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AGNELO RODRIGUES SOCIEDADE INDIV. DE ADVOCACIA

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 04ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL DA
COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG.

PROCESSO Nº:

FULANO, brasileiro, casado, advogado, C.P.F – , residente na rua


N, 244/202 – Bairro Palma/BH – MG., CEP. 30.155-680, e-mail
andre.advogado@adv.oabmg.org.br, nos autos deste processo que move contra o ESTADO DE
MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito público interno, vem respeitosamente perante V.
Exa., por seu advogado abaixo assinado, interpor RECURSO DE APELAÇÃO ADESIVO, para o
devido processamento na forma da Lei, em ambos os efeitos (devolutivo e suspensivo), junto
ao Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, nos termos dos arts. 1.009/1.014 c/c art.
997, § 1º do C.P.C., registrando que litiga sob o pálio da assistência judiciária, reconhecida na
sentença de fls.

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 30 de maio de 2016.

ADVOGADO

OAB/MG -

Rua Manoel Alves de Abreu, 223, Centro, Bacabal/MA, CEP: 65700-000


(99) 3621 – 6049/3621-2339 agnelorodriguesadvogados@gmail.com www.agnelorodriguesadvogados.com.br
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AGNELO RODRIGUES SOCIEDADE INDIV. DE ADVOCACIA

EXMO. SR. DR. DESEMBARGADOR VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO


DE MINAS GERAIS.

PROCESSO Nº:

APELANTE: FULANO

APELADO: ESTADO DE MINAS GERAIS

RAZÕES

Egrégio Tribunal,

A sentença de fls., não decidiu com o costumeiro acerto quando


julgou apenas parcialmente procedente seus pedidos efetivados nos autos da AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C DANOS MORAIS, condenando o Réu “ao
pagamento das férias proporcionais da parte autora, acrescidos do terço constitucional,
observado o período trabalhado, bem como o período trabalhado entre os dias 21.05.2013 a
31.05.2013. Incidirão, sobre o valor devido juros nos termos da Lei 11.960/09, artigo 1º-F e
correção monetária pelos índices do IPCA. Fixo os honorários advocatícios, em favor da parte
autora, no valor de R$ 2.887,00 (dois mil oitocentos e oitenta e sete reais) , nos termos do art.
20, §4º, do CPC.”, não reconhecer o evidente dano moral e omitir-se quanto às férias não
gozadas e não pagas do 2º semestre/12, motivo do presente reclame recursal, nos termos
abaixo:

I – SÍNTESE DOS FATOS

O Autor/Apelante foi nomeado para o cargo de assessor do


Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, cargo PJ-77, de recrutamento amplo, no dia
06/07/12, para o Gabinete do Desembargador Beltrano, recebendo a matrícula nº TJ-
0070335, cargo que permaneceu até a data de 31/05/13, ocasião em que pediu exoneração.

O valor do vencimento era de R$10.393,61 (dez mil, trezentos e


noventa e três reais e sessenta e um centavos), acrescido de vale-refeição de R$440,00
(quatrocentos reais).

No dia 29/11/12, o Des. Beltrano oficiou ao Presidente do


Tribunal de Justiça de Minas Gerais requerendo a suspensão de 15 (quinze) dias de suas férias,

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que estavam marcadas para o período de 25/01/13 a 08/02/13, sob o argumento da


“necessidade imperiosa do serviço, fundamentada no art. 3º, I, da Portaria Conjunta 165/09
do TJMG, conforme documento presente nos autos, suspendendo também as férias dos
assessores, dentre ele o Autor/Apelante. Os outros 15 dias estavam marcados para o período
de 14/06/13, que também não foram gozadas, além do direito proporcional às férias do 1º
semestre/13, visto ter o Autor/Apelante trabalhado 05 meses, bem como os danos morais
sofridos.

A sentença julgou parcialmente procedente o pedido para


condenar o Réu “ao pagamento das férias proporcionais da parte autora, acrescidos do terço
constitucional, observado o período trabalhado, bem como o período trabalhado entre os dias
21.05.2013 a 31.05.2013. Incidirão, sobre o valor devido juros nos termos da Lei 11.960/09,
artigo 1º-F e correção monetária pelos índices do IPCA. Fixo os honorários advocatícios, em
favor da parte autora, no valor de R$ 2.887,00 (dois mil oitocentos e oitenta e sete reais) , nos
termos do art. 20, §4º, do CPC.”, sendo, portanto, vencidos Autor e Réu, cabendo o manejo do
recurso de Apelação adesivo, nos termos do art. 997, § 1º, do C.P.C.

II – DA EXPOSIÇÃO DOS FATOS E DO DIREITO E RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA


DECISÃO

II.I - DA SENTENÇA RECORRIDA

MM. Desembargadores, conforme é sabido, na 2ª Instância do


TJMG, a cada 06 meses de trabalhos os servidores têm direito a 30 dias de férias, acrescidas
de 1/3. Assim, as férias suspensas do Autor, marcadas para o período de 25/01/13 a 08/02/13
e os 15 dias restantes, marcados para 14/06/13, são referentes aos 30 dias das férias integrais
trabalhados/conquistados no segundo semestre de 2012, que não foram gozadas e nem
tampouco pagas pelo TJMG, além do 1/3 de acréscimo, fato que não foi apreciado na
sentença recorrida, apesar de fazer parte dos pedidos iniciais do Autor/Apelante.

As férias proporcionais referem-se ao primeiro semestre


trabalhado em 2013, até 31/05/2013, que também não foram pagas.

Portanto, além do direito às férias proporcionais, reconhecida na


sentença, o Autor/Apelante tem direito ao recebimento das férias integrais, acrescida de 1/3
referente ao segundo semestre de 2012, acrescida também de 1/3, que não foram pagas pelo
TJMG.

II.II - DO DIREITO AO RECEBIMENTO ÀS FÉRIAS E DÉCIMO TERCEIRO.

O art. 39, § 3º, da Constituição Federal prescreve aplicar-se aos


servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,
XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, também da Carta Magna.

O art. 7º, da Constituição Federal, por sua vez, prescreve o


direito do servidor ao 13º salário, com base na sua remuneração integral (inciso VIII) e o gozo
de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal.

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“Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:

(...)

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no


valor da aposentadoria;

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço


a mais do que o salário normal;”

Da mesma forma o art. 31, da Constituição do Estado de Minas


Gerais prescreve que “O Estado assegurará ao servidor público civil da Administração Pública
direta, autárquica e fundacional os direitos previstos no art. 7º, VIII e XVII, da Constituição da
República”, dentre outros.

Assim, resta cristalino o direito do Autor/Apelante de receber as


duas férias não gozadas e não indenizadas, acrescidas de 1/3, conforme determina a
Constituição Federal e Constituição do Estado de Minas Gerais, bem como Decreto-Lei nº
1.630/46 e Resolução nº 1.262/62, que disciplinam o direito a 60 dias de férias aos servidores
do TJMG – 2ª instância, sendo uma para cada semestre. Se o servidor tem o direito
constitucional a esse benefício, também deve ser o mesmo pago na sua proporcionalidade no
caso das férias proporcional, não podendo uma mera resolução sobrepor ao comando da
Carta Magna.

II.III - DO DIREITO AO RECEBIMENTO DOS DIAS TRABALHADOS PELO AUTOR/APELANTE E


NÃO PAGOS PELO TJMG

O art. 13, da Portaria-Conjunta nº 076/06 prescreve que, “Para


fins de apuração mensal da freqüência dos servidores, considerar-se-á o período
compreendido entre os dias vinte e um do mês anterior e vinte do mês-referência.”.

Assim, tendo o Autor/Apelante permanecido no cargo de


assessor até a data de 31/05/13, ocasião em que pediu exoneração, o ponto do mês de
maio/13 foi fechado no dia 21/05/13. Desta forma, o Autor/Apelante tem direito a receber o
valor de 10 dias trabalhados, 21/05/13 a 31/05/13, e não pagos, o que corresponde a 1/3 de
seu salário, conforme admitido na sentença.

III – DO DANO MORAL

O dano moral constitui lesão que integra os direitos da


personalidade, como a vida, a liberdade, a intimidade, a privacidade, a honra, a imagem, a
identificação pessoal, a integridade física e psíquica, o bom nome; enfim, a dignidade da
pessoa humana, um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, apontado,
expressamente, na Constituição Federal (art. 1º, III).

Configura dano moral aquele dano que, fugindo à normalidade,


interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições,

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angústia, desequilíbrio em seu bem estar, podendo acarretar ao ofendido dor, sofrimento,
tristeza, vexame e humilhação.

In casu, a inegável conduta antijurídica do Réu provocou grande


sofrimento e dor ao Autor/Apelante, visto que evidenciado o transtorno provocado, em face
da ausência do acerto da relação contratual de trabalho, mormente porque não se esperava
esta postura do TJMG, que tem a obrigação de inspirar a obediência à legislação positiva, que
se locupletou as custas do Autor/Apelante, que ficou sem recursos financeiros com os quais
contava para seu sustento e de sua família, tendo o mesmo tentado receber
administrativamente os valores requeridos, contudo, sem êxito, não lhe restando outra
alternativa senão judicializá-lo.

CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA ensina que:

"O fundamento da reparabilidade pelo dano moral está em que, a par


do patrimônio em sentido técnico, o indivíduo é titular de direitos
integrantes de sua personalidade, não podendo conformar-se a ordem
jurídica em que sejam impunemente atingidos. Colocando a questão
em termos de maior amplitude, Savatier oferece uma definição de
dano moral como "qualquer sofrimento humano que não é causado
por uma perda pecuniária" e abrange todo atentado à reputação da
vítima, à sua autoridade legítima, ao seu pudor, à sua segurança e
tranqüilidade; ao seu amor próprio estético, à integridade de sua
inteligência, às suas afeições, etc." (PEREIRA, Caio Mário da Silva.
Responsabilidade Civil, 4ª ed., São Paulo: Editora Forense, 1993, p. 54)

E mesmo que assim não fosse, a Constituição Federal de 1988,


agasalhando a posição seguida por outros países, admitiu e assegurou a indenização do dano
puramente moral, em seus arts. 5º, X e 37, § 6º, in verbis:

"Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;"

“Art. 37, § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa.”

No mesmo sentido os artigos 43, 186 e 927, parágrafo único,


todos do Código Civil, prescrevem a responsabilidade civil por atos comissivos e/ou omissivos
que violarem direito e causarem danos a outrem.

“Art. 43 - As pessoas jurídicas de direito público interno são


civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa
qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo
contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou
dolo.”

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“Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Assim, demonstrado o dano, a conduta e o nexo de causalidade,


que consiste na relação de causa e efeito entre a conduta praticada pelo agente e o dano
suportado pela vítima, deve o Réu ser condenado a indenizar o Autor pelos danos morais
sofridos, sendo a responsabilidade do Estado objetiva, motivo da desnecessidade da prova da
culpa, nos termos do art. 37,§ 6º, da Constituição Federal.

IV – DOS PEDIDOS DE REFORMA DA DECISÃO

Diante do exposto requer a essa Egrégia Câmara seja reformada


parcialmente a sentença hostilizada para acrescer à condenação sofrida pelo Réu:

a) o pagamento das férias do 2º semestre/12, acrescidas de 1/3,


vencida e não gozada pelo Autor, com a devida correção
monetária e juros de 1% ao mês;

b) a condenação do Réu no pagamento de indenização por dano


moral, em valor a ser arbitrado por V. Exa., considerando a
condição sócio-econômica das partes e a gravidade do dano;

c) a condenação do Réu na majoração dos honorários


advocatícios arbitrados na sentença, nos termos do art. 85, § 1º
do C.P.C.

Nestes termos, pede deferimento.


Belo Horizonte, 30 de maio de 2016.

Advogado
OAB/MG -

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