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ANO 01 - NÚMERO 01
Revista do Colegiado de Pós-Graduação Lato Sensu em Letras
Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS
Departamento de Letras e Artes – DLA

O PRÍNCIPE DAS TREVAS: AS VARIAÇÕES DO LEXEMA DIABO NO


IMAGINÁRIO CRISTÃO

Lana Cristina Santana de Almeida1


Ruancela Oliveira dos Santos2
Sandra dos Santos Nascimento Mota3

RESUMO: Este artigo visa discutir as diferentes designações dadas ao lexema “diabo”. As análises, aqui
presentes, foram feitas através de uma comparação de dados coletados em entrevistas aos moradores de duas
comunidades rurais: uma no Semi-árido baiano e outra no Recôncavo. Para tanto, analisamos, primeiramente, o
conteúdo semântico dessas lexias (a palavra diabo e suas variações) e, em seguida, os fatores extralingüísticos
que influenciam essa variação, especificamente, o contexto sociocultural, mostrando como o léxico de uma
comunidade revela as suas tradições e seus valores. Em um segundo momento, verificamos como a imagem do
mal é individualizada na figura do diabo, criando no imaginário cristão uma constante batalha entre o bem e o
mal, que por seu turno, contribui para uma multiplicidade de lexias que se refere a uma mesma entidade, a qual
faz referência ao medo, ao pecado, à maldição e à morte para a alma dos que acreditam em Deus.
Palavras-chave: Diabo; Etnolinguística; Imaginário cristão; Léxico; Variação linguística

ABSTRACT: This paper discusses the different designations given to the lexeme "devil". The analyses, here
presents, were made through a comparison of data collected in interviews with residents of two rural
communities: one in the semi-arid of Bahia and the other in Reconcavo. For so much, we analysed,, first, the
semantic content of those lexias (the word devil and its variations) and soon afterwards, the extralinguistics
factors that influence this variation, specifically, the sociocultural context, showing how the lexicon of a
community reveals its traditions and values. In a second moment, we verified as the image of the evil is
individualized in the devil's illustration, creating in the Christian imaginary a constant battle between good and
badly, which in turn, contributes to a multiplicity of lexias that refers to same entity, which makes reference to
the fear, to the sin, to the curse and to the death for the soul of those that believe in God.
Keywords: Christian imaginary; Devil; Ethnolinguistic; Lexicon; Linguistic variation

1
Pós-graduanda da Especialização em Estudos Linguísticos da Universidade Estadual de Feira de Santana.
lana_santana@hotmail.com
2
Pós-graduanda da Especialização em Estudos Linguísticos da Universidade Estadual de Feira de Santana.
ruancela@yahoo.com.br
3
Pós-graduanda da Especialização em Estudos linguísticos da Universidade Estadual de Feira de Santana.
sandra_snmota@hotmail.com
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INTRODUÇÃO

A experiência social é fundamental na formação de uma língua e é dentro de um grupo


social que os vocábulos adquirem significado e legitimidade, garantindo a comunicação e a
interação. “No grupo social, seja este qual for e por mais extenso que o suponhamos, a
linguagem desempenha um papel de suma importância: é ela o mais forte dos laços que une
entre si os membros do grupo.” (CUVILLIER, 1975, p. 176). Na realidade, a linguagem,
sendo viva e dinâmica, transforma-se constantemente, mas nem por isso perde a sua
característica principal que é manter uma interação entre os membros de uma comunidade de
fala. É através do contato social que um lexema amplia suas possibilidades de significação,
isto é, os traços semânticos (semas) conotativos ganham significação através de um acordo
implícito, previamente estabelecido pelos integrantes de uma sociedade.
Apesar dessa ampliação semântica, o grupo social consegue manter através do
funcionamento da linguagem seus valores e costumes, utilizando o léxico como um meio para
revelá-los. Por mais que surjam, na comunidade de fala, novos significados para determinadas
palavras ou surjam novas palavras com um mesmo significado, o elo da comunicação não se
perde, ao contrário, essas mudanças, muitas vezes, contribuem para a interação linguística e a
perpetuação dos costumes. Enfim, o léxico reflete os costumes, as crenças e os valores de
determinada comunidade e, são essas relações entre sociedade, cultura e língua que se buscará
revelar com o presente estudo.
As análises foram realizadas a partir da comparação entre os dados coletados em
contextos enunciativos de moradores da zona rural de Anselino da Fonseca (antigo Caem,
localizado na região semi-árida da Bahia)4 e de moradores da zona rural de Santo Antônio de
Jesus (Recôncavo baiano).

1. VARIAÇÃO LEXICAL E A INFLUÊNCIA SOCIOCULTURAL

O léxico, herança sociocultural de uma comunidade, é o nível linguístico que mais sofre
as transformações da língua, pois possui a capacidade de expressar a forma como uma
sociedade visualiza o mundo (OLIVEIRA, 2001). Cada membro de um grupo social, além de

4
Corpus coletado na Coleção Amostras da Língua Falada no Semi-Árido Baiano, vol. 1, organizado por Norma
Lúcia F. de Almeida e Zenaide de Oliveira N. Carneiro.
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utilizar o léxico compartilhado pela sociedade em que está inserido, também faz uso de um
léxico mais restrito de acordo com o papel que exerce nessa sociedade. No âmbito
profissional, por exemplo, observam-se especificidades lexicais que dão origem a
nomenclaturas ligadas diretamente às atividades da profissão ou uso de lexias do vocabulário
geral com a atribuição de novos significados.
Os seringueiros, por exemplo, utilizam o verbo vadiar no sentido de deixar a madeira
temporariamente sem ser explorada (ISQUERDO, 2001) enquanto que o significado literal é
“andar ociosamente de uma para outra banda; vagabundear” (FERREIRA, 1986, p. 1748). A
linguagem médica, tecnológica, jurídica, entre outras, possuem termos específicos que podem
interferir em uma interação verbal caso os significados não sejam comuns entre os
interlocutores.
Quando se fala que um indivíduo, para além de fazer uso de um vocabulário
socialmente compartilhado, utiliza outro peculiar ao papel por ele exercido na sociedade, não
se pode deixar de mencionar o fator “religião” que, indubitavelmente, exerce uma influência
significativa na língua. Assim como a profissão influencia no vocabulário das pessoas, a
religião também imprime, como foi percebido no corpus observado, marcas significativas. A
partir da análise do corpus esse fenômeno pôde ser constatado, uma vez que tanto na fala de
moradores da zona rural de Anselino da Fonseca quanto na de Santo Antonio de Jesus se fez
perceptível a influência exercida pelo imaginário cristão sobre o léxico das pessoas. Tomado
como foco central para as observações, o lexema diabo pôde demonstrar a multiplicidade e
versatilidade lexical proporcionada pelo ideário cristão.
Segundo Nogueira (2000), foram os hebreus que instituíram a noção da figura do
demônio, a qual foi sendo modificada com o decorrer dos séculos. Inicialmente, não existia
para os hebreus uma necessidade de corporificar a figura do demônio, pois acreditavam que o
seu Deus (jahveh- deus tribal) era mais poderoso que os deuses das tribos vizinhas e estes já
seriam a representação maligna, a qual deveria ser combatida, “Porque o Senhor é Deus
poderoso; é Rei poderoso acima de todos os deuses. Ele reina sobre o mundo inteiro, desde as
cavernas mais profundas até os montes mais altos” (Salmos 95: 3-4).
Os diversos contatos entre os judeus e outros povos, como caldeus e persas, decorrentes
de constantes invasões e cativeiros, exerceram influência no despertar dos judeus para a
entidade maligna, pois na tradição religiosa desses povos havia o grande combate entre
figuras que representavam o bem e o mal. A partir do século II a.C. ao I d.C. são escritas
inúmeras literaturas que evidenciam essa influência “Essa literatura, onde a imaginação
rompe as barreiras canônicas, está repleta de citações relativas aos espíritos malignos que se
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assanham em contrariar as obras e os desígnios do Criador do Universo” (NOGUEIRA, 2000,


p. 20).
Com o cristianismo essas literaturas são amplamente divulgadas e aceitas. O sofrimento
e a tristeza trazida pelas constantes guerras colaboram para a instituição da noção de fé
através da dualidade do pecado e do perdão, do bem e do mal e da recompensa com a vida
eterna no paraíso para os que acreditam e seguem a Deus em oposição à derrota e o
sofrimento em uma vida eterna no inferno para os que seguem os passos do Diabo.

Não houve no Cristianismo uma tentativa de mudar os textos hebraicos a respeito da


demonologia, mas sim uma manutenção e sistematização dessa ideia através dos
livros que compõem o Novo Testamento: ...Ao contrário de Yahvé no Antigo
Testamento, Deus agora possui formidáveis adversários na pessoa de Satã e sua
corte de demônios. Os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos trazem abundantes
alusões a essa luta formidável. Daqui por diante, Satã é o grande adversário, tendo
por missão combater a religião que acaba de nascer e que será o Cristianismo; Satã é
o inimigo implacável de Jesus e seus discípulos, tramando incessantemente a ruptura
da fidelidade ao Senhor e pondo a perder os seus corpos e almas... (NOGUEIRA,
2000, p. 25)

Por conseguinte, não é em vão que a ideia do mal provoca, até hoje, desconforto e
receio. Nesse contexto, o diabo assume o papel nato de opositor, aquele que vem para atrair,
arrebatar, e danar suas vítimas.
Esse fenômeno de terror psicológico em face da figura do diabo, vale aqui pontuar, é
processado estrategicamente em favor da perpetuação da fé ou crença cristã. Isso porque a
imagem do mal propagada pelas caracterizações do diabo tende sempre a legitimar a figura
oposta, a saber, do bem, representada pela projeção de Deus.
Partindo dos fatos acima apontados, surge a necessidade de as pessoas que acreditam
nos dogmas cristãos, fugirem da aparência do mal, evitando-o. É nessa circunstância que as
variações para o lexema diabo surgem no vocabulário de um grupo social, figurando como
estratégia de fuga ou apagamento da entidade maligna. Nas amostras de fala observadas no
corpus em questão, foram encontrados termos como inimigo, cão, sujo, coisa ruim e até a
atípica expressão pé de cunca. Chama a atenção no uso desses termos a ampliação de
significado das palavras, fenômeno instaurador da polissemia em que os itens lexicais
assumem traços semânticos distintos do literal e denotativamente a eles atribuídos.

2. O LEXEMA DIABO E SUAS VARIAÇÕES


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Os informantes, moradores das comunidades da zona rural de Anselino da Fonseca5 e de


Santo Antônio de Jesus6, que integram o corpus analisado possuem uma faixa etária entre 50
e 77 anos, com pouca ou nenhuma escolaridade. Os contextos enunciativos verificados
revelam que a influência sociocultural está impregnada no vocabulário desses informantes.
Analisando os dados, pode-se perceber que o lexema diabo é utilizado tanto para se referir ao
inimigo de Deus, como para se referir a elementos que designam a maldade. Observa-se tal
fato na fala da informante V.M.L., moradora de Anselino da Fonseca:

(...) Nós tamo em casa assim como nos tamo aqui, chega um diabo aí vem fazer... vem
nos matar aqui de... de nome... de... é de tiro, sem a gente tá fazeno nada (...)

Nota-se que o significado desse lexema desprende-se das questões religiosas e é


atribuído a alguma pessoa, conotando a esta uma má índole. Cabe, nesse ponto, fazer a
distinção literal entre os dois lexemas que representam a luta entre o bem e o mal: Deus e o
diabo. Cunha (1982) em seu Dicionário Etimológico Nova Fronteira da língua Portuguesa
diz que Deus é considerado pelas religiões como ser superior à natureza, enquanto o diabo é o
representante do mal, espírito da escuridão.
Comprova-se que esses significados referentes a essas duas entidades são assimilados
pelos informantes e agregados ao seu uso, e é através da influência religiosa que o lexema
diabo sofre variações como uma maneira de se esquivar da presença desse mal. Isso é
confirmado na fala de M.M.M.S. (Inf 2, moradora de Santo Antônio de Jesus) quando faz uso
do lexema quiabo para substituir o lexema diabo:

(...) Eu não sei mai o que vou fazê pa tomá conta desses menino tudo. O quiabo que vié,
vô dá pa batizá (Inf 2)
Quiabo era o diabo, é? (Documentador – Doc)
É (Inf 2)
E por que ele chamava quiabo? (Doc)
Quem chama sou eu (Inf 2)

5
Informante 1 (Inf 1) – V.M.L
6
Informante 2 (Inf 2) – M.M.M.S.; Informante 3 (Inf 3) – B.M.S.; Informante 4 (Inf 4) – A.S.F.
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As influências regionais também foram percebidas nos contextos enunciativos em que


ocorreram as variações. Como, por exemplo, a expressão pé de cunca:

Ninguém vai se entregar pé de cunca a sem saber. Oi, eu não sei não, num sei.
Agora, pé de cunca, é o cão. [ri]. (Inf 1)

Segundo Houaiss (2001), cunca é uma espécie de tubérculo da raiz do umbuzeiro, cheio
de água, procurado por vaqueiros, caçadores e retirantes da caatinga para matar a sede. A
informante é moradora do semi-árido baiano e utiliza-se de elementos típicos da sua região
ampliando seus significados de acordo com as tradições populares que a mesma conhece. De
acordo com a crendice popular, o diabo tem os pés redondos, sendo associado à forma do
tubérculo que também é arredondado.
É percebido também que a figura do diabo carrega sempre o estigma da sujeira, da
escuridão, por isso algumas variações refletem justamente esse lado um tanto preconceituoso
dos falantes, os quais não deixam de ser estimulados pela religião cristã. No corpus analisado,
verificam-se as seguintes lexias que remetem a esse conceito:

(...) o cão muié, o sujo, é... (Inf 1)


(...) em vez de chamá por Deus pa ajudar, não, só chama pelo sujo; sabe que ele é
sujo... (Inf 3)
(...) Isso é coisa do sujo, do encardido, do maioral... (Inf 2)

A mesma associação é feita quando há referência à morada do diabo, o inferno:

(...) Oi, se uma pessoa se entregar ele, ele é do munturo muié! Ele mora no munturo
(...). De tanto uso, tanta disgrameira, tanta coisa, a dona do inferno diz que é uma
porcona, disse quano dá cada ronco que chega estremece. Tá indo muito, muié, é só se
entregar a eles. (Inf 1)

A menção que a informante faz ao inferno, chamando-o de monturo remete à sujeira,


pois de acordo com Houaiss, (2001, p. 1957) monturo é “um monte de lixo, aglomeração de
coisas velhas e descartadas; montureira; lugar onde se deposita o lixo; amontoado de coisas
repugnantes, repulsivas, asquerosas”. A dona do monturo, possuidora e moradora do inferno,
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no imaginário da informante é identificada pelo lexema porca, o qual se pode fazer a


associação com a sujeira e a imundície.
O diabo tanto pode se apresentar na forma humana como na forma animal, “mas a sua
aparição como um cão, e um cão preto – a cor denunciando a presença demoníaca”
(NOGUEIRA, 200, p. 68). Nos dois contextos enunciativos, Anselino da Fonseca e Santo
Antônio de Jesus, ocorrem lexias que fazem referência a animais, sendo que neste último é
utilizada a forma generalizada bicho e naquele há o uso do lexema cão, ambos como
substitutos da lexia diabo:

(...) Dr. Roque que deu o sangue ao bicho (...) fai aquelas coisa na força do bicho (...)
enrequece, tudo o que ele fai é na parte do bicho ajudano... (Inf 4)
(...) ela agora que se disser é do cão, "nós somo do cão" aí agora, que’le só faz passar a
mão... (Inf 1)
Outra lexia interessante utilizada pelos informantes é maioral. Essa palavra, segundo
Houaiss (2001), possui uma denotação de comando, aquele que apresenta superioridade, na
fala da informante mencionada, contudo, o termo aparece fazendo referência ao diabo. Fato
também percebido em outras regiões e contextos, e também apontado por Houaiss (2001),
quando diz que o lexema maioral é utilizado no estado do Ceará, como o chefe dos
demônios; na quimbanda e umbanda popular, maioral é um epíteto atribuído a Exu. Além de a
informante utilizar a palavra citada, ela mesma procura dar o significado para a lexia:

(...) maiorá...maiorá é aquele que não qué meia com nada, com Deus... (Inf 2)

As outras lexias encontradas são correspondentes a um processo fonológico conhecido


por apócope, pois há uma supressão de fonemas finais das palavras, como em demo e dema >
demônio e luçu > Lúcifer. Nesta última, além da supressão, também se percebe uma
acomodação fonológica, já que há a troca da vogal final u > i. Além dessas, encontrou-se
algumas mais corriqueiras como satanás, coisa ruim e inimigo. Percebe-se nessas variações
analisadas que há uma regularidade, pois mesmo em contextos enunciativos localizados em
regiões diferentes há a repetição de alguns lexemas, como sujo, satanás, cão, pode-se,
portanto, atribuir a esse fato a influência e a força dos dogmas da religião cristã.

3. PALAVRAS FINAIS
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A semântica lexical, objetivamente averiguada pela lexicologia, pode situar-se tanto no


nível da língua (langue), quanto no da norma e da fala (parole), faz-se necessário considerar o
fato de que justamente no nível da fala “situa-se o que pertence ao discurso concreto, a
designação ou a relação com o extralingüístico” (VILELA, 1994, p. 11). Foi com esta
realidade que se deparou a análise do corpus em questão, e por isso mesmo é que, de forma
contundente, se pôde perceber a projeção dos fatores extralingüísticos que permeiam e
orientam a produção linguística dos informantes. Essas produções, por sua vez, vão servir de
demonstração da sistematicidade das unidades lexicais e expressão do caráter funcional destas
dentro do sistema da língua (langue).
Considerando o ideário cristão, viu-se que ele se torna, no contexto linguístico dos
informantes, força ativadora desse aspecto funcional da língua. Tais informantes, sendo
moradores de área rural e pertencentes à faixa etária de 53 a 77 anos estão imersos num
contexto cultural que favorece a presença do terror que envolve a figura do diabo, como se vê
na fala de V.M.L.:

(...) diz que tem, diz há de vim coisa que nós tamo sentado aqui tudo prozano, diz que
deve chegar e é só com mais e um mais. Diz que o inimigo chega aí na porta e... e:
"você é de quem”? (...) Se ela... dizer: "eu sou de Deus,” ele vem c’uma lança, pa... pa...
fura os dois ói, deixa furada aí oito dia (...) Ele chega n’outo lugar pergunta, ela agora
que se disser é do cão, "nós somo do cão" aí agora, que’le só faz passar a mão...

É justamente, para expressar essas crenças que as unidades lexicais são tomadas pelos
falantes de forma polissêmica a fim de fazer referência ao inimigo. Diante de todas essas
questões, fica aqui constatada a importância do estudo lexical para a evidenciação e
preservação de traços culturais de tais comunidades.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Norma Lucia Fernandes de; CARNEIRO, Zenaide de Oliveira Novais (Org.).
Amostras da língua falada na zona Rural de Anselino da Fonseca. v. 1. In: __________
Coleção Amostras da língua falada no semi-árido baiano. Feira de Santana: UEFS, 2008.
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Bíblia Sagrada: nova tradução na linguagem de hoje. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil,
2000.

CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa.
Rio de Janeiro: Nova fronteira, 1982.

CUVILLIER, Armand. Sociologia da Cultura. Trad. Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo;
São Paulo: Edusp, 1975.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da Língua portuguesa. Rio de


Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

HOUAISS, António; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa.


Rio de janeiro: Objetiva, 2001.

ISQUERDO, Aparecida Negri. Vocabulário do seringueiro: campo léxico da seringa. In:


OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de; ISQUERDO, Aparecida Negri (Orgs.). As ciências do
léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande: UFMS, 2001.

NOGUEIRA, Carlos Alberto F. O diabo no imaginário cristão. 2. ed. Bauru: Edusc, 2002.

OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de. Regionalismos brasileiros: a questão da distribuição
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As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. Campo Grande: UFMS, 2001.

VILELA, Mário. Lexicologia e Semântica. In: _______ Estudos de Lexicologia do


Português. Coimbra: Almedina, 1994.

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