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Uberlândia
2019
ME DO DICENT
KELLY ALVES CAMILO
Uberlândia
2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 4
2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................ 5
3 OBJETIVOS .................................................................................................................................. 5
3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................. 5
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................. 5
4 HIPÓTESE .................................................................................................................................... 5
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA ......................................................... 6
6 METODOLOGIA......................................................................................................................... 14
7 CRONOGRAMA ......................................................................................................................... 15
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 16
1 INTRODUÇÃO
O ato de ouvir e contar histórias são hábitos desenvolvidos pelo homem ao longo
de sua existência. Os contos de fadas surgiram a partir da oralidade entre as camadas
populares, sendo uma miscelânea de mitos, lendas e acontecimentos históricos.
Portanto, essas narrativas possuem origem na tradição oral que se transformaram em
contos populares ao longo do tempo e posteriormente foram escritas pelo francês
Charles Perrault, pelos alemães Jacob e Wilhelm Grimm e pelo dinamarquês Hans
Christian Andersen como resultado de um trabalho de pesquisa da tradição oral
pertencente ao folclore, cada um com suas especificidades.
Palavras como reis, rainhas, príncipes, princesas, bruxas, porções mágicas
aparecem recorrente nos contos. Mas embora os contos clássicos tenham recebido outra
roupagem ao longo do tempo, os personagens permanecem praticamente inalterados.
Reis, 2014 nos diz que:
Gotlib ( 2004) corrobora com essa ideia e afirma que o conto se caracteriza com
o seu movimento enquanto uma narrativa através dos tempos. Na verdade, o que houve
na sua ―história‖ foi uma mudança de técnica, não uma mudança de estrutura: o conto
permanece, pois, com a mesma estrutura do conto antigo; o que muda é a sua técnica.
Mas muitos são os estudos a respeito das transformações que acontecem nos
contos de fadas, sejam eles por contextos socioculturais ou por adaptações motivadas
pela indústria cultural que, na maioria das vezes, visa a um fim econômico,
desvinculado do papel original de transmissor de valores dos contos de fada. As
adaptações realizadas pela indústria cultural são intenções sociais, políticas, culturais,
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2 JUSTIFICATIVA
O interesse em estudar contos de fadas foi engendrado com base nas atividades
profissionais que desenvolvo como professora de educação infantil. Desse modo
sabemos que ainda existe uma força e a nítida presença dessas histórias que
sobreviveram através dos tempos e ainda continua reverberando nos dias de hoje.
Portanto faz-se necessário analisar contos de fadas em uma perspectiva cultural,
considerando-os como parte daquilo que a humanidade constitui e também como uma
herança cultural.
3 OBJETIVOS
Discutir a questão dos aspectos históricos sociais dos contos de fadas, bem
como suas transformações, variações tendo como base os Estudos Culturais.
4 HIPÓTESE
O conto de fadas surge na Europa, durante a Idade Media, e tem por fonte a tradição
oral, provavelmente as narrativas primordiais que ficaram registradas na memória
dos povos e foram transmitidas através dos tempos. Muitos contos revelam a
afinidade com os ritos iniciáticos dos povos primitivos, em que o iniciado, para
alcançar outra etapa da vida, submete-se a inúmeras provas cuja superação
comprova o seu amadurecimento (REIS, 2014, pg.26).
O ato de contar histórias está alicerçado na relação tempo e espaço, bem como
na relação com o outro, pois são passadas de pessoa para pessoa, construindo assim a
figura do narrador. Bettelheim (2004) nos diz que as os mitos, as estórias de fada só
atingem uma forma definitiva quando estão redigidos, pois assim não estariam mais
sujeitos a mudança contínua, como acontece na tradição oral. Antes de serem redigidas,
as estórias ou eram condenadas ou amplamente elaboradas na transmissão através dos
séculos; algumas estórias misturavam-se com outras. Todas foram modificadas pelo que
o contador pensava ser de maior interesse para os ouvintes, pelo que eram suas
preocupações do momento ou os problemas especiais de sua época.
Nesse contexto, Carter (2005) também reforça sobre a origem das histórias:
O mais provável é que a história tenha sido composta mais ou menos da
forma como a temos agora, a partir de todo tipo de fragmento de outras
histórias, há muito tempo e em algum lugar remoto — e foi remendada,
sofreu pequenos acréscimos e supressões, mesclou-se com outras, quando
então nossa informante lhe deu sua forma pessoal, para adequá-la a um
público ouvinte de, digamos, crianças, bêbados num casamento, velhas
debochadas ou pessoas presentes num velório — ou simplesmente para o seu
próprio prazer (CARTER, 2005).
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analisar as versões camponesas de Mamãe Ganso, o autor nos mostra que há elementos
do realismo e os contos ajudava a orientar os camponeses, pois mapeavam os caminhos
do mundo.
Os contos de fadas passaram a ser reescritos a fim de atender à nova concepção
de infância que se criava na sociedade, uma vez que a ideia que temos de infância hoje
surgiu somente no século XVIII. Darnton (1986) mostra bem essa concepção dizendo
que:
Assim as crianças se tornavam observadoras participantes das atividades
sexuais de seus pais. Ninguém pensava nelas como criaturas inocentes, nem
na própria infância como usam fase diferente da vida, claramente distinta da
adolescência, juventude e da fase adulta por estilos especiais de vestir e de se
comportar (DARNTON, 1986, pg. 47).
Nesse contexto a autora Simone de Campos Reis, 2014 afirma que a noção de
família nuclear surge com a ascensão da burguesia no século XVIII e passa a valorizar a
infância enquanto etapa que merece a atenção dos educadores por ser uma fase
existencial propicia à aquisição de hábitos e formação moral do futuro adulto.
Nessa perspectiva Clarice Cohn (2005) em sua obra ―Antropologia da Criança‖,
nos mostra o estudo histórico de Philippe Ariês, que considera a ideia de infância uma
construção social e histórica do Ocidente. A ideia de criança não existe desde sempre, e
o que hoje entendemos por infância foi sendo elaborado ao longo do tempo na Europa,
simultaneamente com mudanças na composição familiar, nas noções de maternidade e
paternidade, no cotidiano e na vida das crianças, inclusive por sua institucionalização
pela educação escolar.
Três autores são considerados referências quando falamos de contos de fadas:
Perrault (Século XVII), os dos Irmãos Grimm e os criados por Andersen (Século XIX).
O escritor francês Charles Perrault reescreveu vários dos contos de fadas
populares, com destaque para o seu livro Contos da mãe Gansa (1697), acrescentando
uma moral ao final, atribuindo a eles um valor pedagógico. Os contos de fadas passaram
a ter, então, um direcionamento maior para as crianças. Os ―Contos da Mãe Gansa‖,
tinham a intenção de ajudar na formação moral das meninas, em especial. (REIS,
2014).Tomemos como exemplo a moral da história de ―Chapeuzinho Vermelho‖ de
Perrault,2015:
Aqui se vê que os inocentes,
Sobretudo se são mocinhas
Bonitas, atraentes, meiguinhas,
Fazem mal em ouvir todo tipo de gente.
E não é coisa tão estranha
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Para a Darnton (1986) a moral dessa história para menina é clara: afastem-se dos
lobos. No entanto, ao fazer alguns retoques nos contos originais, Perrault suprimiu
questões referentes à violência e sexualidade, fazendo com que as histórias sejam
aceitas de ante da população erudita. Tomemos como exemplo o conto Chapeuzinho
Vermelho, em que a versão recolhida por Perrault, difere da versão conhecida por nós
(FALCONI, FARAGO, 2015).
A versão verdadeira da história Chapeuzinho Vermelho termina sem caçador,
sem resgate da vovó que acaba ficando dentro da barriga do lobo, sem final feliz: ―E,
dizendo essas palavras, o lobo mau se atirou sobre Chapeuzinho Vermelho e a comeu‖.
Na verdade as histórias foram reformuladas para seu público, como no caso os nobres:
Nessa perspectiva, podemos dizer que a literatura para crianças e jovens teve
início na cultura europeia, e foi disseminado apelo francês Charles Perrault,
ao reunir em um livro as histórias narradas pela camada populares francesas
do Ancien Régime. Ao coletar histórias tradicionais, Perrault iniciou um
trabalho de resgatar histórias contadas de boca a boca. Sendo assim, o
contista não criou a narrativa de seus sonhos, mas sim adaptou para que estas
se adequassem a corte francesa do rei Luís XIV. (FALCONI, FARAGO,
2015).
Perrault. O intuito deles era mostrar a evolução da linguagem através dos diferentes
contos. (REIS, 2014)
Os irmãos publicaram os Contos de fadas para crianças e adultos (1812-1822)
ao qual podemos destacar os contos que foram traduzidos para o português: A Bela
Adormecida, Os Músicos de Bremen, Os Sete Anões e a Branca de Neve, Chapeuzinho
Vermelho, A Gata Borralheira, O Corvo, As Aventuras do Irmão Folgazão, A Dama e o
Leão.
Ainda no século XIX, na Dinamarca, Hans Christian Andersen escreveu mais de
200 contos infantis, parte de fontes da cultura popular; parte de sua imaginação. Desse
modo, Andersen insere elementos maravilhosos e o sentimento romântico do século
XIX, fazendo um misto de pensamentos mágicos, presente na memória popular.
Segundo Falconi e Farago, 2015:
Andersen difere de Perrault e dos Irmãos Grimm, pelo fato de não se limitar
em recolher e recontar histórias tradicionais, pois além de colher contos,
criou diversas histórias novas, seguindo o modelo das histórias tradicionais e
conservando sua principal característica: uma visão poética e melancolia.
Assim, seu livro, além de serem contos compilados nos países nórdicos,
também trazia histórias como, O Patinho feio, A Roupa Nova do Imperador,
O Soldadinho de Chumbo, entre outras (FALCONI, FARAGO, 2015).
Dessa forma, percebemos que houve inúmeras adaptações dos mais conhecidos
contos de fadas. Na contemporaneidade, essas reformulações foram feitas
principalmente pelo cinema e pela companhia The Walt Disney. Esses contos,
resgatados pela revolução tecnológica, muitas vezes recebem outra roupagem como, por
exemplo, Branca de Neve e o caçador (2012), Frozen (2013), Malévola (2014), A Bela e
a Fera (2017).
O autor Bruno Bettelheim, 2004, em sua obra ―A psicanálise dos contos de
fadas‖ afirma que:
A maioria das crianças agora conhece os contos de fadas só em versões
amesquinhadas e simplificadas, que amortecem os significados e roubam-nas
de todo o significado mais profundo - versões como as dos filmes e
espetáculos de TV, onde os contos de fadas são transformados em diversão
vazia (BETTELHEIM, 2004, pg.23).
mas são mulheres reais e fantásticas, que marcaram as artes e a história da América
Latina. São contadas nessa coleção histórias de antiprincesas como Fridda Kallo,
pintora mexicana, Violeta Parra, uma autodidata Chilena, Clarice Lispector, uma
antiescritora popular do Brasil que quebrou as regras literárias e abandonou uma vida de
princesa para voltar à sua terra, entre outras. Essa coleção também se aventurou em
contar histórias sobre Anti-heróis.
Essas histórias de antiprincesas e anti-heróis contrapõem-se as histórias contadas
nas versões produzidas pela Disney, segundo Silva (2016) os personagens das
produções cinematográficas são:
6 METODOLOGIA
Sabe-se que os contos de fadas surgiram da tradição oral e eram contadas por
pessoas do povo com o objetivo de distração e entretenimento. Depois foram transcritas
espalhando e permanecendo viva até os dias atuais. Os contos de fadas não tem somente
a função de divertir e encantar, mas representam as características da sociedade. Por
este motivo, será realizada a pesquisa bibliográfica sobre os contos de fadas desde a sua
origem até as transformações contemporâneas.
Portanto, o presente trabalho se concretizará mediante pesquisas descritivas e
explicativas, limitando-se a pesquisas bibliográficas, mostrando o que é um conto de
fadas, suas origens e transformações. Gil (2008, p. 28) nos explica o que é pesquisa
exploratória:
Com relação à pesquisa descritiva Manzato e Santos (2012) nos diz que ela
observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-
los. Procura também descobrir, com precisão possível, a frequência com que um
fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características.
Segundo os autores citado acima, a pesquisa descritiva pode ser realizada por
meio dos estudos descritivos na qual se trata do estudo e da descrição das
características. Incluem nesta modalidade os estudos que visam identificar as
representações sociais e o perfil de indivíduos e grupos, como também os estudos que
visam identificar estruturas, formas, funções e conteúdos.
O tipo de pesquisa a ser utilizada no desenvolvimento deste trabalho será a
qualitativa. A pesquisa será realizada com levantamentos bibliográficos, nas quais serão
consultados livros e artigos científicos, de pesquisadores e estudiosos relacionados ao
tema, tomando como referência à origem dos contos de fadas e suas transformações.
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7 CRONOGRAMA
2019
Atividades Julho Agosto Setembro Outubro Novembro
Levantamento
bibliográfico
Elaboração do TCC
Revisão do TCC
Defesa do TCC
Fonte: Elaboração própria
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REFERÊNCIAS
BRAGA, Mônica Mitchell de Morais. Saga da Pequena Sereia :Os Estudos Culturais
―No maravilhoso mundo da Disney‖. Revista Humanidades em Foco, ano 2, nº 4, out-
dez, 2004, ISSN 1807-9032. Disponível em: <http://terra.cefetgo.br /cienciashumanas
/humanidades_foco/anteriores/humanidades_4/textos/cultura_arte_pequena_sereia.doc>
Acesso em 23 jun. 2019.
BETTELHEIN, Bruno. A psicanálise dos Contos de fadas.16ª ed. Ed. Paz e Terra,
2002.Disponível em : <https://rl.art.br/arquivos/4189691.pdf>.Acesso em :28jun.2019.
COHN, Clarise. Antropologia da criança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. p.
01-57
GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do Conto. 10. ed. São Paulo: Ática, 2004.
MARTINS, Maria Angélica Seabra Rodrigues; REIS, Gláucia Mariana .Os contos de
fada e sua contextualização: os clássicos e a indústria cultural. Cadernos do
Aplicação- Porto Alegre, jan.-dez. 2014/2015 | v. 27/28 | p. 139-149.Disponível em :<
https://seer.ufrgs. br/CadernosdoAplicacao/article/view/43945/38175>.Acesso em : 20
jun. 2019.
REIS, Simone de Campos. O que são contos de fadas? Recife: Editora UFPE, 2014.
144 p.
SILVA, Luiza Bernadete Faria da. Heroínas e vilãs nos contos de fada: metamorfoses
literárias e cinematográficas.In: XV Encontro ABRALIC,2016, UERJ-Rio de Janeiro.
Anais. Disponível em: < http://www.abralic.org.br/anais/arquivos /2016_ 14914 38608
.pdf. >. Acesso em 25 jun. 2019.