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CURSO DE ESTOMATOLOGIA PARA

CIRURGIÕES-DENTISTAS DA REDE
PÚBLICA DE ATENÇÃO À SAÚDE

Material para
Leitura
Módulo 2

exames complementares

Exames de Imagem
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Leitura exames complementares
EXAMES DE IMAGEM
Exames de imagem são exames complementares bastante conhecidos e que o cirurgião-dentista
solicita com frequência. Contribuem no diagnóstico de alterações relacionadas aos dentes (cáries, alterações
de número ou forma, reabsorções dentárias), lesões presentes no complexo maxilo-mandibular ou em
estruturas circunvizinhas. Além disso, auxiliam na verificação da extensão das lesões, orientação de condutas
terapêuticas, indicação e contraindicação de procedimentos cirúrgicos, bem como previsão de possíveis
dificuldades a serem encontradas. Para que isso seja possível, o profissional deve conhecer a anatomia da
região de interesse, visando diferenciar áreas patológicas de estruturas anatômicas normais ou variações no
seu padrão. O diagnóstico final é obtido após o somatório das informações obtidas a partir do exame clínico
e dos exames complementares.

RADIOGRAFIAS
São exames bastante utilizados pelo cirurgião-dentista clínico geral e eventualmente em Estomatologia.
São de fácil acesso e baixo custo. Dependendo do objetivo, podemos utilizar diversas técnicas radiográficas.

RADIOGRAFIAS INTRABUCAIS:
Radiografias obtidas com o filme radiográfico posicionado dentro da cavidade bucal. Indicações:
relativas a diagnóstico de lesões dentárias e estruturas vizinhas. Permite visualizar detalhes nítidos, porém
limitados a uma pequena área.
Tipos: Periapical, interproximal1 e oclusal.

Radiografia periapical (Figura 1): 14 radiografias periapicais são necessárias para buscar uma boa
avaliação bucal completa. Contudo, na maioria dos casos, são solicitadas separadamente para avaliar situações
específicas. Utiliza filmes de 31 x 41mm, o que permite a avaliação de alguns dentes. Contudo, apresenta a
vantagem de oferecer uma imagem com maior detalhe se comparada a uma radiografia panorâmica.
Indicações: Relação coroa-raiz, anatomia da coroa e da raiz, lesões de cárie, lesões apicais, lesões
periodontais, anquilose, dilacerações, hipercementose, fraturas radiculares, dentes retidos, infecções,
acompanhamento de reparo tecidual no pós-operatório.

Figura 1. Radiografia periapical da região de incisivos inferiores. Pode-se


evidenciar lesão radiolúcida multilocular, de limites imprecisos, levando a
reabsorção das raízes dos incisivos centrais inferiores.
Fonte: Arquivo do autor (Martins, M.D.)

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Pouco utilizada em Estomatologia.

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Radiografia oclusal (Figura 2): pode ser total ou parcial, de mandíbula ou maxila. Posiciona-se o
filme horizontalmente sobre o arco dentário, pedindo-se para o paciente ocluir (morder) para fixar o filme
entre a face oclusal dos dentes. Filmes maiores (50x70mm). Indicada para uma visão mais ampliada do arco,
principalmente em pacientes edêntulos, para verificar presença e posição de corpos estranhos, sialolitos,
visualização de áreas patológicas e fendas palatinas.
As radiografias oclusais totais permitem maior nitidez do palato, e em mandíbula facilitam verificar
a integridade do rebordo vestibular e lingual ósseo. A oclusal parcial desloca o filme para o lado direito ou
esquerdo, conforme a região de interesse.
Oclusal total de maxila é indicada para casos de dentes supranumerários, odontomas e demais
processos patológicos na região anterior da maxila. Oclusal de mandíbula é muito indicada em quadros de
lesões intraósseas de crescimento expansivo.
Figura 2. Imagem de radiografia oclusal de mandíbula mostrando áreas de
exostose, ou seja, excesso de tecido ósseo na cortical lingual de molares (setas).
Fonte: Carrard, V. C. et al. Oral ulceration with bone sequestration - case report.
RFO, v. 14, n. 2, p. 149-152, maio/agosto 2009

RADIOGRAFIAS EXTRABUCAIS
Radiografia panorâmica:
Trata-se de uma técnica chamada extrabucal, visto que o filme fica fora da boca. Há completa
reprodução dos dentes e maxilares com inclusão da ATM e seio maxilar, porém com detalhes e nitidez menores,
se comparada às intrabucais. Técnica barata, de fácil execução, único filme, baixa radiação, confortável. Em
Estomatologia é muito indicada em suspeita de lesões intraósseas. Pode também ser indicada para casos em
que o paciente não consegue abrir a boca.

Figura 3. Radiografia panorâmica onde, entre outras alterações, pode ser evidenciada lesão radiolúcida contornada por
linha de osteogênese reacional (linha branca- radiopaca) entre o pré-molar e o molar (setas). Arquivo do autor (Martins,
M.D.)

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TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
Exame radiográfico que utiliza o feixe de raio-x, porém ao invés de sensibilizar o filme, ele gera fótons
que atravessam a estrutura do paciente, sendo lidos e quantificados num computador. Requer um maior tempo
para execução, e tem um custo mais elevado. Permite excelente visualização das lesões e estruturas anatômicas,
reconstrução tridimensional da imagem, sendo fundamental para o diagnóstico e para o planejamento
cirúrgico conclusivo, avaliando melhor os limites e extensões da lesão. Além disso, possibilita a determinação
da quantidade e qualidade óssea com precisão. O exame pode apresentar diferentes planos de corte (coronal,
axial e sagital).

Figura 4. Tomografia computadorizada em corte coronal. Nota-se imagem


hipodensa em maxila do lado direito expansiva (asterisco vermelho)
causando destruição e invasão do tecido ósseo alveolar, parede medial de
seio maxilar (asterisco branco) e parede lateral de fossa nasal, que leva a
reabsorção da cortical óssea do palato (seta amarela). Arquivo do autor
(Martins, M. D.).. Observa-se ainda que a lesão reabsorve a cortical óssea
do palato (seta amarela). Arquivo do autor (Martins, M.D.)

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
Permite visualização de tecidos moles, porém requer equipamento de alto custo. É uma técnica que
apresenta longo tempo de execução e que pode causar incômodo ao paciente, que deve ficar no interior de
uma câmara. Não é invasiva, pois não usa radiação ionizante, e sim campo eletromagnético.
Em odontologia, geralmente é utilizada para diagnóstico de lesões ou problemas na articulação
temporomandibular (ATM), podendo auxiliar quando há necessidade de intervenção cirúrgica nesta região.

ULTRASSONOGRAFIA:
Exame que utiliza ondas ultrassônicas, servindo para diferenciar lesões sólidas de líquidas e verificar
tipos de conteúdo. Não emite radiação ionizante. Muito pouco utilizada para região bucal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O melhor exame complementar é aquele que foi indicado e realizado após uma pergunta clínica
pertinente, ou seja, uma hipótese de diagnóstico suportada pelas informações clínicas obtidas a partir do
exame clínico. O diagnóstico definitivo é o somatório das informações coletadas no exame clínico associado
às obtidas por meio da realização de exames complementares. Os exames de imagem são muito importantes
para avaliar lesões intraósseas, mas não costumam ser essenciais para o diagnóstico do tipo de câncer mais
comum na boca, o carcinoma espinocelular.

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REFERÊNCIAS
COLEMAN, C. C.; NELSON, J. F. Princípios de diagnóstico bucal. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koo-
gan, 1996.
MARCUCCI, G. Fundamentos de odontologia: estomatologia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan,
2005.

Equipe Responsável
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do Núcleo de
Telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS-UFRGS) e do Programa Nacional de
Telessaúde Brasil Redes.

TelessaúdeRS-UFRGS
Coordenação Geral Diagramação
Marcelo Rodrigues Gonçalves Carolyne Vasques Cabral
Luiz Felipe Telles
Coordenação do curso
Vinicius Coelho Carrard Ilustração
Carolyne Vasques Cabral
Coordenação da Teleducação Luiz Felipe Telles
Roberto Nunes Umpierre
Otávio Pereira D’Avila Edição, Filmagem e Animação
Ana Paula Borngräber Corrêa Diego Santos Madia
Rafael Martins Alves
Conteudistas
Manoela Domingues Martins Divulgação
Marco Antonio Trevizani Martins Camila Hofstetter Camini
Vinicius Coelho Carrard Guilherme Fonseca Ribeiro
Vivian Petersen Wagner Vitória Oliveira Pacheco

Revisores Equipe de Teleducação


Bianca Dutra Guzenski Ana Paula Borngräber Corrêa
Fernanda Friedrich Andreza de Oliveira Vasconcelos
Otávio Pereira D’Avila Angélica Dias Pinheiro
Michelle Roxo Gonçalves Cynthia Goulart Molina Bastos
Thiago Tomazetti Casotti Filipe Ribeiro da Silva
Monica Figueiredo Dawud
Projeto Gráfico Ylana Elias Rodrigues
Luiz Felipe Telles Rosely de Andrade Vargas

Dúvidas e informações sobre o curso


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E-mail: ead@telessauders.ufrgs.br
Telefone: 51 33082098

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