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Tatiana Pinho Gomes

Chuva, Vapor e Velocidade –


A Grande Estrada de Ferro
do Oeste

Joseph Mallord William Turner


(1775–1851)
Chuva, Vapor e Velocidade – A Grande Estrada de Ferro do Oeste (1844)
Turner, Joseph Mallord William (1775-1851)
Com objetivo de analisar a famosa obra Chuva, Vapor e Velocidade – A Grande
Estrada de Ferro do Oeste e uma breve apresentação do seu autor esse texto foi
dessenvolvido de forma resumida para que possamos compreender em qual
momento de sua vida e o motivo que o levou a desenvolvê-la. Trata-se de uma
pintura a óleo sobre tela do artísta romântico inglês Joseph Mallord William Turner
datada em 1844 e exposta na Royal Academy. Nesta época, o pintor que
desenvolveu seu trabalho artístico desde seus 14 anos, já estava com quase setenta
anos.

Ainda na infância, Turner demostrava interesse pelo rio Tâmisa, por ser muito
próximo à sua casa tinha o costume de observá-lo. A admiração pelo movimento da
água e das mudanças na iluminação natural existentes no local junto à neblina e
movimento de navios nas docas se tornaram temas e inspirações em suas telas ao
longo de sua vida. Mais tarde, em suas pinturas, demostrou grande interesse pelos
estudos de efeitos da luz sobre a paisagem.

Há o rumor de que a tela Chuva, Vapor e Velocidade – A Grande Estrada de Ferro


do Oeste foi pintada após uma viagem que Turner fizera, diz-se que o pintor ficou
maravilhado ao sentir a velocidade que o trem viajava e com o efeito que esse
movimento causara na sua visão; tal fato, explica o porque de a pintura quase ser
abstrata, ele representou nesta tela a sensação desta viagem e o que o mesmo
interpretou ao colocar sua cabeça para fora da janela do trem, como registrado em
inúmeros artigos sobre esta famosa obra. Esta tela é a representação de uma
experiência do artista e não uma representação fiel à imagem registrada por ele, e
sim à sensação causada pela viagem.

No canto inferior direito da pintura, desproporcionalmente grande, uma lebre (o mais rápido de
todos os animais) passa pelos trilhos, esperando vencer a corrida e escapar com sua vida e
possivelmente simbolizando velocidade, ou o perigo da nova tecnologia (no caso, o trem) poder
destruir os elementos sublimes inerentes da natureza. Um barco a remo está no rio bem
abaixo, e na distância, um lavrador sulca a terra.

O cenário foi identificado como a ponte ferroviária de Maidenhead, sobre o rio Tamisa entre
Taplow e Maidenhead, na recém-estabelecida linha Great Western para Bristol e Exeter. A
ponte tem dois arcos principais de tijolos, muito largos e planos. A vista é para o leste, em
direção a Londres. A Great Western Railway (GWR), foi uma das várias companhias
ferroviárias britânicas privadas criadas para desenvolver o então novo meio de transporte. A
década de 1840 foi o período da "mania ferroviária" e o inquieto Turner apreciou a velocidade e
o conforto dessa forma de viagem.

https://www.arteeblog.com/2018/04/analise-da-pintura-de-j-m-turner-rain.html
Turner, nascido em 1775, foi filho de um barbeiro e teve instrução precária. Iniciou
sua vida profissional como desenhista aos 13 anos de idade. Em 1793, já possuía
seu ateliê. Quando tornou-se conhecido como artista, montou ateliê em uma das
principais ruas de Londres, tendo sido em seu tempo um dos mais solicitados
ilustradores de livros. Dedicou toda sua vida à pintura e aos seus estudos estéticos e
suas experimentações artísticas.

Uma característica muito particular, era a forma com a qual Turner reagia contra o
enquandramento retangular dos quadros. Segundo ele, a visão humana não possui
tal enquandramento, mas é concêntrica e elíptica. Por isso na primeira e grande
parte da sua segunda fase, sua telas possuem uma convergência central e suas
extremidades difusas (como podemos observar na tela analisada), com a tentativa
de representação da própria visão humana. Esta forma particular apresentada em
suas obras, levou parte do público e críticos a tachar de inacabados muitos de seus
trabalhos. No entanto, Turner é também considerado um admirável aquarelista (seu
trabalho com oléo começou aos 20 anos de idade).

Entre os anos de 1811 e 1828 é contratado pela Royal Academy como professor de
perspectiva, esse interesse pela perspectiva seria uma forte característica a definir
seus trabalhos.

Na tela acima citada, Chuva, Vapor e Velocidade, podemos observar algumas


destas fortes características de suas pinturas.

No entanto, o que esta obra mais representa não é uma declaração entusiasmada das novas
conquistas mecânicas. Turner é, sobretudo, um pintor romântico. Ele não procura aqui exprimir
com exatidão o que vê por meio da cor, objetivo dos impressionistas. O que interessa é a
visão.
Na época dos trens e do vapor, o artista evoca lendários e brilhantes conflitos cósmicos de
elementos móveis e mutáveis, em que a luz se reflete e cintila em mil grumos dourados. E
dessa forma a passagem de um trem assume o aspecto de um acontecimento mítico e
cosmogônico, no qual Turner exibe a sua inaudita destreza de olhos e de mãos.

A semelhança do que faz nas suas inúmeras aquarelas, quando pinta a óleo Turner evita a
rigidez do desenho: empasta alvaiade, azuis e turquesas em mil matizes sem um exato limite
entre uma forma e outra.

Os críticos da época louvaram o sentido de velocidade e de energia, ampliado pela visão em


perspectiva e os efeitos do temporal.
A locomotiva era uma das mais modernas da época, conhecida como “Firely Class”. A massa
dianteira incendiada foi diversamente interpretada, mas parece demasiado grande para ser o
farol da frente. Para alguns, Turner quis mostrar a energia na potência máxima das caldeiras.

https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/chuva-vapor-e-velocidade-william-
turner/

Nesta tela observamos, como já citado acima, a forma de retratar o que se sentia e
não exatamente o que se via, evidenciando o seu estilo romântico. Não podemos
deixar de notar a introdução aos elementos que deram início às formas de
representações que futuramente seriam observadas no impressionismo e também
no abstracionismo, movimentos que se iniciariam duas e seis décadas após a sua
morte, respectivamente. Com grande contribuição para o desenvolvimento da arte,
Turner, que era um vanguardista, é considerado por muitos como o pai da arte
moderna, do impressionismo e abstracionismo.
Turner on Varnishing Day 1846
William Parrott (1813-1891)
IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Joseph Mallord William Turner.
História das Artes, 2021. Disponível em:
<https://www.historiadasartes.com/prazer-em-conhecer/joseph-mallord-
william-turner/>. Acesso em 19 Jun 2021.

IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Chuva, Vapor e Velocidade,


J.M.William Turner. História das Artes, 2021. Disponível em:
<https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/chuva-vapor-e-
velocidade-william-turner/>. Acesso em 19 Jun 2021.

https://www.arteeblog.com/2018/04/analise-da-pintura-de-j-m-turner-rain.html

http://www.arteeblog.com/2017/03/analise-de-fishermen-at-sea-de-joseph-m.html

http://www.arteeblog.com/2014/09/late-turner-painting-set-free-exposicao.html

https://educacao.uol.com.br/biografias/turner.jhtm

https://artuk.org/discover/stories/j-m-w-turner-painter-turned-architect

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