Você está na página 1de 19

pensar IMAGENS | pensar METÁFORAS relendo as METÁFORAS LYNCHEANAS

La Buena Forma Urbana


Leitura essencial

Capítulo 4

1
LIÇÃO Parte 2
Leitura essencial

projetando NOSSAS PRÓPRIAS METÁFORAS


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL | FACULDADE DE ARQUITETURA | DEPARTAMENTO DE URBANISMO | TEORIAS SOBRE O ESPAÇO URBANO | TURMA A 2021-1 | Prof. Leandro Marino Vieira Andrade
A TEORIA CHINESA: KIOTO, ÁREA CENTRAL DE MADURAI, ÍNDIA – FIGURA-
ANTIGA CAPITAL IMPERIAL DO FUNDO E IMAGEM GOOGLE EARTH:
JAPÃO MEDIEVAL, PROJETADA O DESENHO ANELAR E RADIAL DAS VIAS
SEGUNDO OS PRINCÍPIOS PRINCIPAIS RESISTE AO TEMPO E REVELA,
GEOMANTES E DA GRELHA SEGUNDO LYNCH (1985:64), A ESPIRAL DAS
HIERÁRQUICA. A ESTRUTURA PROCISSÕES RELIGIOSAS, AINDA ATUALMENTE
REALIZADAS. O TEMPLO OCUPA O LUGAR
MEDIEVAL RESISTE ATÉ OS DIAS
MAIS CENTRAL, CONFORME O DIAGRAMA R E S U M O
DE HOJE. OBSERVE AS
DESENHADO PELO AUTOR.
CADEIAS DE MONTANHAS
COMO MURALHAS NATURAIS A
DEFENDER A CIDADE.

O imperador observa,
olhando para o sul desde
seu palácio, aos seus
barões, aos sacerdotes e ao
povo que reside,
simetricamente, a seus pés.
Inclusive os mercados
centrais estão divididos, à
esquerda e à direita.
(LYNCH, 1986:64)
TEORIA HINDU

A TEORIA CHINESA DA
ANTIGUIDADE INTERPRETADA
– CONTEMPORANEAMENTE –
COMO METÁFORA FRACTAL.

MELISSA SHIN - ISAIAH MILLER


SUPER(INNER)CITY. Matrimandir
BEIJING, 2014 Auroville, Índia
R E S U M O

M a q u i n a
D i s p o s i t i v o
F e r r a m e n t a
i n s t r u m e n t o
M e c a n i s m o
a p a r e l h o
F a b r i c a ç ã o
E x t e n s ã o
d o c o r p o
Radburn Clarence Stein e Henry Wright, a partir do
conceito de Unidade de Vizinhança formulado por
Clarence Perry em 1929 (NY, USA).

?
Edmundo Gardolinski e Marcus Kruter (1945-1954)
IAPI Porto Alegre, Brasil

UN A E E V Z N ANÇA R E S U M O
M E T Á F O R A S
C O M O
F E R R A M E N T A S
Juan Garese P O ( I ) É T I C A S
T R A D U Ç Ã O  T R A I Ç Ã O Juan Garese

Transliteração, transcriação,
memória, duração, experiência do
pensamento, construção de
sentido, derivas, insinuações,
acasos e intenções.

M E T Á F O R A
G E R A D O R A D A
– Traduzir pode ser "trair", nunca petrificar. M E T A F O R M A

Haroldo de Campos
METÁFORAS a partir da literatura
Cidade
produto do Cidade
projeto, dissipativa:
construído a periferia
partir das Cidade que tudo infinita, sem
ideias, ideais e consome. E tudo que centralidade
ideologias do consome, transforma e sem
Urbanismo. em dejeto. identidade.

Leonia, cidade artificial Zora, cidade voraz Ilustrações de Juan Garese (1985) Pentesilea, cidade in-urbana
o atlas do imperador* O atlas revela essa qualidade: revela
a forma das cidades que ainda não

pen tem forma. Há a cidade com a forma


de Amsterdam, semicírculo voltado
para o setentrião, com canais
concêntricos (…); há a cidade com a

sar forma de York, engastada em


elevadas estepes (…); há a cidade
com a forma de Nova Amsterdam,
também chamada Nova York,

me repleta de torres de vidro e aço


sobre uma ilha oblonga entre dois
rios, com ruas perfeitamente retas
como canais profundos,
exceto a Broadway.

táf O catálogo de formas é interminável:


enquanto cada forma não encontra

TORNAR O INVISÍVEL VISÍVEL.


INDAGAR O QUANTO HÁ DE
REAL NO IMAGINÁRIO COM O
ora a sua cidade, novas cidades
continuarão a surgir. Nos lugares em
que as formas exaurem as suas
variedades e se desfazem, começa o
QUAL PENSAMOS A CIDADE E O
QUANTO DE IMAGINÁRIO HÁ EM
NOSSA FORMA DE VIVER O
ESPAÇO URBANO.
s fim das cidades. Nos últimos mapas
do atlas, diluíam-se retículos sem
início nem fim, cidades com a forma
de Los Angeles, com a forma de

Ci
t o r n a r v i s í v e l o i n v i s í v e l Kioto-Osaka, sem forma.

dossiê
SE MEU LIVRO AS CIDADES INVISÍVEIS CONTINUA SENDO PARA MIM AQUELE EM QUE PENSO HAVER DITO
MAIS COISAS, SERÁ TALVEZ PORQUE TENHA CONSEGUIDO CONCENTRAR EM UM ÚNICO SÍMBOLO TODAS
AS MINHAS REFLEXÕES, EXPERIÊNCIAS, CONJETURAS. ITALO CALVINO, SEIS PROPOSTAS PARA O PRÓXIMO MILÊNIO
HN30
Trude

Ci
Colleen Corradi Brannigan | Diomira
Ci
Berenice Pedro Cano Ci
Ci
Ci
as cidades e o céu Ci
minhas próprias cidades invisíveis
A matriz reproduzida abaixo,
ITALO CALVINO foi, junto com Georges Perec,
elaborada por Claudio Milanini,
entre outros nomes importantes da literatura e das artes do século XX, era integrante ativo do
nos revela a intrincada e rigorosa
OuLiPo – Ouvroir de Littérature Potentielle – estrutura do livro: efetivamente,
e vários de seus livros se estruturam sob certas regras de linguagem.
trata-se, como diz Milanini, da
Entre eles, O castelo dos destinos cruzados, escrito ao acaso (ou à intenção) das cartas de um
construção de uma
baralho de Tarot.
geografia mental.
Além, é claro, de As cidades invisíveis!

Se percorrermos o esquema
como em uma leitura normal (linha
por linha, da esquerda para a
direita) obtemos uma sequência
que é aquela sugerida através da
Através de um modelo combinatório sucessão progressiva de páginas;
não menos complicado, em alusão ao se, ao invés disso, o percorremos
índice de As cidades Invisíveis, de cima para baixo e da esquerda
propusemos um gráfico que parece ter para a direita (desprezando os
a virtude da comprovação imediata. quadros), encontramos,
Trata-se de um tabuleiro oblíquo e ordenadamente, em colunas, os
descendente, com “casas” quadradas, relatos que compõem as onze
cada uma das quais corresponde a um categorias.
dos cinquenta e cinco relatos. As
“casas” reduzidas pela metade, ou seja,
os retângulos dispostos nas bordas,
assinalando dezoito faixas – de
natureza predominantemente dialógica
– que servem, em cada capítulo, como * OuLiPo (Ouvroir de Littérature
uma introdução e uma conclusão: os Potentielle, algo como oficina de literatura
nove micro-quadros impressos no livro potencial) é uma corrente literária formada
em itálico são os tracejados do gráfico. por escritores e matemáticos que propõe
a libertação da literatura, aparentemente
de maneira paradoxal, através
C. Milanini, Arte combinatoria e geografia mentale: Il castello dei destini incrociati i Le città Invisibili. de constrangimentos literários.
In: C. MILANINI, C. L’utopia discontinua. Saggio su Calvino, Garzanti, 1990.
Se a ideia te “fisgou”,

Ci
conheça mais em
https://www.oulipo.net/ .
R e c r i a n d o a
i m a g i n a ç ã o Percurso: a leitura demorada, apontamentos, recriações
11 categorias x 5 cidades = 55 cidades a visitar t r a d u ç õ e s / t r a i ç õ e s
A leitura

MARCO POLO DESCREVE UMA


PONTE, PEDRA POR PEDRA.
– MAS QUAL É A PEDRA QUE
SUSTENTA A PONTE? - PERGUNTA
KUBLAI KAHN.
– A PONTE NÃO É SUSTENTADA
POR ESTA OU AQUELA PEDRA -
RESPONDE MARCO - MAS PELA
CURVA DO ARCO QUE ESTAS
FORMAM.
KUBLAI KAHN PERMANECE EM
SILÊNCIO, REFLETINDO. DEPOIS
ACRESCENTA:
– POR QUE FALAR DAS PEDRAS?
SÓ O ARCO ME INTERESSA.
MARCO RESPONDE:
– SEM AS PEDRAS O ARCO NÃO
EXISTE.
O Atlas
Um pequeno livro: Propostas criativas de
Formato A5: concepção, produção e
Capa e contracapa; apresentação serão muito
Índice;
bem-vindas! Diário de viagem: 55 textos e/ou desenhos !

Ci
Prefácio;
Corpo
Posfácio. t o r n a r v i s í v e l o i n v i s í v e l
No mínimo, um desenho síntese por categoria!
CALVINO NO ESCRITÓRIO
JÁ O GRANDE KHAN ESTAVA FOLHEANDO EM SEU ATLAS OS MAPAS DAS AMEAÇADORAS
CIDADES QUE SURGEM NOS PESADELOS E NAS MALDIÇÕES: ENOCH, BABILÔNIA, YAHOO,
BUTUA, BRAVE NEW WORLD.
DISSE: – É TUDO INÚTIL, SE O ÚLTIMO PORTO SÓ PODE SER A CIDADE INFERNAL, QUE ESTÁ LÁ
NO FUNDO E QUE NOS SUGA NUM VÓRTICE CADA VEZ MAIS ESTREITO.
E POLO: – O INFERNO DOS VIVOS NÃO É ALGO QUE SERÁ; SE EXISTE, É AQUELE QUE JÁ ESTÁ
AQUI, O INFERNO NO QUAL VIVEMOS TODOS OS DIAS, QUE FORMAMOS ESTANDO JUNTOS.
EXISTEM DUAS MANEIRAS DE NÃO SOFRER:
A PRIMEIRA É FÁCIL PARA A MAIORIA DAS PESSOAS: ACEITAR O INFERNO E TORNAR-SE PARTE
DESTE ATÉ O PONTO DE DEIXAR DE PERCEBÊ-LO.
A SEGUNDA É ARRISCADA E EXIGE ATENÇÃO E APRENDIZAGEM CONTÍNUAS: TENTAR SABER
RECONHECER QUEM E O QUE, NO MEIO DO INFERNO, NÃO É INFERNO,
E ABRIR ESPAÇO.
TENSÕES : VIVER(NA)CIDADE

2
PRÓXIMA LIÇÃO

Você também pode gostar