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I. ORIGEM DO CADASTRO
No Brasil, a Lei de Terras (Lei n° 601, de 18 de setembro de 1850) determinou a
criação do primeiro cadastro de imóveis brasileiro: o registro do vigário. Este cadastro
não poderia ser utilizado como prova de domínio pois se tratava de mera declaração que
os vigários precisavam registrar, inclusive se contivesse erros.
Mas só a partir do Estatuto da Terra (Lei nº 4.504, 30/11/64) que nasceu o
Cadastro de Imóveis Rurais na sua acepção moderna, que previa um conjunto de
informações do imóvel, como sua situação dominial; localização geográfica; área
ocupada e nome dos confinantes; valor da terra; tipo de exploração; vias de acesso e
distância da cidade.
O Estatuto também se preocupou em dar duas novas preocupações ao imóvel,
uma social e outra ambiental.
O Decreto nº 55.891, de 31/03/65 estabeleceu como finalidades para o cadastro:
I – levantar critérios de lançamento fiscais; II – conhecer a estrutura fundiária
vigente do país para subsidiar a Política Agrícola; III - obter dados que orientem os
órgãos de assistência técnica e creditícia em relação aos lavradores e pecuaristas; IV –
conhecer a disponibilidade de terras públicas para fins de colonização e para
regularização da situação dos posseiros.
Observar, aqui, que o cadastro vai muito além de um mero instrumento de
natureza fiscal, mas também um instrumento capaz de fornecer informações da
realidade agrária e de dar suporte ao planejamento da política agrícola e de
regularização fundiária.
Também houve uma preocupação com a concentração de terras, já que o §3º do
art 46 previu a necessidade de agrupar os vários imóveis rurais que pertençam a um
único proprietário, ainda que situados em municípios distintos. Apesar disso, o
resultado do Censo de 2006 mostra uma concentração enorme de propriedades, onde os
grandes estabelecimentos que somam apenas 0,91% do total de estabelecimentos rurais
concentram 45% de toda a área rural do país. Além disso, em 2003, 51,6% das
propriedades eram acima de mil hectares, em 2010 essa porcentagem cresceu para
56,1%.
A importância do cadastro como instrumento de controle da situação fundiária
fez com que esta declaração passasse a ser obrigatória em todos os casos de
transferência dos imóveis (inter vivos ou causa mortis). Bem como a necessidade de
atualização constante do cadastro, incluindo “novas propriedades” na medida em que
forem sendo incorporadas e a realização de revisões gerais quinquenais do cadastro.
Esses desmembramentos e transmissões teriam um prazo de 60 dias para serem
comunicados aos órgãos competentes para fins fiscais.
O Decreto nº 55.891 (31/03/65), criou as Unidades Municipais de
Cadastramento para massificar esses registros e auxiliar o INCRA na coleta de
informações. A ideia era cadastrar não apenas imóveis particulares, mas terras públicas,
de posseiros, as terras devolutas identificadas e até as terras indígenas e Unidades de
Conservação.
Já a Lei nº 10.267 (28/08/01) trouxe a criação de um Cadastro Unificado e a
necessidade de apresentar, em prazos estabelecidos, a identificação dos imóveis rurais,
nos casos de seu desmembramento, parcelamento ou remembramento, bem como um
memorial descritivo: “contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos
imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, exceto os imóveis
com até 100 ha”.
Foi criado o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais – CNIR pelo Art. 2º da Lei nº
10.267/2001 que alterou o Art. 1º da Lei nº 5.868 /1972, com isso, surgiu a
possibilidade de se conhecer não só “quem tem direito” à terra, isto é, quem declara
possuir aquele imóvel, mas onde aquele bem se localiza exatamente na superfície
terrestre.
Também foi criada a exigência de comunicação mensal cartorária ao INCRA
informando qualquer modificação envolvendo imóveis rurais, inclusive os destacados
do patrimônio público. O professor coloca em xeque essa medida, pois afirma que as
informações não estão acessíveis.
O TCU, no Acórdão 1942 (05/08/2015) (p. 19) afirma que as informações
cadastrais permanecem precárias pois a indisponibilidade de dados suficientes,
confiáveis e relevantes sobre a destinação e a ocupação de terras públicas e privadas
dificulta o planejamento das políticas públicas e a participação dos demais atores
interessados na temática de território, solo e água, além de também dificultar a medição
de progresso e de conquistas das políticas públicas.
A disponibilidade de informações confiáveis e atualizadas permitiria planejar de
maneira mais apropriada estas políticas. Atualmente a atualização é realizada
anualmente ou a qualquer tempo por meio da Declaração para Cadastro Rural – DCR
eletrônica que permite ao próprio titular de imóvel, ou seu representante legal, realizar
as atualizações cadastrais referentes ao imóvel rural e emitir on line o Cadastro de
Imóveis Rurais - CCIR, bem como acompanhar o andamento de declarações de cadastro
transmitidas.
O professor também cita o problema de uma base de dados cartográfica
deficiente, desatualizada e que precisa de investimento maciço, pois não ajuda a avançar
no conhecimento do cenário real fundiário do país.
3. Do Ministério da Fazenda
a. Sistema de Cadastro Fiscal de Imóveis Rurais - cobrança do Imposto
Territorial Rural (ITR) e gestão patrimonial.
b. Declaração sobre Operações Imobiliárias (DOI)
Outros complicadores:
1. Exigências temporais de implementação não cumpridas (CAR 2013 e 2019).
2. Base de dados integrada (Apenas INCRA e Receita começaram)
3. Transparência e o Programa Bem Mais Simples Brasil.