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Agta Nara Novaki dos Santos 1 (Faculdades Secal) Prof.ª Dra. Josiane Franzó 2
(Faculdades Secal) Resumo: Diversos são os perfis psicológicos dos indivíduos de uma
sociedade, em detrimento de cada ser possuir características específicas e interesses
distintos. No conto de Machado de Assis, A Causa Secreta (1885), são exploradas as
diversas faces da psique humana em suas personagens, destacando-se a figura de
Fortunato, que no decorrer da narrativa apresenta sua real essência, que inicialmente
aparenta ser de um homem nobre e prestativo, mas que na verdade saboreava o
sofrimento alheio. É um sujeito sádico e que representa o que há de mais sombrio na
sociedade, sendo esse o objeto de análise deste artigo. É retratado esse perfil de forma
ampla, abordando epistemologicamente essa disfunção, embasado nos princípios de
Marquês de Sade e Freud. Palavras-chave: Psicologia. Causa Secreta. Sadismo.
SADISM EN EL CUENTO LA CAUSA SECRETA Resumen: Diversos son los perfiles
psicológicos de los individuos de una sociedad, en detrimento de cada ser poseer
características específicas e intereses distintos. En el cuento de Machado de Assis, La
Causa Secreta (1885), se exploran las diversas caras de la psique humana en sus
personajes, destacándose la figura de Fortunato, que en el transcurso de la narrativa
presenta su real esencia, que inicialmente aparenta ser de un hecho hombre noble y
servicial, pero que en realidad saboreaba el sufrimiento ajeno. Es un sujeto sádico y que
representa lo que hay de más sombrío en la sociedad, siendo éste el objeto de análisis de
este artículo. Es retratado ese perfil de forma amplia, abordando epistemológicamente
esa disfunción, basada en los principios de Marqués de Sade y Freud. Palabras clave:
Psicológico. Causa secreta. Sadismo. Sumário: 1. Introdução 2. Sadismo na personagem
Fortunato 3. Construção do eixo temático: Da realidade para a literatura 4.
Considerações Finais 5. Referências. 1.
3 cabisbaixo, parando às vezes, para dar uma bengalada em algum cão que dormia; o
cão ficava ganindo e ele ia andando. No largo da Carioca entrou num tílburi, e seguiu
para os lados da praça da Constituição. Garcia voltou para casa sem saber mais nada.
(ASSIS, 1885, p. 2) O recorte acima revela sucintamente o peculiar fascínio de
Fortunato por situações aflitivas, tanto que ele alimenta uma expectativa pessimista no
decorrer da peça que assiste. Quando nota que no desenrolar da farsa muda sua
perspectiva, ou seja, encerram-se as cenas negativas, ele se desencanta e decide sair do
teatro. Durante a trajetória ao Largo da Carioca, percebe alguns cães dormindo e,
irresistivelmente, os agride covardemente com uma bengalada. Ele simplesmente o faz.
Esse trecho impactante já demonstra a frieza do rapaz. Entre as várias cenas que
demonstram a personalidade de Fortunato há uma bem peculiar Gouveia, um
empregado do arsenal de guerra se encontra gravemente ferido e fica aos cuidados
médicos. Durante o processo mais complicado, Fortunato dedica-se completamente ao
ferido e, à medida que o quadro clínico dele vai resultando positivamente, ele passa a se
desinteressar pelo rapaz. O narrador revela a expressão do protagonista analisada pelos
olhos de Garcia: Garcia estava atônito. Olhou para ele, viu-o sentar-se tranquilamente,
estirar as pernas, meter as mãos nas algibeiras das calças, e fitar os olhos no ferido. Os
olhos eram claros, cor de chumbo, moviam-se devagar, e tinham a expressão dura, seca
e fria. Cara magra e pálida; uma tira estreita de barba, por baixo do queixo, e de uma
têmpora a outra, curta, ruiva e rara. Teria quarenta anos. De quando em quando,
voltava-se para o estudante, e perguntava alguma coisa acerca do ferido; mas tornava
logo a olhar para ele, enquanto o rapaz lhe dava a resposta. A sensação que o estudante
recebia era de repulsa ao mesmo tempo que de curiosidade; não podia negar que estava
assistindo a um ato de rara dedicação, e se era desinteressado como parecia, não havia
mais que aceitar o coração humano como um poço de mistérios. Fortunato saiu pouco
antes de uma hora; voltou nos dias seguintes, mas a cura fez-se depressa, e, antes de
concluída, desapareceu sem dizer ao obsequiado onde morava. Foi o estudante que lhe
deu as indicações do nome, rua e número. (ASSIS, 1885, p. 3) Gouveia fica grato pela
atitude do médico e vai até ele agradecer e acaba ficando surpreso com a recepção de
Fortunato, que se mostra uma pessoa diferente do que ele conhecera, não
compreendendo a atitude indelicada do homem que o havia ocorrido e se dedicado
tanto: Correu a Catumbi daí a seis dias. Fortunato recebeu-o constrangido, ouviu
impaciente as palavras de agradecimento, deu-lhe uma resposta enfastiada 3