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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA- UFRA

INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL E DE RECURSOS HÍDRICOS - ISARH


DISCIPLINA BIOQUÍMICA

MÓDULO VII
DEGRADAÇÃO OXIDATIVA DE
CARBOIDRATOS II

PROFESSORAS RESPONSÁVEIS:
Profa. Dra. Joanne Moraes de Melo Souza
Profa. Dra. Marília Danyelle Nunes Rodrigues

Belém - PA
2021
Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II - Profs. Souza & Nunes-Rodrigues. 2021

Sumário

Apresentação ------------------------------------------------------------------------------------------- 3
Lista de elementos gráficos ---------------------------------------------------------------------------- 4
1. Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II ------------------------------------- 5
2. Respiração celular --------------------------------------------------------------------------------- 6
3. Produção de Acetil-CoA -------------------------------------------------------------------------- 7
4. Ciclo de Krebs --------------------------------------------------------------------------------------- 9
5. Regulação do Ciclo de Krebs ---------------------------------------------------------------------15
6. Cadeia Transportadora de Elétrons -------------------------------------------------------------- 16
7. Força Próton-Motriz ------------------------------------------------------------------------------- 21
8. Fosforilação Oxidativa ---------------------------------------------------------------------------- 22
9. Lançadeiras de NADH citossólico ---------------------------------------------------------------25
10. Vias Respiratórias Alternativas em Plantas ---------------------------------------------------- 27
11. Resumo --------------------------------------------------------------------------------------------- 30
12. Mapa mental ---------------------------------------------------------------------------------------- 31
13. Referências ---------------------------------------------------------------------------------------- 32
14. Referências das Figuras --------------------------------------------------------------------------- 32
15. Indicação de leitura -------------------------------------------------------------------------------- 33
16. Hora da atividade ----------------------------------------------------------------------------------34
APRESENTAÇÃO

Prezados (as) alunos (as), sejam bem-vindos (as) a nossa Disciplina


Bioquímica.

A Bioquímica é uma ciência que estuda os constituintes celulares e


funcionamento da célula (metabolismo celular) comuns a todos
os organismos vivos (vegetais, animais ou microrganismos).

A Bioquímica é considerada uma ciência multidisciplinar, porque envolve


conhecimentos de várias outras ciências como biologia, química, matemática, física entre
outras.

É uma disciplina essencial para todas as profissões relacionadas a ciências da vida,


pois através dela entendemos a nível molecular o funcionamento dos organismos vivos,
possuindo conteúdos básicos para o entendimento de outras disciplinas profissionalizantes
dos cursos como nutrição animal, genética e melhoramento, Processamento Tecnológico de
produtos de origem animal, farmacologia, microbiologia, toxicologia e fisiologia animal e
vegetal.

Todos os organismos vivos são constituídos de bilhões de células, suas menores


unidades funcionais, que controlam o organismo vivo como um todo. Portanto, para entender
os organismos vivos é essencial estudar a célula, seu funcionamento e seus constituintes
comuns e aqueles que os diferenciam. E assim, você conseguirá manipular medicamentos
para que sejam absorvidos mais eficientemente, entender os nutrientes necessários para um
vida mais saudável e uma maior produção (de leite, carne, frutos), como tratar algumas
doenças, como ocorre algumas reações toxicológicas e como melhorar geneticamente aquele
organismo.

Assim, o presente material de estudo tem como objetivo apresentar ideias, conceitos e
ferramentas que auxiliem nos estudos e gerem reflexões sobre a bioquímica.

A disciplina Bioquímica possui 68h85h e é ofertada para os cursos de Agronomia,


Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Zootecnia, Engenharia Ambiental e Biologia na
UFRA.

Para facilitar o aprendizado o material didático da disciplina Bioquímica segue a


concepção de trilhas de aprendizagem, e é dividida em XIII módulos de acordo com os
seguintes conteúdos detalhados abaixo:

Módulo I - Introdução à Bioquímica e água

Módulo II - Aminoácidos, Proteínas e Enzimas

Módulo III - Carboidratos

Módulo IV - Lipídios

Módulo V - Ácidos Nucleicos

Módulo VI - Degradação Oxidativa De Carboidratos I

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Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II - Profs. Souza & Nunes-Rodrigues. 2021

MÓDULO VII - DEGRADAÇÃO OXIDATIVA DE CARBOIDRATOS II

Módulo VIII - Degradação oxidativa de Lipídios

Módulo IX - Degradação Oxidativa de Proteínas

Módulo X - Biossíntese de Carboidratos

Módulo XI - Biossíntese de Lipídios

Módulo XII - Biossíntese de Aminoácidos e Nucleotídeos

Módulo XIII - Biossíntese de Acidos Nucleicos e Proteínas

Lista de Elementos Gráficos

Durante a sua leitura neste material impresso, você encontrará os símbolos


apresentados abaixo. Desse modo, preste atenção nos seus significados, pois eles o orientarão
você nas atividades.

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Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II - Profs. Souza & Nunes-Rodrigues. 2021

MÓDULO VII -
DEGRADAÇÃO OXIDATIVA DE
CARBOIDRATOS II
Prezado (a) Aluno (a),
Seja bem-vindo (a) ao Módulo VII: Degradação Oxidativa de Carboidratos II

No módulo anterior começamos o estudo do catabolismo de carboidratos e vimos a primeira


etapa da respiração celular, a glicólise, junto com outros processos de catabolismo. Neste
Módulo VII continuaremos o estudo do catabolismo de carboidratos abordando as demais
etapas da respiração celular: Ciclo de Krebs e Cadeia Transportadora de elétrons.

Este Módulo VII tem por objetivo geral apresentar a vocês as demais reações da respiração
celular na presença de oxigênio, levando a oxidação do piruvato através da etapa do ciclo de
Krebs, cadeia respiratória e fosforilação oxidativa, reforçando a importância desse processo
metabólico nas células dos organismos vivos aeróbicos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO MÓDULO VII


Ao final do Módulo VII esperamos que você possa:

• Ter um panorama geral sobre as reações da degradação oxidativa dos carboidratos;


• Conhecer o processo de respiração celular nas células aeróbicas, mostrando como a célula
usa seus carboidratos para obter energia;
• Compreender as reações do Ciclo de Krebs, Cadeia Respiratória e Fosforilação Oxidativa,
entendendo onde ocorrem e quais produtos são gerados e como são produzidos;
• Entender a importância e a regulação do processo de Respiração celular nos organismos
aeróbicos usando carboidratos como fonte de energia.

Bons estudos!

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Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II - Profs. Souza & Nunes-Rodrigues. 2021

RESPIRAÇÃO CELULAR

Nos organismos aeróbicos, a glicose e outros açúcares, ácidos graxos e a maioria dos
aminoácidos são oxidados a CO2, H2O e ATP. Essa fase aeróbica do catabolismo das
biomoléculas é chamada de respiração. No sentido fisiológico ou macroscópico, a respiração
se refere apenas a inalação de O2 e expiração de CO2. Mas para bioquímicos esse termo se
restringe ao consumo do O2 pelas células como aceptor final do processo do catabolismo, e
que produz CO2 durante as oxidações chamado precisamente de respiração celular.

A Respiração Celular é um processo bioquímico catabólico essencial aos organismos


aeróbicos. Através dela quebramos oxidativamente biomoléculas altamente energéticas e
complexas como os carboidratos, lipídios ou proteínas através de uma série de reações
enzimáticas em CO2 e H2O e liberamos a energia contida nelas na forma de ATP.

A reação química simplificada da respiração celular é a seguinte:

No Catabolismo de Carboidratos, realizada através do processo de


respiração celular ocorre em três etapas distintas (Figura 1):

Etapa 1. Glicólise: é a primeira etapa da degradação dos carboidratos que ocorre no


Citosol das células. Nesta etapa cada molécula de glicose é degradada oxidativamente em
duas moléculas de piruvato produzindo 2 moléculas de ATP e 2 moléculas de NADH. Essa
etapa não precisa de oxigênio para acontecer, sendo uma etapa comum não só ao processo de
respiração celular, mas também da fermentação e via das pentoses-fosfato (Processo já
abordado no módulo VI).

Etapa 2. Ciclo de Krebs: Os piruvatos produzidos na etapa da glicólise são oxidados


com a perda do grupo carboxil na forma de CO2, gerando duas moléculas de acetil-coA para
conseguirem entrar no ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico onde cada acetil será
completamente oxidado a duas moléculas de CO2, produzindo três moléculas de NADH, 2
moléculas de FADH2.

Etapa 3. Cadeia Respiratória e fosforilação oxidativa: Nesta última etapa, os


elétrons originados das oxidações anteriores e que estão sendo conduzidos pelos NADH e
FADH2 são transferidos até o aceptor final O2 através de uma cadeia transportadora de
elétrons, formando água e a energia liberada nessas reações de transferência impulsiona a
síntese de mais ATP na fosforilação oxidativa, reoxidando as coenzimas a NAD+ e FAD+ que
retornam ao processo de glicólise para novas oxidações.

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Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II - Profs. Souza & Nunes-Rodrigues. 2021

Figura 1. Esquema resumido das etapas da Respiração celular aeróbica através do


catabolismo de carboidratos. Fonte: https://www.slideshare.net/LaraTavares/bioenergtica-i-
respirao-celular-aulas-31-e-32

No módulo anterior (Módulo VI) já vimos a primeira etapa da respiração celular: a


Glicólise. A partir de agora, vamos abordar as demais etapas do processo de respiração.

PRODUÇÃO DE ACETIL-CoA

Nos organismos aeróbicos, a glicose e outros açúcares, ácidos graxos e a maioria dos
aminoácidos são no final oxidados a CO2 e H2O pelo ciclo de Krebs e pela cadeia
respiratória. Entretanto, para conseguir entrar no ciclo de Krebs, os esqueletos carbônicos
dessas moléculas precisam ser convertidos ao grupo acetil da acetil-CoA, a forma pela qual a
maioria dos combustíveis entra no ciclo.
Assim, no Catabolismo de Carboidratos, o piruvato produzido na glicólise é
transportado do citosol para a matriz mitocondrial (Figura 2) onde é oxidado a acetil-CoA e
CO2 pelo complexo da piruvato-desidrogenase (PDH) um grupo de 3 enzimas, localizado nas
mitocôndrias das células eucarióticas e no citosol de bactérias.

Figura 2. Representação da estrutura da mitocôndria. Fonte:


https://www.todamateria.com.br/mitocondrias-estrutura-funcao-e-importancia/
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Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II - Profs. Souza & Nunes-Rodrigues. 2021

O complexo piruvato-desidrogenase (PDH) é um complexo multienzimático formado


por múltiplas cópias de três enzimas distintas: Piruvato-desidrogenase (E1), Diidrolipoil
transacetilase (E2) e Diidrolipoil-desidrogenase (E3). O complexo da Piruvato desidrogenase
requer 5 coenzimas ou cofatores: A E1 ligada ao cofator Tiamina pirofosfato (TPP), a E2
covalentemente ligada ao grupo lipoil, e a E3 com os cofatores FAD+e NAD+.

No Complexo PDH uma série de intermediários químicos permanecem ligados às


moléculas das enzimas à medida que o substrato (piruvato) é modificado no produto final
(acetil-CoA). Na reação geral, o complexo enzimático piruvato-desidrogenase realiza uma
desidrogenação e descarboxilação oxidativa no piruvato de forma irreversível, onde o grupo
carboxila do piruvato é removido do composto na forma de uma molécula de CO2 e os 2
carbonos que permanecem são convertidos ao grupo acetil do acetil-CoA, formando NADH.

Nessa reação, a coenzima A ou CoA-SH, que possui um grupo tiol reativo (-


SH), age como transportador de acilas ligando-se covalentemente o grupo acil (R-CO-),
formado após a descarboxilação, ao seu grupo tiol formando tioésteres. Os tioésteres
formados possuem um alto potencial para transferir os acil e doar estes grupos a diversas
moléculas aceptoras, sendo portanto considerado “ativado” (Figura 3). E1 catalisa a primeira
reação de descarboxilação do piruvato, produzindo hidroxietil-TPP, e então oxidação do
hidroxietil a um grupo acetil, onde os elétrons dessa reação são reduzem o dissulfeto do lipoil
ligado a E2 e o grupo acetil é transferido em ligação tioéster ao lipoil reduzido . A E2 Catalisa
a transferência do grupo acetil para a coenzima A, formando acetil-CoA. E3 catalisa a
regeneração da forma dissulfeto do lipoil, onde os elétrons são passados primeiramente ao
FAD e depois ao NAD+.

Figura 3. Oxidação do Piruvato a Acetil-CoA. Fonte: Nelson &Cox, 2011.

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Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II - Profs. Souza & Nunes-Rodrigues. 2021

CICLO DE KREBS

O Ciclo de Krebs (nome dado em homenagem a seu descobridor Hans Krebs),


também chamado de Ciclo do Ácido Cítrico ou Ciclo dos Ácidos Tricarboxílicos (TCA)
possui a finalidade de oxidar Acetil-CoA (acetil coenzima A), que se obtém da degradação de
carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos a duas moléculas de CO2.

O ciclo ocorre na matriz mitocondrial e é a primeira via cíclica que estamos


vendo do metabolismo. É uma rota central tanto para recuperação de energia dos compostos
orgânicos como para rotas biossintéticas, sendo chamado por isso de via ou rota anfibólica,
ou seja, via que possui reações catabólicas e anabólicas. Os intermediários do ciclo do ácido
cítrico servem como precursores para a biossíntese de vários produtos. Para repor esses
intermediários removidos as células utilizam reações de preenchimento chamadas de reações
anapleróticas.

Em eucariotos não-fotossintéticos, a mitocôndria é o local onde ocorre a maioria das


reações oxidativas geradoras de energia e a síntese acoplada de ATP. Em plantas e outros
seres fotossintetizantes a mitocôndria é o principal local de síntese de ATP no escuro, porém a
luz do dia, os cloroplastos geram a maior parte do ATP destes organismos. Em bactérias, as
enzimas do ácido cítrico estão no citosol, e a membrana plasmática desempenha função
semelhante a da membrana mitocondrial interna para a síntese de ATP.

Em cada volta do ciclo entra uma molécula de acetil (acetil-CoA) e saem 2


moléculas de CO2. O ciclo é composto de 8 reações enzimáticas, sendo que quatro reações são
oxidações e a energia liberada nessas reações é conservada na forma de NADH e FADH2.

A partir de agora veremos as reações do Ciclo de Krebs:

Reação 1. Formação do Citrato


É a primeira reação do ciclo de Krebs. Nessa reação a acetil-CoA doa seu grupo acetil
(2C) que se condensa ao oxaloacetato (4C), pela enzima citrato-sintase de forma irreversível
formando um composto de 6C o citrato (Figura 4). A CoA liberada na reação é reciclada
para participar da descarboxilação oxidativa de outra molécula de piruvato pelo complexo
PDH.

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Figura 4. Primeira reação do ciclo de Krebs de formação do citrato. Fonte: Nelson & Cox,
2011.

Reação 2. Formação do Isocitrato


A enzima aconitase (aconitato-hidratase) catalisa a reação de transformação reversível
do citrato a isocitrato, como formação intermediária do ácido tricarboxílico cis-aconitato
(Figura 5). Nota-se nesta etapa uma fase de desidratação, seguida por uma hidratação.

Figura 5. Formação do Isocitrato via cis-aconitato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.

Reação 3. Oxidação do isocitrato a α-cetoglutarato e CO2


È a primeira reação de oxidação do ciclo de Krebs. Nessa etapa, a enzima isocitrato-
desidrogenase catalisa a descarboxilação oxidativa do isocitrato para formar o α-
cetoglutarato. Nas células existem duas formas diferentes da isocitrato-desidrogenase, uma
que emprega o NAD+ como receptor de elétrons e outra que emprega o NADP+, porém as
reações são idênticas (Figura 6), ocorrendo a redução de um NAD+ a NADH ou NADP+ a
NADPH, pela perda de 2 elétrons na oxidação.

Figura 6. Reação de descarboxilação oxidativa do isocitrato a α-cetoglutarato. Fonte:


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http://www.biomedicinaemacao.com.br/2013/03/ciclo-de-krebs-ciclo-do-acido-citrico.html

Reação 4. Oxidação do α-cetoglutarato a succinil-CoA e CO2

Essa reação ocorre outra descarboxilação oxidativa, nela o α-cetoglutarato é convertido


em succinil-CoA e CO2 pela ação do complexo da α-cetoglutarato-desidrogenase. O
NAD+ serve como receptor de elétrons e a CoA como carreador do grupo succinil. A energia
de oxidação do α-cetoglutarato é conservada pela formação de uma ligação tioéster do
succinil-CoA (Figura 7).

Figura 7. Oxidação do α-cetoglutarato a succinil-CoA e CO2. Fonte: Nelson & Cox, 2011.

Reação 5. Conversão da succinil-CoA em succinato


Assim como o acetil-CoA, o succinil-CoA tem uma energia livre-padrão de hidrólise
de sua ligação tioéster forte e negativa (ΔG’ = -36 kJ/mol). Nessa etapa, a enzima succinil-
CoA-sintetase ou succinato-tiocinase, de forma reversível, catalisa o o rompimento dessa
ligação liberando energia que é empregada para dirigir a síntese de um GTP (trifosfato de
guanina) ou ATP, formando succinato (Figura 8). O GTP é que um composto de alta energia,
como o ATP (Figura 8).

As células animais possuem duas isoenzimas succinil-CoA-sintetase, uma específica


para ATP outra para GTP. Porém, o resultado final da atividade de qualquer isoenzima da
succinil-CoA sintetase é a conservação de energia na forma de ATP, pois a célula
rapidamente troca a guanina pela adenosina, então pode-se dizer que nesta etapa há a
produção de 1 molécula de ATP

Figura 8. Conversão da succinil-CoA em succinato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.

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Reação 6. Oxidação do succinato a fumarato


O succinato formado é oxidado a fumarato pela flavoproteína enzima succinato-
desidrogenase. A succinato-desidrogenase é a única enzima do CK associada à membrana.
Nos eucariotos, essa enzima é firmemente ligada à membrana mitocondrial interna, já em
procariotos ela se liga à membrana plasmática (Figura 9).

Figura 9. Oxidação do Succinato a Fumarato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.

A enzima contém três diferentes agrupamentos ferro-enxofre e uma molécula de FAD+.


Os elétrons retirados do succinato passam através do FAD+ reduzindo-o a FADH2 que
transporta os elétrons para os centros ferro-enxofre antes de entrarem na cadeia
transportadora de elétrons na membrana mitocondrial interna (ou na membrana plasmática
das bactérias). O fluxo de elétrons do succinato até o O2, o receptor final de elétrons, através
desses transportadores, está acoplado à síntese de 1,5 molécula de ATP por par de elétrons
(fosforilação ligada à respiração). Mas veremos com mais detalhes depois.
O malonato, um análogo (equivalente) do succinato que normalmente não está presente
nas células, é um potente inibidor competitivo da succinato-desidrogenase, sua adição à
mitocôndria bloqueia a atividade do ciclo do ácido Krebs e portanto da respiração celular
(Figura 10).

Figura 10. Estruturas do succinato e do seu inibidor competitivo malonato. Fonte:


https://slideplayer.com.br/slide/365331/

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Reação 7. Hidratação do fumarato a malato


A hidratação reversível do fumarato em L-malato é catalisada pela fumarase (Figura
11).

Figura 11. Hidratação do fumarato em L-malato. Fonte:


https://slideplayer.com.br/slide/1238010/

Reação 8. Oxidação do malato regenerando o Oxaloaceato


O Oxalacetato que havia sido ligado à molécula de Acetil-CoA no início do
ciclo se perdeu durante a série de reações. Então, nesta última etapa o Oxalacetato deve
ser regenerado, liberando mais um elétron, para que o ciclo continue e ele novamente possa
se ligar a uma nova molécula de Acetil-CoA. A enzima presente nesta reação é a L-malato
desidrogenase, e nota-se a redução de outra molécula de NAD+ a NADH. O malato é
então oxidado a Oxalacetato (Figura 12).

Figura 12. Reação de regeneração do oxaloaceato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.

Agora vamos rever o Ciclo de Krebs inteiro na Figura 13 abaixo para fazer algumas
anotações importantes.

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Figura 13. Representação do Ciclo de Krebs. Fonte:


http://www.minutobiomedicina.com.br/postagens/2014/03/06/ciclo-de-krebs/

Percebemos que de forma direta, o Ciclo de Krebs não produz muitos ATPs,
mas como veremos depois, na parte final de todo este processo de respiração celular quando
os elétrons carreados por NADH e FADH2 produzidos nessas oxidações são convergidos para
a cadeia transportadora de elétrons (cadeia respiratória) até o O2 produzindo H2O e
impulsionando a síntese de muitos ATPS. Apesar de ter algumas modificações em algumas
literaturas diferentes nessa parte do metabolismo, de forma geral, quando há a transferência
de elétrons do NADH ao O2, há a formação de aproximadamente 2,5 ATP; e quando há
transferência do FADH2 para o O2, há a formação de cerca de 1,5 ATPs.

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REGULAÇÃO DO CICLO DE KREBS

Normalmente, mantemos o Ciclo de Krebs ativado para produção de energia utilizada


nas diversas atividades que as células desempenham. Mas, a velocidade do Ciclo de Krebs
pode ser diminuída, para manter um estado de equilíbrio estável enquanto evita o desperdício
de uma superprodução.
Assim, a velocidade do Ciclo de Krebs é controlada em na conversão de piruvato a
acetil-CoA (reação do Complexo PDH), na entrada da acetil-CoA no ciclo (reação da citrato-
sintase), e durante o curso do ciclo sobre as enzimas isocitrato-desidrogenase e α-
cetoglutarato-desidrogenase.

Em mamíferos o complexo PDH é regulado alostericamente, sendo inibido


fortemente por ATP, acetil-CoA e NADH, os produtos da reação desse complexo, e ácidos
graxos de cadeia longa. E é ativado por AMP (que é abundante quando a célula precisa de
energia), CoA, NAD+ e Ca2+. Além disso o complexo pode ser regulado por modificação
covalente das proteínas, onde um resíduo de aminoácidos Ser (Serina) específico de uma das
subunidades E1 é fosforilado de forma reversível, inibindo assim o complexo. Já em plantas,
o complexo PDH, localizado na matriz mitocondrial e plastídeos, é inibido pelos produtos
NADH e acetil-CoA, e a enzima mitocondrial também pode ser regulada pela fosforilação
reversível (Figura 14).
Em situações em que não precisamos de muita energia, pode-se inibir o complexo para
bloquear a formação de muita Acetil-CoA proveniente do Piruvato, evitando excessos.
Caso haja formação de Acetil-CoA e esta não é usada no Ciclo de Krebs, é reservada
dentro da célula na forma de ácidos graxos (gordura). Por isso, se não gastamos a energia, o
nosso corpo sempre acumulará Acetil-CoA. Por consequência, formaremos cada vez mais
ácidos graxos.

Já no ciclo de Krebs a regulação é realizada pela disponibilidade de substrato,


inibição pelos produtos acumulados e inibição alostérica por retroalimentação das enzimas
que catalisam as etapas iniciais do ciclo citrato-sintase, isocitrato-desidrogenase e α-
cetoglutarato-desidrogenase. O controle do Ciclo de Krebs sobre a citrato-sintase se dá pelo
acúmulo de NADH, succinil-CoA, citrato e ATP. A enzima isocitrato-desidrogenase é
regulada pelo acúmulo de ATP, e por fim, a α-cetoglutarato-desidrogenase, é regulada por
altos níveis de succinil-CoA e NADH (Figura 14).

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Figura 14. Representação da regulação do Ciclo de Krebs. Fonte:


https://sites.google.com/site/enfermagemufal20121/m03-ciclo-de-krebs

CADEIA TRANSPORTADORA DE ELÉTRONS

A Cadeia Transportadora de Elétrons (C.T.E.) ou Cadeia Respiratória é


a finalização do catabolismo aeróbico de carboidratos, gorduras e proteínas através da
Respiração Celular, e ocorre simultaneamente com as reações de Fosforilação Oxidativa.

Na C.T.E todas as coenzimas reduzidas NADH e FADH2 , produzidas nas etapas


anteriores do processo de Respiração celular, seguem para as cristas mitocondriais ou
membrana interna da mitocôndria (Ver Figura 2). Lá doam os elétrons e H+ que estão
transportando para o O2 reduzindo a H2O e desta forma são reoxidadas a NAD+ e FAD+
retornando as suas vias metabólicas de origem. Essa doação de elétrons e H+ ao O2
impulsiona a Fosforilação Oxidativa do ADP + Pi sintetizando ATP.

A maior parte da energia contida nos carboidratos e outras biomoléculas no processo


de Degradação Oxidativa aeróbica é conservada na forma das coenzimas reduzidas (NADH e
FADH2). Porém, essas coenzimas precisam ser reoxidadas para retornar a participar das vias
oxidativas na sua forma de coenzimas oxidadas (NAD+ e FAD+), e além disso, a oxidação
das coenzimas permite que a energia nelas conservada possa ser aproveitada para sintetizar
ATP. Assim, podemos dizer que a C.T.E é uma estratégia adotada pela célula para
transformar a energia armazenada nas coenzimas em um gradiente de prótons na mitocôndria
e utilizar este gradiente para sintetizar ATP (fosforilação oxidativa).

Em 1948, Albert Lehninger e Eugene Kennedy descobriram as reações de


transferência de elétrons nas mitocôndrias. A descoberta de que as mitocôndrias são os sítios
da fosforilação oxidativa em eucariotos marcou o início da fase moderna dos estudos de

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Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II - Profs. Souza & Nunes-Rodrigues. 2021

transduções biológicas de energia. A membrana interna da mitocôndria é o sítio da C.T.E.,


sendo impermeável à maioria das moléculas pequenas e íons, incluindo H+. As únicas
espécies que cruzam a membrana interna o fazem através de transportadores específicos.
Além disso, a membrana interna possui os componentes da C.T.E. (o Complexo I-IV) e a
ATP-sintase.

A fosforilação oxidativa inicia com a entrada dos elétrons na cadeia


respiratória doados pelas coenzimas reduzidas NADH e FADH2. A C.T.E. consiste de uma
série de carregadores de elétrons, que agem sequencialmente, sendo a maioria deles proteínas
integrais da membrana interna mitocondrial com grupos prostéticos capazes de aceitar e doar
um ou dois elétrons. Esses carregadores de elétrons atuam como complexos multienzimáticos,
agrupando-se em 4 complexos, designados de complexos I, II, III e IV. O complexo I e II
catalisam a transferência de elétrons para a ubiquinona a partir de dois doadores diferentes:
NADH doa ao Complexo I e succinato doa ao Complexo II. O complexo III carrega
elétrons da ubiquinona reduzida para o citocromo c, e o complexo IV completa a sequência,
transferindo os elétrons do citocromo c para o O2.

Vamos ver com mais detalhes o funcionamento do processo da C.T.E a seguir:

COMPLEXO I – NADH A UBIQUINONA

O complexo multienzimático I, também chamado de NADH ubiquinona-


oxidorredutase ou NADH-desidrogenase tem o papel de oxidar o NADH transferindo seus
elétrons para a Ubiquinona (Q ou Coenzima Q). Esse complexo é composto de uma grande
enzima composta de 42 cadeias polipeptídicas, incluindo uma flavoproteína contendo FMN
(nucleotídeo de flavina) e centro de ferro enxofre (Fe-S). Após a transferência exergônica de
um íon hidreto do NADH e de um próton da matriz a Ubiquinona, essa é reduzida a
Ubiquinol (QH2), e o complexo I transfere quatro prótons (H+) da matriz mitocondrial para o
espaço intermembrana, servindo assim como um bombeador de prótons (Figura 15).

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Figura 15. Representação da via dos elétrons proveneientes do NADH através do Complexo I
ou NADH Desidrogenase. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/9229869/

Substâncias como o Amital (uma droga do tipo barbiturato), rotenona (substância


encontrada em algumas plantas com ação inseticida e piscicida) e piericidina A (antibiótico)
inibem o fluxo de elétrons dos centros Fe-S do Complexo I para a Ubiquinona, bloqueando
assim a fosforilação oxidativa, e portanto a respiração celular.

COMPLEXO II – SUCCINATO A UBIQUINONA

O complexo II chamado de succinato-desidrogenase, é uma segunda porta de entrada


dos elétrons na cadeia respiratória ou C.T.E. É a única enzima do ciclo de Krebs ligada à
membrana. É menor e mais simples que o complexo I, contendo cinco grupos prostéticos de
dois tipos e quatro subunidades proteicas diferentes. As subunidades C e D são proteínas
integrais de membrana contendo um grupo heme, heme b, e um sítio de ligação para
ubiquinona. Já as subunidades A e B se estendem na matriz e contêm três centros Fe-S e
FAD ligado ao succinato.
Sua função é receber os prótons provenientes do FADH2 produzidos na reação que
transforma fumarato em succinato no ciclo de Krebs e transferi-los a Ubiquinona ou
coenzima Q reduzindo-a a Ubiquinol (QH2). Não ocorre extrusão de prótons nesse complexo.
(Figura 16).

Figura 16. Representação do Complexo II. Fonte: https://maestrovirtuale.com/succinato-


desidrogenase-estrutura-funcao-regulacao-doencas/

A coenzima Q ou Ubiquinona é o ponto de convergência dos elétrons provenientes


tanto do complexo I e complexo II. Ela é uma benzoquinona solúvel em lipídios com uma
longa cadeia lateral constituídas por cadeias isoprênicas, uma molécula pequena e hidrofóbica
livremente difusível na membrana mitocondrial interna. A plastoquinona (de cloroplastos
vegetais) e a menaquinona (em bactérias) desempenham funções análogas aos da ubiquinona,
carregando elétrons e transferindo-os na membrana.

A Ubiquinona pode receber um ou dois prótons e dois elétrons passando à forma


reduzida de Ubiquinol (QH ou QH2). Sua função é receber e carregar os elétrons do

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Complexo I e do Complexo II levando-os até o Complexo III, onde ela é oxidada a


ubiquinona novamente (Q) retornando para receber mais prótons e elétrons (Figura 17).

Figura 17. Estrutura da ubiquinona e sua conversão a Forma reduzida Ubiquinol. Fonte:
https://andreiatorres.com/blog/2018/11/18/0rl8fsluuclmrz5spldu6kqpdv8n3w

COMPLEXO III – UBIQUINONA PARA CITOCROMO C

O Complexo III ou ubiquinona:citocromo c-oxidorredutase ou complexo do


citocromo bc1 possui a função de acoplar a transferência de elétrons do ubiquinol (QH2) para
duas moléculas de citocromo c. O Complexo III possui dois citocromos b, centro Fe-S e
citocromo c. Esse Complexo III participa da extrusão de 4 prótons para o espaço
intermembranas da mitocôndria (Figura 18).

Figura 18. Estrutura do Complexo III. Fonte: https://pt.slideshare.net/miriacirqueira/ciclo-de-


krebsfosforilao-oxidativa-e-cadeia-de-transporte-de-eletrons

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Os citocromos são proteínas com absorção caracteristicamente forte de luz visível,


devido aos seus grupos prostéticos heme contendo ferro. As mitocôndrias possuem três
classes de citocromos, chamados de a, b e c, que se diferem em seus espectros de absorção de
luz. Os cofatores dos citocromos b e c são fortemente, mas não covalentemente, ligados às
suas proteínas. O citocromo c é uma proteínas solúvel do espaço intermembrana. Depois que
seu único heme aceita o elétron do complexo III, o citocromo c move-se para o complexo IV
para doar o elétron.

COMPLEXO IV – CITOCROMO C PARA O OXIGÊNIO

O Complexo IV é a etapa final da C.T.E, também chamado de citocromo-oxidase, ele


carrega os elétrons do citocromo c para o oxigênio molecular (O2), reduzindo-o a uma
molécula de água (H2O). O complexo IV é uma enzima grande da membrana mitocondrial
interna composta de 13 subunidades, a subunidade II contêm dois íons de cobre complexados
com grupos -SH, e a subunidade I contêm dois grupos heme. Esse complexo pode ser inibido
por cianeto e monóxido de carbono.

Para cada par de elétrons que passam através deste complexo a enzima consome quatro
H+ na conversão de O2 a H2O. Ela também usa a energia redox gerada para bombear dois
próton da matriz mitocondrial (lado N) para fora em direção ao espaço intermembrana da
mitocôndria (lado P), gerando um potencial eletroquímico (Figura 19).

Vimos que os elétrons e H+ são transportados por carregadores que atuam como um
complexo multienzimático até o O2 molecular, reduzindo-o a H2O. Durante a Fosforilação
Oxidativa, Espécies Reativas de O2 (EROS) como radicais livres (⦁ OH), superóxido (⦁ O2-),
peróxido de hidrogênio (H2O2) são geradas. Os EROS são potencialmente danosas as células,
reagindo com enzimas, lipídios de membranas e ácidos nucleicos danificando-os. Para
impedir o dano oxidativo induzidos pelos EROs às células produzem enzimas com função
protetora que regem com os EROs e inativando-as. Tais enzimas protetoras são a superóxido
dismutase e a glutationa-peroxidase.

Figura 19. Representação do Complexo IV. Fonte:


http://mundodabioquimica.blogspot.com/2014/06/respiracao-celular-complexo-iv_9.html

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FORÇA PRÓTON-MOTRIZ

A C.T.E ou Cadeia Respiratória é a convergência final de todas as vias de


degradação oxidativa (catabolismo) de biomoléculas. A oxidação das biomoléculas que
funcionam como diferentes combustíveis metabólicos, libera elétrons entregues as coenzimas
transportadoras de elétrons (NAD+ e FAD+) que são reduzidas a NADH e FADH2 . Essas
coenzimas doam os elétrons e H+ que estão transportando para o O2 reduzindo a H2O e assim
são reoxidadas a NAD+ e FAD+ retornando as suas vias metabólicas de origem.

A transferência de elétrons das coenzimas na C.T.E. é altamente exergônica,


liberando uma grande quantidade de energia. A maior parte dessa energia é utilizada para
bombear prótons H+ para fora da matriz mitocontrial. Para cada par de elétrons transferidos do
NADH através da C.T.E. para o O2 , 10 H+ são bombeados para fora da matriz (4H+ pelo
complexo I; 4H+ pelo complexo III; 2H+ pelo complexo IV) para o espaço intermembranas da
mitocôndria. E para cada par de elétrons transferidos do FADH2 através da C.T.E para o O2,
apenas 6H+ são liberados para o espaço intermembranas (4H+ pelo complexo III e 2 H+ pelo
complexo IV), pois o FADH2 entra pelo complexo II que não envia prótons para o espaço
intermembranar (Figura 20).

Figura 20. Resumo do Fluxo de elétron e prótons através dos quatro complexos da cadeira
respiratória. Fonte: http://www.lbqp.unb.br/bioq/htm/textos_explic/cte.htm

A energia eletroquímica livre disponibilizada é conservada temporariamente no fluxo


de elétrons da matriz (lado N) para o espaço intermembrana da mitocôndria (lado P) . A
membrana interna mitocondrial é impermeável a prótons impedindo seu livre retorno a matriz,
produzindo um Gradiente de pH (ΔpH) e de voltagem (diferença de cargas elétricas) nas duas
regiões chamado de Força Próton-motriz, produzindo uma energia livre de cerca de 200kJ
por mol de par de elétrons. Essa força impulsiona o retorno transmembrana dos prótons de
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volta, a favor do seu gradiente de concentração (bomba de prótons) através de proteínas


específicas fornecendo energia livre para a síntese de ATP que requer cerca de 50kJ de
energia (Figura 21).

Figura 21. Representação do gradiente eletroquímico com fluxo de Prótons da matriz (lado N)
para o espaço intermembrana (lado P). Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/10751660/

FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA

Assim, como foi demonstrado a C.T.E. não produz nenhum ATP, sendo responsável
apenas por gerar um potencial eletroquímico de prótons ou seja a Força próton-motriz.
Agora vamos entender como a força próton-motriz se transforma em ATP.

A Síntese de ATP ou Forforilação oxidativa é baseada no Modelo


quimiosmótico proposto por Peter Mitchell, onde a Força próton-motriz gera energia
potencial química e energia potencial elétrica que impulsiona a síntese de ATP, pelo retorno
dos prótons para o interior da mitocôndria a favor do gradiente eletroquímico de forma
passiva através de um poro proteico associado a enzima ATP-sintase (Figura 22).

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Figura 22. Fosforilação oxidativa. Fonte: https://www.coladaweb.com/biologia/biologia-


celular/respiracao-celular

Desta forma, a Síntese de ATP ou Forforilação oxidativa na ATP-sintase é uma


reação química acoplada ao processo de transporte dos prótons para dentro da matriz. Esse
retorno dos prótons H+ é que libera energia suficiente para a síntese. Como a membrana
interna é impermeável a prótons, estes só podem voltar à matriz e desfazer o gradiente através
de sítios específicos na membrana interna, constituídos pelo complexo sintetizador de ATP: a
ATP sintase. A ATP-sintase mitocondrial é um complexo enzimático que possui dois
domínios funcionais F0 e F1.

A F0 é uma proteína integral à membrana interna mitocondrial que possui um poro para
prótons através do qual os prótons vazam rapidamente. O complexo F0 é composto de três
subunidades a, b e c. F1 é uma proteína periférica de membrana e responsável pela síntese de
ATP através da ligação de ADP e Pi. F1 possui nove subunidades de cinco diferentes tipos;
três subunidades α (alfa), e três subunidades β (beta) arranjadas como gomos de uma laranja,
alternadas em um eixo central, a subunidade γ (gama), além de subunidades δ (delta) e ε
(epsilon). Cada uma das três subunidades β tem um sítio catalítico para a síntese de ATP. As
duas subunidades b (b2) de F0 se associam firmemente com as subunidades α (alfa) e β (beta)
de F1, mantendo-as fixas à membrana. Em F0 o cilindro de subunidades c (c10) são embebidos
na membrana e estão ligadas ao eixo constituído pelas subunidades γ (gama) e ε (epsilon) de
F1.
A medida que os prótons fluem pela membrana interna mitocondrial do lado P
(intermembrana) para o lado N (matriz) através do F0, o cilindro e o eixo rotam e as
subunidades β de F1 mudam de conformação, à medida que a subunidade γ se associa com
uma delas de cada vez . A ATP-sintase estabiliza o ATP fortemente, e o gradiente de prótons
impulsiona a liberação do ATP a partir da superfície da enzima.

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Resumindo, a alta concentração, os íons H+ tendem a retornar para a matriz


mitocondrial via complexo proteico ATP sintase e que é semelhante a uma turbina que gira
quando passam os íons H+, disponibilizando, assim, a energia usada na ligação de ADP ao Pi
produzindo assim ATP. (Figura 23).

(b)
Figura 23. Estrutura do complexo ATP-sintase (a) e diagrama do seu complexo F1F0
mostrando a o fluxo de H+ que impulsiona a síntese de ATP (b). Fonte:
https://slideplayer.com.br/slide/7305218/

Sabendo disso, quantos prótons (H+) são necessários para produzir 1 ATP ? A
medida de fluxo de prótons é tecnicamente complexa. Entretanto, o valor experimental mais
amplamente aceito são quatro prótons (H+), sendo que desses quatro, um H+ é gasto para
transportar Pi através da Membrana mitocondrial. Assim, cada NADH produz 2,5 ATP, pois a
entrega dos elétrons e prótons na C.T.E consegue bombear 10H+ para fora da matriz e
retornando pela ATP-sintase, a cada quatro são usados 4 para a síntese de 1 ATP . Já o
FADH2 produz 1,5 ATP pois consegue bombear apenas 6H+ para fora da matriz.

Assim, a Respiração a Estequiometria da redução das coenzimas e da formação de


ATP na oxidação aeróbica (Respiração Celular) de uma molécula de glicose por meio da via
glicolítica, reação da Piruvato desidrogenase, ciclo do ácido cítrico e fosforilação oxidativa
será é demonstrado na tabela 1 abaixo.

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Tabela 1. Estequiometria da redução das coenzimas e da formação de ATP na oxidação


aeróbica (Respiração Celular) de uma molécula de glicose por meio da via glicolítica, reação
da Piruvato desidrogenase, ciclo do ácido cítrico e fosforilação oxidativa. Fonte:
https://docplayer.com.br/62161276-Aula-de-bioquimica-ii-ciclo-do-acido-citrico.html

Nesta tabela 1 os valores negativos indicam consumo de ATP. E o valor de


ATP da reação de Gliceraldeído a 1,3 bifosfoglicerato pode ser de 3 ou 5 ATP, dependendo
do mecanismo de transporte do NADH do citosol para a matriz mitocondrial como vamos ver
a seguir no mecanismo de lançadeiras de transporte de NADH para a mitocôndria. Desta
forma podemos ver que a Respiração celular é um catabolismo completo que possui maior
rendimento energético produzindo muito mais energia para as células cerca de 30-32
moléculas de ATP comparado a fermentação que produz por glicose apenas 2 moléculas de
ATP.

LANÇADEIRAS DE NADH CITOSSÓLICO

A Membrana interna da mitocôndria é impermeável a NADH. Dessa forma, O


NADH para ser conduzido do citosol para a mitocôndria precisa de lançadeiras que conduzem
indiretamente o NADH citossólico. Existem dois tipos de lançadeiras:

Lançadeira Malato-Aspartato:

Este sistema usa as moléculas de malato e aspartato para transportar os elétrons e


prótons que estão associados ao NADH no citoplasma da célula. Este sistema de transporte
envolve também outras moléculas normalmente presentes na matriz mitocondrial e no
citoplasma. Você se lembra do oxaloacetato do ciclo do ácido cítrico? Pois é. Um íon hidreto
ligado ao NADH é transferido para o oxaloacetato, formando malato no citoplasma da célula.

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A membrana interna mitocondrial tem um transportador de malato do tipo antiporter,


que leva o malato do citoplasma para dentro da mitocôndria e, simultaneamente, transporta
um α-cetoglutarato da matriz mitocondrial para o citoplasma. Na matriz mitocondrial, o
malato volta a oxaloacetato, transferindo o íon hidreto para o NAD+ mitocondrial, formando
novamente NADH.
Note que apenas o íon hidreto foi transportado. O NAD+ citoplasmático não é capaz de
atravessar a membrana interna mitocondrial. O oxaloacetato é convertido em aspartato, que
pode, então, sair da mitocôndria por um transportador (antiporter) que, em troca, transfere
glutamato do citoplasma para a matriz mitocondrial.
Este sistema de transporte permite que os NADH gerados no citoplasma durante a
glicólise possam ser usados na CTE que ocorre dentro da mitocôndria. Após este processo, os
NADH reduzidos na glicólise passam a estar disponíveis na matriz mitocondrial para
participar da cadeia transportadora de elétrons, doando seus elétrons no Complexo I. Desta
forma usando esse tipo de lançadeira o dois NADH glicolítico produzirão 5 ATPs. (Figura
24).

Figura 24. Lançadeira Malato-Aspartato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.

Lançadeira do Glicerol-3-fosfato
O músculo esquelético e o encéfalo de animais utiliza um caminho diferente para
entrada dos elétrons na matriz mitocondrial é a lançadeira do glicerol-3-fosfato ou
fosfoglicerol. Neste caso, elétrons e prótons associados aos NADH, reduzidos na glicólise,
são transferidos para a dihidroxiacetona-fosfato (DHAP), formando o 3-fosfoglicerol no
citoplasma. A enzima que catalisa esta reação é a 3-fosfoglicerol desidrogenase.
A enzima flavoproteína desidrogenase catalisa a transferência deste hidrogênio para o
FADH2. A lançadeira do glicerolfosfato utiliza várias moléculas que também funcionam como
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intermediários de vias metabólicas importantes, como dihidroxicetona-fosfato, da glicólise,


por exemplo.
Este sistema de transporte permite que os NADH gerados no citoplasma durante a
glicólise possam ser usados na C.T.E. que ocorre dentro da mitocôndria. Entretanto, neste
caso, os hidrogênios associados ao NADH durante a glicólise estarão presentes na
mitocôndria na forma de FADH2.
Neste caso, portanto, temos uma diferença essencial quanto ao saldo de ATPs após a
C.T.E. Pois os elétrons do FADH2 entram na C.T.E. pelo Complexo II e produzirá apenas 1,5
ATP. Desta forma usando esse tipo de lançadeira o dois NADH glicolítico produzirão apenas
3 ATPs (Figura 25).

Figura 25. Lançadeira do Glicerol-3-fosfato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.

VIAS RESPIRATÓRIAS ALTERNATIVAS EM PLANTAS

Os carboidratos produzidos pelas plantas durante a fotossíntese, constituem a principal


fonte de energia para os organismos vivos, sendo que praticamente toda a energia produzida
através do catabolismo advém dos carboidratos. Entretanto, as mitocôndrias vegetais
possuem peculiaridades que não são comuns em outros organismos. Elas possuem uma rota
alternativa de transporte de elétrons.

A C.T.E pode ser interrompida por certos compostos químicos como cianeto,
monóxido de carbono e a rotenona. No entanto, essa inibição não é evidente em plantas. A
presença de grande número de caminhos não fosforilativos relacionados com o transporte de
elétrons em mitocôndrias de plantas permite supor que estes caminhos estariam relacionados
com o processo de adaptação das mesmas aos estresses ambientais. Assim, abordaremos
agora as vias respiratórias alternativas em plantas demonstradas resumidamente na figura 26.

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Figura 26. Vias respiratórias alternativas em plantas. Fonte:


http://www.ledson.ufla.br/respiracao_plantas/cadeia-transportadora-de-eletrons/via-
respiratoria-alternativa/

NADH-desidrogenases alternativas
As mitocôndrias de plantas utilizam uma NADH-desidrogenase externamente
orientada e uma outra na matriz, que pode transferir elétrons diretamente do NADH ou
NADPH citossólico ou da matriz para a cadeia respiratória no nível de ubiquinona, desviando
do Complexo I na C.T.E, o NADH citossólico ou da matriz só consegue bombear 6H+ para
fora, produzindo assim menos ATP (3 ATP por NADH glicolítico). Essa via é insensível à
rotenona que inibe o complexo I. E a energia do NADH é dissipada na forma de calor.

Rota da Oxidase Alternativa (AOX)


As mitocôndrias das células vegetais possuem uma proteína a mais na C.T.E.
chamada de oxidase alternativa (AOX) ou QH2-oxidase alternativa que permite que o
transporte de elétrons ocorra sem a necessidade do uso de todos os complexos
multienzimáticos presentes na C.T.E., além de efetuar a redução do O2, resultando em
produção de calor.
A AOX está presente não somente em plantas superiores, mas também em fungos,
leveduras e protozoários. A AOX é caracterizada como participante de um caminho não
fosforilativo em plantas e pode ter papel importante em plantas termogênicas da família
Araceae, uma família de plantas malcheirosas, que inclui os filodendros, os copos-de-leite e
de uma espécie de couve malcheirosa. O aumento da temperatura promove a volatilização de
aminas, cuja função está relacionada com a atração de insetos polinizadores. Essas plantas
floridas atraem insetos polinizadores liberando moléculas odoríferas que mimetizam uma
fonte de alimento natural de insetos ou locais potenciais de postura de ovos. Algumas plantas
polinizadas por moscas ou escaravelhos que normalmente se alimentam ou põem seus ovos
em esterco ou carne podre usam compostos com malcheirosas para atrair esses insetos.
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Os aumentos de temperatura, também são observados em frutos climatéricos em


estádio de amadurecimento e isso, algumas vezes, tem sido atribuído à atividade da AOX. E
em plantas não termogênicas, a AOX possui papel fundamental no que se refere ao balanço
energético da célula. Além disso, vários estudos independentes propõem ter a AOX
capacidade de prevenir a produção de EROs, proveniente de várias formas de estresses
biótico e abiótico.

Sabe-se que a AOX é induzida pela elevação no nível de carboidratos, pela elevação
nos níveis de ácido salicílico, por lesões e ataque de patógenos, pelo abaixamento da
temperatura, pelo estresse oxidativo durante o amadurecimento de frutos e, em consequência,
pela elevação na produção de espécies reativas de oxigênio (EROs).

Nessa via, a AOX recebe elétrons diretamente da ubiquinol (QH2), reduzindo o O2


para H2O, com isso, dois pontos de conservação de energia, nos complexos III e IV, são
desviados e a energia passa a ser perdida como calor e não como bombeamento de prótons.
Ao contrário da citocromo-oxidase (complexo IV) a AOX é resistente ao cianeto.

Proteína Desacopladora de Mitocôndrias de Plantas (PUMP)


Outra forma de dissipação do excesso de energia mitocondrial envolve a participação
da proteína desacopladora de mitocôndrias de plantas (PUMP). Essa proteína age de
modo semelhante à ação das proteínas desacopladoras presentes em mitocôndrias de
tecidos animais (UCP), dissipando o gradiente de prótons da membrana mitocondrial, na
presença de ácidos graxos livres, sendo fisiologicamente inibida por ATP, GDP e GTP.

A PUMP Catalisa o desacoplamento da cadeia transportadora de elétrons da


fosforilação oxidativa, permitindo que os H+ acumulados no espaço intermembrana
regressem à matriz sem atravessarem a ATP sintase acelerando a respiração celular. Ela é
inibida por ATP e depende da presença de ácidos graxos livres. Possui envolvimento no
amadurecimento e senescência de frutos.

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A Respiração Celular é um processo bioquímico catabólico essencial aos organismos


aeróbicos, através do qual quebramos oxidativamente biomoléculas (carboidratos, lipídios
ou proteínas) em CO2 e H2O e liberamos a energia contida nelas na forma de ATP.
O Catabolismo de Carboidratos, realizado através do processo de respiração celular
ocorre em três etapas distintas: glicólise, ciclo de Krebs e Cadeia Respiratória.
A Glicólise é a primeira etapa da degradação dos carboidratos, ocorre no citosol das
células. Nesta etapa uma molécula de glicose é degradada oxidativamente em duas
moléculas de piruvato produzindo 2 ATP e 2 NADH.
Os piruvatos produzidos na glicólise são conduzidos a matriz mitocondrial onde são
descarboxilados liberando CO2 e oxidados formando duas moléculas de acetil-coA, para
conseguirem entrar no ciclo de Krebs.
A segunda etapa da Respiração celular é o Ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico
onde cada acetil que entra é completamente oxidado a 2 CO2, 3 NADH e 2 FADH2 através
de 8 reações enzimáticas, sendo 4 reações oxidativas.
O ciclo de Krebs ocorre na matriz mitocondrial, e é importante por ser uma via
anfibólica, sendo a rota central do catabolismo e do anabolismo das biomoléculas.
A velocidade do Ciclo de Krebs é controlada pela disponibilidade de substrato,
inibição pelos produtos acumulados e inibição alostérica por retroalimentação das enzimas
do Complexo PDH e que catalisam as etapas iniciais do ciclo citrato-sintase, isocitrato-
desidrogenase e α-cetoglutarato-desidrogenase.
A Cadeia Respiratória é a última etapa da respiração celular, ocorre nas cristas ou
membrana interna mitocondrial. Nessa etapa as coenzimas reduzidas NADH e FADH2
transferem os elétrons e H+ até o aceptor final O2 através de quatro complexos enzimáticos
na cadeia transportadora de elétrons, formando água e reoxidando as coenzimas a NAD+ e
FAD+ que retornam ao processo de glicólise para novas oxidações.
O complexo I e II catalisam a transferência de elétrons para a ubiquinona a partir de
dois doadores diferentes: NADH doa ao Complexo I e succinato doa ao Complexo II. O
complexo III carrega elétrons da ubiquinona reduzida para o citocromo c, e o complexo IV
completa a sequência, transferindo os elétrons do citocromo c para o O2.
A energia liberada nessas reações de transferência bombeia H+ para fora da matriz
para o espaço intermembrana, produzindo um gradiente eletroquímico de energia chamado
de força próton-motriz que impulsiona o retorno desses prótons através do poro proteico
da membrana interna chamado ATP-sintase que usa essa energia para síntese de ATP ou
fosforilação oxidativa.

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Para cada par de elétrons transferidos do NADH através da C.T.E. para o O2 , 10 H+


são bombeados para fora da matriz, produzindo assim 2,5 ATP. E para cada par de elétrons
transferidos do FADH2 através da C.T.E para o O2, apenas 6H+ são liberados para o espaço
intermembranas, produzindo 1,5 ATP.
A Respiração celular é um catabolismo completo que possui maior rendimento
energético produzindo muito mais energia para as células cerca de 30-32 moléculas de
ATP.
A Membrana interna da mitocôndria é impermeável a NADH. Dessa forma, O NADH para ser
conduzido do citosol para a mitocôndria usa duas lançadeiras que conduzem indiretamente o
NADH citossólico.
A Lançadeira Malato-Aspartato usa os transportadores de membrana malato e aspartato para
transportar os elétrons e prótons que estão associados ao NADH citossólico para dento da
mitocôndria.
O músculo esquelético e o encéfalo de animais utiliza a lançadeira do glicerol-3-fosfato, onde
os elétrons e prótons do NADH citossólicos são transferidos para a dihidroxiacetona-fosfato
(DHAP), formando o 3-fosfoglicerol no citoplasma e produzindo FADH2, dessa forma os
elétrons do NADH citossólico entram na C.T.E. na forma de FADH2, portanto, reduzindo o saldo
de ATPs.
As mitocôndrias vegetais possuem uma rota alternativa de transporte de elétrons como as
NADH-desidrogenases alternativas, rota da Oxidase Alternativa (AOX) e proteína desacopladora
de mitocôndrias de plantas (PUMP).

MAPA MENTAL

Respiração celular x fermentação. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/126241595792701669/visual-


search/?x=16&y=11&w=530&h=353&cropSource=6
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REFERÊNCIAS

CASTRO, JACQUELINE ARAÚJO. Caracterização molecular e funcional da família


gênica oxidase alternativa (AOX) de citros. Tese (doutorado) – Universidade Estadual
de Santa Cruz. Ilhéus, BA: UESC, 2017. 84p.

KERBAUY, Gilberto Barbante. Fisiologia Vegetal. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2012.

MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica básica. 3. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2014.

VOET, Donald; VOET, Judith G.; PRATT, Charlotte W. Fundamentos de bioquímica: a


vida em nível molecular. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

REFERÊNCIAS DAS FIGURAS

Figura 1. Esquema resumido das etapas da Respiração celular aeróbica através do


catabolismo de carboidratos. Fonte: https://www.slideshare.net/LaraTavares/bioenergtica-i-
respirao-celular-aulas-31-e-32
Figura 2. Representação da estrutura da mitocôndria. Fonte:
https://www.todamateria.com.br/mitocondrias-estrutura-funcao-e-importancia/
Figura 3. Oxidação do Piruvato a Acetil-CoA. Fonte: Nelson &Cox, 2011.
Figura 4. Primeira reação do ciclo de Krebs de formação do citrato. Fonte: Nelson & Cox,
2011.
Figura 5. Formação do Isocitrato via cis-aconitato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.
Figura 6. Reação de descarboxilação oxidativa do isocitrato a α-cetoglutarato. Fonte:
http://www.biomedicinaemacao.com.br/2013/03/ciclo-de-krebs-ciclo-do-acido-citrico.html
Figura 7. Oxidação do α-cetoglutarato a succinil-CoA e CO2. Fonte: Nelson & Cox, 2011.
Figura 8. Conversão da succinil-CoA em succinato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.
Figura 9. Oxidação do Succinato a Fumarato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.
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Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II - Profs. Souza & Nunes-Rodrigues. 2021

Figura 10. Estruturas do succinato e do seu inibidor competitivo malonato. Fonte:


https://slideplayer.com.br/slide/365331/
Figura 11. Hidratação do fumarato em L-malato. Fonte:
https://slideplayer.com.br/slide/1238010/
Figura 12. Reação de regeneração do oxaloaceato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.
Figura 13. Representação do Ciclo de Krebs. Fonte:
http://www.minutobiomedicina.com.br/postagens/2014/03/06/ciclo-de-krebs/
Figura 14. Representação da regulação do Ciclo de Krebs. Fonte:
https://sites.google.com/site/enfermagemufal20121/m03-ciclo-de-krebs
Figura 15. Representação da via dos elétrons proveneientes do NADH através do Complexo I
ou NADH Desidrogenase. Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/9229869/
Figura 16. Representação do Complexo II. Fonte: https://maestrovirtuale.com/succinato-
desidrogenase-estrutura-funcao-regulacao-doencas/
Figura 17. Estrutura da ubiquinona e sua conversão a Forma reduzida Ubiquinol. Fonte:
https://andreiatorres.com/blog/2018/11/18/0rl8fsluuclmrz5spldu6kqpdv8n3w
Figura 18. Estrutura do Complexo III. Fonte: https://pt.slideshare.net/miriacirqueira/ciclo-de-
krebsfosforilao-oxidativa-e-cadeia-de-transporte-de-eletrons
Figura 19. Representação do Complexo IV. Fonte:
http://mundodabioquimica.blogspot.com/2014/06/respiracao-celular-complexo-iv_9.html
Figura 20. Resumo do Fluxo de elétron e prótons através dos quatro complexos da cadeira
respiratória. Fonte: http://www.lbqp.unb.br/bioq/htm/textos_explic/cte.htm
Figura 21. Representação do gradiente eletroquímico com fluxo de Prótons da matriz (lado N)
para o espaço intermembrana (lado P). Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/10751660/
Figura 22. Fosforilação oxidativa. Fonte: https://www.coladaweb.com/biologia/biologia-
celular/respiracao-celular
Figura 23. Estrutura do complexo ATP-sintase (a) e diagrama do seu complexo F1F0
mostrando a o fluxo de H+ que impulsiona a síntese de ATP (b). Fonte:
https://slideplayer.com.br/slide/7305218/
Figura 24. Lançadeira Malato-Aspartato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.
Figura 25. Lançadeira do Glicerol-3-fosfato. Fonte: Nelson & Cox, 2011.

Bio é vida - Energia - RESPIRAÇÃO (vídeo UNICAMP):


https://www.youtube.com/watch?v=HkcWt8pf7Pw

SARRAIPA, M. F., GALEMBECK, E. ., MACEDO, D. V. Ciclo de Krebs em Ação


Biblioteca Digital de Ciências, 25 de fevereiro 2021. Disponível em: 2021.
https://www.bdc.ib.unicamp.br/bdc/visualizarMaterial.php?idMaterial=715#.YDfPzWhKg2w/
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Módulo VII - Degradação Oxidativa de Carboidratos II - Profs. Souza & Nunes-Rodrigues. 2021

QUESTÕES SOBRE O MÓDULO VII- Degradação Oxidativa de Carboidratos II

1. Na oxidação de uma molécula de maltose:


a) Explique, resumidamente, os estágios da respiração celular da molécula de sacarose até ser
oxidada a CO2 e H2O?
b) Quantos acetil-CoA, NADH, FADH2 e ATP são produzidos nestas etapas?
c) Considerando que cada mol de ATP produzido armazena 7 kcal, quanto uma molécula de
sacarose permite produzir de calorias na célula.

2. Em que local específico da célula ocorre, qual a função e os produtos dos seguintes
processos:
a) Glicólise
b) Ciclo de Krebs
c) Cadeia respiratória e Fosforilação oxidativa
3. Porque cada NADH (mitocondrial) produz 2,5 ATP e cada FADH2 fornece 1,5 ATP?
4. Caso o gradiente eletroquímico fosse desfeito, responda: O que aconteceria com a síntese
de ATP pela enzima ATPsintase?
5. Por que as lançadeiras são importantes no processo de respiração celular?

6. O transporte de elétrons mitocondrial ocorreria sem a presença das lançadeiras? Explique.

7. Explique as vias alternativas de transporte de elétrons que existem nas plantas.

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