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Curso: Engenharia de Segurança do Trabalho

Disciplina: Legislaçã o Aplicada à Engenharia de Segurança do Trabalho


Responsável: Luiz Roberto Pires Domingues Junior
Identificação da tarefa: Tarefa 4. Quarta tarefa da disciplina. Envio de arquivo.
Pontuação: 10 pontos de 40

TAREFA 4

Questão 01. (vale 2,5 pontos)

Uma empresa de construção civil com canteiro de obra no DF, recebeu a fiscalização de
três órgãos (fiscalização de Meio Ambiente, Fiscalização do trabalho – DRT, e
Vigilância Sanitária) e com relação aos banheiros e a deposito de produtos
químicos/tóxicos, a firma foi autuada pelas 3 fiscalizações. Com relação aos banheiros:
A fiscalização de Meio Ambiente exigiu que os mesmos fossem ligados diretamente a
rede de esgoto e com ligação de água potável sem ser de poço artesiano (Lei “de água”
do DF), a DRT exigiu que os mesmos possuíssem portas em cada aparelho sanitário, e
que ficassem a no máximo a 150 metros do canteiro de obras (NR 18), e a vigilância
sanitária exigiu uma relação de 1 sanitário : 20 operários (Lei 5.027/66). Com relação
ao deposito, a fiscalização de Meio Ambiente de meio ambiente exigiu que o deposito
fosse isolado das demais áreas, sem entrada de ar, não permitindo a permanência de
funcionários trabalhando permanentemente no local, com a exigência de um ponto de
água no local (decreto federal 98.816/90), a DRT por sua vez exigiu que o deposito
fosse arejado e com iluminamento adequado (NRs) e a vigilância Sanitária, por sua vez
exigiu que o deposito fosse isolado, com presença de dispositivos contra incêndio, a
uma distância mínima de 30 metros da área de alimentação. Lembramos que para este
tipo de deposito é necessário licenciamento ambiental. Pergunta-se como fazer para
atender as 3 esferas de fiscalização diferente e evitar as multas?

Informação inicial: Aqui neste exercício, em primeiro lugar deve-se fazer o exercício
da leitura/Interpretação de texto, de prestar atenção no que está sendo pedido, pois em
não se prestando atenção, pode-se resolver a questão da mesma forma da questão da
hierarquia das leis, pois a questão é a mesma, só que na questão da hierarquia das leis,
tem se uma observação, que aqui não se aplica: “...Desconsiderando a norma legal em
si (pois trata-se de um exercício de reflexão), considerando somente a sua “força”, isto
é, onde a mesma se enquadra na hierarquia das leis...”, aqui nos interessa a norma legal
em si, assim além da avaliação da hierarquia das leis, que foi feita na atividade anterior,
deve se verificar se a mesma é exigível.

Resposta:

Para resolver esta questão precisamos atentar para a observação que diz que para este
tipo de depósito é necessário o licenciamento ambiental. Partindo deste princípio,
inevitavelmente será necessário cumprir todas as exigências da fiscalização do Meio
Ambiente, para que o depósito possa ser construído e poder funcionar. Para isso é
necessário obter o LAP – Licenciamento Ambiental Prévio, e posteriormente se for
exigido, também o LAO – Licenciamento Ambiental de Operação. Para poder obter
estas licenças é necessariamente cumprir em primeiro lugar todas as exigências do
órgão fiscalizador do Meio Ambiente. Após cumprir todos os itens e obter a licença e
liberação do órgão ambiental, então sim, passa-se a cumprir as outras exigências dos
demais órgãos observando-se sempre a hierarquia das leis. Caso haja conflito entre os
itens solicitados por cada órgão deve-se usar como defesa, a exigência prévia do órgão
ambiental para liberação do empreendimento, e posteriormente as hierarquias da leis,
alegando cumprir sempre a normativa com mais “força” em detrimento de outra com
“força” inferior.

Questão 02. (vale 5,0 pontos)

Francisco, mecânico da empresa sapo de ônibus, a 18 anos (seu primeiro e único


emprego até aqui), sempre atuou no setor de lanternagem e pintura, manipulando
durante o seu expediente produtos a base de solventes orgânicos, hidrocarbonetos e
tintas a base de Arsênico e Chumbo, assim como solda. A firma fornecia um lanche às
9:00 hs e às 15:00hs com leite, para melhorar a saúde dos funcionários. Francisco dos
EPI’s fornecidos pela empresa, só utiliza a mascara pois, ele diz que a luva atrapalha
sua sensibilidade, o mesmo ocorrendo com o macacão, alegando que ele esquenta
demais. Há um ano Francisco começou a apresentar problemas de saúde, começando a
faltar o trabalho por motivo de cansaço, fadiga sem motivo aparente, irritação fácil e
insônia noturna. Francisco sempre se consultou no Hospital do Bairro, levando o
atestado médico ao Departamento de pessoal da Firma (sempre pelo mesmo CID-10, já
totalizando mais de 60 dias de afastamento). No dia 23 de junho, estando com atestado
médico de 5 dias (a contar do dia 21 de junho), resolveu ir ao Departamento Pessoal
para tirar “dúvidas”, para isso pegou carona num coletivo da empresa que ia para a
garagem, só que no caminho o ônibus foi abalroado por um caminhão e o seu Francisco
quebrou a perna, e foi demitido. Pergunta-se: a) Francisco sofreu um acidente de
trajeto? Porque.; b) qual devia ser o procedimento da firma, pois Francisco sempre
pegava atestado médico pelo mesmo motivo?; c) Poderia se caracterizar a doença do
trabalho? Porque; e) Francisco faz jus a adicional de insalubridade? Porque. F) Quais as
falhas de segurança e medicina do trabalho que você identificou neste episodio? G)
Francisco poderia ser demitido? E) E se a demissão foi correta quais os direitos do
Francisco.

Resposta:

a) Francisco sofreu um acidente de trajeto? Porque.


Não. O acidente de Francisco não pode ser caracterizado como de trajeto, pois ele
estava de atestado e não no seu percurso habitual e permanente, entre a residência e
seu local de trabalho, e vice-versa. Ainda deve haver um período de duas horas
antes da entrada e até duas horas depois da saída, para se caracterizar acidente
trajeto.

b) Qual devia ser o procedimento da firma, pois Francisco sempre pegava atestado
médico pelo mesmo motivo?
A empresa deveria correlacionar o CID da doença e observar se existe nexo causal,
ou seja se a doença está relacionada com o tipo de atividade desenvolvida pela
empresa. Além disso era necessário monitorar os ASOS e exames complementares,
observar o relatório anual do PCMSO e realizar o monitoramento prévio dos
exames dos trabalhadores. Além disto deveria exigir o uso do EPI corretamente,
realizar teste de vedação e eficiência do EPI. Se o trabalhador estiver
desenvolvendo doença relacionada a atividade laboral ele deveria ter sido afastado
daquela função, e recolocado em outra função.

c) Poderia se caracterizar a doença do trabalho? Porque?


Sim. Pois foi desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é
realizado e com ele se relacione diretamente, além de o trabalhador não estar utilizando
corretamente os EPIs.

d) Francisco faz jus a adicional de insalubridade? Porque?


Sim. Francisco trabalha manipulando produtos a base de solventes orgânicos,
hidrocarbonetos e tintas a base de Arsênico e Chumbo, assim como solda.
De acordo com a NR 15, em seu anexo 13, atividades envolvendo o emprego de
produtos contendo hidrocarbonetos aromáticos como solventes, são consideradas
atividades insalubres de grau médio. Para a pintura a pistola com pigmentos de
compostos de arsênico e chumbo, em recintos limitados ou fechados é considerada
insalubridade de grau máximo. Também em função da solda a atividade é insalubre
pela exposição à radiação e fumos metálicos.

e) Francisco faz jus a adicional de insalubridade? Porque.


Sim. Pois realiza o exercício do trabalho em condições de insalubridade, de acordo
com a NR 15.

F) Quais as falhas de segurança e medicina do trabalho que você identificou neste


episodio?
Há várias falhas neste episódio. Primeiro a empresa deveria exigir o uso correto do EPI.
Os exames periódicos deveriam estar sendo realizados para monitoramento da saúde
dos trabalhadores. Como Francisco já estava há um ano apresentando sintomas e
atestado médico os ASOS já deveriam estar monitorando isso. Ele deveria ter sido
afastado da função. Não havia monitoramento da saúde e nem da eficiência dos EPIs.
Penso que a ideia de fornecer leite parte da crença popular de diminuir a intoxicação
por composto químicos, o que indica falta de orientação e conhecimento do assunto.
Observo uma sequência de falhas de saúde e segurança.

G) Francisco poderia ser demitido?


Francisco não poderia ter sido demitido apenas pelo fato de ter se acidentado, ou estar
doente. Mas ele poderia ter sido demitido sim, por não estar utilizando os EPI que
foram recomendados, desde que ele tivesse sido advertido verbalmente, depois por
escrito, ter levado uma suspensão, e a próxima advertência caberia a demissão por justa
causa.

E) E se a demissão foi correta quais os direitos do Francisco.


A demissão por justa causa não dá o direito de receber aviso prévio, multa de 40%,
seguro, FGTS, etc. Ele só receberia o décimo terceiro e férias proporcionais.

QUESTÃO 03. (VALE 2,5)

Uma Fábrica de queijo, localizado na área urbana do DF, possui 316 funcionários,
sendo que destes 10% são menores de 18 anos e são analfabetos e do total de
trabalhadores 75% são mulheres, sendo que destas 88% estão em idade fértil (podem
ser mães). A fábrica fornece aos seus funcionários alimentação na própria fábrica e
fornece transporte (indo e levando ao trabalho). A fábrica não possui SESMT e nem
possui um técnico de segurança do trabalho. Com estas características pergunta-se

a) quais os direitos que os trabalhadores desta fábrica possuem, com relação ao


trabalho da mulher e do menor;

Em relação a mulher, as trabalhadoras possuem todos os direitos trazidos pela CLT


e além disso os benefícios descritos abaixo:
“ » É proibida a contratação para a realização de serviços que demandem força
muscular superior a 20 quilos, para o trabalho contínuo, e de 25 quilos, para o
ocasional – CLT art. 390. » É proibida a exigência de teste, de exame de perícia, de
atestado médico ou de declaração relativos a realização de processo de esterilização
ou para verificar se a mulher está ou não gravida (Lei no 9.029/1995, art. 2o – pena
de um a dois anos de detenção e multa). » É assegurado o direito a dois descansos
diários de meia hora cada um para a empregada amamentar o próprio filho do final
da licença maternidade até os seis meses de idade da criança, salvo se a empresa
optar pela licença maternidade de seis meses. (CLT art. 396). » A empregada
grávida possui estabilidade provisória no emprego de cinco meses após o parto
(incluindo o período de gestação) – Constituição Federal – ADCT art. 10, inciso II
item “b”. » É proibido o trabalho da grávida no último mês de gravidez e nos dois
primeiros meses após o parto. » A licença gestante é de 120 dias, podendo a
empresa optar pelo período de 180 dias, sendo garantido o emprego e o salário. »
Empresas com mais de 30 empregadas devem oferecer apoio às empregadas mães
para a guarda e a amamentação dos filhos, ou por meio de uma creche interna ou
por convênio com uma ou, até, por meio do pagamento de um reembolso-creche.”

Quanto ao trabalho de menor a legislação vigente considera trabalhador menor


aquele que possui menos de 18 anos. O menor dos 16 aos 18 anos pode trabalhar,
entre 14 e 16 anos pode ser admitido como menor aprendiz e entre 10 e 14 anos, em
situações muito especiais e específicas, pode trabalhar em regime de economia
familiar.
O trabalhador menor de 18 anos precisa de autorização prévia e expressa de seu
responsável, sendo presumida se o menor possuir a Carteira de Trabalho e
Previdência Social – CTPS78. O menor pode dar contrarrecibo dos salários
recebidos, mas não pode receber a indenização de rompimento de contrato de
trabalho sem a assistência de seu responsável. Não pode o menor realizar trabalho
noturno, perigoso e insalubre, (CF, art. 7o , inciso XXXIII) sendo vedados também
serviços prejudiciais a sua moralidade (CLT, art. 405, inciso II).
A CLT determina em seu artigo 427 que todo empregador que contratar menor é
obrigado a conceder-lhe o tempo que for necessário para a frequência às aulas. O
trabalhador menor, estudante, terá direito a fazer coincidir suas férias com as férias
escolares. A prestação de serviço extraordinário pelo trabalhador menor somente
será permitida em caso excepcional, por motivo de força maior e desde que o
trabalho do menor seja imprescindível ao funcionamento do estabelecimento (texto
extraído da apostila sobre legislação).

b) a necessidade de SESMT? Porque;


De acordo com o CNAE da empresa abaixo:
1052-0 FABRICAÇÃO DE LATICÍNIOS
O quadro I da NR 4, classifica a atividade da empresa em grau de risco 3. O quadro II
traz o dimensionamento do SESMT, e para grau de risco 3 com 316 funcionários, são
necessários 2 técnicos de segurança do trabalho.

c) a necessidade de CIPA?;
De acordo com o quadro III da NR 5 a empresa está no grupo C-2, e pelo quadro I com
316 funcionários, a empresa precisa compor a CIPA com 5 efetivos e 4 suplentes. Serão
9 pessoas eleitas e 9 indicadas.

d) com este número de funcionários de quanto em quanto tempo deve ser elaborado o
PPRA e o PCMSO? Porque;
A renovação do PPRA e do PCMSO não está relacionada ao número de funcionários. A
NR 9 indica que o PPRA deve ser renovado a cada ano e a NR 7 indica que o PCMSO,
bem como seu relatório anual devem ser renovados a cada ano igualmente.

e)como poderia se caracterizar porventura um acidente de trajeto neste caso?

Acidente de trajeto neste seria um acidente acontecido durante o transporte dos


empregados, com o veículo de transporte da empresa, dentro dos horários de entrada e
saída dos empregados, sem fuga da rota normal de transporte.

F) num acidente de trajeto qual o documento essencial para a sua caracterização?


Para a caracterização do acidente de trabalho do tipo acidente de trajeto é necessário a
emissão da CAT.

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