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Administração de

Departamento Pessoal
Salários, Encargos e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Salários, Encargos e Imposto
de Renda Retido na Fonte (IRRF)

• Introdução;
• Remuneração;
• Jornada de Trabalho;
• Formas de Pagamento;
• Formas de Remuneração em Outras Relações de Trabalho;
• Encargos Sociais.


OBJETIVO

DE APRENDIZADO
• Conhecer as diversas formas de pagamento de salário, dos encargos sociais – Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS) e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) – e do Imposto de
Renda Retido na Fonte (IRRF).
UNIDADE Salários, Encargos e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)

Introdução
A relação de emprego se inicia quando as duas partes – empregado e empregador –
celebram um contrato individual de trabalho.
Um dos requisitos indispensáveis para que esse acordo exista é a onerosidade
(pagamento de salário ao funcionário) pelo serviço prestado ao empregador. Esse sa-
lário é calculado através de uma folha de pagamento (igualmente denominada folha
de salários), que é um documento obrigatório (Inc. I, Art. 32 da Lei n.º 8.212/91).
A folha de pagamento deve possuir os seguintes dados:
• Do empregador:
» Razão social;
» Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ou CEI – Cadastro Específico do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS);
» Endereço completo;
» Inscrição estadual, caso não seja empresa isenta.
• Do empregado:
» Nome completo;
» Cargo desempenhado;
» Salário;
» Forma de pagamento (como veremos a seguir);
» Documentação do empregado.
Toda folha de pagamento deverá conter ainda a competência à qual se referem os
vencimentos e descontos mensais, que criarão uma espécie de divisão dessa.
A remuneração ou rendimentos, chamados também de vencimentos, são os
valores a receber pelo empregado, tais como salário, horas extras, adicional notur-
no, Descanso Semanal Remunerado (DSR), adicional de periculosidade, adicional de
insalubridade, salário-família, ajuda de custo, gratificações, entre outros.
Já os descontos são os valores a abater (deduzir) dos vencimentos pagos. Esses
podem ser a contribuição previdenciária (INSS), o Imposto de Renda Retido na Fonte
(IRRF), adiantamentos (vale), empréstimos, seguros, faltas, atrasos, entre outros.
Antes de iniciar os cálculos, o empregador deverá definir quais serão as datas de
pagamento dos salários. Poderá optar pelo final do mês, ou ainda pelo quinto dia
útil, conforme o Parágrafo 1º do Artigo 459 da Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT) (Decreto-Lei n.º 5.452/43) – isso porque tal opção influenciará no período de
apuração do imposto de renda, como veremos adiante.
Art. 459. O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade do
trabalho, não deve ser estipulado por período superior a 1 (um) mês, salvo
no que concerne a comissões, percentagens e gratificações.

§ 1º. Quando o pagamento houver sido estipulado por mês, deverá ser efe-
tuado, o mais tardar, até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido.

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Por se tratar de um documento obrigatório, a empresa deverá manter as folhas de
pagamento arquivadas e à disposição daqueles que necessitem dessas informações,
tais como auditorias internas e externas ou órgãos fiscalizadores como, por exemplo,
o Ministério do Trabalho e a Previdência Social ou a Receita Federal.

Mentoring é o acompanhamento de um novo colaborador que é realizado por um mentor,


ou seja, um profissional sênior com experiência e habilidade naquela área de atuação. O seu
objetivo é aconselhar o jovem profissional em suas ideias e experiências no trabalho que será
desempenhado. Dessa forma, é quem tem papel de tutor e, geralmente, orienta profissionais
que exercerão posições gerenciais ou de liderança.

Remuneração
Salário é um dos itens que compõem a remuneração. Compreende-se na remu-
neração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago
diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que
receber, comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e os
abonos pagos pelo empregador.
Sobre as gorjetas e verbas que compõem ou não a remuneração, é importante
destacar a seguinte disposição da CLT:
Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos
os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empre-
gador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.
§ 1º. Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações
legais e as comissões pagas pelo empregador.
§ 2º. As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de cus-
to, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para
viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do empregado,
não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de
incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário.
§ 3º. Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada
pelo cliente ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa,
como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à distribuição aos
empregados.
§ 4º. Consideram-se prêmios as liberalidades concedidas pelo emprega-
dor em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro a empregado ou a
grupo de empregados, em razão de desempenho superior ao ordinaria-
mente esperado no exercício de suas atividades.

Entretanto, não se incluem na remuneração os prêmios, o auxílio alimentação e


outras verbas indicadas no Parágrafo 2º.
O salário pode ser pago de diversas formas: por hora, semana, quinzena, mês, ta-
refa ou comissão. Porém, antes de calcularmos os tipos mais comuns que compõem
a remuneração, precisamos conhecer o funcionamento da jornada de trabalho.

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Jornada de Trabalho
A jornada máxima normal de trabalho é estabelecida pelo Artigo 58 da CLT,
estabelecendo que não excederá 8 horas diárias, desde que não seja fixado expres-
samente outro limite.

Esse limite também é estipulado pelo Inciso XIII do Artigo 7º da Constituição


Federal, ou seja, o limite normal de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Da inter-
pretação da legislação, a Doutrina e Jurisprudência estipulam como jornada mensal
máxima o total de 220 horas, sendo facultada a compensação de horários e redução
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Entretanto, algumas funções específicas, tais como digitadores, atendentes de


telemarketing e telefonistas, por exemplo, têm a sua jornada diária de trabalho defi-
nida em Lei, não podendo ultrapassar 6 horas.

Formas de Pagamento
Considerando que a carga horária máxima permitida pela legislação é de 220
horas mensais, podemos diferenciar as formas de pagamento.

Mensalista
É a forma de pagamento mais utilizada atualmente. Acorda-se um valor fixo ao
mês, considerando sempre o período de 30 dias de trabalho.

Podemos observar que mesmo em meses como fevereiro ou maio, por exemplo,
que possuem 28 e 31 dias, respectivamente, o mensalista ganhará o mesmo valor
fechado de 30 dias.

Entretanto, nos meses de admissão ou de demissão do empregado, o salário men-


sal deverá ser pago proporcionalmente aos dias trabalhados, independentemente de
ser um mês de 28 ou 29, 30 ou 31 dias. Assim, o cálculo deve ser realizado sempre
pelo mês trabalhista, que é de 30 dias. Por exemplo:
• Mensalista – proporcional:
» salário: R$ 1.500,00 por mês;
» Admissão: 10 de agosto de 2020.
• Salário referente ao mês de agosto:
» 21 dias de trabalho (incluindo o dia de admissão);
» R$ 1.500,00 / 30 = R$ 50,00 × 21 dias = R$ 1.050,00 (valor bruto).

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Horista
Geralmente essa forma é utilizada para empregados relacionados à área produtiva
de empresas industriais, sendo que o pagamento é efetuado pelas horas trabalhadas
no mês, acrescido do Descanso (repouso) Semanal Remunerado (DSR), que são os
domingos e feriados ou, para quem trabalha em escala, o dia da folga.

Deverá ser observado o limite mensal da jornada de trabalho de 220 horas, sendo
que, neste caso, poderá haver variações, conforme a quantidade de dias no mês.

Importante!
Sobre as horas decimais, em muitas situações que envolvem o cálculo de salários e re-
munerações, devemos considerar períodos; contudo, o nosso sistema de horas e as suas
frações não seguem um padrão decimal, sendo necessário realizar os cálculos e a trans-
formação das horas para o padrão decimal.

Vejamos o caso de um trabalhador horista que diariamente trabalha por 7 horas e


20 minutos: a transformação para horas decimais deve ser realizada da seguinte forma:

7 horas 20 minutos

Multiplicar por 1,66

33,2

Horas decimais: 7,33 horas

Figura 1

Nesse tipo de cálculo, não podemos misturar horas e minutos no mesmo número, salvo se
houver a aplicação das horas decimais, pois 7 horas e 20 minutos não são 7,20 horas, mas
sim 7,33 horas.

Exemplo:
• Salário: R$ 10,00 por hora;
• Horário diário: 7 horas e 20 minutos.
Consideremos que esse profissional trabalhou 25 dias no mês;

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Valor a ser pago pelas horas trabalhadas:


• 25 dias trabalhados, sendo 7,33 horas por dia.
• 7,33 h × 25 dias = 183,25 h × R$ 10,00 ® R$ 1.832,50.

Calculemos o DSR, supondo que o mês considerado tem 5 domingos e 1 feriado


(total de 6 dias) ® sendo devida a proporção de 7,33 h por dia:

7,33 h × 6 dias = 43,98 horas × R$ 10,00 ® R$ 439,80

Dessa forma, o valor bruto a ser recebido é de:

R$ 1.832,50 + R$ 439,80 = R$ 2.272,30

Importante!
Para os horistas, o holerite conterá discriminado separadamente o valor das horas traba-
lhadas e o valor do DSR; já para os mensalistas, não haverá essa separação.

Comissionista
É utilizado, principalmente, para vendedores e gerentes em empresas comerciais.
Nesse tipo de pagamento é acordado um percentual sobre o valor dos produtos ven-
didos ou, ainda, sobre o faturamento do estabelecimento.

Assim como o horista, o comissionista também recebe, destacadamente, o DSR.

Exemplo:
• Comissão: percentual estabelecido de 4% de comissão sobre as suas vendas.
» Total de vendas no mês anterior = R$ 51.500,00.
• Salário do período: R$ 51.500,00 × 4% = R$ 2.060,00.

Calculemos o DRS, considerando que o mês em que ocorreram tais vendas pos-
sui 25 dias úteis (trabalhistas), com 5 domingos e 1 feriado, ou seja, 6 DSR, de modo
que temos o seguinte:
R$ 2.060,00/25 = R$ 82,40

R$ 82,40 × 6 = R$ 494,40

Valor bruto: R$ 2.060,00 + R$ 494,40 = R$ 2.554,40

Tarefeiro
Para esse tipo de relação trabalhista o empregador estipula um valor fixo para
cada tarefa que será realizada, efetuando o pagamento após a sua conclusão. O DSR
também é devido para esses trabalhadores.

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Por exemplo:
• Salário: R$ 15,00 por tarefa concluída.
• Salário do período:
» 1a semana ® 10 tarefas × R$ 15,00 = R$ 150,00.
» 2a semana ® 50 tarefas × R$ 15,00 = R$ 750,00.
» 3a semana ® 60 tarefas × R$ 15,00 = R$ 900,00.
» 4a semana ® 20 tarefas × R$ 15,00 = R$ 300,00.
» Soma = R$ 2.100,00.

Calculemos o DSR, sendo que no mês considerado há 5 domingos mais 1 feriado


(total de 6 DSR):
• 1a semana ® R$ 150,00 / 6 DSR = R$ 25,00.
• 2a semana ® R$ 750,00 / 6 DSR = R$ 125,00.
• 3a semana ® R$ 900,00 / 6 DSR = R$ 150,00.
• 4a semana ® R$ 300,00 / 6 DSR = R$ 50,00.
• Soma = R$ 350,00.

Valor bruto: R$ 2.100,00 + R$ 350,00 = R$ 2.450,00.

Diarista
Utilizado, comumente, para o pagamento pela prestação de serviços domésticos,
uma vez que o funcionário, nesse tipo de contratação, não trabalhará, necessariamente,
todos os dias do mês para o empregador. Igualmente, não tem o diarista direito ao
FGTS, pagamento do DSR e outras verbas próprias em uma relação de emprego.
Não deve ser confundido com o empregado doméstico, que trabalha com registro
em carteira e, dessa forma, possui uma série de direitos trabalhistas e, geralmente, é
registrado para receber o seu salário como mensalista.
Assim, não há nenhum tipo de retenção tributária para essa forma de trabalho
(diarista), como não há direitos trabalhistas. Por exemplo:
• Diária: R$ 100,00.
» Trabalhou nos dias 7, 14, 21 e 28 de outubro.
• Valor bruto: 4 dias de trabalho × R$ 100,00 = R$ 400,00.

Docente
É o pagamento efetuado a professores, que além do salário base (que pode ser
definido por mês ou por hora-aula), possui acréscimo de 5% de adicional de hora-
-atividade. Esse valor é devido, uma vez que os docentes necessitam de tempo fora
das aulas para as preparar e desenvolver, efetuar correções de atividades etc.

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Quando não é mensalista, receberá destacadamente o DSR.

Exemplos:
• Docente mensalista:
» Salário: R$ 5.000,00 por mês.
» Hora-atividade: R$ 5.000,00 × 5%= R$ 250,00.
» Valor bruto: R$ 5.000,00 + R$ 250,00 = R$ 5.250,00.
• Docente aulista:
» Salário: R$ 40,00 por hora-aula.
Tendo como base de cálculo 4,5 semanas/mês e 20 horas-aula/semana,
no mês considerado há 5 domingos e 1 feriado = 6 DSR.
» Salário do período:

R$ 40,00 × 20 aulas semanais × 4,5 semanas no mês = R$ 3.600,00.

R$ 3.600,00 + R$ 180,00 de hora-atividade (5% de R$ 3.600,00) =


R$ 3.780,00.

Descanso semanal remunerado: R$ 3.780,00 / 6 = R$ 630,00.

Valor bruto: R$ 3.780,00 + R$ 630,00 = R$ 4.410,00.

Formas de Remuneração
em Outras Relações de Trabalho
Autônomo
As empresas, em determinados momentos, necessitam contratar mão de obra
especializada para a realização de determinadas tarefas que não necessariamente es-
tão relacionadas à sua atividade-fim (a atividade principal da empresa). Por exemplo,
para pintar a fachada da organização.
A remuneração desse profissional é previamente acordada e paga conforme o
serviço prestado (não se aplicando qualquer forma de pagamento de FGTS, DSR
etc.) e, por força da legislação tributária, deve haver a retenção de:
• Contribuições previdenciárias (INSS);
• Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF);
• E, dependendo do município, do Imposto Sobre Serviços (ISS).

Estagiário
O estagiário, quando contratado, não recebe salário como remuneração, mas sim
um auxílio educacional (bolsa) que, diferentemente dos empregados contratados por
CLT, não possui piso mínimo garantido.

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Comumente, a sua remuneração é definida pela média de mercado, conforme as
funções que realizará, o porte da empresa e o curso escolhido.

Nesse auxílio, não poderá haver nenhum tipo de desconto (INSS ou IRRF), com ex-
ceção apenas para faltas e atrasos, que pressupõem o não cumprimento integral, por
parte do estagiário, das obrigações estabelecidas no termo de compromisso de estágio.

A concessão do Vale Transporte (VT) é obrigatória, exceto nos casos de estágio


obrigatório. Havendo o pagamento desse benefício, a empresa deverá se atentar
quanto à legislação de estágio, pois o desconto do VT nesse caso não é permitido.

Pró-Labore
Pró-labore é uma forma de remuneração paga ao sócio de uma empresa. Sócio
não é funcionário, mas participa dos resultados da organização. Um sócio pode ou
não desempenhar atividades na empresa – se as realizar terá direito ao pró-labore.

O seu pagamento é feito com base em duas variáveis: a capacidade financeira da


empresa e a média paga pelo mercado de trabalho para a função que será desempe-
nhada pelo sócio. Por esse motivo, os valores poderão variar todos os meses, tanto
para mais, quanto para menos.

Para garantir aos sócios o direito a essa retirada, o pró-labore deverá ser fixado
em contrato social ou estatuto social – em cláusula específica que trate do assunto.
Sobre o valor da retirada incidirá os encargos trabalhistas e, dependendo do valor, a
retenção do IRRF.

Encargos Sociais
Previdência Social – Parte do Segurado
As contribuições previdenciárias servem, em especial, para o custeio de uma série
de benefícios ao trabalhador, sendo os principais os seguintes:
• Aposentadoria;
• Auxílio doença;
• Auxílio acidente;
• Auxílio reclusão; e
• Pensão por morte.

Os benefícios citados nada mais são que uma forma de garantir aos empregados
uma fonte de renda tanto para si, quanto para as suas famílias, caso ocorra algum
tipo de perda da capacidade laborativa (doença ou acidente), seja por um prazo curto
ou por tempo indeterminado ou mesmo permanente (aposentadoria por invalidez).

Para ser segurado do INSS, basta trabalhar registrado, contribuindo como em-
pregado. Os autônomos e sócios de empresa com retirada de pró-labore podem

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participar como contribuintes individuais, mas sempre que recebem da empresa já


sofrem a retenção previdenciária, o que lhes garante o direito ao rol de benefícios,
mas devem observar o teto mensal de contribuição.

Estudantes, donas de casa ou até mesmo desempregados, que possuam alguma ren-
da e quiserem contribuir para terem acesso aos benefícios, poderão efetuar o recolhi-
mento como segurados facultativos, por meio de uma Guia de Previdência Social (GPS).

O cálculo das contribuições é feito conforme tabela específica, atualizada anual-


mente, em função dos reajustes de salário-mínimo, por exemplo:

Tabela 1 – Empregado, empregado doméstico e


trabalhador avulso a partir de 1º de março de 2020
Salário de contribuição Alíquota
Até R$ 1.045,00 7,5%
De R$ 1.045,01 a R$ 2.089,60 9%
De R$ 2.089,61 até R$ 3.134,40 12%
De R$ 3.134,41 até R$ 6.101,06 14%

Observe que há um limite máximo a ser considerado nesse cálculo, sendo que em
2020 corresponde a R$ 6.1001,06 – que é o teto de benefícios no regime geral de
previdência (INSS).

Outra importante mudança é que a Emenda Constitucional n.º 103/2019, que


trouxe profundas mudanças ao nosso sistema previdenciário, estabeleceu que essas
alíquotas são progressivas, ou seja, o valor a ser aplicado se faz por faixas. Entende-
remos como isso funciona considerando em nosso cálculo o caso de um trabalhador
que tem salário de R$ 2.000,00:

Na sistemática de cálculo anterior, o valor da contribuição resultava, simplesmente,


pela aplicação da alíquota sobre o seu salário, ou seja:

R$ 2.000,00 × 9% = R$ 180,00 ® valor da contribuição.

Já na atual sistemática precisamos considerar duas faixas:


• Até R$ 1.045,00 deve ser aplicada a alíquota de 7,5%, com isso:
R$ 1.045,00 × 7,5% = R$ 78,37 ® valor da contribuição na primeira faixa;
• Para o que supera o valor de R$ 1.045,00 (R$ 2.000,00 – R$ 1.045,00 =
R$ 955,00) deve ser aplicada a alíquota de 9%, com isso:
R$ 955,00 × 9% = R$ 85,95 ® valor da contribuição na segunda faixa.

Dessa forma, o valor total do desconto é:

R$ 78,37 + R$ 85,95 = R$ 164,32

Vejamos mais alguns exemplos de como realizar o cálculo da contribuição previ-


denciária – não considerando para o cálculo do salário bruto os valores referentes à
retenção do imposto de renda retido na fonte:

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Remuneração de funcionário mensalista: R$ 2.000,00
Como vimos, o valor da contribuição previdenciária neste caso é de R$ 164,32.
Assim, o empregado receberia:

Salário R$ 2.000,00.

(–) INSS R$ 164,32.

(=) Valor líquido R$ 1.835,68.

Remuneração de funcionário mensalista: R$ 8.000,00


Neste caso, precisaríamos realizar o cálculo faixa por faixa e aplicar a respectiva
alíquota; contudo, para facilitar, podemos utilizar a seguinte Tabela, onde considera-
remos o valor da parcela a deduzir – uma sistemática idêntica a que aplicaremos no
imposto de renda retido na fonte:

Tabela 2
Faixas Salário de contribuição Alíquota Parcela a deduzir
1 Até R$ 1.045,00 7,50% 0
2 De R$ 1.045,01 a R$ 2.089,60 9% R$ 15,68
3 De R$ 2.089,61 a R$ 3.134,40 12% R$ 78,37
4 De R$ 3.134,41 a R$ 6.101,06 14% R$ 141,06

Outra questão a ser considerada é que o salário é de R$ 8.000,00, contudo, a


contribuição previdenciária somente incide sobre o valor do “teto” máximo de be-
nefícios do INSS – se este é o teto do benefício, é também o teto para o cálculo da
contribuição que, neste caso, é o seguinte:

R$ 6.101,06 × 14% (alíquota da faixa 4) = R$ 854,14

R$ 854,14 – R$ 141,06 (parcela a deduzir) = R$ 713,08 ® valor da contribuição


previdenciária.

Assim, o empregado receberia:

Salário R$ 8.000,00.

(–) INSS R$ 713,08.

(=) Valor líquido R$ 7.286,92 ® não considerado o valor do desconto do IRPF.

Remuneração de funcionário mensalista: R$ 6.000,00


Realizaremos o cálculo considerando o valor normal de seu salário, visto que
não foi atingido o teto para o cálculo da contribuição previdenciária.

Neste caso, novamente, usaremos a alíquota da faixa 4, ou seja, 14%.

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Tabela 3
Faixas Salário de contribuição Alíquota Parcela a deduzir
1 Até R$ 1.045,00 7,50% 0
2 De R$ 1.045,01 a R$ 2.089,60 9% R$ 15,68
3 De R$ 2.089,61 a R$ 3.134,40 12% R$ 78,37
4 De R$ 3.134,41 a R$ 6.101,06 14% R$ 141,06

O cálculo é o seguinte:
R$ 6.000,00 × 14% = R$ 840,00

R$ 840,00 – R$ 141,06 (parcela a deduzir) = R$ 698,94 ® valor da contribuição


previdenciária.
Assim, o empregado receberia:

Salário R$ 6.000,00.
(–) INSS R$ 698,94.
(=) Valor líquido R$ 5.301,06 ® não considerado o valor do desconto do IRPF.

FGTS
O fundo de garantia por tempo de serviço, administrado pela Caixa Econômica
Federal, é uma reserva criada pelo Governo Federal em 1967 com a finalidade de
manter um fundo de amparo aos trabalhadores que sejam demitidos sem justa causa.
Além dessa finalidade, o FGTS também possui os seguintes objetivos:
• Oferecer aos trabalhadores certa estabilidade junto à empresa, uma vez que,
ao serem demitidos, será devida uma multa equivalente a 40% do total de seu
FGTS já depositado durante a vigência do contrato de trabalho;
• Criar uma poupança que poderá posteriormente ser utilizada para a aquisição
de imóvel;
• Formar um fundo de recursos ao Governo, que poderá financiar programas di-
versos voltados à habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana.
O custo desse recolhimento é da empresa e, portanto, não há nenhum desconto
para o trabalhador. O depósito mensal tem como base 8% da remuneração do
mês, ou seja, além do salário, inclui adicionais diversos (horas extras, adicional no-
turno, descanso semanal remunerado, entre outros).
O seu recolhimento será sempre no dia 7 do mês subsequente ao da competência
gerada. Recaindo em dias não úteis (sábados, domingos ou feriados, que não haja
expediente bancário), deverá ser antecipado.

IRRF
O imposto de renda é devido por toda pessoa física, residente e domiciliada no
País, que receba quaisquer tipos de rendimentos tributáveis como, por exemplo,
salário, rendimento de aplicações financeiras e a prestação de serviços autônomos.

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Esta Tabela progressiva de imposto de renda para pessoas físicas não é atualizada
desde 2015:

Tabela 4 – Imposto de renda (incidência mensal), alteração em abril de 2015


Base de cálculo (R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir do IRPF (R$)
Até 1.903,98 – –
De 1.903,99 a 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 a 3.751,05 15 354,80
De 3.751,06 a 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36

Desconto por dependente: R$ 189,59.

A Tabela do IRPF pode ser alterada por meio de Lei, razão pela qual convém verificar a vigen-
te no site da Receita Federal. Disponível em: https://bit.ly/3gR2BZx

Cabe ao empregado o fornecimento dos dados para a inclusão de dependentes, sen-


do que é o responsável pela veracidade das informações transmitidas ao empregador.

Um importante detalhe é que precisamos retirar da remuneração do empregado


o valor da contribuição previdenciária antes de iniciarmos o cálculo do imposto de
renda retido na fonte.

Aproveitando os cálculos que fizemos à contribuição previdenciária, verifi-


caremos a situação de empregados que ganham R$ 2.000,00, R$ 8.000,00 e
R$ 6.000,00.

Para o empregado que recebe R$ 2.000,00 e não tem dependentes


Salário R$ 2.000,00.

(–) INSS R$ 164,32.

(=) Rendimento R$ 1.835,68.

(–) Dependentes R$ 0,00.

(=) Base IRRF R$ 1.835,68.

(×) isento R$ 0,00 (sua base de cálculo é inferior a R$ 1.903,98).

(–) Dedução legal R$ 0,00.

(=) IRRF R$ 0,00.

Valor líquido R$ 1.835,68.

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UNIDADE Salários, Encargos e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)

Para o empregado que recebe R$ 8.000,00 e tem dois dependentes


Salário R$ 8.000,00.

(–) INSS R$ 713,08.

(=) Rendimento R$ 7.286,92.

(–) Dependentes R$ 379,18 (R$ 189,59 × 2).

(=) Base IRRF R$ 6.907,74.

(×) Faixa de 27,5% R$ 1.899,62.

(–) Dedução legal R$ 869,36.

(=) IRRF R$ 1.030,26.

Salário R$ 8.000,00.

(–) INSS R$ 713,08.

(–) IRRF R$ 1.030,26.

(=) Valor líquido R$ 6.256,66.

Para o empregado que recebe R$ 6.000,00 e tem três dependentes


Salário R$ 6.000,00.

(–) INSS R$ 698,94.

(=) Rendimento R$ 5.301,06.

(–) Dependentes R$ 568,77 (R$ 189,59 × 3).

(=) Base IRRF R$ 4.732,29.

(×) Faixa de 27,5% R$ 1.301,37.

(–) Dedução legal R$ 869,36.

(=) IRRF R$ 432,01.

Salário R$ 6.000,00.

(–) INSS R$ 698,94.

(–) IRRF R$ 432,01.

(=) Valor líquido R$ 4.869,05.

As empresas deverão estar atentas quando da emissão do Darf – Documento de


Arrecadação da Receita Federal, utilizado para recolhimento do IRRF –, pois o seu
período de apuração está diretamente ligado à data de pagamento dos salários e ao
tipo de regime adotado pela contabilidade. Os regimes que podem ser adotados são
os de competência e de caixa.

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No regime de competência, as despesas ou os custos são reconhecidos na compe-
tência em que ocorrem, independentemente da data de pagamento ou recebimento.
Já no regime de caixa, o reconhecimento ocorre na ocasião do efetivo pagamento,
independentemente de quando o fato gerador se originou.

Dessa forma, a organização, desde o princípio, deverá determinar o tipo de regi-


me a utilizar e a data de pagamento dos salários (último dia do mês ou quinto dia útil
do mês seguinte), uma vez que serão determinantes para o período de apuração do
imposto e o seu respectivo vencimento.

Por exemplo, em uma empresa que optar por efetuar os pagamentos de salários
no último dia do mês, utilizando-se ainda do regime de competência, o seu período de
apuração será o próprio mês do fato gerador, sendo o vencimento do Darf no dia 20
do mês subsequente. Entretanto, se optar pelo regime de caixa e pagamento no quinto
dia útil, o período de apuração será o mês seguinte ao fato gerador, com vencimento
também no dia 20, mas do mês subsequente ao do período de apuração utilizado.

Regra geral: em todos os tributos e encargos trabalhistas, cujos vencimentos ocor-


ram em sábados, domingos ou feriados (dias em que não haja expediente bancário),
o pagamento deverá ser antecipado, pois, caso pago no primeiro dia útil após o ven-
cimento, já deverão ser calculados e incluídos os valores de multa e juros por atraso.
Ou seja, são diferentes em relação às contas de consumo e aos boletos bancários,
que podem ser pagos no próximo dia útil se o vencimento ocorrer em sábados, do-
mingos e feriados.

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UNIDADE Salários, Encargos e Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Práticas de Recursos Humanos – PRH: conceitos, ferramentas e procedimentos
FRANÇA, A. C. L. Práticas de Recursos Humanos – PRH: conceitos, ferramentas
e procedimentos. São Paulo: Atlas, 2013.

 Leitura
Efeitos da ampliação dos direitos trabalhistas sobre as condições de trabalho das empregadas domésticas
COSTA, J. S. de M.; BARBOSA, A. L. N. de H.; HIRATA, G. Efeitos da ampliação
dos direitos trabalhistas sobre as condições de trabalho das empregadas
domésticas. Mercado de Trabalho, n. 60, p. 55-62, 2016.
https://bit.ly/2DDdmQQ
Aspectos legais da remuneração: uma análise no contexto de organizações privadas brasileiras
REIS NETO, M. T.; FERREIRA, C. A. A.; THEOTÔNIO, K. S. Aspectos legais da
remuneração: uma análise no contexto de organizações privadas brasileiras.
Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade, v. 6, n. 3, p. 24-43, 2016.
https://bit.ly/2PNt0eE
Custo do trabalho no Brasil: um estudo nas empresas que se destacaram no ranking da internacionalização
SILVA, M. P.; MARTINS, C. R.; VENDRUSCOLO, M. I. Custo do trabalho no
Brasil: um estudo nas empresas que se destacaram no ranking da internacionalização.
Revista Economia e Desenvolvimento, v. 14, n. 1, p. 126-139, 2016.
https://bit.ly/3iB4l9s

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Referências
BRASIL. Lei n.º 13.149, de 21 de julho de 2015. Altera as leis n.º 11.482, de 31
de maio de 2007, para dispor sobre os valores da tabela mensal do imposto sobre
a renda da pessoa física, n.º 7.713, de 22 de dezembro de 1988, n.º 9.250, de 26
de dezembro de 1995, e n.º 10.823, de 19 de dezembro de 2003. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 22 jul. 2015.

________. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a consolidação


das leis do trabalho. Rio de Janeiro, 1943. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452compilado.htm>. Acesso em: 4 ago. 2020.

MÉTODO. CLT Método: consolidação das leis de trabalho. São Paulo, 2016.

OLIVEIRA, A. de (Org.). CLT para rotinas trabalhistas: anotada e legislação com-


plementar. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

PEREIRA, L. (Org.). CLT: Consolidação das Leis do Trabalho. 3. ed. São Paulo:
Método, 2012.

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