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LETRAS
VICENTE LETRAS
(C.S.Lewis)
DEDICATÓRIA
Dedicamos o presente trabalho ao nosso Deus, que entendemos ser o Único Deus vivo
e atuante no Universo desde a eternidade. Bendizemos ao Deus das nossas vidas, que escolheu
intencionalmente e soberanamente o uso de palavras e confeccionou – por meio do Seu Santo
Espírito – o livro Sagrado para comunicar-se conosco, demonstrando-nos a importância e
relevância das palavras. Compreendemos que sem Ele, não seríamos capazes de escrever o
que aqui está posto, tampouco seria possível que tivéssemos chegado até aqui, e por “aqui”
leia- se: nessa etapa cronológica da vida e ao fim deste ciclo acadêmico. Glorificamos ao
nosso ABBA, pois tudo que fazemos, fazemos para a Sua Honra e Glória. Agradecemos ao
Verbo que se fez carne e habitou entre nós, pela clareza que nos foi concedida.
Agradecemos ao Espírito da Verdade por ser nosso mais nobre professor. Ao Deus trino, que
nos destinou para esse tempo, Àquele que não erra, Àquele a quem amamos acima de todas as
coisas, Àquele que tem nos sustentado com sua Graça infinita, A Ele, dedicamos não
somente esse trabalho acadêmico, mas todas as nossas vidas.
Ao nosso Deus por plantar em nós sonhos que jamais floresceriam sem que Ele mesmo
regasse e fizesse crescer.
Aos nossos respectivos maridos que nos suportaram em amor e paciência. Homens presentes,
dispostos a se sacrificarem por nós e prontos a nos ajudarem nas mais diversas circunstâncias.
Companheiros que nos serviram café e almoço enquanto estudávamos incansavelmente e que
enxugaram as nossas lágrimas quando tudo parecia ruir. De igual modo, agradecemos aos
nossos respectivos filhos pela paciência que precisaram ter enquanto pedíamos apenas mais
um tempo para realizarmos mais um trabalho em vez de estarmos com eles e que tiveram que
lidar com mães cansadas por muitas vezes.
Aos nossos respectivos pais, especialmente as nossas mães, que nos trouxeram com muita luta
até aqui. Mães que nos amamentaram quando bebês e que nos ofereceram alimento sólido
quando adultas, provando discernir os tempos e demonstrando acreditar que seríamos capazes
de alcançarmos grandes coisas.
A nossa orientadora, Prof. Dra. Maria de Lourdes Gaspar, por nos conduzir e confiar a nós
uma teoria que a própria já defendeu brilhantemente. Sentimos profunda gratidão, pois ela
sempre teve certeza que faríamos um bom trabalho, mesmo quando nós não acreditávamos.
Aos nossos colegas de turma que foram mais do que alunos da mesma sala, tornando-se
companheiros em uma árdua jornada que teve muitos momentos desafiadores, mas também
muitos momentos memoráveis. A cada um deles, nosso muito obrigada.
RESUMO
Este trabalho está situado na área de Letras. Tem por tema O intertexto entre as Crônicas
de Nárnia e a narrativa bíblica, sob a perspectiva das figuras de Intertextualidade.
Tem-se por pressupostos teóricos Kristeva (1974) e Kock (1984, 1991), o apoio metodológico
acerca das figuras da Intertextualidade de Laurent Jenny (1979), bem como as reflexões de
Tavares (1999) sobre o diálogo intertextual; por critério, o ponto de vista das alunas-
pesquisadoras. A amostra analisada é composta de três das sete obras de uma série intitulada
As Crônicas de Nárnia, de autoria de C.S.Lewis, sendo elas: O Sobrinho Do Mago, O
Leão, A Feiticeira E O Guarda-roupa e A Última Batalha, bem como de trechos da
Bíblia. Os resultados obtidos indicam o diálogo intertextual entre os textos base e o arquitexto
e as figuras de intertextualidade auxiliam na comprovação e no reconhecimento desse diálogo.
Como perspectivas, propõem-se a necessidade de evidenciar cada vez mais a teoria de
Laurent Jenny, de maneira que se torne o suporte para o estudo de tantos outros
intertextos.
Palavras-chave: 1 – Intertextualidade. 2 – As Crônicas de Nárnia, 3 – Figuras de
Intertextualidade.
ABSTRACT
This work is located in the area of Letters. Its theme is The intertext between the
Chronicles of Narnia and the biblical narrative from the perspective of the figures of
Intertextuality. The theoretical presuppositions are the perspectives of Kristeva (1974) and
Kock (1984, 1991), the methodological support on the figures of Intertextuality by Laurent
Jenny (1979), as well as the reflections of Tavares (1999) on intertextual dialogue; by
criterion, the point of view of the student-researchers. The analyzed sample is composed of
three of the seven works of a series entitled The Chronicles of Narnia, authored by C.S.
Lewis, namely: The Magician's Nephew,The Lion, the Witch and the Wardrobe and The Last
Battle, as well as of excerpts from the Bible. The results obtained indicate that the intertextual
dialogue between the base texts and the architext exists and that the intertextuality figures
help to confirm and recognize this dialogue. As perspectives, we propose the need to
increasingly highlight Laurent Jenny’s theory, so that it becomes a support for the study of
many other intertexts.
INTRODUÇÃO....................................................................................................12
3 METODOLOGIA E ANÁLISES............................................................................37
3.1 METODOLOGIA............................................................................................................37
4 DISCUSSÃO.........................................................................................................56
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................69
12
INTRODUÇÃO
Este trabalho está situado na área de Letras; tem como tema O intertexto entre as
Crônicas de Nárnia e a narrativa bíblica sob a perspectiva das figuras de
Intertextualidade. Foram analisadas três das sete Crônicas da série de Clives Staples Lewis
(1898-1963): O sobrinho do mago, O leão, a feiticeira e o guarda- roupa e A última
batalha; bem como alguns textos bíblicos com ênfase na análise dos paralelos cristãos,
existentes nas obras. Identificou-se o diálogo implícito entre tais textos, por meio das figuras
de intertextualidade.
O embasamento teórico deste estudo tem como aporte Kristeva (1974) e Kock (1984,
1991) acerca da Intertextualidade, o apoio metodológico de Laurent Jenny (1979) sobre as
figuras da intertextualidade, bem como as reflexões de Tavares (1999), a respeito do diálogo
intertextual e, por critério, o ponto de vista das alunas- pesquisadoras.
Neste sentido, a relevância deste trabalho consiste em contribuir para os estudos acerca
da Intertextualidade, especialmente das figuras de Intertextualidade, na tentativa de minimizar
os problemas relacionados à interpretação e apreensão dos gêneros registrados.
A intertextualidade pode ocorrer com qualquer tipo de texto. Mas, para Kristeva, fora
da intertextualidade, a obra literária seria incompreensível.
Por conseguinte, como se disse, para a amostra analisada, optou-se por demonstrar a
intertextualidade entre as obras que norteiam este trabalho e a narrativa bíblica visando,
principalmente, as análises dos textos, por meio das figuras de intertextualidade, segundo
Laurent Jenny. Tendo em vista a visualização, as análises foram organizadas em quadros
comparativos e paralelos, destacando- se, assim, as figuras encontradas nos fragmentos
extraídos dos três livros estudados e supramencionados.
Como se disse, a amostra analisada para este trabalho é composta por resultados
verificados pelas alunas-pesquisadoras por meio de análises que consideram os fundamentos
teóricos e o tema proposto.
(iii) Demonstrar os paralelos cristãos presentes nas obras que norteiam esse
trabalho;
(iv) Investigar as figuras de intertextualidade presentes nas obras analisadas.
A presente pesquisa justifica-se por, apesar de haver estudos sobre o intertexto bíblico
presente nas obras supramencionadas, não terem sido encontrados quaisquer trabalhos que
efetuem essa comparação por meio das figuras de Intertextualidade. Promovendo assim, um
aprofundamento do tema proposto, no âmbito acadêmico.
Esta parte traz uma contextualização por meio da biografia do autor das
Crônicas de Nárnia, C.S.Lewis, por ser pertinente para o tema que norteia este trabalho,
especialmente pelo fato da vida do autor subsidiar parte do contexto
intertextual contido nas obras estudadas. De igual modo, esta parte apresenta os resumosdas três
crônicas estudadas e o estado da arte.
Parte IV – Discussão
Seu avô materno, Thomas Hamilton (1826- 1905), um clérigo da igreja da Irlanda,
igreja oficial do protestantismo em todo o país, apesar de seus fiéis serem a minoria; Thomas
se tornou um representante clássico da aristocracia protestante – afetada pelo fortalecimento
do nacionalismo Irlandês no século 20 –, no ano de 1879, tornou-se o clérigo da paróquia de
São Marcos, em Dundela, local onde, mais tarde, os pais de C.S Lewis se encontraram,
casando-se em 1894, no dia 29 de agosto, depois de um longo namoro.
Para Lewis, a Irlanda era fonte de inspiração literária; inspiração atribuída a sua
beleza, motivando-o a descrever características de seu país nos cenários de seus livros,
inclusive nas terras de Nárnia “Sob certos aspectos, Nárnia pode ser vista como um Ulster
utópico e idealizado, povoado por criaturas imaginadas por
Lewis, em vez de Ulsterianos.” (MCGRATH, 2019, p. 28); entretanto, na época de seu
nascimento, os protestantes estavam implantando uma nova cultura e visão política, além de
dominarem a economia da Irlanda; todavia, em 1880, houve uma mudança, por meio da
intervenção de Charles Steward e outros.
De acordo com dados biográficos, o irmão mais velho do autor, Warren Hamilton
Lewis, de quem Lewis foi muito próximo, não se recorda de ter conversado com um católico
do seu ciclo social até ingressar no Royal Military College, em 1914. Apesar do nacionalismo
irlandês ter ganhado força no século 20, em busca de um governo autônomo, a cidade natal de
Lewis havia se tornado o núcleo da oposição, reunindo um grande número de protestantes;
mediante a isso, o autor foi influenciado por aqueles que representavam a opressão, sendo
esquecido pelos irlandeses, pois era visto como alguém do lado errado.
Tal carta gerou uma discussão entre os dois, pois Greeves era um cristão dedicado;
entretanto logo perceberam que tinham pensamentos muito diferentes e desistiram do assunto.
Na citação a seguir, retirada da autobiografia de Lewis – denominada Surpreendido pela
Alegria –, o escritor relata parte de seu pensamento acerca da religião cristã antes de deixar de
ser ateu:
Anos depois, todavia, Lewis se tornaria um grande defensor da fé cristã, vista por ele
como racional. Nas primeiras páginas de sua biografia, o cristianismo, ao qual Lewis se
dedicou apenas a partir da sua vida adulta, foi mencionado como parte de uma de suas
personas, e não era a parte mais conhecida do apologista cristão. Mesmo assim, C.S Lewis
causa um grande impacto no cristianismo, por meio de suas obras nos dias atuais; hoje é
conhecido como um autor cristão, e trabalhos como “A intertextualidade entre a Bíblia e As
Crônicas De Nárnia” são apenas um reflexo do quanto o criador de Nárnia teve a vida
envolvida por sua fé, apesar de, no início da década de 1920, a sua escrita expressar muitas
críticas à religião.
Em 1926, C.S Lewis, ainda ateu, conheceu J.R.R Tolkien (1892-1973), escritor da
obra O Senhor dos anéis. Eles se tornaram amigos e passaram a influenciar um ao outro,
tanto na vida pessoal quanto na vida profissional
Tolkien, um homem, cuja fé em Deus, fundamentada por meio do catolicismo, foi
quem incentivou C.S Lewis a assumir a fé cristã. Assim, a amizade entre os dois escritores
tornou-se, além de importante para a conversão de Lewis, essencial para outras áreas do
conhecimento, como constata a professora doutora Greggersen, tradutora de mais de sete
livros de C.S.Lewis no Brasil:
Nessa época, o escritor ainda não era tão famoso para que essa mudança repercutisse,
entretanto, tal transformação rendeu-lhe reconhecimento, a partir de 1940, ao publicar o
livro O Problema Do Sofrimento e, posteriormente, obras que são aclamadas ainda hoje,
e que, claramente, foram afetadas por sua fé, como as sete crônicas das terras de Nárnia.
Esta parte traz os resumos das obras de C.S Lewis que foram analisadas em comparação
com a Bíblia, sendo elas: O Sobrinho do Mago; O leão, a feiticeira e o guarda-roupa e
A Última Batalha, respectivamente.
1.2.1 O Sobrinho do Mago
Polly e Digory tornam-se cobaias do tio e são enviados para o Bosque entre Mundos.
Lá, encontram um lago com passagem para Charn; nesse mundo, Digory encontra uma placa
que o aconselha a bater o sino com um martelo; sendo assim, ele liberta a Feiticeira Branca, a
qual, logo depois, é transportada para o mundo das personagens.
Antes de sair da Terra, a feiticeira – com a sua incrível força – extraiu um poste da
cidade de Londres com o intuito de amedrontar os outros. Assim, ao chegar à Nárnia, o poste
transforma-se no lampião do Ermo do Lampião. Aslam coroou o cocheiro Franco como o
primeiro rei de Nárnia e sua mulher, Helena, como a primeira rainha de Nárnia.
Digory traz para seu mundo real uma maçã mágica e prateada (de uma árvore, cuja
função era proteger Nárnia); com ela, Digory pretendia curar a mãe doente. Depois do
restabelecimento materno, o menino plantou sementes da fruta no quintal; uma grande
macieira nasceu, a qual, tempos depois, forneceu a madeira para o guarda-roupa, da próxima
história: O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa.
1.2.2 O Leão, A Feiticeira E O Guarda-roupa
De acordo com a cronologia dos livros, essa é a segunda obra. Nela são narradas as
aventuras dos quatro irmãos Pevensie: Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia. Essas personagens
fogem dos bombardeios a Londres, durante a Segunda Guerra Mundial, e vão para a
casa de um professor, no campo. Lá, d e s c o b r e m , dentro de um guarda-roupa,
(cuja origem é revelada em O Sobrinho do Mago), uma passagem que liga o mundo das
personagens ao mundo de Nárnia.
Encontram aquele mundo castigado por um inverno rigoroso, decretado pela Feiticeira
Branca, filha de Lilith, nomeada Jadis. Conhecem a profecia narniana, segundo esta, quando
dois filhos de Adão e duas filhas de Eva adentrassem ao mundo de Nárnia e se tornarem reis
de Nárnia em Cair Paravel (com a ajuda do leão Aslam), o governo da Feiticeira teria fim.
A morte, entretanto, não foi capaz de vencer Aslam, o qual revive por ser inocente,
conforme ordena a Magia Profunda de Antes da Aurora do Tempo. A Feiticeira agrupa seus
súditos para atacar o exército de Aslam, liderado agora por Pedro. Aslam, primeiramente,
libertar os narnianos, que foram transformados em estátuas de pedra pela Feiticeira, e depois
auxilia Pedro na batalha, derrotando definitivamente a Feiticeira e seu exército.
Com a vitória, os quatro irmãos são coroados reis e rainhas de Nárnia em Cair
Paravel. Eles governam por muitos anos, e iniciam a Época de Ouro. Recebem os títulos de:
Grande Rei Pedro, o Magnífico; Rei Edmundo, O Justo; Rainha Lucia, A Destemida; Rainha
Suzana, A Gentil. Contemplam Nárnia com um período de paz e prosperidade nunca antes
vivido por aquela terra mágica; porém retornam ao Guarda-roupa, acesso ao mundo de
Nárnia, e, com isso, retornam à infância; de volta, reencontram o professor, para quem contam
suas aventuras nas terras de Nárnia.
1.2.3 A Última Batalha
Aslam há muitos anos não aparecia em Nárnia. À luz de uma enorme fogueira
crepitante, a última batalha de Nárnia está prestes a acontecer. O rei Tirian, ajudado
corajosamente por Jill e Eustáquio, enfrenta os cruéis calormanos, em um combate que
decidirá, finalmente, a luta entre as forças do bem e do mal; no entanto, a narração da última
obra se inicia com um macaco, Manhoso, e um jumento, Confuso; seus nomes representam
também suas personalidades.
Em uma cachoeira, Manhoso e Confuso encontram a pele de um leão, recentemente
abatido por um caçador. Manhoso decide vestir Confuso com a pele e apresentá-lo como
Aslam. Surpreendentemente, esse plano funciona. Manhoso se mostra ambicioso, fazendo uso
da fé e medo de todos que criam em Aslam para saciar seus desejos egoístas. Confuso, por sua
vez, demonstra inocência, sendo manipulado para executar tarefas; qualquer discussão era
encerrada com a justificativa de que opobre jumento não possuía capacidade para pensar.
No final dos anos de 1980, a BBC produziu os quatro primeiros livros para uma série
de TV, além da adaptação para peças radiofônicas e apresentações teatrais. Em 2005,
iniciaram-se as produções cinematográficas de três dos sete livros – As Crônicas de Nárnia:
O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa (2005); As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian
(2008); As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada (2010) –, responsáveis
pela crescente fama das obras na atualidade.
Chega um ponto em que Susana, que era a garota mais velha, se afasta de
Nárnia porque fica interessada em batom. Ela tornou-se irreligiosa
basicamente porque encontrou sua sexualidade. Tenho um grande problema
com esta questão de Susana. (MUNDO NÁRNIA, 2013)
Philip Pullman, autor da série literária His Dark Materials, fez muitas críticas aos
livros de Lewis até ser apelidado de "Anti-Lewis". Tal autor também tem uma opinião
negativa sobre a maneira como Susana é retratada nas Crônicas e expressou-a da seguinte
forma:
Susana, assim como uma "Cinderela", está prestes a sofrer uma mudança de
fase de sua vida para outra. Não aprovo isso de Lewis. Ele não gostava de
mulheres ou sexualidade em geral, pelo menos enquanto escrevia os livros.
Lewis estava assustado e horrorizado com a ideia do crescimento. (MUNDO
NÁRNIA, 2013)
Muito além da construção dos personagens e suas ações, J. R. R. Tolkien, autor de O
Hobbit e O Senhor dos Anéis, em uma de suas cartas para o amigo, afirma que não gostou
do mundo de Nárnia por meio das seguintes palavras:
(...) Estou feliz que você tenha descoberto Nárnia, mas já que você perguntou
se eu gostei receio que a resposta é Não. Eu não gosto de “alegoria”, e muito
menos alegoria religiosa desse tipo. Mas essa é uma diferença de gosto que
ambos reconhecemos e não interferiu em nossa amizade.(Carta 265)”
(TOLKIEN, 2010, p.585)
As opiniões que se sobressaem na atualidade, porém, são as que formam o eco dos
admiradores de todas as versões dessas obras, como por exemplo, a professora Christin
Ditchfield, autora do livro Descubra Nárnia: verdades em As crônicas de Nárnia, além
de mais de 25 livros infantis; Christin relata no prefácio desse livro o impacto das Crônicas
sobre sua vida desde a infância:
Eu tinha sete anos de idade, quando pela primeira vez, recebi uma cópia de O
Leão a Feiticeira e o Guarda-roupa. Desconhecia o impacto profundo e
duradouro que teria em minha vida. Devorei rapidamente a coleção inteira de
Nárnia. Nos anos seguintes eu li cada um dos livros mais de uma dúzia de
vezes, até que, literalmente, eles se desfizeram. Cada vez que os leio, mais os
aprecio; e, como milhares de outras pessoas, descobri que há muito mais em
As Crônicas de Nárnia do que os olhos podem ver. (DITCHFIELD, 2010,
p.08)
A citação da Profª. Drª. Gabriele Greggersen, referenciada apenas com o sobrenome da autora e o ano de publicação
(GREGGERSEN, 2019) foi retirada de um site, logo, não há número de página. O site está registrado nas referências
eletrónicas da presente monografia, de acordo com as normas ABNT.
No Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado Arquétipo em As Crônicas de
Nárnia: Aslam e sua relação com o universo cristão, publicado em 2018, a autora
Jessica de Oliveira faz uma análise intertextual de três das sete Crônicas, relacionando-as
também com os textos bíblicos, porém, focalizando as influências soridas pelo autor para a
construção das obras, fazendo-se necessária a análise dos arquétipos.
Assim sendo, tendo sido feita uma breve contextualização dos materiais que compõem
este trabalho de conclusão de curso, a próxima parte apresenta um mosaico teórico desta
pesquisa.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: MOSAICO TEXTUAL
Esta parte traz o arcabouço teórico, sustentácu-lo desta monografia, a qual trata do papel
das figuras da intertextualidade no diálogo das Crônicas de Nárnia, de Clives Staples Lewis, a
saber: O sobrinho do Mago; O Leão a Feiticeira e o Guarda- roupa e A última batalha
com o texto bíblico.
De acordo com Tavares (1999), não se trata, todavia, apenas de se ler no texto mais
recente a projeção intertextual do texto que o antecede, pois, provavelmente, esse texto
mais antigo seria, de certa forma, reconstituído por
meio da memória intertextual que sobre ele age retroativamente, a partir de, e em função do
texto mais recente, em que ele ecoa.
Logo, os sentidos construídos para o texto poético decorrem de conexões entre as suas
partes, construídas por figuras poéticas de linguagem para a reconstrução do todo do poema,
do romance e, neste trabalho, das crônicas líricas, de forma a resolver a agramaticalidade em
uma gramaticalidade própria do texto poético. Nesse processo, os intertextos preenchem as
aberturas de significância deixadas pela linguagem poética, permitindo que se construam
diferentes possibilidades de sentidos.
Para Tavares (1999), o vocabulário utilizado pela intertextualidade é a soma dos textos
existentes. Opera- se, portanto, uma espécie de separação no nível da palavra, uma promoção
a discurso com um poder infinitamente superior ao do discurso monológico corrente. Basta
uma alusão para introduzir no texto centralizador um sentido, uma representação, uma
história ou um conjunto ideológico.
O texto de origem lá está virtualmente presente, portador de todo o seu sentido, sem que
seja necessário enunciá-lo. Isso confere à intertextualidade uma riqueza, uma densidade
excepcional; em contrapartida, é preciso que o texto citado admita a renúncia à sua
transitividade: ele já não fala, é falado. Deixar de denotar, para conotar. Já não significa por
conta própria, passa ao estatuto de material, como reconstrução mítica, em que colecionam
mensagens pré-transmitidas. Reagrupá-las em novos conjuntos, numa incessante reconstrução
a partir dos mesmos materiais; são sempre os mesmos fins chamados a desempenhar o papel
de meios: os significados transformam-se em significantes e vice-versa. Toda palavra e toda
leitura intertextual cabem neste movimento.
Koch (1991) revê a relação entre intertextualidade e polifonia, refletindo sobre estesdois
conceitos, a fim de concluir se são um só e mesmo fenômeno ou se são distintos. Retoma
Barthes (1974):
O texto redistribui a língua e uma das vias dessa reconstrução é a de permutar textos,
fragmentos de textos que existiram ou existem ao redor do texto considerado, e, por
fim, dentro dele mesmo. Todo texto é um intertexto, outros textos estão dentro
deles em níveis variáveis sob formas mais ou menos reconhecíveis.(p.529)
Koch retoma também seus estudos de 1986 sobre a distinção entre intertextualidade em
sentido amplo e sentido estrito e relaciona com a noção de polifonia, revendo Bakhtin (1981,
1992) para o qual, o dialogismo é constitutivo da linguagem, na medida em que o autor dá
forma verbal ao dito, a partir do ponto de vista da comunidade a que pertence: o eu se
constrói, constituindo o eu do outro e por ele é constituído.
É por isso, que Ducrot, segundo Koch, se refere à enunciação teatral de enunciadores,
sejam eles reais ou virtuais. Em suas reflexões de 1986, Koch concluiu que entre as noções de
intertextualidade e polifonia, quando tomadas em sentido estrito, não há coincidência total
entre elas. Para ela, na intertextualidade, a
alteridade é necessariamente atestada pela presença de um intertexto, cuja fonte é
explicitamente mencionada no texto que o incorpora ou cujo produtor está presente em
situações de comunicação oral.
Ao tratar da polifonia, segundo Kock (1986), à medida que a alteridade está encenada,
incorporam-se ao texto vozes de autores reais ou virtuais que representam perspectivas e
pontos de vista diversos ou tópicos diferentes daqueles em quem se apoia o locutor; neste caso
afirma que o conceito de polifonia recobre o de intertextualidade, no sentido estrito, pois
todo caso de intertextualidade é caso de polifonia, embora o inverso não seja verdadeiro.
Segundo Jenny (1979), o autor deixa, por meio do estilo, sua marca. A maneira de
exprimir seus pensamentos, a forma de expressar-se correta e elegantemente contribuem,
também, para caracterizá-lo.
O valor da palavra para o autor é interindividual. Tudo o que é dito, expresso, situa-se
para fora da alma do locutor, logo não lhe pertence com exclusividade. Assim sendo, não se
pode deixar a palavra apenas para o locutor. O autor tem seus direitos imprescritíveis sobre a
palavra, no entanto, o ouvinte ou o leitor, também, tem seus direitos, pois não existe palavra
que não seja para alguém. Logo, o pensamentopode ser representado, linguisticamente por
meio da palavra, tanto para o outro como para si mesmo.
Por essa razão, o sistema da língua não possibilita, por si só, a legibilidade literária;
esta é produzida quando o leitor descobre em qual sistema de arquétipos ela se situa,
intertextualizando-se com os seus intertextos. Esse conceito de legibilidade literária é
apresentado em relação à competência literária do leitor que o possibilita atingir o estágio da
leitura literária.
Claro está que qualquer texto se remete a seu(s) intertexto(s); todavia, o literário
diferencia-se dos demais por ser essa remissão a sua própria gênese. Assim, por exemplo,
qualquer texto pode se apresentar como uma paródia de outro texto, todavia o literário, além
de se apresentar como paródia de outro texto, intertextualiza-se com todas as obras literárias
parodísticas, constitutivas de seu próprio gênero.
O problema da intertextualidade é fazer caber vários textos em um só, sem que eles se
destruam mutuamente e sem que o novo texto perca a sua unidade de sentido. Assim sendo, a
pluritopia própria do uso maciço de intertextualidades, no texto literário, precisa de resolução
por uma isotopia na interação escritor-leitor.
Paronomásia
Modificação do sentido do texto original por meio da alteração da grafia, conservando as
sonoridades preexistentes.
Elipse
Repetição retirada de um texto ou de um arquitexto. Pode se dar também por meio da omissão
de um tema, provocando impaciência no leitor.
Amplificação
Transformação de um texto original por meio da potencialidade do seu significado. Não se
trata de um fragmento de um texto em outro texto, mas de uma relação intertextual entre
ambos.
Hipérbole
Alteração de um texto por meio da exaltação da sua qualificação.
Interversões
Considerando que está é uma figura que influencia vários componentes textuais, precisa,
segundo Jenny, ser analisada em detalhes:
Interversão de qualificação
Tanto os elementos participantes do ato da comunicação, quanto as circunstâncias originais de
uma narrativa são aproveitados, porém são qualificados contrariamente.
Em síntese, embora o texto poético tenha sido tratado, durante muito tempo, sob o
ponto de vista estético, de forma a priorizar o como se diz pelo aspecto formal e artístico,
têm-se, hoje, com Jenny, outra perspectiva: o da legibilidade do texto
poético, neste caso, a crônica, pelo prisma intertextual. Esta monografia procura demonstrar o
papel das figuras da intertextualidade para uma leitura reconstrutiva, como forma possível de
produzir sentidos.
Assim sendo, a próxima parte apresenta a metodologia utilizada para a construção das
análises e o levantamento das figuras intertextuais no diálogo das Crônicas de Nárnia, de
Clives Staples Lewis, a saber O sobrinho do Mago; O Leão a Feiticeira e o Guarda-
roupa e A última batalha com o texto bíblico.
3 METODOLOGIA E AMOSTRA ANALISADA
3.1 METODOLOGIA
Fontes desta natureza podem ser muito importantes para a pesquisa, pois
muitas delas são constituídas por relatórios de investigações científicas
originais ou acuradas revisões bibliográficas. Seu valor depende, no entanto,
da qualidade dos cursos das instituições onde são produzidas e da
competência do orientador requer-se, portanto, muito cuidado na seleção
dessas fontes.(p.66)
Levantamento bibliográfico;
Seleção das fontes de pesquisa que mais agregassem ao tema proposto;
Leitura do material escolhido com intuito de encontrar o que fosse mais
adequado para responder à pergunta norteadora delimitada;
Organização da sequência lógica do assunto com vistas à clareza do
desenvolvimento teórico necessário.
Por conseguinte; depois das fases de leitura exploratória, leitura seletiva e leitura
analítica; pôde-se analisar, interpretar e comparar os dados bibliográficos coletados.
Esta parte visa analisar o diálogo intertextual das Crônicas de Nárnia com o texto
bíblico, bem como levantar as figuras de intertextualidade, segundo Laurent Jenny (1979).
Amplificação
Texto-base Intertexto
O Leão andava de um lado para o outro na terra nua, Gênesis 1.11-12- Então disse Deus: “Cubra-se a terra
cantando a nova canção. Era mais suave e ritmada do de vegetação: plantas que deem sementes e árvores
que a canção com a qual convocara as estrelas e o sol; cujos frutos produzam sementes de acordo com as
uma canção doce, sussurrante. À medida que suas espécies”. E assim foi. A terra fez brotar a
caminhava, o vale ia ficando verde de capim. O capim vegetação: plantas que dão sementes de acordo com
se espalhava desde onde estava o Leão, como uma as suas espécies, e árvores cujos frutos produzem
força, e subia pelas encostas dos pequenos montes sementes de acordo com as suas espécies. E Deus viu
como uma onda. (LEWIS, 2014, p. 04) que ficou bom. (BíBLIA, 2017, p.01)
QUADRO 1 – AMPLIFICAÇÃO NA INTERTEXTUALIDADE (continuação)
Amplificação
Texto-base Intertexto
– Meus filhos- disse Aslam – fixando os olhos no Gênesis 2.19-20- Havendo, pois, o Senhor Deus formado
casal – vocês serão os primeiros reis e rainhas de da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os
Nárnia. O cocheiro abriu a boca, aparvalhado, a trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o
mulher ficou muito vermelha. que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu
– Reinarão sobre essas criaturas e a elas darão nome. E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos
nomes, e farão justiça, e as protegerão dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não
inimigos quando os inimigos vierem. (LEWIS, se achava adjutora. (BíBLIA, 2017, p.02)
2014, p. 140)
Texto-base Intertexto
Amplificação
Texto-base Intertexto
– Aslam! Aslam querido! – disse Lúcia. – O que há? Matheus 26:37-38 Levando consigo Pedro e os dois
Por que não nos diz o que tem? filhos de Zebedeu, começou a entristecer- se e a
angustiar-se. Disse-lhes então: “A minha alma está
– Está doente, Aslam querido? – perguntou Susana. profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem
aqui e vigiem comigo”. (BíBLIA, 2017, p. 756)
– Não. Estou triste. Estou só. Ponham as mãos na
minha juba, para que eu sinta que vocês estão aqui, e
caminhemos assim.
– Alto! – disse a feiticeira. – Primeiro, cortem-lhe a Mateus 27: 27-31 Assim, os soldados de Pilatos
juba! Uma gargalhada mesquinha ressoou quando um levaram Jesus para o palácio do governador e
ogre, de tesoura na mão, avançou e se pôs de cócoras reuniram toda a guarnição em redor dele.
junto da cabeça do leão. Zip, zip, zip – a tesoura rangia, Tirando-lhe a roupa, vestiram-lhe um manto
e montes de caracóis dourados tombavam ao chão. O vermelho escuro, fizeram uma coroa de
ogre afastou-se, e, do esconderijo, as meninas puderam espinhos e puseram-lha na cabeça, meteram-lhe uma
ver o rosto de Aslam, pequenino e tão diferente sem a vara na mão direita como se fosse o bastão de um rei
juba! Os inimigos também notaram isso: e, ajoelhando-se diante dele, faziam troça,
gritando: “Viva, ó rei dos judeus!” Cuspiam-lhe
– Vejam: não passa de um gatão! – E é disso que a e, tirando-lhe a vara da mão, batiam-lhe com
gente tinha medo? Rodearam Aslam, zombando dele a ela na cabeça. Quando
valer: – Miau! Miau! Coitadinho do bichano! Quantos acabaram toda aquela troça, tiraram-lhe o manto,
camundongos você papou hoje? Quer um pires de leite, vestiram-no novamente com as suas roupas e
bichinho? (LEWIS, 2014, p.147- 148) levaram-no para ser crucificado. (BíBLIA, 2017,
p.758)
QUADRO 1 – AMPLIFICAÇÃO NA INTERTEXTUALIDADE (conclusão)
Amplificação
Texto-base Intertexto
O sol dera a tudo uma aparência tão diferente, alterando Mateus 27: 50-51 Depois de ter bradado novamente
de tal maneira as cores e as sombras, que por um
em alta voz, Jesus entregou o espírito. Naquele
momento não repararam na coisa de fato importante. Até momento, o véu do santuário rasgou-se em duas
que viram. A Mesa de Pedra estava partida em duas por
partes, de alto a baixo. A terra tremeu, e as rochas se
uma grande fenda, que ia de lado a lado. (LEWIS, 2014, partiram. (BíBLIA, 2017, p. 758)
p.155)
Hipérbole
Texto-base Intertexto
O Sobrinho do Mago Bíblia
Elipse
Texto-base Intertexto
O Sobrinho do Mago Bíblia
Elipse
Texto-base Intertexto
Pedro recebe o escudo - Elipse. Efésios 6:13-18 Portanto, tomai toda a armadura de Deus,
– Pedro, Filho de Adão – continuou Papai Noel. para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo,
– Presente! – disse Pedro. ficar firmes.
– Presentes para você. São ferramentas, e não Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a
brinquedos. Talvez não esteja longe o dia em que verdade, e vestida a couraça da justiça;
precisará usá-las. Com honra! E calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
E entregou a Pedro um escudo e uma espada. O Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis
escudo era cor de prata, com um leão rubro no apagar todos os dardos inflamados do maligno.
centro, lustroso como um morango pronto para ser Tomai também o capacete da salvação, e a espada do
colhido. A espada tinha punho de ouro, bainha, Espírito, que é a palavra de Deus;
cinto, tudo, e parecia feita sob medida. Pedro Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no
recebeu os presentes em grave silêncio, sentindo Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e
que se tratava de uma coisa muito séria. súplica por todos os santos. (BíBLIA, 2017, p. 892)
(LEWIS, 2014, p.107-108)
Elipse
Texto-base Intertexto
– Isso mesmo – disse a rainha Lúcia. – No nosso Lucas 2:7 e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-
mundo também já aconteceu uma vez que, dentro de o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não
um certo estábulo, havia uma coisa que era muito havia lugar para eles na hospedaria. (BíBLIA, 2017, p.
maior que o nosso mundo inteiro. (LEWIS, 2014, 779)
p.166)
Mais a diante, na página 138 do mesmo livro, Aslam diz que cuidará para que o pior
recaia sobre ele, omitindo o que estaria por vir no segundo livro, de acordo com a ordem
cronológica das obras: a morte de Aslam para salvar a vida de um filho de Adão; o arquétipo
deste texto (Isaías 53.4-5) traz o que Aslam omite em sua frase: o resultado da morte de
Cristo, a quem Aslam representa nas terras de Nárnia
– “... o castigo que nos traz a paz estava sobre ele” (p.557).
Texto-base Intertexto
– Bem- disse Aslam –, sabe usar uma pá e uma enxada Provérbios 22.6- Educa a criança no caminho em
e arrancar alimento do fundo da terra? que deve andar; e até quando envelhecer não se
– Isso eu sei, Senhor; nasci fazendo isso. desviará dele. (BíBLIA, 2017, p. 488)
– Pode governar estas criaturas com espírito de
bondade e justiça, lembrando-se de que não são
escravas como os bichos mudos do mundo em que
nasceram, mas animais falantes e súditos livres?
– Acho que sim- respondeu o cocheiro. -Posso tentar.
– E ensinará a seus filhos e netos a procederem desse
mesmo modo? (LEWIS, 2014, p.140-141)
Texto-base Intertexto
...Entre as felizes criaturas que agora se reuniram ao João 11:24-26 Disse-lhe Marta: Eu sei que há de
redor de Tirian e de seus amigos, encontravam-se ressuscitar na ressurreição do último dia. Disse-lhe
todos aqueles que ele julgará estar mortos. Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em
(LEWIS, 2014, p.181) mim, ainda que esteja morto, viverá;
E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca
morrerá. Crês tu isto? (BíBLIA, 2017, p.818)
No último trecho apresentado no quadro: “... todos aqueles que ele julgara estar
mortos.”; o arquétipo resgata a história de Lázaro, amigo de Jesus, que já havia morrido,
deixando suas irmãs desoladas. Quando Jesus chega ao túmulo, completava-se quatro dias que
Lázaro estava morto e uma de suas irmãs diz saber que ele ressuscitaria na ressurreição do
último dia (nota-se sempre cenas carregadas de significados espirituais); Jesus afirma que
todo aquele que crer nele, ainda que esteja morto, viverá (João 11:24-26). Portanto, o texto
base faz referência á ressurreição em Cristo, todavia muda o sentido por meio do contexto.
Texto-base Intertexto
– Mas ele é tão perigoso assim? – perguntou Lúcia. Salmos 100:5 Porque o Senhor é bom, e eterna a
– Perigoso? – disse o Sr. Castor. – Então não ouviu o sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração
que a Sra. Castor acabou de dizer? Quem foi que disse em geração. (BÍBLIA, 2017, p. 445)
que ele não era perigoso? Claro que é, perigosíssimo.
Mas acontece que é bom. Ele é REI, disse e repito. Salmos 7:11 Deus é um juiz justo, um Deus que
(LEWIS, 2014, p.81-82) manifesta cada dia o seu furor. (BíBLIA, 2017, p.
397)
– Não vale a pena procurá-lo, pois eu sei perfeitamente Mateus 26:19-21 E comendo com eles, disse: Em
para onde ele foi! – Todos arregalaram os olhos, verdade vos digo que um de vós me há de trair.
espantados. – Não estão entendendo? Foi encontrar-se (BÍBLIA, 2017, p. 755)
com ela, a Feiticeira Branca. Traiu-nos a todos.
(LEWIS, 2014, p. 86)
QUADRO 5 – INTERVERSÃO DA SITUAÇÃO ENUNCIATIVA NA INTERTEXTUALIDADE
(conclusão)
Intertexto
Texto-base
Bíblia
O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa
– Mas que coisa é essa? Ainda será magia? Lucas 24:36-40 Enquanto falavam sobre isso, o
– Magia, sim! – disse uma voz forte, pertinho delas. – próprio Jesus apresentou-se entre eles e lhes disse:
Ainda é magia. "Paz seja com vocês!
Olharam. Iluminado pelo sol nascente, maior do que
antes, Aslam sacudia a juba (pelo visto, tinha voltado a Eles ficaram assustados e com medo, pensando que
crescer). estavam vendo um espírito.
– Aslam! Aslam! – exclamaram as meninas,
espantadas, olhando para ele, ao mesmo tempo as Ele lhes disse: "Por que vocês estão perturbados e
sustadas e felizes. por que se levantam dúvidas em seus corações?
– Você não está morto?
– Agora, não. Vejam as minhas mãos e os meus pés. Sou eu
– Mas você não é... um... um...? – Susana, trêmula, mesmo! Toquem-me e vejam; um espírito não tem
não teve a coragem de usar a palavra “fantasma”. carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu
Aslam abaixou a cabeça dourada e lambeu-lhe a testa. tenho". Tendo dito isso, mostrou-lhes as mãos e os
O calor de seu bafo era de criatura viva. pés. (BíBLIA, 2017, p. 806)
– Pareço um fantasma?
– Não! Você está vivo! Oh, Aslam! – gritou Lúcia, e
as duas meninas atiraram-se sobre ele com mil beijos.
(LEWIS, 2014, p.155-156)
Bíblia
A Última Batalha
...Mas então ela esqueceu de tudo o mais, pois Aslam Cânticos 2:8 Escutem! É o meu amado! Vejam! Aí
estava chegando, descendo, saltando de um rochedo vem ele, saltando pelos montes, pulando sobre as
para outro como uma cascata viva de beleza e poder. colinas. (BÍBLIA, 2017, p. 506)
(LEWIS, 2014, p.212)
Já fora mencionado que Aslam, rei das terras de Nárnia, filho do Imperador de Além-
mar, representa Jesus Cristo, do mundo dos homens, filho primogênito de Deus e o próprio
Deus. Portanto, há fragmentos das Crônicas em que C.S. Lewis não se preocupou em ocultar
a sua fonte de inspiração, mudando apenas o sujeito
— e às vezes o alocutário —, mantendo o padrão do discurso original, retirado do arquétipo.
Os acontecimentos são extremamente semelhantes, apesar da mudança de cenário e escolha de
personagens para vivenciar tais acontecimentos nos livros. É possível notar esta figura
intertextual nos fragmentos abaixo:
No primeiro quadro, Lúcia pergunta se Aslam é muito perigoso, o Castor reafirma,
mas logo tranquiliza a menina dizendo que apesar de Aslam ser perigoso, é bom. Os
arquitextos (Salmos 100:5 e Salmos 7:11) apontam as mesmas características em Deus: "...
Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia..."; "... um Deus que manifesta cada dia o
seu furor”. Portanto a intertextualidade encontra-se nos atributos, a despeito de mudar o
personagem a quem estão se referindo.
Posteriormente, Edmundo trai a todos quando se retira da casa dos castores para contar
à Feiticeira Branca onde estão os seus irmãos, formando intertextualidade com a Bíblia, que
expõe a história de Judas, o traidor de Jesus, logo, a figura de intertextualidade é evidente: O
texto-base traz Edmundo, o arquitexto traz Judas; no texto quem alerta a todos é o Castor; no
arquitexto é o próprio Jesus quem avisa sobre a traição de um dos discípulos (Mateus 26:19-
21); neste caso há mudança de sujeito e alocutário.
Nos demais fragmentos, o intertexto com a Bíblia ocorre novamente por meio da
substituição de Jesus por Aslam. Quanto ao fragmento que remonta o reaparecimento de
Cristo depois da ressureição há, além da mudança de sujeito, a mudança do alocutário, pois
em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, Aslam aparece para Lúcia e Susana, enquanto
Cristo apareceu para dois homens, entretanto, em ambos os cenários os personagens
acreditaram que o ressuscitado era um fantasma/espírito.
Por fim, nos trechos acima, mantém-se o teor do discurso, não obstante a mudança dos
personagens, construindo intertextualidade por meio da Interversão da situação enunciativa.
Texto-base Intertexto
INTERVERSÃO DE QUALIFICAÇÃO
Texto-base Intertexto
Assim sendo, depois da exposição das análises comparativas dos trechos dos livros
examinados e dos textos bíblicos investigados, a próxima parte traz a discussão minuciosa
acerca dos dados coletados e interpretados, bem como a relação teórica analítica, promovida
pelas alunas-pesquisadoras.
Normalmente, para localizar um texto bíblico, diferente dos livros comuns, utiliza-se tão somente o nome do livro
em questão, o capítulo e o versículo, por exemplo: Lucas 12:10. No entanto, para fins académicos, optou-se pela
indicação dos números das páginas neste trabalho. Assim, faz-se necessário entender que os números de páginas aqui
referenciados servem apenas para a Bíblia da editora e do ano descritos nas referências bibliográficas situadas ao final
desta monografia, não porque os textos mudam de teor, mas porque há fatores, como os tamanhos das folhas e
quantidade de notas de rodapé em cada Bíblia, que modificam a localização deles.
4 DISCUSSÃO
Até o presente momento os objetivos foram alcançados e por meio deles se mantém a
hipótese, pois as análises dos trechos retirados do texto e arquitexto
evidenciaram a intertextualidade em fragmentos, cujos diálogos entre textos não são claros;
essa afirmação é possível por meio da figura intitulada elipse, como demonstra os trechos a
seguir, retirados do quadro de análises:
Como fora analisado, o texto faz referência ao seu arquitexto por meio da omissão da
confirmação emitida pela personagem. Esse fragmento foi escolhido para exemplificação
porque demonstra a importância do reconhecimento intertextual, visto que sem a leitura do
arquétipo — a Bíblia — não seria possível notar a profundidade do texto- base e, além disso,
sem o suporte das figuras de intertextualidade não seria possível identificar o intertexto, uma
vez que este foi truncado do trecho estudado, por esta razão a hipótese se confirma: As figuras
de intertextualidade auxiliam no reconhecimento dos fragmentos bíblicos presentes nas obras
analisadas.
Por meio da pesquisa que fora feita para a constituição do estado da arte, de modo a
agregar informações e descobrir um caminho viável para a confecção desta monografia,
encontraram-se – apesar de poucos – alguns trabalhos que dialogam com o presente estudo.
Assim, por meio de palavras-chave e considerando a relevância e o quão recentes os trabalhos
são, chegou-se à seleção de três estudos acadêmicos pertinentes.
Afirma-se que não há intenção de fazer qualquer juízo de valor quanto às pesquisas
citadas, bem como não há a possibilidade de demonstrar todos os dados coletados e
minuciosamente trabalhados pelas colegas pesquisadoras, visto que esta parte tornar-se-ia
demasiada.
Ainda relatando os trabalhos que possuem algum nível de relação com a presente
monografia, encontrou-se o trabalho de conclusão de curso intitulado Arquétipo em As
Crônicas de Nárnia: Aslam e sua relação com o universo cristão, publicado em 2018, tendo
como autora Jessica de Oliveira. Este trabalho, em especial, apresenta muitos elementos que
dialogam com a presente pesquisa, sendo eles: a escolha dos três livros para realizar a
arguição proposta - O sobrinho do mago; o Leão, a feiticeira e o guarda-roupa; A última
batalha -, a análise das obras apontando para o Intertexto com a Bíblia, o uso da teoria de
Júlia Kristeva para explicar a Intertextualidade e a análise comparativa para demonstrar os
paralelos cristãos existentes nos livros.
Jenny (1979) afirma que o autor deixa, por meio do estilo, sua marca. A maneira de
exprimir seus pensamentos, a forma de expressar-se correta e elegantemente contribuem,
também, para caracterizá-lo. O teórico ainda acrescenta que as palavras desempenham os mais
diferentes papéis em todos os níveis do discurso, de forma a se tornar umas mais importantes
do que outras. Todas essas afirmações agregaram uma nova perspectiva nas analises das
obras, pois foi possível notar uma repetição na maneira como C.S Lewis construiu, por meio
da sua escrita, a relação intertextual, como também foi possível identificar a sua intenção ao
destacar determinados acontecimentos nas obras, alterando o arquitexto de modo que uma
parte esteja em destaque. Um exemplo que demonstre tal analise é este:
Vale salientar que, ao pesquisar sobre a vida de Clive Staples Lewis, foram
encontrados indícios perusasivos de que o autor — apesar de não ter a intenção de convencer
crianças sobre a veracidade de suas convicções religiosas — não conseguiu separar suas
experiências de suas obras, assim, identificou no gênero conto uma possibilidade de trabalhar
atributos como: bondade, fidelidade, confiança, perdão, amizade, irmandade, esperança etc.,
sem as diretrizes de sua religião, o que — talvez — tornaria todas essas virtudes ilegíveis para
os mais novos; possivelmente, a intenção de Lewis é justamente o contrário: evidenciar tais
atributos, participantes dos princípios cristãos, porém, não apenas limitados a eles. Ao
escrever contos, o autor pôde demonstrar os atributos de Deus sem limitar a leitura ao público
cristão, pois o fez de forma implícita na maior parte dos textos, mas, apesar da implicitude,
não se pode dizer que a relação das obras com a Bíblia inexiste.
escrita e diz haver nele o que ele chama de razão do autor e razão do homem, descrevendo a
primeira como sendo o impulso para que ele começasse a escrever uma determinada história,
sendo caracterizada pela paixão à forma em si, sem compromisso com uma mensagem a ser
repassada para os leitores; sobre o a razão do homem, o próprio Lewis afirma que:
Então, claro, chegou a vez do Homem em mim. Penso que vejo como
histórias desse tipo poderiam derrubar sorrateiramente determinada inibição
que paralisara grande parte de minha própria religião na infância. Por que
as pessoas consideram tão difícil sentir o que lhes é dito que deviam sentir
sobre Deus ou sobre os sofrimentos de Cristo? Concluí que o principal
motivo era que lhes tinha sido dito o que deveriam fazer. A obrigação
de sentir pode congelar sentimentos. E a própria reverência prejudicava. O
assunto todo estava associado a vozes sussurradas, quase como se fosse
algo medicinal. Mas, supondo que, ao lançar todas essas coisas em um
mundo imaginário, poderia tirá-las de sua associação a vitrais e a
escolas dominicais, seria possível fazê-las, pela primeira vez, aparecer
em sua potência real? Será que não conseguiríamos, então, passar
sorrateiramente por esses dragões atentos? Eu penso que sim. (LEWIS,
2018)
Logo, C.S Lewis nunca omitiu o intertexto entre suas obras e a Bíblia, apenas negou
— com veemência — que tenha escrito as Crônicas com propósito de convencer as crianças
das verdades de sua crença. Portanto, a importância dos resultados encontrados nesse trabalho
não se dá pela confirmação da intertextualidade — pois esta já foi atestada pelo próprio Lewis
—, mas se dá pelo fato de que o leitor, por meio da compreensão e profundidade da conexão
das obras com a Bíblia, constata que os livros não são meros contos para crianças e jovens,
sendo capazes de entender totalmente — ou quase — as ocorrências que podem ser
consideradas irrelevantes devido à falta do reconhecimento do arquétipo. O mérito dos
resultados também se constitui, por meio dos estudos realizados sobre as figurasda
intertextualidade que fundamentam os fragmentos encontrados, tornando- os suscetíveis ao
âmbito teórico, elevando o diálogo intertextual.
Como já fora explicitado, esta monografia está situada na área de Letras, e tem como
tema O intertexto entre as Crônicas de Nárnia e a narrativa bíblica sob a perspectiva
das figuras de Intertextualidade. Analisaram-se três das sete Crônicas da série de Clives
Staples Lewis, sendo elas: O sobrinho do mago, O leão, a feiticeira e o Guarda-Roupa
e A última batalha; assim como alguns textos bíblicos com ênfase na análise dos paralelos
cristãos existentes nas obras, com vistas á implicação desses paralelos para que a sapiência
amplie a perspectiva dos leitores das obras demodo que eles identifiquem o implícito,
potencializando a compreensão da leitura.
Vale salientar que nem todas as figuras foram encontradas; entretanto, dentre as
identificadas nas obras, constatou-se a repetição, logo, isto expõe dois pontos:
1. A marca do autor;
Ao prosseguir com as análises dos textos, sob a perspectiva das figuras, confirmou-se
que a cada intertexto, submetido à teoria de Jenny, ocorre uma mudança na visão do leitor; há
partes em que as obras de Lewis fazem apenas menção aos textos bíblicos, omitindo as
palavras que explicitam o intertexto; esse fenômeno é identificado e nomeado por Jenny como
elipse. Considerou-se importante retomar este ponto, porque a sapiência da existência desta
figura — apenas ela— amplia o entendimento acerca da leitura. Ao truncar uma informação,
ao omitir um acontecimento, a compreensão do arquitexto se torna necessária para produzir o
aprofundamento antes mencionado; ou seja, mais do que atestar o intertexto, os estudos de
Laurent Jenny revelam os recursos utilizados para estabelecer relação entre os textos.
Visto que por meio das Figuras de Intertextualidade de Laurent Jenny encontram-se
conexões postas nos livros analisados, contudo, reconhecidas com maior clareza depois da
submissão dos textos à principal teoria que fundamenta
esta pesquisa, a hipótese inicial é comprovada e — para além disso — ampliada, resultando na
resposta final do problema: As figuras de intertextualidade auxiliam no reconhecimento dos
fragmentos bíblicos presentes nas obras e possibilita a intencionalidade do autor, indicando a
profundidade dos textos analisados.
Para a maioria das pessoas, para um intertexto ser identificado, o arquétipo precisa ser
reconhecido — a ciência do leitor tem conexão direta com tal compreensão ou a falta dela —
e mediante a esta lógica não seria necessário mais um trabalho sobre a intertextualidade entre
as Crônicas de Nárnia e a Bíblia; porém, a inquietude que deu início a estes estudos
instaurou-se na negação constante de leitores das obras quanto ao intertexto — tão explícito
que, em determinados trechos, as histórias remontam A história. A rejeição dos leitores das
Crônicas às conexões entre elas e os escritos bíblicos prejudicam o entendimento completo
das obras, não apenas das três que foram explicitadas durante as pesquisas, mas de todas as
sete obras; este foi um dos pontos que a teoria de Jenny suportou, pois há uma profundidade
nos diálogos e acontecimentos que só pode ser atingida por aqueles que admitem e buscam
por aquilo que não foi escrito; além do mais, a rejeição ao arquétipo é irracional quando se
conhece a história da vida do próprio
C.S. Lewis, pois o contexto do autor influenciou o seus textos, logo, influencia na plena
compreensão deles.
Por fim, as pesquisas realizadas nesta monografia trazem consigo uma teoria pouco
trabalhada no Brasil, apesar de importante e enriquecedora. A ideia de unir as figuras de
intertextualidade proporcionou o suporte teórico de todo o presente trabalho.
Visando isto, é possível dar continuidade às análises das obras, sob a perspectiva das
figuras de intertextualidade, afinal, somente alguns fragmentos foram exibidos nos quadros,
ainda há muitos outros trechos das obras trabalhadas pelas pesquisadoras desta monografia a
serem discutidos, assim como há mais quatro livros para uma futura investigação. Espera-se
que outros estudantes inquietos continuem buscando por maior compreensão de suas leituras,
possibilitando evidenciar cada vez mais a teoria de Laurent Jenny, de maneira que se torne o
suporte de muitos outros intertextos.
Por fim, ressalta-se que, tanto sobre a inteligibilidade intertextual como a afirmação
sobre a intencionalidade do autor, trata-se de uma leitura possível das pesquisadoras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas,
2002.
KOCH, I.G & FÁVERO,L.L. Discurso e Referência. São Paulo, Alfa, 28 11-16, 1986.
KRISTEVA, Júlia. Introdução à Semanálise . Tradução de Lúcia Helena Ferraz. São Paulo:
Perspectiva, 1974..
LEWIS, C.S., As Crônicas de Nárnia: A última batalha. São Paulo: WMF Martins Fontes,
2014.
. Ética para viver melhor: diferentes atitudes para agir corretamente. São
Paulo: Planeta, 2017.
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
ALBERTO, Carlos. Entrevista com a professora doutora Gabriele Greggersen. DunaPress,
2019. Disponível em: < https://dunapress.org/2019/04/03/entrevista- com-a-professora-
doutora-gabriele-greggersen/ >. Acesso em: 29 de maio de 2021.
GABRIEL MACEDO. Mundo Nárnia: Narniapedia, 2013. Página inicial. Disponível em: <
http://lovefornarnia.blogspot.com/p/narniapedia.html?m=1 >. Acesso em: 07 de jun. de 2021.