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HISTÓRIA DO BRASIL

Avanço a Oeste: Bandeirismo e Ocupação Norte


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AVANÇO A OESTE: BANDEIRISMO E OCUPAÇÃO NORTE

A Revolução Francesa, no final do século XVIII, foi um acidente, pois o processo de


centralização, que vem de uma longa data, se deparou com resistências e enfrentamentos –
os quais desencadearam a Revolução.

 Obs.: Vale mencionar que não houve nenhuma revolução no cenário português ou
espanhol. Na realidade, nenhuma experiência no mundo ocidental é equivalente à
Revolução Francesa.

Ressalta-se que alguns historiadores comentam sobre uma continuação entre a Revolução
Russa e a Revolução Francesa. É como se a Revolução Russa completasse aquilo que a
Revolução Francesa não contemplou.
É preciso que entendamos o processo de construção de um poder monárquico, da
Coroa portuguesa, do Império Português, e as suas configurações jurídico-administrativas.
A estrutura jurídica brasileira, que era uma estrutura colonial, perpassou pelo Império. A
experiência liberal do Período Regencial (1827/1837) tentou modificar essa estrutura,
principalmente com a criação da figura do juiz de paz, que teve seus poderes ampliados.
Houve uma tentativa de drenar as autoridades dos juízes brasileiros. Muito da Justiça
brasileira dos séculos XIX e XX era atrelado à tradição colonial portuguesa. É o que vemos
nas Câmaras Municipais e na eleição extremamente limitada, composta somente por
homens bons. Quando falamos em homens bons, tem-se apenas 5 ou 6 eleitos. Havia uma
regra geral, que vinha da Corte portuguesa, mas o caso a caso modificou algumas regras.
De certa maneira, tem-se uma configuração bastante limitadora na participação.
5m
As Câmaras municipais aumentaram sua capacidade democrática e representativa,
pois uma figura acaba aparecendo: as Assembleias Legislativas Provinciais – algo muito
próximo do que temos hoje nas Assembleias dos Estados. Existia uma configuração local,
e a configuração as capitanias era muito limitada. A figura das Assembleias Legislativas,
que apareceram no contexto da Constituição de 1924, acabou por reconfigurar as Câmaras
Municipais.
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Nesse cenário, no século XIV, houve a vinculação dos interesses de uma classe
média (profissionais liberais, cidadãos e pessoas não vinculadas a uma economia de
grosso trato). O livro “Cidadania: um longo caminho” menciona que o primeiro processo de
representatividade cidadã começa em 1820, com a eleição para a Cortes portuguesas.
A restauração se dá num momento de crise. A expansão econômica foi de 1550/70 até
1620/40 – momento de preços satisfatórios do açúcar. Havia a consolidação do mercado
escravo na África, o que favoreceu a estrutura como um todo.
A partir de 1620, os enfrentamentos contra os holandeses, espanhóis e portugueses
resultou em uma instabilidade (desregulamentação) do preço do açúcar. Isso ocorreu,
principalmente, depois que os holandeses saíram do Brasil. Em 1654, os holandeses passam
a produzir seu açúcar nas Antilhas, o que impactou significativamente a produção de açúcar
no Nordeste (Pernambuco, Maranhão, Ceará e Piauí).

 Obs.: Vale mencionar que isso não correu com Bahia e com Rio de Janeiro. Esses são
os três brasis: havia uma divisão entre o Estado do Brasil e Estado do Maranhão e
Grão-Pará.

Na realidade, havia um movimento de crise generalizada. As epidemias de fome estavam


associadas a uma falta de segurança alimentar e a uma obrigatoriedade de abastecimento
das frotas portuguesas que estão no caminho das índias. Além disso, as técnicas eram
insuficientes para a produção, além da falta de excedente. Havia, também, controle sobre
preços tabelados. Tudo isso motivou momentos de fome na América portuguesa.
10m
Ademais, houve um movimento de expansão do gado. Frisa-se que a pecuária é
fundamental como atividade secundária do açúcar. O gado fornece carne, tração e transporte –
daí o pensamento utilitarista. Primeiro, vão os conquistadores, os quais implementam contato
com os indígenas, que podia ser positivo, mas também negativo, haja vista as relações de
dominação, controle e violência.

 Obs.: Muito se fala sobre a grande população afrodescendente na Bahia e nos Estados
Unidos, mas é preciso ter em mente a realidade silenciada da população indígena
ou dos mestiços na cidade. Os índios foram peças fundamentais para o avanço dos
Bandeirantes.
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A pecuária se desenvolve pelo Rio São Francisco (divisa entre Alagoas e Recife), que é
um canal de entrada no território americano. Outras regiões (Piauí, Ceará, Maranhão, São
Paulo, São Vicente, Paraná etc.) também possuíam a pecuária como atividade econômica.
As disputas que envolviam Portugal e Espanha na região da Colônia de Sacramento
fizeram com que Portugal perdesse o seu contato com Buenos Aires. Com o fim da União
Ibérica, os espanhóis acabam limitando, cada vez mais, o acesso à prata boliviana. Assim,
o centro-sul se organizou e montou uma fortaleza em Sacramento. Trata-se de uma cidade
colonial portuguesa, com arquitetura portuguesa, a qual sofreu invasões até que houvesse a
consolidação do Estado Uruguaio. Assim, em outros momentos, essa região já foi espanhola,
argentina, brasileira e luso-brasileira.
O gado foi fundamental para o fornecimento de carne, sobretudo a carne seca, que era
utilizada para o alimento dos escravos.
O tabaco servia como moeda de troca para os africanos. O tabaco de boa qualidade ia
para a Europa e o tabaco de não tão boa qualidade ia para a África. Mas, sendo bom ou não,
o tabaco foi uma atividade secundária tão importante quanto o algodão.
15m
Esses produtos foram alternativas econômicas em relação ao açúcar, que passou por
problemas com a saída dos Holandeses. O tabaco também se desenvolveu nas áreas
litorâneas e teve sua produção aumentada após a saída dos Holandeses.
Vale mencionar que, com o abandono do açúcar, as áreas já limpas e próprias para
a produção eram utilizadas para atividades secundárias. Assim, os pequenos produtores
foram deixando de lado a produção de víveres e passaram a se dedicar à produção de
algodão e tabaco.
No caso da Amazônia – região densamente povoada –, tem-se o avanço nessa direção,
na segunda metade do século XVII. Havia toda uma discussão sobre a inviabilidade
econômica da Amazônia, de um ecossistema fraco e da existência de cidades. Na verdade,
a região amazônica tinha cidades gigantescas, grande população e engenharia de produção.
Se um grupo fosse se deslocar adiante, primeiro ia um posto destacado e produzia as
drogas do sertão (guaraná e açaí, por exemplo). Em seguida, ocorria o deslocamento das
outras pessoas.
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Há quem diga que a Amazônia foi pensada e dominada por uma lógica de ocupação
bastante equilibrada. Não houve uma obra pura e simplesmente do acaso, mas sim uma
população que souberam manejar plantas e víveres para a sua sobrevivência e proporcionar
o surgimento de cidades.

 Obs.: Existem poucos registros dessas cidades nos dias atuais, mas o desmatamento
da Amazônia tem nos mostrado que esses registros existem. No Acre, em vários
momentos, surgem registros arquitetônicos e arqueológicos.

Com as dificuldades inerentes a essa região, a presença dos jesuítas criou uma rede
de solidariedade entre as populações. Em algum momento, as cidades montadas por
portugueses na Amazônia tiveram problemas, inclusive com invasões de formigas. Algumas
cidades foram abandonadas com o avanço absurdo de formigas, inviabilizando a habitação.
Belém surgiu em 1616 e é a foz do Amazonas. A região era uma garantia de controle
dos que iam navegar, ou não, no Amazonas. Nessa época, já era sabido que era possível
navegar até o Bolívia e Peru.
20m
Muitas aventuras partiram de São Paulo, desembocaram em Belém e passaram pelo
planalto central. Algumas cidades próximas ao distrito federal começaram a surgir desde os
séculos XVII e XVIII.
O Rio de Janeiro era o celeiro da Colônia. O excedente de produção do RJ alimentava
outras regiões portuguesas na américa.

Século XVII

 Obs.: Diferença entre as entradas e bandeiras: as entradas eram expedições públicas e


financiadas pela coroa; as bandeiras eram expedições privadas.

Vale salientar que, nessa época, não se chamava de bandeiras, que foi uma nomenclatura
posterior. Na época, falava-se em expedição. As expedições ora tinham apoio público
da Coroa portuguesa, ora eram os próprios locais, especificamente de São Paulo, que
adentravam no interior, auxiliados pelos indígenas.
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Cabe destacar que os indígenas, já associados a essa dinâmica relacional com os


portugueses, não viam a guerra como algo excepcional na sua vivência. Os indígenas tinham
os inimigos e utilizavam a presença dos portugueses para enfraquecer, destruir e inviabilizar
a força dos seus inimigos.
Basicamente, o bandeirismo era feito de ações privadas. O maior interesse era pela busca
de metais preciosos. Em outros momentos, o interesse também foi a captura de indígenas,
principalmente os indígenas em aldeias jesuíticas.
Vale destacar que a Holanda fez com que houvesse uma instabilidade no fornecimento de
mão de obra escrava. Em um primeiro momento, os indígenas capturados eram colocados à
disposição da própria produção do centro-sul. É por isso que o RJ é conhecido como o celeiro
do Brasil.
Todavia, com a falta da mão de obra africana e escrava, tem-se o fornecimento dos
indígenas. Esses indígenas aldeados já eram contactados e já falavam a língua ou possuíam
certo conhecimento.

 Obs.: O tupi foi uma língua amplamente utilizada, e vários levantamentos apontavam para
a necessidade de se falar português para que não houvesse o desenvolvimento de
uma nova língua.

Os jesuítas alimentavam a ideia de se falar uma língua franca, o tupi-guarani. Os


indígenas já tinham um certo entendimento de determinados padrões culturais, produtivos e
econômicos dos portugueses.
Os aldeamentos foram muito investigados pelos espanhóis.
25m
Não é necessário dizer que os jesuítas não gostaram do avanço dos colonos, o que
gerou enfrentamentos e reclamações. Destaca-se que a Coroa portuguesa teve que se
posicionar contra a escravização dos indígenas.
De acordo com Goes Filho: “as bandeiras, apesar de terem tido imensas consequências
políticas, foram basicamente um movimento de inspiração econômica local”.
A nomenclatura “bandeiras”, assim como as “entradas”, é da historiografia posterior.
Na América portuguesa, a tradução era oral. Havia poucos letrados no Brasil, o que
ainda é visto hoje em dia. As universidades e os cursos superiores só apareceram no
século XIX no Brasil.
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A ideia de oralidade remete à falta de documentação, pois não havia jornal nem
revista naquela época.
As rotas nas quais os bandeirantes passavam eram antigas trilhas indígenas. Inclusive,
há uma rota que ligaria Santa Catarina até o Império Inca. Há quem diga que essa rota já era
toda pavimentada para garantir o deslocamento rápido de pessoas, armas e mantimentos.
Assim, percebe-se que a extensão do Império Inca chegava até o litoral da América do Sul.
Os bandeirantes, sabendo disso, e com o apoio dos indígenas, utilizavam as rotas mais
antigas para avançarem no território.
O que eles argumentavam era a busca pelos “negros da terra” (indígenas) e metais
preciosos.
Houve o avanço dos jesuítas e espanhóis no Paraná (Guairá), Mato Grosso (Itatim)
e Rio Grande do Sul (Tape e rio Uruguai). Essas regiões já eram ocupadas por jesuítas
espanhóis. Era contra eles que os bandeirantes tinham uma preferência. Já não havia mais,
na segunda metade do século XVII, a União Ibérica. Assim, a rivalidade entre os portugueses
e espanhóis foi alimentada.

O PULO DO GATO
Os tratados são importantes, pois sempre são objeto de cobrança nos concursos públicos
em todos os anos.

30m
No século XVII, havia uma pobreza generalizada entre os bandeirantes paulistas. Laura
de Melo e Souza, em o “Sol e a Terra”, na década de 80, pesquisou e discutiu a generalização
da pobreza. Essa ideia de pobreza generalizada foi vista não somente no século XVII, mas,
principalmente, no século XVIII, o século do ouro. Assim, a realidade era de pobreza, e não
de um Estado abastado.
Temos a dimensão política da materialidade de “Ilha Brasil”, seguindo a noção de unidade
territorial dos tupis-guaranis.
Os tupis-guaranis falavam que havia uma configuração natural e uma continuidade
de terra no interior. Isso serviu de justificava para as argumentações portuguesas nas
assinaturas dos tratados.
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O Tratado de Madrid traz a ideia de que há um território natural, que envolve a Bacia do
Rio da Prata e a Bacia amazônica. Essas duas bacias estão conectadas e haviam fronteiras
naturais que separavam a América espanhola e a América portuguesa. Foi essa a justificativa
para que o Brasil avançasse territorialmente na assinatura do Tratado de Madrid.

Lenda Branca ou Lenda Negra?


Na consolidação do século XVII, havia uma série de narrativas que dão conta dos
estereótipos que os portugueses e espanhóis assumem. Isso é o que chamamos de lenda
negra. Trata-se de uma continuidade de histórias, estereótipos e posicionamentos que
ficam na historiografia e na literatura (o avanço negativo de portugueses, a mortalidade de
indígenas, as doenças que eles trouxeram etc.).

Obs.: No século XVII, tem-se um nível menor na mortalidade dos indígenas. A partir do
século XVII, principalmente nas possessões americanas espanholas, a mortalidade
volta a crescer. Assim, há uma queda e, depois, uma retomada.

Os bandeirantes trouxeram um alargamento territorial do país, a escravização em larga


escala dos indígenas e a destruição das missões jesuíticas espanholas. Assim, todas as
regiões ocupadas pelos espanhóis sofreram um despovoamento. O gado produzido pelos
jesuítas nessas regiões, quando da chegada dos bandeirantes, irá fugir para os campos
(Pampas).
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É exatamente o gado chimarrão que será capturado e fornecido para os currais do sul.
Os bandeirantes também promoveram a descoberta de metais preciosos, um melhor
conhecimento orográfico e hidrográfico do interior e a constituição de um núcleo de poder
autóctone. Isto é, houve um fortalecimento do poder local (das pessoas nascidas no Brasil e
não vinculadas às famílias portuguesas).

Século XVI — XVIII


Disputas no Prata: Buenos Aires (1536 – 1540 e 1580), Colônia de Sacramento (1680)
e Montevidéu (1726). A refundação de Buenos Aires, em 1580, contou com a presença dos
paulistas.
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A ocupação do Norte se deu no Estado do Maranhão. Nesse momento, havia dois


Estados: o Estado do Brasil (com capital em Salvador) e:

• Primeiro: Maranhão (com capital em São Luís – 1621/1622);


• Depois: Maranhão e Grão-Pará (1654); e
• Por fim: Estado do Grão-Pará e Maranhão (com capital em Belém – 1751).

Em 1774, já no contexto do Marquês de Pombal, acaba-se com a discussão do que é o


Brasil e o Estado do Grão-Pará. De certa maneira, essa distinção mostra a complexidade
e a heterogeneidade da nossa história e configuração enquanto local de presença
portuguesa.

Monções
Destacam-se dos bandeirantes pela sua regularidade. As monções eram expedições
fluviais, compostas por comboios de canoas, ligando São Paulo ao Centro-Oeste
minerador, à Bacia do Prata e à Bacia do Amazonas.
Essas expedições dependiam das cheias dos rios.

 Obs.: Não haviam formas terrestres para chegar a essas regiões. É por isso que a guerra
do Paraguai está associada à livre navegação do Rio da Prata.

Nas monções, havia momento exato para saída e para chegada, o que não ocorria
com as bandeiras.
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Mapa Econômico do Brasil – Século XVII

40m

Hoje, a área de mata-atlântica é muito reduzida justamente por causa da grande


exploração do pau-brasil.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Frederico Castilho Tomé.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conte-
údo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.

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