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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO


DISCIPLINA: CULTURA E MUDANÇA NAS ORGANIZAÇÕES
PROFESSOR: FERNANDO GOMES DE PAIVA JÚNIOR
MESTRANDA: JOICIANE RODRIGUES DE SOUSA

RESENHA CRÍTICA: A MÍDIA E OS ESTUDOS CULTURAIS

RECIFE-PE
2023
Resenha por Joiciane Rodrigues de Sousa

Esta resenha foi feita a partir do capítulo "guerras entre teorias e estudos culturais", do
livro "a cultura da mídia - estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-
moderno", de Douglas Kellner, no qual discorre acerca da cultura na mídia e as teorias que a
embasa, destacando a modernidade e pós-modernidade, em que apresenta guerras na
construção da cultura entre liberais, conservadores e radicais, que perpetuou até os dias atuais.
Destacou a mudança no padrão de vida cotidiano, ocorrido com o surgimento da
tecnologia na década de 1990, em que ofereceu novas formas de acesso à informação e
comunicação. E ao mesmo tempo, propiciou novas formas de vigilância e controle por meio
de técnicas de doutrinação e manipulação mais eficientes e implícitas. No contexto da
indústria cultural, ocorreu o advento da televisão no pós-guerra, que acelerou a disseminação
e aumento de poder da cultura veiculada pela mídia. Essa veiculação se deu essencialmente de
maneira comercial e visando o lucro, produzindo coisas populares que atraíssem audiência.
Logo, teve-se um embate das convenções de crítica social ou que expressasse ideias
originárias de movimentos sociais progressistas. Desse modo, a cultura da mídia promovia os
interesses da classe dominante, desencadeando em posições conflitantes com quem resistisse
às ideologias apresentadas. O modo de vida veiculado tornou-se uma força de dominação, no
qual as imagens e celebridades substituíram outros espaços como a escola, igreja e a família.
Diante das mudanças culturais, os conservadores dos Estados Unidos se opuseram aos
liberais. Seria possível controlar as tendências críticas já disseminadas? Provavelmente não,
mas pelo menos tentar silenciá-las, uma vez que as mídias eram dominadas por vozes
conservadoras. A destacar, os filmes de Hollywood atacavam as mulheres e o feminismo, ao
mesmo tempo em que mostrava o poder masculino e o machismo irrestrito, além da paranoia
da branquitude. O preconceito estrutural é resquício da história dos meios de comunicação.
Com isso, surgem as guerras de teorias. Na década de 1960 a teoria pós-estruturalista
rejeitou as teorias do estruturalismo, da semiótica, da psicanálise e do marxismo. Isso se deu
em decorrência da proliferação de novas teorias da linguagem, do sujeito, da política e da
cultura. Um fato a ser observado é que, o surgimento de uma gama vasta de teorias feministas
levou muitas vezes a guerras entre si, assim como ocorria contra os discursos masculinos.
Nesse sentido, a divisão em subgrupos favorece a lógica capitalista, em virtude do seu
enfraquecimento. Além disso, outros grupos marginalizados começaram a se expressar, como
o dos negros, indígenas, hispânicos, asiáticos e dos homossexuais femininos e masculinos.
Nessa circunstância, os novos discursos teóricos se alinharam ao multiculturalismo,
das diferenças sociais. Cada nova teoria foi proclamada por seus defensores como uma
superteoria, em que consideravam chave para a cultura, sociedade e indivíduo. Entretanto,
mesmo com a importância enfatizada em atender aos grupos marginalizados, minoritários e
contestadores, antes excluídos do diálogo, provocaram-se outros conflitos, dado que os
conservadores reafirmaram o monoculturalismo, desencadeando em embates sem cessação.
A metateoria, teoria que explica as teorias, delineia que as mesmas possuem
componentes literários, contam histórias, utilizam à retórica e os símbolos, e ajudam a
explicar a nossa vida. Dessa forma, a teoria crítica da sociedade contém mapeamentos da
maneira como a sociedade se organiza como um todo, expressando suas estruturas,
instituições, práticas e discursos fundamentais, e o modo como se combinam formando um
sistema social. Portanto, percebe-se a relevância dessa teoria para a sociedade, pois conceitua
as teorias de dominação e resistência, colocando em ênfase as que beneficiam os excluídos.
Tradições de estudos culturais combinam teoria social, análise cultural, história e
intervenções políticas, superando a divisão acadêmica convencional do estudo da mídia, da
cultura e das comunicações. A abordagem interdisciplinar leva a tratar sobre classe, sexo,
raça, sexualidade, etnia e outras características que distinguem os indivíduos e por meio do
qual as pessoas constroem a sua identidade, incorpora o feminismo e as teorias multiculturais.
O capítulo resenhado apresenta a influência da escola de Frankfurt, que inaugurou o
estudo crítico da comunicação na década de 1930, através dos efeitos sociais e ideológicos da
cultura e das comunicações de massa, que buscavam a dominação. Também os estudos
culturais britânicos e seu legado, que surgiram em 1960 como um projeto de abordagem da
cultura através da ótica crítica e multidisciplinar, instituída na Inglaterra pelo Birmingham
Centre for Contemporary Cultural Studies, explicitando como as formas culturais serviam
para aumentar a dominação social, ou possibilitar a resistência e a luta contra a dominação.
E por fim, traz uma discussão acerca dos estudos culturais pós-modernos, no qual
consiste em relacionar as estruturas culturais ao projeto de promoção de mudanças sociais e
culturas radicais, a fim de favorecer novos modelos de solidariedade, lutas e movimentos de
disseminação da causa de transformação social progressista. Surgiu em virtude da necessidade
de teorizar assuntos, ou reformular o que foi mal teorizado. Isso pode acontecer porque novos
fenômenos estão surgindo, e que não podem ser categorizados e entendidos adequadamente.
Esta resenha é importante para os leitores, pois mostra uma multiplicidade de
paradigmas em competição, com ênfase nos estudos culturais críticos. Cada teoria pode ser
utilizada para determinada finalidade. Não existe uma teoria mais certa que a outra, o que se
pode afirmar é que atendem a interesses distintos, por isso as guerras entre os defensores de
ambas. Nenhuma teoria consegue tratar ao mesmo tempo de todas as facetas da vida social, a
escolha depende do que se almeja cumprir. Os estudos culturais precisam ser estudados a
partir desses enfoques teóricos, visto a sua complexidade.

REFERÊNCIA
KELLNER, D. A cultura da mídia - estudos culturais: identidade e política entre o moderno
e o pós-moderno. Bauru, SP: EDUSC, 2001.

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