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Vocabulário
por Thiago Oliveira, revisado/editado e ampliado por Alexandra Oliveira
A
Áditon (Adyton) – é uma parte do santuário reservado apenas aos sacerdotes ou
pessoas ritualmente preparadas. Lugar sagrado e de preparação. Também era chamado
de "to esotatô tou naou" (parte mais interior do templo).
Aethyr – (ver Éter)
Ágape – é uma das manifestações do amor, Eros. É o mais elevado sentimento
de honra, afeto e consideração de uma pessoa por um deus ou por outro mortal, o amor
incondicional. Agape aparece aparece na Odisseia de Homero em duas formas, como
agapêton (livro 5), significando "bem-amado"/a, e agapazomenoi (livros 7 e 17),
significando "tratado/a com afeição".
Agon – significa competição. É a força, o duelo e estado de tensão que permeia
as coisas. A filosofia clássica grega acredita que o mundo é construído por meio desse
duelo de apostos. Agon também se refere ao momento do festival onde há competições
e concursos, frequentemente com premiações para os vencedores.
Aidos – Implica em modéstia, piedade e decência. Significa honradez nas ações
e no culto e no convívio social, também pode ser entendido como bons sentimentos, o
olhar pio e justo sobre os fatos, mas fundamentalmente a ação correta. Em um mural
romano da Villa Dei Misteri, em Pompéia, Aidos é retratada como um daimon de asas
negras a punir uma das que tentava fugir das celebrações rituais, após a iniciação; uma
clara demonstração de punição pela quebra do decoro. Sendo assim, deve-se interpretar
Aidos também como o decoro, a discrição.
Alsos – santuário em um lugar arborizado, como o de Olímpia.
B
Bacantes – (ver Mênades)
Bios/Biôs – é a vida individual, ou seja, a vida de um ser dentro da espécie.
Bômos – altar maciço, com um prothysis (plataforma de sacrifício) e uma
eschara (lareira onde o sacrifício era queimado ou onde se vertiam as ofertas líquidas).
No bômos ofertava-se apenas parte do alimento, o resto era comido pelos mortais. Já em
um bothros, o alimento era totalmente queimado na eschara e a libação era do tipo
khoes.
C
Catarse – (ver Katharsys)
Coés – (ver Koés)
Coûs – (ver Koûs)
Ctônico – é o nome dado aos deuses que têm uma especial relação com a morte
e com a fertilidade e freqüentemente, habitam o Hades, o submundo. Isso é mais um
aspecto momentâneo do que exatamente uma qualidade fixa. Hermes por exemplo pode
ser Ctônico e Olímpico, a exemplo dos demais deuses.
D
Daimon – Gênios. São espíritos ou entidades que habitam a natureza, a exemplo
da ninfas, hamadríades, dríades e sátiros.
Demos – (ver Pólis)
Dikhomenia – Celebração da Lua cheia, em honra à Selene, a deusa da lua. O
nome significa “eu reparto em dois”, já que o termo se refere à metade do mês, o dia 14
ou 15 de cada mês no calendário helênico, quando cai a lua cheia.
Diquê – a justiça, no que se refere ao direito. É diferente da Thêmis, a deusa da
justiça que tem rege a justiça divina. Nesse contexto, podemos entender a diquê mais
como o exercício das leis, ou seja, o nível mortal e humano em que se manifesta a
justiça (Thêmis).
Dodecateísmo – é um dos nomes da religião politeísta grega, porém
dodecateísmo refere-se em especial ao culto dos 12 deuses olímpicos e de Dioniso.
E
Eirene – 'paz', utilizado principalmente nas despedidas.
Eiresinome – é um símbolo comum nos festivais em honra de Apolo. Trata-se de
um ramo de loureiro envolvo por fios de lã usado para afastar os maus espíritos e
purificar. O loureiro é uma planta consagrada a Apolo, assim como a oliveira é para
Athena.Empsykhosis = dotar de alma um corpo físico
F
Festival – são as comemorações de maior importância no calendário religioso.
São em números diversos. Alguns festivais eram comuns a toda a Grécia, e por isso
eram chamados de “pan-helênicos”, ou seja, de toda a Grécia, como os jogos Olímpicos
e a Panathenéia (aniversário de Athena). Mas, em geral, os festivais são mais restritos às
políeis, e cada polis tem festivais de acordo com seus costumes. Normalmente os
festivais têm uma conotação social, como a celebração do nascimento de um deus ou o
resultado da colheita, além de outros motivos, como a celebração por mortos ou
familiares, além de heróis de relevância local. Na antiguidade, os festivais envolviam
sacrifícios, mas nos dias de hoje, podemos, além das celebrações religiosas, fazer coisas
especiais dedicadas aos deuses do respectivo festival ou que tenham a ver com a
situação em questão.
Filakia – 'beijos', uma forma de despedida.
Filia – (ver Philia)
Filotés – (ver Philotes)
G
Ghênoito – 'assim seja'. (ver também Ésto)
H
Hellenismos – é a terminologia usada atualmente para se referir à proposta
reconstrucionista da religião grega. A terminação foi adotada para substituir a expressão
“Helenismo”, usando em história para se referir ao período da história das civilizações
clássica onde o Império Macedônico aglutinou a cultura grega, com as demais regiões
conquistadas até a morte de Alexandre Magno.
Heorté – festa.
Herói / Heroína – nome dado aos semideuses (filhos de um/a deus/a com um/a
mortal) em um mito, onde não há exatamente uma conotação moral. Eles executavam
ações nobres, não necessariamente “salvamentos” como nós entendemos hoje por
heroísmo.
I
Io! – É comumente tido como o grito de Dioniso. O nome eleusino de Dioniso
era Iaco, e „Iakkhe!‟ significa „grite!‟. Há várias considerações ocultistas sobre o
significado dos nomes Iao e Io, mas o importante agora é saber que é uma maneira de
saudá-lo: Iaco, Iao, Io!
K
Kalimera – Bom dia, em grego (Kale he Hemera)
Kalinixta – Boa noite, em grego. Usa-se apenas em momentos de despedida.
Kalis péra – Boa tarde e boa noite em grego. Durante a tarde é usado livremente
quando se chega e vai-se embora, e durante a noite é usado para chegadas. Na despedida
noturna usa-se o “kalinixta”.
Katharsys – no contexto do ritual, significa a purificação do miasma, a liberação
daquilo que não nos dignificava.
Kathierosis – consagração, separar o sagrado
Khaire – Expressão usada para saudar alguém. Significa “oi”, “bem-vindo” ou
“alegra-te”. Vem de Kharis, ou seja, graça, leveza, transmitindo uma Idéia de que algo é
bem recebido ou bem quisto. O plural (saudar várias pessoas) é Khairete.
Kharis – Graça, a graça dos deuses. Muitas vezes também pode ser entendido
como dedicação e aplicação nos afazeres de um festival ou celebração. São
representadas como jovens e belas, as Khárites: Aglaia, Euphrosyne e Talo. Estão
presentes no cortejo de Afrodite.
Khernips – água lustral; seja ela de rio, de chuva, de mar salgado, ou purificada
pelo fogo consagrado a Héstia. É esta água que aspergimos em alguns rituais de
purificação e/ou consagração. Quando se entra em um espaço sagrado, é recomendável
ao menos lavar as mãos na água lustral.
Koés (Khoes) – espécie vaso trifoliado grande, geralmente enterrado ao chão. É
usado em libações para deuses ctônicos. Possui um pescoço curto com o bico de forma
trifoliada. Koés também é o nome dado à libação aos deuses ctônicos. Consiste em
derrubar o pote com o líquido sobre o solo ou verter o líquido completamente ao chão;
sendo assim não há contato do praticante com o líquido ofertado (como acontece na
libação comum).
Koûs – singular de Koés
Ktesioi Theoi – são os deuses domésticos, os deuses da casa, responsáveis por
cuidar da segurança, da tradição familiar e dos mantimentos da casa. São eles: Zeus
Ktesios, Hécate, Hermes, Hérakles e os Dióscuros (Cástor e Polideuces).
Kyklos/Kuklos – ciclo, círculo, roda; às vezes usado para um grupo de pessoas.
L
Latreia – adoração serviço religioso; significa cumprir com os rituais e
ortopraxia.
Libação – É a oferta de qualquer coisa líquida para uma divindade ou daimon.
Pode ser água, vinho, azeite, leite, mel, sucos e outras bebidas.
Logos – Conhecimento, razão, verbo, palavra. É o elemento básico da
civilização.
M
Mântika – é a habilidade ou arte da adivinhação ou profecia por diversos meios.
Na Grécia antiga esse era um momento muito importante do culto, pois, como diz
Platão os momentos em que os deuses estão mais próximos dos homens são no
N
Naos – templo, edifício onde reside a estátua do deus.
Nator – bicarbonato de sódio e/ou sal, utilizado para purificar lugares, à
semelhança da água lustral.
Nomos – significa tradição, lei, costume. O nomos é o príncípio o qual nos
fiamos quando dizemos seguir a uma “tradição helênica arcaica”, ou seja, quando
dizemos acreditar num conjunto de condutas e costumes tradicionais. É expresso como
respeito e cumprimento das leis legais, sejam elas sociais ou religiosas.
Noumenia – celebração da Lua nova visível. É o primeiro dia de cada mês no
calendário helênico.
Nous – é a mente, o poder de percepção e discernimento. De acordo com
Anaxágora, Nous é a força criadora que ordena o Cosmos. E de acordo com Pitágoras,
Nous também é a base da psyche, a base da alma.
O
Oferta ou Oferenda – Consiste no ato de dedicar ou entregar algo para um deus.
Quando se trata de algo perecível, como comidas, flores e perfumes, é chamado de
„oferenda‟ mesmo, em caso de objetos mais duráveis, como jarros, roupas e acessórios,
é chamado de „oferta votiva‟.
Oikos – Lar, casa, também usado para se referir aos membros do lar.
Oine – vinho, em grego.
Ômphalos – centro. Também é o nome dado ao “umbigo de Delfos”, o centro do
mundo. Refere-se sempre ao centro de alguma área.
Orfismo – Doutrina ascética baseada nos cultos de Orfeu. Não faz parte da
religião cívica grega, sendo mais um culto iniciático de mistérios.
Orkos – Juramento, também é o nome de um deus. Os juramentos eram algo
muito importante no contexto social e religioso grego, tanto que muitas vezes um deus
era chamando, por meio de Hinos e Preces para se fazer presente no momento, a fim de
atestar a veracidade daquele ato; sendo assim, é algo de extrema responsabilidade.
P
Paidéia – de forma geral pode ser entendida como a prática educativa, a
formação humana. Segundo Werner Jaeger, paideia é o "processo de educação em sua
forma verdadeira, a forma natural e genuinamente humana".
Parakalô – 'Por favor' e/ou 'com licença'.
Parousia – ver Epifania
Philia – uma das manifestações de Eros, o amor. É muitas vezes entendida como
a amizade, o laço que une duas pessoas por meio da dedicação e do zelo pelo bem estar
um do outro. Também é um valor estimulado, já que o laço de amizade torna as pessoas
faz com que uma seja responsável pela outra, moldado o caráter e lhes transmitindo
coragem.
Philotes – Carinho, atenção. É também o nome de um deus presente no cortejo
de Afrodite.
Philos mou – 'meu amigo'. Utilizado, por exemplo, em início de cartas. O
feminino, 'minha amiga', é Phile mou.
Phisys – é um conceito usado na filosofia pré-socrática pra se referir à natureza
no seu sentido físico, à matéria, àquilo que une todas as coisas e lhes confere
permanência e unidade.
Pitagorismo – doutrina esotérica e filosófica fundada pelo matemático grego
Pitágoras.
Pitonisa – sacerdotisa de Apolo, responsável pelas profecias do oráculo de
Delfos.
Polis (pl. Políeis) – é a cidade-estado. No contexto da geopolítica da Grécia
Arcaica, Polis é a unidade organizada com suas leis, costumes e economia. As políeis
gregas nunca foram unificadas, como um estado semelhante ao que é a Grécia hoje.
Cada cidade tinha seu próprio sistema de governo e economia específica, mas todas
eram unidas pelo menos idioma e religião.
Pompê – é o nome dado à procissão, um componente comum a muitos festivais
gregos onde a imagem é conduzida em procissão pública pelas ruas da pólis.
Prothysis – plataforma onde se colocava o sacrificador e o sacrifício.
Psyche (Psiquê) - Geralmente entendida como alma. De acordo com alguns
filósofos, é parte do fogo primordial que anima os corpos humanos e animais. Porém,
após a morte, a alma perde sua consciência que tinha em vida, e passa a rondar pelo
Hades como um sopro, sem vida. Em grego, psyche também significa „borboleta‟.
R
Reconstrucionismo – Tendência para a restauração das tradições religiosas
antigas, caracterizada pela preservação do culto e dos ideais morais e éticos do qual
essas antigas religiões são oriundas. O termo aparece pela primeira vez na década de
1970, e é usado pela primeira vez se referindo a grupos que praticavam religiões
históricas em 1980. O reconstrucionismo propõe a não-adoção do ecletismo e a
preservação das antigas práticas, e quando isso não for possível, uma adaptação que seja
o mais fiel possível, aquilo que se sabe por meio dos registros históricos sobreviventes,
dessas práticas. As designações e grupos de reconstrucionistas helênicos começam a
aparecer por volta de 1990.
S
Sophia – Sabedoria.
Spondé – modalidade mais comum de libação, feita aos deuses olimpianos, no
qual uma parte do líquido ofertado é vertida em fio corrente do recipiente em direção ao
solo ou a um recipiente especialmente dedicado para essa função.
Suphrosyne – autocontrole, gentileza, prudência e discrição. É um aspecto que
complementa e equilibra o Agon. É por meio das ações que envolvem a sophrosine -
atos de modéstia e piedade - que a desordem e a competição do Agon se equilibram.
Isso incita outro valor que é o metron, ou seja, a justa medida.
T
Ta-Hiera – (ver Thysia)
Teleté – a cerimônia ou ritual. Deriva do verbo “telo” e é usada para se referir a
um evento formal ou que contenham uma série de ações simbólicas;
Temenos – é o espaço (o terreno) sagrado dedicado a abrigar a imagem cultual, o
altar e tudo o mais da deidade.
Theoi – traduzido como “deuses” no grego moderno. O singular é Theon/Theos
(deus). No feminino é Thea(deusa) /Theia (deusas).
Theoxenia – banquete no qual mortais e deuses comem juntos.
Thiasos – é o nome dado a um grupo de culto em honra de algum deus.
Thusia (Thysia) – O sacrifício, no sentido próprio de oferta de sangue. Era a
mais alta honra que se poderia ofertar a um deus. Porém também pode ser entendido
como uma oferenda, uma oferta votiva ou libação.
Tikhê (Tiquê) – a sorte, fortuna ou acaso, personificada na figura da deusa de
mesmo nome.
Timé – a honra, glória, também entendida como valor. É um dos componentes
éticos da religião e moral gregas, junto com o metron, a sophrosyne, a métis e tantos
outros.
X
Xenia – palavra que significa „hospitalidade, amizade convidativa‟. É uma lei
importante e que impera em todo o território helênico. O anfitrião tem responsabilidade
sobre seu convidado; isso pode parecer um tanto desnecessário, mas dentro do contexto
das políeis gregas era importante pra manter a unidade cultural dos povos. Os próprios
templos eram usados como abrigos e o não cumprimento desse dever era considerado
hybris, insolência, desrespeito às leis dos deuses.
Z
Zoé – a vida entendida em sua forma mais ampla, a natureza. Usa-se para
descrever todo um conjunto de seres, toda uma espécie, ou seja, a parte indestrutível da
vida. Mesmo que um indivíduo da espécie (biôs) morra, a espécie (Zoé) continuará viva
por meio de outros indivíduos. O hellenista Carl Kerényi define Zoé como “a vida
indestrutível”.
Frases
Deuro, Mákar = mais perto, Abençoado - Plural: Deuro, Makaroi = mais perto,
Abençoados
Déksai tas prosforás mou = receba minhas ofertas (de comida, incenso, flores
etc) - Plural: Déksasthe tas prosforás mou = recebam minhas ofertas
Elthé moi = venha a mim
Euphêmeíte = silêncio! (silêncio sagrado, não falar o mal, segurar as línguas)
Evthemones = sejam prósperos
Hekás, hekás, estê bebêloi = que os profanos vão embora
Heydou anathema mou = que minha oferta (votiva, como estátuas, objetos) lhe
seja agradável - Plural: Heydou anathemata heymoun = que nossas ofertas lhe sejam
agradáveis
Hilathi / Hílêthi = sê gracioso/propício/gentil (dito com uma libação, oferta etc) -
Plural: Hílête = sede propícios
Kherniptomai = que esta água se torne lustral ('khernips', a água purificada pelo
fogo sagrado)
Klûthi mou = Ouça-me
O theói genoisthê apotropói kakôn = ó deuses, mandem embora todo o mal
Teletaí eisi téleiai = os ritos estão completos/feitos
Fonte: https://www.helenos.com.br/vocabulario