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No pólo ativo da relação jurídica tributária figura o titular do crédito, objeto
tributário tem o dever jurídico de realizar sua cobrança, mediante o exercício das
O Código Tributário Nacional faz esta distinção no artigo 7°, ao estabelecer que a
administrativos que atendam a esta finalidade, pode ser conferida por uma pessoa
pode ser exercida por pessoa jurídica de direito público, em virtude da natureza
privado. Revela-se, então, bem nítida a distinção entre a capacidade tributária ativa
ativo da obrigação tributária, podendo ser delegada a outra pessoa jurídica de direito
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para instituir tributos, cujo exercício é indelegável, de acordo com o ordenamento
jurídico vigente.
Sujeitos passivos, por sua vez, são as pessoas físicas ou jurídicas que
têm o dever de cumprir a prestação exigida pelo sujeito ativo, isto é, o pagamento do
TORRES, Ricardo Lobo. Curso de direito financeiro e tributário. 13. ed. São Paulo; Renovar, p. 206. SOUZA,
Rubens Gomes de. Compêndio de legislação tributária. São Paulo; Resenha Tributária, p. 89. AMARO, Luciano.
Direito tributário brasileiro. São Paulo: Saraiva, p. 275-276. CARVALHO, Paulo de Barres. Curso de direito
tributário. 17. ed. São Paulo; Saraiva, 2005, p. 202,
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Subdividem-se em contribuintes e responsáveis tributários. Os
contribuintes possuem relação direta com o fato descrito abstratamente pela norma
doutrina estrangeira.
professor José Luiz Shaw,^^^ não constitui aspecto da hipótese de incidência, mas
em nomear terceira pessoa distinta daquele que praticou o fato jurígeno (aspecto
tributado.
caso. Nas taxas, de acordo com o professor Geraldo Ataliba, será "o administrado
cuja atividade requeira o ato de polícia, ou que provoque, requeira ou, de qualquer
modo, utilize o serviço público (CF, art. 145, II). Nas contribuições, o sujeito que
4.6.2.1 Responsabilidade
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No intuito de se estabelecer a definição e respectivas modalidades de
obrigações que seguem um regime geral único (teoria geral), mas que possuem
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positivo.
influência do mestre de Viena. Kelsen distinguia aquele que deveria cumprir o dever
que cumpre um dever que originariamente lhe foi atribuído pela lei ou pelo negócio
jurídica. O "responsável", por sua vez, seria um terceiro que responde por dever
"A diversidade decorreria de que à Teoria Geral do Direito incumbiria o estudo de categorias genéricas,
distintas das categorias específicas, estudadas pelas disciplinas jurídicas particulares. Mas, se a ciência jurídica,
no sentido estrito, tem por objeto o estudo das categorias específicas, pode dedutivamente construir as
categorias genéricas, sem ultrapassar a demarcação do seu objeto de investigação teórica, o sistema do direito
positivo." (BORGES, José Souto Maior, Obrigação tributária (uma introdução metodológica). 2. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 1999, p. 27.)
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 177.
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denominado responsável tributário.
direito romano. Negou-se ao obligatio romano o caráter de dever jurídico, pois este
Expressando idéia similar, mas com as colocações adequadas ã sua teoria, assim
obrigacional como uma espécie do dever jurídico. Preferiu afirmar que o sujeito
passivo possui uma obrigação perante o sujeito ativo da relação jurídica tributária, já
KELSEN, Hans. Teoria geral do direito e do Estado. Trad. Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes,
1998, p. 99.
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"Parece-nos, assim, que a razão está com Pontes de Miranda, quando afirma que a
partes da relação.
ainda que o contribuinte (obrigado) pratique o fato gerador. Isto porque a lei impõe o
COUTO E SILVA, Clóvis V. do. A obrigação como processo. São Paulo: José Bushatsky, 1976, p. 163.
BORGES, José Souto Maior. Obrigação tributária (uma introdução metodológica). 2. ed. São Paulo:
Malheiros, 1999, p. 38-45.
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cumprimento da norma pelo responsável antes de seu vencimento, não havendo a
norma jurídica tributária (aspecto pessoal), ele não integrará a condição de sujeito
classificado como devedor, uma vez que a obrigação nasce diretamente para o
mesmo.
empreendida na seara da teoria geral das obrigações, pois se teria uma pessoa, que
classificação exposta no artigo 121 do referido diploma legal. Equívoco este que não
deve ser atribuído à condição de leigo do parlamentar, uma vez que o anteprojeto foi
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elaborado por uma comissão de renomados juristas. No entanto, não se considera
que esta seria a hipótese, tendo em vista que a classificação adotada possui
relação jurídica tributária: a pessoa que pratica o fato jurídico descrito na norma
obrigação (ou dever jurídico) a um terceiro, desde que vinculado à ocorrência do fato
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natural, é de se esperar que aquele que realizou o negócio jurídico permaneça na
direta da situação de agente realizador do fato jurídico (seu aspecto pessoal), como
O responsável, por sua vez, não seria apenas a terceira pessoa inserida
(onde a obrigação pode ser cumprida pelo responsável antes de seu vencimento) e,
livremente pactuada ou de uma imposição legal, sendo que, neste último caso, deve
sempre possuir ligação com o fato jurídico que motivou o surgimento da relação
jurídica. O dever jurídico obrigacional não lhe é imposto, portanto, pelo simples fato
de que o devedor não cumpriu com sua obrigação, mas sim pelas hipóteses ora
responsável, embora esta obrigação ocorra, na maior parte dos casos, em razão da
citada inadimplência.
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atribuir o dever jurídico diretamente ao responsável, independente até mesmo da
credor da relação.
pelas razões que justificaram o próprio surgimento deste instituto jurídico. Salienta-
se, por oportuno, que a necessidade de que o mesmo tenha vinculação com o fato
prestações estabelecidas.
expendidas acima.
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relação jurídica normativa, favorece, significativamente, a possibilidade da satisfação
obrigacionais.
obrigação!
terceira pessoa, integrante desta relação, estará à sua disposição para a satisfação
do seu direito.
diversas situações que a norma jurídica pretenda regular, sempre com o objetivo de
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de ordem, que configuraria a modalidade de responsabilidade subsidiária.^^®
obrigação tributária, cujo nexo impositivo sempre será a norma jurídica. Portanto,
Pública.
Por este motivo registro a discordância da assertiva do professor Gelson Amaro de Souza que assim se
manifestou sobre a matéria: "Por outro lado, é de se ressaltar que a obrigação tributária está ligada
vicirpraimpntp à lei tributária, enquanto a responsabilidade não" (Responsabilidade tributária e legitimidade
TassiTna execução fiscal. Ribeirão Preto: Nacional de Direito, 2001, p. 94)
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prestação. A necessidade de esgotar todas as possibilidades de satisfação de seu
da gestão pública.
exonerando o devedor original. Trata-se de uma modalidade que não pode ser
considerada como regra geral, pois também acarreta uma diminuição da garantia de
direito tributário para que os entes federados possam criar outras hipóteses de
seja repetida com naturalidade, afinal cada pessoa jurídica de direito público deveria
A ausência de uma cobrança eficiente do crédito tributário gera efeito direto na arrecadação tributária,
diminuindo as receitas previstas e eventualmente estimadas do orçamento, implicando no desencaixe da gestão
financeira da administração, que necessita daquela receita para a realização das despesas estabelecidas,
situação que continuamente justificou o aumento da carga tributária. Esta relação se contrapõe com os princípios
da isonomia e da capacidade contributiva, norteadores da almejada meta da justiça fiscal (distribuição equânime
da carga tributária entre todos que se submetem à sujeição passiva).
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questionar, portanto, se as hipóteses de responsabilidade tributária, como espécie
restringir sua utilização pelos entes federados, sob pena de grave cerceamento à
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delimitações.
Código. Afirma ele que a responsabilidade, sempre decorrente da lei, pode ser direta
"a obrigação tributária depois de ter surgido contra uma pessoa determinada (que
Neste pormenor pode exemplificar o equívoco dos tribunais pátrios ao entenderem que a lista anexa à norma
qeral que disciplina o ISSQN seria taxativa, enquanto a função da lei complementar deveria ser apenas a de
conceituar o que é serviço, exemplificando alguns dos enquadramentos propostos.
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se para outra pessoa diferente A por substituição, ao contrário, ocorre quando
"a obrigação tributária surge desde logo contra uma pessoa diferente daquela que
esteja em relação econômica com o ato, o fato ou negócio tributado. Nesse caso é a
própria lei que substitui o sujeito passivo direto por outro indireto.
não passa de mera responsabilidade direta própria. Com efeito, o sujeito passivo da
obrigação tributária, apesar de não participar do aspecto pessoal do fato jurígeno, foi
designado diretamente no aspecto subjetivo da norma. Ele não paga dívida alheia,
mas prestação própria oriunda da lei (não há, por exemplo, direito de regresso).
que deveria ser tributado por ter praticado o ato (contribuinte), foi trocado
SOUZA, Rubens Gomes de. Compêndio de legislação tributária. Rio de Janeiro: Financeiras, 1960, p. 71 et
seq.
COÈLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria geral do tributo, da interpretação e da exoneração tributária (o
significado dó art. 116, parágrafo único, do CTN). 3. ed. São Paulo: Dialética, 2003, p. 252 et seq.
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substituição só pode ser vista "economicamente" e, nesse plano, é
desnubladamente visível. (...)
Melhor seria chamá-lo de "destinatário legal tributário" para extremá-
lo do "contribuinte" e considerar a ambos "sujeitos passivos diretos".
Assim, a sujeição passiva direta comportaria dois tipos de obrigados:
a) o "Contribuinte" que paga dívida tributária própria por fato gerador
próprio e b) o "Destinatário Legal Tributário" que paga dívida
tributária própria por fato gerador alheio (de terceiro), assegurando-
se-lhe, em nome da Justiça, a possibilidade de recuperar, contra
quem praticou ou esteve envolvido com o fato gerador, o dispêndio
fiscal que a lei lhe imputou diretamente, através da criação do
vinculum juris obrigacional.^^^
por se tratar de um terceiro que não praticou o fato gerador, mas possui relação com
COELHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria geral do tributo e da exoneração tributária. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1982, p. 181.
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devido a circunstância posterior, definida em lei, o responsável tributário torna-se
imobiliária. Dispõe o artigo 130 que o adquirente do imóvel que tenha originado
crédito tributário não quitado pelo seu proprietário (contribuinte), tendo o bem como
referido bem, única hipótese em que se atesta que não há lançamento realizado até
Essa exigência traz consigo circunstância que pode acarretar grave lesão
responsabilidade que nos tributos em que tenham vinculado a seu fato gerador a
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