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Sintaxe 2 - questões discursivas com gabarito comentado

1. (Ufmg 2012)  Leia estes trechos, atentando para os conectivos neles destacados:

TRECHO 1

Ouvimos o ferrolho da porta que dava para o corredor interno; era a mãe que abria Eu, uma
vez que digo tudo, digo aqui que não tive tempo de soltar as mãos da minha amiga...

MACHADO DE ASSIS, J. M. Dom Casmurro. São Paulo: Globo. 1997. p. 67.

TRECHO 2

Fomos jantar com a minha velha. Já lhe podia chamar assim, posto que os seus cabelos
brancos não o fossem todos nem totalmente; e o rosto estivesse comparativamente fresco...

MACHADO DE ASSIS. J. M. Dom Casmurro,  São Paulo: Globo, 1997. p.165.

a) Reescreva cada um desses trechos, substituindo o conectivo destacado por outro de igual
valor e fazendo as adaptações necessárias.
b) Explicite o tipo de relação que cada um desses conectivos estabelece entre as orações, nos
trechos em que estão empregados.

Resposta:

a) Trecho 1: Eu, como (porque, visto que, já que) digo tudo, digo aqui que não tive tempo de
soltar as mãos da minha amiga...
Trecho 2: Já lhe podia chamar assim, embora (ainda que, apesar de que, mesmo que) os seus
cabelos brancos não o fossem todos nem totalmente; e o rosto estivesse comparativamente
fresco...
b) A locução conjuntiva “uma vez que” expressa circunstância de causa e poderia ser substituída
por termos equivalentes: como, porque, visto que e já que. A locução “posto que” apresenta
noção de concessão da mesma forma que os termos embora, ainda que, apesar de
que emesmo que.

  
2. (Fgv 2012)  Este texto foi extraído de um conto de Monteiro Lobato, cujo personagem
principal enlouquece, quando vê seu cafezal inteiramente destruído pela geada.

E a geada veio! Não geadinha mansa de todos os anos, mas calamitosa, geada cíclica,
trazida em ondas do Sul.
O sol da tarde, mortiço, dera uma luz sem luminosidade, e raios sem calor nenhum. Sol
boreal, tiritante. E a noite caíra sem preâmbulos.
Deitei-me cedo, batendo o queixo, e na cama, apesar de enleado em dois cobertores,
permaneci entanguido uma boa hora antes que ferrasse no sono. Acordou-me o sino da
fazenda, pela madrugada. Sentindo-me enregelado, com os pés a doerem, ergui-me para um
exercício violento. Fui para o terreiro.
O relento estava de cortar as carnes – mas que maravilhoso espetáculo! Brancuras por
toda a parte. Chão, árvores, gramados e pastos eram, de ponta a ponta, um só atoalhado
branco. As árvores imóveis, inteiriçadas de frio, pareciam emersas dum banho de cal. Rebrilhos
de gelo pelo chão. Águas envidradas. As roupas dos varais, tesas, como endurecidas em goma
forte. As palhas do terreiro, os sabugos de ao pé do cocho, a telha dos muros, o topo dos
moirões, a vara das cercas, o rebordo das tábuas – tudo polvilhado de brancuras, lactescente,
como chovido por um suco de farinha. Maravilhoso quadro! Invariável que é a nossa paisagem,
sempre nos mansos tons do ano inteiro, encantava sobremodo vê-la súbito mudar, vestir-se
dum esplendoroso véu de noiva – noiva da morte, ai!...

Monteiro Lobato, O drama da geada, in Negrinha. São Paulo: Brasiliense, 1951.

a) Em outra passagem do conto, o narrador afirma: “Só então me acudiu que o belo espetáculo
que eu até ali só encarara pelo prisma estético tinha um reverso trágico: a morte do heroico
fazendeiro”. O que o narrador chama de “prisma estético” pode ser identificado no excerto aqui
reproduzido? Justifique sua resposta.
b) Tendo em vista as variedades linguísticas da língua portuguesa, justifica-se o emprego, no
texto, de expressões como “geadinha mansa”, “batendo o queixo” e “ferrasse no sono”?
Explique.
c) As frases nominais podem ser usadas nas descrições esquemáticas. Esse tipo de recurso foi
usado no texto? Justifique sua resposta.

Resposta:

a) Sim, pois a descrição da paisagem nevada está repleta de expressões que traduzem a
subjetividade do emissor, sensível ao espetáculo inesperado e surpreendente: “mas que
maravilhoso espetáculo”, “mas que maravilhoso espetáculo”, “Maravilhoso quadro!”.
b) Sim, já que se trata de expressões típicas da linguagem popular, reveladoras do contexto a que
pertence o personagem, homem do meio rural que foi surpreendido por um acontecimento
invulgar e de grande beleza.
c) Sim, a descrição é feita também através de frases nominais, ou seja, frases construídas sem
verbos (“Rebrilhos de gelo pelo chão. Águas envidradas. As roupas dos varais, tesas, como
endurecidas em goma forte”).

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Não passa de asneira a recorrente ideia de que a corrupção é monopólio do governo, e a
sociedade, sua vítima. A corrupção é, em larga medida, resultado de uma sociedade que não
fiscaliza e, pior, em que alguns setores de elite são coniventes com as mais diferentes
modalidades de mazelas, que vão de sonegar impostos até subornar o guarda. Estamos
inventando até mesmo a fraude com doutorado.
A Folha  divulgou detalhes do mercado da venda de dissertações de mestrado e de doutorado,
por valores altos. Podem-se encontrar os vendedores abertamente na internet, todos eles,
claro, titulados. Mas a verdade é que, junto com seus clientes, eles participam de uma fraude.

(Gilberto Dimenstein. Folha Online,  08/11/2005. Adaptado.)

3. (Ufpe 2012)  Incoerências, em um texto, podem ser causadas por diversos fatores, como
transgressões de natureza sintática, relações semânticas impróprias entre orações, escolhas
lexicais inadequadas, dentre vários outros. A tentativa de compreensão do texto de Dimenstein
levou certo leitor a formular a seguinte conclusão:
“Segundo Dimenstein, a prática da corrupção implica a não fiscalização da sociedade e a
conivência de alguns setores de elite.”

a) Essa conclusão é coerente? Justifique seu ponto de vista.


b) Como você formularia sua própria conclusão?

Resposta:

a) A conclusão do leitor é incoerente com a posição defendida por Gilberto Dimenstein. Na oração
destacada afirma-se que é a corrupção que provoca a falta de fiscalização e a conivência de
alguns setores da elite com esse tipo de infração, ou seja, o leitor inverteu os fatores de causa
e consequência mencionados pelo jornalista.
b) Segundo Dimenstein, a corrupção é resultado de uma sociedade que não exerce vigilância
suficiente e é muitas vezes conivente com atitudes que revertem para benefício próprio, em
prejuízo do Estado ou do bem público.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Geração Canguru
Gilberto Dimenstein

Ao mapear novas tendências de consumo no Brasil, publicitários acreditam ter detectado a


"Geração Canguru". São jovens bem-sucedidos profissionalmente, têm entre 25 e 30 anos de
idade e vivem na casa dos pais. O interesse neles é óbvio: compõem um nicho de
consumidores com alto poder aquisitivo.

Ainda na "bolsa" da mãe, eles mostram que mudaram as fronteiras entre o jovem e o adulto.
Até pouquíssimo tempo atrás, um marmanjão de 30 anos, enfiado na casa dos pais, seria visto
como uma anomalia, suspeito de algum desequilíbrio emocional que retardou seu crescimento.

O efeito "canguru" revela que pais e filhos estão mutuamente mais compreensivos e tolerantes,
capazes de lidar com suas diferenças. Para quem se lembra dos conflitos familiares do
passado, marcados pelo choque de gerações, os "cangurus" até sugerem um grau de
civilidade. Não é tão simples assim.

Estudos de publicitários divulgados nas últimas semanas indicam um lado tumultuado – e nem
um pouco saudável – dessa relação familiar. Por trás das frias estatísticas sobre tendência do
mercado, a pergunta que aparece é a seguinte: até que ponto os brasileiros mais ricos estão
paparicando a tal ponto seus filhos que produzem indivíduos com baixa autonomia?

Ao investigar uma amostra de 1.500 mães e filhos, no Rio e em São Paulo, a TNS InterScience
concluiu que 82% das crianças e dos adolescentes influenciam fortemente as compras das
famílias. A pressão é especialmente intensa nas classes A e B, cujas crianças, segundo os
pesquisadores, empregam cada vez mais a estratégia das birras públicas para ganhar, na
marra, o objeto de desejo.

Com medo das birras, as mães tentam, segundo a pesquisa, driblar os filhos e não levá-los às
compras, especialmente nos supermercados, mas, muitas vezes, acabam cedendo. Os
responsáveis pelo levantamento da InterScience atribuem parte do problema ao sentimento de
culpa. Isso porque, devido ao excesso de trabalho, os pais ficam muito tempo longe de casa e
querem compensar a ausência com presentes.

Uma pesquisa encomendada pelo Núcleo Jovem da Abril detectou que muitos dos novos
consumidores vivem uma ansiedade tamanha que nem sequer usufruem o que levam para
casa. Já estão esperando o produto que vai sair. É ninfomania consumista. Jovens relataram
que nunca usaram, nem mesmo uma vez, roupas que adquiriram. Aposentam aparelhos
eletrodomésticos comprados recentemente porque já estariam defasados.

Psicólogos suspeitam que essa atitude seja uma fuga para aplacar a ansiedade e a carência,
provocadas, em parte, pela falta de limite. Imaginando-se modernos, pais tentam ser amigos de
seus filhos e, assim, desfaz-se a obrigação de dizer não e enfrentar o conflito. O resultado é, no
final, uma desconfiança, explicitada pelos entrevistados, ainda maior em relação aos adultos.

Outro estudo, desta vez patrocinado pela MTV, detectou um início de tendência entre os jovens
de insatisfação diante de pais extremamente permissivos. Estão demandando adultos mais
pais do que amigos. Para complicar ainda mais a insegurança das crianças e dos
adolescentes, a violência nas grandes cidades leva os pais, compreensivelmente, a pilotar os
filhos pelas madrugadas, para saber se não sofreram uma violência. Brincar nas ruas está
desaparecendo da paisagem urbana, ajudando a formar seres obesos, presos ao computador.

Há pencas de estudo mostrando como a brincadeira, dessas em que nos sujamos, ralamos o
joelho na árvore, ajuda a desenvolver a criatividade, o senso de autonomia e de cooperação. É
um espaço de estímulo à imaginação.

Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a
frustração. Muito se estuda sobre a importância da resiliência – a capacidade de levar tombos e
levantar como um elemento educativo fundamental.

Professores contam, cada vez mais, como os alunos não têm paciência de construir o
conhecimento e desistem logo quando as tarefas se complicam um pouco. Por isso, entre
outras razões, os alunos decepcionam-se rapidamente na faculdade que exige mais foco em
poucos assuntos.

Os educadores alertam que muitos jovens têm dificuldade de postergar o prazer e buscam a
realização imediata dos desejos; respondem exatamente ao bombardeamento publicitário,
inclusive na ingestão de álcool, como vamos testemunhar, mais uma vez, nas propagandas de
cerveja neste verão. Daí o risco de termos "cangurus" que fiquem cada vez mais na bolsa (e no
bolso) dos pais.

P.S. – Em todos esses anos lidando com educação comunitária, posso assegurar que uma das
melhores coisas que as escolas de elite podem fazer por seus alunos é estimulá-los ao
empreendedorismo social. É um notável treino para enfrentar desafios. Enfrentam-se em asilos,
creches e favelas os limites e as carências. Conheci casos e mais casos de alunos
problemáticos que mudaram sua cabeça ao desenvolver uma ação comunitária e passaram,
até mesmo, a valorizar o aprendizado curricular.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd121205.htm

4. (Ufjf 2012)  Leia novamente:

“Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com autonomia, se não souber lidar com a
frustração.”

a) Explique a concordância entre o sujeito e o verbo na parte acima destacada.


b) Compare a concordância acima (Todos sabemos) com: “Todos sabem como é difícil...”. Qual
é a principal diferença no impacto discursivo produzido pelas duas formas? Justifique sua
resposta.

Resposta:

a) O uso da primeira pessoa no termo verbal “sabemos” indica que o pronome indefinido “todos”
faz parte de uma locução pronominal indefinida em que o pronome “nós” está subentendido
(todos nós), formando uma silepse de pessoa.
b) A preferência por esse tipo de concordância permite perceber a inclusão do autor na ideia que
apresenta, o que não aconteceria se usasse a forma “todos sabem”, na medida em que o verbo
na terceira pessoa do plural conferiria noção vaga e indeterminada a quem compartilha dessa
opinião.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A crise da Europa é hoje o maior risco para a economia mundial, disse o secretário do Tesouro
dos Estados Unidos da América, referindo-se à tensão entre os bancos e os governos
endividados. Disse, ainda, que a China e outros 1países emergentes com superavit nas contas
têm espaço5bastante para 2estimular o consumo interno, 3aumentar as importações
e 4compensar a fraca demanda nas economias desenvolvidas. Para isso, os governos desses
países deveriam deixar suas moedas valorizar-se. Em outras palavras, o câmbio subvalorizado
da China resulta em valorização real das moedas de outros países emergentes, torna seus
produtos mais caros e diminui seu poder de competição no comércio internacional.

Rolf Kuntz. O Estado de S.Paulo, 25/9/2011.

5. (Unb 2012)  Com referência às ideias do texto acima, aos temas a ele associados e às
estruturas nele empregadas, julgue os itens a seguir.

a) No segundo período do texto, as estruturas oracionais com as formas infinitivas “estimular”,


(ref. 2) “aumentar” (ref. 3) e “compensar” (ref. 4) estão associadas à possibilidade de não se
realizar foneticamente o sujeito das respectivas orações, o que assegura, portanto,
interpretação ligada à referência indeterminada do sujeito das orações que têm como núcleo do
predicado essas formas verbais.
b) No que se refere a aspectos semânticos e morfossintáticos, “bastante” (ref. 5) equivale ao
adjetivo suficiente e concorda com o substantivo que o antecede, ainda que apenas em
número.

Resposta:

a) Incorreto.
b) Correto.

É incorreto o que se afirma em [A], pois o sujeito não expresso das orações adverbiais finais
reduzidas de infinitivo (passíveis de serem desenvolvidas e substituídas por para que
estimulem, para que aumentem, para que compensem) não é indeterminado e sim, desinencial,
estabelecendo relação anafórica com “China e outros países emergentes”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


No processo da Revolução Francesa, quando destruíram os últimos resquícios do feudalismo
na eufórica noite de 4 de agosto de 1789, os deputados concordaram em manter o dízimo da
Igreja,2em vez de simplesmente aboli-lo sem qualquer compensação. Mas, desde
então, 1houve sinais de que a promessa seria abandonada. “Eles desejam ser livres, mas não
sabem ser justos”, reclamou o abade de Seyès, referindo-se a alguns colegas da Assembleia.
Robespierre não era nem antipadres nem anticlerical; 3é difícil determinar sua posição quanto
ao futuro da Igreja na Revolução. Às vezes, era veemente crítico e, em outras vezes, retornava
à interpretação da doutrina cristã, pois, a seu ver, o cristianismo era a religião dos pobres e
daqueles de coração puro — riqueza chamativa e luxo não deveriam fazer parte dele. Os
pobres, segundo ele, eram oprimidos não apenas pela fome, mas também pelo espetáculo
escandaloso de clérigos autoindulgentes, 4que esbanjavam insensivelmente o que 5pertencia
aos pobres por direito.
Ruth Scurr. Pureza fatal: Robespierre e a Revolução Francesa. Rio de Janeiro/São Paulo:
Record, 2009, p. 140-1 (com adaptações).

6. (Unb 2012)  Com base no texto acima, julgue os itens subsequentes.

a) No trecho “houve sinais de que a promessa seria abandonada” (ref. 1), o substantivo
“promessa” tem como referente o trecho “em vez de simplesmente aboli-lo sem qualquer
compensação” (ref. 2).
b) O trecho “é difícil determinar sua posição quanto ao futuro da Igreja na Revolução” (ref. 3) pode
ser substituído corretamente por quanto ao futuro da Igreja, é difícil determinar, na
Revolução, a posição de Robespierre.
c) No trecho “que esbanjavam insensivelmente o que pertencia aos pobres por direito” (ref. 4), o
complemento direto de “esbanjavam” é modificado por uma oração adjetiva.
d) A estrutura “pertencia aos pobres por direito” (ref. 5) pode ser substituída corretamente por era
um direito dos pobres.

Resposta:

a) Incorreto.
b) Incorreto.
c) Correto.
d) Incorreto.

As afirmações transcritas em [A] e [B] e [D] são incorretas, pois:

Em [A], o substantivo “promessa” remete a “manter o dízimo da igreja”.


Em [B], a alteração sugerida alteraria o sentido da frase original, já que o adjunto adverbial “na
revolução” remete a “futuro da igreja” e não à indicação da posição de Robespierre durante o
processo revolucionário.
Em [D], a expressão “por direito” na frase “pertencia aos pobres por direito” alude a um poder
legítimo, mas não legalizado, enquanto a sugerida para substituição sugere uma prerrogativa
passível de ser exigida por estar consignada em lei.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A resposta de qualquer pai ou mãe, questionado sobre o que deseja para os filhos,
está sempre na ponta da língua: “Só quero que sejam felizes”. A frase não deixa dúvidas de
que, numa sociedade moderna, livre de muitas das restrições morais e culturais do passado, a
felicidade é vista como a maior realização de um indivíduo. Até governos nacionais se viram na
obrigação de fazer algo a respeito. Neste ano, a China e o Reino Unido anunciaram a intenção
de medir o grau de felicidade de seus habitantes. Os governantes, espera-se, querem o melhor
para seu país, assim como os pais querem o melhor para seus filhos. Mas a ambição de
sempre colocar um sorriso no rosto pode ter um efeito contrário. A pressão por ser feliz,
condição nada fácil de ser definida, pode acabar reduzindo as chances de as pessoas viverem
bem.
“Quero que meus filhos sejam felizes, mas também que encontrem um propósito e
conquistem seus objetivos”, diz o americano Martin Seligman, considerado o mestre da
psicologia positiva. Depois de estudar a busca da felicidade por mais de 20 anos, ele afirma ser
tolice elegê-la como a única ambição na vida. Ex-presidente da Associação Americana de
Psicologia, professor da Universidade da Pensilvânia, pai de sete filhos e avô pela quarta vez,
Seligman reviu suas teorias e concluiu que é preciso relativizar a importância das emoções
positivas. “Perseguir apenas a felicidade é enganoso”, diz Seligman a ÉPOCA. Segundo ele, a
felicidade pode tornar a vida um pouco mais agradável. E só. Em seu lugar, o ser humano
deveria buscar um objetivo mais simples e fácil de ser contemplado: o bem-estar.

(Letícia Sorg e Juliana Elias, http://revistaepoca.globo.com, 27.05.2011.)

7. (Uftm 2012)  a) Reescreva o trecho – ... Seligman reviu suas teorias e concluiu que é preciso
relativizar a importância das emoções positivas.  – preservando o sentido do texto e fazendo as
adaptações necessárias para substituir a forma verbal concluiu pelo substantivo conclusão.
b) Que atitude deve ser tomada para se relativizar a importância da felicidade, segundo Martin
Seligman?

Resposta:

a) Seligman reviu suas teorias e chegou à conclusão de que é preciso relativizar a importância
das emoções positivas.
b) Segundo Seligman, é necessário buscar um objetivo mais simples e concreto como o bem-
estar.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


E dizem que rola um texto na internet com minha assinatura baixando o pau no “Big
Brother Brasil”.
Não fui eu que escrevi.
Não poderia escrever nada sobre o “Big Brother Brasil”, a favor ou contra, porque sou
um dos três ou quatro brasileiros que nunca o acompanharam.
O pouco que vi do programa, de passagem, zapeando entre canais, só me deixou
perplexo: o que, afinal, atraía tanto as pessoas – além do voyeurismo* natural da espécie –
numa jaula de gente em exibição?
Também me dizem que, além de textos meus que nunca escrevi, agora frequento a
internet com um Twitter.
Aviso: não tenho tuiter, não recebo tuiter, não sei o que é tuiter.
E desautorizo qualquer frase de tuiter atribuída a mim a não ser que ela seja
absolutamente genial. Brincadeira, mas já fui obrigado a aceitar a autoria de mais de um texto
apócrifo (e agradecer o elogio) para não causar desgosto, ou até revolta. Como a daquela
senhora que reagiu com indignação quando eu inventei de dizer que um texto que ela lera não
era meu:
— É sim.
— Não, eu acho que...
— É sim senhor!
Concordei que era, para não apanhar. O curioso, e o assustador, é que, em textos de
outros com sua assinatura e em tuiters falsos, você passa a ter uma vida paralela dentro das
fronteiras infinitas da internet.
É outro você, um fantasma eletrônico com opiniões próprias, muitas vezes
antagônicas, sobre o qual você não tem nenhum controle,
— Olha, adorei o que você escreveu sobre o “Big Brother”. É isso aí!
— Não fui eu que...
— Foi sim!

(Luiz Fernando Veríssimo, http://oglobo.globo.com, 30.01.2011. Adaptado.)

* voyeurismo: forma de curiosidade mórbida com relação ao que é privativo, privado ou íntimo.
8. (Uftm 2012)  a) Reescreva os trechos – E dizem que rola um texto na internet com minha
assinatura baixando o pau no “Big Brother Brasil”. Não fui eu que escrevi. – unindo os dois
períodos em um único, iniciado pela conjunção Embora e com as expressões de uso coloquial
substituídas por sinônimos adequados à linguagem formal.
b) Explique o que o advérbio só, no trecho – O pouco que vi do programa, de passagem,
zapeando entre canais, só me deixou perplexo: o que, afinal, atraía tanto as pessoas – além
do voyeurismo natural da espécie – numa jaula de gente em exibição? –, revela sobre a
opinião do autor acerca do programa “Big Brother Brasil”.

Resposta:

a) Embora não tenha sido eu que escrevi, dizem que está sendo divulgado um texto na internet,
com minha assinatura, criticando o “Big Brother Brasil”.
b) O advérbio “só” enfatiza o alto grau de perplexidade experimentada por Luís Fernando
Veríssimo e que o impediu de fazer qualquer outra reflexão crítica que não fosse indagar-se
sobre a razão de tanta gente se interessar por esse tipo de espetáculo de exibicionismo puro.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


TEXTO I

1
Durante mais de trinta anos, o bondezinho das dez e quinze, que descia do Silvestre,
parava como burro ensinado em frente à casinha de José Maria, e ali encontrava, almoçado e
pontual, o velho funcionário.
Um dia, porém, José Maria faltou. O motorneiro batia a sirene. Os passageiros se
impacientavam. Floripes correu aflita a avisar o patrão. Achou-o de pijama, estirado na
poltrona, querendo rir.
– Seu José Maria, o senhor hoje perdeu a hora! Há muito tempo o motorneiro está a
dar sinal.
– Diga-lhe que não preciso mais.
A velha portuguesa não compreendeu.
– Vá, diga que não vou... Que de hoje em diante não irei mais.
A criada chegou à janela, gritou o recado. E o bondezinho desceu sem o seu mais
antigo passageiro.
Floripes voltou ao patrão. Interroga-o com o olhar.
– Não sabes que estou aposentado?
(...)
Interrompera da noite para o dia o hábito de esperar o bondezinho, comprar o jornal da
manhã, bebericar o café na Avenida, e instalar-se à mesa do Ministério, sisudo e calado, até às
dezessete horas.
Que fazer agora?
Não mais informar processos, não mais preocupar-se com o nome e a cara do futuro
Ministro.
Pela primeira vez fartava a vista no cenário de águas e montanhas que a bruma fundia.
(...)
4
Floripes serviu-lhe o jantar, deixou tudo arrumado, e retirou-se para dormir no barraco
da filha.
2
Mais do que nunca, sentiu José Maria naquela noite a solidão da casa. Não tinha
amigos, não tinha mulher nem amante. E já lera todos os jornais. Havia o telefone, é verdade.
Mas ninguém chamava. Lembrava-se que certa vez, há uns quinze anos, aquela fria coisa,
pendurada e morta, se aquecera à voz de uma mulher desconhecida. A máquina que apenas
servia para recados ao armazém e informações do Ministério transformara-se então em
instrumento de música: adquirira alma, cantava quase. De repente, sem motivo, a voz
emudecera. E o aparelho voltou a ser na parede do corredor a aranha de metal,  3sempre
calada. O sussurro da vida, o sangue de suas paixões passavam longe do telefone de Zé
Maria...
Como vencer a noite que mal começava?
(...)
O telefone toca. Quem será? (...)
Era engano! Antes não o fosse. A quem estaria destinada aquela voz carregada de
ternura? Preferia que dissesse desaforos, que o xingasse.
(...)
Atirou-se de bruços na cama. E sonhou. Sonhou que conversava ao telefone e era a
voz da mulher de há quinze anos... Foi andando para o passado... Abriu-se-lhe uma cidade de
montanha, pontilhada de igrejas. E sempre para trás – tinha então dezesseis anos –, ressurgiu-
lhe a cidadezinha onde encontrara Duília. Aí parou. E Duília lhe repetiu calmamente aquele
gesto, o mais louco e gratuito, com que uma moça pode iluminar para sempre a vida de um
homem tímido.
Acordou com raiva de ter acordado, fechou os olhos para dormir de novo e reatar o fio
de sonho que trouxe Duília. Mas a imagem esquiva lhe escapou, Duília desapareceu no tempo.
(...)
Toda vez que pensava nela, o longo e inexpressivo interregno* do Ministério que
chegava a confundir-se com a duração definitiva de sua própria vida apagava-se-lhe de repente
da memória. O tempo contraía-se.
Duília!
Reviu-se na cidade natal com apenas dezesseis anos de idade, a acompanhar a
procissão que ela seguia cantando. Foi nessa festa da Igreja, num fim de tarde, que tivera a
grande revelação.
Passou a praticar com mais assiduidade a janela. Quanto mais o fazia, mais as colinas
da outra margem lhe recordavam a presença corporal da moça. Às vezes chegava a dormir
com a sensação de ter deixado a cabeça pousada no colo dela. As colinas se transformavam
em seios de Duília. Espantava-se da metamorfose, mas se comprazia na evocação.
(...)
Era o afloramento súbito da namorada (...).

ANÍBAL MACHADO
A morte da porta-estandarte e Tati, a garota e outras histórias.  Rio de Janeiro: José Olympio,
1976.

* Interregno: intervalo

9. (Uerj 2012)  No trecho transcrito a seguir há quatro orações, cujos limites estão assinalados
por uma barra:

Floripes serviu-lhe o jantar, / deixou tudo arrumado, / e retirou-se / para dormir no barraco da
filha. (ref. 4)

Reescreva esse trecho, passando a primeira oração para a voz passiva e convertendo a
segunda em oração adjetiva introduzida por pronome.
Em seguida, indique a classificação sintática e semântica da última oração.

Resposta:

Ao passar a oração principal para a voz passiva e substituir a coordenada assindética por uma
subordinada adjetiva, o trecho apresentaria a seguinte configuração: o jantar foi-lhe servido por
Floripes, que deixou tudo arrumado, e retirou-se para dormir no barraco da filha. O trecho “para
dormir no barraco da filha” constitui uma oração subordinada adverbial final, reduzida de
infinitivo. 

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