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FORMAÇÃO DE AMAS CRIAR CRIANÇAS | FORMAR ADULTOS

2015
0
Índice

Introdução……………………………………………………………………………….…….4

Factores fundamentais para o sucesso da formação .................................... 5


MÓDULO 1 – CUIDADOS NÃO PARENTAIS E O PAPEL DA AMA ................ 6
A importância dos cuidados não parentais ................................................. 7

Ética e Postura Profissional da Ama .......................................................... 8

MÓDULO 2 – DESENVOLVIMENTO GERAL DA CRIANÇA ........................ 11


Desenvolvimento Infantil ......................................................................... 12

Enquadramento do Desenvolvimento Motor………………………...……………14

Desenvolvimento Motor da Criança – 0 aos 6 anos ................................... 19


Desenvolvimento Geral – 3 aos 6 Anos ..................................................... 19

Desenvolvimento Psicossocial, Linguagem e Autonomia Infantil ................ 20

Desenvolvimento Cognitivo – 0 aos 6 anos ............................................... 21

Sugestões para quem trabalha com bebés e crianças ............................... 28

MÓDULO 3 – DEFICIÊNCIAS SENSORIAIS E COMPORTAMENTAIS ......... 25


Enquadramento ...................................................................................... 26

Alguns sinais de alerta que podem apontar para um atraso de desenvolvimento


sociocognitivo ......................................................................................... 26

A Importância da Visão ........................................................................... 27

O Albinismo............................................................................................ 35

A Criança Hiperactiva ................................... Erro! Marcador não definido.

O Sono – Hábitos, Rituais e Medos .......................................................... 41

Pesadelos…………………………………………………………………………………..45

Stress, Insónia na Criança e Enurese ...................................................... 46

Quantas horas deve dormir uma criança? ...... Erro! Marcador não definido.

Tabela do sono desde o nascimento até aos 12 anos de idade ................... 48

MÓDULO 4 – ALIMENTAÇÃO INFANTIL…………………………………......……43


Nutrição no Primeiro Ano de Vida ............................................................ 50

Dez Passos para uma Alimentação Infantil Saudável ................................ 58

1
Alergias Alimentares ............................................................................... 60

Saúde Bucal ........................................................................................... 62

MÓDULO 5 – MEDICINA PREVENTIVA E PRIMEIROS SOCORROS .......Erro!


Marcador não definido.
Paludismo ………………………………………………………………………………...67

Dengue .................................................................................................. 69

Chicungunha ou Catolotolo ..................................................................... 72

Doença de Sono ...................................................................................... 73

Febre ..................................................................................................... 76

Convulsão Febril ..................................................................................... 40

Convulsão Febril ..................................................................................... 40

A Vacinação............................................................................................ 79

Cartão de Vacinação ............................................................................... 81

Prevenção de Acidentes Domésticos…………………………………………………74

Primeiros Socorros pediátricos ………………………………......………………… 77

Acidentes Infantis mais comuns – 0 aos 3 Anos ....................................... 82

Acidentes Infantis mais comuns – 3 aos 6 Anos ....................................... 83

Acidentes Infantis mais comuns – A partir dos 7 Anos .............................. 84

MÓDULO 6 – Brincadeiras e Birras ...................................................... 107


O Lúdico e a Ludicidade …………………………………………………………. 108
A Brincadeira para o Desenvolvimento do Bébé dos 0 aos 12 meses ..... 112
SOS Birras ………………………………………………………………………….. 114

2
NOTA: Este manual foi concebido para apoio ao Curso Piloto de Amas em Benfica – Luanda
– Angola - realizado na Escola Nacional de Formação de Técnicos de Serviço Social e
ministrado por Amélia Andrade.

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INTRODUÇÃO
Os primeiros seis anos de vida são extremamente importantes no desenvolvimento
de uma criança. Nesta fase, os pais precisam de contar com o auxílio de
profissionais eficientes, sensíveis, conscientes e que tenham apreço à sua função.
Esta formação visa aumentar a consciência profissional, a humanização do trabalho
e ampliar a comunicação entre os pais e as Amas, o que garante a todos uma maior
tranquilidade.

Esta formação tem a finalidade de fornecer a estes profissionais todas as


informações necessárias para os cuidados com a criança nos seus primeiros nove
anos, permitindo maior eficiência e técnica no seu trabalho e maior retorno às
famílias.

Um dos objectivos do Ministério de Assistência e Reinserção Social da República de


Angola (MINARS) é de capacitar profissionais para responderem de uma forma
profissional e competente às exigências do mercado, no que diz respeito ao cuidar
de crianças.

Para o efeito, a Secretaria-Geral tem a incumbência de planificar, anualmente, a


realização de um conjunto de cursos técnico-profissionais, de âmbito social para
responder as necessidades específicas de formação, cuja vocação orienta-se para o
atendimento a crianças, bem como para a educação e promoção das comunidades.

A actual modernização e as mudanças da Administração Pública, a nova e vasta


legislação que foi publicada, a série de medidas implementadas em domínios como
o sistema de vínculos, carreiras e remunerações, o sistema de avaliação de
desempenho, o controlo de novas admissões, entre outros, contribuíram para que
se tornasse urgente e indispensável uma actualização em matéria de formação
profissional.

Neste contexto, é necessário um esforço, por parte dos trabalhadores, para se


adaptarem a novas exigências profissionais: novos princípios, novos procedimentos
e novos métodos de trabalho.

Assim, com a implementação do presente Plano de Formação, pretende-se atingir


os principais e seguintes Objectivos:

 Melhoria contínua do desempenho do efectivo do Sector;

 Melhoria do desempenho individual;

 Mudança comportamental;

 Aumento da motivação profissional.

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MÓDULO 1

CUIDADOS NÃO PARENTAIS E O PAPEL DA AMA

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A importância dos cuidados não parentais

Do que se trata?
Para examinar o impacto de cuidados não
parentais sobre o desenvolvimento de crianças
muito pequenas, é necessário definir cuidado
não parental e qualidade do cuidado.

Cuidado não parental pode ser definido


simplesmente como o cuidado da criança por
pessoas que não pertencem à família, seja na
própria casa, na casa de outras pessoas, ou
numa instituição que possa oferecer à criança cuidados e oportunidades de
aprendizagem que complementem ou suplementem os cuidados oferecidos em casa.

O cuidado não parental pode incluir também serviços de apoio a pais que
trabalham e, em alguns casos, pode contribuir para reduzir o número de crianças
que vivem em situação de pobreza, e oferecer proteção temporária a crianças que
correm risco de abuso na família. Se esse atendimento pode ou não promover o
desenvolvimento social e emocional da criança é uma questão que depende da
qualidade do cuidado oferecido.

A qualidade do cuidado é definida não como a forma de cuidado – por exemplo, em


casa ou em uma instituição –, mas no provimento de relações afetuosas, de um
ambiente estimulante e de condições básicas de saúde e segurança.

Ética e Postura Profissional da Ama

Comportamento Social da Ama


Observe os seguintes aspectos:
 Falar sempre em tom moderado;
 Evitar assuntos íntimos e lembrar que a relação com os patrões não é de
amizade e sim profissional;
 Manter postura adequada em público;
 Evitar nas horas de trabalho conversas com outros profissionais (cozinheira,
jardineiro, porteiro, etc...);
 Nunca fornecer informações sobre a rotina da família e da criança;
 Nunca fornecer números de telefones sem autorização dos patrões;
 Utilizar os cumprimentos e saudações adequadas no dia-a-dia;
 Perguntar sempre que tiver dúvidas a respeito do seu procedimento como
ama;
 Registar por escrito os acontecimentos diários na vida da criança e relatar
aos pais qualquer ocorrência inesperada. (ver anexo Ficha e Trabalho da Ama
no final do módulo 1)

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Boas Maneiras e Imagem Cuidada
Alguns aspectos relacionados com a postura e a imagem são importantes, tais como:
 Roupa ou uniforme impecável e discreto (evitar decotes e peças justas);
 Sapatos baixos ou sapatilhas;
 Cabelo limpo e preso;
 Tonalidades discretas para cabelos pintados;
 Unhas curtas e bem cuidadas, somente com base;
 Não usar bijuterias;
 Não usar perfumes e desodorizantes fortes;
 Cuidar do hábito e da escovação dental;
 Não usar piercing.

Festas e Aniversários
Em ambiente de festas, a profissional deve manter postura adequada, lembrar-se
que está a trabalhar e que está a ser observada por outras pessoas. Portanto, é
importante ficar atenta a aspectos como:

 Alimentar-se com educação e moderação;


 Participar das actividades e brincadeiras junto da criança;
 Não se afastar da criança em nenhum momento, pois a mesma está sob a
sua responsabilidade;
 Não ficar responsável por nenhuma outra criança, a pedido de outras
pessoas;
 Não deixar a criança aos cuidados de outra pessoa;
 Ser sociável, mas não se distrair com conversas paralelas;
 Algumas profissionais recebem uniforme próprio para festas.

Uso do Telefone
A profissional não deve atender ligações no telemóvel durante o dia para não
prejudicar o cuidado da criança.
Se houver telefone fixo, este deve ser usado somente em casos de emergência ou de
forma rápida, sempre com o conhecimento dos patrões.

Viagens
Quando a ama acompanha a família em viagens, deve usar sempre o uniforme,
evitar roupas curtas e provocantes, como shorts, bermudas, mini-saias, decotes,
etc., mesmo que seja em praias. Se utilizar fato de banho, este deve ser inteiro, do
tipo indicado para natação. Usar também um creme protector solar.
É importante saber que em datas comemorativas como Natal, Ano Novo, Carnaval,
etc., a ama não tem folga, pois são períodos de descanso familiar onde os seus
serviços são mais necessários. Quando a família tem como hábito viajar nos finais
de semanas para fora da cidade, conta com a presença da profissional, excepto na
sua folga.

7
Questões para reflectir
1. Saber lidar com tensão própria;
2. Disfarçar seus sentimentos negativos;
3. Ouvir as crianças;
4. Valorizar as emoções das crianças;
5. Permitir que a criança corrija seus erros;
6. Parar, acalmar-se e pensar antes de agir;
7. Avaliar o significado emocional dos
acontecimentos;
8. Ser suave;
9. Nunca fazer uso de ameaças;
10. Estabelecer os limites sem ter que ser autoritária;
11. Não permitir que seu estado emocional direcione suas atitudes e seus actos;
12. Oferecer tranquilidade às crianças;
13. Procurar compreendê-las;
14. Favorecer a independência das crianças;
15. Proporcionar a harmonia da casa;
16. Não criticar, nem humilhar as crianças;
17. Elogiar;
18. Não impor desejos pessoais e ouvir os outros funcionários da casa;
19. Ser tolerante;
20. Acreditar nas crianças;
21. Ser presente;
22. Conquistar a confiança das crianças;
23. Incentivar;
24. Dar colo;
25. Olhar nos olhos;
26. Procurar conhecer mais profundamente a criança, respeitando assim a sua
individualidade;
27. Saber reconhecer os seus erros;
28. Procurar estabelecer com os pais uma relação saudável, com respeito e
confiança;
29. Não ceder às chantagens das crianças;
30. Não permitir que os pais verbalizem comportamentos inadequados, na frente da
criança;
31. Não falar sobre a criança com os pais, na presença das mesmas;
32. Procurar uma mudança na qualidade da comunicação, como: conversar e não
bater; falar baixo e não gritar; pedir desculpas; agradecer; pedir por favor...
33. Não discutir com qualquer pessoa, na presença das crianças;
34. Não tecer comentários inadequados sobre os pais da criança;
35. Não assustar as crianças, com assuntos sobre morte, fantasmas, velho do saco,
bicho papão...
36. Apresentar a mesma postura com a criança, independente da presença ou não,
de outra pessoa;
37. Evitar que a criança fique ociosa;

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38. Mostrar-se segura e tranquila;
39. Dirigir-se à criança chamando-a pelo nome;
40. Demonstrar empatia;
41. Ouça a criança; não a trate como um ser que não sabe o que quer e o que diz;
42. Deixar bem claro, que você está ali para ajudá-la;
43. Ser tolerante com os familiares, para que a criança não se sinta mais insegura;
44. Usar os familiares a seu favor; tranquilizando-os e solicitando ajuda deles,
quando necessário;
45. Explicar à criança tudo o que fizer;
46. Evitar falar na frente dela, com os familiares, principalmente quando se tratar
de questões desagradáveis;
47. Procurar falar com a criança na mesma altura dela;
48. Não tratá-la como se fosse menor ou maior do que é;
49. Não assegurar coisas que não dependem de si, como: vamos no domingo ao
shopping, vamos brincar no parque...
50. Não dizer que não chore;
51. Quando se mostrar agressiva, seja paciente, mas diga-lhe que não vai deixar que
ela lhe magoe, assim como não irá magoá-la em momento algum;
52. Procure ser autêntica e estável;
53. Mostre-se disponível.
54. Não interrompa a sua conversa;
55. Quando não conseguir resolver algumas situações peça ajuda aos pais;
56. Garanta que aconteça o que acontecer estará sempre do lado dela;
57. Mostre sempre o quanto ela é importante;
58. Não tenha vergonha de pedir desculpas. Isso é importante, ela precisa saber que
é natural cometer erros mas que é possível repará-los;
59. Mostre que se interessa pelas coisas dela;
60. Respeite seus sentimentos;
61. Seja maduro, ou pelo menos procure ser;
62. Não deixe que entenda que não pode confiar em si;
63. Procure acalmá-la nos momentos de cólera, não a deixe mais agitada com gritos
e ameaças;
64. Mostre-se tranquila e bem-humorada se a deixar na escola;
65. Mostre que acredita nela;
66. Considere as intensões, embora mostre que é preciso ter cuidado;
67. Procure acalmá-la quando: entornar sumo, deixar cair algo, Nesse momento ela
precisa de ajuda;
68. Quando for buscá-la à escola, pergunte como foi o seu dia, se ocorreu algo novo;
69. O limite deve ser dado com clareza;
70. Respeite a raiva enquanto sentimento, mas não deixe que a expresse como
quiser. Ajude-a mudar de atitude;
71. Procure fazer com que a relação entre as duas seja harmoniosa;
72. Tenha paciência e determinação;
73. Avalie cada momento separadamente. Não pense que toda reacção tem a mesma
causa;
74. Quando se magoar procure acalmá-la e mostre que está ali para a ajudar.

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Ética e a Postura Profissional da Ama

Ter uma postura ética no trabalho compreende determinadas atitudes,


tais como:

 Nunca introduzir alimentos novos ou medicação sem o


conhecimento prévio da família.
 Não gritar, assustar ou chantagear a criança.
 Não impor castigos, bater ou ameaçar a criança com superstições,
crenças populares, mitos folclóricos, (homem do saco, bicho-
papão, etc.).
 Não comentar assuntos íntimos da criança ou fornecer dados da
família.
 Não fazer comentários com outras pessoas.
 Não mentir à criança, pois não consegue estabelecer uma relação
de confiança.
 Não mentir ou esconder factos à família.
 Não justificar erros que possa ter cometido e sim aceitar e reparar
o ocorrido.
 Não usar a imagem da criança para se auto promover (caso de
pais famosos).
 Manter a discrição e o silêncio quando presenciar brigas ou
discussões entre os familiares.
 Não disputar a atenção ou afecto da criança com os pais.
 Não competir com os pais, pois a relação deve ser profissional.
 Quando sentir indisposição ou mal-estar físico, comunicar à
família, evitando comprometer negativamente o seu
relacionamento.
 Manter a alegria e o optimismo que ajudam muito nas relações
interpessoais.
 Comunicar com antecedência quando desejar demitir-se da
função e de preferência afastar-se de uma forma gradual da
criança para não causar traumas maiores. Afinal, para a criança
é difícil compreender como alguém entra e sai na sua vida.

Anexo
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FICHA DE TRABALHO DA AMA

Data de Admissão da
criança:
Nome da criança:

Idade actual:

Nome da Mãe:

Nome do Pai:

Telefone da Mãe:
Telefone do Pai:
Nome de outra pessoa
responsável pela criança:
Telefone do responsável:

Morada de Família:

Medicamentos a usar:

Alergias:

Intolerâncias Alimentares:

Cuidados Especiais:

Médico ou Clinica:
Telefone de Médico ou
Clinica:
Morada:

Outras Notas sobre a


Criança:

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MÓDULO 2

DESENVOLVIMENTO GERAL DA CRIANÇA

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Desenvolvimento Infantil

A criança deve atravessar cada estádio de desenvolvimento segundo uma sequência


regular, ou seja, os estádios de desenvolvimento cognitivo são sequenciais.
Se a criança não for estimulada ou motivada no devido momento, ela não conseguirá
superar o atraso do seu desenvolvimento.

Afinal, o desenvolvimento infantil dá-se à medida que a criança vai crescendo e vai
se desenvolvendo de acordo com os meios onde vive e os estímulos deles recebidos.

Aspectos do Desenvolvimento da Criança - 0 aos 6 anos


15 DIAS
Entre 1 e 2 meses: predomínio do tónus flexor, assimetria postural e preensão
reflexa.
Reflexos:
 Apoio plantar, sucção e preensão palmar: desaparecem até o 6º mês.
 Preensão dos artelhos (tornozelos): desaparece até o 11º mês.
 Reflexo cutâneo plantar: obtido pelo estímulo da parte lateral do pé. No recém-
nascido, desencadeia extensão do dedo grande do pé. A partir do 13º mês,
ocorre flexão do dedo grande do pé. A partir desta idade, a extensão é patológica.
 Reflexo de Moro: medido pela forma de segurar a criança pelas mãos e libertar
bruscamente os seus braços. Deve ser sempre simétrico. É incompleto a partir
do 3º mês e não deve existir a partir do 6º mês.
 Reflexo tónico-cervical: rotação da cabeça para um lado, com consequente
extensão do membro superior e inferior do lado facial e flexão dos membros
contra laterais. A atividade é realizada bilateralmente e deve ser simétrica.
Desaparece até ao 3º mês.
1 MÊS
Entre 1 e 2 meses: melhor percepção de um rosto, medida com base na distância
entre o bebé e o seio materno.
2 - 4 MESES
Perto dos 2 meses inicia-se a ampliação do seu campo de visão (o bebé visualiza
e segue objectos com o olhar).
Entre 2 e 3 meses: sorriso social.
Aos 3 meses: o bebé adquire a noção de profundidade.
Entre 2 e 4 meses: o bebé fica de bruços, levanta a cabeça e os ombros.
Aos 4 meses: preensão voluntária das mãos.
4 - 6 MESES
Entre 4 a 6 meses: o bebé vira a cabeça na direção de uma voz ou de um objecto
sonoro.
Perto dos 6 meses: inicia-se a noção de “permanência do objecto”.
6 – 12 MESES
A partir do 7º mês: o bebé senta-se sem apoio.
Entre 6 e 9 meses: o bebé arrasta-se, gatinha.
Entre 9 meses e 1 ano: o bebé gatinha ou anda com apoio.
Perto do 10º mês: o bebé fica em pé sem apoio.
12 MESES
Perto de 1 ano: o bebé possui a capacidade visual de um adulto.

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Entre 1 ano e 1 ano e 6 meses: o bebé anda sozinho.
18 MESES
Entre 1 ano e 6 meses a 2 anos: o bebé corre ou sobe degraus baixos.
2 ANOS
Entre 2 e 3 anos: o bebé diz seu próprio nome e nomeia objectos como seus.
Perto dos 2 anos: o bebé reconhece-se no espelho e começa a brincar ao faz de
conta (atividade que deve ser estimulada, pois auxilia no desenvolvimento
cognitivo e emocional, ajudando a criança a lidar com ansiedades e conflitos e a
elaborar regras sociais).
Entre 2 e 3 anos: os pais e amas devem começar aos poucos a retirar as fraldas ao
bebé e a ensiná-lo a usar o bacio.
4 - 6 ANOS
Entre 3 e 4 anos: a criança veste-se com ajuda.
Entre 4 e 5 anos: a criança conta ou inventa pequenas histórias.
O comportamento da criança é predominantemente egocêntrico; porém, com o
passar do tempo, outras crianças começam a tornar-se importantes.
A sua memória e a habilidade com a linguagem aumentam.
Os seus ganhos cognitivos melhoram a capacidade de tirar proveito da educação
formal.
A partir dos 6 anos: a criança passa a pensar com lógica, embora esta seja
predominantemente concreta.

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Enquadramento do Desenvolvimento Motor
Por estranho que possa parecer, aprender a andar, a correr e a saltar, começa pela
aprendizagem do controle da cabeça. Assim, quando por volta das 4 semanas de
idade o bebé começa a erguê-la, estará a assistir aos seus primeiros esforços para
andar.
Como todo o desenvolvimento, a progressão dirige-se dos pés para a cabeça.
Assim o controle da cabeça é a primeira fase, e é essencial.
Tenha sempre em conta que os bebés são únicos. O seu desenvolvimento depende
de muitos factores (saúde, ambiente, ausência geral de afectos, experiências e de
estímulos).

Dicas para facilitar a locomoção


Esta é a primeira dica porque é também motivo de ansiedade dos pais. Não há uma
idade certa para a criança andar, e sim um período - entre 10 e 18 meses - para que
isso aconteça. Se o bebé só deu os primeiros passos sozinho com 1 ano e 4 meses,
e o da sua irmã com 1 ano, não quer dizer que ele tem um atraso neurológico ou
neuro motor ou que foi pouco estimulado. É o tempo dele! Apenas isso.

Deixe-o explorar
Deixe o bebé experimentar o chão, fazer suas próprias distâncias, procurar os
melhores caminhos, descobrir texturas com os pés e as mãos. Fique sempre por
perto.

Incentive
Você pode, por exemplo, colocar-se a um metro da criança e chamá-la. Ela irá
esforçar-se para chegar até si. Também pode ajudá-la a ficar em pé na ponta do sofá
para que caminhe até à outra ponta – onde você espera por ela. Usar brinquedos é
outra dica. Afaste-os para que a criança, aos poucos, tente agarrá-los.

Com as suas mãos


Eles adoram! Segure as duas mãozinhas do bebé e vá caminhando junto com ele.
Depois, segure apenas uma, até que ele se sinta seguro e você consiga soltar a outra.
Tenha calma. Isso pode não acontecer na primeira vez. Segure a ansiedade!

Dê segurança
A posição ereta e os primeiros passos significam um novo mundo para o bebé. A
capacidade de locomoção leva-o a arriscar-se – é aí também que a sua atenção será
decisiva. Se o bebé tropeçar ou derrubar algo, alerte-o de forma carinhosa. Gestos
ou palavras agressivas ou impacientes podem retrair a criança e até atrasar o seu
desenvolvimento motor.

Não o assuste
OK. Assusta ver aquele bebé a andar todo desengonçado ao ponto de cair a qualquer
momento. Mas a sua postura é fundamental para que ele não tenha medo (isso pode
até atrasar o tempo de ele andar). Se por acaso, cair para trás e bater com a cabeça,

15
socorra-o, mas sem desespero. Então, conforte-o e observe se não fica sonolento ou
vomita. Se perceber qualquer modificação no seu comportamento, informe
imediatamente os pais.

Esqueça o andarilho
Além de ser responsável por acidentes com crianças, este acessório, diferente do
que se imagina, não estimula a criança a andar. Ao contrário. O andarilho pode
atrasar o desenvolvimento psicomotor do bebé, fazendo com que leve mais tempo
para ficar de pé e caminhar sem apoio. Isso sem falar que ele encurta uma etapa
importante, o gatinhar.

Calçado ideal?
Ténis moles, confortáveis e do tamanho certo.

Um lugar diferente
Leve a criança a passear num parque ou num jardim. Um bichinho ou uma folha
grande de árvore pode despertar a sua curiosidade e ser um estímulo para que
queira andar e o melhor é, se possível, deixá-lo descalço. Além de dar melhor
aderência, ao sentir o chão ele sente-se mais seguro. Meias antiderrapantes também
são boas opções, principalmente para os dias frios. Esqueça calçados duros demais.

Sobre quinas, móveis e mais


É preciso ficar atento a tudo a que a criança tiver alcance (exemplo: uma toalha de
mesa que pode puxar, quinas de móveis, escadas, objetos pequenos e pontiagudos
e até móveis fáceis de virar.

Com todas essas sugestões, vale a pena reforçar:

“Aproveite essa fase do andar.

Aproveite todas as fases da criança, sem preocupação exagerada.”

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Desenvolvimento Motor da Criança – 0 aos 6 anos

0- 2 ANOS
 Movimenta a cabeça e é capaz de levantá-la ligeiramente quando deitado de
costas ou de bruços.
 Estende os braços para os lados, sem direcção.
 Dá pontapés com forças quando deitada em decúbito dorsal.
 É capaz de projectar tanto os braços como as pernas para frente, de forma
que, quando de bruços parece tentar arrastar-se.
 Mexe a cabeça quando deitada em decúbito ventral, para cima, de um lado
para o outro.
 Mantém a cabeça levantada quando em decúbito ventral, durante alguns
segundos.
 Controla a cabeça e os ombros quando sentada, apoiada numa almofada ou
travesseiro.
 Tenta agarrar objectos a cerca de 20 cm à sua frente.
 Agarra objectos mantidos 10 cm à sua frente.
 Retém objectos, usando preensão palmar durante alguns segundos,
soltando-os involuntariamente.
 Tenta alcançar e agarrar com preensão objectos à sua frente.
 Tenta alcançar objecto predilecto.
 Coloca objectos na boca.
 Mantém a cabeça erecta e firme quando carregada em pé.
 Deitada de bruços, sustenta cabeça e peito, apoiada nos antebraços.
 Vira de bruços para o lado.
 Rola de bruços para costas.
 Estando de bruços tenta movimentar-se para a frente.
 Rola de costas para o lado.
 Vira-se de costas para bruços.
 Puxa para sentar-se quando agarrada nos dedos do adulto.
 Vira a cabeça livremente quando o corpo está apoiado.
 Mantém posição sentada durante alguns minutos.
 Larga um objecto deliberadamente para agarrar outro.
 Agarra e deixa cair objecto deliberadamente.
 Fica de pé com máximo apoio (quando mantida pela cintura).
 Salta para cima e para baixo quando em posição de pé, enquanto apoiada.
 Arrasta para frente para pegar objecto.
 Mantém-se sentada com apoio das mãos para frente.
 De posição sentada, passa para posição de mãos e joelhos.
 Passa de bruços para posição sentada.
 Senta-se sem apoio de mão.
 Atira objectos para todos os lados.
 Balança para trás e para frente apoiada sobre mãos e joelhos.
 Transfere objectos de uma para outra mão em posição sentada.
 Retém 2 cubos de 3 cm em uma das mãos.
 Coloca-se em posição de joelhos.
 Coloca-se em posição de pé.
 Gatinha.

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 Tenta alcançar coisas com uma das mãos.
 Fica de pé com o mínimo de apoio.
 Vira caixas e despeja objectos.
 Faz movimento de enfiar ou tirar com colher ou pá.
 Coloca objectos grandes num recipiente.
 Abaixa-se para sentar.
 Bate palmas.
 Caminha com mínimo de auxílio.
 Dá alguns passos sem apoio. Gatinha escada acima.
 Passa da posição sentada para de pé.
 Rola uma bola em imitação.
 Sobe a uma cadeira de adulto, vira-se e senta-se.
 Coloca aros num pino.
 Tira e coloca pinos grandes de uma prancha.
 Constrói torre de 3 cubos.
 Faz rabisco com lápis de cera ou lápis.
 Vira páginas de um livro, várias de uma vez.
 Caminha independentemente.
 Gatinha escadas abaixo com os pés em primeiro lugar.
 Senta-se numa cadeira pequena.
 Curva-se para apanhar objectos sem cair.
 Empurra e puxa brinquedos enquanto anda.
 Usa cavalo de baloiço.
 Sobe escada com ajuda.
 Fica de cócoras e volta a ficar em pé.
 Segura o lápis em preensão radial.
 Imita movimento.
2 – 3 ANOS
 Vira trincos e maçanetas de portas.
 Salta sobre os dois pés.
 Salta o último degrau da escada com um pé na frente do outro.
 Caminha para trás.
 Desce escadas com ajuda.
 Atira bola para o adulto a um metro e meio sem o adulto mover os pés.
 Constrói torre de 5 - 6 cubos.
 Vira páginas, uma de cada vez.
 Desembrulha um objecto pequeno.
 Dobra um papel, imitando.
 Separa e junta brinquedos que se completam de formas simples.
 Desparafusa brinquedos de encaixe.
 Dá pontapés em bolas grandes.
 Faz bolas de argila.
 Dá cambalhotas para a frente, com ajuda.
3 – 4 ANOS
 Martela pinos.
 Junta o quebra-cabeça de 3 peças ou prancha de formas.
 Corta com uma tesoura.
 Pula de uma altura de 24 cm com os 2 pés unidos.
 Dá pontapé numa bola grande quando rolam para ela.
 Anda na ponta dos pés.
 Corre 10 passos com movimentos de braços coordenados.

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 Pedala num triciclo.
 Balança no baloiço quando este é posto em movimento.
 Trepa e escorrega para baixo no escorrega.
 Dá cambalhota para a frente.
 Sobe a escada alternando os pés.
4 – 5 ANOS
 Fica apoiada num pé só, sem ajuda por 4 a 5 segundos.
 Corre mudando de direção.
 Caminha sobre uma trave de equilíbrio.
 Pula para a frente 10 vezes sem cair.
 Pula sobre um fio a 5 centímetros acima do chão.
 Pula para trás.
 Bate e agarra uma bola grande.
 Faz formas de argila composta de 2 a 3 partes.
 Recorta curva.
 Aparafusa objecto de rosca.
 Desce escadas com os pés alternados.
 Pedala um triciclo virando na esquina.
 Pula sobre um dos pés 5 vezes sucessivas.
 Marcha.
 Agarra uma bola com as duas mãos.
 Usa molde.
 Recorta 1/4 de uma linha de 20 cm.
 Segura o lápis entre o polegar e o indicador, descansando o terceiro dedo.
5 – 6 ANOS
 Caminha sobre a barra de equilíbrio para frente, para trás e para o lado.
 Salta rapidamente.
 Balança em balanço começando e sustentando movimento.
 Abre bem os dedos tocando o polegar em cada dedo.
 Sobe degraus de escada íngreme.
 Bate com martelo em prego.
 Dribla bola com direção.
 Usa afia-lápis.
 Segura bola macia ou saco com areia com uma das mãos.
 É capaz de saltar à corda sozinha.
 Bate na bola com pau ou vareta.
 Apanha objecto do chão enquanto corre.
 Patina para a frente cerca de 10 pés.
 Anda de bicicleta.
 Caminha ou brinca na água até a cintura.
 Conduz carro de criança dando impulso com o pé.
 Salta e gira em cima de um pé.
 Salta de altura de 30 centímetros e cai sobre a ponta dos pés.
 Permanece num pé só, sem apoio, com olhos fechados, durante 10
segundos.
 Segura-se por alguns segundos numa barra horizontal, apoiando o próprio
peso nos braços.

19
Desenvolvimento Geral – 3 aos 6 Anos

3 – 4 ANOS
 Encontra livro específico, quando lhe pedem.
 Aponta para figuras simples, quando nomeadas.
 Combina texturas.
 Utiliza molde.
 Corta com tesoura.
 Aponta para 10 partes do corpo seguindo uma ordem verbal.
 Diz quais os objectos que se usam juntos, por imitação.
 Junta 2 partes para formar um todo (figuras).
 Combina um a um, três ou mais objectos.
 Constrói uma ponte com cubos, imitando.
 Junta quebra-cabeças de 3 peças.
 Agarra o lápis entre o polegar e o indicador, descansando o 3º dedo.
 Copia linha ondulada.
 Desenha uma cruz, imitando.
 Acrescenta perna e/ou braço ao desenho incompleto de uma pessoa.
4 – 5 ANOS
 Agarra o número especificado de objectos, quando lhe pedem.
 Copia um triângulo, a pedido.
 Separa objectos por categoria.
 Demonstra compreensão (apontando) se um objecto é pesado ou leve.
 Empilha 2 ou mais argolas numa estaca por ordem de tamanho.
5 – 6 ANOS
 Desenha gravuras simples: casa, homem, árvore.
 Recorta e cola formas simples.
 Copia letras maiúsculas, grandes, isoladas em qualquer lugar do papel.
 Capaz de copiar letras pequenas.
 Escreve o seu nome.
 Pinta obedecendo a contornos.
 Capaz de cortar gravura de revista sem sair muito do contorno.
 Copia desenhos complexos.

20
Desenvolvimento Psicossocial, Linguagem e Autonomia Infantil

Para que se perceba se a criança é dependente ou não, é importante conhecer que


condições terá para executar uma tarefa com autonomia.

3 aos 4 anos – Testa o seu poder com birra, graça e pedidos, descobre qual a melhor
forma de ter os seus desejos atendidos. Cumpre regras de convivência colectivas e
realiza tarefas como carregar a própria mochila e tirar dela o material. Pode ainda
usar a casa de banho com a supervisão de um adulto.

4 aos 5 anos – Manuseia objectos pessoais e, se não estiver apta, solicita ajuda.
Tem condições de escolher com o que vai brincar. Muda de roupa, participa em
tarefas colectivas e ajuda o professor.

5 aos 6 anos – Escolhe os amigos e as brincadeiras e pode ser responsável pelo seu
material individual.

6 aos 7 anos – Já possui linguagem mais elaborada e, por isso, expressa-se com
mais clareza. Realiza as tarefas de casa com autonomia e responsabiliza-se por
trazer e levar os materiais. Divide tarefas nos trabalhos em grupo e compromete-se
com o trabalho final.

21
Desenvolvimento Cognitivo – 0 aos 6 anos

O desenvolvimento cognitivo é um processo interno, mas pode ser observado e


"medido" através das ações e verbalização da criança.
Envolve o processo de pensamento, incluindo as seguintes capacidades:

o Compreensão de factos que acontecem à sua volta;


o Percepção de si mesmo e do ambiente;
o Percepção de semelhanças e diferenças;
o Memória;
o Execução de ordens;
o Compreensão de conceitos de cor;
o Compreensão de conceitos de forma;
o Compreensão de tamanho;
o Compreensão de espaço;
o Aquisição de conceitos e o estabelecimento de relações entre factos e conceitos;
o Compreensão de tempo e a relação dos conceitos entre si.

0 - 1 ANO
 Vira a cabeça em direção à chucha quando a bochecha é tocada.
 Abre a boca para biberão ou seio e começa a sugar antes da chucha tocar a
boca.
 Olha na direção ou movimenta o corpo em resposta ao som.
 Responde à voz do adulto através de movimento do corpo ou parando de
chorar.
 Indica sensibilidade de contacto do corpo através dos seguintes
comportamentos: ficar quieto, chorar ou movimentar o corpo.
 Fica calmo ou muda de movimento do corpo em resposta à presença de
uma pessoa.
 Chora devido a desconfortos diversos.
 Segue visualmente um objecto da linha mediana do corpo.
 Segue a luz com os olhos virando a cabeça.
 Segue e procura localizar um som movimentando a cabeça na sua direcção.
 Mantém contacto visual durante alguns segundos.
 Golpeia objectos e tenta alcançá-los. Esforça-se por agarrá-los.
 Observa a sua mão.
 Segura um objecto utilizando a preensão palmar durante 30 segundos com
libertação involuntária.
 Olha ao redor quando carregado.
 Olha para a pessoa, fala ou movimenta-se tentando ganhar a sua atenção.
 Procura um objecto que tenha sido removido da sua linha de visão.
 Tira um pano do rosto que obscurece a sua visão.
 Despeja objectos de um recipiente.
 Coloca objectos no recipiente, imitando.
 Tira objectos de recipiente, imitando.
 Chocalha objectos sonoros.
 Deixa cair e apanha um brinquedo.
 Transfere um objecto de uma mão para outra a fim de agarrar outro
"brinquedo".

22
 Encontra um objecto escondido debaixo de um recipiente.
 Executa ordens simples a pedido.
1 – 2 ANOS
 Coloca um objecto num recipiente seguindo instrução verbal.
 Coloca objectos num recipiente esvaziando-o depois.
 Coloca objectos num recipiente, a pedido.
 Tira objectos de um recipiente, um de cada vez.
 Empilha cubos, imitando.
 Rabisca.
 Vira páginas de um livro 2 a 3 de cada vez, para achar uma figura que foi
nomeada.
 Aponta para uma parte do corpo.
 Aponta para si mesma quando lhe perguntam “onde está?”
 Aponta para uma figura nomeada.
 Coloca argola num pino.
 Constrói torre de cubos, imitando.
 Imita movimento circular.
2 – 3 ANOS
 Desmonta e monta brinquedo desmontável.
 Coloca objectos "em cima de", "debaixo de", "dentro", "fora".
 Constrói torres com 5 a 6 cubos.
 Vira páginas de um livro, uma de cada vez.
 Dobra papel pela metade, imitando.
 Desenha círculo.
 Combina objectos semelhantes.
 Desenha uma linha vertical imitando
 Desenha uma linha horizontal, imitando.
 Aponta para 3 cores, quando nomeadas.
 Vira maçaneta de porta, cabos, etc.
 Desembrulha objectos pequenos.
 Faz bolas de argila.
 Monta um brinquedo de 4 partes.
 Combina uma forma geométrica com a figura correspondente.
 Aponta para grande ou pequeno quando lhe pedem.
 Reconhece músicas que lhes são familiares.
3 – 4 ANOS
 Encontra um livro específico, quando lhe pedem.
 Aponta para figuras simples, quando nomeadas.
 Combina texturas.
 Utiliza molde.
 Corta com tesoura.
 Aponta para 10 partes do corpo seguindo uma ordem verbal.
 Diz quais os objectos que se usam juntos, por imitação.
 Junta 2 partes para formar um todo (figuras).
 Combina um a um, três ou mais objectos.
 Constrói uma ponte com cubos, imitando.
 Junta um quebra-cabeça de 3 peças.
 Pega o lápis entre o polegar e o indicador, descansando o terceiro dedo.
 Copia linha ondulada.
 Desenha uma cruz, imitando.
 Acrescenta perna e/ou braço ao desenho incompleto de uma pessoa.

23
4 – 5 ANOS
 Apanha um número especificado de objetos, quando lhe pedem.
 Copia um triângulo, a pedido.
 Separa objectos por categoria.
 Demonstra compreensão (apontando) se um objecto é pesado ou leve.
 Empilha 2 ou mais argolas numa estaca por ordem de tamanho.
5 – 6 ANOS
 Desenha gravuras simples: casa, homem, árvore.
 Recorta e cola formas simples.
 Copia letras maiúsculas, grandes, isoladas em qualquer lugar do papel.
 Capaz de copiar letras pequenas.
 Escreve o seu nome.
 Pinta obedecendo a contornos.
 Capaz de cortar gravura de revista sem sair muito do contorno.
 Copia desenhos complexos.

Sugestões para quem trabalha com bebés e crianças

Dos 0 aos 3 anos

ESTIMULE OS SENTIDOS
Fale, cante, pegue ao colo, embale, aproxime objectos do rosto

APELE AO AMOR COM RITMO


Fale de forma ritmada

DESPERTE INTERESSE
Mantenha contacto visual, seja expressivo, fale de vários ângulos, para que se
habitue aos sons de direcções diferentes

TORNE INTERESSANTE O QUE RODEIA O BEBÉ


Aumente o interesse pelo que o rodeia, encostando-o a almofadas rodeando-o de
objectos coloridos (não muitos para que não se disperse). Mostre-lhe as suas
próprias mãos.

MOSTRE QUE SE SENTE FELIZ


Mostre-lhe pequenos movimentos corporais incentivando o humor. Dê brinquedos
mais firmes. Diversifique os brinquedos – estes ensinam muita coisa.

REFORCE A INDIDIVIDUALIDADE
Mostre o seu reflexo no espelho (exemplo: “esta sou eu, aquele és tu”). Diga NÃO
para mostrar a negativa. Dê-lhe alguns alimentos para a mão.

Por volta dos 8 meses


24
RECONHECER ROTINAS
Antecipe movimentos. Utilize o banho e as refeições ou o deitar como forma de lhe
mostrar rotinas e estabelecer regras.

VER LIVROS
Nesta fase, a criança já está familiarizada com rotinas, diz adeus reconhece e
diferencia brinquedos. Vejam juntos livros. Peça brinquedos e brinque!

LEIA HISTÓRIAS
Por volta de 1 ano, já beija perfeitamente, pega nos bonecos, diz algumas palavras
e começa a compreender perguntas simples.
Para estimular a imaginação e a formação de ideias abstractas, comece a ler
pequenas histórias, descreva acções, peça para imitar sons mediante determinadas
gravuras.
Apresente-lhe o sentido de posse (exemplos: “a bola é do João”; “a boneca é da
Luena”).
Quando pede comida e bebida, nomeie tudo, diga os nomes, converse com a criança.

Depois dos 2 anos e meio


A criança começa a acrescentar pormenores e conceitos vastos.
Conhece cores.
Dê-lhe brinquedos compostos por muitas peças, faço-a nomear, explore pormenores
como tamanho, cor e forma.
Reforce-lhe o conceito de identidade.

Aos 3 anos, demonstre.


Ajude-o sem no entanto fazer por ele.
Conte-lhe histórias em que ele seja o principal personagem.

25
MÓDULO 3

DEFICIÊNCIAS SENSORIAIS E COMPORTAMENTAIS

26
Enquadramento
Considera-se que uma criança está em risco quando está ou esteve sujeita a certas
condições adversas, que se sabe estarem altamente correlacionadas com o
aparecimento posterior de défices numa ou mais áreas do desenvolvimento.
Há dois grandes grupos de factores de risco, biológicos e ambientais.
Os diferentes factores não são mutuamente exclusivos e frequentemente coincidem
com alterações do desenvolvimento.
No risco ambiental isolado, a criança é genética e biologicamente normal, mas está
inserida num contexto de privação.
No risco biológico, a criança passou por situações com forte potencial para destruir
o sistema.
Em todos os casos, a intervenção precoce deve ter como objectivo a redução do
impacto dos diferentes factores de risco, através de intervenções médicas.

Alguns sinais de alerta que podem apontar para um atraso de


Desenvolvimento Sociocognitivo

Criança de 1 ano a 1 ano e meio


• Não sorri quando olha para si;
• Não mantém contacto visual;
• Não faz barulhinhos nem balbucia com frequência;
• Não aponta nem mostra objectos que possam interessá-lo;
• Não responde ao próprio nome;
• Não reage a sons familiares, como telefone, voz do pai, ladrar do cachorro;
• Não gesticula para comunicar (fazer tchau ou lançar beijos, por exemplo);
• Não comunica o que quer ou o que não quer;
• Não participa nas brincadeiras como a de esconder a cara com as mãos e
dizer "achou" depois;
• Não imita os outros nem tenta imitar vozes ou músicas;
• Não brinca com bloquinhos, carros, bonecas, bichos de peluche, animais
domésticos.

27
Criança de 1 ano e meio a 2 anos
• Não interage com outras pessoas na hora da brincadeira (seja oferecendo
algum objecto, olhando para alguma direcção para apontar, esperando
alguma reacção);
• Não reconhece imagens de objectos familiares ou de pessoas quando se
aponta para o que é pedido;
• Não brinca de faz-de-conta (alimentando bonecas ou bichinhos, por exemplo).

Criança de 2 anos a 2 anos e meio


• Não presta atenção a histórias com fotos ou ilustrações;
• Não identifica objectos nomeando-os;
• Responde de forma exageradamente nervosa a sons como buzina, trovão,
estouro de balão;
• Não consegue seguir instruções simples (como "vá buscar os ténis").

Criança de 2 anos e meio a 3 anos


• Não responde a perguntas sobre experiências recentes;
• Não sabe expressar-se sobre estados físicos, como frio, calor, fome, magoado;
• Não segue instruções com duas ou três partes ("vá buscar os ténis e traga-os
aqui),
• Não participa em brincadeiras simbólicas, usando, por exemplo, uma banana
para fingir de telefone;
• Não se envolve em conversas para trocar experiências e só fala para expressar
necessidades.

Os sintomas descritos acima podem variar muito de criança para criança e podem
aparecer em idades variadas. Há casos ainda de crianças que têm um
desenvolvimento normal até um certo ponto, e depois regridem de conquistas como
a fala e a socialização.
É comum também que crianças com transtornos de desenvolvimento social não
gostem de ser tocadas, apresentem tiques, fiquem muito aborrecidas com a quebra
de qualquer rotina e façam movimentos repetitivos com o corpo (como, por exemplo,
bater "asas", mexer-se para frente e para trás, bater a cabeça sem parar).

A Visão

A visão é um dos sentidos que nos ajuda a


compreender o mundo à nossa volta, ao mesmo
tempo que nos dá significado para os objectos,
conceitos e ideias.
A comunicação por meio de imagens e
elementos visuais relacionados é denominada
"comunicação visual". Os humanos empregam-
na desde o amanhecer dos tempos. Na
realidade, ela é a mãe de todas as linguagens
escritas.

28
Deficiência Visual
Deficiência visual é a perda ou redução da capacidade visual de um ou ambos os
olhos, com carácter definitivo, não sendo susceptível de ser melhorada ou corrigida
com o uso de lentes e/ou tratamento clínico ou cirúrgico.
De entre os deficientes visuais, podemos ainda distinguir os portadores de cegueira
e os de baixa visão.

Como identificar?
Sinais de alerta
 Olhos vermelhos;
 Desvio de um dos olhos;
 Não seguimento visual de objectos;
 Não reconhecimento visual de pessoas ou objectos;
 Baixo aproveitamento escolar;
 Atraso de desenvolvimento;
 Pálpebras inchadas ou com pus nas pestanas;
 Esfregar os olhos com frequência;
 Fechar ou tapar um dos olhos, sacode a cabeça ou estende-a para a frente;
 Segura os objectos muito perto dos olhos;
 Inclina a cabeça para a frente ou para trás, pisca ou semicerra os olhos para
ver os objectos que estão longe ou perto;
 Quando deixa cair objectos pequenos não os consegue apanhar.

A Surdez

É “a diminuição da capacidade de percepção normal


dos sons….”
É considerado indivíduo surdo, aquele que apresenta
perda auditiva maior que 61 decibéis.
neste sentido, o indivíduo surdo pode ter surdez
severa ou profunda.

Causas da deficiência auditiva


• Obstrução por acúmulo de cera ou por objectos
introduzidos no canal do ouvido.
• Perfuração ou outro dano causado no tímpano.
• Infecção no ouvido médio.
• Infecção, lesão ou fixação dos pequenos ossinhos (ossículos) dentro do ouvido
médio.
• Ruído intenso ( Intensidades de som acima de 75 decibéis );
• Infecções bacterianas e virais, especialmente rubéola e meningite;
• Certos medicamentos, especialmente alguns antibióticos, podem lesar as
estruturas neurossensoriais ;
• Idade. A deficiência auditiva abrange cerca de 30 por cento nas pessoas acima de
65 anos e 50 por cento acima de 75;

29
Surdez leve: perda auditiva de até 40 decibéis;
Não impede aquisição normal da linguagem, mas poderá ser causa de algum
problema articulátorio ou dificuldade na leitura e/ou escrita.

Surdez moderada: perda auditiva de até 70 decibéis;


É frequente o atraso de linguagem e as alterações articulatórias, havendo, em
alguns, problemas linguísticos. Com orientação adequada a criança terá grandes
possibilidades de se desenvolver.

Surdez severa: perda auditiva de até 90 decibéis;


Poderá perceber apenas a voz forte, chegando até 4 ou 5 anos sem aprender a falar.

Surdez profunda: perda auditiva acima de 90 decibéis;


A construção da linguagem oral é uma tarefa longa e bastante complexa, envolvendo
aquisições como: aprender a usar todas as vias receptivas que podem complementar
a audição, perceber e conservar a necessidade de comunicação e expressão,
compreender a linguagem e aprender a expressar-se.

Como identificar alunos com possíveis problemas de Audição


• Não se assusta com estímulos sonoros intensos , por exemplo, batida de porta,
fogos de artifício.
• Não apresenta mudança de comportamento frente a estímulos sonoros
significativos.
• Aproxima a orelha ou aumenta o volume de fontes sonoras como TV e rádio.
• Mãos em concha, para ouvir melhor.
• Só responde a chamados ou ordens quando a pessoa fala de frente para ela.
• Pede para que repitam o que lhe foi dito, perguntando o quê? como?
• Apresenta problemas de concentração.
• Ora responde, ora não responde a estímulos sonoros.
• Apresenta atraso no desenvolvimento de linguagem.
• Pode apresentar problemas comportamentais como isolar-se, e demonstrar
irritabilidade.

O Albinismo

É comum que as pessoas notem um portador de


albinismo. As suas características físicas são
marcantes, visto que a pele, os olhos e os cabelos
são incolores.

Porém, pouco se sabe sobre essa condição e a


melhor forma de lidar com ela.
Incurável e de origem congénita, o albinismo
manifesta-se através de um gene autossómico
recessivo que precisa de estar em dose dupla –
tanto a mãe quanto o pai devem transmitir o gene.

Todas as pessoas que são saudáveis possuem pelo


menos um gene de doença autossómica recessiva alterada. Elas são saudáveis
porque herdaram do pai ou da mãe um gene normal.

30
Mesmo que o indivíduo tenha o gene recessivo que gera o albinismo pode não
desenvolver a condição se herdar um gene dominante saudável. “Quando acontece
a coincidência do pai e da mãe possuírem esse gene recessivo alterado, existe a
possibilidade de o filho herdar os dois genes e desenvolver o albinismo, mesmo que
os pais sejam saudáveis”

O tipo mais comum de albinismo é causado pela ausência de tirozina, enzima


responsável pela produção da melanina, substância que dá cor à pele, olhos e
cabelo. Essa deficiência leva o albino a ser mais sensível à luz ultravioleta. Os
portadores de albinismo têm uma dificuldade maior de ver durante o dia, pois a sua
retina também é muito clara. Por isso, esta não se adapta tanto à luz solar.

Cuidados

Crianças albinas precisam de cuidados especiais por não ter melanina, substância
protectora natural da pele e que lhe dá cor. Além da reposição do creme bloqueador
solar durante todo o dia, o médico recomenda o uso de óculos escuros para proteger
da fotofobia, a intolerância à luz. O albinismo é genético. Eles não podem expôr-se
ao sol forte, porque o resultado não será bronzeamento, mas sim queimaduras.

Hiperactividade ou TDAH
A Hiperactividade confunde pais, amas, professores
e médicos.

Se não for diagnosticada nem tratada


adequadamente, a doença transforma-se num
tormento para a criança e para quem vive com
ela.

Hiperactividade é um termo corrente para um


comportamento irrequieto, superexcitado e infeliz.

Além da criança não conseguir fixar a atenção numa atividade por mais de alguns
minutos, os hiperactivos sobem aos móveis, falam compulsivamente, vivem
perdendo material escolar e não suportam bem frustrações.

Ser mãe de um bebé hiperactivo é muito difícil, tem de conviver com uma criança
que não responde ao que é ensinado, vive derrubando as coisas. É impossível não
ficar irritada.

Nem toda a criança que é agitada deve ser classificada de hiperactiva.

A agitação pode ser resultado de problemas comportamentais ou manifestações de


outras doenças graves, como autismo, hipertireoidismo e até depressão infantil.
Os sintomas da criança hiperactiva aparecem, no máximo, até os sete anos.

A Hiperactividade é um estado excessivo de energia, que pode ser motora (física,


muscular) ou mental (intenso fluxo de pensamentos).

31
A Hiperactividade também é sinónimo de aumento e/ou excesso de actividade;
comportamento hipercinético (hiper = muito; cinesia = movimento).

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperactividade (TDAH) é um transtorno


neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente
acompanha o indivíduo por toda a sua vida.

As crianças e adultos hiperactivos são, na maior parte das vezes, pessoas com
inteligência acima da média, carismáticos, cheios de energia, divertidos, “fáceis de
gostar”, criativos, etc.

É uma patologia que se caracteriza pela existência de 3 sintomas:


• Desatenção
• Hiperactividade
• Impulsividade

E tem 3 subtipos:
• Predominantemente Desatento
• Predominantemente Hiperactivo
• Combinado Desatento + Hiperactivo (que é o mais comum)

Quem apresenta?

Estima-se que cerca de 3 a 6% das crianças na idade escolar (mais ou menos de 6


a 12 anos de idade) apresentem hiperactividade.
Estudos apontam para 80% do sexo masculino e 20% do sexo feminino.
Aproximadamente 60% dos pacientes que apresentaram TDHA na infância
permanecem com sintomas na idade adulta.
Geralmente o problema é mais notado quando a criança inicia actividades de
aprendizagem na escola.

Como se manifesta?

A hiperactividade manifesta-se a partir de quatro características de comportamento:


• Desatenção
• Dificuldade de concentração
• Dificuldade com frustrações
• Superexcitação e actividade excessiva

Características

1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos
trabalhos da escola ou tarefas;
2. Tem dificuldade em manter a atenção em tarefas ou actividades de lazer;
3. Parece não estar a ouvir quando se fala directamente com ele;
4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou
obrigações;
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e actividades;
6. Evita, não gosta ou não se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço
mental prolongado;

32
7. Perde coisas necessárias para actividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola,
lápis ou livros);
8. Distrai-se com estímulos externos;
9. É esquecido em actividades do dia-a-dia;
10. Mexe com as mãos ou os pés ou remexe-se na cadeira;
11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique
sentado;
12. Corre de um lado para outro ou fala demais nas coisas em situações em que
isto é inapropriado;
13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em actividades de lazer de forma
calma;
14. Não pára ou frequentemente está a “mil à hora”;
15. Fala em excesso;
16. Responde às perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas;
17. Tem dificuldade em esperar pela sua vez;
18. Interrompe os outros ou intromete-se (p.ex. mete-se nas conversas / jogos)

Como se trata?
O tratamento envolve o uso de medicação, geralmente algum psico-estimulante
específico para o sistema nervoso central, uso de alguns antidepressivos ou outras
medicações.

Existem três tipos de tratamento utilizados em crianças hiperactivas:


• Medicamentoso - Ritalina
• Técnicas de orientação – Terapia Ocupacional
• Técnicas de desenvolvimento de aptidões – exercícios físicos, mentais, entre
outros.
O acompanhamento especial da família é muito importante, bem como o
acompanhamento dos professores.

Sobredotação
Tradicionalmente confinou-se a sobredotação às
habilidades cognitivas (QI), recorrendo-se
geralmente aos testes de inteligência para a sua
identificação.

Nos dias de hoje, apesar de não existir consenso, a


maioria dos autores aceita uma definição mais
alargada que inclui múltiplas áreas de capacidade
e actividade humana.

 Aptidão Intelectual – inclui capacidades de percepção e memória, de


organização e relacionamento da informação, de análise e de síntese, de
raciocínio e de resolução de problemas.

 Aptidão Académica – reporta-se à facilidade nas aprendizagens, principalmente


curriculares, nível aprofundado de conhecimentos ou ritmo acelerado de
apropriação das matérias escolares num ou mais domínios curriculares.

33
 Aptidão Artística – traduz as habilidades superiores numa ou várias áreas de
expressão, tais como a pintura, escultura, desenho, música, literatura ou teatro,
por exemplo.

Sobredotação – 3 anéis
• Habilidade acima da média
• Alta Criatividade
• Grande envolvimento com tarefas

O desenvolvimento potencial da sobredotação depende de um ambiente motivador.

Causas
• Hereditariedade genética
• Hipoxemia cerebral: crianças nascidas de partos difíceis em que possa ter havido
falta de oxigénio no momento do nascimento.

Sintomas de Comportamento
• Perfeccionismo;
• Altos padrões de desempenho;
• Auto-crítica excessiva;
• Super sensibilidade e senso de justiça;
• Ideias divergentes e atitudes não conformistas na escola;
• Muito observador e aberto a coisas e situações inusuais e pouco correntes;
• Gosta de conceitos abstractos, de resolver os seus próprios problemas e tem uma
forma de pensar muito independente;
• Tem muito interesse nas relações entre conceitos;
• Supersensível, precisa de suporte emocional;
• É energético e activo.

Estratégias Educacionais

Criança sobredotada precisa de: contextos escolares e familiares enriquecidos


e estimulantes para conseguir mostrar-se plenamente e poder explorar todas as
suas potencialidades, desenvolvendo-as ao mais alto nível.

Síndrome de Down
• A criança com Síndrome de Down tem
uma anomalia cromossómica que implica
alterações no seu desenvolvimento físico e
mental.

• Essa anomalia traduz-se na existência de


um cromossoma extra nas células do seu
organismo. Assim, em vez de 46
cromossomas, que aparecem numa pessoa
normal, aparecem 47, havendo um cromossoma extra, no par 21.

• A incidência da Trissomia 21 é de 1 em 800 casos.

34
• Atinge todas as raças e continentes independentemente do seu rendimento,
condições de saúde nutrição, etc.

Características Físicas
• A cabeça é um pouco maior que o normal.
• A parte posterior da cabeça é levemente achatada na maioria das crianças, o
que dá uma aparência arredondada à cabeça.
• As moleiras (fontanela) são, muitas vezes, maiores e demoram mais para se
fechar.
• Cabelo liso e fino, em algumas crianças, pode haver áreas com falhas de cabelo,
ou, em casos raros, todo o cabelo pode ter caído.
• O rosto tem contorno achatado, devido, principalmente, aos ossos faciais pouco
desenvolvidos e nariz pequeno.
• Osso nasal geralmente afundado.
• Em muitas crianças, passagens nasais estreitadas.
• Olhos têm uma inclinação lateral para cima e a dobra epicântica (uma dobra na
qual a pálpebra superior é deslocada para o canto interno), semelhante aos
orientais.
• Pálpebras estreitas e levemente oblíquas.
• Orelhas pequenas e de implantação baixa, a borda superior da orelha (hélix) é
muitas vezes, dobrada.
• A estrutura da orelha é ocasionalmente, alterada.
• Os canais do ouvido são estreitos.
• Em consequência das anomalias cardíacas e de uma baixa resistência às
infecções, a longevidade dos mongolóides costuma ser reduzida.
• Algumas crianças mantêm a boca aberta e a língua pode projectar-se um pouco.
• À medida que a criança com síndrome de Down fica mais velha, a língua pode
ficar com estrias.
• No inverno, os lábios tornam-se fragmentados.
• A boca é pequena.
• O céu-da-boca é mais estreito do que na criança "normal".
• A erupção dos dentes de leite é geralmente atrasada.
• Às vezes um ou mais dentes estão ausentes e alguns dentes podem ter um
formato um pouco diferente.
• Maxilares pequenos, o que leva, muitas vezes, á sobreposição dos dentes.
• Pescoço de aparência larga e grossa com pele redundante na nuca.
• O abdómen costuma ser saliente e o tecido gorduroso é abundante.
• Tórax com formato estranho, sendo que a criança pode apresentar um osso
peitoral afundado (tórax afunilado) ou o osso peitoral pode estar projectado
(peito de pomba).
• Na criança cujo coração é aumentado devido à doença cardíaca congénita, o
peito pode parecer mais redondo do lado do coração.
• As mãos e os pés tendem a ser pequenos e grossos, dedos dos pés geralmente
curtos e o quinto dedo muitas vezes levemente curvado para dentro, falta de
uma falange no dedo mínimo.
• Na maioria das crianças, há um espaço grande entre o dedão e o segundo dedo,
com uma dobra entre eles na sola do pé, enfraquecimento geral dos ligamentos
articulares.

Possíveis causas
A maioria dos especialistas considera que existe uma multiplicidade de factores
etiológicos, tais como:

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• Factores hereditários
• Idade da mãe
• Factores Externos
• Processos infecciosos como por exemplo: hepatite e rubéola;
• Problemas de tiroide na mãe;
• Relação entre o índice elevado de imunoglobina e de tiroglobina no sangue
materno (aumento de anticorpos associados ao aumento da idade da mãe);
• Deficiências vitamínicas.

Autismo
O autismo é um transtorno de desenvolvimento que geralmente aparece nos três
primeiros anos de vida e compromete as
habilidades de comunicação e interação social.
É caracterizada por problemas na comunicação,
na socialização e no comportamento, que faz com
a criança apresente algumas características
específicas.
O autismo infantil é uma síndrome geralmente
diagnosticada entre os 2 e 3 anos de idade.

Factores de risco
 Sexo: meninos são de quatro a cinco vezes mais propensos a desenvolver autismo
do que meninas.
 Histórico familiar: famílias que já tenham tido algum familiar com autismo
correm riscos maiores de ter outro posteriormente. Da mesma forma, é comum
que alguns pais que tenham gerado algum filho autista apresentem problemas
de comunicação e de interação social eles mesmos
 Outros transtornos: crianças com alguns problemas de saúde específicos
tendem a ter mais riscos de desenvolver autismo do que outras crianças.
 Idade dos pais: quanto mais avançada a idade dos pais, mais hipóteses de a
criança desenvolver autismo até os três anos.

Sintomas de Autismo
A maioria dos pais de crianças com autismo suspeita que algo está errado antes de
a criança completar 18 meses de idade e procura ajuda antes que ela atinja 2 anos.
As crianças com autismo normalmente têm dificuldade em:
• Brincar de faz de conta
• Interações sociais
• Comunicação verbal e não-verbal
Algumas crianças com autismo parecem normais antes de um ou dois anos, mas
de repente "regridem" e perdem as habilidades linguísticas ou sociais que
adquiriram anteriormente.
Esse tipo de autismo é chamado de autismo regressivo.

36
Uma pessoa com autismo pode:
• Ter visão, audição, tacto, olfacto ou paladar excessivamente sensíveis (por
exemplo, podem recusar usar roupas "que dão coceira" e ficam angustiados se
são forçados a usá-las).
• Ter uma alteração emocional anormal quando há alguma mudança na rotina
• Fazer movimentos corporais repetitivos
• Demonstrar apego anormal aos objectos.

Os problemas de comunicação no autismo podem incluir:


• Não poder iniciar ou manter uma conversa social
• Comunicar-se com gestos em vez de palavras
• Desenvolver a linguagem lentamente ou não desenvolvê-la
• Não ajustar a visão para olhar para os objectos que as outras pessoas estão
olhando
• Não se referir a si mesmo de forma correcta
• (por exemplo, dizer "você quer água" quando a criança quer dizer "eu quero
água")
• Não apontar para chamar a atenção das pessoas para objectos (acontece nos
primeiros 14 meses de vida)
• Repetir palavras ou trechos memorizados, como comerciais da televisão
• Usar rimas sem sentido

Interação social
• Não faz amigos
• Não participa em jogos
• É retraído
• Pode não responder a contato visual e sorrisos ou evitar o contacto visual
• Pode tratar as pessoas como se fossem objectos
• Prefere ficar sozinho, em vez de acompanhado
• Mostra falta de empatia

Resposta a informações sensoriais


• Não se assusta com sons altos
• Tem a visão, audição, tato, olfato ou paladar ampliados ou diminuídos
• Pode achar ruídos normais dolorosos e cobrir os ouvidos com as mãos
• Pode evitar contato físico por ser muito estimulante ou opressivo
• Esfrega as superfícies, põe a boca nos objetos ou os lambe
• Parece ter um aumento ou diminuição na resposta à dor

Brincadeiras
• Não imita as ações dos outros
• Prefere brincadeiras solitárias ou ritualistas
• Não faz brincadeiras de faz de conta ou imaginação

Comportamentos
• Acessos de raiva intensos
• Fica preso em um único assunto ou tarefa (perseverança)
• Baixa capacidade de atenção
• Poucos interesses
• É hiperativo ou muito passivo
• Comportamento agressivo com outras pessoas ou consigo
• Necessidade intensa de repetição

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Dislexia
É uma perturbação da aprendizagem da leitura
apesar de uma inteligência normal e ausência de
perturbações sensoriais ou neurológicas.

Esta perturbação ou dificuldade na aprendizagem


afecta directamente a leitura e a escrita.

Dislexia
=
Dis (dificuldade)
+
lexia (palavra)
=
Dificuldade com as palavras

Então, Dislexia é uma perturbação da aprendizagem que tanto pode ocorrer com
as palavras como com os números.
Esta perturbação da aprendizagem existe mesmo na presença de uma educação
correcta e apropriada.
Ela não tem nada a ver com os pais nem com os professores, nem com os métodos
de ensino.
Esta é uma dificuldade da criança (ou adulto) que precisa de ser identificada cedo
para que se possa fazer a respectiva correcção e eliminação.

Alguns sinais de alerta


• Dificuldades na linguagem escrita e por vezes oral.
• Dificuldades na leitura e compreensão (quer de palavras quer de números).
• Problemas de atenção - Distraem-se com mais facilidade.
• Problemas de lateralidade (confunde a esquerda com a direita).
• "Não vê" o que tem à sua volta.
• Tropeça, cai com frequência, bate nas mesas ou ombreiras das portas.
• É mau nas actividades que requerem destreza manual.
• A sua escrita não tem precisão e é irregular (escrita irregular).
• Troca letras com sons idênticos. Por ex.: f/v; p/b; p/t; v/z; b/d......
• Pode escrever letras em espelho.
• Na leitura salta palavras ou linhas.
• Não lê a palavra e lê de memória.
Por ex.: livraria/livro; batata/bata....

Os professores devem procurar minimizar esta situação através de:


• Colocar o aluno numa carteira mais próxima de si, para assim poder "vigiar" a
atenção e as dificuldades do aluno.
• Eliminar possíveis focos de distracção (afastar colegas/amigos, barulhos, objectos
que distraiam, janelas ou portas, etc.).
• Ensinar o aluno a organizar os cadernos/dossier com cores, com separadores, etc.
• Fazer um reforço positivo e não negativo para que ele não se sinta marginalizado.
• Dar mais tempo durante as provas.
• Ler as provas/perguntas para o aluno.

38
O sono – hábitos, rituais e medos
A forma como uma criança encara o sono está
relacionada em grande parte com o que lhe
sucede durante o dia e com a sua relação com o
ambiente. É possível que caso a criança se
encontre num ambiente no qual não existam
regras educativas ou no qual não se sinta seguro,
tenha mais dificuldades para desenvolver a sua
autonomia e isso pode fazer com que surjam
problemas relacionados com o sono.

Dos 0 aos 6 meses


• É muito importante que o bebé permaneça
desperto enquanto come, visto que assim começará a associar o momento da
alimentação com a vigília. As amas devem falar-lhe, fazer-lhe pequenas carícias e
estimular suavemente o bebé para que mantenha uma certa vigília. A alimentação
deve decorrer, sempre que possível no mesmo local, com pouca luz, som ambiente
suave e temperatura agradável. É muito normal que algum intervalo entre as
refeições seja mais reduzido ou mais longo mas devem sempre ser seguidas as
mesmas rotinas.

• A alimentação durante a noite deve ser breve e tranquila. O objectivo é que a


criança entenda que a noite é para dormir. Quando a criança acorda durante a noite
para comer é recomendável que a refeição decorra de forma rápida e em silêncio.

• Após a mudança da fralda e antes de dormir, devemos deixar o bebé no berço,


procurando que esteja sempre desperto, para que aprenda a dormir sozinho. Caso
seja difícil, podemos colocar-lhe a chupeta ou deixar um pequeno boneco de peluche
junto ao bebé.

• Devemos colocar a criança no berço quando estiver cansada e começar a


adormecer, mas assegurando-nos de que permanece acordada. A sua última
recordação antes de adormecer deve ser o berço e não a presença de alimento, mas
não é conveniente que durma imediatamente. As crianças demoram entre 20 a 30
minutos a adormecer e as amas devem tentar não estar presentes durante esse
período.

• É muito recomendável que o bebé siga sempre os mesmos horários de sono.

• Utilizar diferentes rotinas pode dificultar o desenvolvimento do hábito de sono.

• Não devemos acordar o bebé para o alimentar: caso fique inquieto, antes de ser
alimentado, deve ser embalado por um breve período. Se for preciso alimentá-lo, é
necessário reduzir o tempo ou a quantidade da refeição.

Dos 6 aos 12 meses

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• Durante os primeiros 8 meses de idade é normal que o bebé acorde durante a
noite: não deve ser alimentado, porque nesta idade um bebé saudável já não precisa,
e devemos tentar não alterar o ambiente, acendendo a luz ou retirando-o do berço.
• Nesta idade podemos utilizar um peluche para lhe fazer companhia no berço e
para o tranquilizar no momento de dormir.
• É aconselhável que no momento de deitar o bebé, a porta do quarto onde está
fique aberta.

Dos 12 aos 24 meses


• A hora diária de levantar e deitar deve ser aproximadamente a mesma todos os
dias.
• Devemos evitar deitá-los com fome.
• O ambiente do seu quarto deve ser tranquilo e escuro.
• A temperatura deve ser confortável: um excesso de calor ou frio favorece o
despertar noturno.
• O ruído ambiental deverá ser o mínimo possível.
• É recomendável evitar as sestas muito prolongadas ou tardias.
• A atividade física vigorosa deve ser evitada entre 1 e 2h antes da hora de deitar.
• A criança deve aprender a dormir sozinha, sem ajuda. Devemos transmitir a
mensagem de que o estamos a ensinar dormir de forma autónoma, e que o momento
de dormir não deve ser interpretado como um castigo.
• Se a criança chora com a intenção de que a segurem nos braços é recomendável
que saia do quarto. Caso se levante, deve ser deitada novamente e consolada com
algumas carícias.
• A atitude da ama deve ser firme (é necessário fazer sempre o mesmo e estar seguro
de que essa é a atitude correta) e carinhosa (as carícias acalmam a criança e
proporcionam-lhe uma sensação de segurança e conforto).

Ao completar os 2 anos
• Não devemos perder a calma quando a criança acorda a meio da noite. Devemos
transmitir a mensagem de que vai conseguir dormir sozinho.
• É conveniente que a ama não deve "perder a calma". O importante é transmitir
tranquilidade e segurança educativa.
• Devemos ter em conta que dormir na mesma cama que os pais pode alterar a
fisiologia do sono da criança e a dos pais. No entanto, cada família tem o seu nível
de tolerância e as suas próprias convicções: não há sistemas bons ou maus, apenas
diferentes.

A partir dos 2 anos


Próximo dos 2 anos de idade, a maioria das crianças vai para a cama entre as 7 e
as 9 da noite e acorda entre as 6 e as 8 da manhã. Mas no caso de algumas crianças,
a hora de ir para a cama vai avançando indefinidamente e ainda na cama, o início
do sono torna-se um "pesadelo".

Este problema também constituiu uma perturbação do sono, similar aos


despertares noturnos, visto que a criança manifesta dificuldade para conciliar o
sono. É especialmente importante que a partir desta idade se estabeleçam hábitos
e rotinas para conseguir um sono reparador e contínuo.

Embora a partir dos dois anos a criança se encontre fisicamente preparada para
conciliar o sono, é possível que se recuse a ir para a cama ou inclusivamente a
permanecer no quarto. Esta dinâmica, em muitos casos pode resultar das próprias
decisões da ama ou dos pais, por vezes pouco firmes, ou da dinâmica estabelecida
em casa. Para evitar estas situações, é recomendável seguir as seguintes regras:

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• As amas e os pais devem eliminar os gritos, os castigos e qualquer atitude que
fomente a escalada de tensão.
• Devem diminuir a actividade física depois do jantar de modo a facilitar a transição
para a hora de ir dormir.
• Deve estabelecer-se de forma regular um ritual para que a criança vá para a cama
que não deve ser modificado ainda que a criança proteste.
• A rotina de ir para a cama deve ser breve e agradável. Os pequenos rituais, como
o banho, contar um conto, dar um beijo ou acender uma pequena luz ajudam a
criança a adormecer.
• Pode deixar-se um brinquedo na cama para que a criança possa entreter-se caso
acorde a meio da noite.
• Nas crianças com mais de três anos podem ser utilizadas técnicas de reforço
positivo como prémios se a sua conduta for a apropriada.

Pesadelos
Com o termo "pesadelos" referimo-nos a sono angustiante ou ameaçador e que pode
acabar por acordar a criança. Os pesadelos não costumam ser associados ao
sonambulismo.
Os pesadelos são um fenómeno frequente nas crianças, calculando-se que afectem
entre 10% e 50% das crianças dos 3 aos 6 anos.
Embora a presença de pesadelos costume ser habitual nas crianças em idade pré-
escolar, a presença de pesadelos frequentes pode ser um indicador de stress
psicológico.

Stress e insónia na criança


Embora as crianças costumem ser bastante resistentes às situações de stress, não
é invulgar que quando acontece algo inesperado mostrem temporariamente
dificuldades para dormir.

As crianças precisam da rotina para se desenvolverem, visto que esta lhes dá


segurança. Quando esta segurança se encontra ameaçada, as crianças mostram a
sua ansiedade através do choro, mudanças de comportamento e resistência a
dormir à noite.

Da mesma forma, as crianças podem captar alterações subtis no ambiente familiar,


já que o seu "radar emocional" está sempre em funcionamento e isto pode dar origem
a problemas chegada a hora de se deitarem. Inclusivamente na segurança de um
lar feliz as crianças podem chegar a ter medo do escuro ou de criaturas imaginárias
em cantos escuros do quarto.

Seja qual for o caso, a resposta tem que ser sempre de apoio. É necessário falar
calmamente com a criança sobre os seus receios e medos. Envolver uma pessoa de
confiança pode dar resultados muito positivos.

Enurese

41
É provável que a enurese seja a mais stressante das perturbações do sono para a
criança, visto que não só é uma fonte de perda de sono, mas também de vergonha
ou timidez.

Consideramos que existe enurese quando aos


cinco anos de idade ainda não existe controlo
sobre o esfíncter da bexiga.

A enurese afeta até 15% dos meninos e até 10%


das meninas, embora a maioria melhore à
medida que cresce.
Falamos de "enurese primária" quando a
criança nunca chegou previamente a controlar
a micção noturna, e acontece em 95% dos
casos.

A maioria das crianças que padecem de enurese tem um sistema geniturinário


normal, embora em alguns casos este problema esteja associado a infeções do trato
urinário ou a doenças neurológicas. Existem frequentemente antecedentes
familiares de enurese ou um treino insuficiente sobre o controlo da micção.

Embora a maior parte das crianças com enurese costume superar completamente
o seu problema com o tempo, o processo por vezes é mais lento do que o desejável.

Algumas medidas para acelerar o processo:

1. Fale com a criança sobre o problema. Explique à criança que ela vai precisar de
tempo para superar o problema mas que o processo pode ser acelerado. Mostre-lhe
o seu apoio, para que não pense que se trata de algo digno de ser ridiculizado ou
inclusivamente motivo para castigo.

2. Limite a quantidade de líquido que a criança ingere durante a tarde ou à noite.


Faça-o urinar antes de se deitar.

3. Proteja o colchão com um lençol de plástico; coloque sobre este um lençol normal.
Por cima deste deverá colocar outro lençol de plástico seguido de outro lençol
normal. Desta forma, se durante a noite acontecer um "acidente" poderá retirar os
dois primeiros lençóis rapidamente mantendo a camada inferior. Também é
conveniente que durante a noite (se se tiver molhado) a criança mude a sua roupa
sem ajuda, isso dar-lhe-á a confiança de estar a fazer algo positivo. Da mesma
forma, de manhã, a criança deverá ajudá-lo a fazer a cama.

4. Para motivar uma criança e ajudá-la a sentir mais confiança em si mesma, pode
criar uma tabela de atividades de reforço positivo, como ter um calendário no qual
marcar os dias em que não faz chichi na cama. Desta forma ela própria verá a sua
evolução e ficará consciente das suas melhorias de dia para dia.
Em qualquer caso, evite os castigos, pelo contrário, recompense a criança por cada
sucesso obtido. Tenha em conta que lhe está a pedir que vença um obstáculo com
o qual as outras crianças da sua idade não têm que se debater, e este esforço merece
ser recompensado.

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Quantas horas deve dormir uma criança?

Sabia que na infância cerca de 90% da hormona de crescimento é libertada


durante o sono?

As crianças que dormem menos tempo do que o necessário ou que apresentam


dificuldades de sono podem ter problemas no desenvolvimento físico, no
fortalecimento do sistema de saúde, da memória e dificuldades musculares.

O tempo de sono recomendado por idades varia de especialista para especialista. A


Associação Americana do Sono (American Sleep Association) divulgou novas
recomendações onde estabelece períodos mínimos e máximos adequados a cada
idade. No entanto o tempo para um sono reparador varia de um bébé para outro.
Refere também que dormir de mais é tão mau como dormir pouco, estabelecendo
limites mínimos e máximos aceitáveis.

Tabela do sono desde o nascimento até aos 12 anos de idade


Idade Sono diurno Sono noturno Total de horas sono
1 Semana 8h 8h15 16h15
1 Mês 7h (3 sestas) 8h30 15h30
3 Meses 5h (3 sestas) 10h 15h
6 Meses 4h15 (2 sestas) 11h 15h15
9 Meses 3h – 4h (2 sestas) 11h 15h
12 Meses 3h – 4h (2 sestas) 11h15 15h
18 Meses 2h15 (1 sesta) 11h15 13h30
2 Anos 2h (1 sesta) 11h 13h
3 Anos 1h30 (1 sesta) 10h30 12h
4 Anos 1h (1 sesta) 11h 12h
5 Anos - 11h 11h
6 Anos - 10h30 10h30
7 Anos - 10h30 10h30
8 Anos - 10h - 10h30 10h - 10h30
9 Anos - 9h30 – 10h 9h30 – 10h
10 Anos - 9h45 9h45
11 Anos - 9h30 9h30
12 Anos - 9h30 9h30

43
MÓDULO 4

ALIMENTAÇÃO INFANTIL

44
Alimentação saudável

Uma alimentação saudável deve ser:

COMPLETA

EQUILIBRADA

VARIADA

A roda dos alimentos

Regras para uma alimentação saudável


 Consumir sempre sopa no início do almoço e do jantar.
 Evitar estar mais de 3 horas e meia sem comer, fazendo 5 a 7 refeições
diárias.
 Guarnecer sempre o 2.º prato com hortícolas.
 Comer fruta fresca.
 Preferir comer mais vezes peixe do que carne, retirando-lhes peles e gorduras
visíveis.
 Preferir cozinhados pobres em gordura.
Durante os primeiros anos de vida, a alimentação é fundamental para o crescimento
e desenvolvimento do bebé.

Alimentação de 1 aos 4 meses


 Leite materno
 Leite artificial
O leite humano é muito diferente do leite adaptado (leite em pó).

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O leite materno contém todas as proteínas, açúcar, gordura, vitaminas e água que
o bebé necessita para ser saudável.
Além disso, contém determinados elementos que o leite em pó não consegue
incorporar, tais como anticorpos e glóbulos brancos. É por isso que o leite materno
protege o bebé de certas doenças e infecções.

O aleitamento materno protege as crianças de:


• Otites
• Alergias
• Vómitos
• Diarreia
• Pneumonias
• Bronquiolites
• Meningites, ….

Vantagens da amamentação
• O leite materno tem composição especícifa assegurando um óptimo padrão
de crescimento.
• Evita mortes infantis: devido aos factores do leite materno que evitam
infecções.
• Evita diarréia. Essa proteção diminui quando amamentação deixa de ser
exclusiva(como oferecer água e chás)
• Evita infecção respiratória
• Diminui riscos de alergias: como a alergia à proteína do leite de vaca
• Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes: tanto na criança
como na mãe
• Reduz chances de obesidade: há melhor desenvolvimento da auto-regulação
de ingestão de alimentos

Alimentação dos 4 meses


• Leite materno e/ ou Leite artificial
• Iniciar papa sem glúten
• Fazer uma refeição de papa ao dia, à colher e as outras refeições de leite
• Papas lácteas (preparadas com água)
• Papas não lácteas (preparadas com o leite que o bebé está a beber)

Papas lácteas e não lácteas


• A papa permite a introdução de cereais.
• Basicamente, a papa deve ser uma adaptada à idade do bebé, e há que ver se
se faz com leite ou com água. A quantidade dependerá da idade e do peso da
criança.
Comer com colher
• É bom que as papas e purés de legumes ou de fruta sejam dados à colher.
• Nos primeiros dias o bebé vai ser difícil habituar-se, pelo que há que ter
paciência e compreender que os mecanismos de engolir ainda não estão
treinados.

Alimentação a partir dos 5 meses


 Leite materno
 Leite artificial

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 Introdução da sopa de legumes:
Base: batata + cenoura ou abóbora + 1 fio de azeite no final da cozedura e sem sal.
Ir introduzindo um legume novo (alface, feijão verde, agrião, alho francês alterando
com cebola, brócolos espinafres) a cada 3/5 dias.
Os espinafres são introduzidos a partir dos 6 meses.
Introduzir fruta uma semana depois da sopa.

Alimentação a partir dos 6 meses


 Leite artificial 1 passa a leite artificial 2
 1 Refeição de papa com glúten
 Introduzir carne (30 gramas ou 1 colher de sopa)
 Duas refeições de sopa de legumes com carne
 Outros frutos: papaia, manga, ….
 Introduzir iogurte com fruta
Na segunda metade do primeiro ano de vida, o leite materno isoladamente não chega
a todas as necessidades nutricionais, de forma que os alimentos complementares
são essenciais.
Nessa fase, o bebé já está bem desenvolvido quanto à sua capacidade de digerir e
absorver diversos componentes da dieta, bem como metabolizar esses nutrientes.
Os cereais, que representam boa fonte de ferro, são introduzidos em primeiro lugar,
seguidos de frutas e vegetais, depois pelas carnes e, por último, pelos ovos.
Além disso, os dentes começam a aparecer e o bebé fica mais activo e explora o
universo ao seu redor.
Assim, torna-se importante levar em consideração os efeitos prejudiciais, a longo
prazo, do consumo excessivo de açúcares, em termos de desenvolvimento de cáries
dentárias e da formação dos aspectos psicossociais relacionados com a alimentação.

Fruta
 A partir dos 6 meses, podem introduzir-se novos frutos (na prática TODOS), se a
criança não for alérgica, claro. A fruta deverá ser dada nas refeições de puré de
legumes.
 Convém apenas esperar pelos 9 meses relativamente a citrinos, kiwis, ananás e
morangos. Pode comer manga, papaia, meloa, melão, pêssego, ameixa, uva…
Glúten
 O glúten é uma proteína de alguns cereais, que tem uma parte, a gliadina, que é
o que permite fazer o pão.
 Algumas crianças têm uma intolerância a esta proteína e desencadeiam o que se
designa por «doença celíaca».

Iogurte
 Deve começar-se por iogurte natural.
 Depois do bebé estar habituado a comer iogurte natural, - que geralmente se pode
dar a partir do 6 meses, substituindo a papa de cereais, e juntando-lhe bolacha
esfarelada e um pouco de fruta – pode começar-se, pelos 9 meses, a dar iogurtes
de fruta.
 O iogurte é, uma boa arma contra as diarreias, porque povoam o intestino
de bactérias «boas», deixando menos espaço para as bactérias e vírus
patológicos.

47
Alimentação a partir dos 9 meses
 Introduzir peixe (1 colher de sopa/ dia) na alimentação. Pode ser peixe congelado
– Ex : pescada, solha, robalo, linguado
 1 Refeição de sopa com carne alternadamente com peixe ao almoço e ao jantar
 1 Refeição de papa com glúten alternando com iogurte ao lanche.

Alergia ao peixe
O peixe pode causar alergia – por essa razão, evita-se a sua administração antes
dos nove meses, em crianças alérgicas ou com elevado risco de potencial alérgico
(um ou ambos os pais com alergias marcadas).

Alimentação a partir dos 9/10 meses


 Introduzir o ovo
 ¼ de gema cozida De 3 em 3 dias se não houver alergias.
 ½ gema cozida 1 ovo inteiro a partir dos 12 meses.
 ¾ gemas cozidas
 Introduzir leguminosas (feijão, grão)
 Introduzir fruta da época

Alimentação a partir de 1 ano


Pode introduzir o leite de vaca gordo para substituir o leite artificial
Adaptação progressiva ao regime alimentar da família.
Evitar:
Refogados
Picantes
Salgados
Doces
Pode introduzir:
- Citrinos - a partir dos 12 meses
- Clara de ovo a partir dos 12 meses
- Morangos, kiwi, cerejas e nêsperas a partir dos 18 meses

Alimentação complementar para crianças menores de 2 anos

Quadro resumo

48
Algumas regras adicionais
• Nos intervalos das refeições oferecer água o bebé;
• Até os 6 meses de idade usar sempre água fervida;
• Não introduzir alimentos novos na dieta com intervalos, inferiores a 1
semana;
• Não adicionar açúcar, mel ou qualquer outro produto adoçante aos
alimentos;
• Durante o 1º ano de vida não oferecer guloseimas, nem adicionar sal aos
alimentos;
• Antes dos 15 meses de idade, não oferecer morangos, amoras, framboesas,
kiwi, doces, enchidos e marisco e não adicionar condimentos aos alimentos.

Uma alimentação adequada deve conter:


Vitaminas: A, D, E e K e vitaminas do complexo B

Vitamina A
Importante para a pele, olhos, cabelo e ossos.
Encontra-se em alimentos alaranjados como cenoura e em frutas, ovos e fígado de
boi.

Vitaminas do complexo B
(B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9 e B12)
Oferece energia e nutrição em geral
Encontra-se em leite, ovos, frutas e verduras.

Vitamina C
Fortalece a saúde, protegendo contra gripes
Auxilia na absorção do ferro
Encontra-se em laranjas, limão, melancia, frutas cítricas, etc.

Vitamina D
Previne contra o raquitismo
Óptima para os ossos

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Econtra-se em peixes, óleo de fígado de bacalhau, etc

Vitamina E
Protege contra o envelhecimento precoce
Encontra-se em leite, amendoim, gérmen de trigo, etc

Vitamina K
Aumenta a produção de plaquetas, auxiliando na coagulação em feridas
Encontra-se em vegetais verdes, leite, gema de ovo, etc

Cálcio
Cálcio (encontrado em leite e em alimentos derivados do leite)
Fortalece os ossos e previne contra doenças nos ossos

Ferro
Ferro (encontrado em feijão, frutas e verduras)
Nas crianças é muito importante para prevenir anemia e auxilia no desenvolvimento

Água
A água também é essencial em uma alimentação adequada, podendo ser ingerida
também em sumos e vitaminas.

Sumos
Os sumos são fontes de vitaminas, sais minerais e de água. Além de nutrir, também
hidrata.

Iogurtes
Os iogurtes tem cálcio, vitaminas e vários nutrientes que favorecem principalmente
na digestão da criança.

O dever do adulto na alimentação infantil


Os adultos devem incentivar bons hábitos alimentares para as crianças.
As crianças alimentam-se de acordo com o que o adulto lhe costuma dar.

Principais erros alimentares do 1 aos 5 anos


• Dieta desequilibrada, com excesso de proteínas e poucos vegetais e frutos;
• Dieta pouco variada;
• Excesso de calorias;
• Excesso de consumo de açúcares;
• Pouca ingestão de água;
• Excesso de consumo de sal;
• Períodos prolongados de jejum;
• Pequeno-almoço demasiado ligeiro (tão ligeiro que às vezes não existe)
• Ingestão exagerada de guloseimas;
• Ingestão de refrigerantes;
• Deitar a criança com um biberão (pode levar à sufocação);
• Colocação de mel na chupeta (o que leva à destruição dos dentes).

50
Preparação e cuidados alimentares
10 REGRAS BÁSICAS
Vantagem de usar os produtos locais NA MANIPULAÇÃO DE
ALIMENTOS
 Não comprar ovos rachados. Em casa, procure
armazená-los no frigorífico, na parte interna, pois na
porta eles podem rachar devido ao movimento de 1. Escolher produtos
abrir e fechar; de boa qualidade.
2. Cozinhar bem os
 Cuidado com as carnes com cheiro e cor estranhas.
alimentos.
Compre somente se estiverem frescas, brilhantes,
sem cheiro forte; 3. Diminuir ao máximo
o tempo entre a
 Peixe tem de ter as guelras fechadas e rosadas. Os cozedura e a
olhos devem estar cheios, brilhantes e ocupando distribuição.
toda a órbita. Pescados com olhos fundos e cheiro
forte de urina, apresentam sinais fortes de 4. Guardar
deterioração. Fuja deles! cuidadosamente os
alimentos cozidos.
 Escolher FRUTAS, VERDURAS e LEGUMES da
época. São mais nutritivos, saborosos e baratos. 5. Reaquecer
adequadamente os
alimentos cozidos.
Procedimentos para higienização dos
6. Evitar o contacto
alimentos entre os alimentos
crus e cozidos.

 Os alimentos que são consumidos crus, devem ser 7. Manter boas


colocados em Solução Clorada (1 litro de água para práticas de higiene
1 colher sopa de lixívia própria para uso em pessoal.
alimentos) por cerca de 10 minutos, escorridos e
utilizados em seguida. 8. Higienizar e
desinfectar
 As embalagens como latas e sacos plásticos devem corretamente
ser lavadas antes de usar. Os outros sacos devem superfícies,
ser passados pelo menos com um pano para retirar equipamentos e
a maior sujidade. utensílios.
9. Manter os alimentos
fora do alcance dos
insectos, roedores e
outros animais.

10. Utilizar água


potável ou fervida.

51
Nutrição No Primeiro Ano de Vida
Aconselhamos o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade.

Além de ser prático e económico, o aleitamento materno também oferece inúmeras


vantagens. Em primeiro lugar, cria-se um vínculo afectivo muito forte entre mãe e filho.

A composição do leite materno vai mudando ao longo do tempo. Por exemplo, nos primeiros
dias, o colostro é extremamente rico em anticorpos. Além disso, contém substâncias que
fazem com que o sistema digestivo do bebé comece a funcionar. Ele é mais fácil de digerir.
O leite materno previne contra várias infecções e diminui também alguns sintomas de
alergias. Ao amamentar, a mãe liberta a hormona oxitocina, que provoca contracções
uterinas, e isto faz com que o útero retorne ao seu tamanho original mais rapidamente. A
amamentação também previne a mulher contra alguns tipos de cancro de mama e ovário.

O leite materno contém praticamente todas as vitaminas necessárias, com excepção talvez
da vitamina D. O pediatra poderá recomendar um suplemento vitamínico. Um complemento
vitamínico também pode ser necessário caso a mãe seja vegetariana.

É importante que o momento da amamentação seja relaxante, tanto para a mãe como para
a ama que estiver com o bebé. Encontre uma posição em que ambos estejam confortáveis.
Escolha um ambiente tranquilo e converse sempre com a criança.

A mãe tem de ter alguns cuidados quando amamenta:

1) Sempre que tomar alguma medicação, conferir com o pediatra se a medicação passa para
o leite materno;
2) Não deixe que ninguém fume perto do bebé;

3) Evite tomar bebidas alcoólicas;


4) Alguns alimentos ingeridos pela mãe passam no leite e podem provocar cólicas no bebé,
como por exemplo, cafeína, chocolates, repolho, leite.

No entanto, nem sempre o aleitamento materno é possível, ou às vezes a mãe não deseja
amamentar. A mãe não se deve sentir culpada por isto.

Ao dar o biberão a um bebé, segure-o firmemente e olhe-o nos olhos, isto também ajuda a
criar um vínculo. Confira sempre a temperatura do leite antes de oferecê-lo ao bebé. Não é
aconselhável aquecer o leite no micro-ondas. Certifique-se que o tamanho da chucha é
apropriado, e que o bebé não está a chuchar ar, inclinando o biberão. Aconselhamos que o
pai também dê o biberão ao bebé. Além de criar um vínculo entre pai e filho, também dá
um descanso à mãe.

Não deixe que o bebé adormeça enquanto está a mamar, pois o resto do leite que fica na
boca do bebé, principalmente se ele já está a começar a dentição, pode provocar cáries nos
dentes.

Existem vários tipos de leite artificial no mercado. A maioria é à base de leite de vaca, mas
existem também alguns tipos de leite adequados para crianças que não toleram o leite de
vaca.

52
Pode também complementar a mamada com farinha de milho ou de mandioca muito diluída
se a mãe não tiver uma alimentação completa.

Se o bebé não tomar o biberão todo, não ofereça o resto novamente mais tarde. O leite pode
estragar facilmente. Use um biberão limpo a cada mamada.

Aos 6 meses de idade, começamos a introduzir alimentos sólidos. No começo, na realidade,


o alimento é mais bem pastoso, pois o bebé precisa de se habituar a uma consistência
diferente. Lembre-se que o momento da alimentação deve ser de prazer, e não um momento
de stress.

Alimente o bebé sempre com uma colher, não dê o alimento diluído no biberão, pois desta
forma ele pode ingerir mais do que necessita, e começar a ter problemas de sobrepeso.
Aconselhamos começar com uma papa de cereal de arroz. Este alimento é adequado pois
não contém glúten, diminuindo portanto, as possibilidades de alguma reacção alérgica.

O cereal pode ser misturado com um pouco de água fervida ou leite artificial. As quantidades
oferecidas no início são pequenas. A ideia não é substituir uma mamada (seja de leite
materno ou artificial), mas sim complementá-la.

Ofereça a papa antes da mamada, pois assim o bebé estará com mais fome e mais propenso
a experimentar o novo alimento.
Depois comece a oferecer frutas amassadas, outros cereais e legumes amassados ou
peneirados, e alguns sumos de frutas, excepto sumo de laranja, limão, maracujá.

Ofereça um alimento novo à vez, e só introduzir um ingrediente novo após 2 ou 3 dias.


Passados dois ou três meses, o bebé deve alimentar-se de leite (materno ou biberão), cereais,
legumes e verduras, carnes e frutas. Introduzimos o ovo por último, pois é um alimento
alergénico. Dê inicialmente a clara e só depois o ovo inteiro.

Respeite o limite do bebé. Ele dará indícios de quando está satisfeito, podendo inclinar-se
para trás, fechar a boca ou virar a cabeça. Quando ele tiver uma melhor coordenação
motora, ele poderá até tentar tirar a colher da sua mão. Não o force a comer.

Outra questão importante é onde alimentá-lo. Se ele já conseguir sentar-se, pode alimentá-
lo no cadeirão, sempre bem preso. Caso ele ainda não consiga sentar-se, pode sentá-lo ao
seu colo, numa cadeirinha ou no carrinho, sempre tendo o cuidado que ele esteja numa
posição erecta, evitando engasgar-se.

Por volta dos 7 a 9 meses, a criança coloca os objectos na boca, e ele pode tentar comer
sozinho. Nesta época também, pode começar a beber líquidos de uma caneca. Um modelo
adequado é aquela com duas alças e tampa, onde a criança vai chupando o líquido.

Ao completar um ano de idade, pode-se fazer a transição do leite materno ou do leite


artificial para o leite de vaca. Não dê leite desnatado nesta idade, o bebé precisa das gorduras
e calorias do leite.

A vantagem de preparar a comida em casa é que o bebé irá acostumar-se com aquilo que a
família normalmente come. Deve tentar oferecer uma grande variedade de alimentos e a
forma mais saudável de prepará-los é assá-los, fervê-los ou grelhá-los. Ao ferver os
alimentos, usar pouca água para manter as vitaminas.

Os potinhos de comida de bebé são adequados para emergências ou viagens.

53
Agora que a criança come alimentos sólidos, é importante oferecer bastantes líquidos, o
melhor sendo água. Não se deve dar mel a uma criança com menos de 1 ano de idade, pelo
risco de botulismo.

Nesta fase de alimentos sólidos, as fezes do bebé sofrerão uma alteração. Isto é normal.
Mudarão na consistência, cor e cheiro.

Entre os 7 e 10 meses, o bebé já estará fazendo 3 refeições por dia e a ingestão de leite
materno ou biberão diminui. Aqui torna-se importante oferecer outras fontes de proteína,
tais como carne muito picadinha ou frango e é mais fácil de oferecê-los se misturados com
um legume que ele goste. Ele ainda não tem os molares, e é comum engasgar ou ter ânsias.

Dê sobremesa, ofereça uma fruta ou iogurte, não dê doces.

Sempre, em caso de dúvida, consulte a família.

54
DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO INFANTIL SAUDÁVEL

Dar exclusivamente leite materno até aos 6 meses (não oferecer água, chás ou
qualquer outro alimento).
O leite materno tem uma composição nutritiva dinâmica. A sua constituição
Passo 1 modifica-se com a evolução do aleitamento, ao longo do dia, durante a mesma
mamada ou mesmo de acordo com a idade gestacional do recém-nascido.
Entre as inúmeras vantagens da sua composição salienta-se a presença de
fatores bioactivos, que tornam o leite materno um alimento único e uma
verdadeira fonte de saúde para o bebé.

Passo 2 A partir dos 6 meses de idade, introduzir de forma lenta e gradual outros
alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos ou mais, se puder.

A partir dos 6 meses, dar alimentos complementares (alimentos que não o leite
materno, especialmente preparados para as crianças até que passem a ingerir
Passo 3 os alimentos consumidos pela família) três vezes ao dia se a criança receber
leite materno e cinco vezes ao dia se estiver desmamada. Com o início da
alimentação complementar deve ser oferecida água ao bebé, em pequenas
quantidades, várias vezes ao longo do dia.

Passo 4 A alimentação complementar deve ser oferecida sem rigidez de horários,


respeitando sempre a vontade da criança.

A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida à


Passo 5 colher. Começar com uma consistência pastosa (papas de fruta e purés de
legumes) e, gradualmente, aumentar a sua consistência até chegar à
alimentação da família (por volta dos 12 meses).

Oferecer diferentes alimentos à criança ao longo do dia (textura, cor e sabor).


Passo 6 A diversidade proporciona diferentes nutrientes, educa e estimula o
desenvolvimento do paladar do bebé, promovendo hábitos alimentares
saudáveis e equilibrados na vida adulta.
Uma alimentação variada é uma alimentação colorida.

Passo 7 Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições


(prefira os produtos da época naturalmente mais ricos em fibras e minerais).

Não oferecer açúcar, sal (em alternativa, use ervas aromáticas como tempero),
Passo 8 café, enlatados, fritos, refrigerantes, rebuçados, salgados, alimentos
processados e similares nos primeiros anos de vida.
Usar sal com moderação.

Passo 9 Cozinhar e armazenar cuidadosamente os alimentos, para minimizar o risco


de contaminação dos alimentos e todas os problemas para o estado de saúde

55
da criança que dai podem aparecer (diarreia, desnutrição, alergias, infecções,
carência de micronutrientes, entre outras).
Não reutilizar sobras (leite materno ou em pó) para as refeições seguintes.

Passo 10 Estimular a criança doente e convalescente a alimentar-se adequadamente,


oferecendo-lhe os seus alimentos preferidos, estimulando a aceitação e
respeitando a sua vontade quanto ao ritmo e horário das refeições.

Alimentos que não podem faltar na alimentação da criança


depois dos 2 anos
O mais importante é criar hábitos alimentares saudáveis nas crianças, fornecendo
alimentos essenciais em quantidades adequadas.
Não se esqueça que o estômago da criança é pequeno e que as suas necessidades
de comida são inferiores, sendo que a alimentação deve ser composta por refeições
pequenas e frequentes, ricas em nutrientes essenciais.

Cereais, leguminosas e tubérculos e seus derivados


Pão, massa, arroz, batata, feijão, grão-de-bico, repolho, bolachas (Maria ou torrada)
devem estar presentes em praticamente todas as refeições (pequeno-almoço,
lanches da manhã e tarde, almoço e jantar).
Estes alimentos são muito importante e os maiores fornecedores de energia do
organismo, mas também contem um mineral importante - o ferro.

Legumes e saladas
Os legumes são fontes de inúmeras vitaminas (vitamina A e C) e minerais (ferro,
cálcio, magnésio, potássio), assim como de fibra. Tomate, cenoura, abóbora,

56
espinafres, couve, gimboa, entre outros são boas opções, alguns em forma de sopa,
outros crus e outros cozidos/salteados.
Para uma boa nutrição e alimentação infantil é importante ter estes alimentos
sempre disponíveis, não só no frigorífico mas nos pratos das crianças nas duas
refeições principais, mesmo que ela não queira.

Fruta fresca
A fruta, fornecedora essencial de fibra, vitamina C e A, ácido fólico, magnésio, são
normalmente doces e por isso muito mais fáceis que os legumes de serem aceites
pelas crianças. O recomendado nestas idades é cerca de 3 peças de fruta por dia,
das diversas variedades.
É também importante ter algum cuidado com algumas frutas mais alergénicas
(morangos e frutos tropicais) mas que a partir dos dois anos podem ser oferecidas
com algum cuidado e estando atentos a possíveis reações alérgicas.
Fruta da época e diversidade, tal como nos legumes, é o mais apropriado para uma
boa alimentação do bebé e da criança saudável.
Exemplos:
Abacaxi = potássio + magnésio – ajuda no crescimento da criança
Abacate + farinha mandioca – alto teor nutritivo
Banana – anti-inflamatório e anti diarreico
Goiaba, manga e mamão – vitamina A e C (visão e pele)

Carne/peixe/ovos
Frango, porco, vaca, peixe (gordo e magro), ovos devem estar presentes na
alimentação das crianças, tanto ao almoço como ao jantar, em cerca de 30g em cada
uma das refeições. Este são alimentos muito ricos em vitaminas do complexo B,
ferro, zinco, ácidos gordos essenciais.
Considerados alimentos construtores devem ser dados em quantidades adequadas,
o que por vezes não acontece, pois há tendência para fornecer mais do que o
necessário.

Leite e seus derivados


Fontes de proteínas, cálcio e vitamina D devem ser ingeridas diariamente (excepto
em casos de alergia/intolerância) o que representa cerca de duas porções por dia,
em forma de leite e/ou iogurtes e/ou queijo. São muito importantes na construção
do esqueleto, ossos e dentes.

Água
A água é fornecedora de minerais e essencial para o bom funcionamento geral,
intestinal e intervêm ainda em inúmeras reacções químicas do organismo. Em
crianças com 2-3 anos de idade é recomendado a ingestão de cerca de 1 litro de
água.
Nestas idades a desidratação pode acontecer rapidamente, logo oferecer água às
crianças ao longo do dia é o principal! Evite ter e dar refrigerantes e sumos.
Doces devem ser experimentados o mais tarde possível e só oferecidos em dias de
festa!
As mudanças alimentares podem ser demoradas e até difíceis de aplicar, mas é tudo
uma questão de tempo. Importante mesmo é tornar a comida apelativa e fazer
escolhas saudáveis!

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Alguns sinais de desnutrição
 Interrupção do crescimento
 Feridas mais difíceis de cicatrizar
 Alterações no desenvolvimento: anemia e diarreias persistentes
 Apatia geral
 Cabelo ralo e sem côr

Alergias alimentares

O que é a alergia alimentar?


É uma reacção que ocorre quando o nosso
sistema imunológico (responsável pela defesa
contra doenças) reconhece erradamente um
alimento como sendo um agressor.

Quais os alimentos envolvidos na alergia


alimentar?
Oito alimentos causam 90% das reações
alérgicas: leite, ovo, trigo, amendoim, soja, frutos
de casca rija (conhecidos como frutos secos: noz,
amêndoa, avelã,…) marisco e peixe. Contudo,
qualquer alimento pode provocar uma alergia.

As alergias mais comuns nas crianças: leite, ovo e trigo.

Na dúvida, não arriscar!

Como é diagnosticada a alergia alimentar?


O diagnóstico de alergia alimentar é feito com base na história clínica da criança e
o médico poderá pedir exames de despiste.

Quando se manifesta a alergia alimentar?


A alergia alimentar pode manifestar-se em qualquer idade mas é mais possível nas
crianças, manifestando-se nos primeiros anos de vida. Contudo, algumas alergias
têm resolução espontânea até à idade escolar, isto é, as crianças acabam por
conseguir tolerar (aquisição de tolerância) o alimento de uma forma natural.

Quais as manifestações da alergia alimentar?


As manifestações surgem entre alguns minutos até duas horas após a ingestão do
alimento e podem ser:

58
 Cutâneas (urticária, edema).
 Respiratórias (dificuldade em respirar, pieira).
 Gastrointestinais (diarreia e vómitos).
 Cardiovasculares (diminuição da pressão arterial e perda de consciência).

Como se trata a alergia alimentar?


Depois do diagnóstico, o tratamento primordial consiste na eliminação do alimento
na dieta.
Devem ser excluídos não só os alimentos implicados, mas também os seus derivados
e outros alimentos/preparações que os contenham na sua composição.

Conselhos práticos para evitar alergias alimentares:


 Ler sempre os rótulos de todos os produtos quando vai fazer compras.
 Ter atenção ao facto de os alergénios poderem estar descritos de numerosas
formas diferentes (exemplo: na alergia ao leite deve verificar a presença de
ingredientes como: caseína, soro, lactalbumina…).
 Ter atenção à limpeza das mãos, dos utensílios de cozinha (incluindo
eletrodomésticos como o micro-ondas, batedeira, torradeira) e da própria
bancada/zona de trabalho para evitar contaminação cruzada.
 Ter atenção a medicamentos não sujeitos a receita médica e a produtos de higiene
e cosmética (podem conter leite, ovo, frutos secos).

Saúde Bucal

A saúde bucal trata as cáries dentárias


(decomposição dentária), a saúde, o
desenvolvimento e alinhamento adequado
dos ossos da cara, maxilares e dentes, as
doenças bucais e trauma ou lesões da boca e
dentes.
Tem de ser criado o hábito da higiene oral
desde cedo.

Aos dois anos de idade, a criança já deve escovar os dentes, pelo menos, uma ou
duas vezes por dia. Isto tem que fazer parte da sua rotina diária.

Por volta dos dois anos e meio, a criança já terá todos seus dentes de leite,
incluindo os segundos molares. Os dentes permanentes só virão por volta dos 6 ou
7 anos de idade.

As cáries são o maior problema dentário na idade pré-escolar. Caso não sejam
tratadas, a dor e a infecção causados pela decomposição dentária, podem levar a
problemas na alimentação, na fala e na aprendizagem.

Para prevenir o contágio, recomendamos aos pais ou quem cuide do bebé ou da


criança que:

59
• Tenham uma higiene oral adequada e consultem o dentista regularmente;
• Não partilhem utensílios, copos, colheres ou escovas de dentes com a criança;
• Não “limpem” a chupeta da criança na própria boca, antes de dá-la ao bebé.

É importante cuidar dos dentes de leite do bebé, pois estragam-se e acabarão por
cair. Como os dentes permanentes ainda não estão na hora de nascer, os dentes de
leite irão reposicionar-se no espaço que ficou vazio, não deixando um espaço para
quando chegarem os dentes permanentes.

É preciso vigiar a escovação, utilizando uma escova macia e muito pouca pasta de
dente, pois o flúor em excesso também faz mal. Se ele não gostar do sabor da pasta,
pode fazer a escovação sem pasta de dente, só com água; a escovação e lavar com
água são mais importantes que o uso de pasta de dentes. É importante escovar
todos os dentes, não só aqueles que ele consegue ver, por dentro e por fora, de cima
e de baixo.

Além da higiene bucal, a alimentação saudável do bebé e da criança tem um papel


importante na saúde dentária.

Esta fase é ideal para criar hábitos alimentares saudáveis para toda a vida:
estimular o consumo de frutas, verduras e legumes, grãos integrais, carnes de
galinha e sem gordura e leite, iogurtes e queijos e reduzir ao máximo o consumo de
alimentos e bebidas ricas em açúcar. Se a criança comer um pedaço de bolo, mas
escovar os dentes logo em seguida, não é tão prejudicial do que se ele comer aquelas
pastilhas, doces ou frutas secas, onde o açúcar permanecerá na boca por um longo
tempo.

Marque uma consulta com um dentista a partir dos 12 meses de idade

Conselhos para promover a saúde bucal:


• Amamentar
• Após a amamentação, limpar as gengivas e dentes do bebé, depois da
alimentação e antes de o pôr a dormir;
• Não ensinar o bebé ou criança a adormecer com um biberão. Qualquer biberão
que seja levado para o berço deve só conter água;
• Limitar o consumo de comidas e bebidas doces às refeições;
• Evitar gasosas e sumos de frutas muito doces;
• Ensinar o bebé e a criança a beber somente água ou leite entre as refeições;
• Estimular o consumo de frutas.

O flúor, um elemento da natureza, tem um papel importante na prevenção e


combate às cáries dentárias. O flúor diminui a dissolução do esmalte e estimula a
remineralização. O flúor pode ser aplicado de várias formas: através do consumo de
água tratada, quando o dentista faz uma aplicação de flúor no dente regularmente,
e finalmente, através do uso de pasta de dente ou suplementos bucais.

Uma boa higiene bucal é importante para a saúde.

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MÓDULO 5

MEDICINA PREVENTIVA E PRIMEIROS SOCORROS

61
DOENÇAS TROPICAIS

O Paludismo

Prevenção

Quais são as causas?

A malária ou paludismo é causada pelo parasita


plasmodium, transmitido pelo mosquito anopheles
fêmea. Assim que estiver na corrente sanguínea, o
parasita vai para o fígado e invade os glóbulos
vermelhos, onde se multiplica. Os glóbulos
vermelhos rebentam, libertando vários parasitas no
corpo. Isto ocorre geralmente em ciclos de 2 a 3 dias,
causando febre, suores e arrepios.

Quando um mosquito pica uma pessoa infectada,


contrai o parasita e transmite-o à pessoa que
picar posteriormente.

62
Sintomas

Os sintomas do paludismo podem ser


frequentemente confundidos com os da
gripe (incluem febre elevada (38ºC ou mais),
dores musculares, diarreia, dores de
cabeça, suores, arrepios e tosse), motivo
pelo qual as pessoas desconhecem que têm
a doença no imediato. Como irá perder
glóbulos vermelhos, pode também ter
anemia e icterícia (olhos amarelos). É por
isso que deve ser vigilante nos sintomas
iniciais.

Outras variantes do parasita da malária como o plasmodium falciparum, podem


fazer com que sinta os sintomas de malária em apenas 8 dias depois de ter sido
picado, sendo um dos parasitas da malária mais letais que podem afectar as
pessoas. O parasita plasmodium falciparum, o parasita mais perigoso da
malária, pode causar sintomas mais graves como convulsões, falência renal e
até coma.

Apesar dos sintomas da malária poderem aparecer 15 dias após a picada, em


alguns casos, podem demorar até um ano a desenvolverem-se.

É uma emergência médica que requer hospitalização.

O Dengue

Qual a causa?

A infecção pelo vírus transmitido pela


picada do mosquito Aedes aegypti, uma
espécie hematófaga originária de África.

Não há transmissão pelo contacto de um


doente ou suas secreções com uma
pessoa sadia, nem fontes de água ou
alimento.

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Como tratar?

Não existe tratamento específico para dengue, apenas tratamentos que aliviam os
sintomas. Deve-se ingerir muitos líquidos como água, sumos, chás, etc. Os
sintomas podem ser tratados com paracetamol.

Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetilsalicílico e anti-


inflamatórios, como aspirina e AAS, pois podem aumentar o risco de
hemorragias.

O tempo médio do ciclo é de 5 a 6 dias, e o intervalo entre a picada e a manifestação


da doença chama-se período de incubação. É só depois desse período que os
sintomas aparecem. Geralmente os sintomas manifestam-se a partir do 3° dia
depois da picada do mosquito.

Dengue Clássica

 Início súbito de febre alta


 Forte dor de cabeça
 Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento dos mesmos
 Perda do paladar e apetite
 Manchas e erupções na pele semelhantes ao sarampo, principalmente no
peito e braços
 Náuseas e vômitos e Tonturas
 Extremo cansaço
 Moleza e dor no corpo
 Muitas dores nos ossos e articulações

Dengue hemorrágica

Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos da dengue comum. A diferença


ocorre quando acaba a febre e começam a surgir os sinais de alerta:

Dores abdominais fortes e contínuas


Vômitos persistentes
Pele pálida, fria e húmida
Sangramento pelo nariz, boca e gengivas
Manchas vermelhas na pele
Sonolência, agitação e confusão mental
Sede excessiva e boca seca
Pulso rápido e fraco
Dificuldade respiratória
Perda de consciência

Na dengue hemorrágica, o quadro clínico agrava-se rapidamente, apresentando


sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar a pessoa à morte em até
24 horas. De acordo com estatísticas mundiais, cerca de 5% das pessoas com
dengue hemorrágica morrem.

O doente pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dores pelo corpo,
náuseas ou até mesmo não apresentar qualquer sintoma.

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O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz,
gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes podem
indicar a evolução para dengue hemorrágica.

Este é um quadro grave que necessita de imediata atenção médica, pois pode
ser fatal.

É importante procurar orientação médica ao surgirem os primeiros sintomas, pois


as manifestações iniciais podem ser confundidas com outras doenças, como febre-
amarela, paludismo ou leptospirose e não servem para indicar o grau de gravidade
da doença.

A melhor forma de se evitar o paludismo e a dengue é combater os focos de


água, locais propícios para a criação de mosquitos transmissores destas
doenças. Para isso, é importante não acumular água em latas, embalagens,
copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de
plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas,
sacos plásticos e lixeiras, entre outros.

Chicungunha ou Catolotolo

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O termo chikungunya vem de um dialeto da Tanzânia e significa algo como “aquele
que se dobra”. O termo surgiu pelo fato dos pacientes acometidos pela doença terem
intensas dores articulares, que fazem com que o mesmo fique com o tronco sempre
arqueado.

A febre chikungunya, chamada em português de febre chicungunha (em Angola, a


febre chikungunya é popularmente chamada de catolotolo), é uma doença provocada
por um vírus, que apresenta sintomas semelhantes aos da dengue, tais como febre
alta, dores pelo corpo, dor de cabeça, cansaço e manchas avermelhadas pelo corpo.
Felizmente, a febre chicungunha não provoca complicações hemorrágicas, sendo,
portanto, uma infecção menos fatal que a dengue.

Como aparece e quais os sintomas?

A febre chicungunha pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes
albopictus, os mesmos que transmitem o vírus da dengue e da febre amarela.

O período de incubação extrínseco do vírus Chikungunya é de cerca de 10 dias. A


transmissão através da picada de mosquito é responsável por praticamente todos
os casos de febre chicungunha. Porém, há outras formas possíveis de se contaminar
com o CHIKV. Uma delas é a chamada transmissão vertical, que ocorre da mãe para
o bebê durante o parto. Até onde sabemos, o vírus Chikungunya não causa má-
formações no feto, pois, aparentemente, a transmissão não ocorre dentro útero, mas
sim no momento do parto, seja ele natural ou por cesariana.

Os recém-nascidos contaminados costumam desenvolver a doença entre 3 a 7 dias,


e o quadro clínico costuma ser bem mais grave que nos adultos. Não há evidências
de que o CHIKV possa ser transmitido pelo aleitamento materno.

A chamada fase aguda da febre chicungunha começa com uma febre alta de início
súbito, geralmente ao redor do 40ºC, associada à mal-estar e intensa poliartralgia
(dor em várias articulações). As dores articulares costumam surgir nas primeiras
48 horas e surgem no corpo inteiro, mas os locais mais afectados costumam ser as
mãos, punhos, pés e tornozelos. Intensa dor lombar também é comum. Nos
primeiros 2 ou 3 dias de doença, até 75% dos pacientes apresentam uma urticária
na pele, que são pequenos pontos avermelhados e agrupados, que podem ou não
ter algum relevo. Surge no tronco, mãos e pés.

Dor de cabeça, dor muscular, cansaço, diarreia, vômitos, conjuntivite, dor de


garganta e dor abdominal também são sintomas comuns na fase inicial da doença.
A fase aguda dura de 3 a 7 dias, período no qual os sintomas começam a
desaparecer.

Quando adquirida por bébés já previamente com múltiplas doenças, principalmente


de origem cardíaca, pulmonar ou neurológica, a febre chicungunha costuma ter
uma evolução mais agressiva, podendo, inclusive, levar ao óbito.

Diferenças entre a dengue e a febre chicungunha

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A dengue e a febre chicungunha partilham de várias semelhanças. Em alguns casos,
pode ser bastante difícil fazer o diagnostico diferencial somente através dos sinais e
sintomas. Todavia, uma avaliação clínica mais cuidadosa pode nos ajudar.
Na febre chicungunha, um dos sintomas mais fortes é tipicamente a dor das
articulações das extremidades (mãos e pés). Outra diferença é a urticária. Na febre
chicungunha as manchas vermelhas surgem nas primeiras 48 horas, enquanto que
na dengue a urticária só surge a partir do 3º ou 4º dia.
Após o fim da fase aguda, o paciente com dengue costuma sentir-se cansado por
vários dias, enquanto que o paciente com febre chicungunha queixa-se de dor
articular.

Tratamento da febre chicungunha

Tal como na dengue, não existe tratamento específico contra a febre chicungunha.
A maioria dos pacientes irá curar-se de forma espontânea após cerca de 7 a 10 dias.
Para evitar a desidratação, que é muito comum, indica-se o consumo de 1,5 a 2,0
litros de água por dia. Para o controle da febre e das dores articulares, as drogas
mais indicadas são o paracetamol e a dipirona. O uso de anti-inflamatórios ou
aspirina deve ser evitados na fase aguda, pois se o paciente, na verdade, tiver
dengue em vez de febre chicungunha, esses medicamentos aumentam o risco de
eventos hemorrágicos.

Doença do Sono
Geralmente conhecida como doença do sono,
a Tripanossomíase Humana Africana é uma
infecção parasitária transmitida por moscas
tsé-tsé.
Essas moscas podem ser encontradas em 36
países da África subsaariana, colocando em
risco cerca de 60 milhões de pessoas. A
infecção ataca o sistema nervoso central,
causando distúrbios neurológicos graves.
Sem tratamento, a doença é fatal.

O que causa a doença do sono?


O parasita que causa a doença do sono é transmitido para humanos por moscas
tsé-tsé infectadas, que procriam em regiões quentes e húmidas. Habitando a vasta
savana da África subsaariana, as moscas entram em contacto com as pessoas, com
o gado e com animais selvagens, todos agindo como hospedeiros dos parasitas do
Trypanosoma.

Sintomas da doença do sono


A primeira parte da doença do sono apresenta sintomas como febre, dores de
cabeça, fraqueza, coceira e dores nas articulações. Nessa fase, a doença do sono é
facilmente tratável, mas de difícil diagnóstico.
Sem tratamento, o parasita invade o sistema nervoso central da pessoa infectada e
a segunda parte da doença pode ter outros sintomas mais definidos como confusão,
comportamento violento ou convulsões.

67
A doença leva o nome do seu sintoma mais marcante: os doentes não conseguem
dormir durante a noite, mas são frequentemente vencidos pelo sono durante o dia.

Diagnóstico e Tratamento da doença do sono

É difícil diagnosticar a doença do sono antes da segunda parte devido aos sintomas
iniciais.

O paciente tem de ser visto urgentemente por médico que vai determinar o
estágio da doença e o tratamento adequado.

Febre
A febre é um sinal muito frequente no bebé e na criança e uma importante causa
de preocupação.

A temperatura do corpo humano deve ser e é


normalmente mantida em valores entre os 36 e
os 37° C.

Substâncias produzidas pelo próprio


organismo, em algumas circunstâncias, e,
principalmente, algumas produzidas por
agentes infecciosos, como os vírus e as
bactérias, causam o reajuste da temperatura.

Entre estes mecanismos, os arrepios, os tremores, a vontade de ficar sob mantas,


agasalhar-se, são alguns exemplos.
As vacinas e o uso de alguns medicamentos são exemplos de possíveis causas de
febre sem infecção. A febre causada em resposta aos agentes infecciosos é,
entretanto, a mais comum na criança.

A febre deixa a criança, especialmente as mais pequenas, com menor actividade,


mal-estar e aspecto mais adoentado, o que confunde os sintomas.

A febre tem um "comportamento" que pode ajudar o diagnóstico do médico, podendo


ser mais característica de um ou outro tipo de doença, mas o padrão da febre não é
suficiente para definir um diagnóstico.

O tratamento da febre, com antitérmicos, tem a função de reajustar a temperatura


do bebé e da criança e tem o papel de aliviar este sintoma e minimizar desconfortos,
como dores, mas não modifica o curso das doenças infecciosas.

Crianças e adolescentes saudáveis com febre com temperatura inferior a 38°C não
precisam de tratamento. Em situações especiais como existência de doença
cardíaca ou neurológica ou nas crianças com antecedente de convulsão febril, o
tratamento com antitérmicos em febres mais baixas é benéfico.

68
Sempre que indicado, dar o medicamento antitérmico e apenas adoptar medidas
para favorecer a perda de calor pelo organismo cerca de 30 ou 40 minutos depois
do início da subida de febre.

O bebé ou a criança tem febre. Quando se deve consultar o médico?

• Crianças menores do que 3 meses de vida, sempre.


• Crianças com menos de 3 anos e principalmente com menos de 1 ano de vida
e segundo dia de febre.
• Crianças acima de 3 anos e febre com duração superior a 2 dias,
especialmente sem sinais de origem do sintoma.
• Crianças com aparência de muito doente (“caída”, “prostrada”, “hipoactiva”),
especialmente após o uso de antitérmico e controle da febre, independente
da duração da febre.
• Crianças com febre alta e sem sinais da origem da doença.
• Crianças com doenças de base.

Convulsão febril
Todas as crianças com convulsão associada a febre devem ser cuidadosamente
examinadas e investigadas à procura de outras causas para a febre.

A convulsão febril é rara antes dos 9 meses de vida e após os 5 anos de


idade.

A idade de maior incidência está entre os 14 e os 18 meses de vida. Existe uma


forte relação com história familiar (irmãos e pais), o que sugere uma predisposição
genética.

Um episódio de convulsão febril habitualmente está associado a aumentos muito


rápidos da temperatura até acima de 39°C.

A convulsão febril não tem nenhum efeito sobre o desenvolvimento intelectual.


O uso de antipirético e o controle da febre nem sempre podem impedir a convulsão
febril, que muitas vezes ocorre antes mesmo de a febre ter sido observada, pois a
temperatura pode subir rapidamente. O importante é proteger a criança durante a
convulsão e levá-la ao médico.

A forma de controlar a febre em novas situações de infecção deve ser orientada pelo
médico, mas sempre lembrando-se que a convulsão febril é benigna (apesar de
assustar muito os pais e as amas).

Em crianças até os quatro anos a convulsão é provocada, geralmente, pela febre


alta. Para baixar a febre, dê um banho morno durante 15 minutos. Mantenha a
criança sem roupa e passe uma esponja ou um pano com água morna pelo corpo
dela várias vezes. A evaporação faz baixar a febre. Nem por isso, deixe de procurar
ajuda médica.

69
Após os 5 anos de idade, a convulsão tende a desaparecer e devemos usar sempre
medidas que baixem a temperatura (antitérmicos e medidas físicas, como
compressas e banho). Nem sempre teremos o controlo total da temperatura nos
episódios febris, mas não devemos sentirmo-nos culpados caso um novo episódio
de convulsão venha a acontecer.

A Epilepsia
O que é a epilepsia infantil?

A epilepsia é um distúrbio, uma síndrome ou


transtorno que se caracteriza por um conjunto
de crises ou convulsões que apresentam
algumas crianças, e que duram mais de cinco
minutos, de um modo geral.

É uma doença neurológica que se manifesta


através de descargas elétricas que afectam os
neurônios cerebrais das crianças. A maioria
das crianças que apresentam esta doença
podem levar uma vida normal e além disso, a
maior parte das epilepsias infantis têm bom
resultado com o tratamento.

Como saber se uma criança é epiléptica

Muitos dos casos que parecem não são epilepsias. As convulsões febris, por
exemplo, não entram dentro do que se chama epilepsias. Uma criança pode ter
epilepsia quando:

1- Apresenta duas ou mais crises convulsivas sem desencadeantes claros como a


febre, por exemplo.
2- A criança perde o conhecimento ou apresenta ausências breves.
3- Apresenta contracções musculares fortes, com espasmos dos músculos.
4- Apresenta sudoração excessiva, com movimentos anormais e alterações bucais.

Diagnóstico e tratamento da epilepsia infantil

Na grande maioria dos casos, as crises epilépticas desaparecem naturalmente,


porém a tendência é que se repitam de tempos a tempos. Quando uma criança tem
alguma crise epiléptica, deve-se levá-la ao médico. A epilepsia tem tratamento e os
novos remédios melhoram a qualidade de vida das crianças que dela padecem.

A maioria das crianças que desenvolvem esta síndrome podem ser controladas com
a medicação anti-epiléptica. Só em casos que existam crises resistentes aos

70
tratamentos, se vai necessitar enfoques diferentes como a cirurgia. Nestes casos, os
pais devem evitar que os seus filhos estejam expostos a factores que possam
desencadear uma crise como a televisão, videojogos, etc.

São muitos os factores que podem provocar uma crise epiléptica nas crianças:
problemas de desenvolvimento cerebral durante a gravidez; falta de oxigênio
durante ou depois do parto; traumatismos crânio-encefálico; tumores cerebrais,
convulsão febril muito prolongada, etc.

A epilepsia pode ser detectada por crises com intervalo de no mínimo 24 horas entre
elas. Um só episódio não pode indicar uma crise epiléptica. O tratamento da
epilepsia é indicado apenas a partir da segunda crise. Os remédios têm o objetivo
de bloquear as crises, eliminando a atividade anormal do cérebro da criança. O êxito
do tratamento depende dos pais da criança afectada. Só eles podem vigiar e garantir
que o seu filho esteja medicado. A criança não pode deixar de tomar a medicação
sob nenhum pretexto nem deixar de ir às revisões médicas.

O que devemos saber sobre a epilepsia


• A epilepsia não é hereditária.
• Diante de uma crise de epilepsia de uma criança, manter a calma.
• Durante uma crise epiléptica, apoiar bem a cabeça da criança e evitar que ela se
asfixie com o seu próprio vômito, posicionando a sua cabeça ao lado.
• A epilepsia não é contagiosa. Não tenha medo nem preconceitos. Não é uma
loucura.

Como proceder em caso de convulsão epiléptica?

 Proteja a cabeça da criança.


 Afrouxe as roupas. Deixe a criança debater-se livremente.
 Evite a mordedura da língua, colocando um lenço dobrado entre as arcadas
dentárias.
 Nunca coloque nenhum objecto entre os dentes da criança. Ela pode parti-los.
 Cuidado para não ter os seus dedos mordidos com violência.
 Uma vez que a convulsão acabe, mantenha a criança em repouso.
 Após a convulsão, é comum a sonolência. Deixe-a dormir.

Evite fazer comentários sobre o atendimento à vítima de convulsão


durante e após o socorro.

Antes do ataque, a criança pode saber que vai ocorrer. É conhecido como "aura".
Ela refere sentir cheiro ou gosto estranho, algumas vezes pode ter alucinações
visuais ou sonoras. A vítima, muitas vezes, anuncia que a crise vai começar.

71
Febre Aftosa

O que é?
A febre aftosa é uma infecção causada por um
vírus, a qual origina pequenas aftas vermelhas
na parte posterior da boca. Em seguida, as
erupções transformam-se em bolhas cheias de
líquido que depressa rebentam, deixando
pequenas úlceras ou feridas. Apesar de serem
muito pequenas, as úlceras podem ser muito
dolorosas para a criança levando-a a recusar
alimentos e a beber água.
Causa também erupções nas mãos e nos pés
e na zona da pele coberta pelas fraldas.

Como se transmite?
A Febre Aftosa é uma enfermidade altamente
contagiosa que ataca todos os animais de
casco fendido, principalmente vacas, porcos,
ovelhas e cabras.
O vírus é transmitido quando a criança toca
em fezes infectadas e, depois, introduz as
mãos na boca. O vírus também pode ser transmitido através dos pulmões ao tossir
e espirrar.
O vírus também pode sobreviver tempo suficiente em determinados espaços e
objectos, como balcões e brinquedos, de forma a transmitir-se a outra pessoa.

Sinais e sintomas
A febre aftosa pode começar com febre, garganta inflamada e uma sensação geral
de mal-estar durante vários dias antes do aparecimento das erupções na boca. As
crianças poderão não querer comer e ficar muito irritáveis. As crianças mais velhas
poderão queixar-se de dor de cabeça, garganta inflamada e falta de energia.

Tratamento da criança em casa

Não existe tratamento mas as úlceras acabarão por desaparecer por si ao fim de 10
dias.

O tratamento baseia-se no apoio, isto é, manter a criança hidratada e confortada o


mais possível, o que ajuda a que o organismo combata a infecção.

Dê à criança líquidos com frequência e em pequenas quantidades, para evitar a


desidratação. Os alimentos frios e moles (gelados e sumo de maçã) são suavizantes
e não irritam as feridas. Os citrinos, as bebidas leves e os alimentos salgados ou
condimentados poderão causar mais irritação.

A complicação mais frequente da febre aftosa é a desidratação, isto é, inexistência


de água em quantidade suficiente no organismo. As crianças poderão recusar-se a
beber líquidos devido à dor sentida na boca.

72
O único tratamento consiste num bom controlo da dor. Para controlar a dor, dê
paracetamol.
Siga sempre as instruções constantes da embalagem do medicamento ou fale com
o médico da criança.

Não existe nenhuma vacina contra o vírus.

LAVE SEMPRE AS SUAS MÃOS:

 Após ter assoado o nariz da criança


 Após ter mudado uma fralda
 Após ter utilizado a sanita
 Antes de preparar alimentos

Certifique-se que lava frequentemente as mãos do bebé e da criança


Evite a propagação e crises futuras

A vacinação

Vacinas do recém-nascido

As vacinas protegem a criança de muitas


doenças graves e devem ser administradas
nas idades recomendadas, mesmo se a
criança está constipada ou com uma doença
ligeira, desde que a temperatura rectal seja
inferior a 38,5 °C.

Durante o primeiro mês, o bebé deve fazer a


vacina contra a tuberculose (BCG) e a vacina
contra a hepatite B (VHB) no centro de saúde, caso não tenha sido realizado no
hospital ou maternidade.

Vantagens da vacinação

A vacinação constitui o meio mais eficaz de medicina preventiva, sendo uma das
maiores defesas contra doenças muito graves. São salvas por ano, entre sete e oito
milhões de vidas no mundo inteiro, isto quer dizer que, salvam-se mais vidas do que
qualquer outra medida de saúde. Conseguiu-se acabar com a varíola do planeta, e
está ao alcance de qualquer país, por exemplo a eliminação da poliomielite, da
difteria, do sarampo, da tosse convulsa, entre outras doenças.

Objetivos da vacinação

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 Proteger o indivíduo contra a doença e suas complicações;
 Proteger a comunidade contra a transmissão da doença através dos
indivíduos infectados (com ou sem indicação de doença);
 Reduzir o número de eventuais indivíduos sensíveis a doenças, de modo a
que a “imunidade de grupo” os possa proteger, conseguindo-se através de
uma elevada percentagem de indivíduos vacinados;
 Erradicar doenças.

Como funciona uma vacina

Quando somos infetados por um vírus, bactéria, ou outro agente causador de uma
doença transmissível, o nosso corpo reage produzindo substâncias chamadas
anticorpos. Estes anticorpos combatem o agente invasor (chamado antigénio) e
ajudam-nos a recuperar da doença. Em geral, estes anticorpos permanecem no
nosso corpo, mesmo depois de estarmos curados, evitando que apanhemos a
mesma doença mais tarde. A isto chamamos ter imunidade à doença.

Os bebés nascem imunes a muitas doenças, pois recebem anticorpos protetores


através da placenta da mãe. Mas esta imunidade do recém-nascido desaparece
durante o primeiro ano de vida, deixando o bebé exposto aos agentes infeciosos.

As vacinas permitem que o bebé fique imune a muitas doenças, mesmo depois de
perder os anticorpos recebidos da mãe. Dentro da vacina estão os agentes
causadores de doenças (antigénios) num estado muito fraco. A vacina “engana” o
nosso corpo, fazendo-o pensar que estamos a ser invadidos pela doença. O corpo
reage produzindo anticorpos que permanecem durante muito tempo activos. Se a
criança vacinada for exposta à doença mesmo a sério, estará melhor protegida.

No mesmo dia podem ser administradas várias vacinas (apesar de algumas vacinas
terem de ser administradas em locais diferentes). Se as vacinas não forem
administradas no mesmo dia, então terão que ser respeitados intervalos de tempo
diferente de acordo com as vacinas específicas para a administração das vacinas
seguintes.

Depois de serem compradas, as vacinas devem ser administradas logo que possível.
Devem ser conservadas preferencialmente nas prateleiras do meio do frigorífico (e
não na porta do frigorífico).

74
Prevenção de Acidentes Domésticos
Actualmente, os acidentes domésticos são a principal causa de morte em crianças
com menos de 5 anos no mundo.
A tarefa de evitar acidentes é a maior responsabilidade dos pais e das amas.
Em cada fase da vida da criança, existem perigos diferentes, e portanto, os cuidados
que devem ser tomados também são diferentes.
Até os seis meses de idade, aconselhamos que não deixe um bebé ou criança sozinho
numa situação que pode oferecer algum risco.
Assim que ele começar a mexer-se, ele é um risco para si mesmo: rola da cama,
entra em lugares que não deveria, escala lugares perigosos, põe a mão em tudo e
experimenta tudo.
A criança não tem noção do perigo ao qual se expõe, e também não tem memória de
experiências más ou dos seus avisos para não fazer ou mexer alguma coisa. Ela está
a descobrir o mundo. Não tem capacidade de prever as consequências do seu acto,
por exemplo, se ela puxa o fio do ferro de passar a roupa, ela não tem noção que o
ferro quente pode cair em cima dela.
É muito importante ser consistente, e nunca deixe que uma regra de segurança seja
desobedecida. É importante explicar à criança porque não permitimos que ela faça
alguma coisa que pode oferecer-lhe algum risco.
A maioria dos acidentes com crianças ocorre quando estamos sob stress. As
seguintes situações estão normalmente associadas com acidentes:
• Fome ou cansaço;
• Gravidez da mãe;
• Doença ou morte na família;
• Tensão entre os pais ou com a ama;
• Mudanças no meio ambiente da criança, tais como mudar para uma casa nova,
sair em viagem ou ir para uma creche ou jardim-de-infância.
Tente fazer da casa ou jardim-de-infância um ambiente seguro para o bebé e a
criança, onde se possa sentir livre para explorar.

Acidentes mais comuns na Primeira Infância - 0 aos 3 anos

0 aos 6 meses
 Vira na cama, rola do colo de adultos;
 Ferimentos provocados por objectos
perfurantes;
 Asfixia durante o sono;
 Queimadura na água do banho e cozinha;
 Mordidas de animais e picadas de
insectos;
 Colisão de automóveis.

7 aos 12 meses
 Rola, engatinha, senta na cama, dá os
primeiros passos apoiada nos móveis;
 Usa força nos dentes para quebrar partes
dos brinquedos;
 Deglute brinquedos que soltam pedaços;

75
 Móveis com pontas agudas;
 Rola da cama e outros móveis, rola dentro da banheira;
 Colisão de automóvel.

De 1 aos 3 anos
 Usam cadeiras como escadas;
 Adoram brincar com água;
 Engasgamento com chicletes, rebuçados, outros alimentos;
 Adoram fogo panelas com cabos para fora do fogão;
 Choque elétrico em tomadas;
 Sufocamento com sacos plásticos;
 Pratos copos de vidro e facas, pregos, lâminas de barbear;
 Entram em fornos e geladeiras;
 Quedas de janelas, terraços, poço e escadas;
 Introdução de corpos estranhos no corpo.

Acidentes mais comuns na Segunda Infância (dos 3 aos 7 anos)

Dos 3 aos 7 anos


 Passeiam e provocam animais;
 Escalam janelas e varandas;
 Usam ferro de passar;
 Cortes e contusões em cantos de móveis, pregos, arames;
 Pulam em piscinas, represas, mar, rio;

 Brincam a imitar super-


heróis, usam espadas e
pulam de móveis;
 Jogam bola, andam de
skat e bicicleta, correm a
atravessar a rua;
 Andam de bicicleta,
patins, atravessam rua,
soltam pipas, pulam
corda, correm, sobem em
árvores e brinquedos do
playground;
 Têm curiosidade em
remédios, venenos, etc.

Acidentes mais comuns na Terceira Infância

76
(dos 7 anos ao início da adolescência)

A partir dos 7 anos


 Copiam comportamento dos adultos,
como agressividade, crueldade;
 Têm curiosidade em arma de fogo;
 Desmontam coisas para saber como
funciona;
 Apanham choques elétricos com
material informático e outros;
 Podem envenenar-se com remédios,
inseticidas, gás, etc;
 Têm brincadeiras radicais;
 Fazem queimaduras em forno e fogão,
fogos de artifício;
 Mordidas provocadas por animais;
 Acidentes de trânsito;
 Enrolamento dos cabelos em motores
ou máquinas;
 Traumatismos crânio-encefálicos na prática de desportos sem equipamento
apropriado;
 Correm atrás de bola ou animal de estimação na rua.

77
PRIMEIROS SOCORROS INFANTIS

Na escola, em casa, na rua e outros locais, por vezes, as crianças sofrem pequenos
acidentes que provocam ferimentos e que necessitam de ser tratados com urgência.
Os Primeiros Socorros são ajudas que se dão imediatamente depois de as pessoas
sofrerem um acidente.

Muitas vezes não nos sentimos preparados para actuar, por não sabermos o que
fazer e como fazer.

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Saber o que fazer e (especialmente) o que não fazer pode significar a diferença nestes
casos, mas é preciso treinar para aprender.

Apenas num curso qualificado e de teor prático se pode realmente obter


competências para actuar, sendo o treino prático essencial para alguém se tornar
um socorrista.

Não tente socorrer se não souber o que fazer. Pode causar danos ainda maiores para
a vítima, como por exemplo, a paralisia e mesmo a morte.

É importante estarmos preparados para actuar rapidamente, até à chegada dos


meios de socorro. Pode ser a vida de um familiar, de um amigo ou colega que está
em risco.

Os primeiros socorros são a resposta rápida e inicial a uma emergência médica, e


sabendo o que fazer podemos reduzir a gravidade da situação, melhorar as
possibilidades de sobrevivência e diminuir o grau de sofrimento.

Aumenta-se também a possibilidade de recuperar e conservar a sua qualidade de


vida.

O socorrismo é uma responsabilidade de todos e devemos desenvolver competências


para ajudar o próximo e reforçar os laços de solidariedade na sociedade.

A CAIXA DE PRIMEIROS SOCORROS

Para ajudar o acidentado devemos ter


sempre por perto uma Caixa de

79
Primeiros Socorros, onde se guardam
alguns medicamentos e utensílios
básicos e essenciais para uma
primeira assistência.

O que deve conter?


Soro fisiológico Água oxigenada e Álcool
Sabonete líquido Betadine (iodopovidona)
Compressas esterilizadas (10 ×10 cm) Ligaduras de gaze (10 cm)
Ligaduras elásticas (5 cm) Ligaduras elásticas (10 cm)
Talas Adesivo – 1 rolo
Algodão Pinça - 1
Tesoura - 1 Luvas descartáveis
Pensos rápidos – 1 caixa Alfinetes de Dama – 12
Seringas – 4 Termómetro – 1

A caixa de Primeiros Socorros pode também ter alguns medicamentos para dor,
febre, inflamação, intoxicação alimentar, queimaduras ou picadas de insectos.
As caixas de Primeiros Socorros têm também 1 Manual de Primeiros Socorros para
consulta em caso de dúvida.

Nota: É importante rever frequentemente a caixa, verificando os prazos de validade


e material em falta.

A caixa de Primeiros Socorros é também recomendada em casa, nas creches,


jardins-de-infância e escolas e em qualquer local de trabalho.

Primeiros Socorros – O que são?

Primeiros socorros são os procedimentos adoptados, quando uma pessoa tem um


acidente ou mal súbito, antes da chegada do médico ou do profissional qualificado
da área de saúde, ou da ambulância.

80
Princípios Gerais e Básicos do Socorrismo

PAS

PREVENIR ALERTAR SOCORRER


o agravamento correctamente a vítima

Prestador de Socorro

Pessoa com o mínimo de conhecimentos,


capaz de prestar atendimento a uma pessoa
até à chegada de profissional especializado.

81
Socorrista

Pessoa tecnicamente capacitada para, com


segurança, avaliar e identificar problemas que
comprometam a vida.

3 Etapas para socorrer

Manter a calma
Ser tranquila ajuda a pensar e a
avaliar a situação da criança e dos
cuidados necessários a fazer.

Avaliar a situação
Quem vai socorrer a criança, deve
verificar se o local onde aconteceu o
acidente está seguro.
Não pôr em risco a sua própria vida
para confirmar o estado da criança.

Afastar o perigo da criança


e a criança do perigo

Falar com a criança


Se a situação estiver segura, fazer a
avaliação da criança que sofreu o
acidente, procurar as condições em
que se encontra e pedir socorro
especializado ao Serviço Nacional de
Emergência, telefonando para 116.

82
83
1. Asfixia e engasgamento

Dificuldade respiratória que leva à falta de oxigénio no organismo.


A causa mais vulgar é engolir ou tapar boca e nariz com pequenos
objectos, alimentos mal mastigados, etc.

2. Corpos Estranhos

Corpos estranhos são todos os pequenos objectos que o bebé ou criança podem
levar à boca, colocar no nariz, nos olhos, nos ouvidos.

Exemplos: pedra, missanga, prego, feijão, anel, botão, moeda, etc…

Na Garganta
Criança mais pequena Criança mais velha e/ ou Adulto

Manobra de Heimlich

A manobra de Heimlich é uma técnica de emergência que consiste na realização


de uma série de compressões a nível superior do abdómen, mais precisamente
abaixo do externo.

84
Nos olhos
Os mais frequentes são: grãos de areia, insectos, limalhas, …

O que fazer?
• Abrir as pálpebras do olho atingido com muito cuidado.
• Fazer correr água sobre o olho, do canto interno, junto ao nariz, para o
externo.
• Repetir a operação duas ou três vezes.
• Se não obtiver resultado, fazer um penso oclusivo, isto é, colocar uma
compressa e adesivo, e enviar ao Hospital.

Nos ouvidos
Os corpos estranhos mais frequentes são os insectos.

O que deve fazer?


Se houver certeza de que o corpo estranho é um insecto, deve deitar uma gota de
azeite no ouvido e encaminhar para o hospital.

Outros corpos estranhos enviar ao Hospital.

3. Picadelas

Abelhas e Vespas

O que fazer?
• Extrair o ferrão com uma pinça;
• Aplicar água fria ou gelo;
• Friccionar com álcool ou vinagre;
• Aplicar gelo para aliviar a dor e reduzir
o inchaço;
• Ir ao médico em caso da reação alérgica.

Nota: Necessitam de cuidados especiais e de transporte urgente ao Hospital os casos


de: Picadas múltiplas (enxame) e Pessoas alérgicas

85
Mosquito da Malária

Malária ou paludismo, entre outras designações, é uma


doença infecciosa aguda ou crónica causada pela picada do
mosquito Anopheles.

NOTA:
É uma emergência médica que requer hospitalização.

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Picadas de peixes venenosos/ Ouriços/ Alforrecas

Estas picadas provocam, por vezes, dores muito


intensas.
Aplicar no local cloreto de etilo ou, na sua falta, gelo
(durante ± 10 minutos).

4. Envenenamento/ Intoxicação

Vias de contacto e/ou administração


Inalatória (ex. inalação de um gás tóxico);
Gastrointestinal (ex. alimentos contaminados);
Cutâneas (ex. pesticidas);
Oculares (ex. jacto de desodorizante)

Via Inalatória
- Eliminar a fonte do tóxico, afastando a vítima
do local;
- Retirar roupas;
- Hospital.

Via Gastrointestinal

- Seguir obrigatoriamente para Hospital

Via Ocular

- - Lavar abundantemente com água corrente ou soro fisiológico;


- Não esfregar;
- Pedir para não fechar as pálpebras;
- Hospital.

Via Cutânea
- Lavar abundantemente com água corrente;
- Retirar roupas contaminadas;
- Não aplicar qualquer produto;
- Hospital.

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5. Feridas ou Cortes

Superficiais
Simples – não necessitam de tratamento médico ou
diferenciado;
Complicadas – necessitam de tratamento médico ou
diferenciado.

Profundas ou penetrantes
Necessitam sempre de tratamento médico ou diferenciado.

O que fazer?
Acalmar a pessoa;
• Lavar a ferida com água da torneira;
• Desinfectar bem;
• Colocar uma compressa esterilizada.
• Se a ferida for profunda ou extensa necessita de transporte urgente ao Hospital.

Casos Especiais

Se existe um objecto estranho encravado (faca, vidro, prego, etc) nunca se retira.
Fazer uma protecção com “rodilha”, para que o objecto não alargue os bordos da
ferida ou se afunde mais e fixar cobertura.

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6. Mordedura de Animais

O que fazer?
Cães
• Lavar a ferida com água e sabão;
• Desinfetar com um antisséptico
• Procurar saber se o animal está vacinado
• Transportar a vítima de imediato ao Hospital.
Nota: A mordedura de cão envolve risco de infecção.

Gatos/ratos/porcos/equídeos (cavalos e burros)

• Desinfectar o local da mordedura


• Transportar sempre a vítima ao Hospital

Mordedura de víbora/ cobra

• Manter a vítima imóvel e tranquila.


• Desinfectar o local da mordedura
• Colocar um garrote ou ligadura, não muito
apertado nem durante muito tempo, acima
da zona mordida, para tentar evitar a
difusão rápida do veneno.

Atenção: esta manobra só tem interesse se executada logo após a mordedura.


É uma situação muito grave que necessita transporte urgente para o Hospital.

7. Queimaduras

Lesões na pele provocadas por diversos agentes

Fogo
Atrito
Fricção
Líquidos ferventes
Vapores
Electricidade
Radiações solares
Frio
Produtos químicos, …..

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O que fazer?
• Aplicar água fria ou manteiga na zona queimada durante 10 minutos;
• Nos casos graves, levar a pessoa queimada imediatamente ao Hospital.

Gravidade da queimadura:
1° grau - Atinge a epiderme, fica com vermelhidão.
2° grau - Atinge a epiderme estendo-se até a derme e caracteriza-se pela presença
das bolhas.
3° grau - Atinge todas as camadas da pele. Provoca lesões que vão até aos
músculos.
4 ° grau – (é o mais grave) . Atinge os ossos.

Queimaduras Solares
• Procurar um lugar à sombra;
• Refrescar o corpo, passando a zona afectada por
água fria ou compressas húmidas;
• Aplicar um creme hidratante/calmante;
• Beber muita água.

O golpe de calor ou insolação é uma situação


resultante da exposição prolongada ao calor, num
local fechado e sobreaquecido (por ex., dentro duma
viatura fechada, ao sol) ou da exposição prolongada
ao sol.

90
Se surgir:
• Febre
• Arrepios
• Vómitos
• Dores de cabeça
 Queimadura com bolhas

Ir ao médico! É insolação.

Proteger sempre que se está exposto, quer esteja na praia, na piscina, no recreio,
no jardim ou na rua...
Colocar um chapéu, lenço ou boné na cabeça e usar uma T-shirt nas horas de
maior calor!
Evitar a exposição solar nas horas de maior calor (entre as 11h e as 17 h)
Mesmo que se fique debaixo de um chapéu-de-sol ou de um toldo, deve-se usar
o protector solar.

8. Hemorragias

A hemorragia é a saída de sangue devido a


ruptura de vasos sanguíneos.
A hemorragia pode ser interna ou externa, implicando atitudes diferentes por
parte do socorrista.

Tipos de Hemorragia

Quanto ao vaso lesionado


Hemorragia Arterial
Hemorragia Venosa
Hemorragia Capilar

91
Quanto à origem
Hemorragia Externa (sangue sai por uma ferida na pele)
Hemorragia Interna Visível (sangue sai por uma abertura natural do corpo)
Hemorragia Interna Invisível (sangue fica retido no interior do corpo)

Hemorragia nasal

O que fazer?
• Endireitar as costas da vítima;
• Inclinar a cabeça ligeiramente para trás;
• Comprimir com o dedo, a narina que sangra;
• Aplicar gelo exteriormente;
• Se a hemorragia persistir mais do que 10 minutos
transportar a vítima ao Hospital.

9. Fracturas

O que é uma fractura óssea? É uma lesão num osso.

Tipos de fraturas

• Fractura simples ou fechada

• Fractura exposta ou aberta


(o osso fica no exterior da carne)

Quando se fractura um osso da perna deve imobilizar-se a perna com uma tala,
acolchoando-a com gaze ou pedaços de tecido para transportar o ferido para o
hospital.

92
O que fazer?
• Avisar a vítima para permanecer imóvel;
• Não deslocar a vítima;
• Manter a vítima confortável e aquecida.
• No caso de fraturas expostas (evitar a infecção)
• Controlar a hemorragia com pressão manual (pressionar a ferida com um
pano limpo com a mão);
• Lavar e desinfectar a zona atingida;
• Aplicar gaze sobre a ferida.
• Expor o foco da fractura
• Retirar roupa / adornos
• Prevenir o choque
• Controlar hemorragias (compressão
manual indirecta)
• Cobrir com compressas as feridas
• Colocar as talas com almofadadas
• Verificar se a imobilização não impede
a circulação

NOTA: No caso de fracturas de ombro e


fêmur, que são potencialmente fatais,
chamar ajuda especializada.

10. Choque eléctrico

Choque eléctrico é a situação provocada pela


passagem de corrente eléctrica através do corpo.

93
NOTA: É uma situação grave que necessita transporte urgente para o hospital.

11. Convulsão

As convulsões são um transtorno neurológico


súbito e transitório que aparece relacionado com
a febre.

Pode acontecer em crianças de 6 meses a 5 anos


de idade, com mais frequência nas crianças de 2
anos.

O que fazer?

94
O que não deve fazer?

12. Síndrome de Morte Súbita

Síndrome da Morte Súbita do lactente é definida como o óbito inesperado de um


bébé no qual a autópsia não consegue apontar a causa.

Não está claro se a morte ocorre durante o sono


ou nos períodos de transição entre sono e
vigília, que se sucedem durante a noite.

O que se sabe é que o pico de incidência está


entre 2 e 4 meses de idade, que é mais comum
em meninos.

Como prevenir?

95
13. Afogamento

É importante salientar que os perigos não


estão apenas nas águas abertas como mares e
rios.

Para uma criança de 2 anos, três dedos de


água é um grande risco, podendo afogar em
piscinas, cisternas e até em baldes.

Poços e Tanques
Um poço destampado é perigo certo.
Coloque uma tampa pesada sobre o poço para que
as crianças não consigam removê-la.

As crianças gostam de subir em tanques de lavar


roupa.
Se ele estiver mal instalado, pode cair sobre elas,
causando graves ferimentos.

Piscinas
• Nunca deixe uma criança sozinha na piscina, seja em que circunstância for.
• Esteja atento às brincadeiras das crianças na água;
• Coloque braçadeiras ou coletes às crianças que
não sabem nadar, mesmo quando elas estão a
brincar ao pé da piscina.
• Se escorregarem e caírem para dentro da água
estarão mais protegidas;
• Se tem piscina em casa, coloque uma vedação
ou tela de protecção à volta, de forma a impedir
que a criança tenha acesso à água.

Prevenção

- Vigilância constante da criança durante o banho ou durante actividades com


água
- Não deixar baldes ou tambores cheios de água ao alcance das crianças
- Não deixar a criança sozinha na água.

96
No caso de afogamento, retirar da água o mais rápido possível com movimentação
cuidadosa, tomando-se precauções especiais com a cabeça e o pescoço, para evitar
lesões na coluna e paralisia.

* Respira - para o Hospital

* Não respira - manobras de


ressuscitação imediata e pedido de
ajuda

14. Armas de Fogo


• Não aponte armas de fogo em brincadeiras.
Antes de limpá-las, verifique se estão
descarregadas.
• Por segurança, limpe a arma num local
isolado, sem pessoas por perto.
• Aprenda a conviver com a curiosidade
infantil. É seu dever alertar as crianças para
os perigos que as rodeiam.

97
15. Estrangulamento

Obstrução das vias aéreas, na altura do pescoço, impedindo que a criança


respire.
Pode levar a morte em alguns minutos.

Apesar de raro, o estrangulamento é uma


situação que pode surgir quando, por
imprevidência, se deixa as crianças brincarem
com fios, cordas ou gravatas que se podem enrolar
à volta do pescoço.
Berços, uso de cordas, fios, barbantes ou tecidos,
etc.

O que fazer?
• Cortar imediatamente a corda, tecido, ou o que estiver a fazer pressão em
torno do pescoço da vítima.
• Executar o SBV se houver sinais de asfixia.

Prevenção
- A distância entre as grades dos berços não deve caber a cabeça da criança
- Não permitir brincadeiras com fios ou tecidos alongados que possam
envolver seu pescoço e apertá-lo involuntariamente

16. Sufocamento

Prevenção
- Evitar brincadeiras com sacos plásticos
ou brincadeiras com os rostos tampados
por fraldas de pano, cobertores ou
travesseiros

O que fazer com a criança sufocada?


- Rapidamente e como primeira medida, liberar a criança do objecto ou
condição que a sufoca.
- Caso a criança esteja inconsciente, fazer manobras de ressuscitação

98
17. Quedas
As quedas são a principal causa de acidentes domésticos com crianças.

Prevenção

- Manter os berços em bom estado de conservação


- Durante a troca de roupas não deixar a criança só sobre a mesa ou cama
para ir buscar algum objecto
- Pisos das salas devem ser emborrachados
- Quando a criança estiver a aprender a andar deve-se acompanhá-la e
supervisionar o local por onde ela passa.

- As janelas que as crianças tenham acesso devem possuir grades de proteção


- As escadas devem ter na parte superior portão e trinco que impossibilite o
acesso das crianças
- As escadas devem ter corrimões e a crianças devem ser estimuladas a usá-los
ao subir ou descer
- Os brinquedos de subir (carrinhos, escorregadores, gangorras) devem estar
bem conservados

99
18. Transporte
As crianças devem ser transportadas obrigatoriamente no banco traseiro e em
dispositivos de retenção.

19. Atropelamento

Os factores de risco para os atropelamentos incluem:


· alto volume de tráfego;
· limite de velocidade da via acima de 30 km/h;
· crianças transitando nas ruas;
· calçadas precárias ou inadequadas;
· luminosidade;
· tempo chuvoso.

Em caso de acidente:
Chamar imediatamente a equipa de resgate, para que a criança seja transportada
ao Hospital o mais breve possível, mesmo que a criança esteja aparentemente bem.

Ela não deve ser removida do local do acidente, nem


retirada da posição em que se encontra, até à
chegada da ambulância.

Se a criança não estiver bem e for necessário fazer o


SBV deve-se fazer o mais depressa possível.

100
20. Enregelamento
O golpe de frio/enregelamento é uma situação resultante da exposição excessiva ao
frio;
Existe uma evolução progressiva que vai do torpor ao enregelamento e, por último,
à gangrena e mesmo à morte.

Sinais e sintomas, variáveis de acordo com a


gravidade da situação:

 Arrepios.
 Torpor (sensação de formigueiro e
adormecimento dos pés, mãos e orelhas).
 Cãibras.
 Baixa progressiva da temperatura,
extremidades geladas.
 Insensibilidade às lesões.
 Dor intensa nas zonas enregeladas.
 Gangrena.
 Estado de choque.
 Coma.

O que deve fazer

 Desapertar-lhe os sapatos e pedir à vítima que bata com os pés no chão e as mãos
uma na outra para reactivar a circulação.
 . Envolver a vítima em cobertores.
 Dar-lhe bebidas quentes e açucaradas.

É uma situação grave que necessita de transporte urgente para o Hospital.

O que não deve fazer

• Mexer nas zonas do corpo congeladas.


• Iniciar o aquecimento por um banho quente.
• Dar a beber bebidas alcoólicas.

O enregelamento é agravado pelo frio húmido,


calçado apertado, fadiga, posição de pé e ingestão
de bebidas alcoólicas.

101
Previne-se:

• Evitando a imobilidade e o excesso de cansaço.


• Habituando-se progressivamente ao frio e à altitude.
• Fazendo uma alimentação com refeições frequentes e ricas em hidratos de
carbono.
• Não ingerindo bebidas alcoólicas.
• Utilizando roupas amplas e quentes, calçado largo e dois pares de meias, umas
grossas e outras finas.

21. Desmaio

Síncope ou desmaio é a perda súbita e transitória (breve) da consciência e


consequentemente da postura, devido à redução na irrigação de sangue para o
cérebro.

Normalmente o desmaio dura 2 a 3 minutos

Várias origens – as mais frequentes são:

• a descida súbita da pressão arterial (hipotensão);


• a descida acentuada do açúcar no sangue;
• excesso de esforço ou actividade;
• medo e ansiedade;
postura erecta durante demasiado tempo

Sinais e sintomas
• Palidez.
• Suores frios.
• Enjoo.
• Tonturas
• Falta de força.
• Pulso fraco.

102
1. Se nos apercebermos de que uma pessoa está prestes a desmaiar:
• Sentá-la.
• Colocar-lhe a cabeça entre as pernas.
• Molhar-lhe a testa com água fria.
• Dar-lhe de beber chá ou café açucarados.

2. Se a pessoa já estiver desmaiada:


• Deitá-la com a cabeça de lado e as pernas elevadas.
• Desapertar-lhe as roupas.
• Mantê-la confortavelmente aquecida, mas, sempre que possível, em local arejado.
• Logo que recupere os sentidos, dar-lhe uma bebida açucarada.
• Consultar posteriormente o médico.

22. Politraumatizado

Politraumatizado é um sinistrado
que sofreu traumatismos múltiplos.

O que deve fazer


• Se a vítima estiver consciente, tentar acalmá-la.
• Mantê-la confortavelmente aquecida.
• Vigiar a respiração e o pulso.
• Fazer o primeiro socorro indicado para cada um dos traumatismos.
• Activar o Serviço de Emergência Médica.

O que não deve fazer


• Deslocar a vítima. Se houver absoluta necessidade de a remover do local, deve
proceder como indicado para traumatismos de coluna

1. Traumatismo craniano

Deve-se suspeitar sempre de


traumatismo craniano se a vítima
apresentar um ou mais dos seguintes
sinais e/ou sintomas.

103
Sinais e sintomas
• Ferida do couro cabeludo ou hematoma.
• Perda de conhecimento.
• Diminuição da lucidez e/ou sonolência.
• Vómitos.
• Perturbações do equilíbrio.
• Uma das pupilas mais dilatadas.
• Paralisia de qualquer parte do corpo.
• Saída de sangue ou líquido (nariz, boca ou ouvidos).

O que deve fazer

• Acalmar a vítima.
• Colocá-la sobre uma superfície dura, sem almofada, entre dois lençóis
enrolados.
• Mantê-la confortavelmente aquecida.
É uma situação grave que necessita transporte urgente para o Hospital

2. Traumatismo da face

O que deve fazer

• Colocar a vítima em posição semi-sentada.

• Lavar-lhe cuidadosamente o nariz e os olhos com


soro fisiológico
para que não haja obstrução das vias respiratórias.
• Se houver suspeita de fractura do maxilar,
procurar imobilizá-lo.
• Activar o Serviço de Emergência Médica
• Transportar imediatamente para o Hospital.

3. Traumatismo torácico

104
Traumatismo grave por poder afectar a ventilação se houver perfuração do
pulmão.

Sinais e sintomas
• Dificuldade respiratória.
• Lábios e unhas roxas.
• Pulso fraco e rápido.
• Agitação.
• Confusão e delírio.

O que deve fazer


• Acalmar a vítima.
• Colocá-la em posição semi-sentada,
voltando-a para o lado da zona atingida.
• Se existir ferimento, cobri-lo com gaze vaselinada para impedir a entrada de
ar.

É uma situação grave que necessita transporte urgente para o Hospital,


através do Serviço de Emergência Médica.

4. Traumatismo da coluna vertebral

Deve-se suspeitar sempre de lesão da coluna vertebral se a vítima, após o


traumatismo, apresenta um ou mais dos seguintes sintomas:

Sinais e sintomas
• Impossibilidade de fazer movimentos.
• Dor no local do traumatismo.
• Sensação de “formigueiro” nas extremidades (mãos/pés).
• Insensibilidade de qualquer parte do corpo.

O que deve fazer


Com a ajuda de outras pessoas colocar a vítima num plano horizontal,
respeitando o eixo do corpo, e mantê-la estabilizada até chegar a ambulância.

5. Traumatismo abdominal

105
O traumatismo abdominal é uma lesão provocada
por acção mecânica sobre o abdómen (queda ou
pancada), capaz de causar fractura ou ruptura de
vísceras.

Sinais e sintomas
Se houver fractura ou ruptura de vísceras, os
sinais e sintomas são idênticos aos referidos para
as hemorragias internas.
• Dor local.
• Sede.
• Pulso progressivamente mais rápido e mais fraco.

Em casos ainda mais graves:


• Palidez.
• Suores frios.
• Arrefecimento, sobretudo das extremidades.
• Zumbidos.
• Alterações do estado de consciência.

O que deve fazer


• Acalmar a vítima e mantê-la acordada.
• Cobrir a ferida, caso exista.
• Colocar a vítima em posição semi-sentada com as pernas flectidas e transportá-
la ao Hospital.
• Mantê-la confortavelmente aquecida.

É uma situação grave que necessita


transporte urgente para o Hospital,
através da Emergência Médica.

106
é meio caminho para se evitar os acidentes.

Estatísticas

107
MÓDULO 6

BRINCADEIRA E BIRRAS

108
O Lúdico e a Ludicicdade

A palavra lúdico tem a sua origem na palavra "ludus" que


significa brincar.

O lúdico é a brincadeira, é o jogo, é a diversão.

O lúdico faz parte da actividade humana e caracteriza-se


por ser espontâneo, funcional e satisfatório.

Forma de desenvolver a criatividade e os conhecimentos,


através de jogos, música, dança, ….

O intuito é educar, ensinar, divertindo e interagindo com


os outros.

O mundo lúdico é um mundo onde a criança está em constante exercício.

É o mundo da fantasia, da imaginação, do faz de conta, do jogo e da brincadeira.

Brincar é uma necessidade básica assim como é a


nutrição, a saúde, a habitação a educação.

Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento


físico, afectivo, intelectual e social.

Brincar é uma realidade quotidiana na vida das


crianças.

O uso do lúdico e da ludicidade na Educação prevê, principalmente, a utilização de


metodologias agradáveis e adequadas às crianças que façam com que a
aprendizagem aconteça dentro do “seu mundo”, das coisas que lhe são importantes
e naturais de se fazer, que respeitem as características próprias das crianças, os
seus interesses e esquemas de raciocínio próprios.

Através da actividade lúdica, a criança forma conceitos, relaciona ideias, estabelece


relações lógicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais,
reduz a agressividade, integra-se na sociedade e constrói o seu próprio
conhecimento.

109
O Lúdico através da História

O acto de jogar é tão antigo quanto o próprio Homem, pois sempre manifestou uma
tendência lúdica, um impulso para o jogo.

Alguns autores vão mais além, afirmando


que o jogo não se limita apenas à
Humanidade, e que seria anterior,
inclusive ao próprio Homem, pois já era
praticada por alguns animais.

Povos da Antiguidade - os jogos aparecem como partes de um ritual e como meio


de transmissão de conhecimentos

Platão – (Grécia – 427-348 AC) - defendia uma educação onde predominavam os


jogos educativos, apontando a importância dos mesmos no desenvolvimento da
aprendizagem das crianças.

Idade Média (Europa - 476 – 1500) – com o Cristianismo, a Igreja considera o jogo
na educação como algo profano e este foi proibido. Com a chegada dos Jesuítas o
aspecto lúdico foi novamente retomado e incentivado na educação das crianças

Comenius (Holanda – 1592-1670) - foi o fundador da moderna Pedagogia.


Recomendava experiências com brinquedos.

Froebel (Alemanha – 1782-1852) - foi o primeiro a reconhecer verdadeiramente


importância educativa do jogo, tendo criado dezenas de actividades. Foi o criador
do jardim-de-infância.

Vygotsky (Rússia – 1896-1934) – atribuía um papel relevante ao acto de brincar


na constituição do pensamento

Montessori (Itália – 1870-1952) - defendia a educação pela vida, ou seja,


aprendizagens com experiências de vida. Dizia que a criança aprendia através do
jogo e da brincadeira.

Rizzo (Brasil) – dizia que a ludicidade era uma boa estratégia no auxílio à
aprendizagem.

110
Decroly (Bélgica – 1871-1932) - foi o criador da expressão “jogos educativos”.

Rogers (Inglaterra) - defendia que o processo educativo devia ser agradável.

Claparède (Suíça – 1873-1940) - via no jogo um modelo educativo.

Cotrim & Parisi (Itália) - defendiam que a escola devia ser activa.

Dewey EUA – 1859-1952) - defendia que a educação devia fazer parte do


desenvolvimento natural do ser humano e da sua acção.

Cousinet (França – 1881-1973) - defendia o jogo e a brincadeira como actividades


naturais da criança e que a acção educativa devia fundamentar-se sobre elas.

Chateau (1908-1990) - não dissocia o jogo e a criança

Bacon & Locke – (Inglaterra – 1561-1626 - 1632-1704) - defendiam que a


experiência produz conhecimento

Basedow (Alemanha – 1724-1790) - tornou o ensino mais atraente, criando jogos


e gravuras

Huizinga (Holanda – 1872-1945) - homo sapiens (que conhece e aprende), homo


faber (que produz e faz) e homo ludens (que brinca e cria)

Piaget (Suíça – 1896-1980) - defendia que a estruturação da inteligência é a acção,


ou seja, aprender fazendo.

Freinet (França – 1896-1966) – responsável pelo MEM. Dizia que a criança


aprende com o jogo e com a brincadeira.

Quintiliano – (Espanha – 35-95 DC) - defendia uma educação baseada no jogo,


numa vertente de ensino-aprendizagem.

Rousseau (Suíça – 1712-1778) - defendia uma educação baseada na actividade e


procedeu aos primeiros estudos relacionando o jogo

Kishimoto (Japão – 1974 - ) – dizia que o jogo educativo com fins pedagógicos
era um instrumento essencial para situações de ensino-aprendizagem e de
desenvolvimento
Aprender a Aprender
CONVIVER a SER

A Ludicidade desenvolve competências

Aprender Aprender a
a FAZER CONHECER

111
Desenvolvimento da Criança através do Brincar

Brincar é fundamental na infância por ser uma das linguagens expressivas do ser
humano.
Proporciona a comunicação, a descoberta do mundo, a socialização e o
desenvolvimento integral.

Porque as crianças devem brincar?

Brincar é inato, porém sensível a estímulos.


Permite revelar o seu interior, proporciona demonstrar ansiedades, expressam
emoções, constroem sentidos, fazem perguntas.
Envolvem-se numa troca social e afectiva.

Brincar traz algum benefício para a saúde?

Muito, por contribuir para o desenvolvimento cognitivo, emocional, social e motor.


 Proporciona desenvolvimento da criatividade e da imaginação
 Experimenta papéis (no jogo simbólico, o faz de conta)
 Revela o que observa à volta
 Brincar deve ser uma rotina tal como tomar banho, comer
 Importante haver um reinventar de formas de brincar

Brincadeiras dos 0 aos 6 anos

 Puzzles e construções desenvolvem:


Motricidade fina
Raciocínio logico abstracto
Capacidade de planeamento
Resistência à fadiga e frustração
Imaginação

Materiais sugeridos:
Papel para rabiscar, desenhar ou pintar
Plasticinas ou argila

Nota: as brincadeiras com estes tipos de material desenvolvem muito a imaginação,


assim como a motricidade fina e a emoção.

 Livros

112
Forma lúdica da criança aprender a consciencializar-se, regular e desenvolver-se
emocionalmente.
Através dos livros, dos contos das gravuras da interacção com o adulto, ou seja,
fazerem perguntas, reflectirem sobre os temas.

 Brincar de faz de conta


Brincar de faz de conta desenvolve competências sociais e estratégias de
resolução de problemas.
Materiais:
Lenços, chapéus, utensílios de cozinha, tampinhas de garrafas, etc
Exemplos: construir narrativas com base na sua experiência pessoal. Esta
habilidade é fundamental para trabalhar na primeira infância.
Proporciona desenvolver a identidade, o eu, a família, contruir referências.

A brincadeira para o desenvolvimento do bébé tem como objectivo estimulá-lo


para que o seu desenvolvimento social, emocional, físico e cognitivo ocorram
de forma gradual, à medida que ele vai crescendo.

Brincadeira para o Desenvolvimento do Bébé dos 0 aos 3 meses

Uma ótima brincadeira para o desenvolvimento do bébé dos 0 aos 3 meses é colocar
uma música suave, segurar o bébé nos braços e dançar agarrado a ele, apoiando-
lhe o pescoço.
Uma outra brincadeira para o bébé desta idade é cantar uma música, fazendo tons
de voz diferentes, cantando baixinho e depois mais alto e tentando incluir o nome
do bébé na música. Enquanto canta, pode acrescentar brinquedos para o bébé
pensar que é o brinquedo quem está cantando e falando com ele.

Brincadeira para o Desenvolvimento do Bébé dos 4 aos 6 meses

Uma excelente brincadeira para o desenvolvimento do bébé dos 4 aos 6 meses é


brincar de aviãozinho com o bébé, segurando ele e girando-o como se fosse um
avião. Outra opção é brincar de elevador com o bébé, segurando o bébé no colo e ir
descendo e subindo, contando os andares ao mesmo tempo.

113
O bébé com esta idade também adora brincadeiras de se esconder. Por exemplo,
pode-se colocar o bébé em frente ao espelho e fazer brincadeiras de aparecer e
desaparecer ou esconder o rosto com uma fralda e aparecer de frente para o bébé.

Brincadeira para o Desenvolvimento do Bébé dos 7 aos 9 meses

Na brincadeira para o desenvolvimento do bébé dos 7 aos 9 meses uma opção é


fazer o bébé brincar com uma caixa de papelão grande para que ele possa entrar e
sair dela ou dar a ele brinquedos como tambores, chocalhos e guizos porque eles
nesta idade adoram barulho ou com furinhos para ele colocar o dedo nos
buraquinhos.

Uma outra brincadeira para o bébé com esta idade é brincar à bola com ele, atirando
uma bola grande para cima e deixá-la cair no chão, como se não conseguisse agarrá-
la, ou empurrar na direção do bébé para ele aprender a pegá-la e a devolver.

Brincadeira para o Desenvolvimento do Bébé dos 10 aos 12 meses

Uma óptima brincadeira para o desenvolvimento do bébé dos 10 aos 12 meses pode
ser ensinar a ele movimentos como tchau, sim, não e vem ou perguntar por pessoas
e objectos para que ele aponte ou diga alguma coisa. Outra opção é dar ao bébé
papel, jornais e revistas para ele mexer e começar a rabiscar e contar-lhe histórias
para começar a identificar animais, objectos e partes do corpo.

Nesta idade, os bébés também gostam de empilhar cubos e de empurrar coisas, por
isso, pode-se deixá-lo empurrar o carrinho e dar-lhe uma caixa grande com tampa
e brinquedos dentro para ele tentar abrir.

Para estimular o bébé a começar a andar, pode-se estender a mão com um


brinquedo e pedir a ele para vir buscá-lo e começar a andar com ele pela casa,
segurando-lhe nas mãos.

114
SOS Birras
 Estabeleça uma regra: Se a criança não a
cumprir faça-lhe uma advertência,
mostrando-lhe que e está a ter uma
atitude errada.

 Se a criança desobedecer, ponha-o a


pensar. Siga a regra de um minuto para
cada ano de idade, nunca mais do que
isso. Não é um castigo propriamente sito,
é um método que obrigará a criança a
refletir e a controlar a raiva.

 Se a criança fizer uma birra em público, afaste-a do grupo e leve-a para um


canto. Se ele não parar deixa-a nesse canto. De novo, um minuto para cada
ano de idade.

 Se esta pausa obrigatória para refletir não surtir efeito, corte com algo de ele
goste muito (boneco, chupeta, fralda de afagar) algo favorito. Vai obrigá-la a
reconquistar o que “perdeu”.

 Começar a falar com a criança apenas depois do pico do choro. As explicações


fazem-se sempre em tom firme e baixo. Se falar alto e com raiva, a criança
simplesmente não a escuta.

 O que dizer? Não grite, não bata nem ameace. Identifique os comportamentos
inadequados que a criança teve e dê-lhe alternativas, deixando-o participar
da solução.

115
O sucesso da Formação de Amas foi alcançado por:

 Respeitar a cultura local (hábitos alimentares, de higiene, de afectos)


 Conhecer o público a quem se destina a formação
 Quais são as necessidades imediatas? Falar sobre a realidade local, interagir
para saber as necessidades mais prementes das formadoras
 Saber transmitir em linguagem acessível os cuidados mais elementares
 Promover mudanças de mentalidade sem entrar em choque com a cultura
tradicional

A Formação decorreu sobre a responsabilidade e orientação de:


Drª Amélia Andrade
Luanda
República de Angola

A Formação de Amas foi organizada por:


Dra. Teresa Chaves
Luanda
República de Angola

A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las felizes.

116

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