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GUIA PRÁTICO: CONCEITOS E

FERRAMENTAS DE GESTÃO E
AUDITORIA ENERGÉTICAS
República Federativa do Brasil
Presidente: Dilma Vana Rousseff
Vice-presidente: Michel Temer

Ministério do Meio Ambiente


Ministra: Izabella Mônica Vieira Teixeira
Secretário-executivo: Francisco Gaetani

Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental


Secretário: Carlos Augusto Klink
Ministério do Meio Ambiente
Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental
Departamento de Mudanças Climáticas

GUIA PRÁTICO: CONCEITOS E FERRAMENTAS


DE GESTÃO E AUDITORIA ENERGÉTICAS

2ª edição
Brasília | 2015
Catalogação na Fonte
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
B823g | Brasil. Ministério do Meio Ambiente
Guia prático: conceitos e ferramentas de gestão e auditoria energéticas / Ministério
do Meio Ambiente. Brasília: MMA, 2015.
80 p. ; Il. Color.
ISBN 978-85-7738-251-4

1. Energia (eletricidade). 2. Eficiência energética. 3. Gestão de energia. I. Ministério


do Meio Ambiente - MMA. II. Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade
Ambiental. III. Departamento de Mudanças Climáticas. IV. Título.
CDU(2.ed.)620.91

Citar o livro:
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Guia prático: conceitos e ferramentas de
gestão e auditoria energéticas. Brasília: MMA, 2015. 80 p.
ISBN 978-85-7738-251-4
5
Edição

Ministério do Meio Ambiente


Secretaria de Mudanças Climáticas e
Qualidade Ambiental Programa das Nações Unidas para o
Departamento de Mudanças Climáticas Desenvolvimento - PNUD

Diretor Coordenadora da Unidade de


Adriano Santhiago de Oliveira Desenvolvimento Sustentável
Rosenely Diegues
Equipe Técnica
Alessandra Silva Rocha Coordenadora Técnica
Alexandra Albuquerque Maciel Ludmilla Andréia de Oliveira Diniz
(revisão técnica)
Camila Schluter Vasconcelos

Esse trabalho foi elaborado no âmbito do Projeto Transformação do Mercado de Eficiência Energética
no Brasil - BRA/09/G31, cuja agência executora é o Ministério do Meio Ambiente, com o apoio do
PNUD, para implementação e recursos doados pelo GEF ao governo brasileiro.
Consórcio
Synergia Consultoria Socioambiental
EcoSapiens Comunicação

Supervisão Projeto Gráfico


Lilian Veltman Débora Alberti
Jussara Couto
Diagramação
Coordenação Débora Alberti
Daniela Vianna Melanie Mosquera
Florence Rodrigues
Infográficos
Coordenação Técnica Melanie Mosquera
Arthur Cursino
Fotografias
Coordenação Editorial Deposit Photos
Eduardo Nunomura

Textos
Arthur Cursino (revisão técnica)
Eduardo Nunomura
Apresentação
O objetivo deste guia é sensibilizar gesto- energética em seus locais de atuação. Reunir
res ligados aos departamentos de gestão, dados detalhados é um componente-chave
manutenção e administração de edifícios para se obter o máximo que o processo de
públicos federais para a importância da auditoria e a prática da gestão energética
diminuição do gasto com a conta de energia podemoferecer.Utilizaressesmesmosdados
elétrica. A promoção do uso racional da para criar estratégias e ações de redução
eletricidade já se provou como o caminho no consumo energético é a essência de uma
certo nessa direção. Quanto mais se desen- boa gestão energética do edifício.
volver a cultura e um mercado de eficiência
energética em prédios e instalações comer- Este guia mostrará ainda como as Comis-
ciais e públicas, mais o país estará perto de sões Internas de Conservação de Energia
atingir suas metas de redução de emissões (CICEs) já contribuem e podem ajudar ainda
de gases do efeito estufa – o setor de edifi- mais na disseminação da cultura do uso
cações responde por mais de 40% do total racional da eletricidade nas edificações. Por
de eletricidade consumida no Brasil. último, este documento tratará do Sistema
de Informação Energética Municipal (SIEM),
Há ferramentas e conceitos de auditoria um software desenvolvido pelo Programa
e gestão energéticas, apresentados ao de Conservação de Energia (PROCEL), que
longo deste guia, que auxiliam os gestores possibilita a inserção e o acompanhamento
e também as administradoras e incorpora- de dados de unidades consumidoras e de
doras de imóveis a promoverem a eficiência indicadores energéticos.
BOA LEITURA E
BONSPROJETOS!
SUMÁRIO
/ Auditoriaenergética
14

/ Gestãodeenergia
52

/ MediçãoeVerificação
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COMOALCANÇARAEFICIÊNCIAENERGÉTICA

GESTAO
1 É a adoção de medidas que visam otimizar a
utilização de energia por meio de orientações,
direcionamento, propostas de ações e controles
sobreosrecursoshumanos,materiaiseeconômicos.

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2 AUDITORIA
Fornece informações que correspondem ao “ponto de
partida”para o controle e o estabelecimento de metas de
conservação de energia na edificação.
CICE
A Comissão Interna de Conservação de
Energia é a entidade responsável por
elaborar, implantar e acompanhar as metas
e por divulgar amplamente os resultados,
proporcionando a conscientização e a
participação dos usuários

13

MEDIÇAOEVERIFICAÇAO SIEM
3 Apuram o resultado das ações O Sistema de Informação Energética
adotadas e devem seguir os Municipal é um software que auxilia
requisitos apresentados no gestores no acompanhamento e no
controle do uso de energia elétrica
Guia de M&V da Aneel. emprédiospúblicos,incluindotambém
iluminação e saneamento urbanos.
1
capítulo
AUDITORIAENERGÉTICA
Quando uma empresa deve prestar contas resultados de uma auditoria auxiliarão a
de forma transparente ou se vê diante decidir se qualquer uma ou todas as alte-
de problemas operacionais, financeiros ou raçõesrecomendadasnessaanálisedevem
administrativos,oprimeiropassoaserdado ser implementadas.
Oqueéauditoria é conhecer a sua realidade. Uma auditoria é
umdosmecanismosdisponíveisparaatingir O Brasil já conta com um reconhecidosiste-
energética? esseobjetivo.Pormeiodela,identificam-se
os problemas e apontam-se soluções em
madeetiquetageminstituídopeloPrograma
Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e pela
busca da eficiência do negócio. certificação do Selo Procel de Economia
de Energia para Edificações. A etiqueta
A mesma filosofia pode ser adotada na classifica os equipamentos e edifícios em
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questão do uso racional de energia em diferentes classes de eficiência. Já o selo é
edificações com a criação de uma auditoria umreconhecimentodequeoequipamento
energética. Como usar racionalmente a ou o edifício possui o maior nível de eficiên-
energia? Em que processos há desperdí- cia de sua categoria. Mas de nada adianta
cios que poderiam ser minimizados? Que uma edificação que atenda às exigências
mudanças devem ser feitas para diminuir do PBE Edifica e da certificação Procel se
esse gasto? Quais são as prioridades? não houver a conscientização do usuário e
Responder a essas perguntas significa dis- dos operadores para o uso adequado das
ponibilizarparaadministradoresegestores instalações, uma vez que 80% do consumo
uma ferramenta que apontará os dados de energia atribuído ao edifício se dá na
operacionais de consumo energético e as sua fase de uso e operação. A auditoria
formas para reduzir esses custos. Apresen- energética é um instrumento ideal para
tados em um formato claro e objetivo, os alcançar a efetiva eficiência.
POR ONDE COMEÇ AR?
O primeiro passo de uma auditoria energé- torna mais evidente, mas o processo de
tica é analisar o consumo de energia atual. auditoria está apenas começando. Cada
Para isso, deve-se fazer um levantamento empresa ou entidade pode optar por
de todas as contas de energia, incluindo diferentes níveis de auditoria (mais deta-
de eletricidade, gás natural, diesel ou lhes na seção seguinte). Mesmo para um
outras fontes energéticas consumidas na estudomaissimples,umaanálisepreliminar
edificação. É necessário que se obtenham, demandará uma consulta ao menos das
nomínimo,dadosdeumanodessascontas. plantas arquitetônicas. Melhor ainda se
Dentro desse período é possível observar estiverem disponíveis as plantas de ilumi-
variaçõesnoconsumodecorrentesdefato- nação, elétrica, ar condicionado e outros
res externos – como a variação climática – e sistemas específicos para diferentes tipos
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internos–comoalteraçõesemprocessosou decomércios,comorefrigeração,cozimen-
ocupação. Quanto maior o período (dois to, aquecimento de água etc. As plantas
anos ou mais), mais precisa será a auditoria. devem ser, sempre que possível, acom-
panhadas de memoriais descritivos dos
Diante desses dados, o padrão de sistemas e, de preferência, representem
consumo energético da edificação se como o edifício foi construído (as built)1.

Primeiro passo é levantar o padrão atual 1


É a planta final revisada depois que o edifício foi construído, incluindo no projeto alterações
de consumo energético da edificação que podem ter ocorrido durante a execução da obra.
ETAPAS DA AUDITORIA ENERGÉTICA
Dadoscoletados,sistemasanalisadoseresultadosapresentados

1Análise do
consumo de
energia atual
2 Descrição
e análise
dos sistemas
3 Apresentação
das análises
de engenharia
existentes e economia

Tipo de edificação, uso principal e Envoltória (paredes, cobertura, piso, Apontamento de equipamentos
área útil (m2) lajes, janelas, etc.) consumidores de energia e seus
custos anuais
Indicador Anual de Consumo de Iluminação (interna e externa)
Energia (kWh/m2) Recomendação de medidas,
Ar condicionado (resfriamento e incluindo economia prevista e custo
18 Indicador Anual do Custo de Energia aquecimento) e ventilação de implantação
(R$/m2)
Produção de água quente Estimativadecustodosinvestimentos
Espaços por tipo de uso, utilidade e para que as medidas descritas
área Cargas elétricas
sejam eficazes
Apontar problemas de manutenção Preparo de comida
Custo dos métodos de medição
ou práticas de baixa eficiência Sistemas de transportes e verificação para determinar a
energética eficácia do projeto
Outros sistemas
Comparação com benchmarking Sumário da análise de energia:
com indicadores de uso de energia • Energia usada no presente, meta
e custos com edifícios/instalações de uso e custos
semelhantes • Economia alcançada pelas
medidas recomendadas e
comparação com a meta final

Fonte: ASHRAE, Procedures for Commercial Building Energy Audits, segunda edição (2011)
O passo seguinte é uma visita técnica a adoção das medidas apontadas. de confiança nos resultados das análises
nos principais ambientes e nas casas de técnico-financeiras.
máquinas, além de uma checagem dos Uma auditoria pode ser realizada por
equipamentos. A averiguação in loco qualquer agente ou pessoa capacita- A principal referência internacional para
permite verificar itens como envoltória, da, participante da empresa ou não. auditorias energéticas é o Procedures
iluminaçãoecondicionamentodear,assim A necessidade de contratação de uma for Commercial Building Energy Audits
comooutrossistemasquetêmaltademan- consultoria externa para a elaboração (Procedimentos de Auditoria Energética
da de energia. da auditoria depende, basicamente, da para Edificações Comerciais) da American
complexidade dos sistemas e da execu- Society of Heating, Refrigerating, and
Com essas informações levantadas, a au- ção de projetos específicos. Air-ConditioningEngineers(ASHRAE),dos
ditoria apresentará uma radiografia com EstadosUnidos.Lançadoem2004erevisto
a descrição e a análise dos sistemas de É importante lembrar que a auditoria em 2011, esse documento explica como
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uso de energia da edificação, baseadas energética pode ser realizada com base umaauditoriapodeserfeitaemdiferentes
nas observações do local, nas medições e em objetivos específicos do interessado. níveis de detalhamento.
nos cálculos de engenharia. Isto é, a instituição pode desejar obter
a classificação do uso de energia da Neste guia, serão apresentados os níveis
O relatório final da auditoria energética edificação (etiquetas e selos) ou querer e procedimentos a serem adotados por
fará recomendações para conserva- conheceraindicaçãodeinvestimentosem uma auditoria energética tomando como
ção de energia, indicará investimentos melhorias para redução do consumo de base o texto da ASHRAE. Trata-se de uma
(detalhando equipamentos e custos) que energia. O estudo fornecerá, em qualquer versão adaptada e em português do guia
podem ser feitos e projetará metas de situação,informaçõescompletasparaque original, o que facilita a sua adoção em
consumoeeconomiasqueocorrerãocom os gestores tenham um nível significativo edificações brasileiras.
NÍVEIS E PR OCEDIMENTOS
DE UMA AUDITORIA
De acordo com o guia da ASHRAE, uma mentalparagarantirumaboaconsistência
auditoria energética possui três níveis de dos dados. Essa etapa preparatória deve
detalhamento sequenciais, partindo de levantarinformaçõesbásicas,comocontas
umaversãosimplesrealizadaemumavisita de consumo, tarifas praticadas e principais
técnica (nível 1), até processos específicos atividades do edifício a ser auditado.
para determinados sistemas (como ilumi-
nação, ar condicionado etc) com níveis de Osresultadosdaanálisepreliminarpodem
detalhamento maiores (nível 3). Apesar de ser comparados a um benchmarking que
a auditoria de nível 1 possuir uma estrutura mostra o consumo típico de um edifíciopa-
mais simples, ela já apresenta resultados drão ou do setor como um todo. No Brasil
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significativosquepodemserobtidoscoma aindaexistempoucosdadoscomparativos
aplicação de suas recomendações. para diferentes tipos de edifícios. Mais
uma referência importante é o projeto
Para a realização da auditoria, indepen- Desempenho Energético Operacional em
dentemente do nível final de detalhe Edificações (DEO) do Conselho Brasileiro
pretendido,umaanálisepreliminaréfunda- de Construção Sustentável (CBCS).

Mais informações em:


http://www.cbcs.org.br/website/
Análise preliminar pode ser comparada com benchmarking-energia/show.asp.
resultados de auditorias de referência
AUDITORIA EM TRÊS NÍVEIS
No guia da ASHRAE, são identificados projetos prioritários

Nível 3: Pesquisa e
3 > Análise refinada por sistema
análise minuciosa > Medidas de eficiência adicionais
> Simulação do consumo

Nível 2: Pesquisa e
análise energética
2 > Divisão do consumo por uso final
> Análise detalhada
>Análisedecusto/benefíciodasmedidasdeeficiênciaenergética
> Alterações em Operação e Manutenção (O&M)

Nível 1: Visita técnica


1 > Custos aproximados e potencial de redução 21
com medidas de eficiência energética
> Identificação de projetos prioritários

Análise preliminar 0 > Cálculo do indicador de consumo de energia (kWh/ m2)


do uso de energia > Comparação dos indicadores com edifícios similares
(benchmarking)

Fonte: ASHRAE, Procedures for Commercial Building Energy Audits,


segunda edição (2011)
NÍVEL 1 - VISITA TÉCNICA
Levantamento de custos e projetos prioritários

A visita da equipe técnica é uma parte crítica da auditoria ener-


Realizar breve levantamento das gética, porque é nesse nível que são coletados os dados iniciais
características da edificação
de consumo de energia elétrica da instalação, entrevistados os
responsáveis pela edificação e mapeados os pontos de maior
Reunião com proprietário para levantar problemas atenção do trabalho. O relatório final do nível 1 deve conter:
comuns e previsões de reforma
Qualificação de quaisquer potenciais de economia
decorrentes da mudança para uma estrutura diferente de
Analisar a função espacial (uso) dos ambientes contrato/tarifa pela concessionária pública;
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Discussãodasirregularidadesencontradasnospadrõesmen-
Estimar a redução no consumo de energia com medidas saisdeusodeenergia,comsugestõessobrepossíveiscausas;
sem custo ou de baixo custo
O resultado da comparação com edificações similares
(benchmarking), por meio de um indicador de consumo.
Identificarmedidasdeeficiênciaquerequeremestudos
Indica-se a fonte, tamanho e data da amostra usada nes-
adicionais e estimar a redução no consumo e nos custos
sa comparação. Os nomes das edificações comparáveis
devem ser fornecidos, caso disponíveis;
Fonte: ASHRAE, Procedures for Commercial Building Energy Audits (2011)
A meta adotada para o indicador de consumo e o método Fração dos custos atuais que seriam economizados com
utilizadoparaseobterovaloradotadocomometa.Quando o cumprimento da meta adotada;
a comparação é feita com outras edificações, declarar seus
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nomes ou a fonte do banco de dados. Quando a experiên- Síntesedosproblemasounecessidadesespeciaisidentificadas
cia de alguém que não seja o autor do relatório for usada duranteolevantamentodavisitatécnica,incluindopossíveis
para desenvolver a meta, indicar a fonte. Quando a meta revisões para procedimentos de operação e manutenção;
fordesenvolvidapormeiodecálculos,apresentá-losoucitar
o nome e a versão do software utilizado e incluir tanto os Lista de mudanças de baixo custo ou sem custo com
dados de entrada quanto os de saída; economias estimadas para essas melhorias;

Custostotaisdeenergiaedemandaportipodecombustível Possíveis melhorias que requerem investimentos mais


paraoúltimoanoedurantedoisanosanteriores,sedisponí- consideráveis, com estimativa preliminar de potenciais
vel. Apresentar o potencial de economia em Reais (R$); custos e economias.
NÍVEL2-PESQUISAENERGÉTICAEANÁLISEENERGÉTICA
Exame detalhado e avaliação das medidas de eficiência

Rever plantas e verificar as práticas de Para cada medida, avaliar o potencial de redução nos custos
Operação e Manutenção (O&M) deenergia,bemcomonoindicadordeconsumodaedificação

Descrever e analisar os principais sistemas Estimar o custo de implantação de cada medida


consumidores de energia de eficiência

Rever os problemas de O&M existentes Estimaroimpactodecadamedidanoscustosoperacionais,


e o planejamento de reformas de manutenção e custos não relacionados à energia

24 Medir os parâmetros operacionais-chave e Criar pacotes integrados de medidas de eficiência, com


comparar com os níveis adotados em projeto avaliação do potencial conjunto das medidas

Estimar o potencial de redução combinado para os pacotes


Descriminar o consumo de energia por uso final
de medidas e comparar com as estimativas do nível 1

Listar alterações em equipamentos e O&M Preparar uma avaliação financeira do investimento total,
com potencial para reduzir o consumo de acordo com as expectativas de retorno do proprietário

Rever a lista de alterações com o proprietário Selecionar com o proprietário medidas que deverão ser
analisadas mais detalhadamente no nível 3

Fonte: ASHRAE, Procedures for Commercial Building Energy Audits (2011)


A auditoria energética de nível 2, composta por uma pesquisa
energética e pela análise de engenharia, complementa os resul-
tados obtidos no nível 1. O relatório final do nível 2 deve conter:

Resumo do consumo atual de energia e os custos associa- Para cada medida prática:
dos para cada uso final. Apresentar os cálculos realizados
ou citar o nome e a versão do software utilizado e incluir Discussão sobre a situação existente e as causas que
tanto os dados de entrada quanto os de saída. Para facili- levam a um maior consumo de energia;
tar a leitura, apresentar os dados de uso final em gráficos Descriçãodamedidadeeficiência,incluindooseuimpac-
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de pizza ou outros formatos gráficos. Fornecer interpreta- to na saúde, no conforto e na segurança dos ocupantes;
ção das diferenças entre o uso total de energia medido e Descrição de todas as reformas que serão necessárias
o uso final calculado ou simulado; para que uma medida seja eficaz;
Impacto da medida de eficiência sobre o perfil de uso
Descrição da edificação, incluindo características das dosserviçosoferecidosaosocupantes,taiscomo,venti-
plantas dos pavimentos e inventários dos equipamentos; lação e iluminação em horas após o expediente;
Avaliação preliminar do impacto da medida de efici- Esse quadro deve listar a sequência assumida para
ência nos procedimentos de operação e manutenção, implementação das medidas e declarar que o retorno
bem como seus custos; econômico pode ser diferente, caso seja adotada uma
sequência diferente de implementação;
Vida útil esperada do novo equipamento e o impacto
sobre a vida útil do equipamento existente; Lista de medidas identificadas, porém, consideradas
impraticáveis, com razões concisas para a rejeição de
Avaliaçãopreliminardequaisquernovascompetências cada uma;
exigidas da equipe de operações e recomendações
para treinamento ou contratação; Discussão de diferenças entre a economia projetada
nesta análise e as economias projetadas na análise
Descrição dos cálculos efetuados ou o nome e a ver- prévia do nível 1 da auditoria;
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são do software utilizado (incluindo tanto os dados de
entrada quanto os de saída); Avaliação total do projeto econômico;

Benefícios não relacionados à energia, especialmente Métodos de medição e verificação aconselhados que
as melhorias para a saúde, a segurança e o meio serão necessários para determinar a real eficácia das
ambiente e os decréscimos no tempo de operação de medidas recomendadas;
equipamentos e nas horas de trabalho;
Discussão de medidas de eficiência que requerem
Tabela listando os custos estimados para todas as me- investimentointensivoequepossamexigirumaanálise
didas de eficiência e pacotes de medidas recomenda- mais detalhada de nível 3.
das,aeconomiaeindicadordedesempenhofinanceiro
(por exemplo, período de retorno do investimento).
NÍVEL 3 - PESQUISA MINUCIOSA E ANÁLISE
Simulação de consumo e medidas adicionais

A auditoria energética de nível 3 realiza uma análise detalha-


Expandir a descrição das medidas que exigem maior da das medidas de eficiência que requerem investimentos mais
detalhamento
elevados. Medidas desse tipo são, por exemplo, aquelas que
demandam esforços significativos como grandes obras, trocas
Avaliar métodos de medição e realizar de fachada, de sistemas de ventilação ou outros equipamentos
monitoramento conforme necessidade de alto custo (como chillers e elevadores). Os resultados das
auditorias de nível 1 e 2 são considerados, mas é possível que
algumas medidas demandem maior detalhamento. O relatório
Realizar modelagem precisa das medidas propostas
técnico do nível 3 deve conter:
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Plantas, diagramas esquemáticos, memorial de equi-
Preparar esboço esquemático de cada medida
pamentos e portfólio do fabricante que descrevam as
medidas de eficiência sugeridas. A elaboração do Projeto
Executivo pode ser deixada para a engenharia em fase
Estimarcusto-benefíciodecadamedida,utilizandoa
Análise de Custo de Ciclo de Vida (do inglês LCAA) subsequente, desde que o custo desse serviço esteja
incluído no orçamento. Cotações recebidas dos fornece-
dores poderão ser incluídas nesse item;
Reuniãocomproprietárioparadiscussãodosresultados
Descrição das interações entre as medidas propostas,
justificando as razões para que certas medidas de eficiên-
Fonte: ASHRAE, Procedures for Commercial Building Energy Audits (2011) cia sejam agrupadas;
Avaliaçãofinanceiradoinvestimentoestimadoeeconomia
projetada, utilizando o indicador de Análise de Custo de
Ciclo de Vida (LCAA - Life Cycle Cost Analysis, em inglês)
juntodastécnicasedoscritériosescolhidospeloproprietá-
rio ou pelo operador.

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Na auditoria, são sugeridos métodos de medição e verificação para atestar a eficácia das medidas
OPOR TUNIDADES COM A Termos importantes
AUDITORIA ENER GÉ TIC A Definições e conceitos utilizados para avalia-
ção do contrato com a concessionária.
Tarifação de energia elétrica relação entre hábitos e consumo de uma
Uma das primeiras medidas que podem instalação comercial, industrial ou de Demanda contratada: demanda de
potência ativa (kW) a ser disponibilizada
ser realizadas a partir da auditoria prédios públicos. Mas para isso é preciso pela concessionária no ponto de entrega,
energética é analisar a necessidade de re- entender como são efetuados os dois tipos conforme valor e período de vigência no
adequaçãodoscontratosdefornecimento de cobrança no Brasil. contrato de fornecimento, e que deverá ser
paga, tendo sido utilizada ou não durante
de energia elétrica. Os dados analisados o período de faturamento.
sobre o consumo passado da instalação Asunidadesconsumidorasdeenergiaelétrica
Tarifa:preçodaunidadedeenergia(R$/MWh)
podem indicar uma demanda contratada sãoclassificadasnosgrupostarifáriosA(com e/ou da demanda de potência ativa (R$/kW).
acima da necessária. Ou uma escolha de tarifa binômia) e B (tarifa monômia). No pri-
Tarifa binômia: conjunto de tarifas de forne-
tarifa inadequada para a atividade. meirogrupamento,estãoindústrias,shopping cimento,constituídoporpreçosaplicáveisao
centersealgunsedifícioscomerciais.Poucos consumo de energia elétrica ativa (kW∙h) e
à demanda faturável (kW). Esta modalidade 29
A partir das faturas de energia elétrica, prédiospúblicospertencemaessegrupo.As
é aplicada aos consumidores do grupo A.
quetrazeminformaçõesdeconsumo(kWh) unidadesconsumidorasdogrupoAsãoaten-
e demanda (kW), inicia-se um estudo da didas em alta tensão (acima de 2.300 volts). Tarifamonômia:tarifadefornecimentodeen-
ergiaelétricaconstituídaporpreçosaplicáveis
unicamente ao consumo de energia elétrica
ativa(kW∙h).Estatarifaéaplicadaaosconsumi-
A1 dores do grupo B (baixa tensão).
GRUPO NÍVELDETENSAO(emkV) A2
A3 Consumo de energia elétrica: quantidade
A A4
A3a de potência elétrica (kW) consumida em um
intervalo de tempo, expresso em quilo-
De 88 > 230 watt-hora (kWh) ou em pacotes de 1.000
A5 De 30 De 69
2,3 a 138 unidades (MWh).
a 25 a 44 Demanda: média das potências elétricas
< 2,3*
ativas ou reativas, solicitadas ao sistema
elétrico pela parcela da carga instalada em
operaçãonaunidadeconsumidora,durante
*A partir do sistema subterrâneo de distribuição
um intervalo de tempo especificado.
Já as unidades atendidas em tensão energia elétrica. Caso haja necessidade, Energia elétrica: de forma simplificada, é o
abaixo de 2.300 volts são classificadas pode-setambémsolicitarjuntodafornece- produtodapotênciaelétricapelointervalo
detempodeutilizaçãodeumequipamento
no grupo B. Fazem parte dessa classe dora a correção do fator de potência. ou de funcionamento de uma instalação
residências, lojas, agências bancárias, (residencial, comercial ou industrial).
pequenas oficinas, edifícios residenciais, Importante ressaltar que para o grupo A Potência: quantidade de energia elétrica
grande parte dos edifícios comerciais e a o contrato específico com a concessioná- solicitada na unidade de tempo. A
maioria dos prédios públicos federais. A ria pode prever cobranças que variam potência vem escrita nos manuais dos
aparelhos, sendo expressa em watts (W)
divisão em subgrupos é feita em função em função da demanda contratada, da ou quilowatts (kW), que corresponde a
da atividade do consumidor. hora do dia (ponta ou fora da ponta) ou 1.000 watts.
do período do ano (seco ou úmido). As Horário de ponta: é o período de 3 horas
Cadaempresaouinstituiçãodevelevarem concessionáriastêmtarifasmaioresnope- consecutivas, exceto sábados, domingos
conta as alternativas de enquadramento ríodo de ponta, também conhecido como e feriados, definido pela concessionária.
30 Em algumas modalidades tarifárias, nesse
tarifário, porque elas correspondem a horário de pico, que corresponde a um horário a demanda e o consumo de ener-
diferentesvalorescontratuaisdedemanda. intervalo de 3 horas do dia, e também de gia elétrica têm preços mais elevados.
Não é raro que mudanças de enquadra- maio a setembro, meses marcados pelas
mentosresultememmenordespesacoma poucas chuvas. Horário fora de ponta: corresponde às
demais 21 horas do dia, que não sejam às
referentes ao horário de ponta.
GRUPO ATIVIDADE
Período seco: período com poucas chuvas,

B B1 B2 B3 B4 compreendido pelos meses de maio a


novembro. Em algumas modalidades, as
tarifas desse período apresentam valores
MENORDOQUE mais elevados.
2.300 volts Períodoúmido:períodocompreendidope-
residencial e rural e demais iluminação los meses de dezembro a abril (5 meses).
residencial cooperativa de classes pública É, geralmente, o período com mais chuvas.
baixa renda eletrificação rural
Instalações elétricas cação, são analisados componentes como dos circuitos de uma instalação elétrica.
Em uma auditoria energética, a verifica- transformadores,caboselétricos,disjunto- Pode-se perceber esse problema se os con-
ção das instalações elétricas é uma tarefa res, chaves seccionadoras, chaves fusíveis, dutoresestiveremaquecidospelasobrecar-
essencial para investigar desperdícios de barramentos e conectores. É preciso estar ga ou por meio da instalação de medidores
energia. Os desperdícios podem estar atento ao desenvolvimento de soluções elétricos nos diferentes barramentos. A
ocorrendopormaudimensionamentodos eletrotécnicas e de novos materiais que recomendação é que a divisão seja feita de
equipamentos, por acréscimo desordena- são apresentados ao mercado. formaqueasfasespossuamcargascompatí-
do de cargas, por falhas no projeto, pela veis com a capacidade dos condutores e
precariedade das conexões ou pela falta Outro ponto que pode estar gerando sistemasdeproteção.Adistribuiçãocorreta
de manutenção preventiva. Nessa verifi- desperdíciodeenergiaéadivisãoincorreta das cargas manterá as fases equilibradas.

31

Componentescomotransformadores,caboselétricos,disjuntoreserelógiosmedidores,entreoutros,devemseranalisadosemdetalhes
Ar-condicionado funcionamento,coeficientesdeperforman- o “frio” requerido (ou vice-versa) e serve
Um dos maiores consumidores de energia ce (eficiência energética) e demandas de para orientar o projetista ou o consumidor
nas edificações, visto até como vilão, é o energia. O responsável pelo setor energé- quanto à escolha do equipamento. Na
sistema de condicionamento de ar. Hoje, tico deve ter ciência da carga térmica da internet, em literatura especializada, nos
o horário de pico no consumo elétrico do edificação para estimar os parâmetros de catálogos de fabricantes e nas normas téc-
país ocorre no meio da tarde, nos meses projeto e das normas aplicáveis antes de nicas, há diferentes formas de se expressar
de verão. A explicação para esse padrão contratar uma solução para o sistema de esse indicador de eficiência (Coeficiente
foi o aumento do uso do aparelho de ar condicionamento de ar. De posse desses de Performance- COP, Energy Efficiency
condicionadonosescritórioseresidências. elementos, é possível realizar uma audito- Rating- EER e Eficiência em kW/TR).
Mas trabalhar em um ambiente com uma ria e avaliar os desperdícios que podem
temperatura adequada e agradável refle- estar ocorrendo. O segundo aspecto que o gestor deve
te no aumento da produtividade. Logo, é levar em conta são as noções de carga
32
preciso encontrar soluções adequadas de Para encontrar o equipamento ou o térmica da edificação e dos fenômenos
uso racional do equipamento. sistema de climatização adequado à térmicos que influem nos cálculos dessa
edificação, o gestor deve ter uma compre- carga. São eles que demandarão diferen-
Há inúmeras tecnologias disponíveis no ensão sobre a eficiência dos aparelhos e tes dimensionamentos para o projeto de
mercado e tipos diferentes de equipamen- as normas que devem ser atendidas para arcondicionado.Essesconhecimentossão
tos,comaplicaçõesquevariamconformeo as cargas térmicas. No primeiro caso, o in- desejáveis tanto na fase de diagnóstico
porte e a atividade das instalações. Esses dicador de eficiência relaciona o consumo preliminar, quanto na realização dos proje-
aparelhospossuemdistintosmecanismosde de energia elétrica necessário para gerar tos básico e executivo.
CARGAS TÉRMICAS SOBRE UMA EDIFICAÇAO
Comoumambienterecebeinfluênciasquealteramoconfortotérmico.

AMBIENTEEXTERNO AMBIENTEINTERNO
A
H
G
D
C G

F
B

E F 33
C

Exterior Interior
A. Radiação solar: incide sobre a cobertura e as paredes e janelas, irradi- E. Transmissão de calor: ocorre por diferenciais de temperaturas entre
ando e aquecendo o ambiente. áreas internas à edificação e adjacentes.
B. Ganhos por condução: calor decorrente da diferença de temperatura F. Pessoas: calor dissipado em função da“queima metabólica”e varia con-
exterior e interior que passa pelas paredes externas e cobertura. formeaatividade(trabalhosentado,emmovimento,atividadesintensas).
C. Infiltração: ar externo que entra por aberturas, esquadrias de janelas G. Iluminação e equipamentos: lâmpadas, reatores, equipamentos que
e outras frestas. dissipem calor.
D. Ar de ventilação: fração de ar introduzida no sistema visando à H. Perdas por dutos: dutosnão-isoladosoumalisoladosequepassamem
renovação do ar. áreas não condicionadas.
Oprojetistadosistemadecondicionamen- titativodeluminárias,equipamentosde
to de ar deve, então, fazer um levanta- escritório e outros equipamentos que
mentodetalhadodasseguintescaracterís- dissipem calor;
ticas da edificação:
Especificação dos materiais constru-
Temperaturas (interna e externa) tivos (paredes, lajes, vidros, tipos e
de projeto para a respectiva zona materiais de esquadrias, elementos de
bioclimática2;
sombreamento, portas externas, etc).
Orientação geográfica e tamanho das
aberturas nas fachadas (Norte, Sul, Com esses elementos e as plantas da
Leste, Oeste); edificação, o projetista poderá calcular
a carga térmica de cada ambiente e de
34
Condições operacionais da instalação toda a edificação. Esse cálculo é feito
(horários, número de pessoas e intensi- com auxílio de diferentes programas
dade do trabalho); computacionais, como o EnergyPlus,
preferencialmente compatível com a
Arranjo físico de pessoas nos postos metodologia desenvolvida pela ASHRAE.
de trabalho (layout); O software escolhido deve ser capaz de
interpretar resultados e fazer correções
Distribuição,arranjo,potênciasequan- quando necessário.

2
Mais detalhes sobre as zonas bioclimáticas podem Automatização ajuda a ter maior precisão
ser consultados na ABNT NBR 15220:2008 sobre os dados de consumo
Iluminação instalação de iluminação apenas para re-
A iluminação é um elemento fundamental duzir o consumo de energia. Para atender
na arquitetura. Um bom projeto deve par- a esses quesitos de forma combinada, é
tir de uma premissa básica: a função que precisocontarcomousodeequipamentos
a iluminação terá em determinado am- de alta eficiência energética, instalação
biente. Em escritórios, bancos, indústrias e de controles apropriados e sensores de
escolas, por exemplo, a luz está relacio- automação (quando aplicáveis), além da
nada às condições de visibilidade. Já em utilização da luz natural disponível.
museus, restaurantes, residências e outros
espaços de atividades não-laborativas, A aquisição de equipamentos eficientes
ela serve para ambientar os espaços, de iluminação com controles, que con- Iluminaçãoqueprivilegiaaentradadeluzna-
criando efeitos especiais e despertando somem menos energia e requerem um turalépartedeumbomprojetoarquitetônico
35
o sistema sensorial das pessoas. Projetos menor orçamento anual (ainda que seus
bem executados devem perseguir o me- custos de implementação sejam mais
lhorconfortoluminoso,amelhorqualidade elevados), e o uso de lâmpadas com
e o menor custo possível. vida útil mais longa cujo descarte seja
de baixo impacto ambiental são duas
Umprojetoluminotécnicodeverespondera medidas recomendadas para um projeto
trêsquestõespreliminares:comoaluzdeve luminotécnico. Um gestor precisa ter em
ser distribuída pelos ambientes, como mãos as relações entre custos e benefí-
a luminária irá distribuir a luz e qual a cios (imediatos e no futuro), prevendo em
ambientação que se quer dar ao espaço. quantotempooinvestimentoextracomos
É importante tomar o cuidado de não equipamentos pode ser amortizado pela É recomendável o uso de lâmpadas com vida
comprometer os aspectos visuais de uma redução na conta de energia elétrica. útil mais longa e descarte de baixo impacto
COMO ESCOLHER A LÂMPADA CERTA
Modelos que geram economia na conta de energia elétrica

FLUORESCENTESCOMPACTAS>50a85lm/W

FLUORESCENTESTUBULARES>70a125lm/W

MULTIVAPORMETÁLICO>75a90lm/W

VAPORDESÓDIODEALTAPRESSAO>80a140lm/W
36
LED > 40 a 75 lm/W

50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Uso residencial Uso residencial Comercial com Áreas industriais, Uso residencial,
e comercial e comercial demanda de alto siderúrgicas, comercial e
fluxo luminoso aeroportos, industrial
Vapor de sódio estaleiros,portos,
de alta pressão ferrovias, pátios e
estacionamentos
Umaauditoriaenergéticadevesercapazde manutençãoouusuários,porprojeções reduzaemissãodecalornosambientes.
responder a essas questões, apresentando a partir das medições de curto prazo A redução de energia nos sistemas de
váriasmedidasdedesempenhoeconômico: ou por meio de uma análise do histó- iluminação pode representar para o
rico de contas de consumo de energia sistemadearcondicionadoumaecono-
Estimativa de custos de energia – o elétrica, é possível estimar o total de mia de 10% a 30%;
ideal é que seja apresentada uma horas de uso do sistema de iluminação;
previsão do consumo anual de energia Tarifas para fornecimento de energia
dos projetos alternativos, permitindo Controles de iluminação automática elétrica – como existem alternativas
projetarocustoadicionalcomosistema – a existência de sensores de presen- tarifárias, é preciso atenção a essa
deiluminaçãoeficienteecompararcom ça, controles de iluminação natural, medida. Sistemas de iluminação em
o histórico de medição de consumo; calibradores automáticos de nível edifícios públicos podem funcionar de
de iluminamento e temporizadores forma diferenciada durante o horário
37
Potência instalada de iluminação – a permitemajustes,aqualquermomento, de ponta, por exemplo. Assim, um kW
auditoria deve percorrer o edifício, da energia consumida pelo sistema de de potência reduzida na iluminação
contando as lâmpadas por tipo e de- iluminação do edifício; pode também representar um kW de
terminando a sua potência. Essa tarefa redução da demanda contratada;
permitirá descobrir a potência instala- Energia consumida – potência de
da do sistema de iluminação. Esse valor iluminaçãoinstaladamultiplicadapelas Outros custos operacionais – é preciso
é único para determinada combinação horas anuais de operação; estimar os custos de manutenção e
lâmpada-reator e é influenciada pelo substituição das lâmpadas, dados que
tipo de lâmpada e tipo de reator Ajustes para o consumo de energia no podem ser fornecidos pelas empresas
(eletrônico ou eletromagnético); sistemadearcondicionado–umprojeto de manutenção e pelos fabricantes. A
luminotécnico bem planejado tem o variedade de produtos e as diferen-
Horário de funcionamento – em benefício de reduzir a carga térmica tes vidas úteis das lâmpadas devem
entrevistas com os responsáveis pela do sistema de ar condicionado, já que ser consideradas nessas projeções.
EFICIÊNCIA
NOSÓRGAOS
Envoltória com isolamentos térmicos e outras prote-
PÚBLICOS
A envoltória pode ser entendida como ções solares podem ser necessárias.Tipos
a “pele” do edifício. As paredes, os pi- e tamanhos de aberturas (janelas) afetam
sos e as coberturas formam o conjunto a necessidade de iluminação interna e Quatroministérios(Planejamento,Meio
de elementos que delimitam espaços e do uso de ar-condicionado e também Ambiente,MinaseEnergiaeSecretaria-
GeraldaPresidênciadaRepública)se
fronteiras através dos quais a energia precisam ser estudados.
juntaramcomopropósitodeincentivar
térmica é transferida. Uma envoltória
órgãoseinstituiçõespúblicasfederaisa
auxilianaeficiênciaenergéticaquando Alterações na envoltória, normalmente, promoveremasustentabilidadeambiental
a troca de calor entre a edificação requerem investimentos significativos e esocioeconômicanaAdministração
e o ambiente exterior é reduzida e obras de grande porte e duração. Por PúblicaFederal.InstituídopelaPortaria
os ganhos de calor solar e de fontes essa razão, sua execução deve ser estu- Interministerialnúmero244,de6de
internas são controlados. dada com grande nível de detalhamento. junhode2012,oProjetoEsplanada
38
Ao se buscar a eficiência energética de Sustentável(PES)éumainiciativa
Aspectos construtivos influenciam nos uma edificação, a auditoria deve se ater a queserveparadifundirummodelode
efeitos que a envoltória produz no diferentes variáveis como: gestãoorganizacionaledeprocessos,
consumo energético da edificação. A estruturadonaimplementaçãodeações
formaarquitetônicainterferediretamente Transmitância e capacidade térmica voltadasaousoracionalderecursos
naturais.Cadaórgãofederalpodeescolher
nos fluxos de ar no interior e no exterior, das paredes externas e cobertura
asdespesasqueserãomonitoradas,mas
bem como nas quantidades de luz e calor
energiaelétrica,águaeesgotosãoitens
solar recebidas pelo edifício. Na fase de Absortância solar das superfícies obrigatórios.Inúmerasaçõesintegramo
projeto, deve-se estudar a orientação de projeto,comooProgramadeEficiência
uma edificação e as características das Tamanho das aberturas em relação à noGastoPúblico,oProgramaNacionalde
zonas bioclimáticas, aproveitando-se dos área de fachada ConservaçãodeEnergiaElétrica-Procel,
fatores naturais para controlar o compor- aAgendaAmbientalnaAdministração
tamento térmico dos ambientes. Paredes Tamanhoeângulodasaberturaszenitais Pública(A3P)eaColetaSeletivaSolidária.
Orientação do edifício

Existência de proteções solares (bri-


ses-soleil)

O Programa Brasileiro de Etiquetagem de


Edificações -PBE Edifica, nos seus regula-
mentostécnicosparaedifíciospúblicos,co-
merciais e de serviços, apresenta valores
mínimos para essas variáveis nas diferen-
tes zonas climáticas brasileiras e pode ser
utilizado como referência para avaliar o
39
desempenho da envoltória. O impacto
da envoltória no consumo de energia do
edifício também pode ser verificado por
simulação energética.

Aquecimento solar
O uso da energia solar para promover
o aquecimento de água pode reduzir o
consumo de energia em edifícios públicos
quepossuemconsumosignificativodeágua
quente. É uma solução eficiente e que ain-
datemlargopotencialdeaproveitamento.
Projetar,instalareusarumaquecedorsolar Aquecimentodeáguacomenergiasolaréumasoluçãoparareduzirconsumoenergético
é uma tarefa relativamente simples.
Um sistema eficaz funciona a partir das forma convencional de energia, como mente à energia utilizada na máquina de
funções de captação da energia solar, da aquecedores elétricos ou a gás. tração. Em prédios de idade avançada – a
transferência dessa energia para a água, do vida média de um elevador é de 20 anos
armazenamento eficiente da água quente A instalação de um sistema de aqueci- –,umareformatotaldoequipamentopode
edocontroledoseufuncionamento.Existem mento solar começa por uma visita técnica gerar economias de energia da ordem
vários tipos de coletores solares. A escolha prévia e pelo levantamento das caracte- de 40%. Há outras recomendações que
do tipo de coletor vai depender da tempe- rísticas do local e do projeto. Ele pode ser podem ser aplicadas para a boa adminis-
ratura desejada da água e da estação do instalado tanto em obras antigas como tração dos atuais elevadores:
ano (ou clima) em que se deseja utilizar esse em novas, cada qual exigindo cuidados
tipo de energia com mais intensidade. distintos. Os melhores coletores solares Troca do gerador de corrente contínua
e reservatórios térmicos apresentam – CC (sistema de excitratriz girante)
Além da captação da energia solar, o etiquetadoInmetro,poisforamsubmetidos para um motor de corrente alternada –
40
planejamento deve prever um tanque de a rigorosos ensaios de qualidade e efici- CA (sistema com excitatriz estática);
armazenamentotermicamenteisoladoque ência. É importante verificar se todos os
minimizeasperdastérmicas.Essereservató- produtos entregues na obra possuem essa Sistemas mais eficientes de aciona-
rio deve ter sua capacidade dimensionada etiqueta e o código de rastreabilidade. mento,comocomandoseletrônicosque
para armazenar entre 1,2 a 2 vezes o ligam a iluminação e a ventilação da
consumo diário. A maioria dos projetos de Elevadores cabina apenas quando os elevadores
reservatório prevê um sistema que atenda Os gastos com a energia elétrica consu- estão em uso;
a maior parte da demanda, e que um mida pelos elevadores podem chegar a
percentual entre 15% e 40% seja fornecido 6% do custo total de um edifício típico de Controladores de tráfego, que podem
por um sistema auxiliar, utilizando alguma escritório. O consumo se deve principal- evitarqueumamesmachamadadeslo-
que mais de um elevador. Ou sistemas UmSSC(tambémconhecidocomoScada,do
que registram apenas as chamadas inglês Supervisory ControlandDataAcqui-
para o elevador mais próximo; sition)funcionacomoumacentralcomputa-
dorizada,fornecendodadosemtemporeal.
Usodequadrodecomandoscomputa- Semprequeumavariávelmonitoradasaida
dorizados,quefacilitamamanutenção faixaaceitável,osistemageraumalarmena
e eliminam paralisações constantes; tela, informando ao operador um eventual
problema. No caso das edificações, o SSC
Sinalizador de alertas para elevadores pode checar o funcionamento de equipa-
presos por mais de 15 ou 30 segundos. mentos e sistemas como ar condicionado,
distribuição de água e consumo de energia
Sistemas de Supervisão e Controle elétrica.Aosedetectarrapidamentedesvios
41
Shoppings centers, aeroportos, comple- do padrão ótimo de trabalho, é possível
xos esportivos, edifícios de escritórios, fazer as intervenções necessárias e reduzir
indústrias e outras instalações de maior os custos operacionais e de manutenção.
porte devem contar com Sistemas de
Supervisão e Controle (SSC). Eles são Emgeral,osSSCspodemcoletarasinforma-
responsáveis pelo monitoramento do çõesdoprocessoearmazená-losembanco
consumo de energia, de água, da de dados, que podem ser integrados com
refrigeração, das telecomunicações e de outros sistemas produtivos e de monitora-
outros insumos de uma edificação. mento das atividades.

Sistemas de supervisão e controle gerenci-


am energia, ar condicionado e água
SEM
DESPERDÍCIO
DERECURSOS Resultadoseencaminhamentosesperados tenham sido objeto de revitalização que
NATURAIS As contratações para fins de aumento não precisam ser incluídas. O ideal é que
da eficiência energética em edifícios seja feita uma definição prévia das áreas
AAgendaAmbientalnaAdministração públicos devem seguir o fiel cumprimento e dos equipamentos a serem abordados.
Pública (A3P) é uma iniciativa do da legislação e atender corretamente a O contratante também deve especificar os
MinistériodoMeioAmbientequetem especificação, a contratação e o acompa- limites operacionais (horários das medi-
comoobjetivoestimularosgestores nhamento de diversas etapas do processo ções e visita aos ambientes de trabalho),
públicosaadotaremprincípiosecritérios de revitalização (retrofit). É um processo orçamentários e prazos para execução.
degestãosocioambientalemsuas que começa a partir da auditoria energé-
atividades.Éumadasaçõesquefazem tica e continua com ações de medição e Devem ser identificadas as oportunidades
partedoProjetoEsplanadaSustentável.
verificação (M&V) dos resultados. de economia de energia na envoltória
AA3Plistaumasériedemedidasde
da edificação, nos sistemas de ilumina-
42 baixocustooperacionalquepodem
gerareconomiassemanecessidade A auditoria energética deve ser capaz de ção, ar-condicionado, equipamentos de
deinvestimentos.Paraaeficiência identificar as oportunidades de economia escritório, transporte vertical, sistemas de
energética,porexemplo,sãoapontadas e apresentar opções de procedimentos bombeamento,entreoutros.Cadaalterna-
sugestõescomodesligarmonitores e tecnologias para redução do consumo tiva técnica e economicamente viável virá
nohoráriodealmoçoeusarmaisa energético. Já na contratação, o gestor apresentada no relatório da auditoria,com
escadaemenosoelevador.Aagenda precisa deixar claros os escopos desse seuscustosebenefíciosassociados,prazos
propõe,ainda,gastosinstitucionais trabalho. Há áreas sensíveis, como as de estimadosparaexecuçãoetempoderetor-
quevalorizemousoracionaldosbens segurança, de uso específico ou que já no do investimento para cada opção.
públicos,agestãoadequadadosresíduos,
alicitaçãosustentáveleapromoção
dasensibilização,acapacitaçãoea
qualidadedevidanoambientedetrabalho.
3
Contratação da
execução das obras

2
Contratação do

ETAPAS 1 projeto executivo

43
Contratação da auditoria
energética e da elaboração
do projeto básico;
Posterior fiscalização

AInstruçãoNormativanº02,de4dejunhode2014,dispõesobreregrasparaaaquisiçãooulocaçãodemáquinaseaparelhosconsumidores
deenergiapelaAdministraçãoPúblicaFederaleousodaEtiquetaNacionaldeConservaçãodeEnergia(ENCE)nasedificaçõespúblicasfederais
APENAS novasouquerecebamretrofit.Comanorma,deveserdadapreferênciaàaquisiçãodemáquinaseaparelhosconsumidoresdeenergiacom
ETIQUETASDE EtiquetaNacionaldeConservaçãodeEnergia(ENCE)comclassedeeficiência“A”.Jáprojetosdeedificaçõespúblicasfederaisnovasdevem
NÍVEL A serdesenvolvidosoucontratadosvisando,obrigatoriamente,aobtençãodaENCEGeraldeProjetoclasse“A”noPBEEdifica.Aconstruçãodeve,
igualmente,serconduzidaparaaobtençãodonívelAdaENCEGeraldaEdificação.Arecomendaçãodainstruçãoéqueasobrasderetrofitsejam
contratadas visando a etiqueta parcial da edificação construída classe A para iluminação e condicionamento de ar.
Paraoencaminhamentodaauditoriaener- vistatécnicoouantieconômicasnosprazos projeto executivo, preferencialmente de
gética em edifícios públicos, sugerem-se esperados. Algumas instalações podem formamodular,evitandooatrelamentode
ainda os seguintes procedimentos: apresentarlimitaçõesfísicasparainstalação propostas entre si.
desistemasdear-condicionadooupossuir
1.Paraacontrataçãodaauditoriaenergéti- impedimentos legais por força de tomba- 3. A etapa seguinte é a da contratação do
ca,recomenda-sequesejasolicitadaaclas- mentos históricos. projeto executivo. Ele consiste no detalha-
sificaçãodaedificação,segundooscritérios mento das opções definidas no projeto
do sistema de etiquetagem de edificações 2. Uma vez realizada a auditoria energé- básico, considerando as condições de
comerciais e de serviços do PBE Edifica, do tica, a administração da edificação deve implementação,asinterferênciasentresiste-
Procel/Inmetro.Paraalgunsedifíciospúblicos aprovar as medidas consideradas conve- mas, os detalhes operacionais da obra e as
da esfera federal essa etiquetagem já é nientesequepoderãoserexecutadas.Essa especificaçõescompletasdeequipamentos,
inclusiveobrigatória.Éimportantequeesses tarefa é anterior à contratação do projeto componentes,acessóriosesistemas.Deve
44
dadoscontenhamnãosóascondiçõesorigi- básico, porque deve servir de orientadora tambémcontemplaroscronogramasdeexe-
nais,comotambémquaisetiquetaspoderão para a elaboração de cálculos e especifi- cução e de desembolsos e estar de acordo
ser obtidas pela revitalização planejada. cações adicionais àquelas medidas de real com as normas pertinentes da Associação
O PBE Edifica permite a classificação em interesse da administração. Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
separadodeenvoltória,iluminaçãoecondi-
cionamento de ar. Se,porexemplo,houvesseumadetermina- Essa etapa é composta pela apresenta-
çãodetempomáximoderetornodoinves- ção da documentação de cada projeto,
Essa estratégia funciona para fixar uma timento(payback),nemtodasaspropostas inclusivecomasmemóriasdecálculo.Essa
meta a ser atingida e auxilia o gestor na to- apresentadasemumaauditoriapoderiam documentação será de fundamental im-
mada de decisões. Nos casos de reformas ser consideradas. O projeto básico deve, portância para a manutenção e eventuais
de edificações antigas, algumas soluções assim, refletir fielmente as economias alterações futuras na edificação. Oprojeto
necessárias para obter a nota máxima de energia identificadas na auditoria e executivodevemanteramodularidadedas
do PBE Edifica são inviáveis do ponto de fornecer elementos para a contratação do opções, porque é possível que algumas
medidasprevistasnoprojetobásicosejam 5. Para a execução das obras, a penúltima nhecimento específicas, e tem a vantagem
escalonadas por questões orçamentárias. etapa de um projeto de eficiência energé- denãofracionaroudiluirresponsabilidades.
Apenas se deve tomar o cuidado em não tica, a modalidade do tipo turnkey é tida
se postergar demais a execução, já que as como preferencial. Nessa modalidade, a É de fundamental importância o registro
tecnologias se tornam obsoletas. empresacontratadaficaresponsávelpelas das modificações para a execução dos
aquisições de equipamentos, instalações, serviços,detalhando-asemdocumentação
4. Para a última etapa, a da fiscaliza- compatibilização entre sistemas, partida conhecida como as built. O gestor das
ção e acompanhamento dos resultados, dos equipamentos e ajustes e garantia de obras deve exigir esse tipo de documenta-
recomenda-se a utilização do Protocolo operação correta. Essa modalidade é es- ção, porque pode ser necessário em novas
Internacional de Medição eVerificação de pecialmenterecomendadaemedificações auditorias, reparos ou até contratação de
Performance–PIMVP/2012,queseráapre- públicascomequipestécnicasreduzidasou outrasempresas,sobretudoemreformasde
sentadoemdetalhesnocapítuloseguinte. carentes de profissionais em áreas de co- edificações antigas.
45

REQUISITOS DOS PROJETOS BÁSICO E EXECUTIVO DE OBRAS E SERVIÇOS


Segurança;
Funcionalidade e adequação ao interesse público;
Economia na execução, conservação e operação;
Possibilidadedeempregodemãodeobra,materiais,tecnologiaematérias-primasexistentesnolocalparaexecução,conservaçãoeoperação;
Facilidade na execução, conservação e operação, sem prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço;
Adoção das normas técnicas, de saúde e de segurança do trabalho adequadas;
Impacto ambiental.

Fonte: Lei 8.666/93, artigo 12


CASO
EXEMPLAR AECONOMIADER$600MILNAFEDERALDEPELOTAS

Nos últimos nove anos, a Universidade Fe-


deral de Pelotas (UFPEL), no Rio Grande do
Sul, adota uma exitosa política de reduzir
custosdeconsumoenergético.Eelanãose
mede apenas pela economia de quase R$
2,6 milhões no período, mas também pelo
envolvimento das diversas unidades e da
comunidade universitária. Cada real eco-
nomizado é revertido em novas ações do
46
ProgramadeBomUsoEnergético(Proben),
quecomissotemproporcionadobenefícios
financeiros para a instituição.

O Proben, iniciado em 2006, é baseado


na educação do usuário e no incentivo
do uso de tecnologias mais eficientes,
reduzindo o consumo e as despesas com
energia. Não é uma tarefa fácil para uma
instituição com mais de 15 mil alunos nos
cursos de graduação e programas de Desde que o Programa de Bom Uso- artificial e condicionamento de ar. Todas
mestrado e doutorado. Criada em 1969, Eenergético (Proben) começou, já foi as ações do Proben resultaram numa
a UFPel tem 21 unidades acadêmicas possível realizar a caracterização do economia de quase R$ 600 mil naquele
distribuídas em quatro campi com 270 mil perfil de consumo de energia elétrica ano. Esse valor representa mais de 20%
metros quadrados de área construída. da universidade, a revisão dos con- do que é pago à Companhia Estadual de
tratos de energia (demanda e estru- Energia Elétrica (CEEE), concessionária de
As unidades da UFPel que mais economi- tura tarifária), a correção do fator de energia responsável pelo fornecimento
zamrecebemmaisrecursosrevertidospelo potência das diversas instalações, a de eletricidade à universidade.
consumo eficiente de energia. Essa lógica eficientização dos sistemas de iluminação
faz com que toda a instituição se engaje e condicionamento de ar, o diagnóstico Os planos futuros do Programa de Bom
sobre a questão energética. São ações que de funcionamento de motores elétricos Uso Energético da Universidade Federal
têm como objetivo proporcionar melhor e a orientação na elaboração de novos de Pelotas incluem a implementação de
47
eficiência nos sistemas de iluminação nos projetos arquitetônicos e reformas. projetos que contemplem o uso de fontes
quase80pontosdeconsumodauniversida- alternativas de energia, a orientação
de, preservando ou aprimorando as atuais Em 2014, foram intensificadas as ações para aquisição de novos equipamen-
condições de conforto ambiental do local. de conscientização da comunidade tos com o Selo Procel e a revisão dos
“Trata-se de racionalização e não de racio- universitária sobre o bom uso da energia. sistemas de abastecimento de água da
namento”,afirmaoprofessorAntonioCésar Por meio do Proben Educação, palestras universidade. Quando todas as instala-
Silveira Baptista da Silva, coordenador do foram realizadas em várias unidades com ções se tornarem eficientes do ponto de
LaboratóriodeConfortoeEficiênciaEnergé- dicas de melhor utilização de equipamen- vista energético, os gestores do programa
tica(Labcee),daFaculdadedeArquiteturae tos e aproveitamento de recursos naturais acreditam que a economia seja de pelo
Urbanismo, e gestor do Proben. para reduzir a utilização de iluminação menos 32% (R$ 800 mil ao ano).
Relatório de
diagnóstico
energéticodoMMA
48
Objetivo do documento O modelo indica qual o conteúdo mínimo aborda o consumo de água e a geração
O Ministério do Meio Ambiente e a de um projeto de eficiência aplicável ao de eletricidade, tanto em sistemas fotovol-
Secretaria de Mudanças Climáticas e Mecanismo de Garantia de Eficiência taicos, como em sistemas de cogeração.
QualidadeAmbientaldisponibilizampela Energética (Energy Efficiency Grarantee
internet o“Relatório de Diagnóstico e de Mechanism – EEGM). Trata-se de uma re- Além desse relatório, a página na internet
PropostadeRetrofitEnergéticodeEdifica- ferência para os solicitantes de cartas de sobre eficiência energética do MMA
ções”. Ele apresenta o procedimento para garantia ao EEGM/BID. Nele, são apre- traz uma planilha (em Excel) com um che-
realizar uma radiografia com a análise da sentadososconteúdosquedevemconstar cklist das informações que devem constar
situação atual de uma edificação, tanto no no relatório, desde a formatação da capa em um bom diagnóstico energético. Essa
setor público, quanto no setor comercial. até informações a serem levantadas para planilha, que se chama “Ferramenta de
49
Esse diagnóstico pode ser utilizado como cada tipo de sistema consumidor, como Avaliação de Projetos de Eficiência Ener-
roteiro para o desenvolvimento de uma iluminação,arcondicionado,aquecimento gética”, permite consultar rapidamente
auditoria energética. de água, entre outros. O relatório também uma nota atribuída a cada item avaliado.

Acesso ao Relatório de Diagnóstico e de Proposta de Retrofit Energético


de Edificações: www.mma.gov.br/clima/energia/projetos
capítulo 2
GESTÃO DE ENERGIA 51
COMOREDUZIROSGASTOSCOMENERGIA

ENGAJAMENTO
Gestoresefuncionáriosdevem
estarconscientesdaimportância
da colaboração de todos
52

TUDOCONTA
INFORMAÇAO
Aconsciênciasobreopadrãode
consumoenergéticoaumentao
sucessodasaçõesdeeficiência
53

Envoltória,iluminação,arcondicionado,
águaquente,lavanderia,cadaelemento
deumaedificaçãopodecontribuir
Economizarenergiaelétricavirouumhábito deumgrupodeinstalaçõespressupõetomar
do brasileiro. Mas nem sempre foi assim. ciência sobre o padrão de consumo para
Até antes da crise energética de 2001, gerar consciência coletiva em favor de uma
as televisões ficavam ligadas sem ninguém economia benéfica a todos. Não se trata de
assistindo, as luzes permaneciam acesas o um racionamento de energia, redução na
Porqueagestão dia todo – e não eram lâmpadas econômi-
cas.O“apagão”,comoficoumaisconhecido,
qualidadedosserviçosprestados,ouconten-
ção de custos de uma empresa. Esses mitos
de energia? forçou a população a reduzir o consumo. O
aprendizadodaquelaépocarendefrutosaté
ainda persistem, mas só com a informação
compartilhada entre todos os envolvidos é
hoje.Commedidassimplesedeconscienti- que se pode eliminá-los.
zação, o brasileiro descobriu que a conta de
energia elétrica pode ficar bem menor. Empresas que buscam a redução de custos
54
com energia devem criar um PGE. Por meio
Estudos internacionais indicam que me- dele,épossívelotimizaroconsumodeener-
didas de educação e de treinamento em gia, orientando, direcionando e propondo
empresasresultamnareduçãodoconsumo açõesecontrolessobreosrecursoshumanos,
de energia de até 5%. Os gastos para materiaiseeconômicos.Açõesisoladastêm
alcançaressesresultadossãoinferioresa1% efeitos positivos, mas a experiência indica
do custo total de um Programa de Gestão que,aolongodotempo,elasperdemefeitos
de Energia (PGE) em instalações de uma enovasoportunidadesdeixamdeserconsi-
edificação.Essamedidaéfundamentalpara deradas. Um PGE criado pela alta adminis-
alcançarumusoeficientedaenergiadentro tração das empresas e pelos responsáveis
das empresas e organizações. do setor de energia sinaliza uma cultura
institucionalepermanentecontraodesperdí-
A gestão energética de uma instalação ou cio dentro das organizações.
PORUMNOVO
PERFILDOUSO Para a gestão energética virar rotina, de gestão nas instalações, com treina-
DAEDIFICAÇAO deve-se tomar o cuidado de criar e mento de pessoal, conscientização de
implementarumprogramaquesejatrans- funcionáriosefixaçãodeprocedimentos
parente, factível e cuja informação seja operativos, de manutenção e de enge-
LançadapeloMinistériodoPlanejamento, disseminada por todos os funcionários e nharia.Asmedidaseducativastêmcustos
OrçamentoeGestão,a“Coletânea colaboradores. É natural que, nas fases menores, mas os efeitos são obtidos no
dasMelhoresPráticasdeGestãodo iniciaisdeimplementação,seencontrem médio e no longo prazos. A segunda
GastoPúblico”éumacompilaçãoque resistências, já que são ações e estraté- frente demanda ações de atualização
apresentaasmelhorespráticasda giasquemudamprocedimentos,hábitose tecnológicaouconstrutiva,muitasvezes
áreadegestãodegastos,comobjetivo rotinasnoambientedetrabalho.Quanto com a necessidade de substituição de
dereduzirdesperdícioseaumentara mais engajados, mais os funcionários equipamentosexistentesporoutrosmais
eficiênciadosrecursosinvestidospelo contribuirãoparaaeficiênciaenergética. eficientes ou realização de obras de
Estado.Umdoscapítulosdacoletânea 55
retrofit. Pela natureza, dependem de
tratasobreosgastoscomenergia A equipe de um PGE deve atuar em investimentos,masseusefeitosjásãoper-
elétrica,apresentandoumalistadeboas
duas frentes. A primeira envolve ações ceptíveislogodepoisdeimplementados.
práticasqueexigemounãoumgrande
volumedeinvestimentos.Oprimeiro
casoécompostoemsuamaioriapor MEDIDAS DE GESTAO ENERGÉTICA
medidasoperacionais,quevisam Oquedeveserfeitoparasistematizaroprocesso
alteraroperfildeusodaedificação.Já
Conhecerasinformaçõesdosfluxosdeenergia,regras,contratoseaçõesqueosafetam,também
aspráticasqueexigeminvestimento
osprocessoseatividadesconsumidoresdeenergiaeaspossibilidadesdeeconomia;
preveemsubstituiçãodeequipamentos,
implementaçãodesistemasdecontrole Acompanharosindicadoresdecontrole(consumodeenergia,custosespecíficos,preçosmédios,
emonitoramento,geraçãoemhoráriode valorescontratados,fatoresdeutilizaçãodosequipamentose/oudeinstalação);
ponta, entre outros. Medirosindicadoresdecontrole,indicarcorreções,auxiliarnacontrataçãodemelhorias,engajar
e capacitar os usuários, divulgar ações e resultados das medidas adotadas.
PLANEJAR,
Para que um PGE tenha êxito, ele deve resultados). As ações dentro do PGE po- FAZER,
estar assentado em três pilares: auditoria demserdesenvolvidassimultaneamentee CHECAR,AGIR
energética (levantamento da situação não há uma hierarquia entre esses pilares.
atual), controle dos indicadores (análise e Mas recomenda-se que se crie uma
acompanhamento dos dados) e comuni- comissão interna que ficará responsável Outrapossibilidadeparaadministrarouso
cação (divulgação e apresentação dos por sua gestão. eficienteécriarumSistemadeGestãode
Energia(SGE)dentrodasorganizações.
Essetipodesistemaestáprevistona
normaISO50001epermitedesenvolver
eimplementarumapolíticaenergética,
Programa de estabelecerobjetivos,metaseplanosde
GestãodeEnergia(PGE) açãoqueconsideramrequisitoslegaise
56 informaçõesrelacionadascomoconsumo
substancialdeenergia.UmSistemade
GestãodeEnergiatrabalhacomadinâmica
doPlan,Do,Check,Act(PDCA),ouPlanejar,
Fazer,Checar,Agir,emportuguês.
Comissãointerna SegundoametodologiadanormaISO
50001,acriaçãodeumSGEcomeçacom
adefiniçãodeumapolíticaenergéticapara
comunicação diagnóstico controledeindicadores acompanhia,seguidadoplanejamento
energéticoedaimplementaçãoeoperação
das medidas identificadas.
O QUE É UMA CICE? de Conservação de Energia (ENCE) de do Programa de Conservação de Energia,
A Comissão Interna de Conservação de nível A pode se revelar, na prática, como edivulgaçãoamplaetransparentedosseus
Energia – CICE – é a entidade que cuida uma edificação que tem gastos com a resultados para que todos os usuários se
do processo de gestão de energia em conta de eletricidade acima do esperado. conscientizemeparticipemdessainiciativa.
um órgão público. Apesar de o Decreto Basta que os usuários não estejam enga-
99.656, de 26 de outubro de 1990, definir jados na filosofia que a instalação sugere ComosurgimentodasCICEs,órgãospúblicos
o papel e a estrutura de uma CICE no para por em risco todo o investimento passaram a orientar seus servidores quanto
poder público, a mesma lógica pode ser realizado no projeto e na construção. Já ao desperdício de energia, propiciaram
aplicada em empresas privadas, interessa- um prédio sem etiquetagem pode iniciar, a troca de diversos equipamentos – como
das em tornar a gestão energética parte com a participação coletiva, um processo lâmpadas,arcondicionado,elevadores-,for-
integraldoprocessodetomadadedecisão. de economia de energia com resultados çaram a revisão de contrato de energia com
promissores. A mudança de hábitos é, asempresasconcessionáriaseimplantaram
57
O uso eficiente de energia é tarefa de todos, assim, uma ação imprescindível para se sistemas de medição e verificação.
o que representa um desafio a mais para alcançar a eficiência energética.
empresas que trabalham com um número Apesar de receber “energia” no nome, as
variado de colaboradores. Nos escritórios, Desde 1990, cada órgão ou entidade CICEs podem ser utilizadas também para
atitudes de economizar energia elétrica, da Administração Federal direta e indireta, gerir o consumo de água e as emissões de
quejásedisseminaramnascasasbrasileiras, fundações,empresaspúblicasesociedades gases de efeito estufa. A gestão da água e
muitas vezes são encaradas como tarefas deeconomiamistacontroladasdiretaouindi- das emissões é complementar à gestão da
que não cabem aos funcionários. retamentepelaUniãodevemcriarumaCICE1. energia e com a adoção de ambos podem
A CICE é responsável pela elaboração, serobtidosganhoscomplementaresentreas
Mesmo um edifício com Etiqueta Nacional implantaçãoeacompanhamentodasmetas medidasdeeficiênciaavaliadasepropostas.

1
A edificação é obrigada a ter uma comissão se apresentar consumo anual de energia elétrica superior a 600 mil kWh ou de combustível
acima de 15 teps (toneladas equivalentes de petróleo)
RESUMODASPRINCIPAISATRIBUIÇOESDACICE

1 Promoveraauditoriaenergéticapara
análisedopotencialderedução 2 Estabelecermetasderedução
3 Monitoraroconsumodeenergiapor
setorese/ousistemasdaedificação

4 Estabelecer indicadores para


monitoramento 5 Estabelecer
gerenciais
gráficoserelatórios
6 Avaliarosresultadosalcançadosparao
ano e propor metas revisadas

58

7 Designar coordenadoresparaatividades
específicas,relacionadasàconservação 8 Realizarcursosespecíficospara
treinamento de pessoal 9 Conscientizar e motivar os
empregados

10 Divulgarresultadosdosobjetivos
alcançados 11 Participar da elaboração de
especificaçõesdeprojetos,construção 12 Orientarascomissõesdelicitaçãopara
queasaquisiçõessejamfeitaslevando
e aquisição de bens e serviços emcontaocusto-benefícioaolongoda
relacionadosaoconsumodeenergia vidaútildosequipamento.Equipamentos
comSeloProceldevemterpreferência.
Como funciona uma CICE Recomenda-se que a presidência da CICE um especialista em segurança do trabalho.
Segundo o Decreto 99.656, de 1990, a seja ocupada por um engenheiro ou um ar-
CICE deve ser composta por no mínimo quitetocomexperiênciaemconservaçãode A gerência da CICE, na maioria das vezes
seis pessoas, todas com mandato de energiaequepossualigaçãofuncionalcom nomeada pela diretoria da organização, é
dois anos. Essa equipe é designada pelo a diretoria. Caso não exista disponibilidade responsável por realizar a primeira audito-
dirigente do órgão ou entidade e será desse perfil, o ideal é que, ao menos, um riaenergética,produzindoumdiagnóstico
responsável por propor, implementar e engenheiroouumarquitetocomexperiência da situação atual das instalações, tanto
acompanharasmedidasefetivasdeutiliza- em conservação de energia integre a equi- da edificação quanto dos equipamentos, e
ção racional de energia. pe. Outra recomendação é a inclusão de montar a estrutura da comissão.

SUGESTAODEORGANOGRAMABÁSICOPARAUMACICE
59
Diretoriada
organização

Gerência
daCICE

Colaboradores Apoiotécnico Apoioadministrativo

Equipededivulgação
De forma resumida, recomenda-se a essa
gerência que:

1.Realizeolevantamentoinicialdascontas Levantamento da conta de eletricidade


de energia elétrica e trace os gráficos da
variação do consumo de energia (kWh), da
demanda (kW), do fator de potência e os
seusrespectivoscustos.Essasinformações
subsidiarão a criação de um banco de da-
dos, que permitirá a produção de gráficos
que, por sua vez, verificarão o comporta-
mento do consumo ao longo do tempo.
60 Levantamento da potência dos equipamentos e perfis de uso
2. Defina a equipe de apoio técnico que Horário de Nº de Consumoestimado
Potência(kW) Quant.
ficaráencarregadadecoletarosdadosope- funcion./dia dias/mês (kWh)/mês
racionaisdentrodainstalação(comocargas
Arcondicionado 151 01 8:00 às 17:00 22 30.000
instaladas,depreferênciacomidentificação
dossetores,condiçõesoperacionaisdosequi- Elevadores 7 02 8:00 às 20:00 22 3.500
pamentoseprocedimentosdemanutenção).
Iluminação 68 -- 8:00 às 20:00 22 18.000

3. Defina o pessoal de apoio administra- Bomba de


3,7 02 12:00 às 14:00 22 326
tivo, responsável por produzir relatórios; água potável
obter as contas de energia; listar os equi-
pamentos instalados; auxiliar na contrata-
ção de uma empresa de consultoria para
realização de um diagnóstico energético
(se necessária); adotar mudanças opera- 5. Escolha um time que ficará responsável Elas são uma excelente oportunidade para
cionais; e comprar de equipamentos mais pelas ações de divulgação, desde a ela- provar a eficácia de ações simples de efici-
eficientes. boração de um plano estratégico de co- ência energética, e devem ser amplamente
municação até a produção de campanhas, divulgadas para os servidores. Ao mesmo
4. Defina os colaboradores, preferencial- a apresentação constante de resultados e tempo, o responsável pela CICE deve
mente de diversos setores da organização o engajamento do público interno negociar com a diretoria da organização
e com bom relacionamento com todos do para que os ganhos financeiros obtidos por
grupo, para que trabalhem na motivação Formada a CICE e realizada a auditoria essaprimeiraeconomianacontadeenergia
e na transmissão das ideias propostas energética, deve-se iniciar a aplicação de elétricasejamrevertidosemoutrasmedidas
pela comissão interna. medidas operacionais que não têm custos. de eficiência que exigem investimento.

61
Luzesdasdependências-manterambientes MUDANÇAS DE HÁBITOS Monitores com timer - programe seu
comosalasdereunião,banheiroseáreas computadorparadesligaratelaemperíodos
ornamentaisdesligados,seestiveremsemuso Algumasmedidasimediatassemnecessidadedeinvestimento curtos sem uso
Lumináriaslimpaseabertas-permiteaelas Períododealmoço-quandopossível,
omáximodareflexãodaluze,semoprotetor estabelecerumhoráriofixo,permitindoqueos
deacrílico,possibilitaareduçãodeaté50%no sistemasdeiluminaçãoecondicionamentode
número de lâmpadas ar sejam desligados
Iluminaçãonatural-desligarasluminárias Controledoarcondicionado-encontrea
semprequesepossaaproveitaraclaridadeda temperaturadeconforto.Ligueosaparelhos
luz pela janela umahoradepoisdoiníciodoexpedientee
desligue-oumahoraantesdotérmino
Horáriodelimpeza-alterá-loparaqueocorra
poucoantesdoiníciodoexpedienteouno Desligamentoparcialdoselevadores-nos
decorrerdomesmo,emvezderealizara períodosdepoucademanda(meiodamanhã
limpezaquandonãoseestáexecutando emeiodatarde),algunsdessesequipamentos
nenhum outro serviço podem ser desligados
A partir da auditoria energética também consumodeenergiaeestabelecerasmetas
é importante que a CICE faça requisição a serem obtidas pelo órgão ou entidade.
de valores orçamentários para consolidar
os potenciais de reduções identificados. A CICE tem a função de garantir que a
Com o avanço dos trabalhos e os sucessos cultura de redução do consumo de energia
alcançados com as medidas de eficiência sejainseridadentrodasorganizações,permi-
energética, será mais fácil criar um orça- tindoqueaçõessejamimplantadasdeforma
mento próprio da CICE para custeio de progressivaeconstante.Masnãosetratade
suas atividades. umamissãosimples.Mudarocomportamen-
to das pessoas requer paciência e a adoção
Medidasdeeficiênciacomaltocusto,como de estratégias criativas e eficientes para
reformasdegrandeporteetrocadeequipa- levar o espírito do combate ao desperdício
62
mentoscaros,deverãoterorçamentoreque- ao maior número possível de envolvidos. A
rido para a alta administração, uma vez que equipe da CICE deve estar sempre atenta
os valores ultrapassam a própria receita da aessanecessidade,porquenãoéincomum
CICE. Mas é essa comissão que deve estar haver descrença ou desmotivação inicial e,
presentenasdiscussões,juntoaossetoresde depois de algum tempo, perda do engaja-
compraseserviçosgerais,paradecidirquais mento do público interno.
aquisiçõesdeequipamentosesistemasmais
eficientes serão realizadas. Pequenos cursos dados no órgão ou na
entidade com temas de esclarecimento
O controle e a divulgação sistemática das sobre a energia, suas formas de produção,
informaçõessãoatividadescentraisdeuma geração,transmissãoedistribuição,ajudam
Ações devem ter opção para CICE, e é em função dessas informações a despertar o interesse pelo tema entre os
implementação progressiva e constante que a comissão pode promover a análise servidores, bem como manter o espírito da
de potencialidades para a redução do eficiência energética na organização.
CASO
EXEMPLAR

ELE TR OBR AS E ITAIPU, FAZENDO A LIÇ ÃO DE C ASA 63


Uma economia de energia capaz de abas- vação de Energia (CICE) da estatal. Em 2010, foi criado o Comitê Integrado de
tecer mais de 25 mil residências por um EficiênciaEnergéticadoSistemaEletrobras
ano. Essa é a dimensão dos esforços que A Eletrobras, que tem 54,46% de suas (Cieese), responsável pela elaboração
a Eletrobras tem realizado em eficiência ações controladas pelo governo fede- da nova política de eficiência energética.
energética nas 15 empresas do grupo. ral, gerencia os programas nacionais de Em 2014, o comitê tratou do portfólio de
A capacidade geradora da companhia, Conservação de Energia Elétrica (Procel), projetos para as empresas da companhia,
incluindo metade da potência de Itaipu de Universalização do Acesso e Uso da com ações de acompanhamento de indi-
pertencente ao Brasil, equivale a 34% do Energia Elétrica (Luz para Todos) e de cadores de eficiência e metas de consumo
total nacional.“Para promover economia IncentivoàsFontesAlternativasdeEnergia e a adoção da norma ISO 50.001, que
no consumo de energia elétrica, preci- Elétrica(Proinfa).Aexperiênciaacumulada trata sobre sistemas de gestão de energia.
samos em primeiro lugar agir dentro da desde 1985 com o Procel foi determinante O Cieese articula e monitora o trabalho
nossa própria casa”, explica Davi Miranda, para disseminar e aperfeiçoar os princípios das CICEs das subsidiárias, muitas delas
membro da Comissão Interna de Conser- da eficiência energética. criadas há décadas.
A Usina de Itaipu conta com uma CICE emissões de gases de efeito estufa, em dar dos entre 2013 e 2015. Para isso, 78% dos
desde 1995. Essa comissão pesquisa prioridadeaprojetosdeenergiarenovável veículos da frota são movidos a etanol ou
processos,produtos,materiaisetecnologias. e em atuar no fomento a estudos relativos energia elétrica. Aempresa investeempes-
O escritório de Curitiba economizou cerca às mudanças climáticas. quisascomprotótiposdeveículoselétricos
de 64 mil kWh em 2013 só com a troca de e produção de energia elétrica a partir de
antigosaparelhosdearcondicionadopara No triênio 2012-2015, a usina de Itaipu fontesrenováveis,comohidrogênioebiogás.
modelosmaiseficientesemelhoriasnainfra- impôs a meta de reduzir o consumo de
estrutura.Afiaçãoelétricafoisubstituída,e energia elétrica em até 5%. Ela foi cumpri- Todas essas medidas são adotadas nas uni-
as lâmpadas fluorescentes deram lugar às da antes do fim de 2015. A instalação de dades do complexo porque existe o apoio
econômicaslâmpadascomtecnologiaLED mantas isolantes e térmicas no telhado de de uma CICE. Essa comissão é composta
(Light-EmittingDiode).Oshoráriosdasope- mais da metade das edificações reduziu o porrepresentantesdasáreastécnica,admi-
raçõesnoturnasdelimpezadosescritórios uso de condicionadores de ar. Prédios das nistrativa e de coordenação, apoiada pela
64
foramagrupados.Houveodesligamentoda áreas de infraestrutura e serviços substi- comunicação social e está sob a coordena-
luz em áreas comuns de trabalho que este- tuíramequipamentosdecondicionadores ção dos representantes da área técnica.
jam desocupadas e adotou-se a captação de ar para os de tecnologias inverter,
da água de chuva para reutilização. que detectam se um ambiente demanda “Já estamos trabalhando ativamente para
menos refrigeração ou aquecimento. Nas cumprirmosametadeconservaçãodeener-
EmFozdoIguaçu,ondeficaessausinacom copas e cozinhas, a troca de geladeiras gia no nosso complexo interno de 2016–
a segunda maior capacidade instalada de e freezers para modelos mais eficientes 2019, estipulada em 3%”, diz João de Souza,
geraçãohidrelétricadomundo,aeficiência gerou 35% de economia. A energia solar representante da diretoria administrativa
energética foi reforçada pela Declaração reduziu o consumo de gás de cozinha. na CICE Itaipu e gerente do departamento
de Compromisso sobre Mudanças Climá- deInfraestrutura.“Alémdeeconomizarmos
ticas da Eletrobras. Pelo documento, de A empresa binacional (50% da usina é do e sermos energeticamente mais eficientes,
maio de 2012, Itaipu se compromete com Paraguai) definiu como meta a redução de tambémpodemoscomercializaroexcedente
a implementação de ações de gestão das 3%novolumedegasolinaedieselconsumi- não consumido no mercado.”
Uma vez implantada uma medida de O gráfico abaixo ajuda a exemplificar
eficiência energética, que vai desde uma a importância da M&V. Ele apresenta o
campanha interna de desligamento de consumo de energia ao longo do tempo.
luzes até a troca de elevadores e sistemas
de condicionamento de ar, é hora de A partir de um certo ponto, é implemen-
Mediçãoe fazer um acompanhamento sistemático
dos resultados. É a chamada Medição
tada uma medida de eficiência - aqui
identificada como Ação de Eficiência
Verificação e Verificação (M&V), cujos objetivos são
aumentar a credibilidade e o controle e
Energética (AEE) - e a curva de consumo
se divide em duas. A linha real marca a
identificar falhas e oportunidades que de- redução obtida, enquanto a linha teórica
verão ser tratadas em etapas posteriores (tracejada) marca o consumo que estaria
de um PGE. ocorrendo caso a medida de eficiência
65
não tivesse sido adotada.

Implementação
de AEE Consumodalinha
debaseajustado
ECONOMIAou
Consumodeenergia

CONSUMOEVITADO
Consumodalinhadebase
Consumonoperíodo
Aumento
determinado da
daprodução
economia
Tempo
Linhadebase Determinaçãodaeconomia
A diferença entre as duas linhas represen- tica ou de consumo eficiente de água. O 1. Identificar variáveis independentes: cli-
ta a economia conquistada com a raciona- PIMVP não é uma norma, mas um instru- ma, produção, ocupação etc., que podem
lização do uso de energia elétrica. Todas mento para avaliar de forma transparente, gerar uma variação da energia e como
as estimativas de consumo real obtidas seguraeconsistenteaeconomiaobtidapor elas poderão ser medidas e consideradas,
antes da implementação da AEE são con- um projeto. pensandoemlocal,equipamentoseperío-
sideradas ex ante, enquanto as reduções dos de medição;
conquistadas com o projeto de eficiência A partir desse protocolo internacional,
energética são denominados ex post. a Agência Nacional de Energia Elétrica 2.Identificarafronteirademedição:define
(ANEEL) desenvolveu, com seus parceiros, o limite onde serão monitorados os efeitos
Identificaressaslinhaséfundamentalpara um Guia de M&V para definir as metodo- da medida de eficiência energética, que
um bom Programa de Gestão Energética e logiaspordiferentesusosfinaisetipologias deverá ter sua atuação isolada por medi-
isso só é possível por meio da M&V. Devi- de edifícios. Ele trabalha com a realidade dores. O monitoramento deve ser capaz
66
doàsdificuldadesemrealizaressecontrole brasileira e busca garantir que as ações de aferir eventuais efeitos interativos da
deformaconsistente,foidesenvolvidoum sejam eficazes e estejam dentro de um medida com o resto da instalação;
Protocolo Internacional de Medição e Ve- orçamento compatível com o projeto.
rificação (PIMVP) pela EfficiencyValuation 3. Escolher opção do PIMVP - opção A,
Organization(EVO),umaorganizaçãosem Estratégias de M&V B, C ou D - que será usada para medir
fins lucrativos que atua em todo mundo É na fase da auditoria energética, quando a economia de energia. Há mais de um
para definir protocolos para eficiência forem identificados os principais sistemas método de M&V, com variações de graus
energética, no uso da água e de energias consumidores, que a definição das estra- dedificuldadeecustosdeexecução,sendo
renováveis.Trata-se de um documento de tégias de M&V deve ser realizada. Cinco que cada método é indicado para um tipo
apoio que descreve as práticas comuns de estratégias se sobressaem para que o de monitoramento.
medição, cálculo e relatório de economia, controle do programa de gestão energéti-
obtidas por projetos de eficiência energé- ca seja efetivamente mensurável:
OPÇOES MONITORAMENTO COMOÉCALCULADAAECONOMIA?
Medição isolada da ação de eficiência energética Cálculos de engenharia (linha de base e verificação)
A Medição apenas dos parâmetros chave Ajustes de rotina

Medições linha de base e verificações


Medição isolada da ação de eficiência energética
B Medição de todos os parâmetros
Cálculos de engenharia (linha de base e verificação)
Ajustes de rotina

67
Medição do consumo em toda a instalação Análises de dados dos medidores
C Medição contínua Ajustes de rotina

Simulação de consumo, calibradas com valores


Simulação do consumo de energia de toda a instalação de medição
D Rotinas de simulação calibradas com medições reais Medidoresespecíficospodemajudarnorefinamento
do dados de entrada
USORACIONAL
4.Definiromodelodoconsumodalinhade ganization (EVO) e do Guia de M&V. Mas DEMATERIAISE
base: em geral, uma análise de regressão cada usuário deve estabelecer o próprio SERVIÇOS
entre o consumo de energia e as variáveis plano de medição e verificação específico,
independentes. respeitando as características únicas dos
Os Planos de Gestão de Logística
projetos. Como o PIMVP não define méto-
Sustentável(PLS)sãoferramentasde
5. Definir como serão calculadas as dos específicos para elaborar a estratégia
planejamentoúteisparadefinirpráticas
economias de energia e a redução de de medição e verificação, é possível seguir desustentabilidadeeracionalizaçãode
demanda na ponta. um dos modelos para elaboração do gastoseprocessosnaAdministração
plano, que deve se adaptar para cada Pública.InstituídopelaInstruçãoNormativa
Importante frisar que o tamanho da medida de eficiência energética. Nº10,de14denovembrode2012,os
amostragem é de grande relevância PLSdevemconter,pelomenos,quatro
na elaboração da estratégia de M&V Outra recomendação da Aneel é que itens:(1)atualizaçãodoinventáriode
68 bensemateriaisdoórgãoouentidade
por garantir a confiabilidade dos dados. as Ações de Eficiência Energética sejam
No site da Aneel, há uma planilha para realizadas em períodos de controle curtos. eidentificaçãodesimilaresdemenor
auxiliar nesse processo. A partir das ca- Medições e verificações feitas em interva- impactoambientalparasubstituição;
racterísticas básicas dos sistemas a serem losmenoresevitamencarecereinviabilizar (2)práticasdesustentabilidadeede
racionalizaçãodousodemateriais
medidos, a planilha indica se o conjunto de os projetos. E esse procedimento auxilia
e serviços; (3) responsabilidades,
informações colhido é suficiente. também na projeção dos resultados de
metodologiadeimplementaçãoeavaliação
curto prazo das AEEs para um horizonte doplano;e(4)açõesdedivulgação,
Plano de M&V de tempo maior. O Guia de M&V da conscientização e capacitação.
A recomendação da Aneel para a ela- Aneel sugere que o plano contenha, ao
boração de um plano de M&V é seguir o menos, os tópicos da página seguinte.
roteirodefinidopelaEfficiencyValuationOr-
Objetivo de sua implantação
Identificação de responsabilidades de projeto
Lista de medidas com descrição de equipamentos necessários
Resultados estimados com a implantação da(s) AEE(s)
Comissionamentodasmedidaseverificaçãooperacionaldeseufuncionamento
Alteraçõesplanejadasparaasinstalaçõesquepodemviraimpactaroconsumodeenergiae,
consequentemente, a linha de base

Descrição das variáveis independentes que atuam no consumo de energia


Definição da fronteira de medição
Efeitosinterativosesuaatuaçãoalémdafronteirademedição,bemcomoseessesefeitos
Serão considerados ou ignorados
Opção do PIMVP e a justificativa de escolha
69
Período de tempo a que se aplica
Variáveis medidas e seus respectivos valores
Período de acompanhamento para avaliar a economia gerada
Bases de ajuste normalizadas, caso existam
Procedimento de análise e cálculos que serão utilizados
Preços da energia considerados
Especificação dos medidores para cada ponto de monitoramento
Responsável pelo monitoramento
Precisão esperada e margens de erro É possível baixar a planilha no site
Orçamento e custos com M&V da Aneel http://www.aneel.gov.br,
Formato padrão do relatório de M&V dentro da área de Eficiência
Procedimentodemediçãoqueseráadotadoparagarantiraqualidadedosdadosmonitorados
Energética, no item de Medição e
Definição do tempo para inspeção periódica
Verificação (M&V).
SISTEMA DE INFOR MAÇ ÃO ção de consumo de energia elétrica. ração de um Plamge passa por seis etapas,
ENER GÉ TIC A MUNICIPAL (SIEM) quecontemplamdesdeolevantamentode
Algumas prefeituras já dão bons exemplos informações gerais do município até a de-
O que é o SIEM de que é possível adotar medidas de finição da Política Energética Municipal. O
O Sistema de Informação Energética conservação de energia. Salvador, Rio de SIEMauxilianodesenvolvimentodessaseta-
Municipal (SIEM) é um software dispo- Janeiro, Porto Alegre, João Pessoa e Campo pas e permite a impressão de relatórios já
nível na internet de auxílio a gestores Grande vêm modernizando o sistema de formatadosnosmodelosexigidos.Épossível
municipais para o acompanhamento do iluminação pública com a troca das lâmpa- aindarealizaranálisescomparativasentreo
consumo de eletricidade em sua área de daspormodelosmaiseficientes.Piracicaba, consumo efetivo e os cenários propostos.
atuação. Criado em 1998 pela parceria nointeriorpaulista,conseguiueconomizar
Eletrobras/Procel e Instituto Brasileiro de R$ 800 mil, equivalente a 4% de sua receita, Apesar do enfoque municipal, a versão
Administração Municipal (IBAM), o SIEM é com a redução de gastos na iluminação atual do SIEM permite verificar os resulta-
70
indicado para a elaboração dos projetos pública e na rede elétrica de escolas e dos das medidas de eficiência energética
do Plano Municipal de Gestão de Ener- postos de saúde. em diferentes níveis. Em outras palavras,
gia Elétrica (Plamge), um instrumento que ele pode ser útil para uma única unidade
busca identificar áreas de competência O planejamento da gestão energética é a consumidoraouparaprojetoseinstalações
das prefeituras com potencial para redu- chave para obter bons resultados. A elabo- nos âmbitos estadual e federal.

Acesso ao SIEM:
Para ter acesso ao SIEM, é necessário realizar um cadastro com usuário e senha
aprovado pela Eletrobras/Procel.Tanto o cadastro quanto os acessos ao sistema
são feitos através do link: http://www.eletrobras.com/elb/siemweb/main.asp
CASO
EXEMPLAR

PLAMGE TORNA AR AR AS só foram possíveis por causa do Plano lidade do município. O método estabelece
71
DESTAQUE NACIONAL EM Municipal de Gestão da Energia Elétrica metas, finalidades e meios para a redução
GESTÃO DE ENER GIA (Plamge), desenvolvido pela Eletrobras/ doconsumoebuscaodesenvolvimentode
Nas escolas municipais e no centro cultural ProcelemparceriacomoInstitutoBrasileiro uma cultura de eficiência energética nas
de Araras, as lâmpadas, os reatores e as de Administração Municipal (Ibam). administrações municipais.
luminárias foram trocados por modelos
mais eficientes. Os semáforos dessa cidade O Plamge, iniciado em 2010 em Araras, As ações não param. Em junho de 2015,
do interior paulista receberam lâmpadas funcionacomoumdiagnósticoenergético, a prefeitura de Araras adotou um sistema
LED. Unidades consumidoras de energia monitorando o consumo de energia elé- de timer digital em refletores de quadras
elétrica sem medidores foram mapeadas trica na cidade e analisando suas implica- poliesportivas, localizadas em praças pú-
e catalogadas num banco de dados. A ções dentro de um modelo de uso racional blicas. A iluminação passou a ser aciona-
represa Hermínio Ometto, que abastece e sustentável. Por meio dele, o gestor públi- da em horários diferenciados. No outono
de água o município, ganhou um novo co tem mais condições de adotar medidas e no inverno, a luz é acesa das 18h às
sistema de captação. Essas e outras ações de eficiência energética adequadas à rea- 23h; e na primavera e verão, das 19h às
23h30. Com a medida, devem ser econo- O sucesso na adoção do Plamge se deve das de eficiência energética. Uma de suas
mizados em torno de 64.000 kWh hora em à criação de uma Unidade de Gestão ações é a constante capacitação e cons-
um ano – o equivalente ao abastecimento Energética (Ugem) na Prefeitura e também cientização dos funcionários públicos, um
de quase 400 residências, no período de à parceria com a Elektro Eletricidade e elemento estratégico do Plamge. A Ugem
30 dias. A estimativa da administração mu- Serviços S.A., empresa distribuidora de também criou a cartilha“Boas Práticas para
nicipaléqueoinvestimentosejarecuperado energia elétrica. Essa parceria teve início o Uso de Eficiência Energética”, onde são
em três meses. em2011,quandoacidadefoicontemplada abordadosassuntosrelativosàiluminação,
com a participação no Programa de Efici- ar condicionado, ventiladores, bebedou-
Araras, com 112 mil habitantes, se tornou ência Energética da Agência Nacional de ros, computadores e impressoras.“O mais
referência nacional de boa prática na Energia Elétrica (Aneel) por meio do qual importanteéamudançacomportamental;o
gestão eficiente da energia elétrica na ad- as concessionárias de energia investem quilowattmaisimportanteéaquelequenão
ministraçãopública.Aomesmotempo,focar parte de sua receita em ações de combate precisa ser distribuído”, afirma o coorde-
72
naeficiênciaajudounasfinançasmunicipais, ao desperdício. nador-geral da Ugem de Araras, Junior
já que a conta de energia elétrica é hoje Salviatto.Nosúltimosdoisanos,aeconomia
a segunda maior despesa do orçamento, A Unidade de Gestão Energética (Ugem) é com a eficiência energética em Araras já é
ficando atrás da folha de pagamento. responsávelpelaimplementaçãodasmedi- de quase R$ 300 mil por ano.
Dados locais

SIEM

MANUAL DO SIEM
NapáginadoSIEMépossívelbaixarum
manualdeutilizaçãodoSIEMWeb.Nele,
háumadescriçãodetalhadadetodosos
módulosquecompõeaferramenta,bem 73
comofunçõesadicionais,comoacriação
e a gestão de usuários e os modelos Para o cadastramento
paraimportaçãodedados.Naspáginas de um projeto no SIEM,
seguintes,sãoapresentadasalgumas deve-se informar dados
regionais, como variáveis
telasdosistemaeasprincipaispartesde
geográficasesocioeconô-
inserçãodedadosparaaalimentaçãodo
micas de cada município.
software. Recomenda-se que essas
variáveis sejam obtidas na
páginadoInstitutoBrasileiro
de Geografia e Estatística
(IBGE).
http://www.ibge.gov.br
Unidade consumidora Parque de equipamentos
A Unidade Consumidora (UC) é a menor medida de Deve-seinformarosequipamentosconsumidoresdeele-
estudo que a plataforma do SIEM permite avaliar. Po- tricidadeexistentesnaUC.OSIEMjápossuiumconjunto
de-seinserirtodososedifíciospúblicoseequipamentos de equipamentos cadastrados. Caso o equipamento
(comosistemasdeiluminaçãopúblicaebombeamento, não exista na lista, é possível inserir um novo item. São
porexemplo).Asinformaçõesexigidassãoaidentifica- preenchidosdadosdepotência,eficiência(rendimento),
ção numérica da UC, a atividade comercial, o endere- quantidade e horário de funcionamento. Com essas
ço e o horário de operação.Também é possível inserir informações a ferramenta pode calcular a curva de
uma foto da UC e os dados de contato do responsável consumodosequipamentosemfunçãodashorasdodia
pela unidade. e o consumo de eletricidade ao longo do tempo.

74
Medidor, tarifas e contas
Cadastrar o medidor que registra o
consumo da UC, as tarifas (monômias e/
ou binômias) e o tipo de contrato existente
entre a unidade e a concessionária elétri-
ca. Deve-se ainda inserir os valores das
contas de consumo, incluindo as variáveis
de cobrança, como consumo, demanda,
demandacontratada,demandaconsumi-
da, multas, etc. Esses valores podem ser
importados do arquivo digital da conta,
fornecido pela concessionária.
75
Gráficos
Com esses dados inseridos, já é possível
gerar gráficos para análise das infor-
mações das UCs. É possível analisar o
consumo por UC ao longo do tempo, os
custos com eletricidade e o consumo por
diferentes indicadores do SIEM.Também é
possível obter valores agrupados de con-
sumo para UCs agrupadas por atividade.
Análise técnica Relatórios
Esse módulo permite observar uma série Nesse módulo, é possível imprimir em for-
de variáveis queimpactam o consumo e os mato PDF as informações e as análises no
custoscomeletricidade.Ogerenciamento SIEM na estrutura que o Plano Municipal
da demanda, por exemplo, acompanha as de Gestão da Energia Elétrica (Plamge)
ultrapassagensemultas,permitindoavaliar exige. Esses documentos podem servir
a necessidade de revisão do contrato com de modelo para compor os relatórios de
a concessionária. A análise da curva de auditoria energética, independente da
carga permite visualizar os horários de participação no Plamge.
operação, oferecendo alternativas para
ajustarofuncionamentodeequipamentos
que operam no horário de ponta. Pode-se Projetos
76
aindaverificarodimensionamentodosmo- O SIEM permite planejar os projetos de
tores, a avaliação do fator de potência e a eficiência energética, que podem ser ca-
estimativadeperdasnostransformadores. dastrados na ferramenta e analisados por
meiodetrêsóticas:(1)técnica;(2)orçamen-
Medição e verificação tária; e (3) econômica. O sistema informa a
O módulo permite estimar o consumo reduçãoestimadanoconsumo,bemcomo
evitado caso procedimentos de gestão e as economias com eletricidade. Assim, é
ações educativas para racionalização do possível testar os projetos e identificar
consumo sejam adotados. Essas medidas as melhores soluções. O módulo prevê o
de eficiência,consideradas de baixo custo, cadastramentodocronogramadeprojeto
têm grande potencial para redução do para acompanhamento posterior.
consumo. Por meio do SIEM, é possível
estimar valores em kWh para compor a
auditoria energética.
Cenários
A construção de cenários para acompa-
nhamentodosprojetosdeeficiênciaéoutra
ação possível de ser feita com o SIEM. O
módulopermitecomparartrêscenários:(1)
real – criado a partir dos dados históricos
cadastrados; (2) de referência – estimado
pelo SIEM a partir dos dados cadastra-
dos e que indica o consumo futuro sem a
execução do projeto de eficiência; e (3) de
eficiência–estimadopeloSIEM,queindica
oconsumofuturocomaadoçãodoprojeto
77
de eficiência. É possível testar diferentes
cenários e analisar o potencial de redução
e economia para diferentes projetos. Os
gráficos gerados podem ser utilizados nos
relatórios de auditoria energética.
American Society of Heating Refrigeration and Air Conditioning Engineers – ASHRAE.Procedures for Commercial Building
Energy Audits. Estados Unidos: 2ª edição, 2011.

Agência Nacional de Energia Elétrica. Guia de M&V. Brasília: 1ª edição, 2013.

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______. Instrução Normativa nº 2, de 4 de junho de 2014. Secretária de Logística eTecnologia da Informação do Ministério
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_______. Guia Técnico: Gestão Energética. Rio de Janeiro: Eletrobras, 2005.

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urbanismo/disciplinas/aut0262/Af_ Apostila _ Conceitos _ e _Projetos.pdf; acesso em: 23/6/2015>
CRÉDITOS

Fotos:

Depositphotos

Acervo Itaipu Binacional

Acervo Município de Araras

Acervo Eletrobrás

UFPel: Katia Helena Dias/CCS UFPel


CONTATOS

Para mais informações:

Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental - SMCQ

Departamento de Mudanças Climáticas - DEMC

Edifício Marie Prendi Cruz, SEPN 505 norte


Bloco B, sala 202, 2º andar | CEP - CEP- 70730-542

Telefone: (61) 2028.2280

www.mma.gov.br

Atendimento ao Cidadão

(61) 2028 2228

sic@mma.gov.br
Publicado pelo ProjetoTransformação do Mercado
de Eficiência Energética no Brasil - BRA/09/G31

Tiragem: XX unidades

Impressão: Gráfica

© Ministério do Meio Ambiente 2015


Impresso no Brasil

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