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O crescimento económico dos séculos XII e XIII vai ser interrompido pela trilogia “fome, peste e guerra”.
As fomes do século XIV devem-se a:
- crescimento populacional superior ao crescimento da produção;
- más colheitas devido a chuvas abundantes, baixas temperaturas e ao esgotamento dos solos.
A peste – os corpos debilitados pela fome, o superpovoamento e a falta de higiene levaram ao aparecimento de
doenças epidémicas. A mais grave foi a Peste Negra que terá matado cerca de 1/3 da população europeia.
A guerra – ao flagelo da fome e peste junta-se o da guerra. Para além dos mortos e feridos em combate há que
contar com a destruição e pilhagem levada a cabo pelos exércitos. Destaca-se a Guerra dos Cem Anos (1337-
1453) entre a França e a Inglaterra.
A crise europeia também se fez sentir em Portugal com uma quebra demográfica e uma crise económica. Esta
crise foi agravada pelas guerras com Castela.
D. Fernando achava-se com direito ao trono castelhano e por isso entre 1369-1382 trava com Castela as Guerras
Fernandinas que terminam em 1383 com a assinatura do Tratado de Salvaterra de Magos. Este Tratado pôs em
causa a independência Nacional. Estabelecia que D. Beatriz (filha única de D. Fernando) casaria com D. João I de
Castela. Se D. Fernando morresse antes de D. Beatriz ter um filho em idade de governar, D. Leonor Teles (mulher
de D. Fernando) tornar-se-ia regente até o neto poder reinar. Finalmente, se D. Beatriz não tivesse descendentes,
D. João I de Castela seria aclamado rei de Portugal.
D. Fernando morreu nesse mesmo ano. D. Leonor na qualidade de regente, mandou aclamar D. Beatriz como
rainha de Portugal. O povo, a burguesia e a pequena nobreza não aceitaram essa decisão e apoiaram D. João,
mestre de Avis (filho ilegítimo de D. Pedro), para rei de Portugal. D. Beatriz recebeu o apoio da alta nobreza e do
alto clero.
Em 1383, o Mestre de Avis assassina o conselheiro de D. Leonor Teles e é aclamado “regedor e defensor do
reino”
Em 1385 reúnem-se Cortes em Coimbra para escolher o novo rei. D. João, Mestre de Avis, é aclamado rei de
Portugal com o título de D. João I dando início à dinastia de Avis.
Os castelhanos voltam a invadir Portugal mas são definitivamente derrotados na Batalha de Aljubarrota (14 agosto
1385). Só em 1411 seria assinada a paz entre Portugal e Castela.
O EXPANSIONISMO EUROPEU
As motivações da Expansão Europeia – foram vários os motivos que levaram os europeus a partir
para um movimento expansionista. Destacam-se:
a) A necessidade de ouro – o reaparecimento do comércio tornou necessário cunhar mais
moeda;
b) O desejo de acesso direto às especiarias e aos produtos de luxo do Oriente.
Apesar de todas as potências europeias desejarem a expansão, coube a Portugal o início deste
movimento. De facto, Portugal conseguiu reunir as motivações e as condições necessárias para levar a
cabo esta “aventura”.
Motivações portuguesas:
a) Económicas – essencialmente o desejo de ouro, cereais, escravos e especiarias;
b) Religiosas – vontade de expandir a fé cristã (espírito de cruzada);
c) Políticas – D. João I pretendia que a Europa o reconhecesse como legítimo rei de Portugal;
d) Sociais – a nobreza pretendia adquirir novas terras e cargos; a burguesia desejava alcançar
novos mercados e produtos; o povo pretendia melhorar de vida; o clero queria converter os “infiéis”.
Condições favoráveis:
a) Geográficas - extensa costa marítima com bons portos, marinheiros experientes (tradição
piscatória), proximidade com o norte de África, …
b) Políticas – o país vivia um período de paz; a nova dinastia no poder tinha uma mentalidade
empreendedora e queria “mostrar competência”
c) Técnicas – bons conhecimentos cartográficos; conhecimento de instrumentos náuticos
(bússola, quadrante, balestilha e astrolábio); aperfeiçoamento da caravela (embarcação com velas
latinas que permitem bolinar ou seja, navegar com ventos contrários).
O início da Expansão
Os europeus só conheciam a costa africana até ao Cabo Bojador. Os ventos e correntes tinham
tornado impossível avançar mais para sul. Este obstáculo é ultrapassado pela 1ª vez por Gil Eanes em
1434 – “abria-se, assim, um mundo novo”.
Durante o reinado de D. Duarte, a Coroa aposta sobretudo nas conquistas no norte de África mas a
tentativa de conquistar Tânger (1437) foi um fracasso. Assim, a Coroa vira-se para a descoberta na
costa africana. O principal momento desta fase é a criação da feitoria de Arguim em 1445 (feitoria –
local fortificado junto à costa onde se faz o comércio). Aqui, Portugal obteve ouro, escravos, marfim
e malagueta.
A política africana de D. Afonso V – durante o seu reinado, a Coroa aposta nas conquistas em Marrocos
para libertar Ceuta. Assim, são conquistadas: em 1458 Alcácer Ceguer e em 1471 as cidades de Arzila
e Tânger. As viagens de descoberta não pararam, sendo patrocinadas pelo Infante D. Henrique.
Quando este morre em 1460, o rei resolve arrendar a exploração da costa africana a particulares.
Contrato com Fernão Gomes (celebrado em 1469). Tinha a duração de 5 anos. Durante esse tempo,
Fernão Gomes tinha a obrigação de descobrir, pelo menos, 100 léguas de costa por ano e pagar uma
renda anual à Coroa de 200 mil reis. Ficava com o monopólio (exclusivo) do comércio nas zonas
descobertas. No final do contrato já tinha alcançado o Cabo de Santa Catarina.
A política expansionista de D. João II
A rivalidade luso-castelhana
- Teve início no século XIV a propósito do arquipélago das Canárias, uma vez que os dois reinos
reivindicavam a sua posse. A solução foi a assinatura do Tratado de Alcáçovas em 1479-1480. Este
tratado atribuiu as Canárias a Castela e dividiu o mundo em duas partes: os territórios descobertos a sul
das Canárias seriam de Portugal e a norte de Castela.
- Recomeça em 1492 a propósito das Antilhas. Nesta data, Cristóvão Colombo, ao serviço de Castela,
descobre as Antilhas (arquipélago na América Central). Os dois reinos reclamam este território
alegando:
a) Castela – o direito de descoberta.
b) Portugal – de acordo com o tratado de Alcáçovas, as Antilhas ficavam em território português.
Como não chegaram a acordo, pediram a intervenção da Santa Sé. O Papa Alexandre VI propõe (1493)
que se esqueça o Tratado de Alcáçovas e que se faça uma nova partilha do mundo com base num
meridiano que deveria passar 100 léguas a oeste de Cabo Verde. D. João II não aceita e propõe que o
meridiano passe a 370 léguas de Cabo Verde sendo que, os territórios a ocidente seriam de Castela e a
oriente de Portugal. A proposta é aceite e daqui resulta a assinatura do Tratado de Tordesilhas em 1494
(por sorte ou com conhecimento de causa, D. João II garantia, assim, a posse do Brasil). Este tratado
deu origem à teoria do mare clausum (mar fechado) ou seja, a nação descobridora tinha o exclusivo da
navegação e do comércio nas regiões descobertas, o incumprimento era considerado pirataria.
D. João II morre em 1495 sem ver o seu objetivo concretizado apesar de ainda ter orientado a
preparação da viagem e escolhido o capitão da mesma. A viagem acontece no reinado de D. Manuel I.
Vasco da Gama parte em Julho de 1497 com uma armada de 3 naus (esta embarcação substitui a
caravela porque tem maior capacidade de carga, é mais resistente aos ventos e correntes e tem maior
poder bélico).
A viagem foi difícil porque os portugueses foram mal recebidos nos portos da África oriental uma vez
que os muçulmanos temiam a nossa concorrência no comércio.
Em 1498 chegou-se à Índia (cidade de Calecute) e abria-se, assim, a Rota do Cabo que unia a Europa
à Ásia por mar.
A descoberta do Brasil
Em 1500, Pedro Álvares Cabral parte de Portugal com uma poderosa armada com destino à Índia para
trazer o 1º carregamento de especiarias. No entanto, em Abril, alcança o Brasil – acaso?
Intencionalidade? Um navio regressa a Portugal para dar a notícia e os restantes rumam à Índia.
Grupo I
1 – Justificar a quebra demográfica europeia no século XIV.
2 – Referir as principais consequências da quebra demográfica.
3 – Explicar em que medida o Tratado de Salvaterra de Magos pôs em causa a independência de Portugal.
4 – Identificar o rei aclamado nas Cortes de Coimbra em 1385.
Grupo II
1 – Descreve o mundo conhecido no início do século XV
2 – Justifica a prioridade portuguesa na expansão ultramarina.
3 – Localiza no tempo e no espaço o início da expansão.
4 – Explica a importância de Ceuta
5 – Descreve o modelo de exploração utilizado nos arquipélagos atlânticos.
6 – Conhece as principais descobertas na costa africana.
7 – Define feitoria.
8 – Identifica a política expansionista de D. João II.
9 – Explica em que consiste o Tratado de Tordesilhas.
10 – Conhece as datas:
a) 1415
b) 1419-1420
c) 1427-1452
d) 1434
e) 1469
f) 1487-88
g) 1492
h) 1494
i) 1498
j) 1500