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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO


DISCIPLINA: CULTURA E MUDANÇA NAS ORGANIZAÇÕES
PROFESSOR: FERNANDO GOMES DE PAIVA JÚNIOR
MESTRANDA: JOICIANE RODRIGUES DE SOUSA

RESENHA CRÍTICA: O TRABALHO DE REPRESENTAÇÃO

RECIFE-PE
2023
Resenha por Joiciane Rodrigues de Sousa

Esta resenha foi feita a partir do capítulo "o trabalho de representação", do livro
"representação: representação cultural e cultura práticas significantes", de Stuart HALL, no
qual discorrem sobre representação das coisas, a linguagem, códigos e signos, teorias de
representação; o legado de Saussure's, destacando a parte social da linguagem, crítica ao
modelo; língua, cultura da linguística e semiótica; discurso, poder e sujeito segundo Foucault
e sua relação com a linguagem; e por fim o papel do sujeito como objeto de representação.
A representação conecta o significado e a linguagem à cultura, no qual usa a
linguagem para dizer algo significativo ou representar o mundo de maneira significativa para
outras pessoas. Para isso, utilizam-se signos, códigos e imagens. Teorias são utilizadas para
explorar essa conexão, como a reflexiva em que a linguagem simplesmente reflete um
significado que já existe, a intencional em que a linguagem expressa apenas o que o falante
quer dizer e a construtivista em que o significado é construído na e através da linguagem.
Existem dois sistemas de representação, um pelo qual todos os tipos de objetos,
pessoas e eventos são correlacionados com um conjunto de conceitos ou representações
mentais que carregamos em nossas cabeças, em que depende de imagens formadas em nosso
pensamento. E o outro é a linguagem, uma vez que nosso mapa conceitual compartilhado
deve ser traduzido para uma linguagem comum, para que possamos correlacionar nossos
conceitos e ideias com certos textos escritos, sons falados ou imagens visuais.
Cada um de nós provavelmente entende e interpreta o mundo de uma maneira única e
individual, contudo, somos capazes de nos comunicar porque compartilhamos amplamente os
mesmos mapas conceituais e, assim, entendemos ou interpretamos o mundo de maneiras
aproximadamente semelhantes. Isso é realmente o que significa quando dizemos que
pertencemos à mesma cultura, isto é, somos capazes de construir uma cultura compartilhada.
O significado é construído pelo sistema de representação, estabelecendo a correlação
entre nosso sistema conceitual e nosso sistema linguístico de tal forma que, toda vez que
pensamos em uma árvore, o código nos diz para usar a palavra inglesa TREE, ou a palavra
francesa ARBRE. Todavia não é nada claro que as árvores reais saibam que são árvores, e
menos ainda que palavra a representa. Assim, essas palavras poderiam ser trocadas por outras
desde que as pessoas que fossem utilizá-las entendessem o que as mesmas significam.
Outro exemplo são os semáforos, uma máquina que produz luzes de cores diferentes
em sequência. O efeito da luz de diferentes comprimentos de onda sobre o olho produz a
sensação de cores diferentes. Isso existe no mundo material, entretanto, é a nossa cultura que
divide o espectro da luz em cores diferentes, distinguindo umas das outras e atribuindo-lhes
significado, vermelho, verde, amarelo, azul. Desde que o código diga claramente como ler ou
interpretar cada cor, e todos concordem em interpretá-las dessa maneira, qualquer cor serve.
Conforme Saussure's a produção de sentido depende da linguagem, um sistema de
signos que servem para expressar ou comunicar ideias em um sistema de convenções. O signo
se relaciona com a ideia ou conceito que temos em nossa cabeça a partir do qual permite a
associação. Assim, definimos a existência de dois elementos, o significante e o significado.
Esses elementos possuem particularidades para cada sociedade e momentos históricos
específicos. Dessa forma, regras e códigos gerais do sistema linguístico são criados, em que
todos os seus usuários devem conhecer, se quiserem ser usados como meio de comunicação.
Trazendo o texto empírico, que trata sobre os comentários hostis e ofensivos de
diferentes internautas às formas de representação da encenação da crucificação de Cristo pela
modelo Viviany Beleboni na Parada Gay de São Paulo, em junho de 2015. Destaca-se que a
mesma utilizou-se de um signo pertencente ao cristianismo em sua manifestação, que talvez
não seja interessante diante do fato da representatividade que esse signo tem para os
seguidores de Cristo, mas o que vem em cena é a forma como a sociedade utilizou do caso
para explanar seus preconceitos através de discursos pesados na internet. Nesse sentido, ver-
se uma visão estereotipada daqueles que são vistos como os “outros” e errados da história.
Portanto, a representação trata-se de um dos processos-chave no circuito cultural, dado
que é fundamental compreender os significados que são produzidos dentro da história e da
cultura, contribuindo assim para a construção da identidade dos indivíduos. Essa discussão
contribui para entendermos como funciona o processo de troca na sociedade, e isso afeta
diretamente na definição de estratégia de produção e consumo mercantilista, além de fazer
parte da vida cotidiana das pessoas, nas suas relações nos diversos ambientes que faz parte.

REFERÊNCIAS

HALL, S. The work of representation. In: HALL, Stuart (org.) Representation: Cultural
representation and cultural signifying practices. London/Thousand Oaks/New Delhi:
Sage/Open University, 1997.

ROCHA, D. C. A. Identidade, representações e performatividade: palavras, ações e


crucificação na Parada Gay em São Paulo. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v.
19, p. 849-870, 2019.

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