O documento descreve o período entre 1848-1875 na Europa, marcado pelo triunfo do capitalismo industrial e da burguesia. As revoluções de 1848 trouxeram mudanças políticas temporárias, mas os regimes antigos foram restaurados. Entre 1848-1849, a burguesia aprendeu que poderia obter ganhos econômicos sem revolução. Isso levou a um período de estabilidade e crescimento, impulsionado pelo liberalismo econômico. No entanto, as desigualdades sociais cresceram, levando a agitações trabalhist
O documento descreve o período entre 1848-1875 na Europa, marcado pelo triunfo do capitalismo industrial e da burguesia. As revoluções de 1848 trouxeram mudanças políticas temporárias, mas os regimes antigos foram restaurados. Entre 1848-1849, a burguesia aprendeu que poderia obter ganhos econômicos sem revolução. Isso levou a um período de estabilidade e crescimento, impulsionado pelo liberalismo econômico. No entanto, as desigualdades sociais cresceram, levando a agitações trabalhist
O documento descreve o período entre 1848-1875 na Europa, marcado pelo triunfo do capitalismo industrial e da burguesia. As revoluções de 1848 trouxeram mudanças políticas temporárias, mas os regimes antigos foram restaurados. Entre 1848-1849, a burguesia aprendeu que poderia obter ganhos econômicos sem revolução. Isso levou a um período de estabilidade e crescimento, impulsionado pelo liberalismo econômico. No entanto, as desigualdades sociais cresceram, levando a agitações trabalhist
, mostra o que a Revolução Francesa trouxe para a Europa: ares de mudança. A
principal empresa dos governantes, principalmente dos monarcas, pós-1815 será de manter as estruturas consolidadas de seus países, o que quase sempre não aconteceu. Num segundo momento, tais dirigentes não irão se opor totalmente às revoluções, temerosos de terem o mesmo destino de Luís XVI. Ao contrário, irão apoiá-las; contudo, o farão com o intento de manterem no poder, mudando a forma de governar, mas não o governo em si. Esse capítulo aborda as Revoluções de 1830 e de 1848, que Hobsbawm divide em três ondas revolucionárias. A primeira eclodiu na Espanha, em Nápoles e na Grécia, principalmente. Na Espanha aboliu-se o absolutismo, incidindo sobre as colônias na América, que pouco a pouco pululavam em revoltas pela independência. Em Nápoles, igualmente aristocratas perderam importância e a burguesia adentrou com grande afluxo na máquina pública. Na Grécia, coube a libertação contra os turcos. A segunda onda refere-se ao continente europeu em quase toda a sua totalidade, bem como aos estadunidenses. Na França, resultou na abdicação forçada de Carlos X, da Casa de Bourbon, que atentou contra o liberalismo e buscou concentrar muito poder em si. A burguesia – já consolidada desde o início do século – Coroou Luís Felipe, um Orleans, liberal e aliado dos burgueses. Novamente a França encabeça e desencadeia mudanças: onde a tentativa de restaurar o absolutismo monárquico foi vislumbrada, rapidamente fracassou. A terceira e última onda diz respeito aos levantes de 1848, que na França resultaram na proclamação de uma república, exigida pelos burgueses industriais, movida pelos populares. Concomitante ou posteriormente, observou-se, direta ou indiretamente, agitações na Itália, estados germânicos, no Império dos Habsburgo, na Suíça, Espanha, Dinamarca, Romênia, Irlanda, Grécia e até a Grã- Bretanha. “O que em 1789 fora o levante de uma só nação era agora, assim parecia, “a primavera dos povos” de todo um continente.” (Hobsbawm: 2015, 8p. 183). O que é notável é como essas novas revoluções (de 1830 e 1848) foram intencionais e até mesmo planejadas. Não que a de 1789-1799 tivesse sido totalmente espontânea, mas a sociedade a posteriori, sobretudo a burguesia (em muitos casos aliada à nobreza), que agora é quem engendra e manipula as esferas governamentais, conhece o efeito que o levante popular causa e usa dessa experiência para expor, alterar e consolidar os itens de suas reinvenções. Porém, o que é comum a ambos movimentos é a ausência de participação popular na gerência; o povo, operários, lavradores, trabalhadores comuns do campo e da urbe, vem à baila apenas quando o levante “estoura”, sendo a força que a burguesia necessita. O CAPITAL INTRODUÇÃO A Era do Capital relata o período entre 1848 – 1875, começando pela Primavera do Povos e terminando com a Alemanha unificada, contudo sem deixar de analisar os componentes que interagem nesse ambiente (as cidades, o mundo burguês, a ciência, a religião, as artes, …). É o período em que o livre mercado capitalista, guiado pela mão invisível (descrita por Adam Smith 1723-1790) irá atingir seu esplendor, nas palavras de Hobsbawm: A história de nosso período (1848-1875) é, portanto, desigual. Ela é basicamente a do maciço avanço da economia capitalista industrial em escala mundial, da ordem social que ele representou, das ideias e credos que pareciam legitimá-lo e ratificá-lo: na razão, na ciência, no progresso e no liberalismo. É a burguesia triunfante, embora a burguesia ainda hesitasse em assumir a ordem política pública. Em uma Europa que havia superado as guerras napoleônicas e (praticamente) havia restaurado os governos autocráticos (após o Congresso de Viena 1814-1815) que antes haviam sido derrubados por Napoleão, 1848 era um ano de especial agitação. A revolução industrial havia modificado a estrutura social das cidades, a ascensão da burguesia impunha conflitos na partilha do poder. “Bastou” a fome assolar a França para que uma revolução tivesse início, depondo o rei (Luís Filipe I) e instituindo a República. Mais revoluções ocorreram em outros países da Europa, por motivos e motivações semelhantes, porém 18 meses após o início das revoltas, os regimes que foram outrora derrubados já haviam sido restaurados (com exceção da França que não tardaria a vivenciar um novo golpe, instituindo um novo imperador). Entre 1848 e 1849, os moderados liberais fizeram assim duas importantes descobertas na Europa ocidental: que a revolução era perigosa e que algumas de suas mais substanciais exigências (especialmente nos assuntos econômicos) poderiam ser atingidas sem ela. A burguesia deixara de ser uma forma revolucionária. Todavia algo havia mudado, os defensores da ordem social precisaram aprender a política do povo e essa foi a maior inovação trazida pelas revoluções de 1848. A partir dessas acomodações, o mundo europeu passaria por um longo período de calma (política) e prosperidade (econômica), que a menos de alguns percalços (depressão de 1857), duraria até 1873. É nesse período que os grandes impérios irão se consolidar (caso da Inglaterra) e que novos impérios irão aflorar (caso da Alemanha). O espraiamento da revolução industrial, avançando para uma onda de globalização (com grande desenvolvimento dos meios de transporte, de comunicação e do comercial, o que permitiu um fluxo nunca vista de mercadoria e pessoas), permitiria que nações atingissem graus de desenvolvimento nunca antes alcançados, porém também veria o aumento da desigualdade econômica entre pessoas de um mesmo país. Como Hobsbawm é um autor marxista sua predileção é dar mais ênfase aos eventos do que aos homens que, eventualmente, o conceberam e por esse motivo nota-se ao longo de todo o livro uma grande preocupação em informar o leitor sobre o cenário que constitui os anos pelos quais o livro passa. … a liberação da iniciativa privada, o motor que, todos concordam, promoveu o progresso da indústria. Nunca houve um consenso mais esmagador entre economistas ou políticos e administradores inteligentes no que toca à receita para o crescimento de sua época: o liberalismo econômico. Os governos haviam aprendido que grandes guerras e grandes revoluções andavam de mãos dadas na história, dessa forma, apesar de todo o liberalismo econômico, os governos evitaram ao máximo entrar em conflitos, evitando comportamentos belicosos. Muitos investimentos foram canalizados para o desenvolvimento de sistemas educacionais nacionais, promovendo o desenvolvimento cientifico, uma vez que se acreditava que o mundo era previsível e racional e o domínio da ciência significaria o domínio sobre os demais povos (sem guerra, mas com saber cientifico). Era um mundo regido pela teoria darwiniana da seleção natural, garantindo a sobrevivência do mais bem adaptado. Esse período vê medrar a consolidação dos Estados Unidos da América, após uma sangrenta guerra civil, como um forte candidato a jogador relevante no cenário mundial. A vida na Europa ocidental continuava a melhorar, mesmo para os pobres e um bom paralelo a tal condição era a produção de alimentos que crescia em múltiplos inéditos na história humana. A migração foi, também, uma grande marca desse período. Seja a migração para outros países como aconteceu da Europa para a América, que transformou a forma de trabalho na América (em especial com relação à escravidão), seja a migração do campo para a cidade que garantiu ganhos de produtividade consideráveis. Não tardou para que os empregadores buscassem formas que atrelassem os ganhos dos trabalhadores (salários) com uma maior produtividade, mesmo que isso implicasse níveis insuportáveis de trabalho. A submissão a tal condição era garantida pela grande oferta de mão de obra, contudo o autor não nota que Marx nada mais é do que um observador de tal espetáculo e como um observador inquieto tenta auferir conhecimento suficiente para construir um possível cenário futuro. Claro que Marx errará. Marx tenta resolver a mecânica da transição da sociedade pré-capitalista para a sociedade capitalista, com suas novas formas de operação e tendências de desenvolvimento futuro. A tautologia darwinista (“sobrevivência dos mais aptos”, sendo que a prova de “aptidão” era precisamente a sobrevivência), é entendida como uma tentativa de igualar superioridade com progresso, o que na ciência disparará as teorias mais estapafúrdias sobre a superioridade de alguns seres humanos em relação a outros. Não que isso fosse novo, pois basta lembrarmo-nos dos longos anos de escravidão, porém agora o mundo estava operando com homens livres e não mais mercadorias. É obvio que todo esse cenário de avanços econômicos, com crescimento das desigualdades sociais, não poderia perdurar eternamente e entre os anos de 1869 e 1873 diversas greves e agitações de trabalhadores assombraram a Europa. Marx e Engels, atentos observadores dos acontecimentos, contavam com uma revolução desde a curta depressão de 1857. As ideias de Marx teriam mais adesão nos países tidos como atrasados (com relação ao desenvolvimento industrial), em especial na Rússia (a venda da obra O Capital, pode ser um bom indicativo dessa maior adesão – na Alemanha levou cinco anos para serem vendidas mil cópias, na Rússia, mil cópias se esgotaram em menos de dois meses). A era do triunfo liberal começou com uma revolução derrota (1848) e terminou em uma depressão prolongada (1869-1875). A nova era que se seguirá, à era do triunfo liberal seria bastante diferente. Economicamente, iria se desligar rapidamente da competição sem barreiras das empresas privadas, da abstenção governamental em relação a interferências, e daquilo que os alemães chamavam de Manchesterismus (a ortodoxia do livre comércio da Inglaterra vitoriana), para passar às grandes corporações industriais (cartéis, trustes, monopólios), grande intervenção governamental … Contudo, não era de forma alguma, o fim do capitalismo (ou mesmo da era do capital), mas apenas mais uma das suas várias adaptações ao longo do processo histórico.