
da natureza divina. Eles se ocupam completamente em serviço devocional porque
sabem que Eu sou a original e inexaurível Suprema Personalidade de Deus. Sempre
cantando Minhas glórias, esforçando-se com muita determinação, prostando-se diante
de Mim, essas grandes almas adoram-Me perpetuamente com devoção.”

Krishna falou o Bhagavad-gita pouco antes do começo de Kali-yuga, a atual era de


escuridão, desavenças e pecado. Após Sua partida deste mundo, a filosofia Mayavadi
tornou-se proeminente. Pelo fato de negar Krishna como a eterna e transcendental
personalidade de Deus, e por distorcer Seus ensinamentos sobre bhakti-yoga através
da especulação impersonalista, a filosofia Mayavadi frustra o método e o objetivo
de sanatana-dharma. Hindus modernos, confundidos pelas idéias Mayavadis pensam
que a política mundana e o serviço social são os métodos de dharma. E pensam que o
objetivo do dharma é o jyoti (luz) impessoal. ). Os Mayavadis proclamam que o jyoti é
a verdade por trás da forma pessoal de Deus. Mas isto está em direta oposição
ao Bhagavad-gita 14.27. Desse modo, o caminho dos mahatmas indicado
no Bhagavad-gita está perdido em muito do Hinduísmo atual.

Tendo compaixão pelas almas desafortunadas e sem direção de Kali-yuga, o Senhor


Krishna apareceu novamente, apenas 500 anos atrás para mostrar à humanidade, pelo
Seu próprio exemplo, como praticar sanatana-dharma de acordo com o Bhagavad-
gita. Esta encarnação de Krishna é o Avatara Dourado, Sri Chaitanya Mahaprabhu. O
Senhor Chaitanya foi iniciado por Ishvara Puri da Madhva Sampradaya. Desta escola
Madhva, o Senhor Chaitanya aceitou dois princípios: 1) opor-se e derrotar a filosofia
Mayavadi e, 2) adoração à forma transcendental do Senhor Krishna como o caminho da
religião eterna. O primeiro princípio é darshana e o segundo é sanatana-dharma.
Estes dois princípios constituem os fundamentos filosóficos e religiosos da Sociedade
Internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON), fundada por Sua Divina Graça
A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada.

No Bhagavad-gita 4.2, o Senhor Krishna declara que os princípios da religião eterna


são transmitidos pelo guru-parampara (sucessão discipular). O sistema
de parampara protege os princípios da religião eterna da corrupção por professores
não autorizados, os quais, sem seguir eles mesmos os princípios, interpretam
o Bhagavad-gita por suas próprias opiniões especulativas. A sucessão discipular de
Madhva e Sri Chaitanya Mahaprabhu é conhecida como Brahma Sampradaya, porque
ela começou com Brahma, que recebeu o conhecimento védico de Krishna no começo
da criação. O discípulo de Brahma é Narada e o discípulo de Narada é Vyasa, que
compôs o Vedanta-sutra. Após o Senhor Chaitanya ter aceitado esta sampradaya, esta
passou a se chamar Brahma-Madhva-Gaudiya Sampradaya. Em nossos dias, a sucessão
discipular e seus ensinamentos de sanatana-dharma são representados em todo o
mundo pela ISKCON. Seguindo a tradição de parampara, os membros da ISKCON
evitam adharma (irreligion) (irreligião) na forma do consumo de carnes, sexo ilícito,
jogos de azar e intoxicação e aderem ao sanatana-dharma como mostrado
pelos mahatmas.

Para mais leituras:

1. Srimad-Bhagavatam: 2.6.20

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