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aproximações epistemológicas
Introdução
Cabe aqui ressaltar que esta pesquisa não se esgota neste texto, visto que ela faz
parte de algo maior que é a dissertação do Mestrado acadêmico do programa de pós-
graduação da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). Pesquisa essa que envolve as produções que circulam nos espaços públicos,
como a internet, sobre as produções dos 200 anos de Brasil independente.
Carlos Borges Junior (2016) considera que esses autores que estabeleceram a
base dos Estudos Culturais, proporcionam uma releitura da história cultural e dos
conceitos de cultura na sociedade inglesa da época. Quando tais autores eram
questionados acerca de uma definição para a nova área de pesquisa, tentaram não
propagar conceitos rígidos e absolutos, tampouco definitivos e/ou prescritivos sobre o
novo campo de estudos que surgia.
Neste aspecto, Liv Sovik (2003), na apresentação do livro Da Diáspora, de
Stuart Hall Stuart , afirma que Hall foi quem assumiu os estudos culturais como projeto
institucional na Open University, e deu o nome de estudos culturais a uma forma de
pensar sobre cultura e portanto, segundo o autor, entende-se os estudos culturais como
projeto que implica o envolvimento com — e a constituição teórica de — forças de
mudança econômica e social.
Ainda segundo Liv Sovik (2003), existem duas maneiras diferentes de
conceituar a cultura partindo do pensamento de Raymond Williams. Primeira, a cultura
como a soma das descrições disponíveis pelas quais a sociedade dão sentido e refletem
às suas experiências comuns e a segunda maneira enfatiza a cultura no que se refere as
práticas sociais, ou seja, a cultura não é uma prática, muito menos a soma descritiva dos
costumes populares das sociedades, mas sim a cultura perpassa todas as práticas sociais
e constituem um inter-relacionamento entre as mesmas,
Liv Sovik (2003) nos diz que os estudos culturais abarcam discursos múltiplos,
assim como numerosas histórias distintas e compreendem um conjunto de formações,
com suas diferentes conjunturas e momentos no passado. Porém, apesar dos estudos
culturais se caracterizar pela abertura, ele não pode se reduzir a um pluralismo
simplista. Na verdade ele se inscreve no aspecto “político” e trata-se de
posicionamentos.
Neste sentido, Escosteguy (1998) afirma que os estudos culturais devem ser
vistos tanto sob o ponto de vista político, na tentativa de constituição de um projeto
político (como sinônimo de correção política, podendo ser identificados como a política
cultural dos vários movimentos sociais da época de seu surgimento), quanto sob ponto
de vista teórico, ou seja, com a intenção de construir um novo campo de estudos, visto
que refletem a insatisfação com os limites de algumas disciplinas, propondo, então, a
interdisciplinaridade. É um campo de estudos onde diversas disciplinas se intersecionam
no estudo de aspectos culturais da sociedade contemporânea. Fredric Jameson (1994),
vai nos dizer que os estudos culturais:
Esses autores citados acima, ainda discutem que a cultura se ergue no centro de
uma tensão entre mecanismos de dominação e resistência. Desse modo, entendemos a
importância dada à noção de ideologia na construção dos estudos culturais. A apreensão
dos conteúdos ideológicos de uma cultura consiste em captar, num determinado
contexto, o que há nos sistemas de valores, nas representações que eles acarretam o que
funciona como impulso para os processos de resistência ou aceitação do social mundo
tal como ele existe.
É neste viés que, o interesse pela dialética entre resistência e dominação ganha
importância no âmbito estudos culturais, ressaltando o estudo das mídias sociais.
Através das problemáticas dos desafios ligados à ideologia e aos vetores de um trabalho
hegemónico que os meios de comunicação social, especialmente os audiovisuais, aos
quais até então se tinha dedicado um interesse acessório, conseguem ocupar
gradualmente um lugar de destaque nos estudos culturais. Para Mattelart e Neveu sobre
as mídias sociais eles dizem que:
Nesse aspecto, novas questões e novos temas de pesquisa vão surgindo como
uma nova prática intelectual dos estudos culturais como: o feminismo, a questão do
gênero, questões, relativas à identidade, a raça e a etnia, novos parâmetros de geração de
classes. Neste sentido, as pesquisas dos estudos culturais alcançaram um grau elevado
de reconhecimento científico na comunidade científica mundial, o que chamou-se de
internacionalização dos estudos culturais no final de 1970 e início de 1980. Neste
sentido, Junior (2016) nos diz que:
Nessa perspectiva, outros objetos de estudo começam a ter destaque nos estudos
de cultura como a teoria da comunicação, teorias da identidade cultural, estudos de
mídia, entre outros que advieram do processo de globalização e do capitalismo. Alguns
desses conceitos serão discutidos no tópicos abaixo.
2. Estudos culturais e identidade
Dando continuidade, Tomaz Tadeu da Silva (2012) vai nos dizer que, os
processos de hibridização se dão entre identidades situadas assimetricamente em relação
ao poder e nascem de relações conflituosas entre diferentes grupos sociais que estão
ligados a histórias de ocupação, colonização e destruição que introduz uma diferença
que constitui a possibilidade de seu questionamento. Sobre esse assunto, Hall (2012)
afirma que precisamos veicular as discussões dobre identidade aos processos e práticas
que têm perturbado o caráter estabelecido de muitas populações e culturas, nos quais
estão alinhadas aos processos de globalização e com a modernidade.
Hall (2012), ainda sobre os aspectos de identidade, diz que elas estão sujeitas a
uma historização rígida, que reside em um passado histórico com os quais ela continua a
manter certa correspondência. Na verdade, a identidade têm a ver com a questão da
utilização dos recursos da história, linguagem, cultura e que elas emergem no interior do
jogo de modalidades específicas de poder e são, portanto, um produto de marcação da
diferença e da exclusão.
Ainda segundo o autor citado acima, nas teorias dos estudos culturais a
sociedade, não é compreendida como um todo orgânico, mas sim como uma rede
complexa de grupos, no qual cada sujeito pode exercer múltiplas e diferentes posições,
cada qual com interesses diferentes e relacionados uns aos outros em negociações com o
poder das classes dominantes. Assim, há as formas de opressão que resultam de relações
de poder sobre minorias étnicas, raciais, geracionais, orientação sexual, religiosas, de
gênero entre outras.
Considerações finais
HALL, Stuat. Quem precisa de identidade? In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org); HALL,
Stuart; WOODWARD, Kathyn. Identidade e diferença: a perspectiva dos Estudos
Culturais. Petrópolis, RJ, Vozes:2012. P. 73-102. Disponível em: https://tonaniblog.
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09/12/2023.
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aos estudos culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995. Pg. 208-242. Disponível
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