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Serra do
Espinhaço
Meridional
Serra do
Espinhaço
Meridional
República Federativa do Brasil
Dilma Rousseff
Presidente
M
Francisco Gaetani
p. 48, alto, direita: Daniel Maurenza
Secretário Executivo p. 48, embaixo, esquerda: Luiz Menini Neto
p. 48, embaixo, direita: William Milliken © RBG, Kew
Ana Cristina Fialho de Barros p. 78, alto, esquerda: Fernando Fernandes
Secretária de Biodiversidade e Florestas p. 78, alto, direita: Filipe Soares de Souza
p. 78, embaixo, esquerda: Ernesto Lemes
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico p. 78, embaixo, direita: Gustavo Shimizu
do Rio de Janeiro
Samyra Crespo
Presidente Anexo:
Capa: Pico Maior dos Três Irmãos, região de Lapinha da
Serra. Foto: Rafael Santiago
Rogério Gribel
p. 6: William Milliken © RBG, Kew
Diretor de pesquisas
p. 8, alto, esquerda: Nara Mota
p. 8, alto, direita: Alessandro Rapini
Gustavo Martinelli
p. 8, embaixo, esquerda: Nigel Taylor &
Coordenador Geral do Centro Nacional de Daniela Zappi © RBG, Kew
Conservação da Flora – CNCFlora p. 8, embaixo, direita: Pedro Lage Viana
p. 136: Carlos Alberto Ferreira Jr.
Nina Pougy
Coordenadora dos Planos de Ação Nacionais
para a Conservação da Flora Ameaçada de Extinção – CNCFlora
Apoio
Espinhaço
Meridional
Realização
Colaboração
4
plano de ação nacional para a conservação
da flora ameaçada de extinção da
—
Serra do Espinhaço
Meridional
Organizadores
5
Sumário
O Plano de Ação Nacional – PAN é um instrumen- rando a grande extensão territorial, a alta diver-
to de gestão reconhecido por meio da portaria nº sidade de espécies, muitas delas ameaçadas de
43, de 31 de janeiro de 2014, cujo objetivo é extinção, o conhecimento disponível sobre cada
definir e ordenar ações necessárias para a con- espécie e a pouca disponibilidade de recursos
servação e recuperação de espécies ameaçadas humanos e financeiros para atuar na implemen-
de extinção e quase ameaçadas (MMA, 2014). tação de ações voltadas à conservação de espé-
Além do importante papel na conservação das cies e habitats.
espécies, os PANs também orientam políticas
públicas e promovem a integração com outras Diante das características mencionadas e do
iniciativas conservacionistas. enorme desafio de contemplar todas as espécies
ameaçadas de extinção em planos de ação, o
O planejamento de ações é a etapa seguinte Centro Nacional de Conservação da Flora –
à avaliação do risco de extinção das espécies. CNCFlora prioriza a elaboração de PANs com
Após a consolidação das listas de espécies ame- abordagem territorial, que apresenta algumas
açadas é necessária a elaboração de ações que vantagens quando comparada à abordagem por
visam, direta ou indiretamente, reduzir o risco de espécie, ou por grupo taxônomico. O PAN terri-
extinção das espécies e retirá-las da lista de ame- torial otimiza esforços e recursos, uma vez que
açadas. No Brasil, os planos de ação devem ser beneficia todas as espécies que ocorrem na área
compatíveis com a realidade do país, conside- alvo das ações de conservação, mesmo aquelas
9
para as quais há pouco conhecimento disponível 1. Definição dos alvos de
ou ainda outras não conhecidas pela ciência, o conservação
que é de extrema importância, tendo em vista a
grande lacuna de pesquisas científicas em deter- O primeiro passo para elaboração de um Plano
minadas regiões do país. de Ação Nacional – PAN é definir os alvos de
conservação, tanto o território de abrangência,
PANs com abordagem territorial são mais abran- como as espécies que serão contempladas. A
gentes, sendo possível contemplar ações para a seleção da área é condicionada pelo elevado
proteção da flora, da fauna e dos recursos hídri- número de espécies ameaçadas de extinção, o
cos, bem como, o manejo de recursos naturais, que sugere a importância biológica, a vulnerabi-
o desenvolvimento de pesquisas científicas, a lidade da região, e a prioridade para implemen-
manutenção do equilíbrio ecológico e a prospec- tação de ações de conservação.
ção e a conservação de recursos genéticos. Além
disso, o enfoque territorial permite considerar as O estado de Minas Gerais é aquele que apresen-
peculiaridades regionais, observando a realida- ta o maior número de espécies ameaçadas de
de socioeconômica de cada região abordada, extinção no Brasil, com 700 espécies, das quais
assim como envolver atores locais na elaboração 256 ocorrem na Serra do Espinhaço Meridional
das ações de conservação. Tais características – SdEM (Martinelli & Moraes, 2013; Martinelli
resultam em ações de conservação mais realis- et al., 2014; MMA, 2014). A SdEM também é
tas, factíveis e com escala local. Esses documen- uma área prioritária para conservação (MMA,
tos, portanto, representam um importante instru- 2007), o que nos impulsionou a selecionar esse
mento para a sobrevivência de muitas espécies e território como alvo do presente PAN. Neste, fo-
o enfoque territorial é estratégico para a efetiva ram contempladas as espécies ameaçadas de ex-
conservação da flora brasileira ameaçada de ex- tinção nas categorias Criticamente em perigo, Em
tinção. perigo e Vulnerável. As 27 espécies com Dados
insuficientes (DD) e 45 Quase Ameaçadas (NT)
Assim, a elaboração de Planos de Ação Nacio- também foram incluídas no PAN, principalmente
nais para conservação da flora ameaçada de para direcionar ações de pesquisa, visando au-
extinção segue as seguintes etapas de trabalho: mentar o conhecimento sobre elas.
1) definição dos alvos de conservação, 2) com-
pilação e análise dos dados sobre as espécies e
a área alvo do plano, 3) validação dos dados
por especialistas botânicos e atores locais, 4) re- 2. Compilação de dados
alização de atividades de campo, buscando o
conhecimento sobre a flora da região, a identifi- Após a definição dos alvos de conservação, dá-
cação dos vetores de pressão que incidem sobre se início à etapa de busca, compilação e análise
as espécies e seus habitats e a articulação com dos dados sobre as espécies e a área alvo de
atores locais 5) realização de análises espaciais, conservação. Tais informações são levantadas
identificando os locais prioritários para imple- em publicações científicas, como artigos, teses,
mentação das ações, 6) elaboração de ações dissertações, monografias e relatórios de órgãos
de conservação, envolvendo uma gama variada ambientais. O principal objetivo desse levanta-
de atores e, por fim 7) a consolidação do PAN mento é reunir a melhor informação disponível,
contendo todas as informações compiladas e va- a fim de entender as espécies e seus habitats,
lidadas e as análises realizadas, além das ações identificar as ameaças que incidem sobre suas
elaboradas na oficina, bem como a publicação populações e, principalmente, organizar todo o
do PAN em portaria, como documento oficial. conteúdo necessário para subsidiar a elabora-
ção de ações de conservação.
10
Atividades de campo na comunidade de Galheiros, Diamantina, e Serra do Cipó
11
ne (http://cncflora.jbrj.gov.br/) e devem ser uti- 2.2 Área: Serra do Espinhaço Meridional
lizadas para dar suporte à elaboração de ações
de conservação e aos demais processos decisó- O levantamento de dados sobre a área é dire-
rios acerca das espécies da flora ameaçadas de cionado às informações relevantes para o pla-
extinção. nejamento das ações de conservação. Além de
uma caracterização geral sobre o clima, a ve-
getação, a geologia, o solo e a hidrografia da
2.1 Espécies: Criticamente em perigo (CR) e região, também são reunidas informações socio-
com Dados insuficientes (DD) econômicas, histórico-culturais e sobre iniciativas
de conservação já existentes na região. No en-
A compilação de dados sobre as espécies não tanto, o principal objetivo dessa etapa é reunir
começa do zero, uma vez que boa parte das informações dos vetores de pressão que incidem
informações já foi reunida no processo de ava- sobre as espécies alvo e seus habitats. Tais in-
liação do risco de extinção. A partir do conjunto formações permitem entender melhor a realidade
de informações existentes, há um novo levanta- local a fim de planejar ações para mitigação ou
mento bibliográfico para fins de atualização dos erradicação desses vetores.
dados e também é realizada uma busca focada
nos vetores de pressão que colocam em risco a
sobrevivência das espécies. Os dados levanta-
dos sobre essas espécies estão relacionados à 3. Validação e inserção de
taxonomia, à distribuição geográfica, à ecolo- novas informações
gia, à biologia reprodutiva, aos dados popula-
cionais, aos dados de uso econômico e aos veto- A etapa de validação de dados é aquela na qual
res de pressão que incidem. pessoas com grande conhecimento sobre as es-
pécies e a área alvo de conservação do PAN são
Neste PAN foram contempladas 256 espécies convidadas a validar os dados compilados. É de
ameaçadas de extinção com ocorrência na extrema importância a participação de pessoas
SdEM, no entanto, a compilação e a atualiza- que conheçam muito bem as espécies e a área
ção dos dados tiveram foco nas 46 espécies Cri- de atuação do PAN, e que possam, além de va-
ticamente em perigo de extinção (MMA, 2007), lidar as informações já compiladas pela equipe
pois apresentam o mais alto risco de extinção do CNCFlora, incluir outras informações relevan-
na natureza, e em 10 espécies com Dados in- tes, como dados provenientes da experiência de
suficientes (Martinelli & Moraes, 2013), pois campo e dados não publicados ou não acessí-
há pouco conhecimento associado a elas, não veis a todos. Essa etapa é crucial para todo o
sendo possível indicar a categoria de ameaça. processo, uma vez que garante a veracidade e a
Os dados referentes às espécies CR e DD en- qualidade técnica dos dados que subsidiarão a
contram-se no CD anexo a este livro. Os dados elaboração das ações de conservação.
referentes ao restante das espécies ameaçadas
da SdEM estão disponíveis no site do CNCFlora
(http://cncflora.jbrj.gov.br/). 3.1 Espécies
As 10 espécies DD com dados atualizados neste Todas as informações sobre as espécies amea-
PAN foram aquelas com a distribuição conheci- çadas de extinção organizadas durante a etapa
da somente para a Serra do Espinhaço Meridio- de compilação de dados são submetidas ao pro-
nal. Outras espécies DD ocorrem na área, no cesso de validação pelos especialistas botânicos.
entanto, apresentam ampla distribuição e, por Esse processo é realizado via sistema de infor-
isso, não foram alvo da compilação de dados. mação online, por meio do qual os especialistas
confirmam as informações e podem acrescentar
dados relevantes. Neste PAN, vinte e quatro es-
pecialistas botânicos contribuíram na validação
e inserção de dados para as espécies.
12
Atividades de campo e reunião com atores locais na Serra do Cipó, Diamantina e entorno
13
3.1 Área 4.2 Registro dos vetores de pressão
14
ações. Além disso, o resultado desse processo que possível, estar situadas dentro da esfera de
orienta as discussões para a elaboração das atribuições e competências dos participantes da
ações de conservação durante a oficina, a ser oficina. Além disso, cada ação precisa ter indi-
descrita na próxima etapa. O detalhamento das cadores para o seu monitoramento, um articula-
análises de priorização espacial é abordado no dor responsável, um grupo de colaboradores, um
capítulo IV deste livro. período de execução e uma estimativa de custo,
além de um nível de prioridade para implemen-
tação. Na consolidação do plano também são
traçados a visão de futuro, o objetivo geral e as
6. Planejamento de ações de metas, de maneira a orientar as ações planeja-
conservação das para promover a melhora no estado de con-
servação das espécies ameaçadas de extinção e
do seu habitat (Capítulo V).
6.1 Oficina de planejamento das ações
Um plano de ação, portanto, deve ser utilizado
A oficina de trabalho é a etapa crucial para o como documento norteador detalhado, com di-
planejamento das ações. É o momento em que se recionamentos claros sobre todo o processo de
reúnem os diversos atores envolvidos para discu- conservação das espécies. O PAN representa um
tir os vetores de pressão que incidem e identificar consenso entre todos os participantes e as ins-
as ações necessárias para a conservação das tituições envolvidas sobre as ações necessárias
espécies ameaçadas e dos seus habitats, além para a conservação das espécies ameaçadas de
de ações de pesquisa. É de extrema importância extinção e dos seus habitats.
que a oficina promova o diálogo entre os par-
ticipantes e contemple diferentes perspectivas e
interesses quanto à realidade e às problemáticas
locais. Assim, são convidados atores com notório 7. Consolidação e publicação
conhecimento, diferentes pontos de vista e atu- do PAN
ação complementares, como ONGs, instituições
de pesquisa, empresas, universidades, gestores e Depois da oficina de elaboração das ações de
analistas de unidades de conservação e órgãos conservação, o documento do PAN é consolida-
ambientais de todas as esferas. do considerando as novas informações e análi-
ses espaciais que tenham sido sugeridas duran-
A oficina desse PAN contou com a participação te a oficina de trabalho. Feito isso, o livro do
de 25 atores, envolvendo 15 diferentes institui- PAN é finalizado e é publicada uma portaria do
ções. Alguns participantes da oficina e outras Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de
pessoas indicadas formaram o grupo de assesso- Janeiro para que o mesmo seja considerado um
ramento técnico do PAN com 15 membros de 11 instrumento de conservação oficial do governo
instituições. O papel do grupo de assessoramen- brasileiro. O grupo de assessoramento técnico
to técnico será descrito no tópico 9. também é publicado nessa portaria.
15
captação de recursos para implementação das 9. Monitoramento do PAN
ações. Ademais, há ações que não necessitam
de recurso para implementação por se tratar de O monitoramento do PAN é uma etapa-chave
atividades do âmbito de alguma instituição. Nes- para avaliar a efetividade e o sucesso na imple-
te caso, o PAN orienta a forma de implementar, mentação das ações de conservação (Brigham
ou seja, onde e como fazer, além de agregar et al., 2002; Boersma et al., 2001; Ortega-Ar-
colaboradores para a atividade e reforçar a ne- gueta et al., 2011; Schultz & Gerber, 2002).
cessidade de sua execução. Contudo, é vista como a parte mais difícil de um
PAN. Esforços de conservação que incorporem o
Além disso, para garantir que o plano de ação monitoramento podem recuperar as espécies de
tenha maior êxito na sua implementação, o forma mais eficiente, despendendo menos tempo
processo de construção deve ser participativo, e recurso, já que as ações são monitoradas e
visando o estabelecimento de parcerias, o en- logo modificadas, se necessário, para alcançar
volvimento de diversos segmentos do governo, os objetivos e as metas de uma estratégia de con-
organizações não-governamentais ligadas à con- servação (Campbell et al., 2002).
servação, especialistas botânicos, representantes
das comunidades e autoridades locais, e, quan- A abordagem territorial e o caráter participativo
do apropriado, do setor privado (por exemplo, do planejamento permitem o envolvimento de
representantes de empresas florestais, minerado- atores locais, que atuam na região, contribuindo
ras ou operadores de turismo) e outras partes in- para o processo de monitoramento. Esse processo
teressadas. A participação de um público diverso é de responsabilidade do Grupo de Assessora-
é de suma importância, pois permite que a estru- mento Técnico, cuja principal atribuição é reali-
tura do plano seja pensada de modo a distribuir zar o acompanhamento sistemático da execução
as ações entre os diferentes atores, de acordo do plano e o refinamento contínuo das ações de
com as funções que eles já desempenham em conservação. Esse refinamento é feito em encon-
suas rotinas de trabalho, evitando a duplicação tros anuais para discutir e revisar as ações de con-
de esforços e fortalecendo iniciativas já existen- servação propostas e em andamento. Designados
tes. Também é fundamental que os participantes por uma portaria oficial, os membros desse grupo
da oficina respondam por suas instituições, o que são, em geral, os articuladores das ações, ou pes-
imprime um caráter formal ao documento, repre- soas que participaram ativamente do processo de
sentando consenso e potencializando as oportu- elaboração e implementação do PAN.
nidades para captação de recursos. Tal financia-
mento pode ser obtido, por exemplo, por meio de Durante o processo de acompanhamento da
ações conjuntas com o terceiro setor, por verbas execução dos PANs, novas ações são propos-
provindas de compensação ambiental, editais ou tas, ações existentes modificadas e novos dados
do próprio governo local ou federal. sobre as espécies e seus habitats incorporados,
visando garantir o dinamismo na atualização do
Um ponto essencial para que o plano de ação PAN (Clark et al., 2002). O monitoramento é,
seja implementado com sucesso é a comunica- portanto, a etapa que garante o andamento do
ção ativa entre os articuladores e os colaborado- PAN, fazendo os ajustes necessários para a efe-
res das ações. O articulador tem papel decisório tiva conservação das espécies da flora ameaça-
no andamento das ações, pois atua como líder, das de extinção.
mantendo contato constante com os colabora-
dores e fazendo com que todos desempenhem
seu papel para que a ação aconteça. Os arti-
culadores também exercem um papel importan-
te na comunicação com os outros articuladores
das demais ações relacionadas àquela pela qual
ele é responsável. O articulador é fundamental
também na etapa seguinte: o monitoramento da
implementação das ações.
16
10. Referências Andrea Jakobsson: Instituto de Pesquisas Jardim Botanico do Rio de
Janeiro. 1100 p., Rio de Janeiro.
Martinelli, G., Messina, T., Santos-Filho, L., 2014. Livro Vermelho da
Boersma, P. D., Kareiva, P., Fagan, W. F., Clark, J. A., Hoekstra, J. M.
Flora do Brasil: Plantas Raras do Cerrado. Andrea Jakobsson: Ins-
2001. How Good Are Endangered Species Recovery Plans? BioS-
tituto de Pesquisas Jardim Botanico do Rio de Janeiro. 320 p., Rio
cience 51, 643-650.
de Janeiro.
Brigham, C. A., Power, A. G., Hunter, A. 2002. Evaluating the internal
MMA, 2007. Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e
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Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira: Atualização
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- Portaria MMA n°9, de 23 de janeiro de 2007. MMA - Ministério
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Campbell S. P., Clark, A., Crampton, L. H., Guerry, A. D., Hatch, L. T.,
MMA, 2014. Portaria no 443, de 17 de Dezembro de 2014. Diário Of.
Hosseini, P. R., Lawler, J. J., O’Connor R. J. 2002. Recovery Plans
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Ortega-Argueta, A., G. Baxter, M. Hockings. 2011. Compliance of
Clark, J.A., J.M., H., Dee Boersma, P., P., K., 2002. Improving U.S.
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Endangered Species Act Recovery Plans: Key Findings and Recom-
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Schultz, C. B., Gerber. L. R. 2002. Are recovery plans improving with
1510–1519.
Martinelli, G., Moraes, M.A., 2013. Livro Vermelho da Flora do Brasil. practice? Ecological Applications 12, 641–647.
Oficina de planejamento das ações de conservação do PAN para conservação da flora ameaçada de extinção da
Serra do Espinhaço Meridional
17
18
Capítulo II.
A Serra do
espinhaço meridional
Marcio Verdi
Nina Pougy
Eline Martins
Gustavo Martinelli
1. Caracterização da área
1.1 Localização e abrangência
19
Tabela 1: Unidades de Conservação presentes na Serra do Espinhaço Meridional – SdEM. PI = proteção integral,
US = uso sustentável, F = federal, E = estadual, M = municipal, Áreatotal = área total da unidade de conservação,
ÁreaSdEM = área da unidade de conservação dentro da SdEM, % SdEM = percentual da área total da unidade de
conservação inserida na SdEM
Áreatotal ÁreaSdEM
Unidade de Conservação Categoria Esfera % SdEM
(km2) (km2)
Parque Nacional da Serra do Cipó PI F 272 272 100
Tabela 2: Municípios presentes na Serra do Espinhaço Meridional – SdEM. Áreatotal = área total do município,
ÁreaSdEM = área do município dentro da SdEM, % SdEM = percentual da área total do município inserido na SdEM
20
a
Figura 2: Vale da Lagoa Dourada, São José da Serra, Jaboticatubas (a); região do Travessão, Parque Nacional da
Serra do Cipó (b). Fotos: Miguel Andrade (a), Rafael Santiago (b)
21
A porção meridional da Serra do Espinhaço re- sustentam consideráveis fragmentos de floresta
presenta, geologicamente, uma faixa montanho- estacional e cerradão. Somam-se a esses solos
sa (Figura 2) que se estende por cerca de 300 aqueles com a melhor aptidão agrícola (Cambis-
km na direção N-S, desde o Quadrilátero Ferrífe- solo e alguns Latossolos) e, assim sendo, corres-
ro (Serra do Ouro Branco) até a região de Olhos- pondem às áreas com maior ocupação antrópica
-D’água (Almeida-Abreu & Renger, 2002; Almei- na SdEM (Silva, 2005).
da-Abreu, 1995; Almeida-Abreu et al., 2005;
Augustin et al., 2011; Chemale Jr. et al., 2011).
Com altitude média de 1.250 m acima do nível 1.4 Hidrografia
do mar, a SdEM tem o seu ponto culminante em
torno de 2.060 m no Pico do Itambé, município A SdEM é um divisor fundamental entre as bacias
de Serro (Neves et al., 2005; Saadi, 1995). dos rios São Francisco, Doce e Jequitinhonha (Fi-
gura 3; Fraga et al., 2005; Pedreira, 2005). A
bacia do São Francisco está localizada na região
1.3 Solos centro-sul dos domínios da SdEM e tem os rios
Cipó e Jaboticatubas como os principais cursos
Os solos da SdEM são, geralmente, arenosos e d’água, os quais apresentam diversas cachoei-
rasos, reflexo do seu material de origem (Benites ras (Figura 4). O rio Paraúna recolhe os afluentes
et al., 2007, 2003; Silva, 2005). Os afloramen- na porção central da serra, seguindo na direção
tos rochosos são comuns, independentemente do oeste, local em que foi instalada a Usina Hidre-
solo predominante ser formado por Neossolos létrica de Paraúna. No centro-norte da SdEM,
Litólicos, associados a Neossolo Quartzarênico os rios Pardo Pequeno e Grande representam
e Organossolo Mésico. Tais solos não apresen-
tam aptidão agrícola e sustentam vegetação de
campo rupestre, campo limpo, cerrado rupestre
e campo cerrado (Silva, 2005). Os Organosso-
los ocorrem nas depressões de superfícies pla-
nas, nas quais o alto conteúdo de água no solo,
a elevada acidez, a condição anaeróbica, o
baixo potencial redox e o efeito inibidor dos áci-
dos orgânicos favorecem o acúmulo de matéria
orgânica e, consequentemente, a formação de
turfeiras (Benites et al., 2007, 2003; Horák et
al., 2011; Silva et al., 2008). As turfeiras de-
sempenham um papel importante na SdEM, por
meio da regulação do fluxo hídrico das bacias
hidrográficas e da estocagem de carbono (Beni-
tes et al., 2007; Horák et al., 2011).
22
Figura 4: Cachoeira na Serra do Cipó, Santana do Riacho. Foto: Livia Echternacht
os principais cursos d’água, com corredeiras e rio Preto, cujas nascentes ainda possuem trechos
cachoeiras. Infelizmente, as nascentes desses de vegetação ciliar exuberante e estão dentro da
rios sofrem processos de degradação ambiental, área do Parque Estadual do Rio Preto. Por outro
principalmente com a ação garimpeira e, em me- lado, nascendo na região centro-leste da SdEM,
nor grau, com a agropecuária e a urbanização. o rio Jequitinhonha é alvo da exploração de dia-
Ainda na bacia franciscana e na porção mais ao mantes e ouro desde o início do século XVIII. De
norte da SdEM destacam-se os rios Curimataí e modo geral, vários de seus afluentes apresentam
Jequitaí (Fraga et al., 2005). depósitos de bancos laterais de areia, que igual-
mente sempre foram alvo de extração para cons-
Na bacia do rio Doce, o rio Tanque representa o trução civil (Fraga et al., 2005; Pedreira, 2005).
principal curso d’água na porção sul da SdEM. Nesses pequenos cursos d’água, em locais de
Contudo, os rios Santo Antônio e do Peixe são os difícil acesso e longe de fiscalizações, prolifera a
principais afluentes da bacia, os quais têm suas construção de pequenas barragens e de desvios
nascentes próximo ao divisor de águas das ba- de curso para essas atividades (Pedreira, 2005).
cias de São Francisco e Jequitinhonha. Ambos os Assim, tanto o Jequitinhonha quanto os seus
rios, juntamente com o Guanhães e o Vermelho, afluentes encontram-se em situação de alerta de-
não estão dentro dos domínios da SdEM, porém, vido aos danos ambientais irreparáveis gerados
os seus afluentes geralmente têm as nascentes por essas ações (Fraga et al., 2005).
vertendo a partir da mesma (Fraga et al., 2005).
Em suma, a SdEM consiste de um importante es-
A bacia do Jequitinhonha tem os rios Jequiti- coadouro e suprimento de água (Figura 5) que
nhonha e Araçuaí como seus principais cursos abastece as bacias dos rios São Francisco, Doce
d’água. O rio Araçuaí tem como seu afluente o e Jequitinhonha e, consequentemente, suas ci-
23
o turismo
desordenado e
o potencial de
geração de energia
hidrelétrica, aliados
às atividades de
mineração e
extração de areia,
colocam a SdEM
em situação de alto
risco ambiental
24
Figura 5: Lagoa na Lapinha da Serra, Santana do Riacho. Foto: Miguel Andrade
dades. Da mesma forma, as inúmeras cachoei- estação seca (junho a agosto), esta chega a 8,25
ras existentes na região constituem um enorme mm no período. As temperaturas mais elevadas
atrativo turístico e uma importante alternativa de ocorrem entre outubro e março, atingindo 35°C
renda. Por outro lado, o turismo desordenado e nos meses de dezembro e janeiro, e diminuindo
o potencial de geração de energia hidrelétrica, sensivelmente entre abril e setembro, quando a
aliados às atividades de mineração e extração mínima pode chegar a 4°C em junho e julho (Ne-
de areia, colocam a SdEM em situação de alto ves et al., 2005).
risco ambiental (Antunes et al., 2012; Fraga et
al., 2005; Pedreira, 2005).
1.6 Vegetação
25
A riqueza florística relatada para a SdEM, bem Figura 6: Fitofisionomia de um campo rupestre na
como os endemismos encontrados nos campos região da Lapinha da Serra, Santana do Riacho (a);
rupestres, em parte, devem-se à natureza insu- formação campestre e florestal no Parque Nacional da
Serra do Cipó, Santana do Riacho (b). Fotos: Rafael
lar de suas montanhas e às condições ambien-
Santiago (a); Eduardo Dalcin (b)
tais especiais às quais está submetida (Giulietti
et al., 1997, 1987; Lohmann & Pirani, 1996;
Rapini et al., 2008). De acordo com Lohmann &
Pirani (1996) essa região constitui o centro de
diversidade genética de gêneros de Asteraceae,
Ericaceae e Melastomataceae, ou mesmo de fa-
mílias inteiras como Velloziaceae, Eriocaulaceae
e Xyridaceae (Figura 7). Uma grande proporção
das famílias, como as três últimas, apresenta alta
concentração de espécies nos campos rupestres
(Costa, 2005; Giulietti et al., 1997; Rapini et al.,
2008).
26
& Pirani, 2012; Romero, 2013; Trovó & Sano, (Echternacht et al., 2011; Loeuille et al., 2015;
2010). Essa riqueza florística tem sido alvo de Rando & Pirani, 2011; Ribeiro et al., 2014).
estudos realizados por distintas instituições na-
cionais (Universidade de São Paulo, Instituto de Além da riqueza florística e dos endemismos,
Botânica de São Paulo, Universidade Estadual muitas espécies que ocorrem na SdEM são ra-
de Campinas, Universidade Estadual de Feira ras (Giulietti et al., 2009) ou estão ameaçadas
de Santana, Universidade Federal de Minas Ge- de extinção (MMA, 2014). Algumas delas são
rais, para citar algumas) e internacionais (Royal conhecidas exclusivamente pela coleção tipo ou
Botanic Gardens, New York Botanical Garden, por meio de coleções históricas e, portanto, são
Missouri Botanical Garden). Tais estudos resultam consideradas possivelmente extintas, sendo raros
na publicação de monografias de famílias botâ- os casos de novos registros (Echternacht et al.,
nicas inteiras (Flora da Serra do Cipó), além de 2010; Romero & Woodgyer, 2014), apesar de
aumentar substancialmente as coleções botânicas trabalhos intensos de coletas botânicas realiza-
nacionais e internacionais com a Coleção Flora dos na região. Mesmo com muitos estudos em
da Serra do Cipó (CFSC) e Coleção Flora dos andamento, há ainda espécies pouco conheci-
Campos Rupestres (CFCR). Revisões taxonômicas das e/ou carentes de informações. Desse modo,
de diversos táxons também têm contribuído subs- são essenciais o planejamento e a indicação de
tancialmente para o conhecimento da flora da áreas prioritárias para a execução de ações vol-
região (Chukr & Giulietti, 2003; Rapini, 2010; tadas à redução do risco de extinção das espé-
Roque & Pirani, 2014, para citar alguns). Alguns cies e para o direcionamento de pesquisa, otimi-
estudos têm constatado distintos padrões de diver- zando os recursos destinados à conservação e
sificação e distribuição geográfica das espécies aumentando o conhecimento sobre as mesmas.
Figura 7: Riqueza florística dos campos rupestres da Serra do Espinhaço Meridional. Foto: Miguel Andrade
27
2. Aspectos socioeconômicos atração de recursos distintos (financeiro, tecno-
e histórico-culturais lógico e etc.) para o setor (Silva, 1995). Outra
atividade que se destacou nessa mesma década
A ocupação da região da SdEM remonta à pré- foi a extração de inflorescências de sempre-vivas,
-história, evidenciada sobretudo nas cavernas, principalmente após o aumento na demanda do
que abrigam inscrições rupestres e importantes mercado interno e externo. O comércio de sem-
sítios arqueológicos. Posteriormente, os bandei- pre-vivas acontece desde 1931, mas foi a par-
rantes chegaram à região em busca de ouro e tir da década de 1970 que a atividade surgiu
outros minérios, dando início ao processo de como uma importante fonte de renda na região,
colonização. A ocupação intensificou-se, ini- impulsionando a economia (Costa et al., 2008;
cialmente, durante o ciclo do ouro e depois do Giulietti et al., 1988).
diamante, tendo a mineração como sua indu-
tora. Ela foi um setor importante para a econo- Atualmente, a mineração, a agropecuária e a ex-
mia de Minas Gerais, sendo a região da Serra tração vegetal continuam sendo atividades impor-
do Espinhaço considerada, até poucos anos, a tantes para a economia da região, mas o turismo
maior produtora oficial de diamantes do Brasil. tem sido uma grande alternativa de geração de
Por outro lado, a agropecuária estabeleceu-se renda, principalmente por meio da prestação de
como uma atividade complementar à mineração, serviços (Antunes et al., 2012; Araújo & Lacer-
garantindo o abastecimento da região e um in- da, 2009; Silva & Pedreira, 2005; Souza et al.,
tenso comércio de mercadorias transportadas 2012). A riqueza cultural dos povos indígenas que
pelas tropas de muares (Cunha, 2002; Martins, habitavam a região e a miscigenação com os afri-
2000; Pereira, 2005; Silva, 1995). Entretanto, canos, portugueses e tantos outros colonizadores,
com a decadência da mineração no século XIX, é expressa nas diversas manifestações culturais (Fi-
iniciou-se uma transição econômica por meio do gura 8) e no acervo arquitetônico das cidades da
processo de diversificação da produção, no qual SdEM. Esse rico acervo histórico-cultural, aliado
a agropecuária ganhou destaque e a produção à diversidade de paisagens e cachoeiras faz da
industrial, o comércio e a prestação de serviços região um grande pólo do turismo ecológico (Silva
intensificaram-se (Martins, 2000; Pereira, 2005). & Pedreira, 2005).
28
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30
Dona Mariinha e o carro de boi, em Conceição do Mato Dentro. Foto: Miguel Andrade
31
32
Capítulo III.
vetores de pressão
que incidem sobre
a flora em risco de
extinção da Serra do
Espinhaço Meridional
Marcio Verdi
Nina Pougy
Eline Martins
Paulo Takeo Sano
Paula Leão Ferreira
Gustavo Martinelli
33
Tabela 1: Classificação dos vetores de pressão que incidem sobre a Serra do Espinhaço Meridional de acordo com a
classificação de ameaças IUCN/ CMP – International Union for Conservation of Nature 3.2, 2013
Ameaças Subameaças
34
Figura 1: Rio assoreado por atividade garimpeira na região de Diamantina, Minas Gerais. Foto: Miguel Andrade
35
a b
Figura 2: Exemplo de espécies tolerantes à ação do fogo. Foto: Eduardo Dalcin (a) Pablo Florian de Castro (b)
36
com cigarros, por exemplo (Coutinho, 1990). Na região do Parque Nacional da Serra do Cipó
Tais incêndios com origem antrópica acontecem também são comuns incêndios iniciados por fo-
com frequência, severidade e intensidade muito gos em períodos de festejos locais e feriados. So-
maior que no passado (Pivello, 2011) e, diferen- mam-se a isso o histórico de conflitos territoriais
temente daqueles deflagrados por raios, têm efei- na região da unidade de conservação e o des-
tos danosos sobre as espécies, mesmo aquelas controle do fogo usado para limpeza do terreno
adaptadas ao regime de fogo (Kolbek & Alves, ou renovação da pastagem nas propriedades ad-
2008; Mistry, 1998; Pivello, 2011). Além disso, jacentes, e que, frequentemente, avança unidade
os incêndios têm a tendência de ocorrer durante adentro.
a estação mais inflamável, quando o controle é
mais difícil, e o fogo pode facilmente passar das Este foi um dos motivos do incêndio ocorrido em
áreas com usos econômicos para as naturais e 2014 na região, que consumiu cerca de 7 mil
de conservação (Ramos-Neto & Pivello, 2000). hectares do Parque Nacional da Serra do Cipó e
De fato, na maioria das Unidades de Conserva- outros 7 mil hectares na APA Morro da Pedreira.
ção do Cerrado, os incêndios têm origens ex- As áreas que sofreram com este incêndio são em
ternas e são, frequentemente, provocados pelo sua maioria regiões altas em campos rupestres, o
homem (Ramos-Neto & Pivello, 2000; Ribeiro & que dificultou bastante o combate, pois era possível
Figueira, 2011). Geralmente esses incêndios são somente o acesso com aeronaves. Ainda assim, as
consequência da proximidade de fazendas, da condições de vento e fumaça, por vezes, impossi-
presença de estradas ou de loteamentos. bilitaram sobrevoos seguros. Essa é uma realida-
de comum em termos de combate a incêndios na
Contudo, os incêndios criminosos não são inco- Serra do Espinhaço, visto que, nas áreas de maior
muns e, em geral, têm sido realizados como uma altitude, principalmente naquelas com afloramentos
forma de protesto à criação de Unidades de Con- rochosos, não há acesso para veículos. Os acessos
servação (Ribeiro & Figueira, 2011; Souza et al., são feitos por trilha a pé, e, no caso de emergên-
2012). Um exemplo são os incêndios provocados cias ambientais, os brigadistas dependem do trans-
no Parque Nacional da Serra do Cipó (Figura 3), porte aéreo para se deslocar com maior eficiência
cujos motivos incluem a insatisfação da comunida- para o combate. A dificuldade de deslocamento
de, em especial das pessoas que foram desapro- rápido acaba por retardar o combate e, assim, o
priadas no processo de criação dessa unidade de fogo na estação seca rapidamente toma grandes
conservação (Ribeiro et al., 2006). proporções nas áreas altas da Serra, danificando
Figura 3: Incêndio ocorrido na área do Parque Nacional da Serra do Cipó. Fotos: Ivan Braga Campos/Parna Serra
do Cipó (a), Estevão José Marchesini Fonseca/Parna Serra do Cipó (b)
a b
37
Figura 4: Incêndio ocorrido em 2013 na área do Parque Estadual do Biribiri (a) e o combate ao fogo sendo
realizado pela brigada de incêndio do Instituto Estadual de Florestas (b, c). Fotos: Pablo Florian de Castro
a b
38
Figura 5 (no alto): Presença de gado na área do Parque Nacional da Serra do Cipó. Foto: Eduardo Dalcin
Figura 6 (embaixo): Plantação de eucalipto (Eucalyptus spp.) no município de Presidente Kubitschek. Foto: Nina Pougy
39
Unidades de Conservação, devido à redução da Além disso, a melhoria na infraestrutura viária,
diversidade e ao aumento da inflamabilidade da como na MG-010, tem aquecido o mercado
vegetação (Hoffmann et al., 2004; Ribeiro et al., imobiliário também na região da Serra do Cipó
2006; Ribeiro et al., 2005a). (Ferreira, 2010; Ribeiro et al., 2005a). A pro-
ximidade e o acesso fácil a partir de Belo Hori-
Outra atividade que tem se destacado são os mo- zonte contribuem para a expansão de grandes
nocultivos de eucalipto (Eucalyptus spp.) e, em me- empreendimentos imobiliários nessa região. As
nor proporção, de pinus (Pinus spp.). Atualmente, construtoras exploram como estratégia de venda
o estado de Minas Gerais detém a maior área a oportunidade de contato com a natureza (Figu-
de florestas plantadas do país, representadas es- ra 7a) e a adjacência às Unidades de Conser-
sencialmente por plantio de eucalipto (96,5% das vação. Em alguns casos, como no Parque Esta-
florestas plantadas do estado). Essa concentração dual do Biribiri em Diamantina, a proximidade
decorre basicamente da necessidade de abaste- de centros urbanos resulta em uma maior pres-
cimento das indústrias dos segmentos de siderur- são exercida pela expansão urbana (Figura 7b)
gia, celulose e painéis de madeira presentes no e favorece um grande fluxo de turistas. Nessa
estado (ABRAF, 2013). Na região de Diamanti- unidade de conservação, por exemplo, o bairro
na, o plantio de eucalipto nas últimas décadas circunvizinho Cidade Nova tem gerado inúmeros
tem se consolidado como uma nova atividade problemas ambientais e sociais. Alguns desses
econômica para os pequenos proprietários. É problemas resultaram da criação da unidade de
possível observar plantios de eucalipto em áreas conservação, a qual gerou uma série de conflitos
particulares às margens da MG-220, BR-367 e entre a população do entorno e o órgão gestor
BR-259, bem como nas estradas não pavimenta- (Morais et al., 2013; Souza et al., 2012). Ape-
das que interligam os municípios Datas, Presiden- sar do quadro de funcionários reduzido, o que
te Kubitschek, Pedro Lessa e Milho Verde (Figu- dificulta o atendimento à população do local e
ra 6). Porém, hoje em dia, milhares de hectares ao grande número de turistas que a unidade de
são manejados por grandes empresas ou grupos conservação recebe, o órgão gestor tem desen-
dos setores siderúrgico e florestal. Estas operam volvido atividades de educação e conscientiza-
com unidades industriais ou florestais em distin- ção ambiental com esse público (Souza et al.,
tos municípios pertencentes à região da SdEM. 2012).
No entanto, a conversão do cerrado ou campo
rupestre em monocultivo de eucalipto acarreta a A vocação turística da SdEM como um todo pas-
perda do habitat das espécies e, consequente- sou a ser explorada economicamente por diver-
mente, tem impacto sobre a biodiversidade. sos municípios da região. O patrimônio histórico
e as manifestações culturais têm motivado a visita-
ção turística em muitos municípios (Antunes et al.,
1.4 Expansão urbana 2012), desde o declínio dos minérios e do seu ci-
clo de exploração. Atualmente, os atrativos natu-
A SdEM está em parte localizada na região me- rais (cachoeiras, grutas, serras, belezas cênicas e
tropolitana de Belo Horizonte, que recebe cres- trilhas) têm impulsionado a economia dos municí-
centes investimentos públicos e privados para a pios por meio do desenvolvimento do ecoturismo
expansão urbana do Vetor Norte. A ampliação e turismo de aventura. Programas de fomento ao
do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em turismo como a Estrada Real e o Circuito Turísti-
Confins, a nova sede do Centro Administrativo do co, bem como a criação da Reserva da Biosfera
Governo do Estado de Minas Gerais e a constru- da Serra do Espinhaço também ajudam a desta-
ção da Linha Verde refletem os investimentos em car esse potencial ambiental e cultural (Antunes
infraestrutura no Vetor Norte. Nos últimos anos, o et al., 2012; Domingues et al., 2012; Ferreira,
aumento vertiginoso de novos empreendimentos 2010). A presença de Unidades de Conserva-
imobiliários, alguns deles incluindo pistas exclusi- ção também tem atraído turistas para a região
vas para aeronaves, tem incentivado a saída de da SdEM (Antunes et al., 2012; Ferreira, 2010).
moradores da capital, em busca de qualidade de No entanto, a melhoria na infraestrutura viária
vida, para condomínios e loteamentos situados facilitou o acesso às Unidades de Conservação e
no Vetor Norte e ao longo da MG-010. a atividade turística multiplicou-se descontrolada-
40
Figura 7: Anúncio de empreendimento imobiliário na Serra do Cipó (a), processo de expansão urbana no entorno
do Parque Estadual do Biribiri (b). Fotos: Eline Martins (a) e Nina Pougy (b)
a b
mente (Fernandes et al., 2014). Um exemplo é Inicialmente, a invasão de algumas espécies exó-
o que aconteceu após a pavimentação asfáltica ticas como, por exemplo, Melinis spp. e Urochloa
da MG-010 na região do Parque Nacional da spp. deu-se devido à conversão de campos ru-
Serra do Cipó. O número crescente de turistas, pestres e cerrados em pastagens plantadas (Hof-
especialmente em feriados, que se dirigem em fmann et al., 2004; Kolbek & Alves, 2008; Ribei-
um único dia para a região da Serra do Cipó, ro et al., 2005a). Desde que foram introduzidas
tem causado distintos impactos ambientais (Fer- sucedeu-se rapidamente a expansão dessas er-
nandes et al., 2014; Ribeiro et al., 2006). vas exóticas, o que pode ser atribuído à enorme
vantagem competitiva que têm sobre as espécies
nativas. Isso porque geralmente acumulam uma
1.5 Espécies exóticas e invasoras grande quantidade de biomassa sobre o solo,
aumentando a intensidade do fogo ou impedindo
A invasão por espécies exóticas na região da a regeneração de outras espécies, seja por meio
SdEM ocorre, em muitos casos, devido à constru- da competição por luz ou por efeito alelopático
ção de estradas de rodagem, como, por exem- (Barbosa et al., 2008; Hoffmann et al., 2004;
plo, a pavimentação da MG-010 (Barbosa et al., Kolbek & Alves, 2008). Essas espécies exóticas
2010; Ribeiro et al., 2005a). A pavimentação têm, portanto, uma estreita associação com dis-
desta seção da estrada pode ter auxiliado no túrbios causados por incêndios ou pela presença
processo de introdução e estabelecimento de es- de bovinos (Kolbek & Alves, 2008). Algumas de-
pécies exóticas e invasoras. Isso ocorre devido las já estão amplamente estabelecidas na região
ao aumento nutricional do solo (especialmente do Cerrado (ex. Urochloa spp.) e têm se tornado
cálcio) e à disponibilidade de água/luz à sua um problema, em particular quando ocorrem no
margem, bem como pela facilitação da disper- interior de Unidades de Conservação (Hoffmann
são realizada pelo tráfego de veículos (Barbosa et al., 2004; Ribeiro et al., 2005a). No Parque
et al., 2010; Negreiros et al., 2012). Além disso, Nacional da Serra do Cipó, por exemplo, a in-
as espécies exóticas e invasoras são amplamente vasão por Urochloa spp. (Figura 8) resultou da
utilizadas em projetos de contenção de encostas formação de pastagens plantadas, dispersão
ou taludes ao longo das rodovias (por exemplo, zoocórica (bovino, equino), propagação ao lon-
a MG-010) ou nas áreas em mineração, o que go de estradas ou trilhas e do favorecimento de
tem contribuído para a invasão dessas espécies colonização após os incêndios (Ribeiro et al.,
na região (Fernandes & Barbosa, 2013; Ribeiro 2005a). Atualmente, intervenções para o contro-
et al., 2005a). le e combate de espécies exóticas e invasoras
41
em Unidades de Conservação são necessárias Um exemplo é a coleta ilegal de epífitas (Cons-
e têm sido desenvolvidas com a participação da tantia cipoensis, Hadrolaelia pumila (Hook.) Chi-
comunidade (Filippo & Ribeiro, 2014). ron & V.P.Castro) no Parque Nacional da Serra
do Cipó e na APA Morro da Pedreira, usadas
para comercialização (Ferreira, 2010; Ribeiro et
1.6 Extrativismo de produtos não al., 2005b). Algumas dessas espécies ou famílias
florestais botânicas inteiras sofrem uma pressão de coleta
tão forte que foram incluídas na lista de espécies
Dentre a rica flora da SdEM há muitas espécies da Convenção sobre o Comércio Internacional
de importância e interesse comercial para o de Espécies da Flora e Fauna Selvagens (CITES).
setor de plantas ornamentais. Algumas delas,
pertencentes às famílias Bromeliaceae, Orchi- Além disso, um amplo número de espécies de in-
daceae, Cactaceae, Amaryllidaceae e Alstroe- teresse ornamental é extraído e comercializado
meriaceae, são comercializadas vivas (Giulietti seco, justamente porque tais espécies agregam
et al., 1997). Contudo, após longo período de maior valor econômico após serem colhidas e
extração predatória ou da ação de coleciona- desidratadas. Os escapos e as inflorescências
dores, às vezes para exportação ilegal, o tama- dessas plantas mantêm a aparência de estruturas
nho populacional de algumas espécies reduziu vivas (sempre-vivas), mesmo depois de colhidas
drasticamente e, dessa forma, aumentou a sua e desidratadas (Giulietti et al., 1988), o que lhes
vulnerabilidade. A redução populacional no confere valor ornamental na decoração de inte-
caso de ervas epífitas está associada à explora- riores e no artesanato (Figura 9). As espécies de
ção dos forófitos, espécie que serve de suporte sempre-vivas comercializadas pertencem, princi-
para a epífita. Dentre os forófitos encontra-se a palmente, às famílias Eriocaulaceae, Poaceae,
canela-de-ema Vellozia piresiana L.B.Sm., uma Xyridaceae, Cyperaceae e Rapateaceae (Giuliet-
espécie “Em perigo” de extinção com estreita ti et al., 1996, 1988). A maioria das espécies co-
associação com a orquídea “Criticamente em mercializadas é restrita aos campos rupestres da
perigo de extinção” Constantia cipoensis Porto SdEM, considerados um centro de diversidade
& Brade. de algumas dessas plantas. Notadamente a re-
gião do Planalto de Diamantina destaca-se como
A extração indiscriminada de espécies ornamen- um polo produtor no Brasil (Costa et al., 2008;
tais, muitas delas endêmicas da região, acontece Giulietti et al., 1988).
também no interior de Unidades de Conservação.
O extrativismo e comércio de sempre-vivas desen-
volveram-se, principalmente, após o declínio da
Figura 8: População de Melinis repens na Serra do
Cipó. Foto: Daniel Negreiros mineração, embora as atividades sejam de lon-
ga data. O aumento na demanda pelo produto
ocorreu a partir da década de 1970, influencia-
do pela exportação para os Estados Unidos, Ja-
pão e alguns países da Europa (Giulietti et al.,
1988). Desde o início, a coleta de sempre-vivas
esteve baseada no extrativismo de populações
naturais das espécies e associada à economia
de subsistência de comunidades rurais (Giulietti
et al., 1996, 1988). No entanto, ao longo desses
mais de 80 anos de extrativismo de sempre-vivas,
houve um grande período no qual a coleta foi
realizada de forma desordenada, sem considerar
a ecologia e a fenologia das espécies (Giulietti
et al., 1996). Essa prática, associada ao uso do
fogo para estimular a floração (Bede et al., 2013;
Oliveira et al., 2014b), resultou na redução da
área de ocorrência e do tamanho populacional
42
Figura 9: Processo de secagem das espécies de sempre-vivas após a coleta (a), artesã confeccionando um arranjo
em frente ao Mercado Municipal de Diamantina (b), arranjos preparados para a comercialização (c). Fotos: Eline
Martins (a), Felipe Ribeiro (b,c)
a b
43
a
44
Figura 10 (página ao lado): Inflorescências de sempre-vivas extraídas para comercialização na forma de artesanato
ou arranjos: Eriocaulaceae (a), Xyridaceae (b) e Rapateaceae (c). Fotos: Maria Almeida Braga Paranaguá
Figura 11 (abaixo): Coletor de sempre-vivas na Serra do Espinhaço Meridional. Foto: André Dib
de várias espécies (Ribeiro-Silva et al., 2011), re- Brasilis (1999) apresentou um estudo diagnósti-
fletindo diretamente no número de espécies ame- co abrangente sobre a atividade extrativista em
açadas de extinção (MMA, 2014). Diante do au- comunidades da região da SdEM. A atuação
mento do risco de extinção, o órgão ambiental conjunta de universidades, organizações não-go-
federal passou a regulamentar a coleta, o trans- vernamentais, empresas públicas e privadas têm
porte e a exportação das espécies constantes em incentivado a confecção de produtos manufatura-
listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção dos e o uso ordenado de sempre-vivas, a fim de
e dos anexos da CITES (Ibama, 2006). Embora a aumentar a renda obtida com a comercialização
legislação ambiental tenha se tornado mais restri- do artesanato e de conscientizar as comunida-
tiva com relação à coleta e exportação de espé- des extrativistas quanto à necessidade de con-
cies de sempre-vivas ameaçadas de extinção, a servação para reduzir os riscos de extinção das
mesma permite a comercialização destas quando
provenientes de manejo de ecossistemas naturais
ou de reprodução artificial (Ibama, 2008).
45
espécies (Costa et al., 2008). A partir do diálo- Bond, W.J., Keeley, J.E., 2005. Fire as a global “herbivore”: the ecolo-
go entre todas as partes envolvidas (comunida- gy and evolution of flammable ecosystems. Trends Ecol. Evol. 20,
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construção de perspectivas mais concretas que Braga, A.L.F., Pereira, L.A.A., Procópio, M., André, P.A. De, Saldiva,
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47
48
Capítulo Iv.
ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA
A CONSERVAÇÃO DA FLORA
AMEAÇADA DA SERRA DO
ESPINHAÇO MERIDIONAL
Rafael Loyola
Nathália Machado
49
Tabela 1. Etapas básicas do planejamento espacial para a conservação da biodiversidade
Etapa Descrição
1 Delimitação da região para a elaboração do planejamento espacial para a conservação
Identificação de todos os planejadores e atores envolvidos na região selecionada para plane-
2 jamento
Coleta de dados relacionados à distribuição espacial da biodiversidade (que pode ser repre-
4 sentada por espécies, tipos de habitat, serviços ecossistêmicos, etc.), variáveis socioeconômi-
cas e ameaças existentes na região
50
Tabela 2. Conceitos fundamentais utilizados na priorização espacial para a conservação
Conceito Explicação
Variação das características da biodiversidade das quais trata o planejamento.
Abrangência Inclui diferentes componentes da biodiversidade, tais como espécies, genes, tipos de
habitat e serviços ecossistêmicos
51
caso, os limites da Serra do Espinhaço Meri- a importância relativa da unidade, ou seu valor
dional – SdEM). Essa classificação é feita por de conservação, é determinada pela espécie que
meio da maximização do valor de conservação mais seria impactada caso essa unidade fosse
da unidade de planejamento, ponderado pelo perdida ao não ser priorizada (Lehtomäki & Moi-
“custo” da unidade de planejamento e levando lanen, 2013). Assim, quanto mais espécies com
em consideração o princípio da complementari- distribuição geográfica restrita ocorrem em uma
dade (Lehtomäki & Moilanen, 2013). Ou seja, determinada microbacia, maior será seu valor de
as unidades de planejamento são classificadas conservação. Esse planejamento, portanto, é par-
em níveis, de acordo com seu valor de conser- ticularmente direcionado para ações que fazem a
vação, de modo que cada nível seguinte conte- diferença para as espécies que mais necessitam
nha unidades dos níveis anteriores. Isso significa de atenção, a saber, aquelas que são raras e pos-
que, quando olhamos para 17% da região, por suem altos níveis de ameaça – embora todas as
exemplo, as unidades de planejamento selecio- espécies ameaçadas sejam consideradas na aná-
nadas incluem aquelas unidades selecionadas lise. A Tabela 3 lista o objetivo do planejamento,
em recortes menores de áreas, como, por exem- alvos de conservação, unidades de planejamento
plo, 5% ou 10% da região (para mais detalhes utilizadas e vetores de pressão considerados na
sobre o programa, veja Lehtomäki & Moilanen, definição das áreas prioritárias para ações con-
2013 e Loyola et al. 2014). servação apresentada no presente PAN.
Tabela 3. Objetivo do planejamento, alvos de conservação, unidades de planejamento utilizadas e vetores de pres-
são considerados na definição das áreas prioritárias para ações de conservação apresentadas no PAN para a con-
servação do Espinhaço Meridional
52
vação da Flora (CNCFlora), de acordo com a região), de forma que todas as espécies recebe-
metodologia de georreferenciamento dos dados ram o peso básico de 0,004. Em seguida, para
de herbário apresentada no Manual operacio- cada espécie foi estabelecido um peso multipli-
nal: avaliação de risco de extinção das espé- cador conforme sua categoria de ameaça, que
cies da flora brasileira (Moraes & Kutschenko, confere valor de conservação maior às unidades
2012). Os dados de distribuição geográfica de de planejamento em que as espécies ocorrem.
espécies foram revisados após a avaliação de Espécies categorizadas como Vulneráveis (VU)
risco de extinção publicada no Livro vermelho receberam o peso multiplicador de 1,25 (ou seja,
da flora do Brasil (Martinelli & Moraes, 2013). “pesam” 25% a mais quando comparadas às de-
Cabe ressaltar que os registros de ocorrência de mais espécies). Espécies categorizadas como Em
cada uma das espécies incluídas no planejamen- perigo (EN) e Criticamente em perigo (CR) rece-
to foram validados por uma rede de mais de 200 beram o peso multiplicador de 1,50 (50% mais
especialistas botânicos cadastrados pelo CNC- peso) e 2 (100% mais peso), respectivamente.
Flora, durante o referido processo de avaliação Espécies com Dados insuficientes (DD) e Quase
de risco de extinção. Trata-se, portanto, de uma ameaçadas (NT) foram incluídas em análises se-
base de dados sólida e referendada pela comu- paradas das espécies ameaçadas (uma vez que
nidade botânica brasileira. A partir dos pontos o foco da ação direcionada a tais espécies é di-
de ocorrência devidamente validados, para ferente) e não receberam pesos diferenciados.
cada espécie foram gerados polígonos que ti-
veram sua extensão definida, de acordo com a
precisão espacial da informação obtida durante
a etapa de georreferenciamento do ponto (para 5. Unidades de planejamento
mais detalhes veja Martinelli & Moraes, 2013, e
Loyola et al., 2014). A tomada de decisão para a elaboração de
políticas públicas, gestão e ações de conserva-
Após a definição do objetivo e dos alvos a serem ção, em geral, é realizada a nível nacional ou
incluídos no planejamento, é necessário estabe- regional, dentro de unidades administrativas,
lecer algum tipo de importância, peso ou priori- por exemplo. Por isso, no presente PAN foram
dade para os alvos conservatórios selecionados. consideradas como unidades de planejamento
Em análises de priorização, os pesos são utili- para seleção das áreas prioritárias os limites das
zados para influenciar no valor de conservação ottobacias definidos pela Divisão Hidrográfica
que será agregado a cada unidade de plane- Nacional (Resolução do CNRH 32, de 15 de
jamento. Embora a definição de pesos seja de outubro de 2003), disponibilizados pela Agên-
alguma maneira arbitrária, aqui seguimos uma cia Nacional das Águas – ANA (desse ponto
lógica de importância das espécies associada às em diante referidas apenas como microbacias).
suas categorias de ameaça, conforme indicadas A delimitação das bacias hidrográficas é feita
pelo Livro vermelho da flora do Brasil (Martinelli segundo os seis níveis de classificação de Otto
& Moraes, 2013). Essa publicação embasou a Pfafstetter, sendo as delimitações definidas pelo
elaboração da Lista Nacional Oficial de Espé- nível 6 as que serão utilizadas aqui.
cies Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014) e foi
aplicada no livro Áreas prioritárias para conser- O uso de microbacias como unidade de planeja-
vação e uso sustentável da flora brasileira amea- mento básico nesse processo de priorização evita
çada de extinção (Loyola et al., 2014). que posteriormente seja necessário traçar limites
à seleção entre as unidades definidas (quando a
Desse modo, as espécies têm importância de priorização é feita considerando limites arbitrários
conservação diferenciada e, por isso, repre- como quadrículas ou hexágonos em uma grade,
sentar espécies Criticamente em perigo (CR) foi por exemplo), além de permitir que as ações de
considerado prioritário quando comparado à re- conservação sejam estrategicamente definidas
presentação de espécies Vulneráveis (VU), por dentro de cada microbacia indicada como prio-
exemplo. Assim, em nossa análise, padroniza- ritária. Adicionalmente, as ações de conservação
mos os pesos por espécies, dividindo 1 por 256 podem ser implementadas em consonância com
(o total de espécies ameaçadas que ocorrem na outras políticas públicas voltadas à conservação
53
para a região. Esse é o caso da Política Nacional seleção de áreas. Estratégias e ações de conser-
de Recursos Hídricos e da atuação do Sistema de vação que não consideram as dimensões sociais
Gerenciamento de Recursos Hídricos, de acordo não oferecem boas soluções que evitem conflitos
com a Lei no 9.433/97, que define a bacia hidro- de uso do solo (Knight et al., 2008). Portanto, a
gráfica como a unidade territorial para a imple- seleção de áreas prioritárias para conservação
mentação de ações (Brasil, 1997). torna-se mais eficiente a partir do momento em
que informações sobre o custo (não apenas mo-
De maneira complementar, para uma avaliação netário, mas também de oportunidade e dimen-
das prioridades locais dentro das microbacias sões sociais, por exemplo) são aplicadas como
prioritárias, análises de priorização que conside- uma restrição à seleção de áreas (ver Faleiro &
ram quadrículas de 10 km de lado também foram Loyola, 2013, e Dobrovolski et al., 2014).
realizadas, e seus resultados são apresentados
nos mapas suplementares. Elas indicam priorida- Um dos custos mais interessantes no processo de
des em resolução mais alta, permitindo a aloca- priorização é o custo de oportunidade. Embora
ção de recursos e ações dentro de Unidades de nem sempre seja fácil de calcular essa estima-
Conservação (UCs), por exemplo, ou no interior tiva, quando empregada em análises de áreas
das microbacias indicadas como prioritárias. prioritárias, visa ao maior retorno de investimen-
to, ou seja, ao maior benefício para a conser-
vação como o maior número de espécies pro-
tegidas com o menor custo total. Esse balanço
6. Diminuição de conflitos entre o benefício e o custo é necessário uma vez
futuros para a implementação que os recursos e as oportunidades para a con-
de ações servação são limitados, o que evidencia ainda
mais a importância de eleger prioridades para
Ações de conservação implicam diversos tipos a conservação.
de custos. Portanto, no processo de implementa-
ção de estratégias de conservação é crucial que Por outro lado, atividades humanas são entendi-
o custo e a eficiência das ações sejam conside- das como vetores de pressão que incidem direta-
rados na seleção de áreas prioritárias (Loyola et mente sobre a biodiversidade, causando efeitos
al., 2014). Normalmente, os custos da conserva- negativos para a sobrevivência de uma deter-
ção são traduzidos em diferentes aspectos, mui- minada espécie, podendo levá-la à extinção.
tos dos quais não podem ser diretamente moneti- Exemplos conhecidos são o desmatamento, a
zados. Exemplos de custos utilizados em análises agricultura, a pecuária, a mineração e a expan-
de conservação são: de oportunidade (frequen- são urbana. Os fatores que geram tal pressão
temente calculado a partir da perda de oportu- são normalmente de natureza social, econômi-
nidade de investimento ou do retorno financeiro ca, institucional e/ou política. Por isso, é crucial
que a terra produziria, caso não fosse destinada incorporar esses vetores de forma explícita nas
à conservação), de aquisição de terras e de ma- análises que identificam áreas prioritárias para
nejo. Os custos podem ainda ser imediatos (aqui- conservação (Faleiro & Loyola, 2013; Loyola et
sição de terras, por exemplo) ou recorrentes (por al., 2014). Neste PAN, esses vetores de pressão
exemplo, manejo). foram integrados por meio dos custos de oportu-
nidades a eles associados.
A incorporação de restrições financeiras e o custo
de oportunidade ao planejamento para conserva- As maiores causas atuais da perda de habitat
ção têm-se expandido nas últimas décadas, com (vetores de pressão) são a atividade agrícola e
o objetivo de diminuir conflitos entre desenvolvi- a extração de recursos naturais. A agropecuá-
mento econômico e conservação da biodiversida- ria e a mineração são as atividades econômicas
de (Carwardine et al., 2008). Medidas simples mais amplamente difundidas e possuem grande
de custos, como o tamanho da área dos locais importância para a economia do Brasil, em ge-
selecionados, desconsiderando aspectos socioe- ral, e na SdEM, em particular. Desse modo, a
conômicos, são normalmente pouco úteis para fim de incluir os principais vetores de pressão
evitar conflitos e, por isso, tornam ineficiente a reconhecidos à flora do Espinhaço Meridional,
54
Diante de recursos
escassos, é necessário
estabelecer
prioridades para
a conservação da
biodiversidade, mas
também é preciso
saber claramente o
quê, onde e como
conservar
55
consideramos no mapeamento das áreas priori-
tárias a atividade agropecuária e a mineração
como dois fatores geradores de potenciais con-
flitos às estratégias de conservação da flora.
Além disso, incluímos no processo de seleção as
áreas onde há queimadas recorrentes, visando
alocar melhor os recursos e as ações para con-
trole e manejo de fogo nessas áreas. Abaixo,
oferecemos informações sobre os dados utiliza-
dos, com vistas a facilitar a execução de aná-
lises que visam minimizar conflitos futuros para
a implementação de ações para a conservação
da flora ameaçada.
56
Figura 1: Distribuição espacial dos principais vetores de pressão à flora da Serra do Espinhaço Meridional, A
– atividade agropecuária, B – mineração e C – queimadas. Atividades conflitantes com medidas de manejo e
conservação foram incluídas na seleção de áreas prioritárias, com o objetivo de encontrar soluções compatíveis
com múltiplas atividades na mesma região
57
estabelecido para a agropecuária, selecionamos Nesta publicação, todas as UCs foram considera-
áreas para a conservação da flora ameaçada, das no processo de seleção das áreas prioritárias
de maneira que locais atualmente explorados (dados obtidos junto ao Instituto Chico Mendes
para extração de minério, sempre que possível, de Conservação da Biodiversidade – ICMBio,
fossem evitados, minimizando possíveis conflitos 2014). Nossa intenção, quando viável, foi evi-
com o uso de solo para esse fim (Figura 1B). tar que áreas prioritárias coincidissem com a lo-
calização de UCs por entender que, em áreas
já protegidas, uma parte crucial do processo de
6.3. Dados sobre a ocorrência de conservação da flora ameaçada de extinção foi
queimadas recorrentes realizada. Assim, sempre que possível, as áreas
prioritárias aqui apresentadas não se sobrepuse-
Dados sobre a ocorrência de queimadas foram ram às UCs.
obtidos na plataforma Lapig-Maps (http://www.
lapig.iesa.ufg.br/lapig/index.php/produtos/ A exceção a essa regra são as análises que in-
lapig-maps). Os dados referem-se ao período dicam prioridades para controle de queimadas e
de 2002 a 2013, e foram gerados a partir do manejo do fogo. Nesse caso, essa restrição não
produto Modis MCD45A1. Os dados foram en- ocorreu por entendermos que é imprescindível ge-
tão recortados para a área limite utilizada neste rar resultados que indiquem prioridades inclusive
PAN e, posteriormente, calculou-se a frequência no interior das UCs, uma vez que o fogo pode fa-
de ocorrência média de queimadas para cada cilmente adentrar os seus limites. Dentro das UCs,
unidade de planejamento, no período correspon- ações de conservação envolvem capacitação de
dente (de 2002 a 2013) (Figura 1C). pessoal, melhorias na infraestrutura, manejo de es-
pécies, controle de queimadas, restauração de lo-
Para as análises realizadas neste PAN, selecio- cais degradados e controle de invasão biológica.
namos áreas para ações de conservação da flo-
ra ameaçada, de maneira que locais com quei-
madas recorrentes fossem, sempre que possível,
favorecidos. Assim, essas áreas representam 7. Recortes espaciais de
aquelas mais importantes para controle/manejo priorização e urgência de
do fogo, com vista à conservação das plantas implementação das ações
ameaçadas da região.
O recorte da região considerado como prioritário
(ou seja, níveis estratégicos de prioridade) é de-
6.4 Dados sobre Unidades de Conservação finido pelo planejador de acordo com os interes-
ses do planejamento. Quanto mais área total (em
O Sistema Nacional de Unidades de Conserva- km2) é indicada como prioritária, mais espécies
ção (SNUC) (Lei no 9.985/2000; Brasil, 2000) são representadas e maior será a proporção de
define e regulamenta as categorias de Unidades sua distribuição coberta pelas ações de conserva-
de Conservação (UCs) nas instâncias federal, ção. Neste PAN, apresentamos os resultados em
estadual e municipal, agrupando-as de acordo diferentes níveis de prioridade da área total.
com o tipo de uso: proteção integral e uso sus-
tentável. Cada grupo, por sua vez, subdivide-se O nível de prioridade das unidades de planeja-
em diferentes categorias. No grupo das UCs de mento foi classificado em três grandes grupos:
proteção integral estão as Estações Ecológicas, unidades com prioridade extremamente alta (re-
Reservas Biológicas, Parques Nacionais, Monu- presentando 5% das unidades mais importantes
mentos Naturais e Refúgios de Vida Silvestre. No para a conservação das plantas ameaçadas da
grupo das UCs de uso sustentável estão as Áreas região), unidades com prioridade muito alta (re-
de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante In- presentando 10% das unidades mais importan-
teresse Ecológico, Florestas Nacionais, Reservas tes, incluindo os 5% anteriores) e unidades com
Extrativistas, Reservas de Fauna, Reservas de prioridade alta (representando 17% das unidades
Desenvolvimento Sustentável e Reservas Particu- mais importantes, incluindo os 10% anteriores)
lares do Patrimônio Natural. (ver Loyola et al., 2014). O recorte dos 17% está
58
ancorado na Meta 11 do Plano Estratégico para 8. Avaliação do desempenho
a Conservação da Biodiversidade até 2020, das análises
proposto em 2010 pelos países signatários da
Convenção da Diversidade Biológica. De acordo Na análise de priorização, além de indicar e
com essa meta, cada país signatário deve abri- mapear as áreas prioritárias para as ações de
gar áreas legalmente protegidas em pelo menos conservação, é necessário avaliar o quanto da
17% da área total de seus ecossistemas terrestres. distribuição de cada espécie é representado no
conjunto de áreas indicadas como prioritárias
É importante notar que o número de unidades para cada ação de conservação. Essa represen-
prioritárias aumenta com a área total, e que há tação é um indicador do desempenho do plane-
outras unidades de planejamento importantes jamento e do impacto real que a implementação
para ações de conservação de plantas ameaça- das ações nas áreas prioritárias pode ter, caso
das que excedem os 17% supracitados. Assim, as recomendações sejam seguidas pelos atores e
as áreas prioritárias apontadas nesta publicação tomadores de decisão.
não são identificadas exclusivamente para serem
transformadas em UCs, mas também de maneira Por isso, aqui apresentamos, além dos resulta-
a servirem como um guia estratégico que oriente dos e mapas com os diferentes níveis de priori-
a alocação de recursos para ações de conser- dades, os gráficos de desempenho das análises
vação de um importante componente da biodi- realizadas. Tais gráficos indicam que proporção,
versidade brasileira. Portanto, aqui também são em média, da distribuição espacial das espé-
apresentados outros recortes com área total de cies ameaçadas é representada em cada nível
25% e 50% da região priorizada (unidades com de priorização (17%, 25% e 50% da área total)
prioridade muito relevante e unidades com prio- somado à proporção da distribuição já incluída
ridade relevante, respectivamente). Ainda nesse nas UCs existentes na região. Além disso, indi-
contexto, destacamos que as prioridades são su- camos o erro padrão e os valores máximos e mí-
perpostas, isto é, e as unidades que requerem nimos de distribuição espacial representada, de
menor urgência para a implementação de ações cada categoria de ameaça.
fazem parte de um subconjunto daquela cuja ur-
gência é extremamente alta. Todas as espécies analisadas têm algum nível de
representação, considerando todas as estraté-
gias de priorização, no nível de 50% da SdEM.
Campo rupestre na Lapinha da Serra. Foto: Eduardo Assim, de modo geral, todas as espécies foram,
Dalcin de alguma forma, representadas e, por isso, po-
59
demos considerar que nenhuma espécie da flora
ameaçada pode ser considerada como lacuna
no presente exercício de priorização (Tabelas
Suplementar 1 e Suplementar 2).
60
Figura 2: Microbacias prioritárias para a implementação de ações de conservação da flora ameaçada de extinção,
evitando áreas com uso intensivo para agropecuária na Serra do Espinhaço Meridional. As áreas são classificadas
de acordo com seu nível de prioridade para ações de conservação em relação à área total do recorte da Serra
do Espinhaço Meridional: A – Extremamente alta (5%), Muito alta (10%) e Alta (17%), B – Muito relevante (25%)
e C – Relevante (50% da região). As prioridades são aninhadas e o nível de prioridade das demais áreas não é
apresentado nestes recortes (representadas na figura pela cor cinza)
61
Figura 3: Microbacias e células prioritárias para a implementação de ações de conservação da flora ameaçada
de extinção, evitando áreas com uso intensivo para agropecuária na Serra do Espinhaço Meridional. As áreas são
classificadas de acordo com seu nível de prioridade para ações de conservação em relação a área total do recorte
da Serra do Espinhaço Meridional: A – Extremamente alta (5%), Muito alta (10%), Alta (17%), B – Muito relevante
(25%) e C – Relevante (50% da região). As prioridades são aninhadas e o nível de prioridade das demais áreas
não é apresentado neste recorte (representadas na figura pela cor cinza)
62
sentação média, nos recortes de prioridade de
17%, 25% e 50% prioritários (Figura 4). Para
informação sobre a porcentagem de representa-
ção individual das espécies ameaçadas obtida
nessa estratégia, veja a Tabela Suplementar 1.
63
9.2. Áreas prioritárias, visando menor
conflito com atividades de mineração na
Serra do Espinhaço Meridional
64
Figura 5: Microbacias prioritárias para a implementação de ações de conservação da flora ameaçada de extinção,
evitando áreas com uso atual destinado à mineração na Serra do Espinhaço Meridional. As áreas são classificadas
de acordo com seu nível de prioridade para ações de conservação em relação a área total do recorte da Serra do
Espinhaço Meridional: A – Extremamente alta (5%), Muito alta (10%) e Alta (17%), B – Muito relevante (25%) e C –
Relevante (50% da região). As prioridades são aninhadas e o nível de prioridade das demais áreas não é apresen-
tado neste recorte (representadas na figura pela cor cinza)
65
Figura 6: Microbacias e células prioritárias para a implementação de ações de conservação da flora ameaçada
de extinção, evitando áreas com uso atual destinado à mineração na Serra do Espinhaço Meridional. As áreas são
classificadas de acordo com seu nível de prioridade para ações de conservação em relação a área total do recorte
da Serra do Espinhaço Meridional: A – Extremamente alta (5%), Muito alta (10%) e Alta (17%), B – Muito relevante
(25%) e C – Relevante (50% da região). As prioridades são aninhadas e o nível de prioridade das demais áreas
não é apresentado neste recorte (representadas na figura pela cor cinza)
66
Figura 7: Porcentagem média de distribuição
geográfica das espécies da flora ameaçada de
extinção representada nas microbacias indicadas
como prioritárias para ações de conservação, evitando
áreas com uso atual destinado à mineração na Serra
do Espinhaço Meridional, em diferentes níveis de
prioridade (17%, 25% e 50% do total da região). Os
valores são agrupados de acordo com a categoria de
ameaça das espécies (CR= Criticamente em perigo,
EN= Em perigo e VU= Vulnerável). Os desvios apontam
o erro padrão e os valores indicados no interior do
gráfico demonstram a porcentagem mínima e máxima
de representação atingida para cada categoria de
ameaça, em cada recorte de prioridade. O nível de
representação já inclui porção da distribuição em
Unidades de Conservação existentes na Serra do
Espinhaço Meridional
67
Figura 8: Microbacias e células prioritárias para a implementação de ações direcionadas ao manejo de fogo
para conservação da flora ameaçada de extinção na Serra do Espinhaço Meridional. As áreas são classificadas
de acordo com seu nível de prioridade para ações de manejo em relação a área total do recorte da Serra do
Espinhaço Meridional: A – Extremamente alta (5%), Muito alta (10%) e Alta (17%), B – Muito relevante (25%) e
C – Relevante (50% da região). As prioridades são aninhadas e o nível de prioridade das demais áreas não é
apresentado neste recorte (representadas na figura pela cor cinza)
68
do Espinhaço Meridional, (Figura 8B e C) perma-
necendo, porém, principalmente nessas regiões.
69
informação sobre a porcentagem de representa-
ção individual das espécies ameaçadas obtida
nessa estratégia, veja a Tabela Suplementar 1.
70
71
À medida que o recorte de prioridade aumenta
(de 17% para 50% da área da SdEM), aumenta
também a sobreposição de microbacias indica-
das como prioritárias para diferentes estratégias
(Figura 10D-F). Por exemplo, a sobreposição de
microbacias identificadas como prioritárias em
todas as estratégias passa de menos de 1% para
quase 16% da SdEM quando o recorte de priori-
dade sobe de 17% para 50% da região (ver mi-
crobacias em cor preta na Figura 10D-F). Essas
regiões merecem, assim, uma atenção especial
no processo de implementação de ações, pois
terão maior contribuição para o alcance dos ob-
jetivos de todas as estratégias ao mesmo tempo.
72
Região do Travessão, Parque Nacional Serra do Cipó. Foto: Rafael Santiago
73
Figura 11: Áreas prioritárias para ações direcionadas à coleta e pesquisa sobre a flora Quase ameaçada (NT) e
com Dados insuficientes (DD) na Serra do Espinhaço Meridional. As áreas são classificadas de acordo com seu
grau de prioridade para ações de manejo em relação a área total do recorte da Serra do Espinhaço Meridional:
A – Extremamente alta (5%), Muito alta (10%) e Alta (17%), B – Muito relevante (25%) e C – Relevante (50% da
região). As prioridades são aninhadas e o nível de prioridade das demais áreas não é apresentado neste recorte
(representadas na figura pela cor cinza)
74
Figura 12: Representação média da distribuição
geográfica das espécies da flora Quase Ameaçada
e com Dados Insuficientes representada nas áreas
indicadas como prioritárias para ações direcionadas a
coleta a pesquisa na Serra do Espinhaço Meridional,
em diferentes níveis de prioridade (17%, 25% e 50%
do total da paisagem). Os desvios representam o erro
padrão e os valores indicados no interior do gráfico
demonstram a porcentagem mínima e máxima de
representação atingida pelas espécies em cada nível de
prioridade
75
Por fim, é importante destacar que os mapas com 11. Referências
áreas prioritárias nesta publicação foram gera-
dos se valendo da melhor e mais confiável base Brasil, 1997. Lei nº 9.433: Política Nacional de Recursos Hídricos. Bra-
de dados disponível e validados pelo CNCFlora. sília: MMA/SRH. 72p.
Ainda assim, os mapas não têm caráter impo- Brasil, 2000. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; Decreto nº 4.340,
sitivo. Ao contrário, eles são resultantes de um de 22 de agosto de 2002. Sistema Nacional de Unidade de Conser-
processo técnico de alto nível, que contou com vação da Natureza – SNUC: 3. ed. aum. Brasília: MMA/SBF. 52p.
a presença de vários especialistas na definição Carwardine, J., Wilson, K.A., Watts, M., Etter, A., Klein, C.J., Hugh,
da base de dados e no protocolo geral de aná- P., 2008. Avoiding costly conservation mistakes: the importance of
lise para a definição de prioridades. Mesmo se- defining actions and costs in spatial priority setting. PLoS ONE 3,
e2586.
guindo tais orientações, a qualidade do produto
Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, 2014. Áreas
está relacionada à disponibilidade de informa-
de interesse mineral no território nacional. URL http://www.dnpm.
ções na SdEM, e ainda há lacunas de conhe-
gov.br/conteudo.
cimento sobre a distribuição das espécies. Por Dobrovolski, R., Loyola, R., Da Fonseca, G.A.B., Diniz-Filho, J.A.F., Arau-
isso, este capítulo do PAN para a conservação jo, M.B., 2014. Globalizing Conservation Efforts to Save Species
do Espinhaço Meridional não deve ser utilizado and Enhance Food Production. Bioscience 64, 539–545.
como título definitivo, e sim como subsídio para Faleiro, F. V., Loyola, R.D., 2013. Socioeconomic and political trade-offs
o estabelecimento de ações de conservação e in biodiversity conservation: a case study of the Cerrado Biodiversity
manejo. Acreditamos que este PAN será extre- Hotspot, Brazil. Divers. Distrib. 19, 977–987.
mamente relevante para a definição de políticas Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2010 – Mapa Mu-
públicas de conservação em toda a SdEM, mu- ral de Uso da Terra do Brasil 2010. URL ftp://geoftp.ibge.gov.br/
76
Serra do Breu, região da Serra do Cipó. Foto: Rafael Santiago
77
78
Capítulo v.
Ações para a
conservação de
espécies da flora
ameaçadas de extinção
da Serra do Espinhaço
Meridional
A partir das informações apresentadas em todo Visão: Conservar a Serra do Espinhaço Meri-
o documento do Plano de Ação Nacional – PAN dional e suas espécies da flora ameaçada de
para a Conservação da Flora Ameaçada de Ex- extinção de forma integrada com a comunidade
tinção da Serra do Espinhaço Meridional, foram local, com as unidades de conservação e com
elaboradas e discutidas ações de conservação os institutos de pesquisa, compartilhando conhe-
durante a oficina do PAN e, posteriormente, cimento e respeitando os valores e a identidade
aprimoradas na primeira reunião do grupo de locais.
assessoramento técnico. Para nortear a elabora-
ção das ações, foram estabelecidos a visão, o Objetivo geral: Reduzir o risco de extinção das
objetivo geral e as metas do PAN. A visão des- espécies da flora ameaçada que ocorrem na Ser-
creve o ideal, o estado de conservação da espé- ra do Espinhaço Meridional, aprofundando os
cie que gostaríamos que fosse alcançado em um estudos sobre elas e seu habitat, e mitigando as
intervalo de 10 anos. O objetivo geral é a visão ameaças que incidem até o ano de 2026.
redefinida para que seja alcançada em longo
prazo. As ações foram organizadas a partir de
metas delineadas para serem específicas, men-
suráveis, alcançáveis, realísticas e executáveis
em no máximo cinco anos. Finalmente, definimos
como ação qualquer atividade que, direta ou in-
diretamente, contribuirá para melhorar o estado
de conservação de uma espécie e do seu habitat,
sendo necessária sua implementação para alcan-
çar as metas, o objetivo e a visão do PAN.
79
Meta 1
Realizar ações diretas ou indiretas para manejo de populações, habitats e paisagens, visando à conservação das
espécies ameaçadas incluídas neste PAN
1.1 Modelar a expansão de monoculturas de eucalipto nos Mapa atual e futuro das culturas de eucalipto no
próximos anos em todo o Espinhaço Meridional Espinhaço Meridional elaborado
1.2 Sugerir aos municípios que estão elaborando ou Levantamento dos municípios que não possuem ou
revisando os seus planos diretores e às Unidades de estão revisando seus planos diretores e das UCs que
Conservação (UCs) que estão elaborando seus planos não possuem ou estão elaborando plano de manejo
de manejo que considerem nesses documentos as
ações previstas e as áreas indicadas como prioritárias Ofício enviado para os órgãos competentes nos mu-
neste PAN nicípios e para os gestores de UCs
1.3 Investigar o potencial da flora nativa do Espinhaço Publicação dos resultados do levantamento (dados
Meridional na recuperação de áreas mineradas e primários ou secundários) do potencial das espécies
priorizar seu uso para essa recuperação nativas da Serra do Espinhaço
Documento elaborado com diretrizes de restauração
de áreas pelo uso de espécies nativas
80
Data (mês/ano) Articulador Colaboradores Ações
relacionadas
Jul/2017 Rafael Loyola (CB-Lab/UFG) Nina Pougy (CNCFlora/JBRJ), 4.5
Nathália Machado (CB-Lab/
UFG)
Abril/2016 Nina Pougy (CNCFlora/ Nathália Machado (CB-Lab/
JBRJ) UFG), Miguel Andrade (RBSE),
Paula Ferreira (ICMBio)
Jul/2016
Julho/2017
Jun/2017
Dez/2017
81
Meta 2
Desenvolver capital humano e institucional, conscientizar a população e divulgar o PAN, visando à implementação
de ações e à conservação das espécies ameaçadas incluídas neste documento
2.1 Treinar e equipar associações de produtores rurais Identificação, por microbacia, de até 10 associações
para que sejam facilitadores no processo de forma- que facilitariam o Cadastro Ambiental Rural – CAR e
lização do Cadastro Ambiental Rural – CAR e do o Programa de Regularização Ambiental – PRA junto
Programa de Regularização Ambiental – PRA das aos proprietários
propriedades localizadas nas bacias prioritárias
Obs.: Os agentes formadores deverão ter ciência Levantamento dos agentes e estabelecimento de
do PAN e de suas prioridades para sugerir áreas de contato com os mesmos para o treinamento de até 30
Reserva Legal representantes das associações (três de cada associa-
ção)
82
Data (mês/ano) Articulador Colaboradores Ações
relacionadas
Jan/2016 Luiz Gluck (Oreades) Mariana Reis Utsch Jorge
(Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Gestão Urbana,
Conceição do Mato Dentro),
Leonardo Geraldo da Mata
Martins (Secretaria Municipal
Jan/2016 de Meio Ambiente e Gestão
Urbana, Conceição do Mato
Dentro), Geraldo W. Fernan-
des (UFMG), Miguel Andrade
(RBSE), Nayara Bernardes
(Sebrae), Rodrigo Teribele (IEF/
MG)
Set/2017
Mar/2016
Abr/2016
Dez/2017
Março/2021
83
Nº Ação Indicador de desempenho/produto
2.3 Divulgar o PAN e suas ações para: (1) Seplag, Levantamento das instituições locais chave realizado
Semad, IEF, Feam, Setop, Deop e DER (2) prefeituras,
instituições e associações regionais Realização de pelo menos um evento de divulgação
com as instituições (1) e pelo menos um evento com
as instituições locais chave (2). Distribuição dos ma-
teriais gráficos, incluindo o livro do PAN e os mapas
auxiliares
2.4 Elaborar pranchas ilustrativas (estilo Colorguides) Proposta do projeto elaborada
das espécies ameaçadas incluídas neste PAN para
divulgação das espécies e de seu estado de ameaça
visando à conscientização ambiental de um público
amplo Pranchas elaboradas e impressas
Obs.: Distribuição cautelosa e direcionada a públicos
específicos de modo a evitar o uso do recurso para
a extração ou supressão deliberada das espécies
ameaçadas
2.5 Subsidiar o Sebrae e secretarias de turismo com Acordo com o Sebrae e secretarias de turismo para
informações técnicas para realizarem campanhas de inserir o tema na pauta de capacitação
conscientização sobre a importância da flora local
ameaçada e sua conservação, prevenindo e conside- Distribuição do material produzido
rando o impacto causado pelo turismo
2.6 Propor ao DER e apresentar ao Ministério Público, Projeto de estrada-modelo elaborado e implementado
UCs e prefeitura um projeto para transformação de
um trecho da MG-010 em “estrada-parque”, com
elementos de conscientização e proteção ambiental
2.8 Realizar cursos de boas práticas de manejo e agre- Realização de pelo menos cinco cursos (1 por ano)
gação de valor para a comunidade extrativista de
sempre-vivas
2.9 Divulgar as técnicas adequadas para queima con- Material educativo produzido (cartilha, folder, audio-
trolada e esclarecer o procedimento legal para sua visual etc.)
autorização pela autoridade competente nas áreas
prioritárias do PAN Material educativo distribuído em campanhas de
divulgação e conscientização
Visitas preventivas realizadas a uma amostra repre-
sentativa de proprietários nas áreas indicadas pelo
PAN como prioritárias ao combate do fogo
84
Data (mês/ano) Articulador Colaboradores Ações
relacionadas
Jan/2016 Leandro Carmo Guimarães Ana Maria Silva Lima (DPBio/ 2.2
(DPBio/IEF) IEF), Nina Pougy (CNCFlora/
Dez/2016 JBRJ)
Dez/2016 Paulo Sano (USP) Maria Guadalupe Carvalho Ação: Estudo de viabi-
(FZB-BH), lidade de sistema de
Sidnei Calisto de Oliveira certificação de pro-
Jun/2016 (Sebrae), dutos do extrativismo
Jun/2017 Fabiane Costa (UFVJM), (base jurídica, critérios,
Jun/2018 Maria Neudes (UFVJM), comitê certificador, en-
Jun/2019 Renato Ramos (USP), tidades certificadoras,
Jun/2020 Joaquim de Araújo Silva (Institu- processos de monitora-
to Biotrópicos) mento e sustentabilida-
de da certificação)
85
Nº Ação Indicador de desempenho/produto
2.10 Realizar eventos educativos sobre os efeitos do fogo Eventos realizados em pelo menos duas escolas no
predatório nas escolas das comunidades no entorno entorno de cada UC
das UCs
2.13 Fortalecer junto ao ICMBio e ao IEF a iniciativa piloto Aumento de 20% no número de cursos ministrados
do curso de queima controlada nas comunidades do
entorno dos parques
86
Data (mês/ano) Articulador Colaboradores Ações
relacionadas
Dez/2020 Marcos Alexandre (IEF/ Paulo Sano (USP),
MG) Flávia Toledo (Anglo American),
Antônio Carlos Carneiro (IEF-PE
Biribiri/MG), Isabel Schimidt
(UNB),
Mariana Reis Utsch Jorge
(Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Gestão Urbana,
Conceição do Mato Dentro),
Gleyce Dutra (UFVJM), Romina
Beloni (ICMBio)
87
Meta 3
Realizar pesquisas que gerem conhecimento, inovação e transferência de tecnologia, visando à
implementação de ações e à conservação das espécies ameaçadas incluídas neste PAN
3.1 Identificar lacunas de coleta botânica ao longo de Artigo científico publicado com mapa apresentando
todo o Espinhaço Meridional, com ênfase especial em as lacunas de conhecimento da flora do Espinhaço
áreas indicadas como prioritárias para tal fim neste Meridional
PAN
Obs. Considerar o trabalho: “Distribuição espacial
do esforço de pesquisa biológica na Serra do Cipó,
Minas Gerais: subsídios ao manejo das unidades de
conservação da região” publicado na revista Megadi-
versidade em 2008
3.2 Garantir que, no âmbito da construção do instrumen- Proposta do programa piloto elaborado
to normativo para regulamentação do manejo das
sempre-vivas em Minas Gerais, seja incluído o monito- Programa de monitoramento implementado
ramento do cultivo, do manejo e da comercialização
de sempre-vivas (ex. procedência, identidade, volume
e destino)
3.3 Identificar e mapear as espécies alvo do extrativismo Lista das espécies alvo do extrativismo consolidada
na região do Espinhaço Meridional e publicada
Mapa de ocorrência das espécies elaborado
Análise de sustentabilidade da atividade e ameaça
às espécies
Catálogo de fotos das espécies e ficha técnica
3.4 Monitorar as espécies ameaçadas de extinção e anali- Monitoramento iniciado
sar os efeitos associados ao manejo do fogo nas UCs
Relatórios anuais
88
Data (mês/ano) Articulador Colaboradores Ações
relacionadas
Jun/2016 Nina Pougy (CNCFlora/ Nathália Machado (CB-Lab/
JBRJ) UFG), Rafael Loyola (CB-Lab/
UFG), Livia Echternacht (UFU),
Suelma Ribeiro (Cecat/ICMBio)
Jan/2021
Mai/2016 Paula Ferreira (ICMBio) Rafael Loyola (CB-Lab/UFG),
Nathália Machado ( CB-Lab/
UFG)
Dez/2018 Geraldo W. Fernandes Celso Paiva (ICMBio)
(UFMG)
89
Meta 4
Direcionar esforços por meio de ações que fomentem a criação, o estabelecimento ou a aplicação de políticas públicas para
a conservação das espécies ameaçadas incluídas neste PAN
4.1 Realizar junto aos órgãos ambientais do governo Documento sistematizando a informação sobre os
do estado de Minas Gerais a concessão de bene- proprietários para as quais os benefícios devem ser
fícios (ex.: bolsa verde, pagamento por serviços priorizados e a justificativa dessa solicitação
ambientais) àqueles proprietários de terras situadas
em microbacias identificadas como prioritárias Documento apresentado aos órgãos ambientais do
neste PAN para que estes se engajem nas ações de governo do estado de Minas Gerais
conservação propostas para a área Documento ou instrumento legal aprovado pelo gover-
no do estado
Implementação efetiva das diretrizes do documento
(ou instrumento legal) pelos órgãos do Sisema-MG
4.2 Direcionar os recursos de fomento à preservação e Documento com levantamento de linhas de financia-
restauração de vegetação nativa às propriedades mento já existentes para pequenos produtores
localizadas nas microbacias identificadas como
prioritárias neste PAN Linhas de fomento divulgadas às partes interessadas,
com destaque para os produtores rurais
Linha (s) de financiamento implementada (s) seguindo
uma política de destinação preferencial de recursos
pelos órgãos responsáveis
4.3 Publicar um ato normativo específico que discipline Dossiê elaborado, a partir do conhecimento científico
o uso e a ocupação do solo em campos rupestres disponível, com as recomendações de ordenamento
com vistas a sua conservação de atividades, uso e manejo do solo, boas práticas e
conservação dos campos rupestres
Ato normativo elaborado a partir do dossiê
Ato normativo publicado
4.4 Adotar as microbacias prioritárias deste PAN como Microbacias prioritárias incluídas no rol de critérios
critério locacional (2) para fins de regularização locacionais de ato normativo que venha a revisar a
ambiental, em atendimento ao disposto na Diretiva DN Copam 74 de 2004 ou atender à diretiva Copam
Copam 02 de 2009 02 de 2009
4.5 Elaborar o Zoneamento Ambiental Produtivo – ZAP Mapas e relatórios de uso do solo e atividades
das microbacias prioritárias do PAN para direcio- econômicas elaborados
nar a implementação das ações
4.6 Publicar ato normativo que obrigue a consideração Dossiê fundamentando a proposta de ato normativo
das ações e áreas prioritárias do PAN na determi- apresentado ao COPAM para deliberação
nação da viabilidade locacional de empreendimen-
tos e medidas de prevenção, mitigação, reparação Ato normativo publicado
ou compensação de danos durante a análise
de processos de regularização ambiental ou de
infrações ambientais no âmbito do estado de Minas
Gerais
4.7 Inserir nomes científicos das espécies alvo de uso Proposta do detalhamento do cadastro
no cadastro do sistema de comércio exterior
Solicitação / justificativa elaborada e encaminhada
(Siscomex)
Solicitação aprovada e prioridade instituída
90
Data (mês/ano) Articulador Colaboradores Ações
relacionadas
Out/2016 Leandro Carmo Guimarães Ana Maria Silva Lima (DPBio/
(DPBio/IEF) IEF), Marcos Alexandre (PE
Intendente/IEF), Gustavo Marti-
nelli (CNCFlora/JBRJ), Suelma
Dez/2016 Ribeiro (Cecat/ICMBio)
Jul/2017
Dez/2017
91
Nº Ação Indicador de desempenho/Produto
92
Data (mês/ano) Articulador Colaboradores Ações
relacionadas
Dez/2016 Gustavo Martinelli (CNC- Nina Pougy (CNCFlora/JBRJ),
Flora/JBRJ) Daniel Maurenza (CNCFlora/
JBRJ), Paula Ferreira (ICMBio),
Geraldo W. Fernandes (UFMG)
Dez/2018 Miriam Pimentel (FZB-BH), Karen Alvarenga de Oliveira
Leandro Carmo Guimarães Windham-Bellord (Karen Al-
(DPBio/IEF) varenga Consultoria & Advo-
cacia), Flávia Toledo (Anglo
Dez/2019 American), Evandro Machado
(UFVJM), Carlos Victor Mendon-
ça (UFVJM), Fabiane Nepomu-
ceno (UFVJM)
93
Tabela 2: Nível de prioridade de cada ação e estimativa dos custos de implementação das ações por ano.
Prioridade 1: a ação é direcionada para mitigar as ameaças-chave e fornecer informações e/ou mecanismos
essenciais para a conservação das espécies e/ou de seu habitat. Prioridade 2: a ação fornece informações e/ou
mecanismos adicionais para a conservação das espécies e/ou de seu habitat. Prioridade 3: a ação é desejável,
mas não é crítica para a recuperação das populações das espécies
94
Ações Descrição Prioridade Estimativa dos custos em R$
sumarizada
95
Ações Descrição Prioridade Estimativa dos custos em R$
sumarizada
96
Ações Descrição Prioridade Estimativa dos custos em R$
sumarizada
97
Ações Descrição Prioridade Estimativa dos custos em R$
sumarizada
98
Ações Descrição Prioridade Estimativa dos custos em R$
sumarizada
99
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária Juliana Farias Motta CRB7- 5880
P712
ISBN: 978-85-88742-74-1
1.Proteção ambiental – Minas Gerais, MG.2. Botânica – Minas Gerais, MG.3. Plantas - Ecologia.4.
Plantas em extinção Serra do Espinhaço Meridional – Minas Gerais, MG. I. Título. III. Título. Serra do
Espinhaço Meridional. IV. Série. PAN – Plano de ação nacional
CDD 587
100
PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA FLORA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO DA SERRA DO ESPINHAÇO MERIDIONAL
PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA A
CONSERVAÇÃO DA
FLORA AMEAÇADA DE EXTINÇÃO DA
Serra do
Espinhaço
Meridional