Você está na página 1de 127

Universidade Federal da Paraíba – UFPB

Centro de Tecnologia
Departamento De Tecnologia Da Construção Civil
Curso de Graduação em Engenharia Civil
Apostila Acadêmica

Sistemas de Abastecimento urbano

Professora: Carmem Lúcia


João pessoa, 2005.
2. Noções Gerais de Saneamento

2.1. Introdução

2.1.1. Conceitos fundamentais


a) Saúde® É o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a
ausência de doenças e infecções (OMS).

b) Saúde pública® É a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar a


saúde, através de medidas de alcance coletivo e de motivação da
população. A saúde pública cumpre principalmente as funções de educar e
prevenir. A saúde pública tem como principais colaboradores a medicina
preventiva e social e o saneamento.

c) Saneamento do meio® Estuda as relações do homem com o meio físico. É


definido como sendo o controle de todos os fatores que podem exercer efeitos
nocivos sobre seu bem-estar físico, mental ou social (OMS).
As atividades do saneamento envolvem, principalmente :
 abastecimento de água;
 sistema de esgotos (domésticos, industriais e águas pluviais);
 acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e ou destino final dos
resíduos sólidos (lixo);
 saneamento dos alimentos;
 controle da poluição ambiental (água, ar, solo, acústica e visual);
 controle de artrópodes e de roedores de importância em saúde pública;
 saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educação e de
recreação e dos hospitais;
 saneamento e planejamento territorial;
 saneamento dos meios de transporte;
 saneamento em situação de emergência;
 aspectos diversos de interesse no saneamento do meio (cemitérios,
aeroportos, ventilação, iluminação, insolação, etc. ).

d) Sistema público de abastecimento de água® É o conjunto de estruturas,


equipamentos, canalizações, órgãos principais e acessórios, peças especiais
destinadas ao fornecimento de água segura e de boa qualidade para os prédios e
pontos de consumo público, para fins sanitários, higiênicos e de conforto da
população.
O sistema de abastecimento compreende basicamente: manancial (captação),
adução, estação elevatória, tratamento, reservação e distribuição.

2.1.2. A água na transmissão de doenças

a) Usos da água e saúde® dos muitos usos que a água pode ter, alguns
estão intimamente relacionados com a saúde humana:

a.1) Água utilizada como bebida ou na preparação de alimentos. Neste caso há


contato direto entre a água e o organismo humano.
a.2) Água utilizada no asseio corporal ou a que, por razões profissionais ou outras
quaisquer, venha a ter contato direto com a pele ou mucosas do corpo humano (ex.:
trabalhadores agrícolas, lavadeiras, atividades recreativas). Neste caso também há
contato direto entre a água e o organismo humano.
a.3) Água empregada em manutenção da higiene do ambiente e, em especial, dos
locais e instalações e usados no manuseio, preparo e ingestão dos alimentos
(domicílios, restaurantes, bares, etc.). Há contato principalmente indireto.

a.4) Água utilizada na rega de hortaliças ou nos criadouros de moluscos (ostras,


mariscos, etc.). O contato com a água é principalmente indireto.

A nocividade da água pode resultar da sua má qualidade. A quantidade insuficiente


de água também pode causar problemas. Segundo a OMS, aproximadamente ¼ dos
leitos existentes em todos os hospitais do mundo estão ocupados por enfermos,
cujas doenças são ocasionadas pela água.
Em a.1) e a.4) ® influi a qualidade da água e em a.2) e a.3) além da qualidade é
muito importante a quantidade.

b) Água como veículo de doenças® Os sistemas de abastecimento de água


de uma comunidade desde a captação, adução, tratamento, reservação e
distribuição, bem como dos domicílios e edifícios em geral deve ser bem
projetado, construído, operado, mantido e conservado, para que a água
não se torne veículo de transmissão de diversas doenças. Essas doenças
podem ser classificadas em dois grupos:

b.1) Doenças de transmissão hídrica® a água atua como veículo propriamente dito,
do agente infeccioso (como por exemplo no caso de febre tifóide, da disenteria
bacilar, etc.)

b.2) Doenças de origem hídrica® a água pode conter certas substâncias


(denominadas contaminantes tóxicos), que em teor inadequado dão origem a
doenças como fluorose (excesso de flúor), metemoglobinemia ou cianose (excesso
de nitrato), bócio (carência de iodo) e saturnismo (excesso de chumbo).

0* Doenças de transmissão hídrica® os microorganismos patogênicos


responsáveis por essas doenças atingem a água com as fezes de pessoas ou
animais infectados. Essas doenças atingem notadamente o aparelho intestinal . Em
geral, os microrganismos normalmente presentes na água podem: ter seu “habitat”
normal nas águas de superfície; ter sido carreados pelas águas de enxurradas;
provir de esgotos domésticos e outros resíduos orgânicos, que atingiram a água por
diversos meios; ter sido trazidos pelas chuvas na lavagem atmosférica.

Relativamente aos microorganismos patogênicos, as doenças de transmissão


hídrica podem ser ocasionados por :

 bactérias : febre tifóide, febres paratifóides, disenteria bacilar, cólera;


 protozoários : amebíase ou disenteria amebiana;
 vermes (helmintos) e larvas : esquistossomíase;
 vírus : hepatite infecciosa e poliomielite.
 Doenças de origem hídrica® quatro tipos de contaminantes tóxicos podem
ser encontrados nos sistemas públicos de abastecimento de água :

1) Contaminantes naturais de uma água que esteve em contato com formações


minerais venenosas. Os contaminantes de origem mineral incluem: o flúor, o selênio,
o arsênio e o boro. Com exceção do flúor, raramente são encontrados em teores
capazes de ocasionar danos.

2) Contaminantes naturais de uma água ocasionados por colônias de


microorganismos venenosos como certos tipos de algas que dão à água aspecto
repulsivo ao homem, que tem assim uma defesa natural através dos seus sentidos;
não obstante, a mortalidade de gado que ingere esses contaminantes tem sido
verificada.

3) Contaminantes introduzidos pela corrosão de tubulações metálicas podem


ocasionardistúrbios, principalmente em águas moles (dureza baixa) ou que
contenham certo teor de bióxido de carbono (o que pode ocorrer por prática
inadequada no tratamento da água).

4) Contaminantes introduzidos nos cursos d'água por certos despejos industriais.


Dos metais empregos nas tubulações, o único de toxidez comprovada (e cumulativa)
é o chumbo (saturnismo). Cobre, zinco e ferro, mesmo em pequenas quantidades
dão à água gosto metálico característico e são responsáveis por certos distúrbios
em determinadas operações industriais.

1* O tratamento químico da água para coagulação, desinfecção e destruição de


algas ou controle da corrosão pode ser uma fonte potencial de contaminação da
água.

c) Água e doenças® as doenças relacionadas com a água podem ser causadas por:

2* Agentes microbianos® são as doenças que apresentam caráter infeccioso ou


parasitário. A penetração no organismo pode ser por via predominantemente oral
(cólera, febre tifóide, febre paratifóide; hepatite infecciosa, diarréias infantis) e por via
principalmente cutânea - pele ou mucosa (esquistossomose; leptospirose; outras
doenças que se referem aos banhos de praia, piscinas, rios, etc.).

3* Agentes Químicos® a água, através do seu ciclo hidrológico, está em


permanente contato com os constituintes da atmosfera e da crosta terrestre,
dissolvendo muitos elementos e carreando outros em suspensão. O homem
também, por suas múltiplas atividades, nela introduz substâncias das mais diversas
naturezas. Assim, os poluentes químicos podem ser naturais (substâncias minerais e
orgânicas dissolvidas ou em suspensão e gases provenientes da atmosfera) e
podem ser artificiais (resultante das substâncias empregadas no tratamento da água
- sulfato de alumínio, cal, etc.; uso indiscriminado de pesticidas, herbicidas,
carrapaticidas, inseticidas, raticidas, etc.; de despejos industriais; dos esgotos
sanitários; da emissão das chaminés das fábricas; insineradores)

2.1.3. Doenças relacionadas com a falta de saneamento

Reconhece-se que o fator quantidade de água tem tanta ou mais importância


que a qualidade, na prevenção de algumas doenças. A escassez da água
dificultando a limpeza corporal e a do ambiente, permite a disseminação de
enfermidades associadas à falta de higiene. Assim, a incidência de certas doenças
diarréicas, varia inversamente à quantidade de água disponível "per capita" mesmo
que essa água seja de qualidade muito boa. Doenças cutâneas e infecções
provocadas por piolho podem ser evitadas ou atenuadas onde existe conjugação de
bons hábitos higiênicos (saneamento) e quantidade de água suficiente.

As doenças referentes a deficiência de saneamento básico classificadas como :

a) doenças transmitidas pela água;


b) doenças causadas pela falta de água;
c) doenças causadas por agentes que dependem do meio aquático;
d) doenças transmitidas por insetos (vetores que dependem do meio
aquático);
e) doenças causadas por organismos aquáticos ingeridos de forma crua.

 As doenças mais importantes são as transmitidas pela água: Cólera, Febre


tifóíde e Febres paratifóides; Disenteria infecciosa; Leptospirose;
Giardíase; Enterites gastrointestinais.

 As doenças intestinais são causadas pela falta de saneamento, pela água


de má qualidade e pela ausência de condições adequadas para a
disposição de dejetos humanos.

 Sempre que as águas imundas são encaminhadas ao solo, às sarjetas e


aos cursos de água elas podem constituir perigosos focos de disseminação
de moléstias graves.

 A má disposição de lixo, por sua vez, além de provocar a multiplicação de


vetores perigosos, pode causar contaminação de águas superficiais e
subterrâneas (lençóis freáticos).

 A água é também indispensável ao ciclo biológico de muitos vetores animados,


responsáveis por doenças graves. Os mosquitos que transmitem a malária e a
febre amarela, tem a fase larvária, obrigatoriamente em meio aquático. Assim,
doenças como a malária, indiretamente, estão relacionadas com a água; neste
caso, a água não atua como veículo, mas o mosquito transmissor se procria nas
coleções de água, e portanto, ao se estudar a construção de um reservatório de
acumulação destinado ao abastecimento de água, deve-se investigar as
espécies de mosquitos existentes na área de inundação e vizinhanças, bem
como aspectos epidemiológicos relacionados à malária.

 A ingestão de organismos aquáticos (peixes e mariscos) em estado cru,


contaminados por doenças perigosas (cólera) que chegam ao mar e cursos
d'água pela falta de coletores de esgotos e tratamento de efluentes na região
pode contaminar pessoas. Essas pessoas viajando, podem transportar os
agentes causadores dessas doenças em suas fezes e ser o foco de
contaminação de água e alimentos.

2.2. Importância econômica e sanitária dos sistemas de


abastecimento d'água
 A Organização Mundial de Saúde - OMS, estima que pelo menos dez mil
pessoas falecem por dia em conseqüência de acidentes e doenças
causadas por falta de habitação adequada e de serviços essenciais de
água potável e esgotos sanitários. Nos países em desenvolvimento
avaliou-se que aproximadamente 80% dos leitos hospitalares vem sendo
ocupados por pacientes com doenças causadas direta ou indiretamente
pela água de má qualidade e por falta de saneamento.
Assim, a importância sanitária do abastecimento de água é das mais discutidas; a
implantação ou melhoria dos serviços de abastecimento de água traz como
resultado uma rápida e sensível melhoria na saúde (diminuição das moléstias cujos
agentes epidemiológicos são encontrados nas fezes humanas) e nas condições de
vida de uma comunidade principalmente através de :

 controle e prevenção de doenças;


 promoção de hábitos higiênicos da população;
 desenvolvimento de esportes (como a natação);
 melhoria da limpeza pública;
 conforto e segurança coletiva (refrigeração e combate a incêndio).

 Esses benefícios se acentuam muito com a implantação e melhoria dos


sistemas de esgotos sanitários.

 Tem sido constatado também que a implantação de sistemas adequados


de abastecimento de água e de destino de dejetos, a par da diminuição das
doenças transmissíveis pela água, indiretamente ocorre a diminuição da
incidência de uma série de outras doenças, não relacionadas diretamente
aos despejos ou ao abastecimento de água.

 Verificou-se também a existência de uma correlação entre a redução de


mortalidade por febre tifóide e a redução de mortes devido a outras
enfermidades.
Quando se reduz a mortalidade por febre tifóide mediante a distribuição de água de
boa qualidade, provavelmente se reduz, também, por duas a três vezes a
mortalidade devido a outras enfermidades. Como exemplo particular, esse efeito se
observa com a mortalidade infantil.

 A importância econômica do abastecimento de água é também verificada. A


influência direta mais importante da sua implantação reside num aumento de
vida média da população servida; numa diminuição da mortalidade em geral e,
em particular, da infantil; numa redução de número de horas perdidas com
diversas doenças; estes fatos se refletem numa maior eficiência nas atividades
econômicas dos cidadãos (maior número de horas de trabalho), possibilitando,
com isto, o aumento de produção.

 A influência da água, do ponto de vista econômico, faz-se sentir mais


diretamente no desenvolvimento industrial, por constituir, ou matéria-prima
em muitas indústrias, como as de bebida, ou meio de operação, como
água para caldeiras, etc.
 A melhoria de um serviço de abastecimento de água acarreta a diminuição
indireta no custo médio de uma enfermidade, incluindo despesas com
médicos, remédios e descontos de salários.

2.3. Controle de qualidade da água como fator de saúde

 A água possui uma série de impurezas, que vão definir mais características
físicas, químicas e biológicas; a qualidade da água depende dessas
características.
 As características químicas das águas que escoam superficialmente ou
nos lençóis subterrâneos descreve a natureza do terreno ou a qualidade do
subsolo ao longo de seu percurso.
 A água pode, pois, incorporar uma grande variedade de substâncias,
algumas inócuas, como o nitrogênio, oxigênio, etc., outras impurezas
podem ser tóxicas ou prejudiciais à saúde. Dependendo da região até
mesmo a água de poços subterrâneos pode apresentar teores excessivos
de compostos indesejáveis de ferro, flúor e outros elementos.
 É de grande importância que se comparem e selecionem fontes
alternativas para o abastecimento público. É indispensável um
levantamento sanitário da área, além da realização de diversas análises da
água. As impurezas mais nocivas são aquelas que contaminam as águas:
micróbios e substâncias radioativas.

a) A história de uma água

 Através da análise química, compreendendo os teores de nitrogênio em


suas diferentes formas, pode-se observar a história passada pela água
através da presença de compostos do ciclo de nitrogênio. Assim, teores
elevados de amônia indica a presença e a quantidade de matéria orgânica
azotada presente na água; os nitritos revelam matéria orgânica em fase da
atividade bacteriana (oxidação) e os nitratos mostram que a poluição
orgânica já atingiu a sua fase final de estabilização (poluição mais remota).
Outra determinação valiosa é a dos teores de cloreto. O teor de cloretos
pode ser indicativo de poluição por esgotos domésticos (próxima ou
remota). O teor de cloretos varia com diversos fatores, principalmente com
a distância do mar. Para determinado local, um excesso de 2ppm de
cloretos sobre o teor normal na área é um indício de poluição ( a urina
causa excesso de cloretos).

 O controle de qualidade da água deve ser feito:

 procurando-se impedir a contaminação de mananciais de água;


 tratando-se convenientemente a água; controlando-se a qualidade da água
em reservatórios de distribuição da rede;
 dando-se instruções de higiene ao usuário para não deteriorar a água
fornecida, ou seja, evitando a contaminação da água em instalações e em
reservatórios domiciliares e prediais.

b) Alteração da qualidade da água


Analisemos o ciclo de uso da água para entender como ela tem sua qualidade
alterada.

CICLO DO USO DA ÁGUA

nuvens 1
poeiras, gases

evaporação
terreno, solo 2

infiltração no solo
a água ao escoar pelo terreno
carrega partes do solo e de detritos
lençol minas ou lençol lençol freático
subterrâneo nascentes (raso) oceano (mar)
freático

retirada com rios e evaporação tratamentos especiais


bombeamento irrigação para potabilização
bomba ou manual lagos

manancial sem manacial com manancial com


poluição poluição média muita poluição

eventual tratamento tratamentos


cloração convencional especiais
cloração
cloração
sistema de
distr. potável

fins tratamento sistema


industriais especial de esgotos retorno de esgoto tratado

rio

1) A água da chuva proveniente da água evaporada das grandes massas


líquidas, é uma água destilada que se aproxima da “água pura”. Ao
atravessar a atmosfera dissolve gases (O 2; N2;C O2) e poeiras em
suspensão. Nesta fase é menos freqüente a existência de
microorganismos patogênicos.

2) A água da chuva chega ao solo:


Dependendo da geologia (terrenos mais ou menos permeáveis), da topografia
(terrenos mais ou menos inclinados), dependendo da cobertura vegetal, parte da
água se infiltra, parte se evapora e parte escoa superficialmente até encontrar um
córrego, um rio, um reservatório ou um lago.

3) A água que escoa superficialmente terá, sempre, mas em teores variados:


 sólidos dissolvidos em face da capacidade de ser a água um excelente
solvente. A presença de alguns sólidos pode não preocupar sanitariamente
mas outros podem causar problemas.

 sólidos em suspensão - carreados em face da velocidade e capacidade de


ser a água um excelente solvente. A presença de alguns sólidos pode não
preocupar sanitariamente mas outros podem causar problemas.

 detritos (que estarão ou dissolvidos ou em suspensão) que podem ser de


origem vegetal (ex: humus e o tanino que dão cor ao rio Negro); de origem
animal (restos de animais mortos ou suas excretas) e restos de atividade
humana de todo tipo.

Por isso, na grande maioria das vezes, as águas superficiais não atendem
aos padrões de potabilidade fixados pelas normas (embora possam, eventualmente,
não causar doenças). Somente rios de cabeceiras, correndo em solos arenosos e
rochosos e em bacias protegidas, é que podem eventualmente atender às normas
de potabilidade, mas lembrando que até excretas de animais silvestres podem ter
contaminantes. Por segurança, o uso de águas superficiais deve, no mínimo, ser
feito com adição de um desinfectante (cloro) que tenderá a eliminar a maior parte de
microorganismos, incluindo aí os eventuais patogênicos de doenças de veiculação
hídrica).

4) A maior parte das águas de chuva cai nos mares, pois sua superfície é
varias vezes maior que a dos terrenos. Os mares são também alimentados
pela chegada dos rios (foz).

5) Se a água ficou no lençol subterrâneo (convencionalmente o que se situa a


mais de 50m de profundidade) deverá ser retirada por bombas. Há casos
(poucos) de afloramento de água subterrânea (poço jorrante). Isso se deve
ao fato de estar a água às vezes confinada por camadas impermeáveis e
por razões de topografia, o lençol confinado aflora, e água com pressão sai
do terreno jorrando.

A água do lençol subterrâneo, e em geral é, proveniente de pontos de


infiltração distantes dezenas e até centenas de quilômetros do local da captação.
Seguramente, se quando a água que se infiltrou tinha microrganismos, eles
desaparecerão ao longo do percurso ao percolar no solo. Se a água subterrânea
não contém microorganismos, ela pode carregar alto teor de sólidos dissolvidos
dependendo do terreno no percurso. Em terrenos ricos em calcário, o passar da
água subterrânea, ao solubilizar o solo, forma até cavernas.

A água subterrânea em face de toda sua história de formação:

 pode possuir características que atendam a todos os padrões de


potabilidade, e uma desinfecção só seria necessária quando se deseja
uma garantia adicional, por medo de contaminação no sistema de
distribuição (caixas de água mal conservadas, por exemplo);

 pode ter contaminação biológica através de infiltração na parte superior do


poço por água do lençol freático eventualmente contaminado. Evita-se
essa contaminação com a impermeabilização do poço nos primeiros 15
metros, e impedindo que as águas de enxurrada entrem no poço.

 pode não ter características de potabilidade pelo fato de transportar sólidos


que causem gosto e cheiro à água. Como regra geral, é muito fácil remover
sólidos suspensos na água do que sólidos dissolvidos (ex.: é a dificuldade
de tratar a água do mar para fins potáveis). As águas de poços profundos
têm, às vezes, temperatura superior à ambiente. Isso se deve ao fato de,
ao passar por solos subterrâneos, ocorrer reações exotérmicas (liberação
de calor). Essas águas térmicas são fonte de atração turística, e para
serem usadas no sistema de abastecimento costumam ser resfriadas em
torres de aeração.

6) Águas de minas e nascente: são as que se infiltram e por razões de relevo


voltam a superfície. O ponto de origem da infiltração pode estar próximo ou
distante. Como é uma água que passou pelo lençol subterrâneo, sofre
algum tipo de filtragem e uma eventual contaminação anterior por
microrganismos foi contida ou limitada. Normalmente as características de
cor, turbidez e presença de microrganismos dessas águas são
sensivelmente melhores do que as das superficiais (rios e córregos). Para
usar água de nascente é preciso tomar alguns cuidados mínimos:

 as nascentes devem ser protegidas por valetas que impeçam


contaminação por águas de enxurradas, águas essas sempre suspeitas;

 ter cuidado para afastar das proximidades, residências e criação de


animais, a fim de evitar que dejetos penetrem no lençol freático que
abastece a nascente;

 por cautela, águas de nascentes, quando possível devem ser canalizadas


e represadas, onde será desejável uma cloração.

7) Poços rasos (captação do lençol freático):


A diferença entre poço raso e profundo está na profundidade da escavação. Poços
rasos possuem profundidades de aproximadamente 20m. Na maioria das vezes são
de escavação manual pelos chamados poceiros e, por isso, tem diâmetro maior que
os poços profundos, que são escavados mecanicamente, e possuem diâmetros da
ordem de 20 a 50m.

O poço raso retira água do primeiro lençol (freático), onde a água entrou no
maciço terroso e a filtração que ocorre através da percolação do terreno
possivelmente não ocorrem e, assim, podem ser alimentados por águas
contaminadas. Os poços rasos são escavados próximos às residências e, portanto,
perto de focos de contaminação. Para que as águas de poços rasos tenham melhor
qualidade é preciso:

 construir os poços a montante de fossas próximas;

 dar destino adequado aos esgotos por meio de fossa séptica e valas de
infiltração situadas o mais distante possível do poço;

 enterrar o lixo, evitando o ataque por ratos, baratas e moscas;

 a abertura do poço deve estar em cota mais alta que o terreno, para
impedir que águas de enxurradas o atinja;

 fazer periódicas limpezas e desinfecções do poço com água de lavadeira


(hipoclorito de sódio);

 etc.

8), 9), 10), 11) As águas de rios e lagos, por receberem contribuições de ;águas
superficiais e por drenarem grandes bacias onde sempre há ocupação humana (uso
urbano, industrial e agrícola de área), nunca atendem os padrões de potabilidade.
Os mananciais protegidos têm toda a bacia contribuinte desapropriada, e não há, em
toda a bacia, nenhuma casa, nenhuma atividade agrícola ou industrial.
12) O tratamento convencional é composto de tratamento químico de
coagulação, decantação, filtração e cloração.

13) Por vezes temos que usar mananciais altamente poluídos por falta de
outra solução Nos tratamentos especiais podem ocorrer pré-cloração,
dupla filtração, emprego de carvão ativado e de ozona, etc.

14) O manancial mar:


Até há alguns anos pensar em água do mar para uso potável era uma alternativa
econômica fora de cogitação. Hoje, o mar é fonte de água potável no Kwait; em
plataformas oceânicas de prospecção de petróleo e em grandes embarcações.

15) Sistema de distribuição:


A água tratada é potável, passa para a rede e deve chegar em condições de
potabilidade até a torneira do usuário mais distante. Os fatores que podem contribuir
para que isso não ocorra são:

 a rede distribuidora fica seca e a água do lençol freático (sempre poluído)


pode penetrar através de juntas com defeitos, situação essa que não
ocorre quando se mantém a rede em carga (com pressão) que é a melhor
proteção sanitária da rede de água.

 caixas de água domiciliares e prediais sujas. Pelo menos a cada seis


meses cada reservatório deveria ser lavado, desinfectado e verificado se
não apresenta possibilidade de contaminação.

Para se ter certeza de que a água chegará potável a torneira, uma das
preocupações adicionais às já citadas é manter ao longo de toda a rede um teor
mínimo de cloro. Um sistema só pode ser considerado confiável se
permanentemente produz água dentro dos padrões estabelecidos.
16) Sistema de esgotos:
A água usada de alguma forma e em alguma proporção terá que ser disposta e o
ideal é que seja pela rede de esgotos. Se for um sistema individual de disposição,
caso de habitações isoladas, o terreno e o lençol freático serão seu destino. No caso
de cidades, deve haver uma rede de esgotos com tratamento adequado. O efluente
tratado pode ou não ser clorado, dependendo dos usos do corpo receptor a jusante.
A tendência atual é desestimular, sempre que tecnicamente possível, o tratamento
individualizado pelas indústrias de seus despejos (e de lixo) preferindo-se que o
mesmo seja dirigido para a rede pública de esgotos. Caberia à indústria apenas
fazer, quando necessário, um pré-tratamento corretivo para impedir que, por
exemplo, despejos ácidos explosivos ou inflamáveis atinjam a rede e a destrua. O
resto, ou seja, todos os outros tipos de despejos podem e devem ser ligados à rede
pública mediante um sistema de tarifas. Com isso se consegue:

 economia de escala;

 a indústria não consome nem espaço e nem se dedica a uma atividade que
não é sua atividade-fim;
 melhor controle de qualidade de locais de tratamento, pois o número
destes locais será menor e o pessoal de alto nível necessário ficará
reduzido.

Tudo o que disse do tratamento de esgotos vale para a disposição e


tratamento de lixo industrial.

17) Tratamento industrial da água para fins especiais:


Algumas indústrias não se satisfazem com quantidade de água potável . Nesses
casos elas próprias fazem tratamentos específicos, como a remoção de sais que
causam dureza e que podem dar problemas em suas caldeiras de alta pressão.
Certas tecelagens removem adicionalmente Ferro e Manganês, algumas indústrias
removem cloro, outras oxigênio dissolvido e outras removem quase todos sais para
diminuir a condutividade elétrica da água.

18) Rios, lagos e mares são o destino final dos esgotos tratados. Com o
crescimento da população e da atividade industrial e agrícola, a qualidade
das águas dos rios e lagos vem em muitos casos se deteriorando
progressivamente. Por vezes, tratamentos convencionais de esgotos
(processo biológico) já não são suficientes, e impondo exigências
adicionais como, por exemplo, a remoção de fósforo para impedir que nos
cursos d’água haja um crescimento exagerado de algas ( o elemento
fósforo é necessário a esse crescimento, sendo sua remoção um fator
limitante).

A poluição por atividades agrícolas que podem lançar nos rios defensivos e adubos
é um novo tipo de poluente que começou a preocupar as autoridades sanitárias nos
últimos 30 anos.

As impurezas contidas nas águas são adquiridas nas diversas fases do ciclo
hidrológico; (manancial) e na distribuição.

1) Precipitação atmosférica® as águas de chuvas podem arrastar impurezas


existentes na atmosfera : (02, N2, C02) e poeiras em suspensão. Nesta fase é
menos freqüente a existência de microorganismos patogênicos.
2) Escoamento superficial® as águas lavam a superfície do solo e carreiam as
impurezas existentes: partículas terrosas, detritos vegetais e animais,
fertilizantes, estrume, inseticidas (áreas cultivadas), etc; podem conter elevada
concentração de microorganismos patogênicos; muitas impurezas podem
inclusive ser carreadas juntamente com as águas que se infiltram no solo.

3) Infiltração no solo® nesta fase há uma certa filtração das impurezas, mas
dependendo de características geológicas locais, muitas impurezas podem ser
adquiridas pelas águas, através, por exemplo, da dissolução de compostos
solúveis. Por outro lado, as impurezas podem ser carreadas para outros pontos,
através, do caminhamento natural da água no lençol aqüífero; este pode estar
contaminado por exemplo, por matéria fecal originada de soluções inadequadas
para o destino final dos dejetos humanos, como as fossas negras.
4) Despejos diretos® de águas residuárias e de lixo, esgotos sanitários, resíduos
líquidos industriais, indevida e/ou inadequadamente lançados nas águas
naturais, vão levar impurezas que poluem as águas naturais; inclusive podem
favorecer o desenvolvimento de tipos inconvenientes de algas.

5) Represamento® nas represas as impurezas sofrem alterações decorrentes de


ações de múltiplas natureza (física, química, biológica); o repouso pode, contudo,
favorecer a melhoria da qualidade da água pela sedimentação, principalmente
das partículas maiores, purificando até certo ponto a água. E igualmente
considerável a ação dos raios solares.

6) Captação® não deve ser localizada a jusante de um lançamento de esgotos,


devendo-se mudar, ou o local de captação, ou o ponto de lançamento dos
esgotos.

7) Adução® deve ser executada com os devidos cuidados; por exemplo, não se
deve aduzir água tratada em canais abertos.

8) Tratamento® nas próprias instalações de tratamento existem possibilidades de


contaminação, como por exemplo, em filtros em mau estado, com
descontinuidade na sua camada de areia {“crateras”), em canais abertos que
conduzem água filtrada, etc. A cloração da água, quando feita inadequadamente
também pode apresentar problemas de insegurança sanitária, mau cheiro, etc.

9) Recalque® o sistema de distribuição de água deve ser bem projetado; por


exemplo, as linhas de distribuição de água devem estar a mais de três metros
das linhas de esgotos. Os reservatórios de água tratada devem ser cobertos

10) Instalações hidráulico-sanitárias prediais® devem ser executadas com materiais


e técnicas adequadas; por exemplo, o emprego excessivo de tubos de chumbo
pode causar a doença denominada saturnismo; as instalações devem ser bem
executadas para se evitarem as interconexões perigosas, e as possibilidades de
refluxos perigosos que podem introduzir água contaminada no sistema de
distribuição de água.

Algumas definições:

* Infecção® penetração, alojamento e, em geral, multiplicação de um agente


etiológico animado no organismo de um hospedeiro, produzindo danos a este, com
ou sem aparecimento de sistemas clinicamente reconhecíveis.

* Agente etiológico® substâncias cuja presença ou ausência pode iniciar ou


perpetuar um processo mórbido; podem ser nutricionais; físicas, químicas ou
parasitária.

* Hospedeiro® pessoa ou animal que alberga um agente etiológico animado.


* Agente infeccioso® bactéria, protozoário, fungo, vírus, helminto (verme), capaz de
produzir infecção que, em circunstâncias favoráveis, no que se refere ao hospedeiro
e ao meio ambiente, pode causar doença infecciosa.
* Contaminação® introdução no meio de elementos ou concentrações nocivas à vida
animal e vegetal, tais como organismos patogênicos, substâncias tóxicas ou
radioativas. No tocante, a água constitui um caso particular de poluição.

* Poluição® qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do


meio ambiente (ar, água e solo) causada por qualquer forma de energia ou qualquer
forma de substância sólida, líquida ou gasosa.

* Desinfecção® destruição dos agentes de infecções específicas. Destruição de


germes patogênicos.

* Ecologia® ciência que estuda as relações mútuas de todos os organismos que


vivem em um mesmo meio e sua adaptação ao ambiente.

* Endemia® incidência de uma doença em uma população humana dentro de limites


considerados “ normais” para essa população.

* Epidemia® elevação brusca, temporária e significativa da incidência de uma


doença em uma comunidade humana.

* Meio ambiente® conjunto de todas as condições e influências externas que afetam


a vida e o desenvolvimento de um organismo.

* Metemoglobinemia® doença de eclosão tardia provocada quando os nitratos


excedem certos limites.

* Padrões de potabilidade ou de água potável® quantidades limites que, com


relação aos diversos elementos, podem ser tolerados, nas águas de abastecimento;
quantidades essas fixadas, em geral, por leis, decretos, regulamentos ou
especificações.

* Padrões de segurança® quantidades limites que, relativamente aos vários


elementos, podem ser tolerados nas águas de abastecimento e garantem que a
água não vai causar dano à saúde da população, embora não atenda bem a certos
aspectos tais como cor, e outros, mas permitam a utilização de uma água de
qualidade melhor que a que normalmente seria usada.
* Protozoários® animais constituídos de uma única célula.

 Higiene® é a arte e ciência da saúde que fornece os elementos necessários


ao ajustamento do homem ao seu meio físico, biológico e social.

3. Concepção de Sistema Público de Abastecimento

3.1. Introdução: de acordo com a NB- 587/ JUN – 1977. Estudo de concepção num
sistema de abastecimento de água ,é o estudo de arranjos, sob os pontos de vista
qualitativo e quantitativo das diferentes partes de um sistema organizado de modo a
formar um todo integrado, independente do grau de detalhamento, de precisão e da
amplitude da conclusão final a que chegar.

3.1.1. Desenvolvimento do projeto: para o desenvolvimento do projeto deve-se


conhecer os elementos necessários e definir as atividades necessárias.

a) Elementos necessários:

- definição do objetivo do estudo de concepção;

- definição do grau de detalhamento e de precisão do estudo de concepção em geral


e das partes constituintes do sistema;

- os aspectos e condições econômicas e financeiras que condicionarão o estudo;

- a definição de condições e parâmetros que serão de iniciativa do contratante.

b) Atividades necessárias

- os problemas relacionados com a configuração topográfica da região onde será'


implantado o sistema;

- identificar os consumidores a serem atendidos ao longo do período de tempo, até o


horizonte de projeto e sua distribuição na área a ser servida pelo sistema;

- a quantidade de água a ser exigida por diferentes classes de consumidores e as


vazões para dimensionamento;

- no caso de já existir sistema de distribuição, á integração das partes desse sistema


ao novo sistema;

- a pesquisa e definição de mananciais abastecedores;

- a demonstração de que o sistema proposto apresenta total compatibilidade entre


suas partes;
- método de operação do sistema;

- a definição das etapas de implantação do sistema;

- a comparação técnico-econômica das opções.

- o estudo de viabilidade econômico-financeira da concepção básica.

3.1.2. Condições a serem observadas nas atividades necessárias

a) Configuração topográfica da região: os elementos cartográficos a serem


utilizados para a elaboração de estudos de concepção poderão ser constituídos
por mapas, fotografias aéreas, levantamentos aerofotogramétricos, topográficos,
planimétricos ou planialtimétricos ou levantamentos expeditos.
Deverão cobrir, pelo menos, a região em que se encontra a área urbana a ser
abastecida (incluindo as áreas de expansão prevista) e em que poderão se localizar
partes isoladas os sistema. Deverão também cobrir as regiões em que se encontram
os prováveis mananciais abastecedores e as faixas de terreno nas quais poderão se
localizar os condutos que interligarão mananciais e partes do sistema, isolados ou
não.

b) Consumidores a serem atendidos: compreenderão a população permanente, os


estabelecimentos comerciais e as entidades públicas e de serviços.
A população abastecível será constituída de pelo menos 80% da população
permanente; por parcela de população flutuante (quando apresentar interesse
econômico ou social) e pela população temporária que se localiza na área
abastecível.
A população permanente será determinada com base no período de alcance do
projeto o qual é normalmente fixado em 20 anos.
Em geral, a população de horizonte de projeto é estimada através dos métodos:
gráficos (expedito e de comparação), analíticos (crescimento aritmético e
crescimento geométrico).
A população flutuante será avaliada mediante critérios particulares e estabelecida
em comum acordo com o órgão contratante.
A população temporária, uma vez detectada sua existência, será avaliada
mediante critérios particulares e estabelecida em comum acordo com o órgão
contratante.

A distribuição demográfica (área de ocupação) dá população de projeto sobre a


área urbana atual e futura, depende basicamente do Plano Diretor de
Desenvolvimento da cidade (fornecido pela prefeitura) e das seguintes condições:
topografia; facilidade de expansão; preços de terrenos; planos urbanísticos e
loteamento existentes; facilidade de transporte e comunicação; hábitos e condições
sócio e econômicas da população, existência de serviços básicos.

O período de projeto é fixado em função do tempo (número de anos) que se


pretende atender a cidade com aquele sistema. É fundamental que o sistema
funcione satisfatoriamente, sem sobrecarregar as instalações ou apresentar
deficiência na distribuição. Leva-se em conta para a fixação: vida útil das obras e
equipamentos; disponibilidade de recursos de créditos para financiamento; taxas de
juros e prazos de pagamento; dificuldades de ampliação de partes do sistema; ritmo
de crescimento da população.

c) Determinação de consumos: a elaboração de um projeto de abastecimento de


água exige o conhecimento das vazões de dimensionamento das diversas partes
constituintes do sistema. Por sua vez, a determinação dessas vazões implica no
conhecimento da demanda de água da cidade que é função do número de
habitantes a ser abastecido e da quantidade de água necessária a cada
indivíduo.
d) Aproveitamento do sistema existente: para as comunidades que dispõem de
sistema de abastecimento, deverá ser feito o estudo do aproveitamento de suas
partes para constituir partes do novo sistema a ser projetado.
O levantamento do sistema existente deverá conter referência às diversas partes
do sistema, pelo menos os seguintes dados: mananciais (superficiais e
subterrâneos); captação; condutos em geral (adução); conjunto motor-bomba
(estação elevatória); reservatórios; rede de distribuição; válvulas, comportas e
outros aparelhos usados em condutos de água; chaves elétricas de proteção e
de comando; quadro de força; edificações; estação de tratamento; vias de
acesso.

e) Mananciais abastecedores: são considerados mananciais abastecedores, todos


aqueles que apresentam condições sanitárias satisfatórias e que isoladamente
ou agrupadas, apresentam vazão suficiente para atender a demanda máxima
prevista no horizonte de projeto. Após fixadas as vazões de dimensionamento em
função do estudo da população e da percentagem a ser abastecida, passa-se a
estudar os possíveis mananciais abastecedores.
Quando a região em que está sendo implantado o sistema oferecer condições
para exploração de lençol profundo, e os mananciais superficiais são
satisfatórios, há necessidade de se fazer um estudo comparativo entre as
alternativas e seleciona-se aquela que oferece melhores condições técnicas e
econômicas.
No estudo para a definição do manancial abastecedor, são considerados os
seguintes parâmetros : nível d'água; vazões disponíveis; distância até o centro do
consumidor, diferença de cota entre o manancial e o centro consumidor;
facilidade de acesso; traçado mais fácil de canalização de adução; condições do
terreno para fundação; energia elétrica nas proximidades; custo do terreno;
qualidade da água; condições da bacia hidrográfica contribuinte, tendo em vista
os tipos de ocupação e proteção contra poluição, etc.

f) Compatibilidade entre as partes do sistema: o arranjo das partes de um sistema,


o dimensionamento dessas partes e o relacionamento entre elas, deverão
proporcionar a obtenção de um conjunto capaz de garantir um abastecimento
contínuo e sanitariamente seguro, sob condições de operação aceitáveis, em
qualquer etapa prevista de implantação do sistema. Assim, deve-se proceder
uma análise de funcionamento de cada uma das partes do sistema e das
condições que esse funcionamento impõe às demais partes direta ou
indiretamente relacionadas, determinando os parâmetros indicativos de suas
qualidades ou características técnicas, para os consumos máximos e mínimos
previstos em cada ano, até o horizonte de projeto, sob condições de operação
estabelecidas para o sistema.

g) Método de operação do sistema: a operação de um órgão ou parte do sistema


pode ser automática quando se destinar ao ajuste de qualquer condição de
funcionamento desse órgão ou parte do sistema e puder ser condicionada
através de medidas de uma das grandezas ou combinações das mesmas :

 pressão em condutos forçados;


 velocidade ou vazão de água em condutos;
 nível de água;
 intensidade de corrente elétrica em condutos de energia;
 diferença de potencial disponível no fornecimento de energia elétrica.

Somente será admitida a operação não automática de um órgão ou parte de um


sistema quando: existir um meio capaz de avisar o operador que está ocorrendo
uma condição de funcionamento que deverá ser modificada; os ajustes das
condições de funcionamento são necessários em períodos superiores a uma hora.

h) Definição das etapas de implantação do sistema: o estudo de concepção deverá


ser feito para atender a todas as condições presentes ou previstas durante o
período de tempo compreendido desde a data de estudo até o horizonte de
projeto.
O horizonte de projeto atingirá pelo menos o final da amortização da dívida
contraída inicialmente para permitir a implantação do sistema de abastecimento
configurado no estudo de concepção e não será inferior a 20 (vinte) anos contados
do início de seu funcionamento.
Considera-se início de funcionamento de um sistema, o momento em que esse
sistema estiver em condições de satisfazer a pelo menos 50% da demanda inicial
prevista e desde que após esse momento não seja necessário um tempo superior a
6 meses para satisfazer a totalidade da demanda inicial prevista.
O estudo de concepção preverá qual deverá ser a divisão da obra em etapas,
para satisfazer as condições financeiras da comunidade servida, apresentando um
plano de implantação em função da população presente, com indicação das datas
prováveis correspondentes.

i) Comparação técnico-econômica das opções: a comparação econômica das


soluções tecnicamente viáveis se fará considerando os custos de implantação,
de operação e manutenção e financeiros e levará em conta as etapas de
construção previstas no estudo de concepção.

3.2. Memória Descritiva e de Cálculo Especificações Técnicas e Orçamento

a) Memória Descritiva - são descritos as várias unidades componentes do sistema


como: manancial; captação; adução; elevação; reservação; tratamento e distribuição
com suas características e dimensões principais, descrevendo as alternativas
estudadas e escolhida, justificando toda a concepção do sistema proposto.

b) Memória de Cálculo - é a apresentação detalhada dos cálculos de todas as


unidades do sistema proposto, indicando fórmulas, tabelas, programas de
computador, etc.

c) Especificações Técnicas - são especificados todos os elementos componentes do


projeto, no que se refere a construção civil, materiais e equipamentos.

d) Orçamento - são orçadas todas as unidades componentes do sistema, no que se


refere a mão-de-obra, materiais, equipamentos, controle tecnológico, etc.

3.3. Elaboração de projeto - o projeto de um sistema de abastecimento de água é


constituído de:
- Características da comunidade;
- Previsão da população de horizonte de projeto; - Estimativa do consumo;
- Memória descritiva;
- Memória de cálculo;
- Especificações técnicas;
- Orçamento
3.3.1. Características da comunidade . deve conter informações sobre as condições
geopolíticas, administrativa, social e cultural da localidade e informações detalhadas
sobre:
- Situação Geográfica - localização dentro do estado ou região; coordenadas;
distância à cidade ou aos centros importantes; principais ligações de acesso
(estrada de ferro, de rodagem; navegação aérea, marítima e fluvial);
- Urbanismo - população; Plano, Diretor, de Desenvolvimento; projetos
urbanísticos; áreas pavimentadas; praças; logradouros públicos; expansão
territorial; loteamentos aprovados; etc.
- Situação Sanitária - atendimento médico; número de médico5 e dentistas;
hospitais; clínicas; postos de saúde; quadro de saúde da população e doenças
prevalecentes; sistema de abastecimento de água; sistema de esgoto sanitário e
de águas pluviais; coleta e disposição de lixo; poluição.
- Educação e Cultura - população estudantil; número de colégios do I ° e 2° graus;
grupos escolares; universidades; bibliotecas.
- Energia Elétrica - existência; características (voltagem, ciclagem, etc.); custo;
disponibilidade; confiabilidade.
- Comunicação - telefone; rádio; jornais; revistas; correio, televisão.
- Situação Econômica - produção agrícola; produção industrial; comércio; serviços;
receita x despesa.
- Outras informações - solo (para escavação); mão-de-obra (disponibilidade e
qualificação); material disponível, etc.
- Finaliza esta parte do projeto com uma justificativa para a implantação do sistema
público de abastecimento.

3.3.2. Previsão da População Horizonte de Projeto


 crescimento populacional deveria ser definido pelos órgãos municipais de
planejamento.
 Fixado o período de tempo durante o qual o sistema de abastecimento deverá
satisfazer faz-se o estudo da população correspondente a esse prazo.
 Na prática, são aplicados diverso processos de previsão de população: ,

a) Processo Aritmétrico - a partir de valores conhecidos : Po e P1


correspondentes a to e t, (referentes a dois cursos anteriores); calcula-se o
incremento populacional nesse período.
R = (P1–P0) / (t1–T0)
r = incremento ou taxa de crescimento
Po = população no tempo inicial (to)
P1 = população no tempo (t1)
P = população no tempo futuro (t)

- Resulta a previsão da população P, correspondente a data futura t :


P = Po + r(t-to)

Obs. : * a população varia linearmente com o tempo;


* o crescimento pressuposto é limitado.

b) Processo Geométrico: Calcula-se a razão de crescimento geométrico no


período conhecido.
Q = (P1 / Po)1 / (t1 – to)
q = razão do crescimento geométrico

- Resulta a previsão de P correspondente a data futura t :


P = Po (q)t - to

Obs. : * considera-se o logaritmo da população variando linearmente


com o tempo.
* o crescimento pressuposto é ilimitado.

c) Processo de Curva Logística - a partir dos valores das populações Po, P1 e


P2, correspondentes a três datas anteriores to, t1 e t2, adota-se como curva de
crescimento populacional uma curva definida por esses três pontos e que obedeça a
equação abaixo e atenda a condição P1 2 > Po . P2

P = K / [1 + (2,718)(a-bt)

Onde : 2,718 - base neperiana (e)


b - razão de crescimento da população
a - valor tal que para t = a / b há uma inflexão (mudança no sentido da
curvatura) da curva
K - limite de P (saturação da população).

Obs. : * faz-se a determinação dos três parâmetros a, b e K mediante a resolução


do sistema de três equações e três incógnitas (a, b e K), obtidos mediante
introdução de cada um.
* a resolução do sistema de três equações acima fica bastante simplificada
se os três pontos censitários forem cronologicamente eqüidistantes. Isto é, fazendo-
se :

to=0, t1=d, t2=2d e t : contado a partir de to.

Resultam :
K = [2.Po.P1.P2 - (P1)2 (Po.P2)] / [Po.P2 - (P1)2]

b = [1 / 0,4343d]. log {[Po (K – P1)] / [P1 (K - Po)]}

a = 1 / 0,4343 . log [(K - Po) / Po]

* A aplicabilidade da curva logística entretanto, fica na dependência de estar


satisfeita a condição : Po . Pz < (Pi)2
* Sob a hipótese da curva logística, a população cresce assintoticamente para
um valor limite K.

d) Processo Comparativo - consiste no traçado de uma curva arbitrária que se ajuste


aos dados já observados, sem se procurar estabelecer a equação da mesma. As
extrapolações ou previsões de populações futuras obtêm-se prolongando a curva
obtida, de acordo com a tendência geral verificada, usando um julgamento próprio.
Usa-se como elemento auxiliar, os dados de populações de outras cidades
que já tenham maior número de habitantes que a estudada, com condições sócio e
econômicas semelhantes.

A
POPULAÇÃO B A’
C’
Po B’

C
ANO
10 20 30 40 50 60 70 80 1990

Admite-se que a cidade estudada terá crescimento a partir de 1960 igual as duas
cidades(A e B a partir da mesma população (P).

e) Previsão da População abastecível

 De acordo com a NB – 587/89, a população futura deve ser avaliada de acordo


com um dos seguintes critérios:
 Mediante a extrapolação de tendências de crescimento, definidas por dados
estatísticos suficientes para constituir uma série histórica observando-se:
- A aplicação de modelos matemáticos (mínimos quadrados) aos dados
censitários do IBGE, escolhendo-se como curva representativa de crescimento
futuro aquela que melhor se ajustar aos dados censitários:
- As principais curvas utilizadas para ajuste pelo método dos mínimos quadrados
são:

1) Função Linear: y = ax + b (y > 0)

 Os coeficientes da equação da reta são determinados:

b = [ Syi Sxi2 – (Sxi Sxiyi)] / [n Sxi2 - (Sxi)2 ]


a = [ n Sxiyi - SxiSyi ] / [ n Sxi2 - (Sxi)2 ]

Sendo (n) o número de dados censitários utilizados menos um, e (i) = 1, 2, 3, 4, ...
xi = número de anos acumulados
yi = população censitária
Determinada a equação da reta, calcula-se a população para o ano de alcance
desejado.
O coeficiente de correlação (r) que exprime a adaptação a curva aos dados
utilizados, deve se aproximar a 1 e é calculado da seguinte forma:

r2 = [(n Sxiyi - SxiSyi)2 ] / {[n Sxi2 - (Sxi)2 ] [n Syi2 - (Syi)2 ]}

2) Função Potência: y = ax b (a > 0)

Os coeficientes da equação da curva de potência são:

b = [ n S(lnxi) (lnyi) – (Slnyi)] / [n S(lnxi)2 - (Slnxi)2 ]


a = exp {[(Slnyi) / n] – b[(S lnxi) / n]}

sendo yi > 0 e xi > 0


O coeficiente de correlação é obtido da seguinte forma:

r2 = [n S(lnxi) (lnyi) – (Sxi) (Syi) ]2 / {[n S(lnxi)2 - (Slnxi)2 ] [n S(lnyi)2 - (Slnyi)2 ]}


b.x
3) Função Exponencial: y=ae (yi > 0) e (a > 0)

Os coeficientes da equação exponencial são:

b = [ n S(xilnyi) – (S xi) (Slnyi)] / [n Sxi2 - (Sxi)2 ]


a = exp {[(Slnyi) / n] – b[(Sxi) / n]}
r2 = [n S(xilnyi) – SxiSlnyi) ]2 / {[n Sxi2 - (Sxi)2 ] [n S(lnyi)2 - (Slnyi)2 ]}

4) Função Logarítmica: y = a + b lnx

Os coeficientes da equação são:

b = [ n S(yilnxi) – (Slnxi) (Syi)] / [n S(lnxi)2 - (Slnxi)2 ]


a = [1/n] [Syi - bSlnxi]
r2 = [n S(yilnxi) – SlnxiSyi) ]2 / {[n S(lnxi)2 - (Slnxi)2 ] [n S(yi)2 - (Syi)2 ]}

* O emprego de métodos que consideram os índices de natalidade, mortalidade,


crescimento vegetativo e correntes migratórias.

A expressão geral do crescimento da população de uma comunidade em função do


tempo é:

Pt = Po + (N – M) + (I – E)

Pt = população na data (t)


Po = população na data inicial (t)
N = nascimentos no período (t – to)
M = óbitos no período (t – to)
I = imigrantes no período (t – to)
E = emigrantes no período (t – to)
Esta equação mostra a complexidade de parâmetros e exige o conhecimento de
informações e dados estatísticos dificilmente encontrados nas novas cidades.

 Mediante a aplicação à última população conhecida da comunidade em estudo


das mesmas tendências verificadas em comunidade com características
análogas às da comunidade em estudo, quando inexistem dados característicos
suficientes para constituir uma série histórica.

Obs: A projeção populacional adotada deve ser utilizada a cada levantamento do


IBGE, por ocasião da implantação de etapas futuras.

 A utilização de dados estatísticos não provenientes do IBGE, exige a


comprovação de confiabilidade.

3.3.2.2 – Distribuição Demográfica – Área de Ocupação

A distribuição da população do projeto sobre a área atual e futura depende


basicamente do Plano Diretor de Desenvolvimento da cidade formado pela prefeitura
municipal e das seguintes condições: topografia, facilidade de expansão, terreno,
planos urbanísticos e loteamento existente, hábitos e condições sócio-econômicos
da população, critérios de serviços.

Em geral são os seguintes, os valores médios de densidade:

DENSIDADE
TIPO DE OCUPAÇÃO DEMOGRÁFICA
(Hab/ha)
Áreas periféricas, casas isoladas e lotes grandes 25 – 50
Casas isoladas, lotes médios e pequenos 50 – 75
Casas germinadas, predominando 01 pavimento 75 – 100
Casas germinadas, predominando 02 pavimentos 100 – 150
Prédios de apartamentos pequenos 150 – 250
Prédios de apartamentos altos 250 – 750
Áreas comerciais 50 – 100
Áreas industriais 25 – 100
Densidade global média 50 - 150

3.3.3 – Estimativa do consumo de água – os problemas de dimensionamento das


canalizações, estruturas e equipamentos implicam em estudos diversos que incluem
a verificação do consumo médio por pessoa, a estimativa do número de habitantes a
ser beneficiado e as variações de demanda que ocorrem por motivos vários.

3.3.3.1 – Usos da água – a água conduzida para uma cidade enquadra-se numa das
seguintes classes de consumo ou de destino: doméstico, comercial, industrial,
público, perdas e fugas.

a) Doméstico – é a água consumida nas habitações e compreende as parcelas


destinadas a fins higiênicos, potáveis e alimentares, e à lavagem em geral. As
vazões destinadas ao uso doméstico variam com o nível de vida da população,
sendo tanto maiores, quanto mais elevado for esse padrão.

Estudos recentes apontam como representativo para as condições atuais valores de


100 – 200 l / hab dia.
Nos Estados Unidos inclui-se na classificação de domésticos água utilizada para
irrigação de jardins.

b) Comercial – destaca-se a parcela utilizada pelos restaurantes, bares, hotéis,


pensões, postos de gasolina e garagens, onde se verifica um consumo muito
superior aos das residências.

Escritórios 50 l/pessoa dia


Restaurantes 25 l/refeição dia
Hotéis 120 l/hóspede dia
Hospitais 250 l/leito dia
Garagens 50 l/automóveis dia
Postos de serviços para veículos 150 l/veículo dia
Lavanderias 30 l/Kg de roupa

c) Industrial – as indústrias utilizam águas de diversas formas: como matéria prima,


lavagem, refrigeração.

Apresentam os seguintes consumos:

Indústrias – uso sanitário 70 l/operário dia


Matadouros – animais de grande porte 300 l/cabeça abatida
Matadouros – animais de pequeno porte 150 l/cabeça abatida
Laticínios 5 l/Kg de produto
Curtumes 50 – 60 l/Kg de couro
Fábrica de papel 100 – 400 l/ Kg de papel
Tecelagem (sem alvejamento) 10 – 20 l/Kg de tecido

d) Público – inclui-se nesta classificação a parcela de água utilizada na irrigação de


jardins, lavagem de ruas e passeios, edifícios e sanitários públicos, alimentação
de fontes e piscinas.

e) Perdas e Fugas – ocorre devido a má utilização da água, deficiências técnicas do


sistemas, etc.

3.3.3.2 – Consumo médio “per capita” – é expresso geralmente em litros por


habitante por dia (l/hab dia) e definido por:

q = volume anual distribuído / 365 x população beneficiada

As condições indispensáveis para um estudo criterioso deste parâmetro são:

 Continuidade e confiabilidade da medição de água aduzida e distribuída para a


cidade;
 Abastecimento ininterrupto, sem forçar restrições ao uso.
Os grandes consumidores (singulares) são acrescidos ao consumo calculado pelo
“per capita”.
Na elaboração de projetos para cidades ainda não providas de qualquer sistema de
distribuição, procura-se adotar “per capita” de cidades semelhantes localizadas na
mesma região. Não se conseguindo esta condição, adota-se os valores:

População futura até 10.000 hab 150 a 200 l/habdia


População futura entre 10.000 e 50.000 hab 200 a 250 l/habdia
População maior que 50.000 hab > 250 l/habdia
População temporária 100 l/habdia
População flutuante (igual a permanente)

3.3.3.3 – Fatores que afetam o consumo: (considera-se como os mais importantes)

a) Características da população: hábitos higiênicos, situação econômica, educação


sanitária.

b) Desenvolvimento da cidade: a quota média diária “per capita” aumenta com o


crescimento da cidade.

c) Presença de indústrias: tipo de indústria, zoneamento dos bairros industriais.

d) Condições climáticas: precipitações atmosféricas, umidade do ar, temperatura.

e) Características do abastecimento d’água: qualidade da água distribuída;


pressões na rede de distribuição; taxa de água; modo de distribuição (serviço
medido); administração do serviço.

3.3.3.4 – Variações de consumo: a água distribuída por uma cidade não tem uma
vazão constante, mesmo considerando invariável a população consumidora. Devido
à maior ou menor demanda em certas horas do período diário ou em certos dias ou
épocas do ano, a vazão distribuída sofre variações mais ou menos apreciáveis.
Também nisto, os hábitos da população e as condições climáticas tem influência. Há
portanto variações horárias ao longo do dia e variações diárias ao longo do ano.

a) Variações diárias – o volume distribuído no ano dividido por 365 permite conhecer
a vazão média diária anual.

A relação entre o maior consumo diário verificado e a vazão média diária anual
forma o “coeficiente do dia de maior consumo”.
Assim: K1 = maior consumo diário no ano / vazão média diária no ano

 Seu valor varia entre 1,2 e 2,0 dependendo das condições locais.
 Utiliza-se esse coeficiente na determinação da vazão de dimensionamento de
várias partes de um sistema de fornecimento público de água, entre os quais:
obras de captação, adução, elevatórias, reservação e estação de tratamento.

b) Variações horárias – também no período de um dia há sensíveis variações na


vazão de água distribuída a uma cidade, em função da maior ou menor demanda no
tempo. As horas de maior demanda situam-se em torno daquela em que a
população está habituada a fazer refeições, em conseqüência do uso mais
acentuado da água na cozinha, antes e depois das mesmas. O consumo mínimo
verifica-se no período noturno, geralmente nas primeiras horas da madrugada.

Para o traçado da curva de consumo, é necessário que haja um medidor instalado


na saída do reservatório de água para a cidade capaz de registrar ou permitir o
cálculo das vazões distribuídas em cada hora.

A relação entre a maior vazão horária observada num dia e a vazão média horária
do mesmo dia define o “coeficiente de maior consumo”:

K2 = maior vazão horária do dia de maior consumo / vazão média horária do


dia de maior consumo

 Seu valor oscila bastante, podendo variar entre 1,5 e 3,0. Entre nós é usualmente
adotado para fins de projeto o valor 1,5.
 Esse coeficiente é utilizado quando se pretende dimensionar os condutos de
distribuição propriamente ditos que partem dos reservatórios, pois permite
conhecer as condições de maior solicitação nessas tubulações.

Consumo
Diário
(m3/dia)

consumo consumo
médio máximo

365
dias/ano
Curva de Variação Diária do Consumo

Vazão

Qmáx

Qméd

24 h/dia
Curva de Variação Horária de Consumo

c) Vazão de água a captar, produzir e distribuir:

Sendo:
qo = quota média diária “per capita” no início do plano (to)
qf = quota média diária “per capita no final do plano (tf)
K1 = coeficiente do dia de maior consumo
K2 = coeficiente da hora de maior consumo
Po = população abastecida no início do plano
Pf = população abastecida no final do plano
tf – to = duração do plano

Tem-se:

c.1) Vazão média diária a distribuir:

 No início do plano: Qmédo = qo Po / 86400 (l/s)


 No final do plano: Qmédf = qf Pf / 86400 (l/s)
 Para grandes e médias barragens.

c.2) Vazão a distribuir no dia de maior consumo:

 No início do plano: Qo = K1 qo Po / 86400 (l/s)


 No final do plano: Qf = K1 qf Pf / 86400 (l/s)
 Para captação, adução, recalque, reservatório e estação de tratamento.

c.3) Vazão a distribuir na hora de maior consumo, do dia de maior consumo:

 No início do plano: Qmáxo = K1 K2 qo Po / 86400 (l/s)


 No final do plano: Qmáxf = K1 K2 qf Pf / 86400 (l/s)
 Para rede de distribuição.

Ex: determinar as vazões para dimensionamento, expressas em litros por segundo,


dos diferentes trechos de canalização, admitindo os seguintes dados:
 Consumo médio per capita anual = 200 l/dia
 Coeficiente de variação diária (K1) = 1,25
 Coeficiente de variação horária (K2) = 1,50
 População futura = 45.000 hab
 Água necessária para a lavagem dos filtros da estação de tratamento = 4 % do
volume tratado.

a b c e

d
Captação ETA Reservação Rede de Distribuição

Indústria

1) Vazão média anual a ser distribuída na rede:

Qm = 45.000 hab x 200 (l/habdia) / 86400 (s/dia) = 104 l/s

 Vazão no trecho E: leva em conta os coeficientes do dia e hora de maior


consumo, pelo fato de estar depois do reservatório. Seu valor máximo será:

QE = 104 (l/s) x 1,25 x 1,5 = 195 l/s

 Vazão no treco D:

QD = 2.200 (m3/dia) / 86400 (s/dia) = 25,5 l/s

 Vazão no trecho C:

QC = QE + QD = 221 l/s

 Vazão no trecho B: nesse trecho, o consumo correspondente à rede estará


afetado somente pelo coeficiente relativo a variação diária. A vazão destinada a
indústria sendo constante deverá ser simplesmente adicionada.

QB = 104 (l/s) x 1,25 + 25,5 (l/s) = 150 l/s

 Vazão do trecho A: idêntica a do trecho B acrescida da parcela necessária para a


lavagem dos filtros.

QA – 0,04QA = QB
QA = QB/0,96 = 156 (l/s) / 0,96 = 162 l/s
4. Mananciais - Captação de Água Superficial e Subterrânea

4.1.a) Ciclo Hidrológico: precipitação, escoamento subterrâneo, escoamento


superficial e evaporação são os estágios do ciclo hidrológico.

escoamento ventos fonte


de
superficial nuvem transpiração
energia

precipitação
evaporação evaporação

escoamento rio
subterrâneo
oceano

- Da água precipitada, parte cai diretamente sobre as superfícies líquidas, parte


escoa pela superfície do solo até os rios, ou até os lagos e reservatórios ou até o
oceano; parte retorna imediatamente á atmosfera por evaporação das superfícies
líquidas, do terreno e das plantas e parte escoa no interior do solo.

- Uma fração da água que iniciou a infiltração retorna à superfície do solo por
capilaridade, por evaporação, ou é absorvida pelas raízes dos vegetais e após
transpirada. O remanescente da água infiltrada constitui a água subterrânea; parte
dela é descarregada à superfície da terra sobre forma de fontes.

- A água em escoamento nos cursos de água é conhecida como deflúvio (runoff) e


provém seja diretamente da precipitação por escoamento superficial seja
indiretamente (principalmente nas épocas de estiagem) de lagos e reservatórios e
de ressurgimento de água subterrânea.

- A evaporação e a precipitação são forças condutoras no ciclo hidrológico, com a


irradiação solar como a principal fonte de energia.

4.1.6) Classificação dos Mananciais de água: os mananciais ou fontes que fornecem


a água para o sistema de abastecimento são divididos em três categorias :

- atmosférico (precipitação)
- subterrâneo (infiltração)
- superficiais (escoamento superficial)

São decorrentes do ciclo hidrológico :

- Os mananciais atmosféricos são os mais puros do ponto de vista físico-químico e


bacteriológico, porém de difícil captação.
- Os subterrâneos são em geral de boa qualidade e relativa facilidade de obtenção.

- Os superficiais são os mais poluídos, entretanto, na nossa região são os mais


utilizados para abastecimento.

4.2.a) Mananciais Subterrâneos -~ são aqueles constituídos por águas que se


encontram no subsolo ocupado por seus interstícios, fendas, falhas ou canais
existentes nas diferentes camadas geológicas e em condições de escoar,
obedecendo os princípios da hidráulica. Minas nascentes e fontes são formas de
surgência natural da água subterrânea.

- Poços rasos ou profundos, tubulares ou escavados, drenos ou galerias filtrantes


são obras destinadas a permitir a retirada artificial da água subterrânea.

4.2.b) Águas Subterrâneas para Abastecimento Público: a água subterrânea


apresenta-se como notável recurso em muitos regiões onde existem condições
favoráveis para seu aproveitamento. Além disso, em certas áreas como o nordeste
brasileiro onde as águas de superfície podem, em determinadas épocas,
desaparecer quase totalmente, a água retirada de fraturas e folhas de rochas
compactas tem sido a única fonte de suprimento de pequenos núcleos
populacionais.
Um número considerável de cidades brasileiras consomem água obtida de poços,
principalmente do tipo tubular profundo (Lins; Catanduva; Ribeirão Preto - Estado de
São Paulo).

As vantagens do aproveitamento de água subterrânea pode ser resumidas nos


seguintes pontos :

1) qualidade, geralmente satisfatória, para fins potáveis;


2) relativa facilidade de obtenção;
3) possibilidade de localização de obras de captação nas proximidades das áreas de
consumo.

- Quanto à qualidade, as águas de lençóis subterrâneos apresentam geralmente


características físicas perfeitamente compatíveis com os padrões de potabilidade.
Devido à ação da filtração lenta através das camadas permeáveis, apresentam-se
com baixos teores de cor e turbidez, não sendo necessário, por isso, sofrer
processos de tratamento. Em zonas calcárias são mais alcalinas do que em zonas
graníticas.

- Devida a ação de filtração são também isentas de bactérias normalmente


encontradas em águas superficiais, a não ser que o lençol aproveitado esteja sendo
atingido por alguma fonte poluidora nas proximidades do ponto de captação.
- Sob o aspecto químico, entretanto, a água de certos aqüíferos pode conter sais
solúveis em maiores proporções e, por essa razão, chegar a ser imprópria para fins
potáveis. Também a dureza poderá ser elevada em alguns casos e, assim, exigir
um tratamento especial de abrandamento ainda que, para fins potáveis, ela não
seja prejudicial.

- A relativa facilidade de captação e a possibilidade de localização das obras nas


proximidades dos centros de consumo, concorrem para uma substancial economia
no custo da instalação de sistemas de abastecimento.

4.2.c) Tipos de Aqüíferos e de Poços: são dois os tipos de aqüíferos :

l) Aqüífero freático: aquele em que a água nele contida encontra-se confinada por
camadas impermeáveis e sujeita a uma pressão atmosférica.

2) Aqüífero Artesiano: aquele em que a água nele contida encontra-se confinada por
camadas impermeáveis e sujeita a uma pressão maior que a pressão atmosférica.

- Poço Freático: um poço perfurado em um aqüífero freático terá o nível de água em


seu interior coincidente com o nível do lençol. Portanto, um poço freático é aquele
que tem o nível de água no seu interior coincidindo com o nível do lençol.

- Poço Artesiano: é aquele em que o nível de água em seu interior subirá acima da
camada aqüífera. Poderá, às vezes, atingir a boca do poço e produzir uma
descarga contínua. Neste caso particular, o poço artesiano denomina-se jorrante ou
surgente.

- A alimentação dos aqüíferos freáticos ocorre geralmente ao longo do próprio


lençol, ao passo que, nos aqüíferos artesianos, ela se verifica somente no
contato da formação com a superfície, podendo ocorrer a uma distância
considerável do local do poço. As condições climáticas ou o regime hidráulico
observados na área de perfuração do poço, nesse caso, pouco ou nada influirão
na produção do poço.

Linha piezométrica do aqüífero artesiano


Poço artesiano jorrante
Poço freático Poço artesiano

Aqüífero freático

Recarga do
aqüífero
freático

Aqüífero
artesiano
4.2.d) Tipos de Captação

Obras de captação é um conjunto de estruturas e dispositivos destinados a permitir


a retirada artificial da água subterrânea nas camadas em que se encontram.
Vários são os tipos de captação de águas subterrâneas. A escolha desse tipo
depende, entre outros fatores, da forma e surgência da água, da profundidade do
lençol subterrâneo.

1) Caixa de Tomada: é um dispositivo destinado tanto a proteger a fonte de encosta


como facilitar a tomada d’ água.
Se o afloramento da água ocorrer em um só ponto, a caixa de tomada poderá ter
dimensões mínimas suficiente apenas para permitir o acesso de um homem a seu
interior, para efeito de inspeção.
A caixa de tomada pode ser de concreto ou alvenaria provida de uma abertura de
inspeção com tampa, e de degraus e acesso feitos com barras de ferro.
No interior da caixa, além de crivo, através do qual a água tem acesso à adutora,
instalam-se um extravasor e uma tubulação de descarga com registro situado ao
nível do fundo.

Vala de proteção Inspeção

extravasor
crivo
Adutora

Descarga

Há também caixa de tomada com dois compartimentos, o primeiro para reter a areia
presente, desde que a água possua areia em suspensão.

2) Galerias Filtrantes: constituem um meio para captação do lençol freático inclusive


água de infiltração de rios.
Para fazer uma galeria, abre-se uma vala no terreno, a fim de ser instalada uma
tubulação provida de orifícios, ou cujos tubos deixem entre si pequenos
afastamentos, destinados à passagem da água.
A água captada é conduzida para uma caixa de tomada para dai ser aduzida por
gravidade .
A galeria pode ser alimentada de um só lado, como ocorre quando utilizada nas
fontes de encosta com vários pontos de afloramento ou dos dois lados, nas fontes
de fundo de vale.
argila

0,20 m areia
0,20 m seixos 1,5 a 2 mm
0,20 m seixos 5 a 7 mm

seixos 12 a 15 mm

alimentação

A galeria é utilizada na captação de água de infiltração: quando a margem do rio é


arenosa, em condições de promover um tratamento natural da água.
A captação direta do rio, em substituição à galeria, teria a inconveniência de impor o
tratamento da água.
Com o decorrer do tempo vai se processando á colmatação das camadas filtrantes
situados entre o rio e a galeria quando a turbidez é elevada, a ponto de, em certos
casos, reduzir muito a descarga. Por isso, não são raros os exemplos de galerias
abandonadas por decréscimo de produção.

- A galeria é utilizada na captação de lençol freático quando este é de pequena


espessura e fica situado a pequena profundidade.

3) Drenos: representa uma modalidade; de captação da água de lençóis afloram em


vários pontos de terreno no fundo dos vales
Os drenos são feitos de tubulações, geralmente manilhas cerâmica providas de
orifícios, através dos quais a água tem livre passagem. Tais orifícios podem ser
substituídos ou complementados por afastamentos deixados entre os tubos.
Dependendo da topografia local, as tubulações que constituem os drenos
apresentam-se paralelas entre si, em formas de grelha ou de espinhas de peixe, ou
convergem para um só ponto (poço coletor). São instalados em valas de pequena
profundidade, onde são envolvidas por camada de cascalho.
Em todos os casos a água é conduzida para um poço coletor de onde geralmente,
sofre recalque.

Traçado em Paralelo Traçado em Grelha

Poço Poço

Traçado em Espinha de Peixe Traçado Radial


Poço Poço

4) Poços Escavados: são utilizados na captação de lençóis freáticos, por terem


pequena profundidade, que raramente ultrapassa 20m. São também conhecidos por
poços rasos.
Existem diversos tipos de poços rasos, dos mais simples aos mais complexos de
características que dependem sobretudo da vazão desejada, da profundidade e da
capacidade do lençol freático e da natureza das camadas do terreno:

- Poço Raso Comum: é utilizado em pequenos sistemas de abastecimento. Consiste


de um buraco escavado no terreno, de forma cilíndrica com diâmetro de um a três
metros de profundidade definida pela posição do lençol freático.
Geralmente os poços recebem um revestimento para dar sustentação ás suas
paredes, o qual é feito na maioria das vezes com alvenaria de pedra seca ou com
tubulões pré-moldados de concreto, providos de orifícios que permitem a passagem
da água.

Mínimo = 3 m NA
Alvenaria de Pedra
Impermeabilizada

Alvenaria de Pedra Seca Lençol Freático


Válvula de pé
com crivo

- Poço Amazonas: são usados em muitas áreas do vale amazônico ,


nas proximidades do grande rio, onde se situam as cidades ribeirinhas, onde é
impraticável a instalação de um poço raso comum. Isso, é em decorrência da
camada de areia muita fina que se torna movediça quando molhada, pela subida do
nível do lençol freático nas épocas de enchente.
O poço Amazonas é constituído de seções pré-fabricadas e depois instaladas no
local.

5) Poços Perfurados: são aqueles para cuja abertura se impõe o emprego de


maquinaria especial. São empregados para o aproveitamento de lençóis artesianos
e freáticos, estes quando de profundidade relativamente grande.
Verifica-se cinco etapas na construção de um poço:

a) Perfuração: são diversos os métodos de perfuração de poços, que podem ser


agrupados em métodos de percussão e métodos hidráulicos rotativos.
· Nos métodos de percussão utilizam-se algumas ferramentas acopladas entre si, as
quais, após serem elevadas por um cabo de aço movido por uma máquina especial,
são liberadas bruscamente para atingir o terreno que, sob impactos sucessivos
sendo perfurado por esmagamento através do trépano.
· Nos métodos hidráulicos rotativos, mais indicados para formação não-consolidada,
a perfuração é feita através de uma haste acoplada inferiormente a uma broca.

b) Revestimento: feito com tubulação, é utilizado em formação não consolidada para


impedir o desmoronamento das paredes do poço. Quando se utiliza o método de
percussão, o revestimento é instalado á medida que a perfuração vai se
processando.
Nos métodos hidráulicos rotativos, o revestimento é feito após concluída a
perfuração, pois; enquanto esta se processa, é a lama que evita o desmoronamento
do poço.
O revestimento ainda tem a finalidade de impedir a penetração de água indesejável
no interior do poço e ou a perda de água do poço por infiltração nas camadas do
subsolo.

c) Instalação do Filtro: os filtros são dispositivos instalados nas formações aqüíferas


não consolidadas formando conjunto com o tubo de revestimento. São providos de
aberturas que permitem o acesso da água para o interior do poço. Tais aberturas
devem possuir dimensões que impeçam a passagem de areia fina, que é indesejável
para o bom funcionamento da maioria dos conjuntos elevatórios utilizados.
Os filtros devem ter características que tornem pequena a perda de carga resultante
da passagem da água para o interior do poço.

d) Cimentação: consiste no lançamento de uma pasta de cimento no espaço anular


que envolve o tubo de revestimento, com vista principalmente à proteção sanitária
da água do poço.

e) Desenvolvimento: trata-se da última etapa de construção, que consiste na


provocação de fluxos de água de dentro para fora e vice-versa, objetivando dar-lhe o
máximo de rendimento ou, em outras palavras, a máxima vazão específica. O
desenvolvimento é geralmente feito quando a aqüífero existe em rocha não
consolidada possuidora de percentagem limitada de areia fina.
Com o desenvolvimento objetiva-se, também, remover a lama utilizada na
perfuração pelo processo hidráulico rotativo, lama essa que colmata as paredes do
poço. Quando usado o método de percussão, em que os golpes do trépano alteram
as características da formação, nas imediações do poço, tornando-a menos
permeável à passagem da água, o desenvolvimento ainda concorre para desfazer
esse trabalho negativo.

4.3.a) Mananciais Superficiais: são aqueles encontrados na superfície da terra,


formados, de acordo com o ciclo hidrológico, pela parcela de água de precipitação
que escorre superficialmente, sendo também alimentados por água de infiltração,
quando estas jorram nas depressões do terreno. Rios, córregos ou riachos, lagos,
barragens, marés são mananciais superficiais.
4.3.b) Águas superficiais para abastecimento: para abastecimento público, a água
superficial é a mais utilizada. Entretanto, é a mais sujeita a poluição e contaminação
alterando a qualidade.
A qualidade da água só pode ser suficientemente conhecida, através de uma série
de exames e análises abrangendo as diversas estações do ano. Para melhor
apreciação de uma água, torna-se necessário e conveniente que os exames e
análises sejam completados e mesmo orientados, em certos casos, por meio de
inspeções sanitárias o que permite constatar e localizar eventuais focos de poluição.
Para a proteção da qualidade devem ser adotadas providências tais como:
- Drenagem da área pantanosa
- Não admitir em princípio, localização de indústrias, de clubes, bem como de
disposição final de esgotos ou de efluentes de estações de tratamento de esgotos a
montante e nas proximidades da tomada de água.
- Levantamento sanitário periódico das águas, bem como dos contribuintes,
incluindo o controle de sua qualidade.
De uma maneira geral, as características das águas superficiais dependem da área,
geologia e topografia da bacia hidrográfica, como também das condições
atmosféricas e atividades humanas na mesma bacia.
Nos rios e riachos, a variação das características da água é mais freqüente que nos
lagos e lagoas.

Alguns cursos de água que se deslocam em leitos rochosos ou arenosos possuem


água límpida. Em muitos rios, como o caudaloso São Francisco, a água apresenta-
se turva nos períodos de enchentes, devido a erosão do leito ainda não definido.

É variável o teor de substâncias dissolvidas nos rios e riachos. Estes, quando tem
origem em zonas pantanosas possuem cor acentuada, em virtude da matéria
orgânica em decomposição, resultante da vegetação morta. Se a água lava terrenos
calcários, a dureza torna-se elevada.

Não raras vezes, o tratamento só pode ficar definido através de análises periódicas,
como em se tratando de rios cujo grau de turbidez é função das estações,
acentuando-se nos períodos chuvosos, como ocorre com o rio São Francisco.

4.3.c) Elementos intervenientes no processo de formação de mananciais


superficiais:

1) Bacia Hidrográfica: relativa a uma seção de um curso de água ou a um lago, é a


área geográfica, na qual as águas precipitadas que escoam superficialmente, afluem
à seção em consideração (ha ou Km2).

2) Grandezas Características de uma Precipitação:

- Altura Pluviométrica (I): quantidade de água precipitada por unidade de área


horizontal, medida pela altura que a água atingiria se mantivesse no local sem se
evaporar, escoar ou infiltrar. A altura pluviométrica é geralmente medida em mm.

- Duração (t): intervalo de tempo decorrido entre o instante em que se iniciou a


precipitação e o instante em que ela cessou; medida geralmente em minutos.
- Intensidade (i): é a velocidade de precipitação, pode ser medida em mm/minuto,
mm/hora ou l/seg . ha.

- Freqüência: número de ocorrências de uma dada precipitação (I, t), no decorrer de


um intervalo de tempo fixado. A freqüência de uma precipitação pode também ser
definida pelo período de ocorrência - intervalo de tempo em que uma dada
precipitação (I, t) pode ser igualada ou ultrapassada ao menos uma vez.

- Evaporação: na superfície das águas (quantidade de água evaporada por unidade


de superfície horizontal - mm); nas plantas e animais (transpiração); intensidade de
evaporação (velocidade com que ocorre mm/h ou mm/dia).

- Outros fatores: umidade relativa do ar (relação entre a quantidade de vapor de


água presente e a de saturação, %); temperatura; ventos; irradiação solar (calor
radiante); conformação e recobrimento da bacia, solo, etc.

4.3.d) Características Hidráulicas dos Mananciais Superficiais:


l ) Vazões deflúvios ou descargas, em uma seção de um curso de água, são os
volumes de água que atravessam a seção durante a unidade de tempo (m 3/s; l/s;
etc.):

- vazões normais ou ordinárias;


- vazões de inundações ou de enchentes;
- contribuição unitária: é a quantidade de divisão da descarga pela área da bacia
hidrográfica (m3/s.ha).

2) Freqüência de uma descarga, em uma seção de um curso de água é o número de


ocorrências da mesma no decorrer de um intervalo de tempo fixado.

3) Bacia Hidrográfica.

4) Coeficiente de escoamento superficial ou de deflúvio (C), relativo a uma seção de


um curso de água: relação entre a quantidade de água total escoada pela seção e a
quantidade total de água precipitada na bacia de contribuição da seção considerada.
O coeficiente pode se referir à uma dada precipitação ou a todas as precipitações
ocorridas em um fixado intervalo de tempo (mês, estação, ano).

5) Tempo de concentração: tempo necessário para que, a partir do início de uma


chuva, toda a bacia passe a contribuir na seção em estudo.

6) Outros fatores: seção de escoamento; raio hidráulico (Pmolhado / Amolhada),


Velocidade de escoamento e sua distribuição; declividade; perda de carga; equação
da linha de água: curvas de remanso de abaixamento e de elevação.

4.3.e) Estudo das Vazões: um manancial poderá ser utilizado para abastecer uma
cidade se tiver condições de atender com segurança ao consumo total de água
estimado para a população limite de projeto. Daí a necessidade de medições de
vazão.
As medições de vazão só conduzem a resultados significativos e merecedores de
confiança, se efetuadas em grande número durante dilatado período de tempo, o
suficiente para permitir o registro, inclusive de valores máximos e mínimos que
geralmente muito se distanciam em tempo e grandeza.

. Dentre os processos expeditos utiliza-se:

- Medidor por Vertedores: são geralmente de seção retangular ou triangular. São


utilizados para a medição da vazão em rios (retangulares) e riachos (retangulares e
triangulares). Os vertedores de seção retangular comportam a passagem de grande
volume de água.

L
90 º

- Para o vertedor de seção triangular a vazão pode ser determinada pela fórmula de
Thompson:

Q = 1,4 . H5/2

Onde:
Q = m3/s
H = carga em m (altura da lâmina d' água)

- Para o vertedor de seção retangular a vazão pode ser determinada pela fórmula de
Francis:
Q = 1,838 . L . H3/2

Onde:
Q = m3/s
L = largura em m
H = carga em m

- Processo empírico: no processo empírico utiliza-se a fórmula universal :

Q=CIA

Onde :
Q = vazão (m3 /s)
C = coeficiente de escoamento superficial
I = altura da chuva (m)
A = área da bacia hidrográfica (m2)

O coeficiente C pode ser obtido experimentalmente através da divisão da quantidade


de água que escoa na seção estudada pela quantidade de água precipitada na
respectiva bacia, durante um certo período de tempo, como um mês ou um ano.
Pode-se também adotar C de outra bacia semelhante.
Algumas fórmulas também permitem o cálculo de C, entre elas destaca-se a de
Francisco Aguiar :

C = (H2 – 400H + 230.000U) / 55.000

Onde :
C = escoamento superficial
H = altura anual de chuva
U = coeficiente de rendimento da bacia, conforme suas características.

· Para H > 1000 mm, a fórmula de Francisco Aguiar tem o aspecto :


C = (28,53H - 112,95H2 + 351H3 - 118,74H4) x U

Rio

Bacia Hidrográfica

4.3.f) Tipos de Captação: entende-se por obras de captação, o conjunto de


estruturas e dispositivos construídos ou montados junto a um manancial, para a
tomada de água destinada ao sistema de abastecimento. Os mananciais de
superfície são os rios, córregos, lagos e reservatórios artificialmente formados.

As obras de captação devem ser projetadas e construídas de forma que em


qualquer época do ano sejam asseguradas condições de fácil entrada água e, tanto
quanto possível de melhor qualidade encontrada no manancial em consideração.
Deve-se ter sempre em vista, ao desenvolver um projeto, facilidade de operação e
manutenção ao longo do tempo.

1) Captação Direta: é empregada normalmente em cursos de águas perenes,


volumosos, sujeitos a pequena variação de nível, boa profundidade.
Em se tratando de leito sujeito a erosão, recomenda-se, como obra complementar à
simples tomada, um muro de sustentação a margem do rio o qual pode ser de
alvenaria de pedra, ou o revestimento de um trecho dessa mesma margem.
NA mín
Casa de Bombas

Captação Direta e Simples Válvula de Pé com Crivo

Captação Direta com Muro de Sustentação

Válvula de pé
NA mín com crivo Casa de Bomba

2) Canal de Derivação: o canal de derivação é o desvio parcial das águas de um rio


a fim de facilitar a tomada.
Na entrada do canal geralmente é instalada uma grade para reter o material
grosseiro em suspensão.
Quando o canal de derivação é empregado na captação de água com elevado teor
de material em suspensão, este pode ser provido de uma caixa de areia.
A caixa de areia é dimensionada para remover as partículas em suspensão que vão
ter acesso à adutora, por serem prejudiciais sobretudo às bombas, causando-lhes
vida curta pelo desgaste.

Tubo de Sucção
C’

Caixa de Areia b
a’ Q a’

Rio
Muro de Sustentação Comporta de Grade

b
C NA NA

H
depósito

b L

- Conhecendo-se: A vazão Q na caixa de areia e atribuindo-se um valor a velocidade


V, o comprimento fica definido pela relação:

C=VxH; V<0,3m/s v

Onde:
v = velocidade de sedimentação das partículas
H = valor atribuído á altura da caixa

Geralmente procura-se remover partículas com diâmetro igual ou maior que 0,2
mm.
A velocidade de sedimentação das partículas de areia é de 2,5 cm/s, para o
diâmetro de 0,2 mm.

- Outra maneira

v - velocidade de sedimentação da areia (2,5 cm/s)


V - a velocidade de escoamento horizontal da água na caixa
H – altura da lâmina d' água
C - comprimento teórico da caixa
L - largura da caixa
S - seção de escoamento (S = L x H)
A - seção horizontal da caixa (L x C)
Q – vazão de escoamento (Q = S x V)

Temos :

V=Q/ S; Q = L x H x V; C = V x t; H=vxt
H= Q / L x V

H=vxt H=CxVxv

Adota-se um coeficiente de segurança de 1,5 ou seja:

C = V x H x l,5

3) Canal de Regularização: há riachos de pequena largura que correm em leito de


terra e que apresenta durante o período de estiagem uma lâmina de água de altura
reduzida.
Para o aproveitamento desses cursos de água, pode-se empregar um canal de
regularização. Sua finalidade é uniformizar o leito numa determinada extensão do
curso d'água, através de um revestimento de alvenaria de pedra ou concreto,
permitindo assim, que se lance mão de um recurso para elevar o nível d' água.

Válvula de pé
Canal com crivo

Córrego

Enrocamento

Tubo de Sucção de Bombas

4) Torre de tomada: é uma modalidade de captação utilizada geralmente em


mananciais de superfície sujeitos a grande variação de nível e nos quais a qualidade
da água varia com a profundidade.
Em decorrência da grande flutuação do nível d'água nos reservatórios de
regularização, também neles se utiliza a torre de tomada.

NA
máx

NA mín

Como nos lagos a água de melhor qualidade se encontra afastada das


margens, a sua captação, em certos casos, torna-se mais indicada também com o
emprego da torre de tomada, sobretudo quando o nível d' água sofre flutuações
ponderáveis.
A torre de tomada fica sempre envolvida pela água. O nível desta
internamente acompanha as flutuações do nível externo.
A torre é provida de várias tomadas, no mínimo duas, situadas em níveis
distintos. Fica aberta a mais próxima da superfície, a fim de dar acesso à água de
melhor qualidade.
A entrada da água no interior da torre através de cada tomada é permitida ou
interrompida através de uma válvula (registro) ou comporta, comandada por um
volante ou pedestal situado no piso superior. Neste também podem ficar instalados
os conjuntos elevatórios.

5) Poço de Derivação: é uma torre de tomada situada à margem do curso d' água.
Seu emprego é mais indicado quando essa margem se prolonga no interior
do rio com declividade acentuada.

Casa de Bombas

recalque NA máx
NA méd

NA mín

6) Poço Seco: é utilizado em margens de rios, lagos e barragens com pouca


variação de nível e de pouca profundidade. Não se deve confundir o poço de
derivação (poço molhado) com o poço seco. No interior deste, onde ficam instalados
os conjuntos moto-bomba, a água não tem acesso.

registro

NA máx
recalque
válvula de pé com crivo

registro
Bombas

7) Barragem de Nível: elemento estrutural construído em um curso de água


transversalmente à direção de escoamento de suas águas e destinada a criação de
um reservatório artificial que poderá atender a uma ou várias finalidades.
A barragem de nível é o tipo de captação mais generalizado para o aproveitamento
de pequenos cursos de água, sobretudo quando o seu suprimento é feito por
gravidade e o leito se apresenta rochoso no local em que s mesma barragem vai ser
implantada.
A barragem de nível só deve ser utilizada quando a vazão mínima do curso d'água
supera a demanda média do dia de consumo máximo. É uma das soluções de que
se lança mão, quando a captação direta não pode ser utilizada, pelo simples fato de
o riacho apresentar uma lâmina d' água de pequena altura incapaz de comportar o
crivo com a devida folga nos períodos de vazão mínima. A finalidade, pois da
barragem é elevar o nível d'água no local da captação, permitindo assim uma lâmina
de altura satisfatória acima do crivo.

- Com a barragem, consegue-se uma sedimentação das partículas suspensas, em


decorrência do represamento da água que sem dúvida melhora em qualidade.
- Em casos excepcionais, a barragem de nível é de grande altura para permitir
adução por gravidade e ou evitar que a linha piezométrica corte o terreno.

a) Efeito do represamento sobre a qualidade da água

- Favoráveis :
* Diminuição da turbidez, devido à sedimentação da matéria em suspensão;
* Redução da cor, devido a ação da luz solar e a ação química da coagulação,
seguida de sedimentação das partículas;
* Redução na contagem de microorganismos patogênicos , devido a condição
desfavorável a sua vida no lago;

- Desfavoráveis:

* Decomposição da matéria orgânica depositada no fundo, reduzindo o teor de


oxigênio dissolvido (ação sobre a vida de organismos superiores) e elevando o teor
de gás carbônico (causador de corrosão em estruturas e canalizações metálicas).
* A elevação do teor de gás carbônico favorece a dissolução do ferro, do manganês,
do cálcio e do magnésio, elevando neste caso, a dureza;
* Desenvolvimento de microorganismos que podem alterar as características
organoléticas da água, e interferir em seu tratamento prejudicando, por exemplo a
filtração.

d) Dimensionamento: em geral as barragens são construídas com perfil trapezoidal


ou Creager.

- Perfil Trapezoidal - considerando-se a barragem com seção trapezoidal:


w1 - peso específico do material
w - peso específico do líquido
b - largura do coroamento
H - altura máxima da água
h - altura do vertedor

b L
f
h f

h
> 2,5 D > 2,5 D
H H1
D D
y
y

H=Hl+h
Hl = Y + D + 2,5D (mínimo)
Onde:
Y - afastamento do tubo de tomada do leito do rio > 1 m
D - diâmetro do tubo de tomada
Q - vazão média do dia de consumo

D = (4Q / p V) 1/ 2 Para: V = 1 m/s

Q = Kl x q x P / 86400 (l/s)
Q = vazão média do dia de consumo máximo

Roteiro de Cálculo:

1 ) Determina-se Qmáxenchente:

Qmáxenchente = 1150 x S / [(EZ)1/ 2 (120 + KEZ) (Fórmula de Aguiar para o NE)

Bacia Hidráulica

rio
rio
E = linha de fundo rio
da bacia
rio

Bacia Hidrográfica

Onde :

S - área da bacia hidrográfica, em km2


E - linha de fundo da bacia, em km (igual ao comprimento do riacho, da seção à
nascente)
K e Z - coeficientes da bacia hidrográfica (varia de acordo com as características da
bacia)

2) Estima-se o valor de L em função da seção do rio (boqueirão)

3) Calcula-se h - para vertedor retangular de parede espessa


Q = 1,71 x L x h3/ 2
Q = Qmáxenchente

4) Calcula-se b - para barragem de concreto simples (w = 1000 kgf/m3) e (w1 = 2250


kgf/m3)

h = b [(w1 – w) / w]1/ 2
h = 1,19b
b = h/1,19

5) Calcula-se B:

B = {-w1b + [(w1 b)2 + 4(w1 – w) (wH2 + w1 b2)]} / {2 (w1 – w)}

- Para concretos simples:

B = - 0,86 b + (2,45 b2 + 0,71 H2)1/ 2

Sendo H = H1 + h

· Deve-se prever uma pequena folga para a altura do muro de proteção, em torno de
15% de h.

- Perfil Creager - muda apenas o tipo de perfil da seção transversal da barragem. O


comportamento hidráulico (menor turbulência) deste perfil é melhor que o
trapezoidal, sendo maior o seu custo construtivo.
'Para o vertedor Creager:

Q = 2,22 L h3/ 2 = (Qmáx enchente)

4.3.g) Escolha do manancial - após fixadas as necessidades de vazão, através do


estudo da população e da percentagem a ser abastecida, passa-se a estudar
possíveis mananciais.
Quando a região onde está sendo implantado o sistema oferece condições
para a exploração do lençol profundo, e os mananciais de superfície são
inadequados pela má qualidade ou pequena quantidade de água, a solução mais
econômica torna-se evidente.
Analogamente evidencia-se a solução mais econômica quando os mananciais
de superfície são satisfatórios, e não há possibilidade de aproveitamento do lençol
profundo.
Há necessidade de uma comparação entre as duas soluções, quando
tecnicamente ambas forem viáveis.
Para aproveitamento do lençol profundo, deve-se conhecer as características
geológicas da região e fazer ensaios de bombeamento.
Uma vistoria detalhada na região deve ser efetuada. Moradores no local
podem auxiliar o Engenheiro, indicando os cursos de água, quando estes não estão
registrados nos mapas. Em se tratando de pequenos cursos d'água, normalmente
não há registros de vazão.
Quando a vazão necessária for pequena, o Engenheiro poderá verificar
facilmente se o manancial tem ou não capacidade para atender a demanda. Um
sistema de medição volumétrico, ou através de vertedores de madeira, permitirá
após alguns meses, avaliar a capacidade do manancial. Um estudo das variações
de nível de água deve ser feito para orientar no projeto de captação.
Face ao número de mananciais adequados disponíveis, pode-se tornar
necessário um estudo mais detalhado para selecionar aquele que oferece melhores
condições técnicas e econômicas.

Alguns parâmetros utilizados na comparação entre as alternativas são:


- Vazões disponíveis;
- Níveis d'água;
- Diferença de cota entre o manancial e o centro de consumo;
- Distância até o centro de consumo;
- Facilidade de acesso;
- Traçado mais fácil da canalização de adução;
- Condições do terreno da fundação;
- Energia elétrica próxima;
- Custos do terreno
- Qualidade das águas;
- Condições da bacia hidrográfica contribuinte, tendo em vista os tipos de captação e
proteção contra poluição.

Muitas vezes uma simples análise qualitativa permite a escolha do manancial.


Outras vezes consegue-se selecionar o manancial, mas o local onde será construída
a tomada exige um estudo mais detalhado, comparando-se os custos das possíveis
alternativas.
.
1 ) Local de Captação:

No estudo de um manancial para fornecer água potável a uma cidade, impõe-


se a escolha do local de captação, justamente aquele que proporciona a solução
mais conveniente.
Essa tarefa é relativamente fácil, em certos casos, e trabalhosa, em outros.
Nos casos mais complexos ,fazem-se indispensáveis, para os prováveis locais de
aproveitamento dos mananciais em cotejo, análises de água, medições de descarga,
dados pluviométricos, pesquisas geológicas, levantamentos topográficos, etc.
As análises físicas, químicas e bacteriológicas, em complementação às
investigações de campo, indicam a necessidade ou não de tratamento e, se for o
caso, a modalidade deste.
Não rara às vezes, o tratamento só pode ficar definido através de análises
periódicas, como em se tratando de rios cujo grau de turbidez é função das
estações, acentuando-se nos períodos chuvosos, como ocorre com o rio São
Francisco.
1.a) Local de captação da água de fonte:
As águas das fontes de encostas são geralmente aproveitadas no local de
afloramento, uma vez que nele, via de regra, além de possuírem melhores
características, cota mais elevada e maior volume, podem ser protegidas de modo
mais fácil que em qualquer ponto a jusante.
A água quando é captada no ponto de afloramento, pode dispensar qualquer
tratamento, desde que seja potável. Todavia, se for captada ajusante, o tratamento
impõe-se pelo menos como medida de segurança, j á que, ao se escoar pelo
terreno, essa mesma água fica sujeita ao perigo potencial de poluição.
Ao afastar-se do ponto de afloramento, a água das fontes vai escassando
gradativamente, em conseqüência da infiltração no terreno e da evaporação embora
essas perdas nem sempre sejam acentuadas.
Se o afastamento da captação ultrapassar determinado limite, então 0
suprimento forçosamente será feito por recalque, o que representa uma
desvantagem para o abastecimento.
No ponto de afloramento, com uma simples caixa de tomada e o isolamento
de uma pequena área de terreno, consegue-se proteger a água entra eventual
poluição, o que já não é possível a jusante.
l.b) Local de captação de um curso d'água:

Para aproveitamento dos cursos d'água, as apreciações sobre o ponto de


captação diferem em função, sobretudo, da grandeza da descarga.
Quando uma comunidade se encontra próxima do mar, justamente na
desembocadura de um curso d'água, o aproveitamento deste, seja qual for o seu
volume, para abastecê-la, só poderá ser feito bem a montante, onde a ação da maré
não se faça mais sentir no que se refere à presença da salinidade.
Freqüentemente, os cursos de água no ponto de captação, acham-se
localizados em cota inferior à cidade; por isso, as obras de tomada estão quase
sempre associadas às instalações de bombeamento.
Qualquer projeto de captação deverá ser precedido de uma criteriosa inspeção
local, para exame visual prévio das possibilidades de implantação de obras na área
escolhida.
Na falta de dados hidrológicos, devem ser investigados, cuidadosamente,
nessa ocasião, todos os elementos que digam respeito às oscilações do nível de
água entre períodos de estiagem ou de cheia e por ocasião das precipitações
torrenciais, apoiando-se em informações de pessoas conhecedoras da região.
Quando não se conhecem os dados sobre as vazões médias e mínimas do rio,
torna-se necessário a programação de um trabalho de medições diretas.
Deverá ser investigado, também, na inspeção local, se não existem nas
proximidades possíveis focos de contaminação e, igualmente se a geologia ou a
natureza do solo na região atravessada pelo rio favorece a presença de areia em
suspensão na água. Serão colhidas amostras da água para exames de laboratório,
completando os que já tinham sido realizados.
A escolha preliminar do tipo de tomada poderá resultar dessa inspeção de
reconhecimento com base nas informações que foram colhidas.
As obras de captação de um rio deverão ser implantadas de preferência em
trechos retilíneos do mesmo ou, quando em curva, junto à sua curvatura externa
(margem côncava), onde as velocidades da água são maiores. Evitam-se, assim, os
bancos de areia que poderiam obstruir as entradas de água. Nessa margem
côncava as profundidades são sempre maiores e poderão oferecer melhor
submersão da entrada da água.
É importante estabelecer, com bastante cuidado, as cotas altimétricas de todas
as partes constitutivas das obras de captação, não perdendo de vista que: deverá
haver entrada permanente de água para o sistema mesmo nas maiores estiagens;
os conjuntos moto-bomba deverão ficar sempre ao abrigo das maiores enchentes
previstas; a distância entre a bomba e o nível de água mínimo previsto no rio, não
deverá ultrapassar a capacidade de sucção do equipamento para as condições
locais.

1.c) Local de captação das águas de infiltração dos rios:

Quando a captação de um manancial de superfície implica no emprego de


filtração rápida, justifica-se, em certos casos, a tentativa de aproveitamento da água
depois de infiltrada no terreno, para que se faz uso de poços rasos ou galerias,
visando-se à economia do abastecimento de água, com a dispensa de tratamento.
O local para escavação dos poços ou construção das galerias, fica a depender,
sobretudo, das características das primeiras camadas do solo, que são ideais
quando se trata de areia grossa ou de areia misturada com pedregulho, devido ao
elevado grau de permeabilidade desses materiais.
1.d) Local de captação dos lençóis subterrâneos:

A escolha do local de captação de um lençol subterrâneo fica condicionada à


comprovação da existência desse mesmo lençol, para o que se lança mão da
prospecção geofísica e da orientação geológica, esta apenas para os lençóis
freáticos.

Para facilitar a localização da água subterrânea, recomenda-se observar :

- As condições superficiais do solo, pois podem sugerir locais com maior


possibilidade para o encontro do lençol freático;
- Os vales, pois a maioria deles possuem água subterrânea;
- Quanto mais baixo for o ponto escolhido para abertura de um poço, maiores serão
as possibilidades de ser encontrada água subterrânea;
- No aproveitamento de um lençol freático, a vazão de que é capaz um poço é tanto
maior quanto mais próximo do seu fundo estiver a camada impermeável.

4. Reservatório de Acumulação e Barragens

a) Finalidade - reservatório de acumulação é um lago artificial criado em um curso


de água com a construção de uma barragem, com a finalidade de represar a água
para resolver um ou diversos problemas de engenharia hidráulica ou sanitária:
abastecimento de água para cidades ou indústrias, aproveitamento hidrelétrico,
irrigação, controle de enchentes, regularização de curso d' água, navegação, etc.
O reservatório de acumulação é um elemento regularizador entre as vazões
disponíveis a montante e as vazões 'permissíveis a jusante. Tem portanto, a
finalidade de deter nos períodos chuvosos o excesso de água para liberar quando a
vazão do curso d' água se torna incapaz de atender à demanda.

b) Efeitos do represamento sobre a qualidade da água:


A retenção da água no reservatório influi na qualidade da água.

Alguns fatores favoráveis são:

- diminuição da turbidez, devido à sedimentação de matéria suspensa;


- redução da cor, devido à ação da luz solar e à ação química da coagulação,
seguida de sedimentação das partículas;
- redução na contagem de microorganismos patogênicos, devido a condições
desfavoráveis a sua vida no lago;

Há, também efeitos desfavoráveis a considerar :

- decomposição da matéria orgânica depositada no fundo, reduzindo 0 teor de


oxigênio dissolvido e elevando o teor de gás carbônico (causador de corrosão em
estruturas e canalizações metálicas);
- a elevação do teor de gás carbônico favorece à dissolução do ferro, do manganês,
do cálcio e do magnésio e levando, neste caso, a dureza;
- desenvolvimento de microorganismos que podem alterar as características
organoléticas da água, e interferir em seu tratamento prejudicando, por exemplo, a
filtração.

Na estação chuvosa há um aumento da turbidez, provocada pela erosão, e da


cor, devido à dissolução de substâncias orgânicas. Na estiagem, quando predomina
a contribuição do lençol subterrâneo, há um aumento da concentração de
substâncias minerais dissolvidas.
A água de um reservatório de regularização possui um teor de sal superior ao
do respectivo curso d'água, pelo fato de que o líquido evaporado na bacia hidráulica
deixa na mesma os sais de que era possuidor.

c) Escolha do local para a construção do reservatório de acumulação:

A escolha do local para a construção de um reservatório de acumulação que


deva ser utilizado para o abastecimento d'água de uma cidade, depende de muitos
fatores:

- em primeiro lugar, há que se considerar a existência de locais que se prestam à


construção da barragem;
- qualidade da água, tendo em vista o grau de tratamento necessário. A existência
de problemas devido gosto, odor, cor e teores elevados de ferro, manganês e gás
carbônico;
- distância e cota em relação á cidade. A distância, estando relacionada com o custo
da adutora, e a cota, com o seu dimensionamento, em caso de adução por
gravidade ou com custo do sistema de recalque, em caso contrário;
- vazões do curso de água. É necessário ter-se conta das vazões do curso de água,
das vazões necessárias ao abastecimento de água e das que deverão ser
preservadas para atender ás solicitações à jusante;
- facilidade para a execução de obras. Atenção deve ser dada à existência de fácil
acesso ao local, ás condições que facilitam a construção das obras de captação,
recalque e adução, ás características dos solos, principalmente com referência a
capacidade de carga, a disponibilidade de materiais de construção e de mão-de-
obra, etc.;
- custo das obras. Qualquer obra de abastecimento de água deve ter sua escolha
orientada pelo critério : entre todas as soluções possíveis que possam atender aos
requisitos sanitários e higiênicos exigidos pela obra de engenharia sanitária, deve-se
escolher a de menor custo;
- poluição do curso de água. Durante a inspeção preliminar, deve ser pesquisada a
presença de agentes poluidores ou de condições que contribuam para a poluição
das águas : indústrias; características do solo, vilas, cidades ou outros pequenos
aglomerados, propriedades rurais (estábulos, pocilgas, cocheiras, galinheiros).

Do ponto de vista da quantidade da água podem se considerar:

- vazões mínimas superiores às vazões de demanda: tomada para o abastecimento


da cidade será construída diretamente, sem necessidade de um reservatório de
acumulação. Em alguns casos, constrói-se uma barragem de nível para possibilitar a
colocação dos órgãos da tomada de água.
- vazões mínimas inferiores às vazões de demanda, mas vazões médias superiores
a elas. O aproveitamento deste manancial é possível só com a acumulação da água.
- vazões mínimas e vazões médias inferiores às vazões de demanda. Este
manancial não atende a cidade.
c) Base de cálculo para a capacidade do reservatório:

Para o cálculo de um reservatório de regularização, fazem-se necessários os


seguintes dados referentes a cada mês do ano :

1) Descarga na seção do curso d'água prevista para a barragem :

Q=CxIxA
Onde:
Q = afluxo, vazão ou descarga (m3/mês)
C = rendimento ou coeficiente de escoamento superficial da bacia hidrográfica
(adimensional)
I = altura pluviométrica mensal (m)
A = área da bacia hidrográfica (m2)

2) Perdas:

- por evaporação da água na bacia hidráulica;


- por infiltração da água na bacia hidráulica;
- por vazamento ao longo da barragem.

- Para simplificação dos cálculos das perdas (retirada = R1) considera-se apenas a
perda por evaporação.

R1 = volume evaporado = altura média mensal de evaporação x área da bacia


hidráulica

- Altura média mensal de evaporação:


hevap = altura máxima de evaporação anual (m/mês) / 12 meses

- Área da bacia hidráulica é estimada como :

Ah = 0,05 x A (m2)
R1 = hevap x 0,05 x A (m3/mês)

3) Consumo d'água - consumo mensal do sistema. É a vazão máxima diária no final


do plano x 30 dias.

R2 = Qmdia x 30 (m3/mês)

· As barragens podem ter sua capacidade determinada, para uma regularização


anual ou plurianual.
· Os processos de cálculo podem ser analítico e gráfico.

e) Regularização Anual - processo gráfico - diagrama de Rippl.

· Quando em qualquer ano hidrológico da série histórica hidrológica considerada, o


afluxo total (Q) é superior às retiradas totais, a regularização é do tipo anual. Neste
caso, vai se transferir ou acumular água no período de inverno (chuvas) para o
período de verão (seco) dentro do mesmo ano hidrológico.

Volumes
Acumulados Afluxo Líquido Acumulado
(m3/mês)
D
Tangente d1
C E A
F
G Volume
H y Acumulado
t1
O
J B ano/mês
1º ano º
2 ano

- verifica-se que em qualquer instante, o afluxo líquido (afluxo-evaporação)


acumulado é superior ao consumo acumulado.
- a represa deve entrar em funcionamento, no início do período chuvoso, com ou
sem reserva inicial porque o afluxo nesse período é maior que a retirada.
- o estudo deve abranger os dois ou três anos consecutivos mais secos dentro da
série histórica considerada.
- a capacidade útil da represa é representada pela maior das ordenadas, tais como
ED, determinadas pelas tangentes CD traçadas paralelas a OA.
- considerando o intervalo de tempo, (período crítico) tl, o afluxo total é (EB - CI) =
EF e o consumo é (GB - HI) = DF, haverá déficit ED.
- a represa com capacidade correspondente ao maior déficit, assegura o consumo
OA, porque em qualquer ano o afluxo total é maior que a retirada total.
Portanto, a capacidade útil (Cu) do reservatório é :
Cu = ED
A capacidade total do reservatório (Ct) é :
Ct = Cu x 1,20

Volumes 1º período 2o período B


Acumulados G1 E1
t1 t2 C1
F1 D1

C G E A
D
F

Tempo (mês)

- A reta A representa a demanda mensal acumulada;


- A reta B corresponde ao volume disponível acumulado no curso de água;
- Pelos pontos C e D, de máximos e mínimos relativos, traçam-se tangentes
paralelas à reta de demanda acumulada. A tangente passando por C deverá
cortar a curva à dereita (ponto E) e a tangente passando por D deverá cortar a
curva à esquerda (ponto F);
- No primeiro período, o nível de água no reservatório estará descendo e no
segundo estará subindo; o ponto D representa o instante em que terminou a
estiagem e inicia a estação chuvosa; o ponto E representa o instante em que o
reservatório está cheio e a água começa a escoar pelo sangradouro;
- O intervalo de tempo compreendido entre os instantes correspondentes aos
pontos C e E se denomina período crítico;
- As ordenadas DG representam os máximos déficits de água durante os períodos
críticos. A capacidade útil do reservatório pode ser determinada como o valor da
maior ordenada GD no diagrama de Pippl.

e) Regularização Anual - processo analítico: é feito através de planilha de cálculo.

Ano/mês afluxo evap. aflux. consumo saldo déficit


Hidrológico m3/mês m3/mês liqui. m3/mês m3/mês m3/mês
m3/mês
Ano1
Mês 1
Mês 2 1 2 3=1-2 4 3>4 3<4
... constante constante
mês 12
ano 2
mês 1
mês 2
...
mês 12
- Somam-se os déficits de cada ano hidrológico considerado. A capacidade útil da
barragem é igual ao maior déficit anual constatado.

- Considera-se um volume adicional de 20% para o porão :


C total = Cu x 1,20

g) Regularização Plurianual: quando o afluxo em algum(uns) ano(s) é inferior as


retiradas, mas no período todo esta condição é invertida. Neste caso, todo o afluxo
deve ser aproveitado, nenhuma parcela escoando pelo sangradouro, no período
considerado. Isto é, a retirada média, igual ao afluxo médio.

Volumes
Acumulados
(m3/mês) Capacidade útil S1 + d2 A

D S3
G
d2
E S2
F

S1 d1 C
H t
O
1o ano 2 º ano 3 º ano Tempo
(ano/mê
s)

· O maior saldo acumulado é: EH


· O maior déficit acumulado é: GF
· No intervalo de tempo (t), a represa terá fornecido todo o saldo EH e mais o déficit
GF. Isto significa que ela, no instante E, deverá conter o volume EH + GF = CD. A
capacidade da represa é pois CD, entre as tangentes paralelas a OA que não cortem
a curva dos afluxos.
· A capacidade útil da barragem é igual a soma do maior saldo cnm o maior déficit.
Cu = S1+d2
Ct = Cu x 1,20 (capacidade total)

h) Plurianual - processo analitico: conforme a planilha seguinte:


ano/mês afluxo líquido consumo
hidrológico acumulado acumulado Saldo Déficit
ano 1
mês 1 2>3 2<3
mês 2 2 3 4 5
...
mês 12
ano 2
mês 1
mês 2
...
mês 12
- A capacidade útil da represa será obtida somando-se o maior saldo 4 com o maior
défcit 5.
- A capacidade total da represa será :
Ct = Cu x1,20

i) Detrminação da tubulação de tomada d'águas


- Em qualquer dos modelos de captação em barragem, o tubo de tomada será
calculado pela fórmula:
D = (4Q / p V)1/2

Onde :
D = diâmetro da tubulação (m)
Q = vazão a captar
V = velocidade econômica (l m/s)
Para tubulação de descarga de fundo, destinada a promover limpeza do porão,
pode-se adotar diâmetro comercial seguinte ao da tomada de água.

j) Dimensionamento do sangradouro

Bacia Hidráulica (montante)


Sangradouro

A L A

Barragem (jusante)

Tomada Descarga
de água de fundo
para a elevatória para o leito do rio

L
coroamento
f

Tomada de água h

Descarga Sangradouro Corte AA


· Roteiro de Cálculo

a) Calcula-se a vazão de máxima enchente pela fórmula de Aguiar

Q máx enchente = 1150 S / [(EZ) 1/2 (120 + KEZ)]

b) Determina-se a largura do sangradouro

L = Q máx enchente / [1,77 h (h)1/2]

Onde:
L = largura do sangradouro (m)
Q = vazão de máxima enchente (m3/s)
h = altura da lâmina de sangria (m) – estimada

d) Determina-se a folga na altura do sangradouro

- altura da onda máxima


e = 0,75 + 0,34 (F)1/2 - 0,26 (F)1/4 para F < 18 Km

Onde:
e = altura da onda (m)
F = Fetch - maior extensão da bacia hidráulica, medida a partir do eixo da barragem
(km)

- velocidade da onda

v = 1,5 + 2e
sendo:
e (m);
v (m/s);

- folga na altura do sangradouro

f = 0,75e + V2/2g
Pode-se também calcular a folga, diretamente, através da fórmula :

f = 1,02 + 0,0232 F - 0,0362 (F) ¾ + 0,482 (F) 1/2 - 0,354 (F)1/3


F (Km); f(m)

Exemplo:

- Afluxo:

Ano 1 – Q1 = 1.806.640 m3/ano


Ano 2 – Q2 = 1.520.640 m3/ano
Ano 3 – Q3 = 944.640 m3/ano

Somatório dos afluxos = 4.273.920 m3/ano nos 3 anos


Retirada: Rt = 3.810.000 m3 nos 3 anos (1.270.000 / ano)

Como somatório dos afluxos > Rt - rio permite a captação


Determinação da regularização:

Q1 > R
Q2 > R Þ regularização plurianual
Q3 > R

5. Adução

5.1. Introdução

Adutoras são canalizações dos sistemas de abastecimento e destinam-se a


conduzir água entre as unidades que precedem a rede distribuidora. Não possuem
derivações para alimentar distribuidores de rua ou ramais prediais. Há entretanto,
casos em que da adutora principal partem ramificações (sub adutoras) para levar
água a outros pontos fixos do sistema.
São canalizações de importância vital para o abastecimento, principalmente
quando constituídas de uma só linha, como acontece na maioria dos casos.
Qualquer interrupção que venham a sofrer, afetará o abastecimento à população,
com conseqüências significativas.
Infelizmente, por falta de especificações convenientes dos materiais e pela
inobservância das melhores técnicas construtivas, acidentes tem ocorrido com
alguma freqüência em muitos sistemas públicos de abastecimento, inclusive de
grandes cidades, mesmo onde os recursos em material e pessoal são maiores.

5.2. Classificação das adutoras

a) Quanto à natureza da água transportada.

 adutoras de água bruta;


 adutoras de água tratada.

b) Quanto a energia para a movimentação da água.

 adutoras por gravidade ®® em condutos forçados (tubos sujeitos a pressão


superior à atmosférica); em conduto livre (canais, aquedutos ou tubos sujeitos à
pressão atmosférica – muito pouco usados atualmente);
 adutoras por recalque;
 adutoras mistas (com trecho por recalque e outro por gravidade, ou vice-
versa).

5.3. Traçado das adutoras.

Para o traçado das adutoras, levam-se em consideração vários fatores, entre


os quais cabe assinalar a topografia, as características do solo e as facilidades de
acesso. Todos esses fatores têm importância na determinação final de seu custo de
construção, operação e manutenção.
Inicia-se o processo analisando as alternativas de caminhamento, sobre
levantamento aerofotogramétrico (fornecido aqui no Nordeste pela SUDENE)
considerando:
 traçado mais direto;
 evitando ou procurando contornar acidentes geográficos ou obstáculos
naturais mais críticos e de difícil travessia (rios, grotas ou grandes depressões,
cumes de morros, etc.);
 aproximando de estradas que facilitem sua implantação e manutenção futura.
No campo, se complementa estas informações, caminhando sobre
as linhas alternativas anteriores, observando tipo de solo, edificações,
áreas a desapropriar, necessidade de obras complementares para
travessias espaciais (estradas, rios, depressões, etc.) e então definir a
alternativa mais adequada, técnica e economicamente, considerando-se
também a segurança da obra e as facilidades futuras.

 Para a alternativa escolhida, elabora-se o levantamento topográfico, com


curvas de nível de metro em metro em faixa de terreno com 10 metros de largura
para cada lado do eixo, nivelamento e contra-nivelamento do eixo, com desenhos
apresentados em plantas ( escala 1: 2000) e perfil (escala horizontal 1:2000 e escala
vertical 1: 200) onde será lançado o projeto definitivo da linha, com todos os
detalhes de projeto e cadastro das edificações, acidentes geográficos, travessias,
culturas à serem desapropriadas.

5.4. Dimensionamento hidráulico das adutoras por gravidade.

a) elementos necessários:
 vazão máxima diária (Q) ®® vazão de adução (m3/s);
 desnível geométrico (entre o nível d’água na tomada e na chegada) = DG;
 comprimento da adutora (medido em planta se a declividade do terreno for
menor que 25%, medir no perfil) = L;
material do conduto que determina a rugosidade (C da fórmula de Hazen
Williams ou K da fórmula Universal).

Q = (m3/s) ; DG (m) ; L (m) ; C ou K (admensional).

A vazão da adução, Q, é estabelecida em função da população a ser


abastecida, da quota per-capita, do coeficiente relativo ao dia de maior consumo e
do número de horas de funcionamento.
O comprimento do trecho e a diferença entre os níveis de água são quase sempre
dados físicos previamente fixados. No entanto, por razões técnicas ou econômicas,
pode haver conveniência em se alterar esses elementos, particularmente o desnível
entre as extremidades na tubulação.

NA

Pressão
Dinâmica Pressão
Estática DG
Linha Piezométrica Q
NA

b) Roteiro de cálculo

1) Calcula-se o valor da perda de carga unitária ideal, ao longo da tubulação:


Ji. Este valor, conduziria ao D mais econômico, uma vez que utilizaria toda
a energia disponível:

DG
J i=
L , sendo Ji (m/m), DG (m) e L (m).

Para adutoras com L > 5.000D, não se considera perdas localizadas.


2) Calcula-se o diâmetro teórico (Dt) correspondente ao Ji, através da
Fórmula de Hazen Williams.

Q = 0,2785 C Dt2,63Ji0,54

onde: Q = vazão máxima diária (m3/s);


Dt = diâmetro teórico a ser calculado (m);
Ji = perda de carga unitária ideal (m/m);
C = admensional, função do material da tubulação.

Material da Tubulação (tubos novos) Valor de C


Plástico 140
Ferro fundido ductil 130
Aço 130
Cimento amianto 140
Concreto armado 130
Fibra de vidro 140

Adota-se o diâmetro comercial Dc imediatamente superior ao diâmetro teórico


calculado, caso não coincidam. Se coincidirem, o diâmetro final será este comercial,
igual ao teórico ideal.

3) Calcula-se o valor da perda de carga unitária correspondente ao diâmetro


comercial adotado, empregando novamente a fórmula de Hazen Williams.

Q = 0,2785 C Dc2,63Jc0,54

onde: Q = vazão máxima diária (m3/s);


C = coeficiente do material (admensional);
Dc = diâmetro comercial adotado (m);
Jc = perda de carga unitária a ser calculada em função do Dc adotado.

4) Calcula-se o valor do desnível geométrico (ou energia necessária)


correspondente ao novo valor da perda de carga (Jc).

DGc = Jc L

5) Compara-se:

 Se DG - DGc ££ 0,05 DG ®® utiliza-se Dc adotado, como final. Haverá


uma perda de energia igual a DG - DG.

 Se DG - DGc > 0,05 DG, procede-se da seguinte forma:


·· dividi-se a adutora em dois trechos: L = L1 + L2
sendo: Dc já adotado, correspondente a L1.
D’c imediatamente inferior ao anterior, correspondente a L 2.

6) Calcula-se J’c correspondente a D’c.

Q = 0,2785 C Dc2,63Jc0,54
7) Calcula-se L1 e L2 através do sistema de equações:

L = L1 + L2
DG = Jc L1 + J’c L2

Obs.: A piezométrica Terá duas indicações, correspondentes a Jc e J’c. Toda


energia disponível será aproveitada.

8) Determina-se os valores das velocidades da água, nos trechos, através da


equação da continuidade: Q = S V.

Obs.: Recomenda-se para limite de velocidade da água nas tubulações os


seguinte valores (CETESB)

Material do tubo Vel. Máxima (m/s)


Plásticos 4,5
Ferro fundido dúctil 4,0 a 6,0
Cimento amianto 4,5 a 5,0
Aço 6,0
Concreto 4,5 a 5,0
Para velocidade mínima:
 águas com suspensões finas: 0,30 m/s;
 águas com areias finas: 0,45 m/s;
 águas com matéria orgânica: 0,60 m/s.

9) Projeto da linha (adutora) ®® indica em planta e perfil os elementos


calculados, as peças especiais (conexões, ventosas, registros de manobra
e descarga, travessias e passagens especiais, ancoragens e piezométrica).

c) Peças especiais e órgãos acessórios

 válvulas ou registros de parada;


 válvulas ou registros de descarga;
 válvulas redutoras de pressão;
 ventosas.

 Nas adutoras por recalque há a considerar, além disso:

 válvulas de retenção;
 válvulas aliviadoras de pressão.
 As válvulas ou registros de parada destinam-se a interromper o fluxo da
água. Uma delas geralmente é colocada à montante, no início da adutora.
Outras são colocadas ao longo da linha, distribuídas em pontos
convenientes para permitir o isolamento e esgotamento de trechos, por
ocasião de reparos, sem necessidade de esgotar toda a adutora.
 As válvulas de descarga são colocadas nos pontos baixos das adutoras,
em derivação, em direção à linha, para permitir a saída de água sempre
que for necessário.

 As válvulas redutoras de pressão são dispositivos intercalados na rede


para permitir uma diminuição permanente de pressão interna na linha, a
partir do ponto de colocação. Desempenham função semelhante às caixas
de quebra de pressão com a diferença de que a água não entra em
contato com atmosfera e, portanto não há perda total de pressão.
 As ventosas são dispositivos colocados nos pontos elevados de
tubulações e destinam-se a permitir a expulsão de ar durante o
enchimento da linha ou ar que normalmente se acumula nesses pontos.
Por outro lado, as ventosas deixam penetrar o ar na tubulação quando ela
está sendo descarregada.

 As válvulas de retenção sã instaladas no início das adutoras por recalque,


quase sempre no trecho da saída de cada bomba. Destinam-se a impedir
o retorno brusco da água contra as bombas na sua paralisação por falta
de energia elétrica ou por outra causa qualquer.

 As válvulas aliviadoras de pressão ou válvulas de anti-golpe são


dispositivos que permitem reduzir a pressão interna das instalações
quando estas sofrem a ação de golpes de aríete. São instaladas
geralmente no início das adutoras por recalque, de grande diâmetro, nas
quais as válvulas de retenção sofrem solicitações maiores e poderão não
suportar os esforços resultantes da sobrelevação de pressão.

d) Obras complementares

 ancoragens;
 caixas intermediárias;
 stand pipes (chaminés de equilíbrio);
 pontes, pontilhões ou estruturas semelhantes para travessia de rios, fundos
de vales ou terrenos alagadiços;
 túneis.

e) Materiais utilizados em adutoras

 plásticos;
 ferro fundido dúctil;
 aço;
 cimento amianto;
 fibra de vidro;
 concreto armado.

São fabricados com variados tipos de juntas e para trabalharem sob pressões
limites definidos pelos fabricantes.
Cada tipo de material apresenta vantagens e desvantagens. É, portanto,
difícil apontar sem um estudo cuidadoso o que satisfaça a todos os
requisitos desejados de resistência, durabilidade e economia.

f) Alternativas de traçado de linha adutora ®® a linha piezométrica não


deve cortar a tubulação sob pena de prejudicar o funcionamento da
adutora, a formação de bolsas de ar, pressões negativas, variação de
volume. Quando se verifica esta situação no dimensionamento deve-se
adotar uma das alternativas seguintes:

 Alternativa I – Consiste em cortar o terreno para locar a tubulação, abaixo da


piezométrica;

NA

LP Corte no terreno

 Alternativa II – Pode-se construir uma caixa intermediária, no ponto mais alto


do terreno (AB), aberta a pressão atmosférica, ficando a linha adutora dividida em
dois trechos L1 e L2. Cada trecho será dimensionado conforme o roteiro de cálculo
anterior, ou seja, cada trecho será dimensionado como uma linha adutora por
gravidade, independente. O nível de água na caixa de passagem deverá ser fixada
pelo projetista, com altura mínima, em relação a tubulação de saída: h ³³2,5 D2.

NA h ³³2,5 D2
D2

NA LP; J1 NA Caixa intermediária

A LP; J2

D1 B
Corte no terreno D2

L1 L2

- Alternativa III – Dimensionar a linha com dois diâmetros, de tal forma sendo
o diâmetro D1 > D2, e piezométrica do primeiro trecho terá declividade menor
(J1) para ultrapassar o ponto alto do terreno. Deve-se prever uma folga (f) da
piezométrica de no mínimo 1,5m acima do terreno.

Escolhe-se a alternativa mais econômica e adequada operacionalmente a


cada caso.

g) Consideração final ®® No projeto de norma P-NB-591, para projetos de


adução, recomenda para o dimensionamento das adutoras a fórmula de
Darcy-Weisbach, ou fórmula Universal. Completar.....

5.5. Dimensionamento de adutora por recalque.

a) Valores intervenientes ®® são elementos inicialmente conhecidos:

 vazão de adução, Q (m3/s);


 comprimento da adutora, L (m);
 desnível a ser vencido, Hg (m);
 material de fabricação do conduto, que determina a rugosidade das paredes.

Procura-se, nos problemas de adução por recalque, determinar o diâmetro


necessário D da linha e a potência P da bomba que vai gerar a pressão necessária
para vencer o desnível indicado, à vazão desejada.
A função da bomba em gerar pressão, permite admitir que a água tenha
alcançado uma cota equivalente ao ponto A’ ao entrar na adutora.

A’
hf NA

DGr Dr; J; v
DGs
NA Q

Ls Lr

 Quanto mais elevado estiver A’, ou seja, quanto maior a altura manométrica
gerada pela bomba, maior será a declividade da linha piezométrica e menor poderá
ser o diâmetro exigido para conduzir a vazão considerada. Por outro lado, a pressão
produzida pela bomba está diretamente relacionada com a potência do
equipamento.

Existe nesses problemas uma indeterminação a ser levantada, pois há


uma infinidade de D e de P que permitem solucionar a questão, para a
mesma vazão de bombeamento.

b) Solução de casos práticos ®® essa indeterminação é levantada, na


prática, introduzindo-se a condição de mínimo curto da tubulação de
diâmetro D e da bomba de potência P necessárias.
Sob a condição acima e mais uma série de hipóteses simplificadoras, deduz-
se matematicamente a Fórmula de Bress, aplicável com vantagem no pré-
dimensionamento das tubulações de recalque.

D=K √ Q
D = diâmetro da adutora (m);
Q = vazão de adução (m3/s);
K = coeficiente.

O valor de K depende: peso específico da água, do regime de trabalho e


rendimento do conjunto elevatório, da natureza do material da tubulação, etc. De um
modo geral, poderá ser tomado como 1,2 ou quando se utilizam tubos de ferro
fundido.
Com o valor do diâmetro assim obtido, pode-se pesquisar por tentativas uma
dimensão prática no entorno do valor obtido que mais se aproxime da solução de
máxima economia global, levando em conta o custo de instalação e os gastos
anuais de amortização e de operação. No Brasil, 0,75 < K < 1,4 ( 1,8 ®® N = 0,88
m/s).

 Para adutoras que funcionam apenas algumas horas por dia, a NB – 92/66,
recomenda a seguinte fórmula:

0 ,25
D=1,3⋅X ⋅√Q , onde X= n/24, sendo n o número de horas de
funcionamento por dia.
 Para sistemas de abastecimento de água de pequenas comunidades estas
fórmulas podem ser aplicadas diretamente, dispensando o estudo econômico. Para
instalações de maior porte, procede-se o estudo econômico, através do seguinte
roteiro:

1) adota-se três a quatro diâmetros, em torno do valor obtido através das


fórmulas anteriores;

2) determina-se as características dos conjuntos elevatórios (altura


manométrica, potência, rendimento, etc.) necessários à instalação, para cada
diâmetro;

3) calcula-se os consumos anuais de energia para cada conjunto elevatório-


diâmetro;

4) determina-se os custos anuais de amortização e juros do capital investido na


aquisição de tubos e equipamentos de recalque (incluindo sistemas elétricos)
para cada alternativa;
5) soma-se os custos resultantes da aquisição de equipamentos, tubos e
energia, para cada alternativa e escolhe-se o diâmetro que conduz ao menor
custo global.
As diretrizes para traçado, escolha do material, localização de peças
especiais, travessias, topografia, desenhos, etc., são as mesmas já indicadas para
adução por gravidade.
Determinado o diâmetro, calcula-se através da fórmula de Hazen-Williams
(para efeito didático) ou da fórmula Universal (projeto), a perda de carga unitária (J)
e a velocidade (V). Para o diâmetro da tubulação de sucção, será adotado o
comercial imediatamente superior ao de recalque.

5.6. Dimensionamento de adutora por recalque.

As curvas características das tubulações ou do sistema, relacionam vazões e


altura manométrica, para determinada adutora (diâmetro) e seu estudo facilita a
solução de grande número de problemas de recalque.
A fórmula geral para determinação da curva caraterística de uma adutora por
recalque é:

Hman = Hg + hf ®® hf = J L + SDh (1)

onde: Hman = altura manométrica (m);


Hg = altura geométrica total (m);
hf = perdas de carga totais,

ou expressando em função da Q para determinado diâmetro:


Hman = Hg + r Qn (2)

sendo: r = constante para cada adutora em tempo determinado (com o tempo,


em função do envelhecimento da tubulação, o valor de r varia);
Q = vazão em unidade própria;
n = coeficiente iguala 2 se a fórmula utilizada para determinação da
perda de carga for a universal e 1,85 se a de Hazen – Williams.

1) Traçado da curva característica da tubulação:

a) determina-se para uma valor da vazão, a correspondente altura


manométrica, considerando as perdas ao longo das tubulações de sucção
e recalque e as localizadas na elevatória na sucção e recalque.

b) a partir da equação (2), com estes valores da vazão e altura manométrica ,


calcula-se o valor de r.

c) adota-se novos valores de vazão e para cada um, determina-se a


correspondente Hman através da equação (2), com o valor de r constante.
Traça-se a curva correspondente a estes pontos:
hf LP
NA

Hg Dr; J; v

NA Q

Ls Lr

Hman

Hm Curva característica

H2
H1

Hg

0 Q1 Q2 Qm Q

Obs.: Para as adutoras por gravidade, em geral é desnecessário o traçado da


curva característica, uma vez que para cada diâmetro, corresponde uma única
vazão, a não ser que se instale um registro de manobra na linha para criar uma
perda de carga adicional e variar a vazão.

2) Associação de linhas adutoras

A adução de água pode ser feita através de uma única tubulação, ou por
várias tubulações associadas em paralelo (uma ao lado da outra) ou em série (tubos
com diâmetros diferentes ao longo da mesma linha).
A análise destes problemas pode ser feita por via analítica (condutos
equivalentes) ou gráfica (curvas características).
a) Análise gráfica – a regra básica para os dois casos é:

 adução em paralelo: soma-se as vazões e as perdas de carga permanecem


as mesmas;
 adução em série: soma-se as perdas de carga e as vazões permanecem as
mesmas.

hf Hman C3 – curva resultante


NA C1
C2 C3

H3
D1 D2
H2
Hg D1, Q1 D2, Q2
H1
Ls
B

NA Hg
Lr

Q1-1 Q1-2
Q1-1 + Q1-2 Q

Curva característica resultante de associação em paralelo de adutoras por


recalque.

hf LP Hman C3 – curva resultante


NA
C3

C2
D2, Q2
C1

D2
Hg D1, Q1 H1-1 + H1-2
D1

Ls H1-2
B
H1-1
NA
Lr1 Lr2

Q1-1 Q1-2
Q

Curva característica resultante de associação em série de adutoras por


recalque.

b) Análise por via numérica de associação de adutoras..

Condutos equivalentes.

Diz-se que um conduto é equivalente a outro ou a outros, quando transporta a


mesma quantidade de água sob a mesma perda de carga total.

 Considera-se dois casos:

1) Um conduto equivalente a outro ®® para que dois condutos com o mesmo


coeficiente de rugosidade, o primeiro com diâmetro D 1 e comprimento L1 e
o segundo com diâmetro D2 e comprimento L2 , sejam equivalentes, é
necessário que a perda de carga total, seja igual para ambos transportando
a mesma vazão Q.
5
D
( )
L2=L1⋅ 2
D1
(1)

expressão que permite calcular o comprimento L 2 de uma canalização


equivalente a outra de diâmetro diferente.
Se adotada a fórmula de Hazen – Williams a fórmula (1) terá a seguinte
expressão:
4 , 87
D
( )
L2=L1⋅ 2
D1
(2)

2) Um conduto equivalente a diversos.

Condutos em série ®® considerando um conduto com duas seções, sendo


uma de comprimento L1 e diâmetro D1 e outra de comprimento L2 e diâmetro
D2 (associadas em série), determina-se o diâmetro único, para uma
canalização equivalente, através da seguinte expressão (para fórmula
Universal):

L L 1 L 2 L3
= + + +. ..
D5 D 51 D52 D53 (3)
Chamada de Regra de Dupuit

Para a fórmula de Hazen – Williams, a fórmula (3) terá a seguinte expressão:

L L1 L2 L3
4 , 87
= + + +.. .
D D 41 , 87 D24, 87 D 34 ,87

3) Condutos em paralelo ®® considerando dois ou mais condutos em


paralelo, com comprimento L 1, L2 , L3, etc. e diâmetros D1, D2 , D3, etc.
respectivamente, através da seguinte expressão:

 Para a fórmula universal:

D51 D 52 D53
√ √ √ √
D5
L
=
L1
+
L2
+
L3
+. ..

 Para Hazen – Williams :


2 , 63
D 2,
63
D 2, 63 D 1 2 D 23 , 63
= + + +.. .
L0 ,54 L1 L2 L3

6. Bombas e estações elevatórias

6.1. Generalidades ®® a maioria dos sistemas de abastecimento, nos dias atuais,


possuem um ou vários conjuntos de bombas, seja para recalcar a água de
mananciais de superfície ou de poços, seja para recalcá-las a pontos distantes ou
elevados ou para repor a capacidade de adução de adutoras.

- Os sistemas que funcionam inteiramente por gravidade escasseiam-se cada


vez mais, apesar das seguintes vantagens:

a) evitam as despesas com energia;


b) independem de falhas e interrupções no fornecimento de energia;
c) facilitam a operação e manutenção com a inexistência de equipamentos
mecanizados;
d) eliminam o ônus adicional representado pelo pessoal e material
necessários à operação e manutenção de estações elevatórias, etc.

- A localização de muitas cidades em cotas bastante elevadas em relação


aos mananciais próximos, ou a enorme distância dos mananciais que se
encontram em posição mais alta que a cidade, constituem obstáculos à
adoção de sistemas quem funcionam por gravidade.

6.2. Classificação geral das bombas

a) Bombas cinéticas:
 centrífugas (fluxo radial, misto e axial);
 periféricas (estágio único e estágios múltiplos);
 especiais (de ejetor, de injeção de gás, de aríete hidráulico e
eletromagnética).

b) Bombas de deslocamento direto:


 com movimento alternado (de pistão, de êmbolo, de diafragma);
 com “blow case” (de rotor único – de palheta, de pistão, de membro
flexível, de parafuso);
 com movimento rotativo (de rotor múltiplo – de engrenagem, de lóbulo, de
pistão circunferencial, de parafuso)

Obs.: Atualmente, há um predomínio quase total das bombas centrífugas da


citada classificação em sistemas públicos de abastecimento de água, razão pela
qual serão as únicas a serem estudadas.

6.3. Bombas centrífugas ®® para atender ao seu grande campo de aplicação, as


bombas centrífugas são fabricadas nos mais variados modelos:

- As bombas de fluxo radial são as denominadas centrífugas propriamente


ditas. A água penetra na bomba por uma entrada junto ao eixo do rotor, sendo daí
dirigida para a periferia a grande velocidade, graças à força centrífuga gerada pelo
rotor em movimentação.
As bombas de fluxo radial destinam-se ao recalque de líquidos em geral a
posições elevadas. São os tipos de uso comum em captações com grande recalque,
em elevatórias situadas junto a estações de tratamento ou a reservatório, torres e
ainda, em estações de reforço de pressão.
Quando a pressão a ser gerada for muito elevada, as bombas centrífugas
podem Ter dois ou mais rotores fechados; são as bombas de duplo ou múltiplo
estágio. A água que sai do primeiro rotor é conduzida para o segundo rotor, de onde
sai com a pressão aumentada.

- Na bomba de fluxo axial, a movimentação da água faz-se no sentido do eixo


do rotor. Este se assemelha a uma hélice, sendo por isso conhecida também por
bomba de hélice. Sua aplicação é reservada ao bombeamento de grandes vazões e
reduzidas alturas. É utilizada, freqüentemente, em captações de água de mananciais
de superfície com pequena altura de elevação.

- As bombas de fluxo misto combinam princípios das bombas radiais e axiais. O


caminhamento da água é helicoidal. As bombas de eixo prolongado para a extração
de água de poços profundos são geralmente do tipo de fluxo misto e quase sempre
de vários estágios.

6.3.1. Grandezas características ®® a definição ou escolha de uma bomba


centrífuga é feita essencialmente através de vazão de bombeamento e da altura
manométrica total capaz de ser produzida pela bomba a essa vazão. Outras
grandezas também consideradas são a altura manométrica de sucção, a rotação, a
potência absorvida e a eficiência.
a) Altura manométrica total (Hman) ®® corresponde ao desnível geométrico
(Hg), verificado entre os níveis da água na tomada e na chegada,
acrescido de todas as perdas localizadas e por atrito que ocorrem nas
peças e tubulações, quando se recalca uma vazão Q. Estas podem ser
desdobradas em perdas na sucção (hfsuc) e perdas no recalque (hfrec).
Hman = Hgs + Hgr + hLs + hLr + hs + hr.

hfr NA

Hman total Hgr

Hman suc
Hgs
NA
hfs

- Em conseqüência, a altura manométrica total pode ser desdobrada em duas


parcelas a saber:

1) Altura manométrica de recalque – soma da altura geométrica de recalque


com as perdas calculadas no trecho correspondente:

2
KV
Hman.rec = Hgr + hLr + hr = Hgr + JLr + 2 g

Hgs – altura geométrica (desnível topográfico de sucção – m)


hLs – perda de carga na tubulação de sucção – m
hs – perdas de carga localizadas na sucção – m
Hgr – altura geométrica de recalque – m
hLr – perda de carga na tubulação de recalque – m
hr – perdas de carga localizadas no recalque – m
ht – perda total = hLs + hLr + hs + hr.

2) altura manométrica de sucção ®® soma da altura geométrica de sucção


com as perdas calculadas no trecho correspondente;
2
KV
Hman.suc = Hgs + hLs + hs = Hgs + JLs + 2 g

b) Vazão (Q) ®® a vazão a ser recalcada por uma bomba, é função da


demanda ou necessidade de água da comunidade a ser abastecida, já
definida anteriormente.

c) Rotação ®® é caracterizada pela velocidade que a máquina de


acionamento imprime à bomba. No caso de motor elétrico, essa
velocidade é função direta da freqüência ou ciclagem da corrente e do
número de pólos que possui o motor. De acordo com essa velocidade, as
bombas podem ser:

bomba de alta rotação 3.000 a 3.600 rpm rpm =


120 . f
n
bomba de média rotação 1.500 a 1.800 rpm
bomba de baixa rotação 1.200 rpm ou menor

d) Eficiência ou rendimento da bomba ®® é a razão entre a potência útil e a


potência útil necessária (potência da bomba) a ser fornecida ao eixo da
bomba, para realizar aquele trabalho, uma vez que nem toda a energia
cedida pelo motor é aproveitada pela água, devido as perdas existentes na
bomba.

Putil
h b = Pbomba

Q . Hman. g
Pu = K

Pu = potência útil em CV (cavalo vapor);


Q = vazão (m3/s);
H = altura manométrica (m);
g  = peso específico da água (kgf/ m3);
K = 75 = fator de compatibilização de unidades.

e) Velocidade ou número de rotações por minuto ®® cada modelo de bomba


centrífuga é projetado para trabalhar uma determinada velocidade, que lhe
é fornecida pelo motor.

 Os motores síncronos têm sua velocidade definida por:

120 . f
r.p.m. = n ; f = freqüência da corrente (60hz), n = número de pólos.
 Os motores de indução (assíncronos) geralmente usados nas bombas
centrífugas apresentam uma pequena diferença (3 a 5%) na velocidade calculada
pela fórmula.
f) Potência absorvida pela bomba (CV) é determinada através da expressão:

Q . Hman. g
P = 75.hb ; h b = eficiência da bomba.

Tratando-se de água com peso específico igual a 1 kgf / m 3, utiliza-se a


fórmula:

Q . Hman. g
P = 75.hb ; Q (l/s), Hman (m) , P (CV).

g) Altura de sucção da bomba ®® os cálculos relativos a sucção de uma


bomba envolvem:

 pressão barométrica local, pa;


 pressão de vapor d’água, à temperatura do líquido, pv;
 altura geométrica de sucção, Hg;
 perdas de cargas hidráulicas na tubulação e nas peças utilizada na
sucção, hfs;
 uma caraterística particular de cada bomba, variável com a vazão de
bombeamento, conhecida por “net positive suction head”, NPSH (carga líquida
positiva de sucção).

 Esses valores, expressos em altura de coluna d’água (m), relacionam-se


através da seguinte expressão:

Pa = Hg + pv + Shfs + NPSH ou
NPSH = (pa – pv) – (Hgs + Shfs) ou ainda
NPSH = (pa – pv) – Hmans ®® chamado de NPSH disponível.

 Nesta fórmula, (pa – pv) será conhecida em cada local em função da


altitude e da temperatura da água.

 Verifica-se então que se o NPSH for alto, Hman.suc deverá ser baixo, isto
é, Hg ou Shfs, ou ambos, deverão ser baixos.

 NPSH disponível > 1,2 NPSH requerido e no mínimo NPSH requerido +


0,50m.

 O valor do NPSH requerido é tirado do catálogo do fabricante.

Obs.: Caso o NPSHd < NPSHr, ocorrerá no interior da bomba o fenômeno


denominado de cavitação, que consiste na formação de bolhas de vapor
d’água que circulando em alta velocidade e se chocando com o rotor e
carcaça danifica-os.
6.3.2. Curvas características das bombas ®® as bombas centrífugas são capazes
de trabalhar com sensível variação de vazão, de pressão e de rotação.
As curvas características destas máquinas permitem relacionar a vazão
recalcada com a pressão gerada, com a potência absorvida, com o rendimento e, às
vezes, com a altura máxima de sucção. De modo geral, as curvas têm o aspecto do
apresentado:

Rendimento Hman Potência


(%) (m) Rendimento (CV)
80 160

60 120 H-Q
100
40 80
80
P-Q
20 40 60
40
0 20 20
0
0 400 800 1200 1600 2000 2400

 Tipos de curvas características ®® de acordo com a forma que assume ao


variar a altura manométrica com a vazão.

H H H

(a) (b)
(c)

Q Q
Q

a) rising ®® a medida que a vazão diminui, a altura manométrica aumenta.

b) steep ®® é uma curva do mesmo tipo de a), mostrando grande diferença


de altura manométrica para diferentes valores de vazão.

c) flat ®® a altura manométrica varia pouco com a vazão.


Estas curvas são chamadas estáveis porque para determinada altura
manométrica corresponde um só valor da vazão e vice-versa.

 Curvas instáveis
H H

(d) (c)

Q1 Q2 Q
Q1 Q2 Q3 Q

As curvas d) e e) são instáveis porque para determinada altura manométrica


correspondem dois ou mais valores da vazão.

A curva d) é denominada dropig. A aplicação de bombas com este tipo de


curvas depende muito das características dos sistemas de tubulações.

A curva e) é própria de algumas bombas centrífugas de elevada rotação


específica que podem ser usadas com tubulações cujas curvas tenham grande
inclinação.

6.3.3. Variação das curvas características

a) Com o diâmetro do rotor ®® cada carcaça pode trabalhar com rotores


diferentes. A cada diâmetro corresponde uma curva característica. Se a
forma e a rotação se mantiverem constantes, a variação do diâmetro do
rotor dá origem a curvas caraterísticas paralelas sendo que as superiores
referem-se aos diâmetros maiores. Assim, se o diâmetro de certa bomba
for modificado, as curvas características da máquina apresentam relações
bem definidas com características originais, expressas pelas equações:

Q2 D2
=
Q1 D1
2
H 2 D2
=
H 1 D1( ) 3
P2 D 2
=
( )
P1 D 1
, nas quais as grandezas afetadas do índice 1 referem-se às
características primitivas e as de índice 2, as características com o rotor
raspado.

Geralmente a raspagem do rotor pode ser feita de até 20% do valor máximo
do diâmetro sem afetar apreciavelmente o rendimento da máquina.

b) Com a rotação ®® conservando a forma e o diâmetro do rotor, a energia


transferida ao fluido circulante varia com a rotação. A curva característica
da bomba também se modifica porque a altura manométrica cresce com o
número de giros de rotor na unidade de tempo. Podemos analisar os
efeitos da rotação por meio das expressões:
Q2 n2
=
Q1 n1
2
H 2 n2
=
H 1 n1 ( ) 3
P 2 n2
=
P 1 n1 ( )
Assim, como no caso anterior, as grandezas afetadas pelo índice 1 referem-
se às características originais e as do índice 2 são as da bomba com nova
rotação.

c) Com a forma do rotor ®® para alguns tipos de bomba, principalmente as


de maior porte, foram desenvolvidos rotores de forma diversas, que
fornecem curvas características diferentes. Quando isto ocorre, compete
ao fabricante levantar as curvas correspondentes aos rotores de uso
possível na mesma carcaça.

6.3.4. Associação de curva característica da bomba com característica da


tubulação

O estudo do comportamento funcional de bombas centrífugas fica bastante


facilitado conhecendo-se a chamada curva característica da tubulação que,
conforme figura abaixo, indica para cada vazão de bombeamento a correspondente
altura manométrica total. Essa curva é obtida calculando-se previamente as perdas
de carga nas tubulações de sucção e de recalque para várias vazões de
escoamento. Somadas ao desnível geométrico, fornecem os pontos para o traçado
da curva. Como se sabe, a perda de carga é função também da rugosidade do tubo.

Hm = Hg + r Q2 ou 1,85

H C1

C2
H’1

H1 Perda de Carga

Desnível Geométrico Hg

Q1
Q
A associação num mesmo gráfico da curva característica (Q,H) da bomba
com a curva característica da tubulação permitirá conhecer exatamente o ponto de
fornecimento da bomba. A figura abaixo mostra que para que a vazão Q 1 possa
escoar pela tubulação de recalque se exige uma altura H 1. Se a bomba tiver uma
curva característica passando pelo mesmo ponto P definido por Q 1 e H1, ela satisfará
exatamente as exigências do problema. Uma outra bomba com curva b, por
exemplo, poderá recalcar uma vazão Q 2 > Q1, ou proporcionar uma elevação Hb
acima da necessidade para bombear uma vazão Q1, ocasionando , neste caso,
desperdício de energia. Por outro lado, uma bomba de curva c só poderá bombear
para a mesma tubulação uma vazão Q3 < Q1 .

P1
Hb
b

H1 P

P2 a

b
Q3 Q1 Q2 Q

a) Funcionamento em paralelo ®® é comum em abastecimento de água,


instalar-se duas ou mais bombas centrífugas para funcionarem
simultaneamente. Para se saber as exatas condições em que irão
funcionar, será necessário conhecer também a curva característica da
tubulação. Para o traçado da curva Q, H representativa de bombas ou
funcionamento paralelo, tomam-se para cada altura a soma das vazões
correspondentes de cada bomba. Se as bombas forem idênticas, tomam-
se vazões em dobro, ou em triplo da vazão de uma bomba, conforme se
tenha duas ou três unidades em operação simultânea.
H H
Bomba 1 A

Bomba 2 A

Bomba 3 Bomba 2
B

Bomba 2 Bomba 1 B
Bomba 1
Q
Q
Q1 Q2 Q3 Q Q2B Q2A
b) Funcionamento em série ®® quando se associam bombas em série, o
traçado da curva resultante é obtida somando-se as alturas geradas pelas
bombas para cada vazão considerada. No caso de bombas iguais, as
alturas resultantes são múltiplas da altura de uma só.

H
H2

H1

Bomba 2
Bomba 1

Q1 Q2 Q

6.3.5. Noções sobre motores elétricos para acionamento de bombas

a) Classificação e características gerais ®® os motores elétricos de corrente


alternada usualmente utilizados para o acionamento de bombas
hidráulicas pertencem a uma das seguintes categorias:

1) motor síncrono;
2) motor assíncrono;
2.1) com rotor de gaiola;
2.2) com rotor bobinado.

 O motor síncrono tem uma velocidade de rotação rigorosamente definida


pela freqüência de corrente e pelo número de pólos de conformidade com a seguinte
expressão:

120 .f
n= p ; n = número de rotação por minuto, f = freqüência da corrente, p =
número de pólos.

O campo prático de aplicação dos motores síncronos é o das grandes


instalações, geralmente quando a potência das bombas ultrapassa de 500 HP, e as
velocidades necessitam ser baixas. Devido a sua maior eficiência, o dispêndio com
energia elétrica em grandes instalações, passa a Ter significativo valor na economia
geral do sistema. O custo inicial, entretanto, é elevado e a fabricação ainda restrita
em nosso país.

Nos motores assíncronos, a velocidade de rotação não coincide exatamente


com a velocidade de sincronismo. Devido a carga há uma ligeira redução na rotação
, da ordem de 3 a 5%, em que é conhecida por escorregamento.
O motor assíncrono com rotor de gaiola é o tipo de uso mais corrente nas
pequenas e médias instalações de bombeamento. O rotor não possui nenhum
enrolamento, não existindo contato elétrico do induzido com o exterior. O rendimento
é elevado. A partida é feita utilizando-se chaves elétricas apropriadas. As instalações
com bombas da ordem de até 500cv utilizam quase que exclusivamente motores
desse tipo.

b) Potência de motores para acionamento de bombas ®® a rigor, a potência


de placa do motor deve ser o suficiente para cobrir o valor da potência
absorvida pela bomba, cujo cálculo é:

Q . Hman. g
P = 75.hb
Convém, entretanto, que seja ligeiramente superior, pois a bomba poderá
eventualmente funcionar com a vazão maior do que a prevista (tubulação nova que
admite escoamento maior devido a perda de carga ser menor que a recalcada;
tubulação descarregando em cota inferior à prevista) e exigir uma potência maior no
seu eixo.

A potência elétrica Pe consumida pelo conjunto motor-bomba, expressa em


quilowatt é dada pela fórmula:

Q . Hman. g
Pe = 0,736 75.hb ; g, Q, H têm o mesmo significado já referido
anteriormente e h é a eficiência global do conjunto.

h = hbomba x hmotor

6.4.Estações elevatórias

a) Definição ®® conjunto das edificações, instalações e equipamentos,


destinados a abrigar, proteger, operar, controlar e manter os conjuntos
elevatórios(motor-bomba) que promovem o recalque da água.

b) Partes componentes ®® as estações elevatórias são compostas de:

1) sala das máquinas e dependências complementares;


2) poço de sucção;
3) tubulações e órgãos acessórios;
4) equipamentos elétricos;
5) dispositivos auxiliares.

1) Sala das máquinas e dependências complementares ®® na sala das


máquinas são instalados os conjuntos elevatórios e, na maioria dos casos,
os equipamentos elétricos como cabines de comando, chaves de partida e
proteção dos motores, e os instrumentos para leitura de medições
elétricas ou hidráulicas.
O dimensionamento da sala deverá ser adequado de modo que esse conjunto
possa ser montado com relativa folga, permitindo a livre circulação dos operadores e
a fácil realização de trabalhos de manutenção ou reparação. Sendo previsto
acréscimo no número de unidades de bombeamento, deverá ser reservado espaço
suficiente para a instalação das mesmas e dos dispositivos que deverão
acompanhá-las.
A iluminação deverá ser abundante e, tanto quanto possível natural, sendo
aconselhável, por isso, a colocação de janelas amplas. Deverá haver livre circulação
de ar para evitar a excessiva elevação de temperatura causada pelo aquecimento
dos motores.
Entre as dependências auxiliares, são consideradas indispensáveis uma
pequena sala para uso do operador e uma instalação sanitária com bacia, lavatório e
chuveiro. De acordo com a importância da estação, outros compartimentos como
oficina, depósito de materiais, vestiários e copa poderão ser adicionados.

2) Poço de sucção ®® é o compartimento de dimensões limitadas, de onde


parte a tubulação que conduz água para a bomba. As vezes, não existe de
fato um tanque com essas características pois a tomada é feita
diretamente no rio, poço, represa ou em amplo reservatório.
Conforme a situação do nível de água no poço de sucção em relação à boca
de entrada da bomba, há dois casos a considerar:

 poço com nível de água abaixo da bomba ®® há uma altura de sucção a


ser vencida pela bomba, necessitando a mesma ser escorvada para poder
funcionar;

 poço com nível de água acima da bomba ®® há uma carga permanente


sobre a boca da bomba, que neste caso trabalha afogada.

Em abastecimento de água é mais comum encontrar-se o caso de poço


situado abaixo da bomba. Apresenta a vantagem de se poder montar o conjunto de
recalque ao nível do terreno, ou mais acima, em ambiente claro e ao abrigo das
inundações. Entretanto, devido a necessidade de escorva a operação torna-se mais
trabalhosa.
O poço com nível de água acima da bomba exige a construção da sala das
bombas em cota baixa. Encontra-se o caso de bombas de eixo vertical que são
imersas no poço com acionamento feito por motor colocado diretamente acima do
poço. O sistema de bombas afogadas ou semi-enterrados, para a transferência de
água para reservatório elevados. Constituem desvantagens o maior custo das
escavações e estruturas e o perigo de inundações na sala das bombas.

3) Tubulações e órgãos acessórios ®® as estações elevatórias


compreendem além das bombas propriamente ditas, um conjunto de
tubulações, peças especiais e órgãos acessórios.
As tubulações das casas de bombas são geralmente de ferro fundido com
juntas de flange. Em se tratando de diâmetro maiores utilizam-se também tubos de
aço. Além do menor peso e da elevada resistência às pressões, têm a vantagem de
poderem ser confeccionados com maior facilidade para quaisquer especificações e
também de poderem ser cortados, soldados ou ajustados no próprio local de
montagem.
Os principais órgãos acessórios conectados às tubulações de uma estação
elevatória são os registros, válvulas de retenção, válvulas de pé e os manômetros e
vacnômetros.

 As válvulas ou registros de fechamento utilizados normalmente em


estações elevatórias são do tipo de gaveta e dotadas de flanges. Nas instalações
normais de bomba centrífuga, a válvula é colocada na tubulação de saída ou de
recalque, imediatamente após a válvula de retenção. Emprega-se também o
registro, obrigatoriamente, na tubulação de entrada das bombas afogadas.

 As válvulas de retenção são dispositivos destinados a permitir a passagem


da água numa só direção. São instaladas na tubulação de saída para que, numa
inesperada paralisação do bombeamento, o golpe causado pelo retorno da água não
cause danos á bomba.

 Válvulas de pé são peças conectadas na extremidade de tubulações de


sucção em instalações de bombas não afogadas. Assegurando a passagem da água
somente em direção à bomba permitem que as tubulações de sucção mantenham-
se sempre cheias mesmo quando a bomba for paralisada. Nessas condições,
quando ela for novamente ligada, poderá iniciar o bombeamento sem dificuldades.

 Os manômetros são conectados, respectivamente, junto à saída e à


entrada da bomba, através de uma tubulação de diâmetro reduzido.

Obs.: A escorva é o processo de enchimento da bomba e respectiva


tubulação de sucção com água. Nessa operação, a válvula de pé é indispensável,
pois se ela não existisse, toda a água voltaria para o poço de sucção.
Existem dois sistemas de escorva:

 Utilização de válvula de pé na extremidade do tubo de sucção e


enchimento deste e da bomba com água adicionada pela parte superior da bomba.

Formação de vácuo parcial na tubulação de sucção e na bomba, através de


ejetor ou de bomba de vácuo.

4) Equipamento elétrico ®® incluem-se nesta categoria as chaves de partida


e proteção dos motores, os instrumentos de controle e, eventualmente, os
transformadores.

Os instrumentos de controle são voltímetros e amperímetros, ligados a cada


fase da corrente e, as vezes, o freqüencímetro. São montados sobre painel ou em
cabina metálica que abriga também as chaves de partida, as chaves de
seccionamento e outros dispositivos auxiliares.

5) Dispositivos auxiliares ®® algumas estações elevatórias, dependendo da


importância, contam ainda com os seguintes aparelhos, equipamentos ou
dispositivos:

 medidor de vazão;
 medidor de nível;
 dispositivo para escorva da bomba;
 ponte rolante.

 O medidor de vazão é colocado à saída da estação e destina-se a medir a


quantidade total de água bombeada. Os principais são: Venturi; Tubo Dall.

 Os medidores de nível destinam-se a indicar a posição do nível de água


no poço de tomada, reservatório de alimentação das bombas ou no local de
chegada da água. Existem vários tipos, sendo os mais comuns os de flutuador, os
pneumáticos e os elétricos.
 A escorva de bombas ®® já foi discutido.

 A ponte rolante numa estação elevatória destina-se à movimentação de


peças, tubulações e equipamentos pesados. Só se justifica em grandes instalações.

7. Reservação - Reservatórios

7.1. Finalidades ®® a reservação, materializada pelos reservatórios, tem por


finalidades:

a) Garantia da qualidade da água


1) Armazenamento para atender às variações de consumo (reserva de
equilíbrio – C1).

 Permite um escoamento com diâmetro uniforme na adutora, possibilitando a


adoção de diâmetros menores.

 Proporcionar uma economia no dimensionamento da rede de distribuição.

2) Armazenamento para atender às demandas de emergência (reserva de


emergência – C2).

 Evita interrupções no fornecimento de água, no caso de acidentes no sistema


da adução, na estação de tratamento ou mesmo em certos trechos do sistema de
distribuição.

3) Armazenamento para dar combate ao fogo (reserva de incêndio – C 3 ).

 Oferece maior segurança ao abastecimento, quando da demanda destinada a


combate a incêndio.

b) Melhoria das condições de pressão da água na rede de distribuição.

 Possibilitam melhor distribuição da água aos consumidores e melhores


pressões nos hidrantes (principalmente quando localizados junto às áreas de
máximo consumo).

 Permite uma melhoria na distribuição de pressões sobre a rede, por constituir


fonte distinta de alimentação durante a demanda máxima, quando localizado à
jusante dos condutos de recalque.

 Garante uma altura manométrica constante para as bombas, permitindo o seu


dimensionamento na eficiência máxima, quando alimentado diretamente pela
adutora de recalque.

7.2. Classificação

a) De acordo com a localização no sistema de abastecimento

1) reservatórios de montante;
2) reservatórios de jusante ou de sobras.

b) De acordo com a localização no terreno

1) reservatórios enterrados;
2) reservatórios elevados;
3) reservatórios semi-enterrados;
4) reservatórios apoiados.
c) De acordo com o material de construção

1) reservatórios de concreto armado;


2) reservatórios de alvenaria;
3) reservatórios de aço;
4) reservatórios de madeira;
5) reservatórios de fibra de vidro.

7.3. Capacidade do reservatório ®® a capacidade total de reserva, é o somatório


das capacidades do reservatório, ou seja:

Ct = C1 + C2 + C3

C1 = capacidade para promover a compensação entre a variação das vazões


do consumo ao longo das horas do dia e a vazão constante, máxima diária, que
chega ao reservatório (reserva de equilíbrio).

C2 = capacidade necessária para manter a continuidade do abastecimento,


por ocasião de paralisação na produção (demanda de emergência).

C3 = capacidade necessária ao atendimento eventual de demandas para


combate a incêndios (combate a incêndios).

7.3.1. Determinação da capacidade C1 ®® para determinação desta capacidade,


considera-se duas situações:

a) A cidade conta com sistema de abastecimento adequado e bom sistema


de medição do consumo de água.

Neste caso a capacidade C1 deve ser calculada através do traçado da curva


de variação diária do consumi ou do diagrama de massas correspondente.

Consumo Curva de Consumo


3
(m )

Esvazia
Qmáx diária Adução
Enche Enche
0 6 12 18 24 (h/dia)

 Gráfico de variação horária de consumo no dia de máximo consumo.

Volume
Acumulado
(m3) Déficit Diminui
(enche)
Consumo Acumulado

Déficit Crescente (seca)


Ca (m3)

Saldo Diminui (seca)


Q máx diária

Saldo Crescente (enche)


0 6 12 18 24
(h/dia)

 Diagrama de massas para determinar a capacidade atual necessária, para


compensar a variação do consumo.

 A capacidade do reservatório atual (Ca), necessário para fazer a


compensação da variação horária de consumo, é igual a soma do maior saldo
acumulado com o maior déficit acumulado.

 A relação entre a capacidade atual Ca (m3) e o volume do dia de máximo


consumo (volume bombeado - m3) é:

a = Ca/ Qmáx.diária x 24

 Esta relação é uma característica da cidade (clima, hábito, condições sócio-


econômicas) e se considera constante. Portanto, a capacidade do reservatório
projetado (futuro) será:

C1 = a Qmáx.diária.futura x 24 x 1,2; onde 1,2 é um coeficiente de segurança


estabelecido por norma (admensional); a é uma constante admensional; Q é a
vazão máxima diária de projeto (m3/ h).

Obs.: Se a cidade não tem dados para determinação da constante (a), pode-
se usar dados de cidade semelhante.
b) Na cidade não se dispõe de dados para determinação da capacidade do
reservatório, procede-se da seguinte forma:

1) A adução sendo contínua durante as 24 horas do dia, a capacidade C 1


será igual ou maior que 1/ 3 do volume distribuído no dia de máximo
consumo, ou seja:

C1 = 1/ 3 (P qm k1 ) x 24 (m3).

2) A adução sendo descontínua e se fazendo em um só período que coincide


com o período do dia em que o consumo é máximo, o volume armazenado
será igual ou maior que 1/ 3 do volume distribuído no dia de consumo
máximo e igual ou maior que o produto da vazão média do dia de
consumo máximo (bombeado) pelo tempo em que a adução permanecerá
inoperante nesse dia de consumo máximo, isto é:

C1 = 1/ 3 (P qm k1 ) x 24 ou

C1 = Q x T (m3).

Q = vazão de adução (Qmáx.diária).


T = tempo em que a bomba permanece inoperante.

7.3.2. Determinação da capacidade C2 ®® para que não ocorra a interrupção do


fornecimento de água pelo reservatório, nos intervalos de tempo em que ele não
recebe água devido a acidentes em outros órgãos, é necessário que, no cálculo da
sua capacidade, esteja previsto um volume correspondente ao consumo da cidade
durante o período de tempo correspondente à interrupção. Em geral, a capacidade
C2 é determinada pela expressão:

C2 = Q tm; Q = vazão máxima horária


tm = período de tempo de interrupção do fornecimento de
água.

Obs.: tm geralmente definido pelo órgão contratante, considerando o tempo


médio (tm) de duração de interrupções de maior freqüência.

7.3.3. Determinação da capacidade C3 ®® o consumo de água para combate a


incêndio pode ser calculado pela expressão:

C3 = Q t; Q = vazão necessária para combate ao incêndio


t = duração do incêndio.

Obs.: Outra maneira de determinar C3 é consultar o corpo de bombeiros local


definindo valores de acordo com normas e necessidades.

7.4. Reservatórios enterrados e reservatórios elevados

Capacidade
 Quando há necessidade de um reservatório elevado para garantir pressões
adequadas na rede de distribuição pode-se dividir o volume de água entre ele e um
reservatório enterrado. Um conjunto motor-bomba recalcará água do reservatório
enterrado para o reservatório elevado.

 As vazões externas de dimensionamento de recalque seriam:

a) Recalque com capacidade suficiente para atender à vazão do dia e hora


de maior consumo da rede de distribuição:

K 1 . K 2 . P .qm
Qmax=
86400

Nesta caso, o reservatório elevado teria uma capacidade pequena. Apenas


o suficiente para manter uma nível de água que permitisse pressões
adequadas na rede. Todo o volume de água para o consumo da cidade
estaria no reservatório enterrado.

b) Recalque com a vazão média do dia de maior consumo:

K 1 . P . qm
Q=
86400

Nesta caso, o reservatório elevado deveria ter a capacidade necessária


para atender à cidade. O reservatório enterrado seria o receptor da água
aduzida e o poço de sucção do sistema de recalque.

Obs.:

 A capacidade de cada um dos dois reservatórios poderia ser determinada


pelo estudo do custo de diversas soluções;

 Deve-se considerar que à medida que cresce a capacidade do reservatório


elevado decresce a do reservatório enterrado, sendo constante a capacidade total.
O custo total aumenta com o crescer da capacidade do reservatório elevado;

 A vazão de recalque decresce quando aumenta a capacidade do reservatório


elevado, diminuindo em conseqüência o custo do sistema de recalque. O custo total
incluindo reservatório e sistema de recalque é variável. A solução ótima é a que
corresponde à solução de menor custo. É comum entre nós fixar-se, nestes casos,
capacidades para o reservatório elevado entre 10 a 20% da capacidade total
necessária para a cidade.

7.5. Dimensões econômicas ®® fixado o tipo, a forma e a capacidade do


reservatório é possível estudar dimensões que o torne de mínimo custo,
particularmente para reservatórios de concreto armado.
 Um reservatório enterrado para o qual foram fixados a capacidade e altura
terá o menor comprimento das paredes em planta , inclusive a parede divisória, se
for de seção horizontal circular.

 Os reservatórios geralmente são projetados com duas câmaras


(compartimentos). A compartimentação é vantajosa, no caso de reparo ou limpeza,
uma das câmaras pode permanecer funcionando. Além do mais, se for previsto um
reservatório com duas câmaras independentes, consegue-se reduzir o investimento
inicial das obras, com a instalação de uma só câmara na primeira etapa.

 Por possuírem uma parede comum, os reservatórios com câmaras contíguas


terão (em planta) o menor comprimento de paredes se suas dimensões estiverem na
relação:
x
x 3
=
y 4 y

 Um reservatório elevado será mais econômico se sua seção horizontal for


circular. As torres com forma cilíndrica têm dimensões econômicas quando a relação
entre a altura do reservatório propriamente dita e o seu diâmetro estiverem na
relação 1:2.

 O custo dos reservatórios pode depender de: tipo de solo no local; forma do
reservatório; tipo de estrutura adotada, etc.

 Em um reservatório enterrado quanto menor a altura, maior a área de terreno


necessária. A dificuldade de construção poderá aumentar quando se tem
reservatórios de maior altura.

 O custo da construção poderá aumentar quando se adotam reservatórios


elevados em que se pretende tirar partido estético da obra realizando um
empreendimento que contribua para embelezar a cidade.

7.6. Influência da posição do reservatório no dimensionamento dos condutos


principais da rede de distribuição

a) Reservatório à montante ® é aquele pelo qual passa, antes de atingir a


rede, toda a água destinada ao consumo. Para tanto, possui uma tubulação
de entrada de água e outra de saída.

NA
Edificação

R A

O conduto principal RA deve atender à cidade no dia e hora de maior


consumo. O seu dimensionamento deve ser feito para a vazão da rede de
distribuição, ou seja:

K 1 . K 2 . P .qm
Qmax=
86400 (m³/s)

b) Reservatório de jusante ® aquele que somente recebe água nos


períodos em que a vazão de alimentação da rede supera a de consumo.
Nele uma só tubulação, que parte do fundo, serve para a entrada e saída
da água.

NA

Edificação

A B C D

Na figura: AB = conduto adutor;


BC = rede de distribuição;
CD = conduto ligado ao reservatório de jusante.

 O condutor AB é dimensionado para a vazão média do dia de maior consumo:

K 1 . P . qm
Q=
86400

 O conduto CD funcionará com vazões bastante variáveis. No dia de maior


consumo, no fim do plano estudado para a cidade o escoamento se realizará da
seguinte forma:
1) No intervalo de tempo correspondente às horas de menor consumo, o
sentido do escoamento será de C para D. A vazão máxima nesse período
será:
K 1 . P. qm
Q1 =
86400 - Qmín; sendo Qmín a vazão mínima da rede de distribuição
durante as horas de menor consumo (Indica que nas horas de menor
consumo, o reservatório está cheio e a vazão de consumo da rede é menor
que a de adução, portanto a vazão Q 1 será igual a diferença entre Q adução e
Qmín).

2) No intervalo de tempo correspondente às horas de maior consumo o


sentido do escoamento será de D para C. A vazão máxima nesse período
será:

K 1 . K 2 . P . qm K 1 . P .qm
Q2 = −
86400 86400 ; (Indica que nas horas de maior consumo, o
reservatório está esvaziando e a vazão de consumo da rede é maior que a de
adução, portanto a vazão Q2 será igual a diferença entre Qmáx e Qadução).

 A canalização CD deverá ser dimensionada para o maior desses dois valores


de vazão.

7.7. Posição do reservatório de distribuição em cota.

 A determinação da posição do reservatório de distribuição em cota, conhecida


a sua localização em planta e as perdas de carga nos diversos trechos da rede de
distribuição, é realizada a partir de pontos mais desfavoráveis do terreno. Esses
pontos deverão ser escolhidos entre os mais afastados do reservatório e os situados
em cotas mais elevadas.

NA
h1
R h2

H
h3
h
4

A B C D

 O nível de água no reservatório será fixado a partir da expressão:


NA = Z + h + hmín
Z = cota do terreno no ponto mais desfavorável;
h = perda de carga no escoamento da água desde o reservatório até o ponto
mais desfavorável;
hmín = pressão disponível mínima requerida na rede de distribuição (15
m.c.a. - Norma).

7.8. Recomendações gerais e detalhes sobre o projeto de reservatório.

a) De modo geral, a altura útil varia de 3 a 6 metros, embora


excepcionalmente sejam adotados de 2,4 e o máximo de 8 metros.

b) É conveniente que o fundo dos reservatórios tenham uma declividade


mínima de 0,5% em direção da abertura de descarga, a fim de facilitar o
refugio das águas após as limpezas.

c) A cobertura nos reservatórios é importante pois destina-se a proteger,


contra qualquer perigo de poluição a água potável que vai ter no
reservatório. Além do mais, impedindo a penetração dos raios solares, a
cobertura impossibilita o desenvolvimento de algas na água, as quais
poderiam provocar odor e sabor desagradáveis.

d) A abertura de inspeção é uma passagem que se deixa na cobertura para


permitir a visita ao interior do reservatório. Ela é geralmente quadrada com
0,6 m x 0,6 m e geralmente tem um dos lados no prolongamento da face
interna da parede do reservatório, onde fica instalada a escada de acesso.

e) As coberturas dos reservatórios devem ser providas de uma ou mais


chaminés de ventilação, a fim de que o nível d’água fique sempre sob
pressão atmosférica. As aberturas das chaminés devem ser providas de
telas, a fim de impedir a passagem de substâncias estranhas e de insetos,
como mosquitos, para o interior dos reservatórios.

f) Na entrada de água, se o suprimento é feito por gravidade, costuma-se


colocar uma válvula de bóia na extremidade da tubulação de entrada, a fim
de que a passagem da água para o interior do reservatório, quando o
mesmo estiver cheio, seja interrompido. Para cada compartimento do
reservatório deve haver uma canalização de entrada.

g) A canalização de saída, uma para cada compartimento, providas de


registro para isolamento de cada unidade, tem saída pelo fundo do
reservatório com um ressalto de 5 a 10 cm. Proteção de saída com grade
de ferro fundido, bronze ou latão.

h) Os reservatórios elevados normalmente apresentam um único


compartimento, isto é, não são subdivididos. Muitas vezes, por razões
econômicas, são dotados de uma única canalização para a entrada
(entrada pelo fundo), saída e descarga. Um sistema de válvulas,
entretanto, deve permitir o isolamento do reservatório sem interrupção do
abastecimento, o que se consegue por meio de uma canalização de
passagem direta (by pass). Nos reservatórios de jusante a entrada e a
saída se fazem sempre por uma única tubulação.
i) Deve-se ter precauções especiais no sentido de assegurar a
impermeabilidade das paredes do reservatório.

j) Sinalização de torres, para proteção da navegação aérea, sempre que


necessário, a juízo das autoridades competentes. Pára-raios.
8. Rede de distribuição (NB - 594 / 77)

8.1. Generalidades ®® entende-se por rede de distribuição o conjunto de peças


especiais destinadas a conduzir a água até os pontos de tomada das instalações
prediais, ou os pontos de consumo público, sempre de forma contínua e segura.

Destacam-se as tubulações - troncos, mestras ou principais, alimentadas


diretamente pelo reservatório de montante (figura a.) ou pela adutora em conjunto
com o reservatório de jusante (figura b.), das quais partem as tubulações que se
distribuem pelas diversas artérias da cidade.

Rede de Distribuição

Tubul
ão
Secund
ário

Adutora
Tubulação
Tronc
o
Reservatório de Montante

Rede de Distribuição

Adutora
Reservatório de Jusante
Tubulação Tronco Tubulação Secundária

a. Rede servida por reservatório de montante.

b. Rede servida por reservatório de jusante.

 As redes são consideradas pelo sentido de escoamento da água nas


tubulações secundárias (ramificadas ou malhadas). Podem distribuir exclusivamente
potável (rede única) ou também água imprópria para beber (rede dupla). Podem
situar-se em níveis diferentes nas cidades acidentadas, bem como possuir duas
tubulações nas ruas largas ou tráfego intenso.
8.2. Traçado dos condutos® na rede de distribuição distinguem-se dois tipos de
condutos:

1) Condutos principais® também chamados tronco ou mestres, são as


canalizações de maior diâmetro, responsáveis pela alimentação dos
condutos secundários. A eles interessa, portanto, o abastecimento de
extensas áreas da cidade.

2) Condutos secundários® de maior diâmetro, são os que estão intimamente


em contato com os prédios a abastecer e cuja alimentação depende
diretamente deles. A área servida por um conduto desse tipo é restrita e
está nas suas vizinhanças.

Obs.: O traçado dos condutores principais deve tomar em consideração:

 ruas sem pavimentação;


 ruas com pavimentação menos onerosa;
 ruas de menor intensidade de trânsito;
 proximidade de grandes consumidores;
 proximidade das áreas e de edifícios que devem ser protegidos contra
incêndio.

8.3. Tipos principais de redes® em geral, podem ser definidos três tipos
principais de redes de distribuição, conforme a disposição dos seus condutos
principais.

a) Rede em “espinha de peixe” ® em que os condutos principais são


traçados, a partir de um conduto principal central, com uma disposição
ramificada que faz jus aquela denominação. É um sistema típico de
cidades que apresentam desenvolvimento linear pronunciado.

R R

b) Rede em “grelha” ® em que os condutos principais são sensivelmente


paralelos, ligam-se em uma extremidade a um conduto principal e têm os
seus diâmetros decrescendo para a outra extremidade.

R
c) Rede em anel (malhada) ® em que os condutos principais formam circuitos
fechados nas zonas principais a serem abastecidas: resulta a rede de
distribuição tipicamente malhada. É um tipo de rede que geralmente
apresenta uma eficiência superior aos dois anteriores.

 Nos dois tipos de redes, a circulação da água nos condutos principais faz-se
praticamente em um único sentido. Uma interrupção acidental em um conduto
mestre prejudica sensivelmente as áreas situadas à jusante da seção onde ocorrem
o acidente. Na rede em que os condutos principais formam circuitos ou anéis, a
eventual interrupção do escoamento em um trecho não ocasionará transtornos de
manter o abastecimento das áreas à jusante, pois a água efetuará um
caminhamento diferente através de outros condutos principais.

8.4. Regras básicas para lançamento de rede

1) Topografia® utiliza-se para traçado da rede, planta baixa com


levantamento plani-altimétrico (curvas de nível de metro em metro) e semi-
cadastral, com locação dos lotes e áreas de expansão, incluindo
loteamentos aprovados ou previstos, indicação dos consumidores
especiais e singulares, localização de estradas, estradas de ferro, e dos
outros obstáculos naturais que necessitarão de obras especiais de
travessia ou locação. A escala indicada é 1: 2000. Para cidades médias e
grandes é importante o lançamento da rede geral, em escala conveniente
(pode ser 1: 5000), onde se define também a área abastecível, as zonas de
pressão, as áreas de igual vazão específica, etc.
Obs.:

 Área específica® aquela cujas características de ocupação a torna distinta


das áreas vizinhas em termos de concentração demográfica e de categoria dos
consumidores presentes (comercial, industrial, público e residencial).

 Consumidor especial® é aquele que deverá ser atendido independentemente


de aspectos econômicos que se relacionam com o seu atendimento.

 Consumidor singular® é aquele que ocupando uma parte de uma área


específica, apresenta um consumo específico, significativamente maior que o
produto da vazão específica da área, pela área por ele ocupada.

2) Zonas de pressão® a rede de distribuição poderá ser subdividida em


tantas zonas de pressão quanto for necessário para atender as condições
de pressão impostas pela Norma (NB - 594/77).
 A localização do(s) reservatório(s) se faz em função deste parâmetro,
examinando a topografia, centro de consumo, etc.

2.a) A pressão estática máxima permitida em tubulações distribuidoras será


de 50 m.c.a. e a pressão dinâmica mínima será de 15 m.c.a.

 Partes de uma mesma zona de pressão poderão apresentar pressões


estáticas superiores a máxima e dinâmica inferiores a mínima, desde que sejam
atendidas as seguintes condições:

 A área abastecida com pressões estáticas superiores a 50 m.c.a. poderá


corresponder até a 10% da área da zona de pressão, desde que não seja
ultrapassada uma opressão de 60 m.c.a. e até 5% da área da zona de
pressão desde que não seja ultrapassada uma pressão de 70 m.c.a.

 A área abastecida compressão dinâmica inferior a 15 m.c.a. poderá


corresponder até a 10% da área da zona de pressão, desde que a pressão
mínima seja superior a 10 m.c.a. e até 5% da área da zona de pressão
desde que a pressão mínima seja superior a 8 m.c.a. e que além disso as
áreas sujeitas a pressão inferior a 15 m.c.a. apresentem uma pressão
estática máxima menor que 15% da pressão dinâmica mínima.

3) Diâmetro das tubulações® o fi6ametro mínimo das tubulações principais


das redes calculadas como malhada será:

 Igual a 150 mm quando abastecendo zonas comerciais ou zonas residenciais


com densidade igual ou superior a 150 hab/km 2.

 Igual a 100 mm quando as demais zonas de núcleos urbanos, cuja população


de projeto é superior a 5000 habitantes.

 Iguala 75 m para núcleos urbanos cuja população de projeto é igual ou


inferior a 5000 habitantes.

4) Diâmetro dos condutos secundários® o diâmetro interno mínimo dos


condutos secundários da rede de distribuição será de 50 mm.

 Para consumidores com população inferior a 5000 habitantes e quota per


capita menor que 100 l hab / dia é admitido o uso de tubulação com diâmetro inferior
a 50 mm desde que a tubulação utilizada seja constituída de material resistente ao
ataque pela água e sejam mantidas as seguintes limitações relacionadas na tabela.

Diâmetro Interno N º de Economias


Mínimo (mm) Secundárias (máx)
25 10
30 20
35 50
5) Análise do escoamento® a análise do escoamento nas redes de
distribuição, deverá ser feita com o emprego da fórmula universal da perda
de carga:

2
1 V
J =f⋅ ⋅
D 2g

J = perda de carga uniformemente distribuída (m/m);


f = coeficiente de perda de carga distribuída (admensional);
D = diâmetro hidráulico (m);
V = velocidade média na seção (m/s);
g = aceleração da gravidade (m/s2).
 O coeficiente de perda de carga distribuída pode ser calculado através do
diagrama de Moody, através da tabela (Norma) ou da fórmula de Colebrook-White,
seguinte:

1 K 2 .51
f
=-2. log( +
3,7 . D R . √ f )
f = coeficiente de perda de carga distribuída;
K = rugosidade uniforme equivalente (m);
D = diâmetro hidráulico (m);
R = número de Reynolds.

 Os valores de K para os tubos novos mais usados para projeto de rede de


distribuição são:

 Tubo de ferro fundido revestido internamente com argamassa de cimento e


areia por centrifugação: K = 0,1.

 Tubo de pléstico: K = 0,06.

6) Funcionamento global® nas redes em que os condutos principais


formarem circuitos, a análise do funcionamento global da rede, deve ser
realizada com o emprego de métodos iterativos, observados os limites
máximos para os resíduos da vazão e da perda de carga de 1 l/s e 1
m.c.a., respectivamente.

a) Será admitida que a distribuição de água nos condutos principais formando


circuito será feita em pontos singulares (nó) desses condutos, separados
no máximo de uma distância de 500 m.

b) A cada ponto singular (nó) a que se refere o item a), corresponderá em


parte da área abastecível a ser atendida pela rede de distribuição, que
definirá a vazão a ser atendida pelo conduto principal.

7) Dimensionamento das redes ramificadas® se fará de acordo com os


seguintes critérios:
a) Será admitida que a distribuição se fará uniformemente ao longo do
comprimento de cada trecho.

b) A perda de carga no trecho será determinada para a vazão igual a que se


verifica na extremidade de jusante do trecho, somada a metade da vazão
que se verifica ao longo do trecho.

c) Quando as redes forem malhadas e dimensionadas como ramificadas


(seccionamento fictício), para os pontos seccionados, a diferença de
pressões calculadas não são superior a 5% da média dessas pressões.

8) Consumidores singulares® aos consumidores singulares corresponderá


um nó, se a rede for dimensionada como circuitos fechados ou uma
derivação se a rede for dimensionada como rede ramificada.

a) Será considerado consumidor singular, aquele cujo consumo apresenta as


características:

 A rede sendo malhada, o consumo é igual ou maior à menor vazão que seria
verificada caso o consumidor inexistisse, em qualquer dos nós das malhas definidas
pela tubulação principal que o abastecerá.

 A rede sendo ramificada, o consumo é igual ou maior que a menor vazão de


qualquer de suas derivações.

9) Combate a incêndio® a rede poderá ser dimensionada levando em conta


uma vazão admissível para combate a incêndio, vazão essa que será
estabelecida por acordo entre o projetista e o órgão contratante, atendendo
as condições de capacidade econômica, as condições disponíveis de
proteção contra incêndios, a necessidade dessa proteção e ao critério de
pressão mínima na rede de distribuição.

8.5. Roteiro de cálculo® dimensionamento pelo método dos


seccionamentos fictícios.

Este método é aplicável às redes ramificadas ou malhadas, transformadas


por um artifício (seccionamentos fictícios) em ramificadas. Em geral adotado para
cidades pequenas.

a) Traçam-se a lápis, na cópia da planta da cidade, as tubulações da rede,


que geralmente devem coincidir com o eixo das ruas;

b) Na mesma planta, determina-se os comprimentos de todos os trechos da


rede, os quais são limitados pelos pontos de cruzamento (nós) e pelas
extremidades livres das tubulações. Se os trechos, assim definidos,
possuírem grande extensão ou apresentarem cotas topográficas
intermediárias bem superiores ou inferiores as das extremidades, então
serão devidamente desdobrados;
c) Ainda sobre a mesma planta, calculam-se, com base nas curvas de nível
de metro em metro, as cotas topográficas dos cruzamentos e das
extremidades livres, cotas essas que serão anotadas ao lado desses
pontos;

d) Copia-se em folha de papel transparente o esboço da rede, inclusive


comprimentos e cotas topográficas, definidas nos tr6es itens anteriores;

e) Transforma-se no papel vegetal, através de um seccionamento criterioso, a


rede malhada em ramificada. Para tanto, a partir do reservatório, faz-se
com que todos os pontos de cruzamento e extremidades livres da rede
sejam atingidos pelo menor percurso da água. Nessa operação, desenha-
se uma pequena seta ao lado de cada trecho, para indicar o sentido de
escoamento da água, bem como um pequeno traço cortando a
extremidade de jusante do trecho que for seccionado para indicar que essa
extremidade funciona como se fosse livre;

f) Numeram-se todos os trechos com números arábicos (a começar de 1), de


acordo com o sentido crescente das vazões, de modo que o trecho de
maior número seja alimentado diretamente pelo reservatório ou pela
adutora, neste caso em se tratando de reservatório de jusante;

g) Levam-se para uma planilha de cálculo, convenientemente preparada,


todos os trechos, dispostos em ordem numérica, de modo que para eles
constem o comprimento e as cotas topográficas;

h) Na planilha, calcula-se para cada trecho, a vazão de montante, somando-


se a vazão de jusante com a distribuição em marcha. O cálculo é iniciado
nos trechos seccionados ou de extremidade livre, uma vez que neles a
vazão de jusante é conhecida e igual a zero. A vazão de distribuição em
marcha é obtida multiplica-se o comprimento do trecho pela vazão unitária
de distribuição, expressa em litros por segundo e por metro. Por sua vez, a
vazão fictícia de dimensionamento é a semi-soma de jusante e de
montante. A vazão de jusante, quando diferente de zero, é igual a soma
das vazões de montante dos trechos alimentados pelo trecho em estudo;

 Vazão específica de distribuição (unitária - q)

Qmaxhoraria
q=
L (l/sm)

Qmáx.horária = vazão máxima horária (l/s);


L = extensão total da rede (m).

i) Ainda na planilha, em função da vazão fictícia de dimensionamento e dos


limites de velocidade (econômica), assinala-se para cada trecho o valor do
seu diâmetro;

Diâmetro Econômico Vazão Velocidade


D Comercial (mm) Q (l/s) V (m/s)
50 1,3230 0,675
75 3,1514 0,713
100 5,8875 0,750
125 10,400 0,800
150 14,570 0,825
200 28,260 0,900
250 47,775 0,975
300 74,230 1,050
350 108,225 1,125
p. D2
Q= .V
Veconômica = 0,6 + 1,5 D; 4
j) Com a extensão (comprimento), a vazão fictícia de dimensionamento e o
diâmetro e definido o material a ser utilizado (K), calcula-se a perda de
carga unitária (J) através da fórmula Universal e em seguida calcula-se a
perda de carga no trecho hf = J. L;

Obs.: A perda de carga também pode ser calculada através da fórmula de


Hazen-Williams, com C = 100 para ferro fundido; C = 130 para cimento-amianto e
ferro fundido cimentado e C = 140 para material plástico, salvo indicação em
contrário para esses coeficientes, fazendo-se uso de tabelas, ábacos ou
monogramas.

l) Para o ponto da rede de condições mais desfavoráveis no que tange à cota


topográfica e ou à distância em relação ao reservatório, estabelece-se a
pressão dinâmica mínima (15 m.c.a.) ou estática máxima (50 m.c.a.). O
limite inferior é estabelecido, a fim de que a rede possa abastecer
diretamente prédios de até dois pavimentos e o superior, para prevenir
quer maiores vazamentos nas juntas das tubulações, quer danos nas
instalações prediais (torneiras de bóia);

m)A partir da cota piezométrica do ponto mais desfavorável (pressão


dinâmica mínima mais a cota topográfica), calculam-se as cotas
piezométricas de montante e de jusante de cada trecho, com base nas
perdas de carga já definidas, ou seja, somando-se à cota piezométrica a
perda de carga no trecho, obtém-se a cota piezométrica de jusante do
trecho anterior, e assim sucessivamente até o reservatório;

Obs.: As pressões dinâmicas em cada trecho, são obtidas pelas diferenças


entre as cotas piezométricas e as cotas de terreno.

n) Verificam-se para cada nó, onde houve seccionamento de um ou mais


trechos, as diferentes pressões resultantes de percursos diversos da água
e determina-se a média, da qual nenhuma pressão deve se afastar além de
10% do valor médio;

o) Altera-se o traçado da rede, o seu seccionamento ou o diâmetro de


algumas tubulações, se o afastamento considerado no item anterior
superar 10%, bem como se as pressões máximas e mínimas
preestabelecidas forem ultrapassadas, ou se for impraticável a localização
do reservatório numa cota definida pelo cálculo.

p) Anotam-se no esboço da rede, feito em papel transparente o diâmetro e a


vazão fictícia de dimensionamento dos trechos.

Cota Piezométrica

Cota Piezométrica
Vazão (l/s) Cota do Terreno Pressão Disponível
Extensão (m)

Montante (m)
Diâm etro (m)

Jusante (m)
Carga (m)

Perda de
Trecho

Montante

Montante

Montante
Jusante

Jusante

Jusante
Marcha

Fictícia

8.6. Roteiro de cálculo - dimensionamento pelo método de


Hardy Cross

Este método é aplicável em geral para cidades médias e grandes. É um


método iterativo e que caracteriza-se pela hipótese de abastecimento da área
através de anéis ou circuitos, formados pelos condutos principais e pelas seguintes
regras básicas:

a) Em um nó qualquer, SQ = 0, sendo positivas as vazões afluentes e


negativas as vazões efluentes;

b) Em um anel (circuito) qualquer, Shf = 0, sendo positivas as perdas de carga


coincidentes e negativas as contrárias a um prefixado sentido de
caminhamento.

Roteiro:

1) Na planta topográfica plani-altimétrica e semi-cadastral da cidade delimitar


com linhas traço-ponto a área de projeto a ser abastecida, considerando as
zonas de expansão futura;

2) Traçar os anéis (no caso considerar um mínimo de 2 anéis). Copiar os


mesmos em papel vegetal;

Obs.: De um modo geral, não se deve considerar uma área demasiadamente


grande, pois neste caso resultarão tubulações de grande diâmetro.

3) Numerar os anéis e estabelecer para cada nó ou ponto de carregamento


uma letra de alfabeto;

4) Calcular as vazões para cada nó. Admitir que cada nó dos anéis esteja
aproximadamente no centro de uma área e considerar que a vazão de
abastecimento correspondente esteja concentrada nesse ponto [ara efeito
de dimensionamento do projeto;
5) Delimitar em linhas pontilhadas as “áreas abastecidas em cada nó dos
anéis”;

6) Preencher a tabela, conforme o modelo;

Nó Área A (há) Vazão Q (l/s)


A ... ...
B ... ...
Total ... ...

Obs.:

a) Vazão de distribuição® vazão máxima horária, estabelecida na concepção


básica de sistema, incluindo os grandes consumidores (singulares);

Qmaxhoraria
q=
A

q = vazão específica de distribuição (l/s.ha);


Qmáxhorária = vazão máxima horária (l/s);
A = área abastecível (ha).

b) A vazão de carregamento dos nós é dada pela fórmula:

Q(n) = q.An

Q(n) = vazão de carregamento de nó (l/s);


q = vazão específica de distribuição (l/s.ha);
An = área correspondente ao nó (ha).

7) Marcas em planta o comprimento de cada trecho dos anéis;

8) Estabelecer um sentido de percurso, por exemplo:


 sentido horário - positivo;
 sentido anti-horário - negativo.

9) Determinar as vazões em cada trecho dos anéis. Admitir que o percurso da


água se faça através dos condutos principais, partindo do reservatório de
distribuição a atingindo cada nó do sistema, percorrendo o menor trajeto
possível, respeitando o primeiro princípio de dimensionamento (SQ = 0);
adotando o sinal algébrico para cada vazão nos trechos, em função do
sentido adotado;

10) Determinar o diâmetro de cada trecho com base na velocidade


econômica. Anotar em cada trecho o diâmetro adotado em função da
vazão;

11) Com base no diâmetro (D), vazão (Q) e material (K), determinar a
perda de carga unitária (J) através da fórmula Universal e calcular a perda
de carga no trecho (hf = J.L), com o mesmo sinal da vazão. Verificar em
cada anel condição Shf = 0;

Obs.: Não satisfeita a condição de Shf = 0:

9) Determinar as correções de vazão pela fórmula:

S hf
DQ=
2 S hf
Q

Obs.: Efetua-se a correção da vazão somando-se algebricamente a vazão


inicial a correção DQ calculada e repete-se todas as operações até que o valor de
DQ se apresente igual ou menor que 0,1 l/s e Shf ± 0,5 m.

13) Determinados os valores finais de D e Q, calcula-se a cota do nível


d’água do reservatório preenchendo a tabela abaixo:

Nó Cota do Perda de Pressão Nível de Água


Terreno Carga Reserv. Mínima Reservatório
e Nó
Pontos (1) (2) 15 (3) (1) + (2) = (3)
Elevados
Pontos 15
Afastados

14) Determinados os valores finais de Q e D, calcula-se também os demais


elementos (velocidade, cotas piezométricas e pressões disponíveis) da
mesma forma que para o método dos seccionamentos fictícios,
preenchendo a tabela;

Nó Perda de Cota Cota do Pressão


Carga Reserv. Piezométr. do Terreno Diponível
e Nó Nó
(2) Cota do
(1) terreno menos (3) (3) – (2)
perda de carga
em cada nó

Modelo de planilha - Hardy Cross.

anel trec L Q D J hf h/Q DQ1 Q1 D1 J1 hf1


ho (m) (l/s) (mm (m/ (m) (l/s) (l/s) (mm (m/
) m) ) m)

A
S S

S S

−S hf
DQ=
2 S hf
Q

8.7. Órgãos e equipamentos acessórios de rede.

a) Válvulas (registros) de manobra e de descarga

 Quando tr6es ou mais trechos de tubulações se interligarem em um ponto,


deverá ser prevista uma válvula para fechamento de cada trecho;
 Nos condutos secundários deverá ser prevista uma válvula junto ao ponto de
ligação a condutos principais;
 Salvo motivo devidamente justificado, deverão ser previstas válvulas de
descarga nos pontos baixos da rede;
 O diâmetro nominal das válvulas de descarga instaladas em tubulações com
diâmetro igual ou menor que 75 mm, será igual ao da própria tubulação. Para
tubulações com diâmetro maior ou igual a 100 mm será de 100 mm o diâmetro da
válvula;
 Todas as válvulas serão instaladas em caixas de proteção, conforme modelo
e dimensões adequadas e definidas de comum acordo com o contratante.

b) Hidrantes

Deverão ser previstos hidrantes nas tubulações principais, separados se uma


distância máxima de 500 m.

c) Conexões

Deverão ser indicadas todas as conexões necessárias ao perfeito


funcionamento da rede, em cada nó, detalhada de forma aficar claro seu tipo e
forma de especificação e execução da rede, de acordo com os catálogos dos
fabricantes.

d) Ramal predial

Deverá ser definido em comum acordo com o órgão contratante do projeto, o


modelo padrão da ligação predial a ser adotado, para efeito de especificação e
estimativa de custos incluindo o micromedidor (hidrômetro).

8.8. Normas Brasileiras - NB - 594/77. Elaboração de projeto


hidráulico de redes de distribuição para abastecimento público.
9. Medição do consumo

9.1. Modalidades de fornecimento de água aos prédios

 O fornecimento de água aos consumidores pode ser feito através de três


tipos de distribuição:

a) Torneira livre® não há restrição alguma ao consumi e nem ao controle da


água fornecida. É um sistema precário que dá margem a perdas muito
grandes. A cobrança de taxa é fixa, independente do consumo.

b) Pena d’água® são peças dotadas de passagens estreitas formando


ângulos, capazes de introduzir perdas de carga consideráveis e dessa
forma restringir a vazão. São intercaladas entre o ramal e a instalação
predial, dificultando o livre e excessivo escoamento da água para o interior
do prédio. Não havendo marcação do volume escoado nesse dispositivo, a
cobrança de taxas não poderá basear-se no volume fornecido. Resulta,
também, um sistema de taxação fixo incorreto.
c) Serviço medido® no sistema com medição, toda água que entra para o
edifício deve passar por um aparelho medidor colocado em local
apropriado.
A utilização dos medidores é uma prática definida pela moderna técnica de
abastecimento de água, que se apoia no princípio de que a cobrança deverá ser
feita pela quantidade fornecida, e que pelo menos as despesas de manutenção e
operação dos sistemas sejam cobertas com recursos provenientes da venda de
água. O serviço medido, assegurando o registro do volume de água consumido,
permite estabelecer um sistema de cobrança proporcional ao consumo efetivo.
Nesse sistema não há limitação de consumo, podendo o usuário dispor,
normalmente, da quantidade que necessitar para usos previamente conhecidos pela
entidade distribuidora, contanto que pague o que realmente utilizar.
A estrita correspondência entre volume medido e a conta de água, por outro
lado, induz os consumidores a limitar o uso da água estritamente às reais
necessidades e a corrigir os defeitos de instalação que sempre provocam, através
de vazamentos, marcações elevadas de consumo. Dessa forma, o sistema medido
contribui efetivamente para a redução de fugas e desperdícios, dando oportunidade
a que maior número de usuários gozem dos benefícios do serviço.

9.2. Hidrômetros (medidores)

a) Definição® medidores ou hidrômetros domiciliares são aparelhos


destinados a medir e indicar a quantidade de água fornecida pela rede de
distribuição a uma instalação predial. Constam, geralmente, de uma
câmara de medição, um dispositivo redutor (trem de engrenagem) e um
mecanismo de relojoaria que registra num mostrador os volumes
escoados.

b) Classificação

b.1) Segundo o princípio de funcionamento: hidrômetros de volume e


hidrômetros de velocidades, taquimétricos ou inferenciais.
 Hidrômetros de volume® a quantidade de água que passa é medida por
enchimentos e esvaziamentos sucessivos de compartimentos delimitados
por peças móveis. Permitem medições mais precisas e apresentam erros
menores; mesmo com escoamento reduzido. Assim são recomendados
quando se pretende efetuar rigoroso combate a fugas e desperdícios em
instalações domiciliares.
A principal desvantagem do hidrômetro de volume é que exige água sem
nenhum material em suspensão, pois paralisa-se facilmente quando partículas
mesmo insignificantes prendem o movimento da peça móvel da câmara de medição.
Essa paralisação pode interromper a passagem da água para o prédio e exigir
rápida intervenção da repartição para retirar o medidor. Além disso, tem custo mais
elevado.

 Hidrômetros de velocidade® transformam a velocidade de escoamento da


água em número de rotações de uma turbina ou hélice, o qual, por sua vez,
está relacionado com o volume escoado. A velocidade sendo maior, o
número de giros será maior num determinado intervalo de tempo e assim a
quantidade de água que passa pelo aparelho. O volume escoado é inferido
a partir da velocidade.
Conforme o mecanismo giratório, os hidrômetros de velocidade podem ser do
tipo de rotor com pás (incidência tangencial) ou do tipo de hélice (incidência axial).
Esses medidores comuns de velocidade, para uso em ramais domiciliares, são
menos sensíveis comparativamente aos hidrômetros de volume e apresentam erros
maiores de medição a vazões baixas. São apropriados para os casos de fluxos
uniformes e não muito reduzidos em relação à capacidade.
Embora menos precisos, os hidrômetros de velocidade não apresentam o
problema de paralisações (devido a materiais em suspensão na água) e, além disso,
permitem ajustes quando se apresentam desregulados.

b.2) Segundo a disposição dos mecanismos

 Relojoaria seca® tem as engrenagens superiores isoladas da água que


passa pelo aparelho.

 Relojoaria molhada® tudo fica imerso em água. O vidro do mostrador deve


ser suficientemente espesso para poder resistir à pressão da água reinante
no interior do medidor.

 Relojoaria selada® possui mostrador e todo o mecanismo contido numa


câmara hermeticamente fechada.

b.3) Segundo o tipo de marcador

 De ponteiros® as indicações são feitas unicamente por meio de agulhas,


cada uma destinada a indicar os algarismos das diferentes ordens de
classe do valor medido. Assemelha-se, num ponto, aos medidores
convencionais de energia elétrica.

 De cifras® geralmente, a indicação dos metros cúbicos e das centenas de


litros é feita num mostrador de leitura direta, enquanto que um ponteiro
central marca indicações com precisão de litros.

9.3. Sistema tarifárico

9.3.1) Generalidades

Tradicionalmente no Brasil, o pagamento pelo uso da água denomina-se “taxa


de água”, sendo essa a denominação encontrada mais comumente nas publicações
sobre o assunto. Nos últimos anos, entretanto, os sanitaristas brasileiros e
autoridades responsáveis pelos serviços verificaram a conveniência de optar pela
designação “tarifa de água” pelas seguintes razões:

 A taxa é um pagamento de natureza geral e obrigatória, exigida e imposta


pelo Governo em decorrência de um serviço prestado ou posto a
disposição. É um tributo fixado oficialmente e aplicável de forma geral.
Sendo uma espécie de tributo, somente pode ser criada ou alterada por lei,
e para ser arrecadada é necessário que tenha sido incluída no orçamento;

 A tarifa corresponde a uma forma de pagamento por um serviço ou


benefício prestado e cobrado de acordo com uma medida ou escala.
Pressupões, portanto, a medição ou avaliação quantitativa;

 As tarifas, porém, cobradas pelo Governo ou por empresa autorizada, não


são impostos, não se aplicam de maneira uniforme (cada um paga o
benefício recebido de acordo com sua extensão);

São exemplos de taxas: a taxa de conservação de ruas, a taxa de serviço de


lixo, e também a taxa de água, quando fixada por lei como tributo.

São exemplos de tarifa: a tarifa de eletricidade, a tarifa de gás, a tarifa de


telefones e a tarifa de água, quando estabelecida com base na medida do
serviço prestado.

9.3.2 Características de uma tarifa de água

 Através das tarifas de água, o custo real dos serviços deve ser distribuído
entre todos os consumidores de forma racional e justa, de tal modo que
cada venha a pagar retribuição correspondente ao benefício recebido;

 O serviço de abastecimento de água exige a aplicação de capital e o


trabalho permanente de pessoal, o consumo de energia, o gasto de
materiais, a manutenção de equipamentos, etc., e como são benefícios
prestados, eles devem ser retribuídos com o pagamento de importância
suficiente para a amortização, operação, manutenção e desenvolvimento.
Essa retribuição devidas pelos beneficiários geralmente é feita pelo
pagamento de taxa ou tarifa, estabelecidas com base nas características e
extensão do próprio benefício. É importante ressaltar que o valor da água,
via de regra, é nulo, não se cobrando pela água, e sim apenas pelos
serviços de captação, bombeamento, adução, purificação, reservação,
distribuição, etc.

 As tarifas de água devem ser:


a) simples;
b) racionais;
c) justas;
d) adequadas;
e) de aplicação geral.

 Simplicidade® é a qualidade essencial de uma estrutura tarifárica. As


tarifas complexas são dificilmente compreendidas pelo público e,
geralmente, são de aplicação trabalhosa e onerosa para os serviços;

 Racionalidade® é outro atributo importante de uma estrutura tarifárica. Os


critérios e as bases de estruturação deverão ser racionais e perfeitamente
justificáveis, sob o ponto de vista técnico e econômico. A fixação de limites
inferiores, o estabelecimento de classes e s determinação de preços
básicos, devem obedecer a critérios lógicos;

 Justas® as tarifas devem ser justas. Esta qualidade faz com que
determinados consumidores não paguem mais nem menos do que o valor
equitativo. Não são objetivos dos serviços de abastecimento de água,
auferir lucros ou tirar vantagens injustificadas de determinada categoria de
consumidor;

 Adequadas® as tarifas devem ser adequadas, entendendo-se por isto, a


condição necessária para que elas produzam a receita indispensável para
o bom desenvolvimento dos serviços. As tarifas adequadas constituem a
base capaz de assegurar a estabilidade financeira indispensável para os
serviços;

 De aplicação geral® uma tarifa deve ser de aplicação geral, e não


discriminativa. Deve-se aplicar igualmente a todos os bairros abastecidos,
para os consumidores sem distinção, observados os critérios gerais e as
condições de consumo.

9.3.3. Classificação das tarifas de água

As tarifas podem ser classificadas em simples e compostas.

 As tarifas simples baseiam-se exclusivamente no consumo de água, isto é,


no volume medido.

 As tarifas compostas compreendem duas ou mais partes (duas ou mais


quotas) uma das quais é função exclusiva do consumo, sendo a outra
fixada com base em um atributo da propriedade (imóvel).

9.3.4. Classificação dos serviços de utilidade pública para efeito


de taxação

Para efeito de taxação, os serviços de utilidade pública podem ser


classificados em:

a) de utilização compulsória: indispensáveis à vida em coletividade


(abastecimento de água, remoção de esgotos, remoção do lixo, etc.);
b) de utilização facultativa: trazem mais conforto ao cidadão, se bem que não
imprescindíveis à vida em coletividade (telefone, gás, etc.).

Para os serviços de utilização facultativa, como critério geral, para a taxação,


pode-se admitir que a taxa seja proporcional à utilização. Para os de
utilização compulsória, deve existir o mínimo de uso imposto pelas condições
sanitárias.
11 – Tratamento de Água para Abastecimento

11.1 – Generalidades: A água quimicamente pura não existe à superfície da terra. A


expressão água pura é usada como sinônimo de água potável, para exprimir que
uma água tem qualidade satisfatória para o uso doméstico.
- Diz-se que uma água é contaminada quando ela contém organismos
potencialmente patogênicos ou contém substâncias tóxicas que torna perigosa, e
portanto, imprópria para o consumo humano ou uso doméstico.

- Diz-se que uma água é poluída quando ela contém substâncias de tal caráter e
em tais quantidades que sua qualidade é alterada de modo a prejudicar a sua
utilização ou a torná-la ofensiva aos sentidos de visão, paladar e olfato.

- As substâncias, que pelos seus caracteres próprios, ou pelos elevados teores,


causam a poluição da água são chamadas “impurezas da água”.

- Obviamente, o conceito de “impurezas da água”, tem significado muito relativo


dependendo inteiramente das características próprias da substância poluidora e
do seu teor face ao uso específico para o qual a água se destina.

- Alguns compostos químicos são, inclusive, indispensáveis a água destinada ao


consumo humano, sendo de grande importância fisiológica.

- Por outro lado, outras utilizações da água, tais como a irrigação, a preservação
da fauna e flora e o uso pastoril, por exemplo, necessitam que a mesma
contenha alguns constituintes indispensáveis aqueles usos.

11.2 – Características da Água

As características da água podem ser agrupadas em três categorias: físicas,


químicas e biológicas.

a) Características Físicas: estão relacionadas, principalmente, com o aspecto


estético da água. Fazem parte dessas características:

- Cor: resulta da existência na água, de substâncias em suspensão. Esta


característica é acentuada quando da presença, na água, de matéria orgânica,
de minerais como o ferro e o manganês, ou de despejos coloridos contidos em
esgotos industriais.

- Turbidez: causada pela presença de materiais em suspensão na água, tais como,


partículas insolúveis de solo, matéria orgânica e organismos microscópicos.

- Sabor e Odor: resultam da presença, na água, de alguns compostos químicos


(ex: sais dissolvidos produzindo sabor salino; alguns gases resultando em maus
odores) ou de substâncias, tais como a matéria orgânica em decomposição, ou
ainda, de algas. Assim, estas características estão, quase sempre, associadas às
impurezas químicas ou biológicas da água.

- As impurezas físicas podem prejudicar alguns usos da água, como por exemplo:
a cor e a turbidez podem tornar a água imprópria ao consumo, pelo aspecto
estético, ou por manchar roupas e aparelhos sanitários; a cor pode tornar o
líquido indesejável para o uso em industrias de produção de bebidas e de outros
alimentos ou de fabricação de louças e papéis, ou ainda, em industrias têxteis;
água com sabor e odor acentuados são rejeitadas para consumo doméstico ou
podem causar problemas ao organismo humano, dependendo dos compostos
químicos presentes; a tubidez acentuada em águas de mananciais, impedem a
penetração dos raios solares e a conseqüente fotossíntese, com problemas
ecológicos para o meio aquático.

b) Características Químicas: entre as características químicas, merecem ser


destacadas:

- Dureza: resulta da presença, principalmente, de sais alcalinos terrosos (cálcio e


magnésio), ou de outros íons metálicos bivalentes, em menor intensidade. Os
principais problemas das águas com dureza eleva da são: causam a extinção da
espuma do sabão, aumentando o seu consumo; produzem incrustações nas
tubulações e caldeiras.

- Salinidade: resultante do excesso de sais dissolvidos na água, como os


bicarbonatos, cloretos e sulfatos, tornando-a com sabor salino e conferindo-lhe a
propriedade laxativa.

- Agressividade: é uma característica da presença de gases em solução na água,


como oxigênio, o gás carbônico e o gás sulfídrico. Uma água agressiva pode
causar a corrosão de metais ou de outros materiais, tais como o cimento.

- Ferro e Manganês: são produtos que, em excesso na água, podem causar


problemas, tais como: coloração avermelhada no caso do ferro ou marrom,
devido ao manganês, produzindo: manchas em roupas ou em produtos
industrializados; sabor metálico; em doses elevadas, podem ser tóxicas.

- Alcalinidade: uma água é alcalina quando contém quantidade elevada de


bicarbonato de cálcio e manganês, carbonatos ou hidróxidos de sódio, potássio,
cálcio e magnésio. Além de contribuir para a salinidade da água, a alcalinidade
influi nos processos de tratamento da mesma.

- Compostos de Nitrogênio: o nitrogênio segue um ciclo, podendo estar presente


em diversas formas: amoniacal, nitritos, nitratos. Estes compostos ocorrem na
água originários de esgotos domésticos e industriais ou da drenagem de áreas
fertilizadas. Podem ser usados como indicadores da “idade” da carga poluidora
(esgoto), dependendo do estágio em que se encontram. O nitrogênio contribui
para o desenvolvimento de algas em mananciais, devendo ser limitado, para
evitar a proliferação excessivas das mesmas. Teores elevados de nitratos são
responsáveis pela incidência de uma doença infantil chamada metemoglobinemia
(ou cianose) que provoca a descoloração da pele.

- Cloretos: estes compostos podem estar presentes na água, naturalmente ou


como conseqüência da poluição devida a intrusão da água do mar, de esgotos
sanitários ou industriais. Em teores elevados causa sabor acentuado, podendo
ainda provocar reações fisiológicas ou aumentar a corrosividade da água. Os
cloretos são usados, também, como indicadores de poluição por esgotos
sanitários.
- Fluoretos: quando em teores adequados, o flúor é benéfico, sendo um preventivo
de cáries dentárias. No entanto, em doses mais elevadas, podem resultar em
problemas para o homem, tais como provocando alterações ósseas ou
ocasionando a fluorose dentária (aparecimento de manchas escuras nos dentes).

- Compostos Tóxicos: alguns elementos ou compostos químicos, quando


presentes na água, tornam tóxica, podendo citar: cobre, zinco, chumbo, cianetos,
cromo hexavalente, cádmio, arsênio, selênio, prata, mercúrio, bário. Estas
impurezas podem alcançar a água a partir de esgotos industriais ou de usos
agrícolas.

- Matéria Orgânica: a matéria orgânica presente na água, além de responsável


pela cor, odor e turbidez, e outras características, resultam no consumo do
oxigênio dissolvido no líquido, devido à estabilização ou decomposição biológica.
A poluição da água por matéria orgânica é, geralmente, avaliada através de três
parâmetros: oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e
demanda química de oxigênio (DQO).

- Oxigênio Dissolvido: o teor de oxigênio dissolvido é um indicador de suas


condições de poluição por matéria orgânica. Assim, uma água não poluída (por
matéria orgânica) deve estar saturada de oxigênio. Por outro lado, teores baixos
de oxigênio dissolvido podem indicar que houve intensa atividade bacteriana
decompondo matéria orgânica lançada na água.

- Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) – é a quantidade de oxigênio molecular


necessária à estabilização da matéria orgânica decomponível aerobiamente por
via biológica. Portanto, a DBO é um parâmetro que indica a quantidade de
oxigênio necessária, em um meio aquático, à respiração de microorganismos
aeróbios, para consumirem a matéria orgânica introduzida na forma de esgotos
ou de outros resíduos orgânicos. A determinação da DBO é feita em laboratório,
observando-se o oxigênio consumido em amostras do líquido, durante 5 dias, a
temperatura de 20 º C.

- Demanda Química de Oxigênio (DQO): é a quantidade de oxigênio molecular


necessária à estabilização da matéria orgânica, por via química. Não existe uma
correlação entre DBO e DQO. No entanto, a DQO é sempre maior que a DBO,
devido a oxidação química decompor matéria orgânica não biodegradável.

- Detergentes: os detergentes, principalmente os não biodegradáveis, são


causadores de alguns problemas, quando incorporados à água: sabor
desagradável, formação de espuma em água agitadas, problemas operacionais
em estações de tratamento de água e tratamento de esgotos, devido à espuma,
toxidez em teores mais elevados.

- Pesticidas: são substâncias químicas usadas no combate às pragas, tais como:


inseticidas, raticidas, herbicidas, fungicidas, formicidas e outros. Acima de certos
teores, os pesticidas são tóxicos ao homem, peixes e outros animais. O uso,
cada dia mais intenso, destes produtos tem causado a mortalidade de peixes e
prejuízos ao abastecimento público da água.
- Substâncias Radioativas: o desenvolvimento de indústria nuclear pode conduzir a
problemas de contaminação da água por substâncias radioativas, com prejuízos
para o homem e o meio ambiente.

c) Características Biológicas: o meio aquático é habitado por um grande número de


formas vivas, vegetais e animais. Nestas, encontram-se os microorganismos,
entre os quais acham-se os tipicamente aquáticos ou os que são introduzidos na
água a partir de uma contribuição externa.

Os microorganismos aquáticos desenvolvem, na água, suas atividades biológicas de


nutrição, respiração, excreção, etc, provocando modificações de caráter químico e
ecológico no próprio ambiente aquático.

Os microorganismos de origem externa (microorganismos patogênicos introduzidos


na água junto com material fecal) normalmente não se alimentam ou se reproduzem
no meio aquático, tendo caráter transitório neste ambiente. Entre os organismos que
podem ser encontrados na água destacam-se:

- Algas: embora tendo grande importância para o equilíbrio ecológico do meio


aquático, sendo responsáveis por parte do oxigênio presente no líquido
(produzido através do processo de fotossíntese), podem acarretar, também,
alguns problemas, sendo os principais: formação de grande massa orgânica,
levando à produção de quantidade excessiva de lodo e a liberação de vários
compostos orgânicos, os quais podem ser tóxicos ou produzir sabor e odor
desagradáveis; formação de camadas de algas nas superfícies de reservatórios,
causando turbidez e dificultando a penetração da luz solar, com a conseqüente
redução do oxigênio do meio, entupimento de filtros de areia, em estações de
tratamento de água, ader6encia às paredes de reservatórios de água e de
piscinas, corrosão de estruturas de ferro e de concreto.

- Microorganismos Patogênicos: são introduzidos na água junto com a matéria


fecal de esgotos sanitários. Podem ser de vários tipos: bactérias, vírus,
protozoários e vermes. Esses microorganismos não são residentes naturais do
meio aquático, tendo origem, principalmente, nos despejos de pessoas doentes
ou portadoras. Assim, tem sobrevivência limitada nesse meio, podendo, no
entanto, alcançar um ser humano, através da ingestão ou contato com a água,
causando-lhe doenças.

Devido à grande variedade de microorganismos patogênicos podem estar contidos


na água, dificultando, portanto, a sua determinação, a sua existência é mostrada
através de indicadores da presença de matéria fecal no líquido.

As bactérias usadas como indicadores de poluição da água por matéria fecal são os
coliformes, os quais vivem normalmente no organismo humano, existindo em grande
quantidade nas fezes. Embora sendo, de um modo geral, patogênicos, a presença
de bactérias do grupo coliformes na água indica que a mesma recebeu matéria fecal
e pode, portanto, conter microorganismos patogênicos.

Entre as bactérias do gripo coliformes, o mais importante como indicadora da


poluição fecal é a Eschericheia Coli.
As razões seguintes justificam a escolha dos coliformes como indicadores da
presença potencial de patogênicos de origem fecal na água:

1) existem, em grande número, na matéria fecal e não em nenhum outro tipo de


matéria orgânica poluente, por conseguinte, são indicadores específicos de
matéria fecal.
2) algumas das bactérias pertencentes ao grupo (Eschericheia Coli, por exemplo)
não se reproduzem na água ou no solo, mas exclusivamente no interior do
intestino (ou em meios de cultura especiais à temperatura adequada), portanto,
só são encontradas na água quando aí for introduzida matéria orgânica fecal e o
seu número é proporcional a concentração dessa matéria.

3) Apresentam um grau de resistência ao meio (à luz, oxigênio, cloro e outros


agentes destruidores de bactérias) compatível ao que é apresentado pelos
principais patogênicos intestinais que podem ser veiculados pelas água, dessa
forma, reduz-se muito a possibilidade de existirem patogênicos fecais quando já
não se encontram coliformes na água.

4) Sua caracterização e quantificação é feita por métodos relativamente simples.

11.3 – Padrões de Qualidade da Água

- Para cada uso da água, são exigidos limites máximos de impurezas que a
mesma pode conter. Esses limites, quando estabelecidos por organismos oficiais,
são chamados de padrões de qualidade.

- As exigências para uma água destinada ao consumo humano são diferentes das
relativas às água a serem usadas em irrigação ou recreação. Estas, por sua vez,
devem atender a requisitos diferentes dos exigidos para a água que se destina
apenas ao uso estético ou ao afastamento e diluição de despejos.

- Os organismos públicos podem estabelecer critérios ou condições a serem


atendidos pelos mananciais, em função dos usos aos quais os mesmos se
destinam. Nesses casos, é feita uma classificação das água sendo, para cada
classe, definidos os usos a que se destina e os critérios ou condições a serem
observados.

- Por outro lado, os órgão podem também estabelecer limites d impurezas a serem
observados na água, após sua captação dos mananciais e passagem por um
processo de tratamento. Um exemplo deste caso, são os padrões de
potabilidade, ou seja, as condições a que uma água deve satisfazer para ser
utilizada pelo homem, geralmente após passar por um sistema de tratamento.
- Padrões de potabilidade são, as quantidades limites que, com relação aos
diversos elementos, podem ser toleradas nas água de abastecimento,
quantidades essas fixadas, em geral, por leis, decretos, regulamentos ou
especificações.

11.3.a) Classificação das Águas


- A primeira classificação das águas, no Brasil, foi estabelecido através da Portaria
GM/Nº 0013, de 15 de janeiro de 1976, do Ministério do Interior, através da qual
foram definidas quatro classes. Além da especificação dos usos a Portaria fixou
os teores máximos de impurezas e as condições a serem atendidas.

- Mais recentemente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através


da Resolução N º 20, de 18 de junho de 1996, estabeleceu a nova classificação
das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional, através da definição
de nove classes segundo seus usos preponderantes.
- A citada Resolução considera como águas doces as águas com salinidade igual
ou inferior a 0,5 %, como salobras são consideradas as que tem salinidade
variando entre 0,5 % e 30 %, as águas salinas são as que tem salinidade igual
ou superior a 30 %.

- As águas doces foram enquadradas da seguinte forma:

1) Classe Especial: águas destinadas:

- ao abastecimento doméstico sem prévia ou com simples desinfecção;


- à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

2) Classe 1: águas destinadas:

- ao abastecimento doméstico após tratamento simplificado;


- à proteção das comunidades aquáticas;
- à recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);
- à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvem rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de
película;
- a criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.

3) Classe 2: águas destinadas:

- ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional;


- à proteção das comunidades aquáticas;
- à recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);
- à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;
- à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.

4) Classe 3: água destinadas:

- ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional;


- à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
- à dessedentação de animais.

5) Classe 4: águas destinadas:

- à navegação;
- à harmonia paisagística;
- aos usos menos exigentes;

 Às águas saluias foram enquadradas em duas classes:

6) Classe 5: águas destinadas:

- recreação de contato primário;


- à proteção das comunidades aquáticas;
- à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.
7) Classe 6: águas destinadas:

- à navegação comercial;
- à harmonia paisagística;
- à recreação de contato secundário.

 Águas salobras:

8) Classe 7: águas destinadas:

- à recreação de contato primário;


- à proteção das comunidades aquáticas;
- à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à
alimentação humana.

9) Classe 8: águas destinadas:

- à navegação comercial;
- à harmonia paisagística;
- à recreação de contato secundário.

11.3.b) Água para Abastecimento Público

- A água para uso humano deve atender a rigorosos critérios de qualidade, de


modo a não causar prejuízo à saúde de seus consumidores. Uma água própria
para este fim é chamada de água potável e as características a que a mesma
deve atender são os chados padrões de potabilidade.

- Além dos padrões de potabilidade, devemos considerar os critérios de qualidade


dos mananciais de água destinada ao abastecimento humano. Esta é a chamada
água potabilizável, ou seja, a que pode se tornar potável, após tratamento
convencional.

- Devem ser estabelecidos limites de impurezas para a água potabilizável, de


modo que as técnicas convencionais de tratamento possam minimizá-las
tornando-a potável.

- São consideradas “águas destinadas ao abastecimento doméstico, após


tratamento convencional” as de classe 2 e classe 3.
11.4 – Noções sobre o Tratamento da Água

11.4.1 – Finalidade: submeter-se a água a um tratamento com o objetivo de melhorar


a sua qualidade sob os seguintes aspectos fundamentais:

a) Higiênicos: eliminação ou redução de bactérias, substâncias venenosas,


mineralização excessiva, teor excessivo de matéria orgânica, algas, protozoários
e outros microorganismos.

b) Estético: remoção ou redução de cor, turbidez, odor e sabor.

c) Econômico: remoção ou redução de corrosividade, dureza, cor, turbidez,


manganês, odor, sabor, etc.

 Nem toda água requer tratamento para abastecimento público. Depende as sua
qualidade em comparação com os padrões de potabilidade e também da
aceitação dos usuários. A cidade do Rio de Janeiro somente iniciou o tratamento
de água em 1955, quando começaram a ser aduzidas as águas do rio Guandu.
Cidades como Nova Iorque, Natal e Ribeirão Preto não fazem o tratamento de
suas águas. A primeira aproveita as de bacias protegidas e as últimas se
abastecem com águas de poços.

- Quase todas as águas de abastecimentos são cloradas para a melhoria da


qualidade bacteriológica e segurança sanitária.

11.4.2 – Processos de Tratamento

a) Remoção de substâncias grosseiras, em flutuação ou em suspensão é feita


através de grades, crivos e telas.

b) Remoção de substâncias finas em suspensão ou em solução e de gases


dissolvidos é feito através de aeração (gases), sedimentação simples,
sedimentação precedida de coagulação e filtração (lenta e rápida)

c) Remoção parcial ou total de bactérias e outros microorganismos é feita através


da desinfecção (remoção seletiva) e esterilização (destruição total da atividade
microbiana).

d) Correção do odor e sabor é feita através de tratamentos químicos e leitos de


contato de cóque.

- Assim, entre os principais processos de purificação tem-se:

1) Aeração: por gravidade, por aspersão, por outros processos (difusão de ar e


aeração forçada).

2) Sedimentação ou Decantação: simples ou após coagulação.


3) Coagulação: aplicação de coagulante (sulfato de alumínio ou compostos de ferro)
e substâncias auxiliares.

4) Filtração: lente, rápida, fluxo ascendente, direta.

5) Tratamento por Contato: leitos de coque, de pedra ou de pedrisco para remoção


do ferro; carvão ativado para remoção de odor e sabor.

6) Troca Iônica: processos da cal-carbonato de sódio e dos zeólitos para a correção


da dureza.

7) Desinfecção: cloro e sues compostos (hipocloritos, cal clorada) ozona, raios


ultravioletas e outros processos.

8) Uso do carvão ativado, substituição do processo de cloração (emprego da


amônia-cloração, do bióxido de cloro e cloração ao break point) para eliminação
de sabor e odor.

9) Uso de cal, carbonato de sódio, metafosfato, silicato e outros para o controle da


corrosão.

11.4.3 – Características dos Principais Processos de Tratamento

1) Aeração: consiste no processo pelo qual uma fase gasosa, normalmente o ar, e a
água são colocados em contato estreito com a finalidade de transferir
substâncias solúveis do ar para a água, de forma a obter-se o equilíbrio
satisfatório entre os teores das mesmas.

- A aeração das águas pode ser realizada com os seguintes objetivos:

a) Remoção de gases dissolvidos em excesso nas águas e também de substâncias


voláteis, a saber:

- Gás carbônico em teores elevados que torna a água agressiva;


- Ácido sulfúrico que prejudica esteticamente a água;
- Substâncias aromáticas voláteis causadoras de odor e sabor;
- Excesso de cloro e metano, pelos mesmos motivos.

b) Introdução de gases nas águas:

- Oxigênio para oxidação de compostos ferrosos e manganosos;


- Aumento dos teores de oxigênio e nitrogênio dissolvido na água.

- A aeração somente se justifica nos casos em que as águas a tratar apresentam


carência ou excesso de gases e substâncias voláteis intercambiáveis.
Geralmente o processo se aplica em águas que não estão em contato com o ar,
como por exemplo:

a) Águas subterrâneas (de poços);


b) Águas captadas em galerias de infiltração;
c) Águas proveniente de partes profundas de grandes represas.

- Na prática encontra-se grande variedade de unidades de aeração. As mais


comuns são:

a) Aeração de quota por gravidade (do tipo cascata e de tabuleiros);


b) Aeradores de repuxo;
c) Aeradores de bombeamento.

2) Sedimentação ou decantação: é um processo dinâmico de separação de


partículas sólidas suspensas nas águas. Essas partículas, sendo mais pesadas
do que a água, tenderão a cair para o fundo com uma certa velocidade
(velocidade de sedimentação).

- Na técnica de purificação das águas de abastecimento empregam-se os


processos de sedimentação para as seguintes finalidades:

a) Remoção de areia: a areia em suspensão, em quantidades excessivas, pode


causar prejuízos às instalações (erosão, depósitos e entupimentos) e danificar
bombas e instalações mecânicas.
Os canais ou tanques de remoção de areia denominados caixas de areia,
geralmente são construídos junto à tomada de água, antes do bombeamento ou da
adução.

b) Remoção de partículas sedimentares finas, sem coagulação: quando foram


aproveitadas águas contendo quantidades exageradas de partículas finas, ou
seja, com turbidez muito alta, pode-se tornar vantajosa uma pré-sedimentação ou
sedimentação simples, para reduzir a turbidez, antes de qualquer outro processo.
Isso acontece raramente e quase sempre quando se utilizam águas de rios com
grande transporte de sólidos.

A sedimentação simples é feita sem o emprego de coagulantes. Sua adoção como


processo prévio deve ser decidida após ensaios de laboratório para demonstrar a
conveniência do processo, em cada caso.

c) Retenção de flocos (decantação após coagulação): é o caso mais freqüente em


estações de tratamento de águas destinadas à purificação pelos processos de
coagulação – decantação e filtração para águas com muita cor e turbidez,
contendo matéria coloidal, águas que exigem a floculação química, e também,
para águas muito duras, sujeitas a tratamentos químicos de amolecimento.

- Há critérios muitos variados para a classificação dos decantadores. As mais


importantes do ponto de vista prático são os seguintes:

a) Em função do escoamento da água:

- Decantadores de escoamento horizontal: a água entra em uma extremidade,


move-se na direção longitudinal e sai pela outra extremidade.
- Decantadores de escoamento Vertical: a água é dirigida para a parte inferior,
elevando-se a seguir em movimento ascendente até a superfície dos tanques.

b) De acordo com as condições de funcionamento:

- Decantadores do tipo clássico ou convencional, que recebem a água já floculada


e nos quais se processa apenas a sedimentação.

- Decantadores com contato de sólidos, do tipo dinâmico compacto, ou acelerado.


São unidades mecanizadas que promovem simultaneamente a agitação, a
floculação e a decantação. Há muitos tipos patenteados.

- Decantadores com escoamento laminar (tubulares ou de placas): são do tipo


mais recente, de maior eficiência.

3) Coagulação e Floculação: em tratamento de água a finalidade da coagulação e


floculação é transformar impurezas que se encontram em suspensão fina, em
estado coloidal ou em solução, bactérias, protozoários e/ou plâncton, em
partículas maiores (flocos) para que possam ser removidas por sedimentação
e/ou filtração ou, em alguns casos, por flotação.

- A coagulação e a floculação constituem a parte mais delicada do tratamento


convencional de água para abastecimento, pois qualquer falha nessa fase pode
acarretar grandes prejuízos na qualidade e no custo do produto distribuído à
população.
- Na maioria das instalações de tratamento de água em funcionamento, as
unidades de coagulação e de floculação precedem os decantadores.

- Coagulação: é o processo unitário que consiste na formação de coágulos,


através da reação coagulante, de modo a promover um estado geral de equilíbrio
eletrostaticamente instável das partículas, no seio da massa líquida, O termo
coagulação define as mudanças fisico-químicas produzidas pela dispersão, na
água de um coagulante solúvel que se hidrolisa em partículas carregadas
positivamente aumentando as cargas negativas dos colóides, formando,
juntamente com estes, os chamados coágulos.

- Floculação: designa o processo unitário que se segue à coagulação e que


consiste no agrupamento das partículas eletricamente desinstabilizadas
(coágulos), de modo a formar outras maiores chamadas flocos, suscetíveis de
serem removidas por decantação (ou flutuação e filtração).

- Coagulantes: na maioria das águas submetidas a tratamento, quando se visa o


consumo industrial ou doméstico, é necessária a adição de substâncias (para
que ocorra a coagulação e a floculação) de forma a ser obtida uma água que
obedeça aos padrões de potabilidade.

Os produtos mais comuns utilizados com essa finalidade são:

a) Coagulantes primários: sulfato de alumínio, sulfato ferroso, sulfato ferroso


clorado, sulfato férrico, cloreto férrico, etc.
b) Álcalis, para promover e manter a alcalinidade: cal virgem, cal hidratada, barrilha,
bicarbonato de sódio.

4) Mistura e Floculação: a mistura e a floculação são operações unitárias de


extrema importância para o bom desempenho dos processos de decantação e/ou
filtração que as sucedem.

- Dispersão, mistura, mistura rápida: são termos sinônimos e designam a operação


unitária que consiste em distribuir rápida e homogeneamente um coagulante ou
outro reagente químico na água a ser tratada, utilizando-se energia hidráulica,
mecânica ou outro meio. Trata-se de um procedimento puramente físico que tem
a finalidade de garantir a uniformidade do tratamento de toda a massa de água,
antes que as reações químicas se completem.

- A mistura pode ser feita basicamente de duas formas:

1) Distribuindo ao mesmo tempo em toda a água os reagentes;


2) Colocando os reagentes em um só ponto e agitando intensamente o líquido.

- A primeira forma, por suas dificuldades práticas (a não ser em pequenas


estações) raramente é utilizada, podendo ser feita através de difusores.

- A Segunda é geralmente mais utilizada. A agitação da água pode ser feita


através de:

a) Sistema mecânico: consiste em introduzir energia através de agitadores, a


massa de água em quantidade suficiente para promover uma mistura adequada;
b) Sistema Hidráulico: o mais indicado é o da Calha Parshall que, além de
proporcionar boas condições de mistura, ainda permite a medição da vazão.

- Como regra geral, a unidade ou câmaras de mistura rápida deve ficar o mais
próximo possível dos tanques de floculação.

- Floculação: é o processo pelo qual as partículas em estado de equilíbrio


eletrostaticamente instável no seio da massa líquida são forçadas a si
movimentar, a fim de que sejam atraídas entre si formando flocos. Com a
continuidade da agitação esses flocos tendem a aderir uns aos outros tronando-
se pesados, para posterior separação nas unidades de decantação e filtração.

- Existem dois sistemas básicos de floculação:

a) O sistema hidráulico: utiliza a energia hidráulica disponível, sendo a mesma


dissipada pela água em câmaras com chicanas. A água efetua um movimento
sinuoso dentro da unidade. São os floculadores.

b) O sistema mecânico: utiliza a energia mecânica externa, a qual é dissipada pela


água em tanques apropriados.

- Existem dois tipos de floculadores de chicanas, segundo o sentido de circulação


da água. Na câmara de fluxo vertical, a água sobe e desce, passando através de
passagens inferiores, no fundo e por cima de tabiques na parte superior. As
câmaras de fluxo horizontal, também possuem tabiques fazendo com que a água
assuma um movimento sinuoso, circulando num plano horizontal. Estas câmaras
não tem sido utilizadas na mesma proporção que as de fluxo vertical, devido aos
inconvenientes de deposição de lodo nos canis que formam as chicanas.

5) Filtração: é o processo de separação sólido-líquido envolvendo fenômenos


físicos, químicos e, às vezes, biológicos. Visa a remoção das impurezas da água
por sua passagem através de um meio poroso (filtrante).

- Existem dois tipos principais de filtração:

1) Filtração lenta: quando a velocidade com que a água atravessa o leito filtrante é
baixa. É muito usada, ainda, principalmente em pequenas cidade para o
tratamento das águas de abastecimento.

2) Filtração rápida (filtro rápido): quando a velocidade com que a água atravessa o
leito filtrante é elevada.

Os filtros rápidos são unidades essenciais em uma estação convencional, e por isso
exigem cuidadosa operação. Eles constituem uma barreira sanitária importante,
podendo reter microorganismos patogênicos que resistem a outros processos de
tratamento.

- As vantagens da filtração lenta sobre a rápida são: evitam, geralmente, o


emprego de produtos químicos; não necessitam de energia elétrica; pode-se
obter água de características menos corrosiva; os equipamentos e aparelhos
empregados são mais simples; exige operação mais simples.
- Como desvantagem tem-se: área relativamente grande para as instalações;
pouco eficiente para a redução da cor; pequena flexibilidade para se adaptar às
demandas de emergência; funciona com taxas de filtração muito baixas, sendo
aplicadas apenas às águas de pouca turbidez (até 50 ppm), etc.

- Como desvantagem tem-se: área relativamente grande para as instalações;


pouco eficiente para redução da cor; pequena flexibilidade para se adaptar às
demandas de emergência, funciona com taxas de filtração muito baixas, sendo
aplicável apenas às água de pouca turbidez (até 50 ppm).

- Outros tipos de filtração são:

1) Filtração ascendente: comum leito de areia, é uma tentativa para tornar mais
econômico o tratamento da água pela filtração rápida. É utilizada para a
clorificação de águas de pouca turbidez e baixo conteúdo mineral. Tem o fluxo no
sentido inverso (de baixo para cima) sendo lavado periodicamente de maneira
usual, isto é, com uma corrente de água, de baixo para cima, de velocidade
adequada.

2) Filtração direta: para tratamento de certas águas que apresentam condições


favoráveis pode-se dispensar a decantação, procedendo-se diretamente à
filtração rápida. Para usar a filtração rápida, a turbidez não pode ser elevada e a
cor deve ser relativamente baixa: a turbidez inferior a 40 e cor que permita
dosagens baixas de coagulante. Após a mistura rápida pode-se proceder à
coagulação em floculadores e daí passar para a filtração.

6) Desinfecção: é o processo de tratamento que visa a eliminação dos germes


patogênicos eventualmente presentes na água.

- Apenas alguns agentes desinfetantes são aplicáveis à desinfecção das águas de


abastecimento. A sua escolha é determinada por diversas características, como
as seguintes:

a) serem eficientes na destruição dos germes patogênicos de transmissão hídrica,


eventualmente presentes na ocasião da aplicação;
b) não constituírem por si e nem virem a formar com impurezas presentes na água,
substâncias prejudiciais à saúde;
c) não alterarem outros aspectos que condicionam a potabilidade da água, como
cor, o sabor, etc;
d) manterem um poder de desinfecção em relação a germes patogênicos de
transmissão hídrica que porventura ocorrem na água, posteriormente à aplicação
do tratamento (ação residual);
e) serem de aplicação fácil, segura e econômica.

- Os agentes desinfetantes mais usados são:

a) Cloro e seus compostos: a cloração é o processo de desinfecção mais usado no


tratamento das águas de abastecimento público. O cloro é o agente desinfetante que
mais se aproxima das características desejáveis mencionadas acima.

b) Ozona (O3): é um agente muito poderoso. Destroe toda a matéria orgânica,


removendo cor e odor, quando aplicado em dosagem suficiente. Trata-se de um
desinfetante de aplicação difícil e que não deixa residual. Pode ser satisfatoriamente
empregado quando a cloração acarreta problemas de odor e sabor.

c) O método de desinfecção por ultravioleta envolve a exposição de um filme de


água (120 a 300 mm) à luz ultravioleta produzida por lâmpadas de vapores de
mercúrio com bulbo de quartzo. Tais lâmpadas produzem luz ultravioleta com 25
a 30 % de energia dentro da região espectral de 2537 A o numa tensão de 110 V
(corrente alternativa). Sabe-se que o comprimento de onde de 900 a 3800 A o tem
ação bactericida e que a zona mais letal está próxima a 2800 A º . Devido ao
grande custo de operação e manutenção comparado a outros processos, o
emprego atual desse agente resume-se a pequenas instalações de uso domiciliar
ou comunitário, ao uso industrial durante o engarrafamento de águas minerais
um sacos plásticos e a piscinas juntamente com outros agentes.

7) Redução de dureza: a redução da dureza é conseguida através de tratamento


especial que consiste na remoção dos compostos de cálcio e de magnésio.
Denomina-se freqüentemente como desendurecimento, amolecimento ou
abrandamento. Existem dois processos: o químico de cal e soda e o iônico dos
zeólitos ou permutitas.
8) Controle da corrosão: a corrosão é um processo de ataque contínuo de corpos
sólidos, especialmente metais, que envolve alterações de composição química.

A corrosão de canalizações, válvulas e equipamentos metálicos representa um


grande prejuízo anual para os serviços de abastecimento de água. As tubulações
corroídas, além de terem a sua vida útil reduzida, apresentam menor capacidade de
condução de água.
Após tratamento químico (coagulações – decantação e filtração), as águas ficam
agressivas e geralmente mais corrosivos do que as águas naturais. As águas
superficiais são tratadas, geralmente apresentam matéria orgânica e substâncias
inibidoras sendo, por isso, menos agressiva.
Algumas impurezas presentes nas águas podem favorecer e acelerar a corrosão,
tais como, gás carbônico, ácidos diluídos, cloretos, etc.
As águas tratadas, antes de serem distribuídas, deverão ser alcalinizadas, isto é,
deverão receber uma certa quantidade de cal, para elevação do pH (correção do
pH). Não basta elevar o pH até 7,0 ou pouco mais para que seja eliminado a gás
carbônico, reduzindo a agressividade das águas.
Se for uma quantidade de cal adequada, forma-se, na superfície interna dos
tubos, uma fina camada de carbonato que protege a tubulação contra ataques.
A cal em solução ou em suspensão é aplicada às águas, de preferência após a
cloração.

9) Remoção de ferro: no Brasil são comuns as águas com teores de ferro,


particularmente aquelas captadas em terrenos antigos e aluviões. Às vezes, além
de compostos de ferro ocorrem também impurezas de manganês. Teores
elevados de ferro são encontrados com maior freqüência nos seguintes casos:

a) Águas superficiais, com matéria orgânica, nas quais o ferro se apresenta ligado
ou combinado com a matéria orgânica e, freqüentemente, em estado coloidal.

b) Águas subterrâneas (poços, fontes e galerias de infiltração), agressivas (pH


baixo), ricas em gás carbônico e sem oxigênio dissolvido, sob a forma de
bicarbonato ferroso dissolvido.

c) Água poluídas por certos resíduos industriais ou algumas atividades de


mineração.

Os inconvenientes dos teores excessivos de ferro nas águas são:

a) Mancham tecidos, roupas, utensílios, aparelhos sanitários, etc;


b) Causam sabor desagradável, “metálico”;
c) Prejudicam a preparação de café e chá;
d) Interferem nos processos industriais (fabricação de papel, tecidos, tinturaria e
cerveja);
e) Podem causar depósitos e incrustações;
f) Podem possibilitar o desenvolvimento de bactérias ferruginosas nocivas
(Crenothrise).

Os padrões de água potável geralmente limitam o teor de ferro a 0,3 mg/l.


- Entre os vários processos para a remoção de ferro nas águas, incluem-se a
aeração seguida de contato ou filtração e a aeração Seguida de coagulação,
decantação e filtração.

OBS: Leito de contato: leito de material granular, à semelhança de um filtro


grosseiro.

10)Remoção de manganês: quando presente nas águas causa incovenientes


semelhantes, porém muito mais graves do que os provocados pelas impurezas
do ferro.

- O manganês ocorre mais raramente do que o ferro, mas quando acontece, quase
sempre ocorre juntamente com o ferro.

- Os processos gerais de remoção são semelhantes para os compostos de ambos.


O manganês, porém, é de remoção mais difícil do que o ferro, exigindo uma
investigação cuidadosa.

11.4.4 – Descrição Geral de uma Estação de Tratamento do Tipo Convencional

Os serviços públicos de abastecimento devem fornecer água de forma contínua,


segura e de boa qualidade. Os exames e análises das águas dos mananciais feita
com uma certa freqüência desejável, complementadas com inspeção local revelarão
a necessidade ou a disponibilidade de qualquer processo corretivo (tratamento).

- O tratamento da água apenas deverá ser adotado e realizado depois de


demonstrada a sua real necessidade e sempre que a purificação for necessária
deverá compreender apenas os processos indispensáveis à obtenção da
qualidade que se deseja para a água com o mínimo custo.

- O processo primário, no tratamento de águas superficiais, consiste na


clarificação química através da coagulação, decantação e filtração.

- A cloração é, comumente, o primeiro e último passo no tratamento, promovendo


desinfecção da água bruta e estabelecendo um residual de cloro na água tratada.
A pré-cloração em excesso e o carvão ativado são usados para remover os
compostos que produzem odores e gosto. As substâncias químicas usadas na
coagulação dependem das características da água e de considerações
econômicas.

- Atribui-se merecida importância à disposição das diversas unidades de


purificação de uma instalação de tratamento. Os resultados obtidos com o
tratamento dependem, entre outros fatores, do arranjo conveniente das partes
integrantes do processo. Nas instalações convencionais, por exemplo, a mistura
rápida deve estar próxima dos floculadores e estes deverão ficar juntos dos
decantadores.

- As estações de tratamento de água devem ser projetadas com forma compacta


com o objetivo de limitar a água ocupada, diminuir o volume de estruturas e
reduzir a extensão de canais e tubulações, assim como facilitar a operação e
baixar o custo.

Você também pode gostar