Você está na página 1de 9

1

DIREITO CIVIL

DIREITO CIVIL PONTO 1: Modalidades das Obrigações

1. Modalidades das Obrigações

1. Classificação das relações obrigacionais quanto ao vínculo:

Quando se analisa a classificação quanto ao vínculo busca a observância de ocorrência


ou inocorrência de sanção, que poderão ser: Morais, Naturais ou Cíveis, das quais interessam
para o direito as Obrigações Naturais.

As obrigações morais não têm previsão de sanção jurídica, e cumprida se quiser pelas
partes (Ex.: dizer bom dia).

As obrigações naturais são consideradas insancionáveis (não há previsão de sanção),


mas com previsão jurídica (ex.: obrigações prescritas; dívidas de jogo; etc.). São consideradas
também, irrepetíveis, não passíveis de repetição de indébito.

Entretanto, a caducidade (cujo prazo incidente era decadencial) o pagamento feito é


indevido, sujeito a repetição de indébito, portanto, não se considera uma obrigação natural.

As obrigações cíveis, não trazem nenhuma exceção, são sancionáveis e repetíveis.

2. Classificação das relações obrigacionais quanto ao objeto:

Quando se analisa a classificação quanto ao vínculo busca a observância de sua


prestação.

Se observa três possibilidades: obrigação de Dar e Fazer (obrigações positivas) e Não


fazer (obrigação negativa).

A obrigação de dar implica em dar coisa certa, coisa incerta, restituir, contribuir, solver
dívida pecuniária.

As obrigações de fazer se subdividem em pura/seguida de tradição e


personalíssimas/não personalíssimas.
2

DIREITO CIVIL

►Obrigação de dar:
Toda obrigação de dar implica na entrega da coisa, sem exceção.

Subdivisão:
- Coisa certa: coisa infungível e insubstituível. Ex: carro tal, modelo tal, ano tal.
Arts. 2341, 2352 e 2363 do CC analisam a perda e a culpa do devedor. Havendo culpa
sempre haverá perdas e danos.

- Coisa incerta: dar coisa fungível, passível de substituição. Ex: 50 garrafas minerais da marca
tal.
Arts. 2454 e 2465, CC – Instituto da concentração (ciência do credor) – antes da
concentração lei aplicável é da coisa incerta. Neste momento, não há que se falar em perdas e
danos. Depois da concentração, aplica-se a lei da coisa certa. Pode-se falar em perdas e danos.

- Restituir: dar no sentido de devolver. Típico dos contratos de locação, comodato, depósito,
mútuo. Obrigação típica vinculada a tributária – Imposto de Renda (restitui a União).
Se a obrigação é restituição coisa infungível – ação terá natureza reivindicatória.
Se a obrigação for restituir coisa fungível (mútuo) – ação terá natureza indenizatória.

- Contribuir: por ex: relações condominiais, nas quais há contribuições para manutenção do
prédio.
Tem por fonte contrato ou por lei.

1 Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição
suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e
mais perdas e danos.

2 Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu
preço o valor que perdeu.

3 Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a
reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
4 Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. – Nos termos desse artigo, a lei aplicável é a
lei da coisa incerta, e depois da concentração, vigora a lei de coisa certa.

5 Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
Antes da concentração não se pode alegar perda e deterioração, após da concentração sim, pode-se falar em perda ou deterioração,
comumente utilizada em objetos que sofram oscilação, ex.: animais, grãos, etc.
3

DIREITO CIVIL
- Solver dívida pecuniária: Orlando Gomes questiona se “toda relação obrigacional é
passível de valoração econômica?” Sim, toda ela pode se converter em indenização por perdas
e danos.

►Obrigação de fazer:
Também chamadas de obrigações positivas.

As obrigações de fazer implicam necessariamente em uma conduta.

Pode ser só uma conduta e pode ser uma conduta seguida de tradição.

Algumas obrigações de fazer se esgotam apenas com a realização da conduta são as


obrigações de fazer pura. Ex: aula, palestra e show.

Por outro lado, tem obrigações de fazer seguida de tradição, são aquelas que, além
da conduta, exigem a entrega. Não há duas obrigações, há uma obrigação de fazer com
subseqüente tradição. Ex: costureira (faz o vestido e o entrega), cozinheira.

E podem ser também a obrigação de fazer personalíssima e não personalíssima, que


leva em conta a pessoa do devedor.

A regra é que seja não personalíssima, ou seja, qualquer pessoa, com a mínima técnica,
terá condições de implementá-la.

Só serão consideradas personalíssimas em dois casos: se estiverem expressamente no


contrato, com cláusula impondo caráter personalíssimo; ou se a natureza da obrigação enseja o
caráter personalíssimo.

►Obrigação de não fazer:


Chamadas obrigações negativas, pois consistem em uma abstenção da conduta, numa
omissão.
4

DIREITO CIVIL
Ex: contrato emissora televisão com cláusula que não pode ceder imagem para outras
emissoras. Contrato locação que define não poder ter animais de estimação. Cheque pré-
datado – o estabelecimento tem obrigação de não cobrar antes do prazo.

No processo civil:
DAR FAZER NÃO FAZER
Natureza jurídica da obrigação: Positiva Positiva Negativa
CPC – provas Positiva Positiva Positiva
Ônus Relação jurídica Credor Credor Credor
Ônus dano (inadimplemento) Devedor Devedor Credor

3. Classificação das obrigações quanto a pluralidade de objetos (prestações):


Há neste sentido uma divisão quanto as prestações, podendo ser Cumulativas;
Alternativas ou Facultativas, cujos modelos são:

- Cumulativas: A + B

- Alternativas: A OU B

- Facultativas: A ou equivalente

As cumulativas (ou conjuntivas) as prestações são fixadas no contrato e o


adimplemento se dará quando todas as obrigações forem cumpridas. Ex.: aluno da graduação
precisa, para ser aprovado, de média e a freqüência, são duas prestações cumulativas.

Já nas Alternativas (ou disjuntivas), são estabelecidas no contrato dois tipos de


obrigação cujo cumprimento de uma das obrigações contratuais configurará seu
adimplemento. Em regra a escolha será feita pelo devedor. Porém, pode-se estabelecer a
escolha ao próprio credor. Também poderá ficar a cargo de um terceiro a escolha.

Há quem diga que essas obrigações gerem alguma insegurança.

As Obrigações Facultativas não estão previstas em lei, tem natureza doutrinária. Há


uma prestação A prevista e uma faculdade de cumprimento, com prestação não prevista
contratualmente.
5

DIREITO CIVIL
Ex.: compra de um apartamento na planta e junto do contrato de promessa de compra
e venda há um memorial descritivo estabelecendo o tipo de porcelanato utilizado de marca tal,
tipo tal ou equivalente – o conceito de “equivalente” para o construtor, entretanto, pode não
ser o mesmo para o comprador, o que atribui uma insegurança, que poderá gerar grande
número de demanda.

As prestações não estão definidas: A ou objeto equivalente, ainda que limitado, por
exemplo, a marca a ser utilizada.

Há uma regra prevista no art. 3136, CC. Mas a rigidez desse artigo é mitigada pelas
obrigações alternativas e facultativas.

Dação em Pagamento: Art. 3567, CC. Esse artigo se assemelha com o intuito das
Obrigações facultativas.

Nos dois casos (dois artigos) o intuito é o mesmo – flexibilizar o art. 313, CC, sendo
necessário o consentimento do credor. Mas o que muda é que nas obrigações facultativas o
consentimento do credor se dá no ato da contratação (possibilidade de cumprir com objeto
diferente) e na dação em pagamento o consentimento se dará no ato do pagamento.

Por isso que as obrigações facultativas têm natureza constitutiva; e a dação em


pagamento tem natureza extintiva.

4. Classificação quanto aos elementos acidentais (acessórios):

Podem ser classificadas em:

- obrigações condicionais:
- obrigações a termo;
- obrigações modais.

6 Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

7 Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.
6

DIREITO CIVIL
Art. 104, CC:

Plano da Existência Plano da Validade Plano da Eficácia

Capaz
Agente *Incapazes são sujeitos de direitos,
restrito a ocorrência de representação
ou assistência

Objeto Lícito, Possível,


Determinável

Prescrita ou não defesa em


Forma lei

*regra é a liberdade de forma

Manifestação de Vontade Sem vícios


*erro, dolo, coação, etc.

EXISTENCIA VALIDADE EFICÁCIA

* Elementos Estruturais * Requisitos dos Elementos * Elementos Acidentais


Estruturais
- Existente -Eficaz
- Inexistente - Validade – art. 104
-Ineficaz: Encargo Suspensivo;
- Nulidade – art. 166 e 167 Termo inicial Futuro;
Condição Suspensiva;
- Anuláveis – art. 171
- Ineficaz (ex tunc)

- (ex nunc) Eficaz até


declaração e Ineficaz a partir
de então;

No plano da existência analisamos os elementos estruturais do negócio (agente,


negócio, forma e manifestação de vontade).

Temos duas possibilidades: o negócio existe ou não. Caso existam, estão aptos para o
plano da validade, no qual se analisam os requisitos.
7

DIREITO CIVIL
Há três possibilidades: ser válido (art. 1048, CC), nulo (arts. 1669 e 16710, CC) e
anulável (art. 17111, CC). No plano da eficácia analisamos os elementos acidentais.

 Obrigação Condicional:

Sempre que observada uma obrigação condicional, deve-se ligar a uma circunstância futura
e incerta.

Pode ser Suspensiva (Efeitos a partir da condição - suspende os efeitos, ex.: Doação
de carro condicionada a condição de passar num concurso) ou Resolutiva (produz Efeitos até
a condição, se resolve com o implemento da condição – ex.: um contrato de comodato até a
pessoa passar num concurso, depois converterá em locação).

Exemplos:
- Compra e venda com cláusula de retrovenda - Art. 50512, CC. Se a compra e
venda já ocorreu, estará produzindo efeitos e, na retrovenda, o contrato se resolve
(propriedade resolúvel) se não ocorrer a manifestação pela retrovenda o imóvel deixará de ser
resolúvel, passando a ser pleno. – Condição Resolutiva, podendo a qualquer momento ser
extinta.

8 Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

9 Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

10 Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.

11 Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.

12 Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos,
restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com
a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.
8

DIREITO CIVIL
- Doação com cláusula de retorno/regresso/reversão – Art. 54713: (caso a pessoa
morrer, o bem retorna para o doador). Caso a pessoa morra, o bem retorna para o doador – o
elemento condicionante é a morte do donatário antes da morte do doador - Condição
Resolutiva.

- Venda a contento – Art 50914: condição suspensiva que se implementa com


“contentamento” do comprador. Ex.: enólogo que quer comprar vinho, ao experimentar
poderá decidir pela compra ou não.

→ Há exceção do artigo 4915, CDC – caráter da condição é resolutiva, devido ao fato de ser
feita a compra fora do estabelecimento comercial. Ex.: compra pela TV com entrega a
domicílio o descontentamento/ desistência será Condição Resolutiva.

Exemplos:
- Compra e venda com reserva de domínio - Art. 52116, CC: Será transferida
somente a posse. Condição suspensiva. Ex: compra carro na concessionária através de um
parcelamento direto com a concessionária. Leva o carro e o parcelamento, caso não pague as
parcelas o carro é devolvido. A posse do veículo é do comprador, mas o domínio ainda não,
pois é da concessionária.

- Compra e venda mediante alienação fiduciária em garantia: (usado para garantia


de aquisição de bens). Ex.: há transferência do domínio da concessionária para o comprador,
porém é alienado ao Banco e se quer retomá-lo – Condição resolutiva.

 Obrigação a Termo:
Sempre que observada uma obrigação a termo, deve-se ligar a uma circunstancia futura
e certa; O termo será marcado pelo início (die a quo) e pelo final (die ad quem).

13Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário. Parágrafo único. Não
prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.

14 Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido
entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.
15 Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do
produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio.

16 Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.
9

DIREITO CIVIL

Será certo quando o seu acontecimento e classificado como certo e incerto quanto ao
momento (determinado ou indeterminado). Ex: morte – é um termo (vai acontecer) é certo.
Porém é um termo incerto (não se sabe quanto).

 Obrigações Modais:
Sempre que observada uma obrigação modal, deve-se ligar a um ônus.

Cumprir com a circunstancia previamente contratada:


- depende só do agente = encargo;
- depende de circunstância aleatória, alheia a vontade do agente = condição.

O encargo pode ter caráter suspensivo ou resolutivo como nas condições.

Você também pode gostar