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Direito e Processo Penal

Módulo Prático
Prof. Alexandre Salim
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Embargos de Nulidade
(Depois do acórdão e antes do trânsito em julgado)
Peça prático-profissional

O Ministério Público denunciou Arlindo Orlando pela prática do


crime de extorsão, previsto art. 158 do CP. Alega o órgão
acusador que o réu praticou a conduta comumente conhecida
como “sequestro-relâmpago” contra a vítima Isadora Oliveira,
que foi obrigada a, mediante grave ameaça exercida com o
emprego de arma de fogo, passar em um caixa eletrônico e
sacar dinheiro para o agente.
Peça prático-profissional

Como foi preso em flagrante, Arlindo Orlando respondeu ao processo


preso preventivamente. Durante a audiência de instrução, o réu
permaneceu todo o tempo algemado, alegando o juiz que se tratava de
acusado violento e perigoso. Durante o seu interrogatório, que foi
filmado, o acusado ergueu as mãos e possibilitou que as algemas
fossem captadas pela câmera. Mesmo diante dos protestos da defesa,
nada restou consignado em ata a respeito dessa situação.
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O réu restou condenado à pena de 07 (sete) anos de reclusão,


em regime inicial semiaberto, bem como ao pagamento de 15
(quinze) dias-multa. Em sede de apelação, a defesa alegou,
preliminarmente, nulidade do processo desde a audiência de
instrução, já que o condenado ficou algemado durante todo o
ato sem qualquer fundamentação do juiz responsável.
Peça prático-profissional

A apelação foi julgada pela 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça


de Roraima, sendo a preliminar defensiva negada por dois
desembargadores e acolhida pelo terceiro. A decisão final manteve a
condenação de primeira instância. O acórdão foi publicado dia 09 de
outubro de 2020, sexta-feira, sendo a segunda-feira seguinte,
12/10/2020, feriado nacional. A defesa foi intimada da decisão na
mesma data da publicação.
Como advogado(a) de Arlindo Orlando, apresente o recurso cabível,
que deverá ser datado no último dia do prazo.
Embargos de nulidade
Art. 609, parágrafo único, do CPP
Quando não for unânime a decisão de segunda instância,
desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de
nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a
contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o
desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria
objeto de divergência.
Esquema de peça

1. C 5. C 9. TP
2. C 6. C
3. P 7. P
4. A 8. E
Esquema de peça

1. Cliente 5. Competência 9. Teses e Pedidos

2. Crime e pena 6. Ciclo processual

3. Procedimento 7. Peça

4. Ação penal 8. Endereçamento


Esquema de peça
1. C: Arlindo Orlando 5. C: Justiça Estadual
2. C: extorsão qualificada (art. 158, § 3º, do 6. C: fase recursal
CP) - reclusão de 6 a 12 anos e multa
3. P: comum ordinário 7. P: embargos de nulidade
4. A: pública incondicionada 8. E: Desembargador Relator da 5ª
Câmara Criminal do TJRR (interposição) +
5ª Câmara Criminal do TJRR (razões)

9. TP: conhecimento do recurso, provimento


do recurso nos termos do voto vencido,
nulidade do processo desde a audiência de
instrução, Súmula Vinculante 11 do STF, data
correta (22/10/2020)
Excelentíssimo Senhor Desembargador Relator da 5ª Câmara Criminal do
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Roraima:

Processo nº ...

ARLINDO ORLANDO, já qualificado nos autos da ação penal que


lhe move o Ministério Público, por seu procurador firmatário, procuração
anexa (fl. ...), vem, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no
artigo 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal, opor RECURSO
DE EMBARGOS DE NULIDADE, apresentando, desde logo, suas razões
recursais para provimento do recurso nos termos do voto vencido.
Nesses termos, pede deferimento.

Local..., 22 de outubro de 2020.

Advogado...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RORAIMA
COLENDA 5ª CÂMARA CRIMINAL

Processo criminal nº ...

Embargante: ARLINDO ORLANDO


RAZÕES DOS EMBARGOS DE NULIDADE

1. DOS FATOS
O Ministério Público denunciou o embargante pela prática do crime de extorsão,
previsto art. 158 do CP. Como foi preso em flagrante, o réu respondeu ao processo preso
preventivamente.
Durante a audiência de instrução, o acusado permaneceu todo o tempo algemado.
Mesmo diante dos protestos da defesa, nada restou consignado em ata a respeito dessa situação.
O embargante restou condenado à pena de 07 (sete) anos de reclusão, em regime inicial
semiaberto, bem como ao pagamento de 15 (quinze) dias-multa.
Em sede de apelação, a defesa alegou, preliminarmente, nulidade do processo desde
a audiência de instrução, já que o condenado ficou algemado durante todo o ato sem qualquer
fundamentação do juiz responsável. A apelação foi julgada pela 5ª Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça de Roraima, sendo a preliminar defensiva negada por dois desembargadores e acolhida
pelo terceiro. A decisão final manteve a condenação de primeira instância. O acórdão foi publicado
dia 09 de outubro de 2020.
2. DO DIREITO

2.1. Do voto vencido


Depreende-se da apelação que um dos desembargadores acolheu a
pretensão defensiva de nulidade do processo desde a audiência de instrução, já
que o embargante, sem motivação do juiz responsável, ficou algemado durante
todo o ato, o que pode ser demonstrado com a filmagem do interrogatório.
Com absoluta razão o voto vencido, já que respaldado na Súmula
Vinculante 11 do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual só é lícito o uso de
algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e
penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a
que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
2. DO DIREITO

Como não houve qualquer fundamentação do Juízo a


respeito de possível resistência, risco de fuga ou mesmo de perigo à
integridade física própria ou alheia por parte do embargante, há de ser
reconhecida a “nulidade do ato processual a que se refere”, conforme
expressamente consignado na supracitada Súmula Vinculante.
2. DO DIREITO

2.2. Do prequestionamento
Diante da evidente ofensa ao princípio da dignidade da
pessoa humana, consagrado no artigo 1º, inciso III, da Constituição
Federal, já que o embargante, sem motivação judicial, permaneceu
algemado durante toda a audiência de instrução, a matéria fica desde
logo prequestionada, a fim de que, se for o caso, seja enfrentada em
Recursos Extraordinário e Especial.
3. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:


a) Preliminarmente, o conhecimento do presente recurso de
embargos de nulidade;
b) No mérito, o seu provimento, nos termos do voto vencido, a
fim de que seja reconhecida a nulidade do processo desde a audiência
instrutória, nos termos da Súmula Vinculante 11 do Supremo Tribunal
Federal.
Nesses termos, pede deferimento.

Local..., 22 de outubro de 2020.

Advogado...
OAB...
Bons estudos!

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