Você está na página 1de 37

ROBERTO MÁRIO SCALON

ORGANIZADOR

A PSICOLOGIA DO
ESPORTE E A CRIAN<_;A

EDIPUCRS

Porto Alegre
2004
© EDIPUCRS, 2004

Capa:
Guilherme Sfredo Miorando
Prepara9iio de originais:
Eurico Saldanha de Lemas
Revisüo de nor11ias:
Anaí Zubik Camargo de Souza
Revisiio:
Do Organizador
Editora9iio:
Supernova Editora
I1npressüo e acabaniento:
Gráfica Epece

Dados Intemacionais de Catalogac;áo na Publicac;ü.o (CIP)

P974 A Psicologia do esparte e a crianc;a I Roberto Mário


Scalon (Org.). - Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.
258 p.
ISBN 85-7430-466-2
l. Espartes - Aspectos Psicológicos. 2. Estudantes -
Aspectos Psicológicos. 3. Psicologia Educacional. l. Sca-
lon, Roberto Mário.

CDD: 796.01

Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da BC-PUCRS.

~ EDIPUCRS
Av. lpiranga, 668 l - Prédio 33
Caixa Postal 1429
CEP 90619-900 Porto Alegre, RS - BRASIL
Fone/Fax: (51) 3320-3523
E-mail: edipucrs@pucrs.br
www.pucrs.br/edipucrs
Proibida a reproduc;ao total ou parcial desta obra sem a autorizac;ao expressa da Editora.
Sumário

Introdrn;iio ......................................................................... 17
l. Motiva9iio no esporte .................................................. 21
Ro berta Mário Scalon, Cláudio L. Mirando la,
Ana Paula de Souza e Juarez Santini
2. Os motivos da aderencia da crian9a ao esporte ...... 49
Ro berta Mário Scalon
3. Inicia9iio desportiva .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 79
Nelson Schneider Todt
4. Comunica9iio entre crian9as e pais sobre os moti-
vos que os levaram a buscar a escolinha esportiva
de basquete bol .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 99
Marisa Mendes Gotze e Benno Becker Jr
5. Coopera9iio e competi9iio ............................................ 119
Jader Denicol do Amaral
6. Educa9ao por meio do movimento e do jogo ............. 149
Dietmar Martin Samulski
7. Os fatores motivacionais que influem no abandono
da crian9a no esporte .................................................. 165
Roberto Mário Scalon
8. A técnica da mentaliza9ao em ginastas infantis ..... 185
Patrícia Cristiane Sturm e José Augusto E. Hernández
9. O assessoramento psicológico e sua valoriza9iio no
transcurso do processo de forma9iio desportiva ...... 207
Félix Guillén Garcia
Anexos ...... :.. ,.. .. .. ........ .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .... ..... .. .... .... .. .. .. . .. .. .. 241
O assessoramento psicológico 9
e sua valoriza~ao no
transcurso do processo de
forma~ao desportiva

Félix Guillén Ga.rcia.

Introdrn;ao
Ao falar de assessoramento psicológico na forma9iio
desportiva, me refiro na orienta9iio do tipo psicológico que
se pode proporcionar durante o processo de forma9iio. Quan-
do se fala de orienta9ao psicológica no desporto, geralmen-
te só se pensa na orienta9ao dirigida aos desportistas, no
entanto existe uma abrangencia mais importante, ou ao
menos tao importante, a orienta9iio dirigida aos treinado-
res e técnicos desportivos. Isso se deve ao fato de que nao
podemos falar só de alguns elementos do processo, no caso
do desportista, sem considerar o restante dos elementos,
sendo talvez o mais importante deles os treinadores, pela
grande influencia que exerce sobre os desportistas, princi-
palmente quando estes sao muito jovens.

O assessoramento psicológico na forma~iio desportiva


Toda esta informa9ao que acabamos de dar deveria ser
encaminhada e dirigida as crian9as para mante-las rea-
lizando algum tipo de prática desportiva, sem exigir resul-
tados na execu9ao esportiva. A partir deste momento enu-
merarei e comentarei algumas estratégias destinadas a
melhorar e otimizar o rendimento dos jovens.
As estratégias ou técnicas que poderao ser utilizadas sao
iguais ou ao menos muito semelhantes as utilizadas no

A psicofogia do esporle e a crianqa 207


desporto de elite, ainda que considerando em qualquer caso
as distancias que os separam. Senda assim, passarei a enu-
merar e comentar brevemente algumas das estratégias que
poderao ser utilizadas:

Assessoramento dirigido aos treinadores


A respeito do assessoramento dirigido aos treinadores
vou limitar-me a comentar somente dais aspectos. Estes dais
aspectos se encontram incluídos nos programas de for-
ma9ao de monitores e treinadores de base nos EE.UU.
(MARTENS, 1987).

Estratégia de comunica9ao
Com o programa de estratégia de comunica9ao se pre-
tende que o treinador reflita e tome consciencia sobre a im-
portancia que tem, em geral, na comunica9ao para qualquer
pessoa e, em particular, para ele como treinador.
Se considerarmos a capacidade que possui o treinador
para co1nunicar-se com as pessoas ao seu redor, tanto na
rela9ao que mantém com seus desportistas e com os pais
destes, facilitando assim a obten9ao de resultados impor-
tantíssimos no desenvolvimento das suas atividades.
Com este programa tentarei apontar que a comunica9ao
nao só consiste em transmitir mensagens, como também
saber transmitir de maneira que resulte em uma mensa-
gem efetiva. O resultado do processo de comunica9ao nao é
o que se diz mas sim a forma em que se diz. Além disso, a
comunica9ao nao somente consiste em transmitir informa-
96es se nao em recebe-la. Nesta última situa9ao, o impor-
tante é saber recebe-la.
Sem dúvida, em alguns casos, o treinador nao sabe fa-
zer chegar aos desportistas a informagao que deseja e em
certas ocasi6es pode nao perceber e nem se dar canta das
condi96es de seus desportistas, ou que tenha deficiencia na
comunicagao em níveis didáticos, devido a sua incapacida-
de para utilizar meios adequados para alcangar os objeti-
vos da s11a comunicac;8.o.

208 SCALON, R. M. (Org.)


CARACTERISTICAS CONDlyÓES

GRÁFICO 1- Esquema sobre a estratégia de comunica<;ao


(MARTENS, 1990)

As razoes dessa incapacidade pode residir no desconhe-


cimento dos meios adequados ou em que utiliza desses mei-
os inadequadamente.
Por isso se faz ver que a comunica9iio que se pode esta-
belecer entre pessoas se desenvolve em dais níveis: por um
lado em nível verbal e por outro, em nível nao-verbal.
Enquanto houver diferentes tipos de comunica9ao, se
calcula que somente 7% da comunica9ao total de um sujeito
é com linguagem verbal, enquanto que a linguagem corpo-
ral supoe em 55% e a paralinguagem ficaria em 38% (DE
DIEGO e SAGREDO, 1992).
Um dos aspectos da comunica9ao nao-verbal é a lingua-
gem corporal na qual inclui:
a) A aparencia física
Esta inclui o físico, o atrativo, a estatura, o peso, os ado-
res corporais, ... Todos esses aspectos siio indicadores da
comunica9iio na medida que produz urna aproxima9ao ou
afastamento das rela96es pessoais. Igualmente siio indica-
dores de certas características do interlocutor.
b) As posturas corporais
Inclui aspectos como a rela9iio espacial, a qual se refere
a distancia que se estabelece entre duas pessoas, podendo

A psicologia do esporte e a crian9a 209


ser a mesma próxima, o que implicaría urna maior rela9iio,
ou distante, com o que se estaría marcando certo afasta-
mento e indiferen9a nessa rela9iio. Outro aspecto é a posi-
91io do carpo nesta rela91io, podendo implicar em desapro-
va91io, afastamento, ou urna boa aceita91io e interesse.
e) As condutas de cantata
Implicam a96es táteis como palmadas, abra9os, etc., o que
demonstra carinho, ánimo, alegria, etc.
d) Os gestos e as expressoes faciais
Os gestos podem referir-se a diferentes elementos do
carpo como milos, bra9os, pernas, em definitivo de qualquer
parte do carpo isoladamente ou deste no conjunto. Certos
gestos podem implicar em inúmeras atitudes, emo96es e/ou
sentimentos. Outros destes elementos se referem as expres-
soes faciais, que se refletem em caretas no rosto, como ele-
var as sobrancelhas, piscar o olho, balancear a cabe9a, con-
traír os lábios, etc.
Um último aspecto da comunica9ao nao-verbal é a para-
linguagem, que se refere aos sentimentos e emo96es que
transmite urna pessoa em sua comunica91io, se reflete na
firmeza, no conteúdo, na rapidez, no ritmo, no timbre da
VOZ, etc.
Continuando, enumerarei brevemente alguns dos possí-
veis motivos de urna comunica9ao inadequada entre o trei-
nador e o desportista:
1. o desportista nao capta a mensagem porque nao pres-
ta aten9ao suficiente;
2. O desportista nao capta a mensagem porque existe
algum tipo de interferencia;
3. O desportista nao capta a mensagem porque nao pos-
sui as capacidades necessárias;
4. O desportista. compreende o conteúdo da mensa-
gem, mas interpreta inadequadamente a inten9iio da
mesma;
5. O desportista nao compreende a mensagem porque o
treinador a transmite inadequadamente;

210 SCALON. R. M. (Org.)


6. O desportista nao capta e nao compreende a mensa-
gem, porque o treinador a transmite num momento
ou situa9ao inadequada.
Como se pode ver urna comunica9ao inadequada deve-se
ao treinador, mas em outras ocasioes pode ser por culpa do
desportista ou a ambos ao mesmo tempo. Ele nao impede
que o treinador tente melhorar essas habilidades, com o fim
de reparar a parte que lhe corresponde.
Segundo Martens e Col. (1982), para reparar algumas
destas deficiencias se sugere ao treinador um treinamento
nos seguintes aspectos:
l. Desenvolver a credibilidade quando se comunica;
2. Comunicar-se com enfoque positivo;
3. Transmitir mensagens ricas em informa96es;
4. Comunicar com coer6ncia;
5. Aprender a escutar;
6. Melhorar as habilidades de comunica9ao nao-verbal.
l. Desenvolver a credibilidade quando se comunica
Para ter crédito junto aos desportistas, se deve impri-
mir urna idéia de veracidade no que se diz e além do mais
os desportistas devem percebe-lo desta maneira.
Neste sentido e seguindo as recomenda96es de Martens
e Col. (1982), para eles se faz necessário que o treinador
demonstre:
a) Ter um estilo cooperador;
b) Ser um bom conhecedor do desporto, ou ao menos que
reconhe9a as deficiencias que tem;
c) Ser confiável, claro e coerente no trato com os des-
portistas;
d) Ser cordial, amistoso, demonstrar aceita9ao e empatia;
e) Ser dinamico, espontaneo e aberto.
2. Comunicar com um refor90 positivo
Urna das habilidades mais importante que deve possuir
qualquer pessoa, e por que nao o treinador, é ter urna atitu-
de positiva e saber enfocar as coisas de forma positiva.

A psicofogia do esporle e a crian9a 211


O refor90 positivo implica, entre outras coisas, fazer um
elogio e dar premios para refor9ai· as condutas desejáveis.
O refor90 ou atitude positiva ajuda aos desportistas na
autovaloriza9ao como pessoa, além de procurar mais carisma
ao treinador. A atitude positiva se transmite tanto na lin-
guagem verbal como na nao-verbal.
Um refor90 negativo provoca um resultado prejudicial
tanto para o treinador como para os desportistas, provocando
nisto urna baixa auto-estima, medo e fracasso, e o treinador
fica desacreditado.
A utiliza9ao de um enfoque negativo é o resultado de
maus hábitos, como o de indicar aos desportistas só as coi-
sas que fazem mal, em lugar de dizer-lhes o que fazem bem.
Outra das raz6es desse enfoque negativo é o de desenvolver
expectativas inadequadas, como o de esquecer de que estao
tratando com pessoas de pouca idade ou jovens e nao com
pessoas adultas ou desenvolver expectativas negativas ou
nao-realistas, as quais vao refletir nos desportistas. Outra
razao reside em que alguns treinadores consideram que uti-
lizar um enfoque negativo proporciona melhores resultados,
já que motiva aos desportistas ou os ajuda a aprender cer-
tas habilidades. lsto poderia acorrer com certos desportistas
e em certas ocasi6es, mas inclusive para este tipo de desportista
quando a crítica é freqüente e contínua a mesma resulta ne-
gativamente e faz que estes condenem essa atitude.
3. Transmitir mensagens ricas em informa9oes
As mensagens que o treinador tem que transmitir a seus
desportistas devem ter um conteúdo valioso tanto por sua
qualidade como por sua quantidade. As mensagens que o
treinador transmite aos desportistas podem ser referidas a
instru96es sobre a prática ou a valoriza9ao da mesma. En-
quanto na instru9ao, tem que oferecer informa96es aos
desportistas quando estes desconhecem o que é correto e o
que nao é. Esta informa9ao tem que ser simples e clara.
O que o treinador deve evitar é dar opini6es gerais so-
bre se o que tem feito é bom ou nao (geralmente há urna

212 SCALON, R. M. (Org.}


tendencia dos treinadores de dizer o que está mal e nao o
que é certo), o adequado é dizer aos desportistas, nao o que
fez mal, questao que eles já sabem reconhecer, senao dar-
lhes informa96es concretas de como faze-lo corretamente.
Este enfoque inadequado dos treinadores pode ser devido
aos maus hábitos que tem adquirido, aos que carecem de
suficiente conhecimento técnico, a possuir um estilo autori-
tárioi etc.
Esta atitude do treinador provoca nos desportistas si-
tua96es incomodas no trato com ele, manifestam ansiedade
ante as possibilidades críticas, se sentem inseguros, etc.
4. Coniunicar co1n coerencia
Esta afirma9ao implica que, em primeiro lugar, o trei-
nador deva ser coerente, entre o que diz e o que faz; em
segundo lugar, que seu comportamento diário, seja sempre
o mesmo e nao troque de um dia para outro e, em terceiro
lugar, entre o que expressa verbalmente e o que pensa.
5. Aprender a escutar
Apesar do que se possa pensar que escutar ou saber es-
cutar é fácil, nós encontramos na vida muitas pessoas que
nao escutam ou nao sabem escutar. Esta realidade se ma-
nifesta também no mundo desportivo, mais concretamente,
se nos referirmos aos treinadores.
Muitos treinadores nao sabem escutar, eles vem moti-
vados porque nao tratam de descer ªº nível do desportista
ou aproximar-se deles, já que em muitas ocasioes nao lhe
interessa a situa9ao do desportista, preferem exibir seus
conhecimentos, para assim ressaltar seus valores, inclusi-
ve desvalorizando aos desportistas e permitindo que nao
compreendam sua mensagem. "Treinador Pedante". Em
outras ocasioes vem motivado porque é um "Treinador
Autista", fechado em si mesmo, que se limita a estabelecer
um monólogo, porém nao considera o desportista como
receptor.
Para melhorar as qualidades como ouvinte por parte do
treinador se sugere os seguintes pontos:

A psicofogia do esparte e a crianc;a 213


a) Reconhecer a necessidade de escutar;
b) Concentra9ao ao escutar, o que significa que deve pres-
tar aten9ao total ao que !he dizem;
c) Averiguar o significado da mensagem em vez de
centrar-se nos detalhes;
d) Evitar interromper os desportistas quando estes co-
mentam algo;
e) Respeitar as opini5es dos desportistas ainda que
diferem das do treinador;
f) Reprimir a tendéncia a responder de forma emotiva;
g) Perguntar quando nao entende algo dito pelo des-
portista.
6. Melhorar as habilidades de comwiica9ao nao-verbal
Se quisermos e pretendermos melhorar nossas habili-
dades neste sentido, é de primordial relevancia, em primei-
ro lugar, compreender e assumir a importancia que possui
a comunica9ao nao-verbal.
Urna vez que seja reconhecida tal importancia é conve-
niente seguir urna série de pautas que vao permitir desen-
volver as tais habilidades.
A primeira questao a analisar, consiste em ver a empatia
que se estabelece entre nós e outros interlocutores. Para
isso, devemos estar atentos as respostas que nos proporcio-
nam outras pessoas e que sao conseqüéncia de nossas a96es,
já que as rea96es dessas pessoas vao atuar como um termó-
metro de nosso comportamento. Por exemplo, se nos mos-
trarmos atentos com nosso interlocutor, sua rea9ao estará
em consonancia com a aten9ao que !he ternos prestado.
Outra questao a considerar, para melhorar nossas ha-
bilidades, consiste em ser consciente que nosso sentimento
e/ou atitudes se refletem inevitavelmente em nossas a96es
e comportamentos.
Com suas a96es o treinador está proporcionando nao só
informa96es sobre destrezas técnicas ou táticas, como pro-
porcionando urna ampla gama de informa96es, melhor ain-
da, forma9ao ou educa9ao, enquanto a atitudes, valores e
sentimentos sobre desportividade, respeito, justi9a, etc.

214 SCALON, R. M. (Org.)


Certos autores consideram que os treinadores deveriam
ter em conta certos princípios como normas a seguir:
falar por si mesmo, nao pelas bocas dos outros;
escutar aos demais, para que eles nos escutem;
demonstrar respeito, já que todas as pessoas sao me-
recedoras.
Uma vez visto um dos aspectos do programa vamos co-
mentar outros.

Estratégias motivacionais
Quando tivemos a oportunidade de manter conversas em
reuni5es, corn monitores e treinadores, ouvimos a preocuw
pa9ao de muitos deles por nao saber como motivar seus
desportistas. Isto ocorre mais quando os jovens chegam no
período da adolescencia.
O papel do treinador como motivador é imprescindível.
Percebe-se que o seu papel é de ajudar a cada despo1·tista a
alcan9ar seu potencial máximo.
Os treinadores além de programar exercícios, devem se
preocupar pela motiva9ao dos desportistas com esta finali-
dade eles obteriam um bom rendimento, um tempo de expe-
riencias satisfatórias e positivas.
Aos treinadores interessa saber por que um desportista
com qualidades nao pratica um determinado desporto, ou
por que um desportista abandona uma equipe ou a prática
de um desporto ou porque treina com vontade ou nao.
As respostas a estas perguntas tem seu fundamento em
questoes motivacionais.
Por exemplo, as teorías homeostáticas da motiva9ao
(HULL, 1943; SPENCE, 1956) o que explicaría apontar que
um desportista estará mais motivado para treinar, quando
os exercícios que realiza no treinamento conectam com seus
interesses ou necessidades. Por outro lado, o desportista
praticará um desporto, na medida em que encontra satisfa-
9ao nesse desporto. Esta satisfa9ao pode ser de diferentes
índoles, sempre que estas atendam as suas necessidades:
domínio de habilidades desportivas, bons resultados, aprova-

A psicología do esparte e a crianga 215


98.0 social, etc., já que, quando nao consegue a inten9ii.o, ter-
minará extinguindo o comportamento desportivo.
Também implicaria que entre as diversas necessidades
que os desportistas pretendem satisfazer em pra ticar um
esparte se encontram (Martens, 1987):
a) Jogar por diversii.o, o que satisfaz a necessidade de
estímulo e emo9ii.o;
b) Estar com outras pessoas, o que satisfaz a necessida-
de de afiliar-se a outras e de pertencer a um grupo;
c) Demonstrar atitudes para satisfazer a necessidade de
sentir-se útil e respeitado.
O que fica claro é que o esparte em si mesmo possui qua-
lidades que aumentam a possibilidade de experimentar
o equilíbrio e divertir-se, porque é desafiante, criativo e
absorve tanto o carpo como a mente.
Porém o esparte pode se transformar e passar a ser um
trabalho em vez de urna diversii.o e alguns treinadores tem
o defeito de provocá-lo. Quando os treinadores superes-
truturam os treinamentos criam um ambiente negativo,
privamos atletas de sua liberdade ou exigem demais, entii.o
o esparte pode converter-se em um trabalho penoso para os
atletas.
Os treinadores prudentes tem sempre em canta satisfa-
zer as necessidades que tem os atletas de diversii.o. Tam-
bém sabem que os atletas tem que praticar e que o treina-
mento pode ser monótono e, portante, pouco divertido. O
treinador criativo encentra sempre a fórmula de unir ambas
as coisas, por exemplo:
Adaptar as dificuldades das habilidades dos atletas,
nao é nada divertido perder.
Falar constantemente.
Manteros treinamentos estimulantes variando os exer-
cícios.
Oportunizar aos participantes atividades prazerosas
evitando-se assim aborrecimentos.
Conceder aos atletas a oportunidade de realizar exer-
cícios o mais entretido possível.

216 SCALON, R. M. (Org.)


Ajudar aos atletas estabelecer metas realistas.
Dedicar algum tempo do treinamento para que os atle-
tas joguem mais.
Atendendo as explica96es sobre as necessidades de
Maslow (1954), poderíamos dizer que alguns atletas se
espelham em outros, porque querem ser da equipe, querem
pertencer algum grupo que os aporte algo importante em
sua vida. Se estiver motivado certamente irá aplicar-se mais
e conseqüentemente será aceito pelos demais. Nao buscam
alcan9ar fama ou o reconhecimento, senao simplesmente
satisfazer esta necessidade de ser membro de um grupo.
Muitas vezes nao !hes importa ficar no banco e jogar so-
mente de vez em quando. O treinador pode satisfazer esta
necessidade, motivando mediante um processo de iden-
tifica9ao porque querem ser aceitas pelo treinador e pela
equipe.
Sentir-se útil, competente e com exito sao outras das
necessidades assinaladas por Maslow (1954). Talvez, senda
a mais importante é ser destaque no esparte. No terreno
desportivo, podemos satisfazer estas necessidades demons-
trando nossa capacidade coma finalidade de ser reconheci-
do pelos demais. Quando estas habilidades estao mais de-
senvolvidas, ele passa a ser considerado competente e com
exito pois poderá influenciar aos demais atletas a julgar e
valorizar o seu desempenho.
As crian9as aprendem rapidamente que sua estima de-
pende diretamente de sua capacidade de conseguir metas,
e nessa sociedade o ensino que ganha significa ter exito e
perder significa fracassar. Os atletas orientados para o éxi-
to, e aqueles que só tem exito e, portanto se sentem com
grandes capacidades para o desenvolvimento, veem a vitó-
ria como conseqüencia de sua capacidade e justifica o fra-
casso alegando que o esfor90 foi insuficiente. Esta tomada
de postura resulta manter urna visao prática.
Considerando certas formas de conduta, se poderia di-
zer que aplicar refor9os, e em outros casos, castigos, podem
ser algo muito efetivo para motivar os atletas, sempre se

A psicologia do esparte e a crianga 217


empenhando a refor9ar e castigar apropriadamente, os pro-
blemas se produzem quando:
Sao se utilizam de refor9os apropriados.
Nao se dao no momento apropriado a utiliza9ao de
refo1·9os, nao é tudo o que necessita o treinador para
motivar ao atleta de forma efetiva, porém se constitui
na forma útil para solucionar certos problemas mo-
tivacionais.
A respeito dos refor9os, também temos que considerar
que os treinadores muitas vezes tendem a considerar a si
mesmo como única fonte de refor90. Nao obstante, median-
te os treinamentos e a cria9ao de um ambiente tranqüilo e
de apoio, os treinadores podem animar os desportistas e
premiar os outros.
Quando os companheiros da equipe sao os que propor-
cionam os refor9os, parece que o treinador tem menos con-
trole sobre os atletas o que é menos manipulador, e quando
como resultado se pode voltar aos refor9os. As investiga96es
tem demonstrado que as compensa96es administrativas
pelos atletas sao mais efetivas que as proporcionadas pelo
treinador.
Para analisarmos, a motiva9ao dos atletas, segue sua
aplica9ao:
a) Métodos diretos
Por exemplo, se utilizaria um método direto quando se
chamasse para manter de forma privada uma conversa com
um desportista e em sua conversa9ao se solicita que se es-
force mais.
b) Métodos indiretos
Por exemplo, se utilizaria um método indireto, quando
se coloca a um jogador motivado com um outro que nao está
tanto, com o fim de que o primeiro influencie sobre o outro,
pouco motivado, e exer9a uma influencia positiva.
Os métodos diretos para incentivar sao tres: submisséio,
identifica9éio e interioriza9éio.

218 SCALON, R. M. (Org.)


O processo de submissao se baseia no uso de recompen-
sas e castigos extrínsecos: "Se ganhar essa partida, na se-
gunda nao ha.verá treinamento" (recompensa) o "se falarem
durante o treinamento, fa.roo trinta flexoes" (castigo).
O processo de submissao: pode ser meio para motiva9ao,
especialmente entre os desportistas cujos parametros de
comportamento nao estao bem desenvolvidos e se conside-
ram pouco a si mesmo. No entanto, o excesso de confian9a
neste processo pode ser um problema, porque, a ainda atrai,
mas motiva aos atletas com outros meios que nao sejam re-
ceber recompensas extrínsecas.
No processo de identifica9ao: o segundo método direto, a
base da motiva9ao é a rela9ao entre o treinador e seus atle-
tas, um treinador que utiliza, o método de identifica9ao dirá:
"Se é importante a equipe para voces, farao isso para mim".
Realmente a identifica9ao é urna forma disfar9ada de sub-
missao.
Para utilizar o processo de identifica9ao para motivar,
os treinadores tem que ter urna rela9ao positiva com seus
atletas, de maneira que eles se sintam obrigados a satisfa-
zer seus pedidos. Obedecem ao treinador porque temem o
castigo.
O terceiro método de influencia direta é a internaliza9ao:
a finalidade é motivar apelando para as próprias cren9as e
valores dos atletas, sem administrar recompensas ou
castigos. "Tens treinado forte, confio que farás o melhor pos-
sível". "Quera que saibas que estou orgulhoso de ti, qual-
quer que seja o resultado".
Um treinador que seja prático nao só descobrirá qua!
destes métodos funciona me!hor com certos atletas, assim
como qua! deles poderá utilizar com maior efetividade.
Se atendermos a idade dos jovens, os estudos realizados
assinalam que os atletas entre 5 a 10 anos nao possuem a ma-
turidade necessária para responder positivamente o proces-
so de interiorizara.o. Inicialmente, a submissao e a identifica-
900 sao mais efetivas porém a interioriza9ao será mais eficaz
com os jogadores que esta.o na juventude ou adolescencia.

A psicologia do esporle e a crianqa 219


Segundo os objetivos do treinador, os métodos a seguir
serao diferentes. Se o que se pretende simplesmente é con-
seguir a vitória o adequado seria basear-se na submissao e
identifica9ao. Se o objetivo, por sua vez, é ajudar aos atle-
tas a desenvolver-se psicologicamente, de forma que adqui-
ram t1m conceito positivo de si mesmo, primeiro se utilizará
a submissao e a identifica9ao. A internaliza9ao motiva in-
trinsecamente aos atletas e os faz responsabilizar-se por si
1nesma.
Os métodos indiretos sao os que alteram a situa9ao ou o
ambiente fisico e/ou psicológico, para intensificar a motiva-
9ao. Por exemplo: alguns treinadores trocam o lugar do trei-
namento semente para aumentar a motiva9ao. Provavelmen-
te, urna das trocas possíveis é a conduta do treinador (me-
lhor positiva que negativa). Outra forma muito útil de tro-
car o ambiente psicológico consiste em dar aos atletas mais
o controle da situa9ao. Outra das teorias motivacionais é a
atribui9ao causal (Heider, 1958; Weiner, 1972; Weiner, 1974)
que é urna forma de explicar e entender o fenómeno da mo-
tiva9ao.
Esta teoria sup6e que a gente procure explicar, enten-
der e predizer fatos baseados em suas percep96es.
A maioria das investiga96es que se baseiam nesta teo-
ria tratam de compreender quando e porque as pessoas se-
lecionam certas categorias de atribui9ao. Por exemplo se o
futebolista atribui sistematicamente as falhas ao chutar um
penalti a urna má sorte, poderíamos pensar que existe urna
desculpa a aceitar a responsabilidade. As atribui96es que
os atletas selecionam, estao indicando suas estruturas de
motiva9ao, com o que pode modificar suas percep96es, no
caso de que estarem erróneas.
As causas em que os atletas podem atribuir um exito ao
fracasso podem ser várias, enquanto se centram fundamen-
talmente em qtiatro: habilidade, esfor90, dificuldade da ta-
refa e sorte. A este respeito se prop6e urna série de conside-
ra96es e ter em conta a parte dos treinadores:

220 SCALON, R. M. (Org.)


As atribuig6es que os atletas selecionam para expli-
car seus resultados revela muito a respeito de suas
estruturas de motivagao. Portanto, os treinadores de-
vem detectar os tipos de atribuig6es que utilizam os
seus atletas para explicar os resultados.
O ponto de controle interno é preferível a um externo.
No caso de que a atribuigao seja externa os treinado-
res podem alertar aos atletas a que tenham essas atri-
buigoes internas, elevando a auto-estima e utilizando
incentivos.
Atribuir o fracasso a urna causa interna/estável é pre-
judicial para a auto-estima dos atletas, sobretudo aos
mais jovens. Os treinadores devem animar os atletas
mais jovens para atribuírem o fracasso a causas ine-
vitáveis.
Atribuir o exito a urna causa interna/estável como é a
habilidade, é bom para a autoconfianga de um jovem
atleta. O desenvolvimento da autoconfianga é o fim
mais importante de um programa para o esparte ju-
venil. Os treinadores deveriam fazer os atletas con-
fiarem nos seus exitos.
As meninas e os meninos com panca autoconfianga
tendem a atribuir suas derrotas a causas internas e
estáveis, ou atribuir seus fracassos a nenhuma causa.
Os treinadores deveriam animar os meninos e meni-
nas que tem urna baixa auto-estima, para que consi-
derem o esforgo ou a sorte como causas estáveis, ao
tratar das derrotas desportivas.
Os ganhadores em melhor medida que os perdedores,
tendem a atribuir seus resultados a causas internas,
estáveis e controláveis. Um treinador poderia identi-
ficar um ganhador ou um perdedor na base das atri-
buigoes que realiza.
Outra explicagao motivacional em que oferece a teoría
da Motivagao para o resultado (Atkinson, 1957; McClelland,
1953; Roberts, 1984). Tratam de banalizar o que motiva um

A psicofogia do esparte e a crianc;a 221


sujeito para obter exitos ou fracassos, fenómenos que po-
dem ser de grande interesse.
As altas motiva96es de resultado relacionadas com as
atitudes podem ser um excelente predicado ao rendimento
esportivo.
Inúmeras investiga96es indicam que se tem alto nível
de rendimento dos desportistas, se treinados através da
motiva9ao de resultados. Também se tem observado que urna
alta motiva9ao pelo resultado nos atletas aumenta o rendi-
mento se tiverem baixa ansiedade frente as competi96es e se
sua motiva9ao de resultado se relaciona com seus objetivos.
O atleta motivado pelo resultado é diferenciado em re-
la9ao a outros que tém como motiva9ao evitar o medo pela
derrota. Os que buscam o resultado tendem a persistir na
atividade durante longo tempo antes de abandoná-la.
Em geral, o gosto e satisfa9ao pela tarefa sao dados por
exitos prévios e pela dificuldade objetiva da tarefa. Tam-
bém se tem observado urna grande produtividade quando
após um fracasso inicial se obtém exito.
Os atletas de alta motiva9ao de resultado tendem a es-
colher para treinar um companheiro que sobressai na sua
tarefa, e os de baixa motiva9ao e de pouca habilidade prefe-
rem companheiros que tenham afeto.
Como conclus5es se pode indicar que os atletas com alta
motiva9ao pelo resultado responderiam melhor:
diante das tarefas que oferecem maiores metas;
diante de um maior nível de exigencia;
diante de informa9ao adicional e corretiva;
diante de problemas novos e influentes;
diante urna falha tentariam de novo.
Enquanto que os atletas com motiva9ao para evitar o
fracasso, responderiam:
diante de tarefas que ofere9am pouca dificuldade;
diante de um esfor90 atrás de cada exito;
diante de urna aprendizagem fragmentada em etapas;
diante de urna situa9ao que evita o reconhecimento
público dos seus erros.

222 SCALON, R. M. (Org.}


Antes de me referir a algumas formas de motivar refle-
x6es das teorias estabelecidas, independente delas, vou as-
sinalar alguns outros aspectos, que de certa forma sejam
muito breve, e que deveriam ser considerados pelos treina-
dores.
a) Contraste estimular
Com este contraste de estímulos que se pretende é esti-
mular aos atletas com o fim de que os treinamentos nao se-
jam monótonos e aborrecidos, mas sejam motivantes. Para
procurar esse elemento motivador os treinadores podem ofe-
recer novas· situa96es e atrativos, variando o material que
se utiliza, lugar onde se realiza os treinos e o tipo de exercí-
cios que se desenvolve.
A respeito do material oferecido, consistiria em diversi-
ficar os materiais, aparelhos, ou instrumentos necessários
para o treinamento, ou seja dentro da mesma sessao de trei-
namento ou outra.
Outras formas de procurar contraste é oferecendo aos
atletas tracas ou variedades do lugar do treinamento (o tipo
de treinamento que se realiza em certos períodos do ano
permite que estes se realizem em lugares nao-habituais) ou
bem dentro das mesmas instala96es, porém modificando as
estrutura ou situa9ao (nos arredores da instala9ao) em ou-
tra quadra dentro da mesma instala9ao, na mesma quadra
porém em distinta posigao).
Também se pode oferecer contraste com o tipo de exercí-
cios nos treinamentos, em muitas ocasi6es se tende a repe-
tir o mesmo exercício para desenvolver uma habilidade con-
creta, no entanto, para desenvolver essa habilidade se po-
deriam realizar inúmeras variag6es de educativos que
incidem sobre a mesma.
b) Cria9iio de expectativas
Quando falamos de criar expectativas, estamos nos re-
ferindo em gerar interesses e implicag6es nos atletas, indi-
cando-lhes a importancia que tem os exercícios que se estao
desenvolvendo nao só pela utilidade dos mesmos como pela

A psicologia do esparte e a crian9a 223


sua finalidade. Também se pode gerar interesse expendo
modelos que as utilizam e incluindo e incidindo no poten-
cial dele como atleta.
e) Proporcionar feedback
Normalmente, o atleta possui informa<;ao a través de seus
sentidos, durante e/ou depois de sua atua.;ao, para assim
poder adequar essa atua<;ao e melhorá-la. No entanto, mui-
tas vezes essa informa<;ao é percebida de forma inadequada
pelo próprio atleta já que se ve distorcida, por múltiplos
aspectos do próprio sujeito. Por ele é necessário que essa
informa9ao seja proporcionada por um agente externo, como
o treinador, constituindo urna fonte de retroalimenta<;ao
(feedback) muito importante de sua atua.;ao.
Numerosas experiencias em psicologia tem demonstra-
do que o conhecimento dos resultados ou da execu<;ao motora
constituem um importante elemento de progresso na aqui-
si<;ao de habilidades motoras por parte dos atletas.
• Implica<;ao
Urna das múltiplas formas de envolver os atletas na prá-
tica, é motivando-lhes verbalmente através de conversas de
estímulo, colóquio interno e discussoes de equipe e com diá-
logos individualizados com cada atleta.
Os sistemas de premia<;oes, através de fontes exteriores
a urna pessoa, podem ser eficazes ou induzir aos que tem
pouco interesse a participar em urna atividade ou de se des-
tacar com ela. Podem ajudar a atrair pessoas frente algu-
ma atividade ou estimulá-las a praticá-la.
d) Clima positivo e distúi9éío
Um elemento motivacional importante é a existencia de
um clima agradável e ameno nas sessoes de treinamento.
Nas sessoes de treinamento sempre deveriam predominar
um clima positivo. Nos treinamentos desportivos com jovens
um dos objetivos perseguidos seria, fundamentalmente, que
o jovem devesse seguir praticando esporte. Esse desejo, ou
a atitude positiva frente a prática desportiva, só se mante-
rá e desenvolverá quando o atleta tenha exito e quando esta

224 SCALON. R. M. (Org.)


prática se realize de forma agradável e divertida, em um
clima de apoio e de afeto por parte do treinador.

Assessoramento dirigido aos atletas


A importancia do assessoramento psicológico no rendi-
mento esportivo é evidente, já que ele consegue ótimas exe-
cu96es em momentos-chave, supoe também urna boa recu-
pera9ao tanto fisicamente como mentalmente. Os grandes
campeoes além de possuir as qualidades físicas excepcio-
nais que os diferenciam dos demais tem suas habilidades
psicológicas que os permitem obter o máximo de rendi-
mento.
Em primeiro lugar, é necessário assumir que a execu9ao
plena é tanto urna conseqüencia de fatores física como men-
tal. De fato, um importante número de atletas e treinado-
res afirmam que ao menos entre 40 e 90 % do exito no mun-
do do esporte se deve a fatores mentais.
Tudo o que foi mencionado aqui nesse momento nos in-
dica os aspectos sobre os quais é necessário incidir, assim
como as estratégias e/ou técnicas que se devem desenvolver
para alcan9ar um ótimo rendimento esportivo. Neste senti-
do a maioria dos programas dirigidos a melhorar o rendi-
mento desportivo utilizam um conjunto de técnicas ou es-
tratégias para desenvolver as habilidades psicológicas dos
atletas: relaxamento, determina9ao ou estabelecimento de
objetivos, energiza9ao, controle mental ou autocontrole, aten-
9ao/concentra9ao, biofeedback, refor9amento auto-instru96es
e visualiza9ao ou imagina9ao.

Técnicas de relaxamento
O relaxamento é urna técnica utilizada em psicologia. O
relaxamento permite ser muito útil em diversas situa96es
da vida cotidiana, por sua simplicidade e pela facilidade que
pode ser realizado concretamente, no campo do esporte, os
psicólogos o tem utilizado para reduzir o nível geral de ati-
va9ao dos atletas sobretudo quando esse elevado nível de
ativa9ao está prejudicando o rendimento do atleta. Outro

A psícotogia do esparte e a crianr;a 225


dos temas para que se utilize o relaxamento é como elemen-
to de melhora das técnicas mentais, fundamentais, de con-
centra9ao e visualiza9ao ou imagina9ao para introduzir e
condicionar novas hábitos. Também se utiliza com freqüen-
cia relaxamento para evitar e/ou reduzir o nível de ansie-
dade ou estresse que gera a competi9ao.
As técnicas ou procedimentos de relaxamento mais uti-
lizados no plano desportivo sao: o relaxamento progressivo
de Jacobson (1930) e o treinamento Autógeno de Shultz
(1969).
A técnica de relaxamento progressivo, é urna técnica que
se centra no relaxamento dos músculos para passar a trans-
mitir o relaxamento da mente. Esta técnica pode ser a mais
indicada nos atletas e é a mais utilizada no esparte. Por
sua vez, o treinamento Autógeno de Shultz, consiste no re-
laxamento a través de imagens ou idéias para posteriormente
incidir nos músculos.
O que é aconselhado é integrar esta técnica como urna
parte a mais dentro do programa físico e técnico que se de-
senvolve.
Continuando vou referir-me a um relaxamento progres-
sivo, realizando pequenas modifica96es que facilitam sua
realiza9ao.
• Situa9ao e requisitos para a sua realiza9ao
Para a realiza9ao do relaxamento é necessário cuidar
urna série de aspectos:
lugar agradá ve! e silencioso;
roupa confortável;
deitado em urna superficie macia ou sentado numa ca-
deira, com as costas eretas;
as pernas formando um angulo aproximadamente de
90 graus;
olhos fechados sem mexer o carpo;
respira9ao profunda e tranqüila;
nao pensar em nada e fixar a aten9ao em um ponto
médio entre os olhos.

226 SCALON, R. M. (Org.)


• Centrar aten9iio e relaxamento em distintas partes
do carpo
O relaxamento é conveniente fazé-lo partindo da parte
inferior do corpo até chegar a parte superior: extremidades
inferiores, tronco, extremidades superiores pesco90 e rosto.
Em primeiro lugar, devemos concentrar em nossa respi-
ra9ao procurando que a mesma seja lenta e profunda.
Depois se deve realizar aten9ao e relaxamento de cada
urna das partes do corpo assinaladas, procurando centrarmos
na sensa9ao de relaxamento que nos invade, procurando nao
centrar nossos pensamentos em aspectos algum.
Por último, e urna vez feito esses passos, tentaremos abrir
lentamente os olhos ao mesmo tempo que vamos estenden-
do as distintas partes do corpo, e levantamos lentamente.
Para iniciar-se nessa técnica é necessário realizá-la em
um lugar tranqüilo e com pouco ruído, posteriormente é acon-
selhável que se realize em um lugar parecido aos da compe-
ti9ao, com o fim de que o esportista se adapte e, concentra-
do, possa realizá-lo sozinho.
• A visualiza9iio ou prática imaginada
A visualiza9ao consiste em repassar mentalmente aspec-
tos relativos a prática desportiva exercitada (VEALEY,
1986). Este recurso mental pode referir-se a situa96es de
competi9ao, aprendizagem de certas habilidades ou destre-
za ou a a96es técnicas. Estas situa96es, que sao de um ou de
outro tipo, podem referir-se a companheiros, adversários,
lugares, etc.
Existem evidencias empíricas de que o treinamento em
imagina9ao é urna técnica eficaz para melhorar a execu9ao
(CORBIN, 1972), apontando resultados positivos consegui-
dos em destreza como: tiros livres, arremessos de lances
livres parado, saídas na nata9ao, trajeto em esqui e golf,
saques no vólei e tenis, etc.
A respeito da essencia de um treinamento em visuali-
za9ao, este deve incorporar urna fase de treinamento básico
para:

A psicología do esparte e a crianga 227


- desenvolver imagens vividas;
- ser capazes de exercer controles sobre suas imagens;
- incrementos das autopercep96es.
Urna vez realizado este treinamento básico deverá:
ser capaz de experimentar imagens vividas;
ser capaz de controlar estas imagens;
ser capaz de utilizar a imagina9ii.o para ser mais con-
sistente.

Estabelecimento de objetivos elou metas


Entende-se como Estabelecimento de Objetivos ou Me-
tas o resultado de um nível específico de domínio de urna
tarefa, geralmente dentro de um tempo limite especificado
(LOCKE e LATHAM, 1990).
Urna meta seria algo que um indivíduo está tentando
lograr, é o objeto ou finalidade de urna a9ii.o. Geralmente, a
meta se refere a alcan9ar um nível específico de habilidade
em urna tarefa, normalmente dentro de um limite de tempo
concreto. A idéia básica da investiga9ii.o sobre o estabeleci-
mento de metas é que estas sii.o reguladoras imediatas da
a9ii.o humana (WEINBERG e COMAR, 1994).
Na defini9ii.o pode-se encontrar distintos aspectos que o
limitam. Por um lado, face referencia ao resultado de deter-
minadas metas como pode ser fazer um determinado núme-
ro de cestas, reduzir o tempo de urna marca pessoal, etc.
Também se faz referencia na defini9ii.o ao tipo de tarefas ou
habilidade, já que estas metas podem ser referidas tanto a
aquisi9ii.o de destrezas motoras, como aprender a relacio-
nar-se com os membros de urna equipe ou grupo, etc. Por
último, a defini9ii.o se refere á aquisi9ii.o das metas a um
tempo delimitado, como pode ser urna hora ou quatro anos
(no caso, por ex. de urna olimpíada).
Enquanto a eficácia do estabelecimento de objetivos ou
metas, os resultados de múltiplos estudos parecem confir-
mar o sentido positivo dos mesmos (BURTON, 1989), senda
urna das mais úteis dentre muitas teorias organizacionais
(MINER, 1984).

228 SCALON, R. M. (Org.)


U ma vez definido o conceito de estabelecimento de me-
tas, vamos a passar a mencionar alguns dos aspectos ou con-
sidera96es mais importantes surgidas de múltiplas anota-
96es realizadas desde o ambito da Psicologia do Desporte
para desenvolver um programa de Estabelecimento de
Objetivos ou Metas, Burton, Naylor e Holliday (2001) assi-
nalam que para realizar um programa de estabelecimento
de metas se requer um processo de implementa9ao. Desse
processo utiliza-se os seguintes passos:

l. Estabelecer metas.
2. Assegurar um compromisso por parte dos despor-
tistas.
3. Identificar os obstáculos.
4. Desenvolver um plano de a9ao.
5. Proporcionar feedback sobre as metas.
6. Avaliar os resultados das metas.

Para urna maior concretiza9ao do mesmo vamos aten-


der a sugest6es apontadas por (Botterill, 1983; Burton, 1993;
Carron, 1984; Durand, 1999; Escartí e Cervelló, 1994; Gould,
1991, 1998; Jara, 2002; Locke e Latham, 1985; Martens,
1990; Orlick, 1980; Weinberg, 1992):
a) Estabelecimento de metas específicas em termos ope-
rativizáveis ou condutuais;
b) Estabelecimento de metas difíceis, mas realistas;
c) Estabelecimento de metas em curto prazo ou em lon-
go prazo;
d) Estabelecimento de metas de execu9ao como apostas
a conseqüencia de metas;
e) Estabelecimento de metas para a prática e a compe-
ti9ao;
f) Estabelecimento de metas positivas em oposi9ao a
metas negativas;
g) Identifica9ao das datas limite para a execu9ao das metas;
h) Identifica9ao das estratégias de execu9ao das metas;
i) Levar um registro das metas urna vez identificadas;

A psicologia do esparte e a crianr;a 229


j) Oferecer uma evolu9ao para a meta;
k) Oferecer apoio as metas.

Programa de interven~iio psicológica


Para desenvolver uma série de técnicas ou estratégias
psicológicas de forma coerente e sistemática aconselha-se
estabelecer um programa geral de interven9ao psicológica.
Para isto devemos considerar toda uma série de aspectos
que sao chaves para sua adequada formula9ao.
Para desenvolver um programa de treinamento psicoló-
gico se deve ter claro os seguintes aspectos ou idéias:
a) Os objetivos, sao estes em nível individual ou grupal.
b) A planifica9ao deverá realizar-se com tempo para evi-
tar um excesso de carga no desportista.
c) Realizar fundamentalmente a prepara9ao psicológi-
ca em sess5es específicas para este fim.
d) Algumas sess5es serao de caráter misto, onde se in-
tegrarao aspectos psicológicos com o fim de colaborar
na execu9ao de objetivos de outra área.
e) A dura9ao das sess5es nao deve ser muito longa; po-
deriam ser recomendáveis sess5es de 15 a 30 minu-
tos, segundo as estratégias que se trabalhe.
f) As sess5es podem realizar-se antes ou depois do trei-
namento; dependerá das estratégias que se esta.o exer-
citando.
A planifica9ao de treinamento psicológico tem em canta
e se adapta nao somente a periodiza9ao do plano de treina-
mento mas também a natureza do desporto e suas caracte-
rísticas específicas (MATVEIEV, 1977):
a) Fase preparatória:
- Geral;
- Específica.
b) Fase competitiva:
- Pré-competitiva;
- Competitiva;
- De descarga.
c) Fase transitória.

230 SCALON, R. M. (Org.)


a) Fase preparatória
Esta abrange duas etapas: a geral e a específica.
Na etapa geral se pretende o desenvolvimento das téc-
nicas básicas e destrezas mentais gerais, ou melhor, cada
um dos componentes básicos do rendimento.
A primeira interven9ao que tem que realizar para ava-
liar ou diagnosticar o desportista nas distintas destrezas
mentais, com o objetivo de detectar quais sao seus pontos
fortes e os possíveis déficits. Este diagnóstico se centrará
em destrezas relativas ao relaxamento, a imagina9ao, open-
samento, a concentra9ao e a energiza9ao.
Nas primeiras reuni5es preliminares comos desportistas,
e no caso com os treinadores, tende-se de explicar as van-
tagens de um programa de prepara9ao psicológica, com o
objetivo de que se veja a necessidade <leste tipo de prepara-
9ao, já que se nao estiver claro o exito do programa corre
pengo.
Nos posteriores contatos se explicara.o o programa psi-
cológico a desenvolver, identificando-se as metas e objeti-
vos dos desportistas, se analisarao os aspectos psicológicos
que lhe sao apresentados aos desportistas e em competi96es
anteriores e se identificarao os pontos fortes e fracos do
desportista.
Dentro da interven9ao, se empenhará com a aprendiza-
gem de destrezas psicológicas básicas, a ordem do que se
aprendem estas destrezas podem variar, dependendo do
desporto e do ritmo de aprendizagem dos desportistas.
Esta etapa terá urna dura9ao de dois a tres meses e com
urna freqüencia de tres a cinco vezes semanais, em sess5es
de aproximadamente 30 minutos.
Na etapa específica se aperfei9oaram as técnicas e táti-
cas básicas e se desenvolvem as destrezas específicas do
desporto.
U ma vez conhecidas as destrezas básicas por parte do
desportista, se tratará de adaptar as mesmas ao esporte
concreto que desenvolvem esses desportistas e as caracte-
rísticas de cada um dos desportistas.

A psicologia do esparte e a crianr;a 231


Uma ocasiiio adequada para por em prática estas des-
trezas é durante o treinamento e os encontros amistosos.
As quest6es básicas desta etapa residem em exercitar roti-
nas, corrigir as falhas que surjam em cada desportista e
aperfei9oar as destrezas.
Esta etapa, igual que a anterior, terá uma dura9iio de
dois a tres meses.
b) Fase competitiva
É a fase que compreende tres etapas: a pré-competitiva,
a competitiva e a de descarga.
A etapa pré-competitiva objetiva realizar um treinamento
específico e intenso para preparar a competi9ao.
O objetivo desta fase reside em desenvolver todas as des-
trezas psicológicas adquiridas no período anterior. Deve-se
usar e avaliar a efetividade das destrezas em competi96es
pouco relevantes. Os desportistas devem provar a si mes-
mos condi96es cada vez mais parecidas as das competi96es
reais. Trata-se de reproduzir com mais exatidao possível as
condi96es, circunstancias, destrezas, intensidade e táticas
requeridas na competi9iio real; ele ajuda que em algumas
sessoes de treinamento o desportista atue como faria em
uma competi9iio real e transcendente.
Esta etapa terá uma dura9iio de um a dois meses.
A etapa de competi9iio pretende maximizar o rendimen-
to para que o desportista possa atuar ao máximo de suas
potencialidades, produzindo situa96es próximas da compe-
ti9ao.
O plano desenvolvido se evoluirá depois de cada uma
das competi96es para comprovar em que grau tem funcio-
nado, para desta forma ir aperfei9oando-lhe e retocando as
falhas encontradas.
A dura9iio desta etapa oscila entre dois a cinco meses.
A etapa de descarga se situa nos dias prévios da compe-
ti9ifo e está destinado a recuperar for9as físicas para ren-
der o máximo na competi9iio.
Esta etapa se encontra situada uma ou duas semanas
antes da competi9iio. É este o momento da fase de prepara-

232 SCALON, R. M. (Org.)


9ao para a competi9ao quando se reduz o volume de treina-
mento físico, como objetivo de conseguir um bom retorno. É
precisamente neste instante quando se recomenda intensi-
ficar alguns aspectos do treinamento psicológico. Isto é de-
vido a esses dias prévios da competi9ao. É quando surgem
certos aspectos psíquicos que resultam a96es indesejáveis,
como podem ser a ansiedade, os pensamentos negativos, as
dúvidas sobre as próprias capacidades, etc.
A respeito ao treinamento mental cabe dizer que seu
incremento nao provoca desgaste ªº desportista, mas s1m
ao contrário, !he favorecerá o seu rendimento.
A dura9ao desta etapa oscila entre uma e duas sema-
nas.
e) Fase transitória
Dedicado ao descanso ativo para manter seu nível an-
terior de rendimento e nao cair no esgotamento físico e
psicológico. Trata-se de um período de regenera9ao e nao é
aconselhável que cesse totalmente a atividade física.
Ao contrário do treinamento físico, o treinamento psico-
lógico nao produz cansa90, mas sim contribui para que o
desportista conserve e adquira a melhor condi9ao para com-
petir na temporada seguinte.
A dura9ao desta etapa oscila entre quatro a seis sema-
nas.

Referencias
ALFERMANN, D. Teacher-student interaction and interaction
patterns in student groups. In: VANDEN AUWEELE, Y.; BAKKER, F.;
BIDDLE, S.; DURAND, M.; SEILER, R. (Eds.). Psychology forphysical
educators. Champaign, 111: Human Kinetics, 1999. p. 343-377.
AMES, C.; AMES, R. Research on 1notivation in education. New York:
Academic Press, 1984. v. 1: Student motivation.
ANNETT, J. Imagery and skill acquisition. In: DENIS, M.; ENGEL-
KAMP, J.; RICHARDSON, J. T. (Eds.). Cognitive and neuropsycho-
logical approaches to niental irnagery. Dordrecht, Holanda: Martinus
Nijhoff, 1984. p. 259-268.
_ _ . The learning of motor skills: sports science and ergonomics
perspectives. Ergono1nics, v. 37, p. 5-15, 1994.

A psicologia do esparte e a crianqa 233


ATIENZA, F.; BALAGUER, I. La motivación en el deporte. In:
BALAGUER, I. (Dir.). Entrenamiento psicológico en el deporte. Va-
lencia: Albatros, [s.d.]. p. 61-89.
ATKINSON, J. Motivational determinants of risk-tasking behavior.
Psychological Review, v. 64, p. 359-372, 1994 (1957).
_ _ . 1Vlotives in fantasy action and society. Princeton, NJ: Van
Nostrand, 1958.
BAKKER, F. C.; BOSCHKER, M.S.; CHUNG, T. Changes in muscu-
lar activity \V hile imagining weight lifting using stimulus or response
propositions. Journal of Sport and Exercise Psychology, v. 18, p. 313·
324, 1996.
BALAGUER, I. Entrena1niento psicológico en el deporte. Valencia:
Albatros, 1994.
BANDURA, A. Self-efficacy: toward a unifying theory of behavioral
change. Psychological Review, v. 84, p. 191-215, 1977.
_ _ . Social foundations of thought and action: a social cognitive
theory. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1986.
BANDURA, A.; CERVONE, D. Self-evaluative and self-efficacy me-
chanisms governing the motivational effects of goal systems. Journal
of Personality and Social Psychology, v. 45, p. 1017-1028, 1983.
BELL, K. F. Cha1npionship thinhing: the athlete's guide to winning
performance in ali sports. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall,
1983.
BERLYNE, D. Arousal and reinforcement. In: LEVINE, D. (Ed.).
Nebrasha Sy1nposiiun on Motivation. Lincoln: University of Nebraska
Press, 1967.
BIDDLE, S. Attribution research and sport psychology. In: SINGER,
R.; MURPHY, M.; TENNANT, L. K. (Eds.). Handbook of research on
sport psychology. New York: MacMillan, 1993. p. 437-464.
BIDDLE, S.; HANHARAN, S.; SELLARS, C. N. Attributions: past,
present and future. In: SINGER, R.; HAUSENBLAS, H.; JANELLE,
C. (Eds.). Handbook of sportpsychology. New York: John Wiley e Sons,
2001. (p. 444-471).
BIRD, E. EMG quantification of rnental rehearsal. Perceptual and
Motor Slúlls, v. 59, p. 899-906, 1984.
BOTTERILL, C. B. Goal setting for athletes, with exarnples frorn hockey.
In: MARTIN, G. L.; HRYCAIKO, D. (Eds.). Behauior modification and
coaching. Springfield: Charles C. Thomas, 1983.
BOYCE, B. A. The effects of goal proximity on skill acquisition and
retention of a shooting task. Journal of Teaching in Physical Edu-
cation, v. 11, p. 220-234, 1992.
BUMP, L. Sport Psychology. Study Giúde. Champaign, Ill: Human
Kinetics, 1989.

234 SCALON, R. M. (Org.)


BURTON, D. Evaluation of goal setting training on selected cognitions
and performance of collegiate swimmers. Disertation Abstracts
International, n. 45, 116A, 1983.
_ _ . Winning isn't everything: examining the impact ofperformance
goals on collegiate swimmers'. The Sport Psychologi.st, v. 3, p. 34.47,
1989.
_ _ . Goal setting in sport. In: SINGER, R.; MURPHEY, M.; TENNANT,
L. K. (Eds.). Handbooh of research on sport psychology. New York:
MacMillan, 1993. p. 467-491.
_ _ . Goal setting: Current findings and practical implications.
Ponencia presentada en el JI Annual Sport Psychology Conference.
Madrid: Universidad Nacional a Distancia, 1999.
BURTON, D.; NAILOR, S.; HOLLIDAY, B. Goal setting in sport:
Investigating the goal effectiveness paradox. In: SINGER, R.;
HAUSENBLAS, H.; JANELLE, C. (Eds.). Handbooh of Sport Psycho-
logy. New York: John Wiley & Sons, 2001. p. 497-528.
CARRON, A. V. Motivation: irnplications for coaching and teaching.
London: Sport Dynamics, 1984.
CORBIN, C. B. Mental practice. In: MORGAN, W. P. (Ed.). Ergogenic
aids and rnuscular perforniance. Ne\v York: Academic Press, 1972.
CRANDALL, V. C. Achievement. In: STEVENSON, H. W. (Ed.). Child
Psychology. Chicago: University of Chicago Press, 1963. p. 416-459.
CRESPO, M.; BALLAGUER, l. Las relaciones entre deportista y el
entrenador. In: BALLAGUER, l. (Dtra.). Entrenamiento psicológico
en el deporte. Valencia: Albatros, 1994.
DE DIEGO, S.; SAGREDO, C. Jugar con ventaja: las claves psicológi-
cas del éxito deportivo. Madrid: Alianza Editorial, 1992.
DECI, E. L. Effects of externally mediated rewards on intrinsic
motivation. Journal of Personality and Social Psychology, n. 18,
p. 105-115, 1971.
DRISKELL, J. E.; COOPER, C.; MORAN, A. Does mental practice
entrance performance? Journal of Applied Psychology, n. 4, p. 481·
492, 1994.
DUDA, J. To\vard a developmental theory of motivation in sport.
Journal of Sport Psychology, n. 9, p. 130-145, 1987.
_ _. Goal perspectives and behavior in sport and exercise settings.
In: AMES, C.; MAEHR, M. (Eds.). Advances in motivation and
achievement. Greenwich, CT: JAI Press, 1989. v. 6, p. 81-115.
_ _. Motivation in sport settings: a goal perspective approach. In:
ROBERTS, G. C. (Ed.). Motivation in sport and exercise. Champaign,
Ill: Human Kinetics, 1992. p. 57-92.
DURAND, M. The teaching task and teaching strategies far physical
educators. In: VANDEN AUWEELE, Y.; BAKKER, F.; BIDDLE, S.;

A psicologia do esparte e a crianc;a 235


DURAND, M.; SEILER, R. (Eds.). Psychology for physical educators.
Champaign, Ill: Human Kinetics, 1999. p. 437-458.
DWECK, C. S. Motivational processes affecting learning. Arnerica.n
Psychologist, n. 41, p. 1040-1048, 1986.
DWECK, C. S.; ELLIOTT, E. Achievement motivation. In: HETHE-
RINGTON, M. (Ed.). Handbooh of child psychology. 4. ed. New Yorle
Wiley, 1983. v. 4: Socialization, personality and social development.
p. 643-691.
ESCARTÍ, A.; CERVELLÓ, E. Relationship between the subjetive
perception of the achievement goals orientation of the "other
significatives" and the o\vn orientation: a spanish perspective. In:
CONGRESS OF APPLIED PSYCHOLOGY, 23., 1994, Madrid.
FELTZ, D. L. Self-confidence and sports performance. In: PANDOLF,
K. B. (Ed.). Exercise and spo1'ts sciences reuiews. Ne\V York: McMillan,
1988. p. 423-457.
GOULD, D. Establecimiento de metas para el máximo rendimiento.
In: WILLIAMS, J. (Ed.). Psicología aplicada al deporte. Madrid: Bi-
blioteca Nueva, 1991. p. 209-230.
_ _ .Goal setting for peak performace. In: WILLIAMS, J. (Ed.).
Applied sport psychology: personal growth to peak perforniance. 3. ed.
Mountain View, CA: Mayfield, 1998. p. 182-196.
GUILLÉN, F.; VICENTE, G.; PÉREZ, J. Práctica de vídeo feed-
back en el lanzamiento de penalti en fútbol sala. RED, v. XV, n. 1,
p. 31-35, 2001.
HALE, B. D. The effects of internal and external imagery on mus-
cular and ocular concomitants. Journal of Sport Psychology, n. 4,
p. 379-387, 1982.
HALL, C. R. lmagery in sport and exercise. In: SINGER, R.;
HAUSENBLAS, H.; JANELLE, C. (Eds.). Handboole of sport psycho-
logy. New York: John Wiley & Sons, 2001. p. 529-549.
HARDY, L. The coach at work. Leeds: National Coaching Foundation,
1986.
HARTER, S. The development of competence motivation in the
mastery of cognitive and physical skills: Is there a place for joy?
In: ROBERTS, G. C.; LANDERS, D.M. (Eds.). Psychology of motor
behavior and sport-1980. Champaign, Ill: Human Kinetics, 1981.
p. 3-29.
HAUSENBLAS, H. A.; HALL, C. R.; RODGERS, W. M.; MUNROE,
K. J. Exercise imagery: Its nature and measurement. Journal o{
Applied Sport Psychology, n. 11, p. 171-180, 1999.
HEIDER, F. Social perception and phenomenal causality. Psycholo-
gical Review, n. 51, p. 358-374, 1944.
_ _ . The psychology of interpersonal relations. Nueva York: John
Wiley and Sons, 1958.

236 SCALON, R. M. (Org.)


HULL, C. L. Principies of behavior. New York: Appleton-Century-
Crofts, 1943.
ISO-AHOLA, S. E.; ROBERTS, G. Inmediate attributions following
success and failure atan achievement motor task. Research Quarterly,
n. 48, p. 541-549, 1977.
JACOBSON, E. Progressive relaxation. Chicago: University of Chica-
go Press, 1930.
JARA, P. Motivación en el deporte y establecimiento de objetivos. In:
OLMEDILLA, A.; GARCÉS, E.; G. NIETO. (Coords.). Manual de psi-
cología del deporte. Murcia: Diego Marín Editores, 2002. p. 209-233.
LOCKE, E. A.; SHAW, K N.; SAARI, L. M.; LATHAM, G. P. Goal
setting and task performance: 1969-1980. Psychological Bulletin,
n. 90, p. 125-152, 1981.
LOCKE, E. A.; LATHAM, G. P. The application of goal setting to
sports. Joimial of Sport Psychology, n. 7, p. 205-222, 1985.
A theory of goal setting and tash perfor1nance. Engle\vood cliffs,
NJ: Prentice-Hall, 1990.
LORENZO, J. Psicología y deporte. Madrid: Biblioteca Nueva, 1992.
_ _. El entrenarniento psicológico en los deportes. Madrid: Bibliote-
ca Nueva, 1996.
MAEHR, M. L.; BRASKAMP, L. A. The motivation factor. A theory of
personal invest1nent. Lexington, Mas: Lexington Books, 1986.
MAEHR, M. L. Thoughts about motivation. In: AMES, R.; AMES, C.
(Eds.). Research on rnotivation in education. New York: Academic
Press, 1989. v. 3: Goals and cognitions. p. 299-315.
MANDLER, G.; SARASON, S. B. A study of anxiety and learning.
Joumal of Abnormal and Social Psychology, n. 47, p. 166-173, 1952.
MARTENS, R. Coach gitide to sport psychology. Champaign, Ill:
Human Kinetics, 1987.
_ _. Coaches giúde to sport psychology. 2. ed. Champaign, Ill: Human
Kinetics, 1990.
MARTENS, R.; CHRISTINA, R.; HARVEY, J.; SHARKEY, B. El
entrenador. Barcelona: Hispano Europea, 1989.
_ _. Coachingyoungathletes. Champaign, Ill: Human Kinetics, 1982.
MARTENS, B. K; HIRALALL, A. S.; BRADLEY, T. A. A note to
teacher: improving student behavior through goal setting and
feedback. School Psychology Quarterly, v. 12, p. 33-41, 1997.
MARTIN, G.; HRYCAIKO, D. Effective behavioral coaching: What's
it ali about? Journal of Sport Psychology, n. 5, p. 8-20, 1983.
MASLOW, A. Motivation and personality. New York: Harper, 1954.
_ _ . Motivation and personality. Ne\v York: Harper and Row, 1970.

A psicologia do esparte e a crianc;a 237


MATVEIEV, L. Funda1nentos del entrenarniento deportivo. Moscú:
Raduga. 1977.
MCAULEY, E. Success and causality in sport: the influence of
perception. Journal of Sport Psychology, v. 7, n. l, p. 13-22, 1985.
MCCAULEY, E.; DUNCAN, T. E. The causal attribution process in
sport and physical activity. In: GRAHAM, S.; FOLKES, V. (Eds.).
Ad vanees in applied social psychology. Hillsdale, NJ: Erlbaum, 1990.
v. V: Applications of attribution theory. p. 37-52.
McCLELLAND, D. The achievement motive. New York: Appleton,
1953.
_ _ . The achieving society. New York: Free Press, 1961.
_ _ . Estudio de la rnotivación hurnana. Madrid: Narcea, 1989.
McCLEMENTS, J.; BOTTERILL, C. Goal setting and planning for
mental preparations. In: WANKEL, L.; WILBERG, R. (Eds.). Psycho-
logy of sport and motor behavior: research and practice. ANNUAL
CONFERENCE OF THE CANAD!AN SOCIETY FOR PSYCHOMO-
TOR LEARNING AND SPORT PSYCHOLOGY. Proceedings of the ...
Edmonton, Canadá: University of Alberta, 1979.
MENTO, A. J.; STEEL, R. P.; KARREN, R. J. A meta-analytic study
of the effects of goal-setting on task performance: 1966-1984. Orga-
nizational Behavior and Hurnan Decision Processes, n. 39, p. 52-83,
1987.
MINER, J. B. The validity and usefulness of theories in an emerging
organizational science. Acaderny of Managernent Review, n. 9, p. 296-
306, 1984.
MORA, J. A.; GARCÍA, J.; TORO, S.; ZARCO, J. A. Psicología. aplica-
da a la actividad físico-deportiva. Madrid: Pira.mide, 2000.
MURPHY, S. M.; JOWDY, D. P. Imagery and mental practice.
In: HORN, T. (Ed.). Advances in sport psychology. Champaign, Ill:
Human Kinetics, 1992. p. 221-250.
NICHOLLS, J. G. Striving to demonstrate and develop ability: a theory
of achievernent 1notivation. Unpublished manuscript. West Lafayette,
IN: Purdue University, 1981.
_ _ . Conceptions of ability and achievement motivation. In: AMES,
R.; AMES, C. (Eds.). Research on rnotivation in education. New York:
Academic Press, 1984. v. I: Student motivation.
_ _ , The cornpetitive ethos and deniocratic education. Cambridge,
Ma: Harvard University Press, 1989.
ORLICK, T. Children's sport: a revolution is coming. Canadian
Association for Health, Physical Educatíon and Recreation Journal,
p. 12-14, 1973.
_ _ .In pu,rsuit of excellence. Champaign, 111: Human Kinetics, 1980.
POOLEY, J. C. Drop outs. Coaching Review, n. 3, p. 36-38, 1980.

238 SCALON, R. M. (Org.}


ROBERTS, G. Toward a ne\v theory of achievement motivation in
sport: the role ofperceived ability. In: SILVA, J.M.; WEINBERG, R.S.
(Eds.). Psychological Foundations of Sport. Champaign, Ill: Human
Kinetics, 1984.
SAPP, M.; HANBENSTRICKER, J. Motivation far joining and reasons
far not continuing in youth sports progra1ns in Michigan. Ponencia
presentada in AAHPER Conference. Kansas City, MO, 1978.
SCHULTZ, J. H. El entrenarniento autógeno. Madrid: Científico-téc-
nica, 1969.
SKUBIC, E. Studies of Little and Middle League Baseball. Research
Quartly, n. 26, p. 97-110, 1956.
SPENCE, IC. Behauior theory and learning. Ne\v Haven: Yale Uni-
versity Press, 1956.
VEALEY, R. S. Imagery Training far performance enhancement. In:
WILLIAMS, J. M. (Comp.). Applied sport psychology. Palo Alto,
California: Mayfield Publishing, 1986.
WEINER, B. Theories of 1notivation: fro1n 1nechanis1n to cognition.
Chicago: Markham, 1972.
_ _ . Achieue1nent 1notivation and attribution theory. New Jersey:
General Learning Press, 1974.
WEINBERG, R. S. Goal setting and rnotor perfor1nance: a review and
critique. In: ROBERTS, G. C. (Ed.). Motivation in sport and exercise.
Champaign, Ill: Human Kinetics, 1992.
WEINBERG, R. S.; COMAR, W. The effectiveness of psychological
interventions incompetitive sport. Sports Medicine, 1994.

A psicologia do esporle e a crian9a 239

Você também pode gostar