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fevereiro/2020

Ecoeficiência e Tecnologias Limpas


Proposta Técnica Nº 0619/2019
Relatório técnico Nº 0105/2020

Projeto Solar Off Grid

Rua São Francisco Xavier, 601 Maracanã – Rio de Janeiro/RJ


Projeto Solar Off Grid

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 4

2. OBJETIVO .................................................................................................... 4

3. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 4

4. METODOLODIA ........................................................................................... 7

4.1 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO ................................................................ 8

4.2 Aparato experimental em corrente alternada .......................................... 10

4.3 Aparato experimental operando em corrente contínua .......................... 11

4.3.1 Sistema convencional............................................................................... 11

4.3.2 Sistema multiplicador de energia (MdE).................................................. 12

4.4 DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS PARA O


SISTEMA DE CORRENTE CONTÍNUA UTILIZANDO ARDUINO ........................... 13

4.4.1 Calibração do Sketch e dos sensores ..................................................... 16

4.5 Ensaios ...................................................................................................... 17

4.5.1 Ensaios com corrente alternada (gerador) .............................................. 18

4.5.2 Ensaios com corrente contínua (painéis fotovoltaicos) ......................... 18

4.6 Tratamento estatístico .............................................................................. 19

5. RESULTADOS E CONCLUSÃO ................................................................ 20

5.1 Análise termográfica ................................................................................. 20

5.2 Sistema em corrente alternada (gerador) ................................................ 21

5.2.1 balanço energético sistema de corrente alternada................................. 21

5.2.2 Análise estatística do sistema de corrente alternada............................. 22

5.3 Sistema corrente contínua solar .............................................................. 25

5.3.1 Balanço energético ................................................................................... 25

5.3.1.1 Determinação do Soc do banco de baterias ........................................ 26

5.3.2 Capacidade de recarga da bateria ........................................................... 27

5.3.3 Análise estatística do sistema de corrente contínua solar .................... 28

6. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 30

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7 COOPERAÇÃO TÉCNICA ......................................................................... 30

7. ANEXO ....................................................................................................... 32

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Projeto Solar Off Grid

1. INTRODUÇÃO

A geração de energia por meio da conversão fotovoltaica solar é bem difundida e


pode ser dividida em dois sistemas on-grid (ligada a rede elétrica) e off-grid (isolada da
rede elétrica). A baixa taxa de conversão energética de sistemas fotovoltaicos requerem
grandes espaços para a sua instalação. A busca por soluções que reduzam o espaço
necessário para a instalação de painéis fotovoltaicos é um dos desafios relevantes da
tecnologia. Este relatório apresenta os resultados dos testes de eficiência de um sistema
híbrido de geração energética, com a integração de um sistema de geração estacionária,
à combustível fóssil, e um sistema fotovoltaico, associados a um banco de baterias.
O dispositivo multiplicador de energia (MdE), equipamento idealizado pelo
inventor Sr. José Eduardo Muait Jardim, trouxe como proposta a maximização da
produção de energia. Desse modo, o dispositivo foi testado nos sistemas de corrente
alternada, bem como, o solar de corrente contínua.

2. OBJETIVO

A presente proposta contempla uma consultoria técnica para o desenvolvimento


de um protótipo de gerador de energia que usa como princípio e integração e otimização
de energia fotovoltaica e gerador estacionário de energia, visando a maximização da
produção de energia.

3. REVISÃO DA LITERATURA

A geração de energia por sistemas menores foi amplamente incentivado no Brasil


com legislações recentes, motivando pequenos consumidores de autoproduzirem a
energia que consumiriam. A Resolução 482/2012 da ANEEL possibilitou a incorporação

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de pequenas usinas de geração de energia na rede, conhecidas por micro e mini


geração, com a adoção de um sistema de compensação, ou seja, o que não é consumido
na Unidade Consumidora é exportado para rede. O Sistema Interligado Nacional (SIN),
portanto, acaba funcionando no lugar da bateria para “armazenar” a energia produzida.
Entretanto, há uma recente discussão sobre o subsídios por parte destes geradores, uma
vez que não há cobrança sobre o uso da rede, principalmente aquelas relacionadas às
taxas de transmissão e distribuição. Caso essa cobrança seja realizada a viabilidade
econômica destes tipos de usinas pode ser reduzido.
Este cenário possibilita alternativas como os sistemas off-grid que podem
armazenar energia através de baterias. Este sistema é vantajoso, uma vez que elimina
a dependência da rede e reduz a exposição ao risco do preço da energia, que pode ser
afetado em função de variáveis exógenas, como clima, atividade econômica, preço do
petróleo, dentre outros. Os sistemas off-grid, com armazenamento, também podem ser
interessantes para soluções onde o acesso à energia da rede é limitado, como em áreas
rurais, ou em situações de emergência.

Figura 1 - Padrão de Comportamento da Energia Fotovoltaica (SANI HASSAN, CIPCIGAN, et al., 2017)

Ainda, o investimento inicial é maior em comparação com sistema on grid, uma


vez que é necessário aquisição do sistema de armazenamento, além de necessitar de
uma reposição das baterias ao fim da sua vida útil, que normalmente é menor que a vida
útil do sistema de geração de energia. Os sistemas off-grid, principalmente os sistemas
fotovoltaicos, enfrentam desafios com relação a espaço físico para a geração. As células
comerciais, ditas de 1º geração, que são aquelas fabricadas com silício, possuem uma
eficiência máxima de 27,6%, como pode ser observado na Figura 1. Para tanto são

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necessários meios que maximizem a sua produção e que garantam uma maior vida útil
para as suas baterias.

Figura 2 - Panorama atual de células fotovoltaicas (NREL, 2020)

O gráfico da Figura 2 evidencia o panorama atual da eficiência de conversão


energética das células fotovoltaicas, como mencionado anteriormente. O controlador de
carga é uma dos principais componentes em um sistema fotovoltaico off-grid, permitindo
a maximização do aproveitamento da energia fotovoltaica gerada e para o controle de
carga/descarga do sistema de baterias., prevenindo a sobrecarga e o descarregamento
profundo. Uma das formas de maximizar o armazenamento da energia é a utilização de
Sistemas de Armazenamento de Energia Cinética, que tem como propósito acelerar um
volante de inércia, acumulando energia e na forma de energia cinética e devolvendo-a à
rede elétrica quando necessário. Esse sistema tem sido utilizado em diversas áreas
como o KERS (Kinetic Energy Recovering Systems) que é instalado em motores de
Fórmula 1. (EL-MANN, 2009).
O tipo de bateria mais comum utilizado para sistemas de energia renovável são o
tipo chumbo ácido, devido a sua maior confiança e eficiência de armazenamento (70%
e 90%) (AKBARI, BROWNE, et al., 2019). Entretanto o desgaste desses sistemas,
causado pela intermitência da energia renovável (JING, LAI, et al., 2019), por exemplo,

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pode reduzir em mais de 10% o armazenamento de energia ao longo da vida útil da


bateria (GBADEGESIN, SUN, et al., 2019), o que pode influenciar diretamente no custo
unitário de geração de energia (R$/kWh), em uma perspectiva de ciclo de vida. Existem
alguns sistemas inteligentes voltados para reduzir o estresse operacional de baterias
chumbo-ácido decorrentes de variáveis exógenas como flutuações de corrente, ciclo de
carga e descarga e temperatura, mantendo o nível de saúde da bateria por um tempo
mais longo. (JING, LAI, et al., 2019)
Considerando a dificuldade em desenvolver um sistema eficiente que possa
ampliar a geração de energia por metro quadrado e estender a vida útil da bateria
promovendo uma redução nas descargas profundas, faz parte deste projeto analisar a
efetividade da solução proposta, com base em uma análise de balanço energético do
sistema, que será detalhado a seguir.

4. METODOLODIA

Para avaliar a eficiência destes sistemas é importante realizar um balanço


energético que contempla a quantidade de energia gerada pelo sistema (fotovoltaico ou
a partir de gerador estacionário), a quantidade de energia armazenada/exportada de
energia e quantidade consumida pela fonte de consumo, conforme a Equação 1.

± = çã − (1)

Para tanto, foram propostos ensaios utilizando como fonte distintas de energia:
um gerador a combustível fóssil e o outro com painéis fotovoltaicos. No entanto, os
ensaios com os painéis fotovoltaicos foram testados utilizando o controlador de carga
como sistema convencional e o outro como sistema multiplicador de energia (MdE)
(invenção).

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4.1 CONSTRUÇÃO DO PROTÓTIPO

A tabela 1, apresenta a relação de materiais e equipamentos utilizados na


construção do protótipo solar móvel off grid. Vale ressaltar, que as lâmpadas (cargas
resistivas) foram estrategicamente dispostas na caretinha com o intuito de facilitar a
combinação de cargas (adição ou subtração de resistência) e monitorar a resposta do
sistema.

Tabela 1 – Inventário de materiais e equipamentos


Componente Quantidade Imagem

Placa solar 325 Wp 6

Bateria estacionária de
10
115 Ah

Gerador a combustível
1
fóssil de 3,5 kVA

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Controlador de carga
1
de 80 A

Inversor de frequência
2
5.000W

Lâmpada hológena de
18
500 W

Invenção (Multiplicador
1
de energia (MdE))

Carretinha reboque
gaiola 2 eixos 1
(ilustração)

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O protótipo foi construído com o apoio do Instituto Senai de Tecnologia Solda


Firjan Senai, fornecendo condições operacionais para o desenvolvimento e a construção
do protótipo solar off grid, bem como do espaço físico destinado aos ensaios com o
gerador de combustível fóssil e os ensaios solares. A carretinha pode ser observada na
Figura 3, tal como o conjunto de todos os componentes relacionados na montagem do
protótipo solar relacionados na Tabela 1.

Figura 3 – Montagem do sistema solar off grid na carretinha

4.2 APARATO EXPERIMENTAL EM CORRENTE ALTERNADA

A Figura 4 mostra o diagrama de fluxo de energia utilizado para ensaiar o sistema


em corrente alternada. O sistema consiste de uma fonte geradora, a invenção
denominada Multiplicador de energia (MdE), banco de baterias, inversores de frequência
e as lâmpadas (cargas), bem como o analisador de energia HIOKI PW3198 responsável
pelo monitoramento e armazenamento das informações.

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Figura 4 – Diagrama esquemático do sistema operando em corrente alternada

4.3 APARATO EXPERIMENTAL OPERANDO EM CORRENTE CONTÍNUA

O sistema funcional de ensaios em corrente contínua compartilha da mesma fonte


de energia (painéis fotovoltaicos) e baseia-se na operacionalização de um conjunto de
sub-sistemas correspondentes a geração, armazenamento e consumo de energia

4.3.1 SISTEMA CONVENCIONAL

O sistema convencional consiste de um conjunto solar off grid comercialmente


difundido composto por painéis fotovoltaicos, controlador de carga, banco de baterias,
inversores de frequência e carga resistiva, conforme Figura 5.

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Figura 5 – Diagrama do fluxo energético no Sistema convencional

4.3.2 SISTEMA MULTIPLICADOR DE ENERGIA (MDE)

A Figura 6 mostra o esquema do fluxo de energia no sistema multiplicador de


energia (MdE) um conjunto solar off grid comercialmente difundido composto por painéis
fotovoltaicos, controlador de carga, banco de baterias, inversores de frequência e carga
resistiva.

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Figura 6 – Diagrama do fluxo energético utilizando o multiplicador de energia (MdE)

4.4 DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS PARA


O SISTEMA DE CORRENTE CONTÍNUA UTILIZANDO ARDUINO

Para desenvolver o sistema de aquisição de dados foi utilizado a infraestrutura do


Instituto Senai de Tecnologia Automação e Simulação Firjan Senai, mais precisamente
do ambiente de fabricação digital FabLab, que cedeu as instalações, equipamentos e os
profissionais necessários ao desenvolvimento do sistema de aquisição de dados.
Ao contrário do sistema de corrente alternada que utiliza como fonte de energia
um gerador a combustível fóssil e monitora o fluxo energético através de um analisador
de energia CA (Corrente Alternada), fez-se necessário o desenvolvimento e construção
de um sistema de aquisição de dados que fosse capaz de monitorar e armazenar
informações de tensão e corrente contínua, bem como temperatura das baterias e do

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ambiente em que o sistema fotovoltaico estava operando. Além de monitorar os dados


energéticos, foi de suma importância o armazenamento dos dados que ocorreu através
de um cartão de memória, bem como um backup de segurança na memória de um
notebook conectado através da porta de alimentação do Arduino, conforme mostrado na
Figura 7.

Figura 7 – Sistema de aquisição de dados montado no protótipo solar off grid

O desenvolvimento do sistema de aquisição de dados foi baseado na plataforma


de computação de código aberto Arduino, com base em uma placa simples de
entrada/saída (input/output, ou I/O), assim como em um ambiente de desenvolvimento
que utiliza a linguagem C++. O Arduino pode ser utilizado para desenvolver objetos
interativos independentes, ou conectado diretamente ao computador. As placas podem
ser montadas manualmente, ou compradas pré-montadas juntamente com os módulos
e sensores.
Há várias opções de famílias de hardware Arduíno, entretanto foi escolhido o
Arduíno Mega 2560 para este projeto por apresentar recursos bem interessantes.
Baseada no microcontrolador ATmega2560, possui 54 pinos de entradas e saídas
digitais onde 15 destes podem ser utilizados como saídas PWM. Possui 16 entradas
analógicas, 4 portas de comunicação serial. Além da quantidade de pinos, esta placa
conta com maior quantidade de memória possibilitando executar códigos com maior
número de variáveis.

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A Tabela 2 apresenta de maneira ilustrativa as etapas de construção do sistema


de aquisição de dados.

Tabela 2 – Etapas do processo de construção do sistema de aquisição de dados

A B

C D

E F

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G H

Etapas do processo de confecção dos circuitos auxiliares dos sensores de tensão


e corrente:

A – Criação do Layout do circuito auxiliar dos sensores;


B – Transferência do layout a placa de cobreada;
C – Processo de corrosão da placa cobreada;
D – Limpeza da placa cobreada corroída;
E – Furação da placa corroída;
F – Fixação dos componentes eletrônicos nas placas;
G – Montagem do Arduíno, sensores e circuitos auxiliares em um caixa;
H – Ligação elétrica de todos os componentes;

4.4.1 CALIBRAÇÃO DO SKETCH E DOS SENSORES

O sistema de aquisição de dados foi projetado com base no hardware Arduino


Mega, bem como a escrita do código (Sketch). Para que os dados fossem interpretados
pelo Arduino, foram utilizados sensores de temperatura, tensão e corrente CA e CC.
Os sensores e o sketch foram calibrados com o auxílio de diversos instrumentos
para garantir maior precisão e confiabilidade dos dados amostrados conforme Figura 8.
Os equipamentos utilizados estão relacionados a seguir:

1 – Osciloscópio Hantek 200 MHz 2 canais;

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2 – Gerador de função de onda arbitrária de duplo canal JDS6600 DDS;


3 – Multímetro de precisão HP;
4 – Multímetro digital multifunção minipa;
5 – Câmera termográfica flir T440;
6 – Testador de bateria Hioki BT3554;
7 – Analisador de energia Hioki PW3198;
8 – Probes de corrente e tensão CA para o analisador Hioki;

Figura 8 – Equipamentos utilizados na calibração do sistema de aquisição de dados

4.5 ENSAIOS

Os ensaios propostos foram divididos em corrente alternada (gerador) e corrente


contínua (fotovoltaica), pois utilizam fontes distintas de energia.

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4.5.1 ENSAIOS COM CORRENTE ALTERNADA (GERADOR)

Os ensaios de corrente alternada ocorreram entre os dias 03 a 05/10/2019 com


duração de 4 horas cada, tendo como variante a adição de cargas. As informações dos
ensaios podem ser observados na Tabela 3.

Tabela 3 – Ensaios com cargas diferentes para o sistema de corrente alternada (gerador)
Data Ensaio Carga (W) Duração (h)
03/10 1 1000 4
05/10 2 1500 4
04/10 3 2000 4

4.5.2 ENSAIOS COM CORRENTE CONTÍNUA (PAINÉIS FOTOVOLTAICOS)

Para a realização destes ensaios, em especial, foi necessário que o dia


apresentasse baixa nebulosidade nos dois períodos. Tendo isso em vista, os ensaios
ocorreram no dia 15/01/2020, condição de céu limpo (sem nuvens). O sistema com o
multiplicador de energia (MdE) foi ensaiado no período da manhã, enquanto que o teste
do sistema convencional foi acionado no período da tarde. A Tabela 4, apresenta a data,
a carga utilizada, bem como a duração dos ensaios.

Tabela 4 – Ensaios com sistemas convencional e com o multiplicador de energia (MdE)


Data Ensaio Carga (W) Duração (h)
15/01/2020 Multiplicador de
1000 3
energia (MdE)
15/01/2020 Convencional 1000 3

A troca do sistema convencional com o sistema multiplicador de energia (MdE) se


deu através de uma tomada industrial que proporcionou a rápida e segura substituição
de um sistema para outro, ilustração da tomada pode ser observada na Figura 9.

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Figura 9 – Tomada industrial sobrepor + plug macho 3p+T de 32A

4.6 TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Para melhor avaliar os resultados, foram utilizados testes estatísticos descritivos


e pareados, mantendo-se a confiabilidade estatística de 95% (bicaudal). Para tanto,
utilizou-se o software Unscrambler X (Versão 10.5.1, Camo Software), empregando-se
adicionalmente Análises de Componentes Principais (PCA), com transformação de
dados pela razão 1/Desvio Padrão, no modo cross validation.
As medições foram tomadas em intervalos de tempo de 60 s nas avaliações em
corrente alternada, bem como de 2 - 3 s nos ensaios em corrente contínua, obtidos pelos
sistemas construídos neste projeto.

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5. RESULTADOS E CONCLUSÃO

5.1 ANÁLISE TERMOGRÁFICA

Em ambientes não controlados é necessário uma técnica não invasiva para a


análise de equipamentos ou processo para identificar pontos de aquecimento. A Figura
10 mostra que o topo do banco de baterias apresenta temperatura de 49,1ºC e segundo
o fabricante das baterias quanto maior a temperatura menor será a tensão de flutuação
(tensão acima da tensão de circuito aberto, estabelecida para elemento carregado,
acrescida apenas do necessário para compensar as perdas por autodescarga, mantendo
o elemento carregado), ou seja a tensão inicial considerada como 100% carregada está
em 12,77V, conforme mostrado na Tabela 5.

Figura 10 – Termografia das baterias

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Tabela 5 – Influência da temperatura na tensão de flutuação

5.2 SISTEMA EM CORRENTE ALTERNADA (GERADOR)

5.2.1 BALANÇO ENERGÉTICO SISTEMA DE CORRENTE ALTERNADA

Na Tabela 6, são apresentados os resultados dos ensaios realizados com


diferentes cargas em ensaios de 4 horas de duração cada. Para o cálculo da eficiência
na geração de energia foram consideradas a quantidade de energia gerada pelo gerador,
energia fornecida pelas baterias e consumo das cargas. O 2º ensaio apresentou os
melhores resultados de eficiência, resultando em 248%.

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Tabela 6 – Ensaios com gerador a combustível fóssil


Geração AC Fornecimento Consumo total
Ensaios (4 horas
do gerador da bateria do inversor + Total Wh Eficiência %
de duração)
(Wh) (Wh) Lâmpadas (Wh)
1º Ensaio
2.963,90 8,64 3.267,80 3.259,16 110%
1.000W
2º Ensaio
1.581,00 86,40 4.012,90 3.926,50 248%
1.500W
3º Ensaio
2.722,50 108,00 6.325,80 6.217,80 228%
2.000W

5.2.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DO SISTEMA DE CORRENTE ALTERNADA

Para corroborar com tal afirmação foram utilizadas três potenciais, com a mesma
tensão (± 110 V), e os resultados (Tabela 7) apontam para a possível existência de faixas
ótimas de operação (com demanda por otimização), uma vez que os parâmetros
medidos foram notadamente distintos entre si. Em particular para o gerador, destaca-se
o valor elevado de desvio padrão nas medições de corrente e potência.

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Tabela 7 - Valores estatísticos das séries de dados, obtidos por análise descritiva simples, nos ensaios
em corrente alternada com o sistema multiplicador de energia (MdE).
Desvio Desvio
Medida Parâmetro Potencia (W) Media Mediana
Padrão Padrão (%)
1000 109,88 109,89 0,06 0,06

Tensão Média 1500 110,16 110,17 0,11 0,10

2000 109,96 109,96 0,08 0,07

1000 9,16 9,10 1,16 12,63

Gerador Potencia Média 1500 5,73 5,45 1,46 25,56

2000 8,30 8,07 1,41 16,98

1000 747,52 739,00 103,22 13,81

Corrente Média 1500 440,22 410,00 131,46 29,86

2000 674,14 656,50 122,54 18,18

1000 111,87 111,87 0,09 0,08

Tensão Média 1500 111,53 111,53 0,11 0,10

2000 111,54 111,46 0,32 0,29

1000 7,39 7,39 0,12 1,68

Carga Potencia Média 1500 10,06 10,07 0,16 1,58

2000 14,08 14,08 0,20 1,39

1000 825,46 825,00 13,96 1,69

Corrente Média 1500 1120,98 1121,00 17,77 1,59

2000 1569,92 1570,00 22,93 1,46

A Tabela 7 ilustram o comportamento da corrente e potência média para o


gerador, enquanto o gráfico da Figura 11 complementam a informação para a carga do
sistema, ilustrando que, no caso do gerador, as diferenças são menos perceptíveis.
Contudo, mantendo-se a mesma confiabilidade estatística de 95% (em testes t
pareados), os dados são estatisticamente distintos, apontando que a potência interfere
sobre o desempenho, e deve ser considerada futuramente para a implementação desse
tipo de sistema e validação dos parâmetros de operação.

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Corroborando essas conclusões, a Análise PCA enquanto importante ferramenta


de compilação de dados e redução de complexidade em sistemas com muitas variáveis
e/ou leituras (como neste caso), atribui a cada potência de operação um perfil distinto.
Os dois primeiros componentes (Figura 11) foram capazes de explicar 86% dos dados
(valor satisfatório por indicar que a análise é estatisticamente robusta), gerando
agrupamentos (destacados em cor) de acordo com a potência de operação.
Dessa forma, e por simplificação, pode-se concluir que o sistema se comporta de
forma distinta (uma vez que são visíveis três agrupamentos), e este apontamento pode,
em futuros ensaios, indicar diferentes aplicações e, mesmo, faixas ótimas de operação
a serem futuramente exploradas.

Potências:

Figura 11 - Resultado da análise PCA para os ensaios em corrente alternada, indicando apenas os dois
primeiros componentes.

Embora não sejam exaustivas, as análises e conclusões aqui destacadas ilustram


que o comportamento do sistema, sobretudo em relação a tensão monitorada nos
ensaios, foi distinta estatisticamente, seja entre os sistemas multiplicador de energia
(MdE) e convencional no caso de corrente contínua, seja entre os diferentes níveis de
potência nos ensaios com corrente alternada.

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5.3 SISTEMA CORRENTE CONTÍNUA SOLAR

5.3.1 BALANÇO ENERGÉTICO

O balanço energético consistiu na medição da energia gerada e da energia


consumida pelo sistema, bem como a contribuição do sistema de armazenamento para
este balanço.
Na Figura 12, observa-se que a quantidade de energia gerada é inferior a energia
consumida pela carga gerando um déficit de 64,53%, fazendo com que o banco de
baterias fornecesse o equivalente a pouco mais que a energia de 1 bateria (1.380W).

Figura 12 – Balanço energético do sistema convencional

Entretanto na Figura 13, observa-se um comportamento contrário ao sistema


convencional, gerando cerca de 2.905W o que corresponde a 126,25% do sistema, tendo
uma energia excedente de 604,10W, ou seja gerando mais do que consome. Vale
ressaltar, que a carga utilizada foi de 1000W equivalente a duas lâmpadas halógenas de
500W.

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Figura 13 – Balanço energético do sistema multiplicador de energia (MdE)

5.3.1.1 DETERMINAÇÃO DO SOC DO BANCO DE BATERIAS

É definido como sendo o percentual de energia armazenada em relação à bateria


completamente carregada. O estado de carga aumenta quando a bateria é carregada e
diminui quando ela é descarregada. Esse parâmetro é importante para se definir os ciclos
de carga e a quantidade de energia remanescente na bateria que pode ser utilizada. O
SOC normalmente é usado para monitoramento da bateria.
Os diversos métodos matemáticos para estimação de Soc são classificados de
acordo com a metodologia empregada. Neste caso foi utilizado o estado de carga
interativo para determinar o SoC (estado de carga) da bateria, a solução para a
estimação do SoC interativo reside em um método misto que utiliza a tensão terminal de
circuito aberto, juntamente com o método de integração da corrente injetada ou drenada
da bateria. O método pode ser resumido pela equação (2).

= ∗ 100%
á

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= estado inicial, expressa em volts (V).


= corrente injetada ou drenada, expressa em ampére (A).
Capacidade máxima do banco de baterias, expressa em Ah.

A análise levou em consideração a tensão inicial, a capacidade máxima do banco


de baterias e a corrente drenada para obter o percentual de energia que foi consumida
pela carga em comparação com sua capacidade de armazenamento pelo banco de
baterias, o valor correspondente a esse consumo foi de aproximadamente 20%.
Utilizando a equação 2 para obter a quantidade de energia injetada e considerado
a máxima tensão fornecida pelo MdE para o banco de baterias, verificou-se que houve
a acréscimo de 10% (239,99 Wh) de energia oriunda do MdE, não levando em
consideração o balanço energético do que foi gerado pelo painéis fotovoltaicos e
consumido pela carga.

5.3.2 CAPACIDADE DE RECARGA DA BATERIA

Analisando a capacidade de aumento da tensão no banco de baterias, foi


comparado o sistema convencional com o sistema utilizando o multiplicador de energia
(MdE), considerando os pontos com maior acréscimo de tensão, o sistema convencional
aumentou 0,392% e o multiplicador de energia (MdE) 8,692% o que equivale a 0,05V e
1,11V respectivamente, lembrando que a bateria estacionária apresentou tensão inicial
de 12,77V influenciada pela temperatura externa. Comparando o sistema convencional,
acoplado â energia solar em relação ao sistema empregando o dispositivo multiplicador
de energia (MdE), obteve-se um aumento de 2.220% na capacidade de carregamento
do banco de bateria, evidenciando a maximização do aproveitamento energético,
conforme apresentado na Tabela 8.

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Tabela 8 – Aumento de tensão no banco de baterias


Tensão inicial Tensão
Incremento (V) Incremento (%)
(V) máxima (V)
Controlador de
12,77 12,72 - 0,05 0,392
carga
Multiplicador
de energia
12,77 13,88 1,11 8,692
(MdE)
(invenção)

5.3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA DO SISTEMA DE CORRENTE CONTÍNUA SOLAR

Considerando os ensaios realizados, optou-se por fazer análise pareada dos


dados, com confiabilidade de 95% (valor p< 0.05), considerando as séries como
comparáveis entre si.
A avaliação estatística básica (Tabela 9) indicou que as médias e variâncias entre
as séries são distintas, com destaque para o sistema “Convencional”, cuja variância e
desvio padrão são superiores, estatisticamente.

Tabela 9 - Valores estatísticos das séries de dados, obtidos por análise descritiva simples, nos ensaios
em corrente contínua.
Multiplicador de energia
Convencional
(MdE)
Corrente Tensão Corrente Tensão
Média 35,7 38,1 12,3 37,5

Mediana 37,2 38,3 6,8 41,3


Desvio padrão 3,9 1,2 13,7 9,0
Variância 15,4 1,5 187,4 80,5

N amostral 7694

Pela configuração dos dados, compreendeu-se que os valores somatórios de


corrente e a tensão média dos sistemas poderiam ser vistas como a variável resposta
dos demais parâmetros, servindo como forma de avaliação dos dados. A variação da

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tensão e corrente se dá pelo fato dos painéis fotovoltaicos estarem dispostos em ângulos
diferentes fazendo com que o desvio padrão e a variância nos dois sistemas
apresentassem valores maiores.
Assim, e mantendo-se a mesma confiabilidade estatística, executou-se um teste t
pareado que obteve valores de p (avaliação bicaudal) inferiores a 0.05, apontando que
os dados são estatisticamente distintos, ou seja, indicando que os sistemas analisados
possuem comportamento distinto. Importante destacar que essa avaliação estatística
empregando avaliações pareadas costuma ser empregada sempre que o conhecimento
sobre os dados, ou sua origem, são escassos ou desconhecida, respectivamente.
Adicionalmente, os gráficos 1 e 2 apresentam o comportamento das variáveis
tensões e correntes oriundas dos painéis fotovoltaicos em comparação com os dois
sistemas. Em complemento, o gráfico 3 faz uso dos mesmos dados para indicar que,
com o prosseguimento do ensaio, e entendendo-se que o comportamento dos sistemas
se mantem constante (indicativo a partir da amostragem), a bateria tenderia a
descarregar por completo no sistema convencional, enquanto que no sistema
multiplicador de energia (MdE) a tensão da bateria se manteria constante.

Sugestões de Trabalhos futuros

As sugestões visam o melhoramento e aperfeiçoamento da tecnologia solar off


grid e podem ser pontuadas da seguinte forma:

- Variar as cargas em valores superiores a 2000W para o sistema de corrente


alternada;
- Variar as cargas em valores superiores a 1000W para o sistema de corrente
contínua;
- Repetir os ensaios para cada carga fixada;
- Realizar ensaios adotando mais variáveis para análise do mecanismo de
carregamento e descarregamento do banco de baterias utilizando o sistema (MdE);

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6. REFERÊNCIAS

EL-MANN, M. Sistema Armazenador De Energia Cinética − Saec Implementação


Experimental. 2009. 99 f. UFRJ/COPPE, 2009.

GBADEGESIN, A. O., SUN, Y., NWULU, N. I. Techno-economic analysis of storage


degradation effect on levelised cost of hybrid energy storage systems. Sustainable Energy
Technologies and Assessments. [S.l: s.n.]. , 2019

NREL. Best Research-Cell Efficiency Chart. . [S.l: s.n.]. , 2020

SANI HASSAN, A., CIPCIGAN, L., JENKINS, N. Optimal battery storage operation for PV
systems with tariff incentives. Applied Energy. [S.l: s.n.]. , 2017

7 COOPERAÇÃO TÉCNICA

Instituto Senai de Tecnologia SOLDA


Instituto Senai de Tecnologia AUTOMAÇÃO E SIMULAÇÃO

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COORDENAÇÃO DE TECNOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL:


Karine Atayde Mahon Rossi

Revisão:
Caio Porciuncula
Giovanni Bressiani Pedroso

RESPONSÁVEIS PELA EXCECUÇÃO DO PROJETO:


Ricardo de Oliveira Bicudo – Engenheiro Eletricista
Anderson Luiz Soares Pereira – Engenheiro Mecânico

RESPONSÁVEIS PELAS MEDIÇÕES:


Ricardo de Oliveira Bicudo – Engenheiro Eletricista
Anderson Luiz Soares Pereira – Engenheiro Mecânico

RESPONSÁVEL TÉCNICO PELO RELATÓRIO:


Ricardo de Oliveira Bicudo – Engenheiro Eletricista

Rio de Janeiro, 04 de Fevereiro de 2020.

______________________________________________
Ricardo de Oliveira Bicudo – CREA-RJ 2016109921
Engenheiro Eletricista

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7. ANEXO

Gráfico 1 – Tensão e corrente com o multiplicador de energia (MdE)

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Gráfico 2 – Tensão e corrente do sistema convencional

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Gráfico 3 – Comparativo da tensão da bateria entre os sistemas solar convencional e com o multiplicador de energia (MdE)

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