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Índice
Considerações iniciais....................................................................................................................3
1.4. O sacrifício..........................................................................................................................8
Considerações finais....................................................................................................................10
Bibliografia..................................................................................................................................11
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Considerações iniciais
A questão da cultura é vista antropologicamente como o trabalho que se realiza com delite, em
conjugação com as forças materiais, e espirituais, pertencendo ao nível da liberdade do trabalho
e não da necessidade. Não obstante, não existe sociedade, país, continente sem cultura, isto é,
todas sociedades, continentes, possuem cultura em que muita das vezes tem sido diferente de
outras partes.
É neste contexto que o grupo foi confiado para abordar a questão da cultura tradicional bantu
na visão do autor Raul Ruiz de Asúa Altuna, mas sobre tudo no que diz respeito aos possuídos
pelos antepassados, possessão maléfica, possessão benéfica, e finalmente algumas reflexões
epistemológicas inerentes ao sacrifício que o autor encaminha na sua magnífica obra, cujo título
é: “a cultura tradicional bantu”.
Obviamente, O trabalho apresenta dois tipos de objectivos que são: objectivo geral e objectivos
específicos.
A pesquisa é importante na medida em que aborda reflexões epistemológicas das realidades da nossa
cultura tradicional africana.
A estrutura total do trabalho num único tema contempla subtítulos consoante a sua organização e
inclui uma conclusão ao menos parcial, mediante a sua abordagem, inclui igualmente uma
bibliografia final da fonte usada. Como técnica, fez-se uma leitura exaustiva, análise facial da fonte
consultada e debate no seio do grupo. Por sua vez, os dados foram sintetizados de forma descritiva.
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Os povos bantus pensam, rezam e regozijam-se em comum unidos aos presentes e aos ausentes,
aos vivos e aos mortos. Os cemitérios e os túmulos particulares são os lugares mais apropriados
para conectar com os antepassados pois ficaram sacrificados. A presença do mundo invisível é
ali frequente e intensa. Por isso, se encontram entre os túmulos restos de oferendas. Também os
juramentos solenes se pronunciam ali.
Dos cemitérios, brota casualidade mística ambivalente. Deles emana confiança e receio,
esperança e temor. Constitui um dos pontos vitais da comunidade. Mas é pertinente salientar
que em certos bosques sagrados, os cultos especiais são reservados aos túmulos dos chefes.
O culto aos antepassados exprime-se por estes símbolos que recordam permanentemente a
presença dos antepassados aos membros da comunidade.
A possessão de pessoas pelos antepassados aparece como uma crença que se estende pela
África negra como um traço cultural característico dos negros da África e da América. Um ou
mais antepassados podem descer, apoderar-se de um indivíduo e habitar nele como um agente
interno poderoso.
Verificou-se que a possessão em África quase que impregna todos aspectos da vida do africano.
O mais ínfimo pormenor do dia-a-dia, na organização económica, em todos os sistemas de
aquisição e de produção de bens, nas diversas profissões, etc., surgiram aspectos ligados a
possessão espírita.
Seque-se como consequência, a solidariedade vertical, a sua função e ao culto aos antepassados,
e insere-se, em todos os casos, com naturalidade e lógica, no centro das crenças religiosas,
porque realiza a interacção vital.
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Segundo ALTUNA (2014: 476), “ä possessão maléfica é considerada como um castigo com
consequências funestas, sobretudo enfermidades. Algumas destas declaram-se dúvida uma
ideologia causada pela possessão de um antepassado”.
O autor continua deixando claro que o indivíduo é agredido e ocupado por um antepassado
maléfico. A doença deve-se à união de um elemento patogénico… o possesso é totalmente
invalido… por uma presença insólita, nociva, anormal. É normal atribuir esta possessão a culpa
de certas doenças.
Uma vez que esta possessão é maléfica, ela prejudica, transforma a solidariedade, perturba a
harmonia comunitária e é a prova clara de abuso que alguns habitantes do mundo invisível fazem
da interacção vital, ela é considerada como uma falsificação, uma deformação, como algo
violento, não legitimáveis e inautêntico.
Esta é considerada possessão legítima e autêntica. O antepassado desce para possuir, benéfica e
totalmente, a pessoa, que não só não perde a sua personalidade, como ainda fica enriquecida por
uma comunhão vital vivificadora.
No que fustiga aos sintomas que manifestam a possessão benéfica, ALTUNA (2014: 480)
explica
A possessão, como genuína vivencia religiosa, é uma componente essencial da mais pura
ortodoxia tradicional e, por isso, uma legitima mística. Não há maior aspiração na alma Bantu do
que entrar em ligação, experimentar e sentir submergido, ele e a sua comunidade, na vida
benfazeja, que, sendo dinâmica e fluida, exige comunhões permanentes. Assim, cada possessão
autêntica converte-se numa interiorização no mais radical das suas crenças e numa segurança-
esperança. Não é licito duvidar do misticismo bantu.
A possessão reveste-se de um aspecto social, visto que os antepassados que descem, trazem uma
riqueza vital e comunitária. Por isso devemos evitar qualifica-la como “espiritualismo”, que “é
um fenómeno patológico”, ao passo que este misticismo africano é um fenómeno de área do
sagrado. Cada possessão traz benefício para a comunidade em forma de aviso, dom ou simples
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manifestação comunitária. Cada médium serve para algo positivo, este é para as colheitas, aquele
para a chuva… aquele outro para impedir os raios, cada um tem uma função na sociedade.
O bantu descobre nos fenómenos que seguem à possessão a presença inconfundível do mundo
invisível, confirma-se na solidariedade e a sua religiosidade arraiga-se, por que sente real e
próximo esse influxo que robustece a sua visão mística da vida e corrobora as suas experiencias
frequentes de contacto com o ser - humano.
De acordo com o autor, em África as manifestações mais públicas e evidentes do misticismo são
as frequentes ocasiões em que aparecem homens e mulheres que se crêem possuídos por
espíritos.
Esta profunda experiencia mística é preparada pelo meio cultural, pela experiencia religiosa
vivida desde a infância e pela convicção de que pode chegar a visita do antepassado sempre que
se verifiquem, as circunstancias culturais propícias. Neste sentido, é social e religiosamente
positiva, porque consolida a vivencia religiosa, uma vez que a possessão nada tem de
heterodoxo, e a harmonia social, porque o mundo invisível se faz presente amistosamente.
Por isso, é que enquadramos na experiencia mística, embora rudimentar e diferente a diferença
da experiencia cristã, que é ascensão, elevação do homem pêra Deus. A mística negra – africana
busca a presença descendente do antepassado no possesso. Não visa nunca alcançar o ser
Supremo; são, ao invés, os seres invisíveis que descem sobre o homem, o possuem e enchem
com sua presença. Deus está sempre ausente, porque transcende a participação vital.
No que concerne a escolha e funções dos médiuns nas comunidades bantus o autor explica
dizendo:
Nas técnicas negro – africanas, a religião é um teatro dançando, uma explosão dramática, uma
exuberância dionisíaca, um regozijo físico. O corpo humano é o veículo do sagrado… só o
sacerdote é que organiza o espectáculo ritual, em que os actores não se podem subtrair a sua
vocação.
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Em quase todas as partes, o comportamento do possesso é quase semelhante: começa por bater
palmas, menear a cabeça, e levanta os pés com a cadência do ritmo do tantã. Nisto, não se
distingue dos outros assistentes, mas logo, os seus movimentos crescem, o seu olhar se torna fixo
e perdido. Seus gestos são cada vez mais energéticos. Em seguida a sua cabeça roda com
violência nos ombros, os seus braços açoitam o ar. Finalmente, precipita-se no centro da área
desembaraçada para este fim e cede ao apelo de deus com movimentos de uma violência
concebível; em seguida, roda por terra, cai, salta, gira, trepa, por fim fala línguas e profetiza. Ao
cabo de um curto tempo e sob a influência do chefe religioso, sossega e reúne-se com o circulo
de dançantes… recupera a consciência gradualmente, mas, algumas vezes, o seu delírio
permanece tão violento que desmaia. Quando um pouco mais tarde se levanta, toma o seu lugar
de espectador no círculo de dançantes.
1.4. O sacrifício
A vida espiritual africana está tão impregnada de ideia de imolação, que praticamente não se
encontram, em nenhuma parte do conhecimento negro, povos cujas práticas religiosas não
comportem a degolação de mais diversas vítimas. Mas ainda o sacrifício é a pedra angular desta
religião; constitui a prece por excelência, aquela a que não se poderia renunciar, sem
comprometer gravemente as relações entre os homens e o invisíveis… Ora bem, todo valor dos
sacrifícios africanos dimana do sangue real dos animais e dos seres humanos caídos nos
inumeráveis altares.
Entre os bantus, o sacrifício como acto religioso, assume o lugar central do culto. A religião
tradicional exprime-se, sobretudo, pelo sacrifício que, oferecido pelo sacerdote, manifesta o seu
carácter familiar, comunitário, todos os grupos praticam sacrifícios cruentos e fazem oferendas.
Quando a oferenda é feita sobre os túmulos, a família reúne-se e o chefe sacerdote derrama sobre
a terra líquidos, bebidas e alimentos, ou sacrifica-se um animal, cujo sangue ensopa a terra.
Os bantus, não necessitam de templos para realizarem seus ritos. Basta-lhes reunirem-se num
ligar do grande templo do universo. Mas é muito frequente que cada comunidade e mesmo cada
grupo se retire, aquando de actos culturais importantes, para bosques sacralizados, escondidos ao
profano, ou debaixo das árvores onde a presença invisível se faz permanente. Os sacrifícios
podem ser oferecidos a qualquer dos habitantes do mundo invisível, se se conhece e influencia,
embora se preste mais atenção aos antepassados familiares.
Os sacrifícios humanos foram outrora práticas generalizadas. Hoje, sacrificam-se sobre tudo
animais domésticos, no caso de cabras, ovelhas, bois, e vacas. O animal doméstico, propriedade
do oferente ou da sua família, prolonga o dono, uma vez que há uma participação vital analógica
entre o homem e as coisas que possui. Desta forma, o significado e eficácia do sacrifício tomam
uma profundidade vital que não se daria com um animal selvagem.
Sobre os animais mais sacrificados e as suas razoes, ALTUNA (2014: 491) diz:
Considerações finais
O grupo deixou bem claro logo à priori nas considerações iniciais, que cada sociedade, país,
continente, tem sua cultura, tem sua forma de se comunicar com aqueles que estão presentes no
mundo invisível.
Assim, África num caso concreto, é detentora de uma cultura tradicional, tradição que o povo
bantu usa para se conectar com os seus antepassados, isto é, com aqueles que estão no mundo
invisível. A possessão em África quase que impregna todos aspectos da vida do africano. O mais
ínfimo pormenor do dia-a-dia, na organização económica, em todos os sistemas de aquisição e
de produção de bens, nas diversas profissões, etc.,
Para a cultura tradicional bantu, os cemitérios e os túmulos particulares são os lugares mais
apropriados para conectar com os antepassados pois ficaram sacrificados. A presença do mundo
invisível é ali frequente e intensa. Por isso, se encontram entre os túmulos restos de oferendas.
Também os juramentos solenes se pronunciam ali.
É pertinente deixar claro que dentro da cultura tradicional bantu, podemos encontrar dois tipos
de possessões (possessão maligna e possessão benéfica). A possessão maléfica prejudica,
transforma a solidariedade, perturba a harmonia comunitária e é considerada como uma
falsificação, uma deformação, como algo violento, não legitimáveis e inautêntico; ao passo que a
possessão benéfica é considerada possessão legítima e autêntica. O antepassado desce para
possuir, benéfica, a pessoa possuída fica enriquecida por uma comunhão vital vivificadora.
No que fustiga a questão dos sacrifícios feitos nessa cultura, são sacrificados sobre tudo animais
domésticos, no caso de cabras, ovelhas, bois, e vacas, e são usados com mais frequência animais
como o galo e a galinha pelo facto da galinha sempre estar ao alcance de todas as pessoas,
pulularem nas aldeias, sem que se preocupem pelo seu alimento.
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Bibliografia
ALTUNA, Raul Ruiz de Asúa. Cultura Tradicional Bantu. 2ª ed. Editora: paulinas, Portugal,
2014.