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TEORIA GERAL DAS EMPRESAS

NOME EMPRESARIAL
Thauane Lima de Souza

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Olá!
Você está na unidade Nome empresarial. Conheça as teorias que envolvem a constituição de uma empresa, a

concepção do seu nome empresarial e os princípios que estão incluídos nesse processo. Entenda como

funcionam os procedimentos para cadastrar as empresas no Sistema Nacional de Registros, o que significa o

Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração, os requisitos estabelecidos pela Junta Comercial e

as ferramentas auxiliares das empresas. Aprenda também sobre a maneira de atuação dos órgãos de fiscalização,

como o INSS e as fazendas públicas.

Bons estudos!

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1 Nome empresarial
O nome empresarial é a maior propaganda de uma empresa. É a sua própria identidade e por meio da qual as

organizações irão se apresentar a seus clientes e a seus concorrentes, produzir seu marketing, fazer

propagandas, ser reconhecidas no mercado financeiro e, até mesmo, ser reconhecida pelo governo no momento

do pagamento dos seus tributos e obrigações legais.

No entanto, além de ser algo primordial para o funcionamento da empresa, o nome empresarial precisa obedecer

algumas regras. Ele deve estar baseado, por exemplo, em alguns princípios e regulamentos que são exigidos por

diferentes regimes fiscais tributários no Brasil.Cada um dos tipos de empresa permitidos no Brasil - empresas

individuais, sociedades limitadas, empresa individual de responsabilidade limitada, sociedades por ações e

cooperativas - terá uma regra e uma norma específica para a produção do seu nome empresarial.

A Instrução Normativa nº 116, de 22 de novembro de 2011, da Secretaria de Comércio e Serviços, no seu art. 1°,

define o nome empresarial como:

aquele sob o qual o empresário, a empresa individual de responsabilidade limitada e a sociedade

empresária exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes. Parágrafo único. O

nome empresarial compreende a firma e a denominação (BRASIL, 2011, s. p).

Assista aí

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/2c43d15bf096cd8556f0a6dd3141beba

Diante dessa definição, é importante ter em mente que o nome da empresa será o meio pelo qual a mesma irá

exercer suas atividades. Por isso, o nome deve estar vinculado ao ramo de atividade escolhido.

O nome da empresa pode estar associado à firma ou à uma denominação. Firma é o nome empresarial ligado ao

empresário ou à sociedade. Já denominação está vinculado ao nome da sociedade anônima propriamente dita

(ou sociedade por ações) e às cooperativas.

A Instrução Normativa nº 116, de 2011 também apresenta as suas definições:

Art. 2º Firma é o nome utilizado pelo empresário, pela sociedade em que houver sócio de

responsabilidade ilimitada e, de forma facultativa, pela sociedade limitada e pelo titular pessoa física

de empresa individual de responsabilidade limitada.

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Art. 3º Denominação é o nome utilizado pela sociedade anônima e cooperativa, pelo titular pessoa

jurídica de empresa individual de responsabilidade limitada e, em caráter opcional, pela sociedade

limitada, em comandita por ações e pelo titular pessoa física de empresa individual de

responsabilidade limitada (BRASIL, 2011, s. p).

Assista aí

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/bdd5ecea055893a8794a4b2130264485

Como é possível perceber, é importante conhecer que cada tipo de empresa estará vinculado a uma

denominação específica, apresentando todos os requisitos e obrigações necessárias para a sua constituição.

Figura 1 - Nome empresarial


Fonte: H_Ko, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra um empresário entregando um cartão de visitas de sua empresa para um

cliente, sentado em frente em uma mesa de escritório.

Por este motivo, o ideal é que o nome empresarial siga alguns princípios jurídicos básicos. A Instrução

Normativa nº 116, 2011, da Secretaria de Comércio e Serviços, trata dos princípios que devem ser obedecidos ao

se elaborar o nome empresarial:

Art. 4º O nome empresarial atenderá aos princípios da veracidade e da novidade e identificará,

quando assim exigir a lei, o tipo jurídico da empresa individual de responsabilidade limitada ou da

sociedade.

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Parágrafo único. O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que sejam

atentatórias à moral e aos bons costumes (BRASIL, 2011, s. p).

Como é possível perceber, a normativa deixa clara a existência de dois princípios básicos que compõem a

confecção do nome empresarial: o princípio da veracidade e o princípio da novidade.

Além disso, ela determina que o nome empresarial não deve conter palavras amorais, ou que venham ferir os

bons costumes.

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1.1 Princípio da veracidade

O princípio da veracidade do nome empresarial está atrelado diretamente ao tipo de empresa. Ou seja: cada um

precisa seguir uma regra predeterminada, estabelecida pela Instrução Normativa nº 116, 2011, que diz:

Art. 5º Observado o princípio da veracidade:

I - o empresário e o titular pessoa física de empresa individual de responsabilidade limitada só

poderão adotar como firma o seu próprio nome, aditando, se quiser ou quando já existir nome

empresarial idêntico ou semelhante, designação mais precisa de sua pessoa ou de sua atividade

(BRASIL, 2011, s. p.).

Sendo assim, os empresários individuais, como por exemplo, os empreendedores individuais, os

microempreendedores, ou os empresários de pequeno porte, deverão seguir os mesmos padrões ao constituir o

nome empresarial. Tais empreendedores são obrigados a constituir o seu próprio nome para a empresa, e, caso

ele já exista, deverá colocar um nome que se assemelhe ao seu ou, então, ao ramo de atividade.

Imagine, por exemplo, que José Souza Santos seja um microempreendedor que deseja abrir uma empresa

prestadora de serviços de manutenção geral. O nome da firma será, portanto, José Souza Santos ME. No entanto,

a Junta Comercial, ao fazer o lançamento desse nome, detectou que essa empresa já existia. A saída para José

Souza Santos, então, é complementar o nome empresarial acrescentando o termo Manutenção Geral ao final,

ficando José Souza Santos Manutenção Geral ME.

A Instrução Normativa nº 116, 2011, também trata de outros tipos de empresa, como:

II - a firma:

a) da sociedade em nome coletivo, se não individualizar todos os sócios, deverá conter o nome de

pelo menos um deles, acrescido do aditivo "e companhia", por extenso ou abreviado;

b) da sociedade em comandita simples deverá conter o nome de pelo menos um dos sócios

comanditados, com o aditivo "e companhia", por extenso ou abreviado;

c) da sociedade em comandita por ações só poderá conter o nome de um ou mais sócios diretores ou

gerentes, com o aditivo "e companhia", por extenso ou abreviado, acrescida da expressão "comandita

por ações", por extenso ou abreviada;

d) da sociedade limitada, se não individualizar todos os sócios, deverá conter o nome de pelo menos

um deles, acrescido do aditivo "e companhia" e da palavra "limitada", por extenso ou abreviados

(BRASIL, 2011, s. p.).

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Para empresas que estejam enquadradas em sociedade limitadas, o nome empresarial deverá ter o nome de pelo

menos um dos sócios e, ao final, ser acrescido do tipo da sociedade. No caso de uma comandita por ações, por

exemplo, os sócios deverão escrever o nome completo de pelo menos um deles e acrescentar a informação

“companhia” (por se tratar de ser mais de um sócio), seguida de Comandita por Ações. Sendo assim, o nome da

firma pode ser: Antonio Souza e Companhia Comandita Por Ações.

Figura 2 - Nome empresarial de uma sociedade


Fonte: Waraporn Wattanakul, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra os braços de dois homens sentados em uma mesa e batendo as mãos fechadas,

firmando a parceria de uma nova sociedade empresarial.

Além desses casos, a mesma normativa também trata da composição do nome para outros tipos de empresa:

III - a denominação é formada com palavras de uso comum ou vulgar na língua nacional ou

estrangeira e ou com expressões de fantasia, com a indicação do objeto da sociedade, sendo que:

a) na sociedade limitada, deverá ser seguida da palavra "limitada", por extenso ou abreviada;

b) na sociedade anônima, deverá ser acompanhada da expressão "companhia" ou "sociedade

anônima", por extenso ou abreviada, vedada a utilização da primeira ao final;

c) na sociedade em comandita por ações, deverá ser seguida da expressão "em comandita por ações",

por extenso ou abreviada;

d) na empresa individual de responsabilidade limitada deverá ser seguida da expressão "EIRELI",

podendo conter o nome do titular, quando este for pessoa física.

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e) para a empresa individual de responsabilidade limitada e para as sociedades enquadradas como

microempresa ou empresa de pequeno porte, inclusive quando o enquadramento se der juntamente

com a constituição, é facultativa a inclusão do objeto da sociedade;

f) ocorrendo o desenquadramento da empresa individual de responsabilidade limitada ou da

sociedade da condição de microempresa ou empresa de pequeno porte, é obrigatória a inclusão do

objeto respectivo no nome empresarial, mediante arquivamento da correspondente alteração do ato

constitutivo ou alteração contratual (BRASIL, 2011, s. p.).

A denominação que trata a Instrução é composta de alternativas mais flexíveis quanto à constituição do nome e

pode apresentar nomes populares, desde que estejam atrelados ao objeto social. Por exemplo, uma sociedade

anônima que tem como ramo de atividade a venda de celulares e aparelhos eletrônicos poderá ser constituída

pelo nome Companhia de Celulares Geral.

Assista aí

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/c1d0d4055175db1407edbb01a4ab317f

1.2 Princípio da novidade

O princípio da novidade tenta evitar a existência de duas empresas com o mesmo nome dentro da mesma

unidade federativa (o mesmo estado, ou o Distrito Federal, por exemplo). Sendo assim, uma das empresas

deverá alterar o seu nome, seja acrescentando informações relacionadas com o ramo de atividade ou, em casos

específicos, utilizar nome fantasia divergente. Neste caso deverá ter uma autorização dos sócios.

A Instrução Normativa nº 116, 2011, descreve o princípio da novidade, como:

Art. 6º Observado o princípio da novidade, não poderão coexistir, na mesma unidade federativa, dois

nomes empresariais idênticos ou semelhantes.

§ 1º Se a firma ou denominação for idêntica ou semelhante à de outra empresa já registrada, deverá

ser modificada ou acrescida de designação que a distinga.

§ 2º Será admitido o uso da expressão de fantasia incomum, desde que expressamente autorizada

pelos sócios da sociedade anteriormente registrada (BRASIL, 2011, s. p.).

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2 Proteção do nome empresarial
A proteção do nome da empresa é uma garantia dada ao empreendedor ou ao sócio devido à sua importância e

ao seu impacto dentro do mercado. Sendo assim, a legislação protege o nome empresarial mediante alguns

embasamentos jurídicos. Tais embasamentos estão descritos no Código Civil Brasileiro e também estão

relacionados com a proteção do nome dos seus sócios e acionistas.

O Código Civil, por exemplo, trata sobre o nome empresarial em um artigo específico:

Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com

este Capítulo, para o exercício de empresa.

Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação

das sociedades simples, associações e fundações (BRASIL, 2002, s.p.).

A primeira proteção que ele traz é a mesma traduzida no princípio da novidade, em que nenhuma empresa deve

ter nome igual a outra. Essa garantia se estende também para as associações e fundações, mas há algumas

variações.

Veja, por exemplo, o que diz o art. 1.164:

Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.

Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir,

usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor (BRASIL, 2002, s.

p.).

O dispositivo acima expressa claramente uma importante proteção jurídica do nome empresarial: a não

alienação. Ou seja: o nome empresarial, em nenhuma hipótese, poderá ser transferido para outra pessoa, ou

separado da empresa, garantindo a ela que mantenha seu funcionamento sem correr riscos de sofrer

consequências.

Outra garantia que a legislação traz para as empresas é a do art. 1165, que diz:

Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na

firma social (BRASIL, 2002, s.p.).

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Assim, quando há mais de um sócio e um deles vier a falecer, a empresa deverá excluir o seu nome do contrato

social. Essa garantia é uma forma de preservar a integridade da pessoa falecida, uma vez que ela não saberá

como a empresa irá se manter no mercado financeiro dali para frente. Essa regra também é válida em casos de

sócios que se retirarem da empresa por qualquer motivo, deixando de ser sócio.

Temos ainda uma garantia prevista nos art. 1167 e 1168 do Código Civil que diz:

Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome empresarial

feita com violação da lei ou do contrato.

Art. 1.168. A inscrição do nome empresarial será cancelada, a requerimento de qualquer interessado,

quando cessar o exercício da atividade para que foi adotado, ou quando ultimar-se a liquidação da

sociedade que o inscreveu (BRASIL, 2002, s.p.).

Esses artigos tratam de garantias que visam resguardar o sócio que, por ventura, vier a ter o nome da empresa

violado. Neste caso, o cancelamento do nome empresarial é imediato, e deverá ser solicitado por meio de

anulação da inscrição da empresa.

Além das garantias expressas no Código Civil, a Instrução Normativa n° 116, de 2011, traz as seguintes:

Art. 11. A proteção ao nome empresarial decorre, automaticamente, do ato de inscrição de

empresário ou do arquivamento de ato constitutivo de empresa individual de responsabilidade

limitada ou de sociedade empresária, bem como de sua alteração nesse sentido, e circunscreve-se

à unidade federativa de jurisdição da Junta Comercial que o tiver procedido.

§ 1º A proteção ao nome empresarial na jurisdição de outra Junta Comercial decorre,

automaticamente, da abertura de filial nela registrada ou do arquivamento de pedido específico,

instruído com certidão da Junta Comercial da unidade federativa onde se localiza a sede da empresa

interessada (BRASIL, 2011, s.p.).

Diante desse artigo, é possível visualizar que o início da garantia do nome empresarial começa a valer no

momento da sua inscrição na Junta Comercial, de forma automática. Essa garantia se estende também para as

filiais, desde que as mesmas também estejam registradas.

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é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• entender o conceito de nome empresarial e conhecer sobre os princípios da veracidade e da novidade;
• estudar sobre o sistema de proteção do nome empresarial e aprender sobre o título do estabelecimento;
• compreender os sistemas de registro das empresas, definir Departamento Nacional de Registro
Empresarial e Integração e as Juntas Comerciais;
• aprender sobre os órgãos auxiliares, sobre o Cadastro Nacional das empresas, as atribuições do INSS e
das fazendas estaduais e municipais.

Referências
BRASIL. Decreto nº 1.800, de 30 de janeiro de 1996. Regulamenta a Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994,

que dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D1800compilado.htm>. Acesso em: 4 fev. 2020.

_____. Decreto nº 9.746, de 8 de abril de 2019. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos

Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, remaneja cargos

em comissão e funções de confiança e substitui cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento

Superiores - DAS por Funções Comissionadas do Poder Executivo - FCPE. Disponível em: <http://www.planalto.

gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9746.htm>. Acesso em: 4 fev. 2020.

_____. Instrução Normativa nº 116, de 22 de novembro de 2011. Dispõe sobre a formação do nome

empresarial, sua proteção e dá outras providências. Disponível em: <http://www.juntacomercial.pr.gov.br

/arquivos/File/legislacao/in_116_2011.pdf>. Acesso em: 4 fev. 2020.

_____. Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994. Dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e

Atividades Afins e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis

/L8934compilado.htm>. Acesso em: 4 fev. 2020.

_____. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.

br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 4 fev. 2020.

_____. Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas

jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm>. Acesso em: 4

fev. 2020.

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MENDONÇA, J. X. C. Tratado de Direito Comercial Brasileiro. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1934.

MIRANDA, P. Tratado de Direito Privado. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1983.

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