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[Teorias Críticas do Direito] Aula 12 | Última aula: retomada das últimas coisas que vimos em

sala

21 de novembro de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Althusser,


Alysson Leandro Barbate Mascaro, Juliana Paula Magalhães, Marxismo, Teorias Críticas do
Direito

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

16/11/2017

Aula 12

Juliana Paula Magalhães

ÚLTIMA AULA: RETOMADA FINAL

TRABALHO FINAL

Entrega ficou para o dia da prova final

BIBLIOGRAFIA PARA PROVA

Filosofia do Direito. Capítulos correspondentes aos filósofos

Texto do professor sobre crise do Estado (link no fim da última aula)

Estado e forma política

O QUE VIMOS LÁ NO COMEÇO DO SEMESTRE

Pensamento marxista como crítica da economia política

ALTHUSSER

Faz aquela divisão do pensamento de Marx;

Propôs o corte epistemológico ─ já nha sido proposto por Galvano Della Volpe, mas não com o
mesmo rigor teórico usado por Althusser;

1. Jovem Marx: antes de 1845. Principal pergunta: “o que é o homem?”. Pensamento ideológico,
não é científico

2. Maturação. 1845-1857;
3. Maturidade. Depois de 1857. “O Capital”. Descortina o continente história. A principal
pergunta: “O que é história?”. Mudou a problemática. Conhecimento científico;

DUAS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DE ALTHUSSER

1. Divisão epistemológica da obra de Marx. Modo de leitura sintomal como forma de ler a obra
de Marx;

2. Questão da ideologia, juntando Marxismo e psicanálise (coisa que já tinha sido feita, em certa
medida, pela Escola de Frankfurt);

ALTHUSSER + PACHUKANIS?

Está em “Política e Crise do Capitalismo”, texto do Mascaro;

Como conectar todas essas vertentes de pensamento que temos estudado no curso;

Althusser não vai estudar avançadamente as formas sociais. Mas, se o principal texto de Marx,
O Capital, está diretamente ligado a Pachukanis;

Pachukanis, a partir do método de Marx, faz uma crítica à teoria geral do direito. Direito é uma
forma social do capitalismo ─ e não dá para chegar a o socialismo via direito;

É Pachukanis que vai estudar a questão das formas sociais;

Direito é derivado da forma mercadoria. E o núcleo da forma jurídica é o sujeito de direito;

PACHUKANIS

Direito está atrelado à forma-mercadoria;

Núcleo dessa campo é a forma do sujeito de direito;

Para o trabalhador vender sua força de trabalho, ele é lido através da figura do sujeito de direito;

LEMBRANDO TEMAS DO TRABALHO 2. Forma-mercadoria só tem no capitalismo. Forma-jurídica


e direito, como conhecemos hoje, não existia anteriormente a hoje.

O próprio Pachukanis fala que no passado existia um “germe” do direito;

Mas o Prof. Márcio Bilharinho Naves, sendo pachukaniano, “corrige” essa observação. A partir
das leituras marxistas, existe uma ruptura, e não uma continuidade;

ALTHUSSER E TELEOLOGIA

Althusser rompe com ideia de teleologia;

Socialismo não é uma teleologia, não é um caminho natural;

Para chegar ao socialismo, é necessária uma ruptura com as formas sociais burguesas;

Não dá para chegar à sociabilidade socialista por meio do direito, por exemplo. Falar de um
“direito marxista” é uma contradição de termos;

E EM QUE SE DIFERENCIA O CAMINHO DA CRÍTICA MARXISTA E O JUSPOSITIVISMO?


Juspositivista identifica direito com norma;

Para Pachukanis, a norma é o último momento;

Direito surge a partir de formas que o estruturam. A forma-mercadoria (átomo da sociedade


capitalista) é uma delas;

IDEIA DE ESSÊNCIA HUMANA

Essência humana burguesa: aquela polêmica Hobbes X Rousseau. Homem é bom X mau por
natureza;

Marxistas não estão nem aí para isso;

Tem uns marxistas que vão até tentar falar se o homem é ideologicamente dominado ou não,
por exemplo;

ALTHUSSER VAI DIZER: focar os estudos no homem é balela! Isso é coisa burguesa;

O objeto do marxismo não é a essência humana, estou estudando relações sociais concretas:
mercadoria, modo de produção, relações de produção, formas sociais;

ESTADO

MASCARO (parte de HIRSCH, que parte de PACHUKANIS);

Só no capitalismo, Estado se apresenta como um terceiro garantidor às relações;

O que havia no passado: poder político “bruto”: o faraó, o imperador romano, o senado romano
(que era composto pelos homens ricos e poderosos), senhor feudal, etc.;

Só no capitalismo temos um “apartamento das esferas do poder!;

No capitalismo, não importa quem está no governo: se é operário, se é um sociológico, se é um


cara riquíssimo ou origem humilde. O Estado tem forma essencialmente burguesa, ele vai
garantir a reprodução capitalista;

Não é por meio do Estado que vou chegar ao socialismo;

Experiência soviética = capitalismo de Estado. Não se rompeu com as formas burguesas;

KURZ: TEÓRICO DA CRÍTICA DE VALOR

Vertente estudada: capitalismo vai entrar numa crise final e num colapso;

Crítica ao regime stalinista. Trabalhador era extremamente reprimido;

Mas não é uma crítica moralista, é uma crítica estrutural

MARXISTAS, DIFERENTES CATEGORIAS, DIFERENTES PENSAMENTOS


Lukács: vai pensar algumas coisas que o Althusser vai falar que é ideologia, que não é científico.

ESTADO E FORMA POLÍTICA

Crítica do valor tem uma certa razão: o capitalismo se estrutura em crise. A crise do capitalismo
é estrutural;

EXEMPLO. Estado de bem-estar social. Parecia tudo bem, todo mundo com vários direitos. De
repente, de uma hora para a outra, perdem-se direitos;

LEITURAS DE MASCARO. Tem Pachukanis, tem Althusser, tem a Crítica do Valor;

E PRA QUE SERVE TUDO ISSO QUE A GENTE VIU ESSE SEMESTRE?

Como se livrar do capitalismo;

Propostas e matrizes teóricas de atuação;

IMPORTANTE. Ler “Política e Crise do Capitalismo”, trata dessas possibilidades;

E COMO SE LIVRAR DO CAPITALISMO?

Parece que não dá para acabar com o capitalismo com continuidade;

Revolução é fundamental porque é ruptura com as formas do capitalismo;

IDEOLOGIA

“Althusser é fundamental para o nosso curso”;

Duas chaves de leitura de Althusser:

1. Formas sociais;

2. Ideologia ─ desempenha papel fundamental na nossa sociabilidade, nos impede de pensar


qualquer outra forma de sociabilidade;

Ideologia é fundamental para entender a nossa estrutura social;

Leitura Althusseriana: ideologia constitui a nossa sociabilidade, opera no nosso inconsciente a


partir de práticas materiais;

Ideologia forte: a das formas jurídicas e do sujeito de deirir

DELEUZE. DESEJO NO CAPITALISMO

Vai se opor às ideias de Sartre;


Althusser: pessoas são constituídas ideologicamente dentro do capitalismo. A pessoa aguenta
ser (cada vez mais) explorada ─ “é bom para a economia você ter menos direito, trabalhador”.
E aí o trabalhador vai lá e aguenta perder direitos trabalhistas;

Ao lado dos aparelhos repressivos de Estado, há os aparelhos ideológicos de Estado (mídia,


escola, religião, o próprio direito, etc.)

Althusser diz que é preciso práticas materiais para uma nova constituição subjetiva;

Mas ter efetivamente uma constituição subjetiva socialist, só no socialismo mesmo. Dá para
antever, prospectar como será, mas sem efetivamente criar uma experiência;

ESCOLA DA REGULAÇÃO E TERMOS MÉDIOS

Marxismo trabalha com termos grandes: mercadoria, exploração do trabalho, etc. Essas formas
grandes estruturam o formato da sociedade capitalista;

Escola da Regulação pensa nos termos grandes mas também em termos médios: fordismo,
neoliberalismo, etc.;

FORMA JURÍDICA E FORMA POLÍTICA ESTATAL

Formas sociais se conformam;

Sujeito de direito: não é a norma que institui o sujeito de direito, mas sim, aparece por meio de
práticas (EXEMPLO do livro do Mascaro: escravos no Brasil, não eram sujeitos de direito mas se
portavam como tal em alguns casos, quando faziam economias, quando compravam a própria
alforria, por exemplo);

PARA A PROVA

Basicamente é isso;

Matéria não cumulativa;

Dúvidas? Mandar e-mail para a Ju. julianapaulamagalhaes@gmail.com

PARA A VIDA

Ideias sobre transição dos modos de produção: texto do Althusser, “Corrente Subterrânea do
Materialismo do Encontro”, com ideias sobre o aleatório. Texto bom, inspiração dos atomista
gregos para falar dos modos de produção.

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[Teorias Críticas do Direito] Aula 11 | “Novo” marxismo

21 de novembro de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Alysson


Leandro Barbate Mascaro, Marxismo, Novo Marxismo, Pós-marxismo, Teorias Críticas do Direito
DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

09/11/2017

Aula 11

“NOVO” MARXISMO

PÓS-MARXISMO

O QUE É? Pegar a própria base de Marx e voltar a ela;

EXEMPLOS. Ernesto Laclau (argentino), Chantal Mouffe (belga);

Eles eram casados, construíram uma obra teórica em comum;

LACLAU. Reorganizou o tema do “populismo” a partir de questões marxistas;

O fenômeno que se passou na américa latina do populismo de esquerda (Kirchner, Chávez, Lula,
Evo Morales, Correa, etc.) é pensado, por Laclau, como “resistência de esquerda” dentro do
modelo de Estado;

Eles usam categorias marxistas para escapar do campo marxista. Trabalho com forma
mercadoria, ideologia, capital, etc. para chegar ao populismo

(EXTRA. Anarquistas usaram categorias alheias para chegar às ideias marxistas);

NEOMARXISMO

Espécie de “retificação” do marxismo

EXEMPLO. Slavoj Zizek

EXTRA. Tem Roda Viva com Zizek e participação do Mascaro;

Zizek usa termos e categorias marxistas mas com um caminho peculiar. Vai usar a arte, o cinema,
a ideologia, a mercadoria, etc. para falar sobre o problema da revolução nos dias de hoje;

EXEMPLO. Alain Badiou. Também fala da superação da mercadoria em busca do comum, etc.
Ele e Zizek têm umas tretas;

EXEMPLO. Etienne Balibar. O mais brilhante aluno de Althusser. Reflexões sobre cidadania,
política, etc. Usa ferramentas marxistas, mas para criticar;

“Metade do que tem de melhor no mundo hoje em reflexão disso é dessa gente”;

EXTRA.. PERGUNTA. E Foucault? Não entra no campo do chamado “crítica marxista” por não ser
/ se declarar marxista, mas ele trabalha em paralelo. Foucault não fala em revolução, não busca
revolução. Foucaultianismo procura um resultado mais imediato (fim das opressões, fim da
cadeia, fim do manicômio, etc);

NOVO MARXISMO

Esse sim, completamente dentro do marxismo;

Tem três eixos principais (que inclusive revelam misturas, referências em comum);

Existe uma leitura mais balanceadora dos termos marxistas, retomando os termos “valor” e
“mercadoria” de maneira mais “equilibrada”. Há outras duas leituras mais radicais, ponderando
para um lado ou outro;

CAMINHOS DO MEIO;

1. REGULACIONISMO

2. DERIVACIONISMO

Correntes da década de 1970 e 1980;

Bebem da fonte de Althusser. Regulacionistas, principalmente, são franceses em sua origem


(derivacionismo são alemães);

REGULACIONISMO

Via de regra, não é usado pela esquerda, mas sim, pela direita;

Só que, na origem do termo, quem foi estudar a origem da palavra regulação foi o marxismo;

Mas a regulação da direita (“o CADE regula atos de concentração”, por exemplo) não tem nada
a ver com a regulação marxista;

São duas escolas completamente diferentes e que têm o mesmo nome por um acaso do destino;

Regulacionismo é uma teoria econômica marxista. Se dedica a economia;

Se propõe a acrescentar ao O Capital aquilo que ele não tinha;

MARX, em O CAPITAl, trabalha com tudo o que é constituinte das relações do capital:
mercadoria, exploração do trabalho, etc.;

Regulacionistas propõem criar os termos médios;

“Burguês se concentra nos termos pequenos”: inflação, reajuste salarial, taxa de emprego etc.
Concentração na microeconomia;

Regulacionistas dizem que temos que trabalhar com os termos grandes, lá de Marx, e com os
termos médios, pois estes complementam os grandes;
CAPITALISMO. E termo grande. Assim como mercadoria, valor, exploração do trabalho. Todos
esses termos grandes estão desde o século XIX até hoje no séc. XX;

TERMO MÉDIO. Termo médio era o fordismo (divisão do trabalho, especialização, etc.) ─ e que
depois virou o pós-fordismo (flexibilização das regras sociais, desemprego, trabalho
intermitente, etc.). Tem um pouco mais de contato com a realidade do que o grande termo
“capitalismo”;

Nos termos médios, conseguimos trabalhar de maneira mais próxima da realidade;

PORTANTO. A mercadoria e o valor têm algumas estratégias a médio prazo;

QUEM SÃO OS PRINCIPAIS REGULACIONISTAS? M. Aglietta, Alain Lipietz, Robert Borfeur (?),
Alfredo Saad (brasileiro, residente na Inglaterra) dentre outros;

Todos eles vivos e atuantes ─ e não necessariamente a gente lê ou conhece esses caras;

Esses são os caras da discussão econômica no marxismo;

──

ESTADO E FORMA POLÍTICA. No última capítulo, discute economia e Estado;

DERIVACIONISTAS

Alemães da década de 1970 e 1980;

Mesmo movimento que Pachukanis fez para o Direito, deveríamos fazer para o Estado;

Assim como Pachukanis disse que a forma mercadoria determina a tudo no capitalismo, e uma
forma jurídica sai da forma mercadoria, derivacionistas dizem que da forma mercadoria saí uma
forma política estatal;

Estado é uma forma social totalmente derivada da forma mercadoria. Dentro das relações de
compra e venda, é o Estado que garante que o comprador vai receber sua mercadoria;

Antes de haver forma mercadoria, não tem forma Estado;

O senhor feudal da idade medieval é uma forma de organizar a política de maneira não estatal;

“Pachukanis descobriu a especificidade histórica do direito”;

Derivacionistas estão na mesma onda, descobrindo a especificidade do Estado como derivado


do capitalismo;

Se é específico, haveria Estado socialista? NÃO! Estado Socialista é um erro teórico e político;

“A forma Estado é a forma que garante a mercadoria”

EXEMPLO. Joachim Hirsch;

Mascaro foi orientador do Camilo Onoda Caldas, que tem um livro, “A Teoria Da Derivaçao Do
Estado E Do Direito”

CORRENTES EM LATERAL DO NOVO MARXISMO


Autores que dizem que temos que apostar em movimentos políticos de massa para quebrar a
política estatal;

São leituras de política;

Se o capitalismo é forma-mercadoria e a forma mercadoria é Estado, não dá para apostar na


democracia (pois democracia é forma estatal);

──

CORRENTES LATERAIS ─ PARTE 1: FORÇA DA MOBILIZAÇÃO DAS MASSAS

PRINCIPAIS NOMES. Toni Negri

EXTRA. Tem vídeo de debate recente de Toni Negri e Mascaro;

TONI NEGRI

HISTÓRICO DO NEGRI. Ele era do mundo operário;

Sua tese era que os trabalhadores tinham que se organizar como massa, largar os sindicatos e
os partidos;

Mas o tempo foi passando ele foi vendo que os trabalhadores não se organizam;

E agora, como fazer? Quem vai começar a revolução é quem não tem o que perder. Quem tem
emprego e casa tem algo a perder. Quem é morador de rua não tem o que perder;

──

Classe trabalhadora dentro do Estado tem como, principal luta, pedir aumento de salário. Essa
é a principal luta trabalhadora dentro do capitalismo;

Toni Negri diz que, se aposto na classe, só fico nessa de aumento salarial;

Onde apostar? Na multidão;

A multidão é o que? O que tiver pela frente. Craqueiro, mendigo, wherever. Grupos que estão
ao largo da sociedade organizada;

Se uma multidão se levanta e resolve quebrar tudo pelo caminho, vai ser o maior apavoro;

Parte de gente dessa leitura são os black blocs, novos anarquistas e afins. São grupos que
esperam que, se eu quebrar tudo, que as pessoas vão mudar suas atitudes;

O QUE OS DERIVACIONISTAS ACHAM DO NEGRI

O capitalismo tem Estado? Tem Estado;

Essa gente que quebra tudo morre, definha, é presa, não tem jeito;
Eu preciso pegar o Estado e fazer ele definhar. Não dá para fazer um “atalho” e não ser pego
pelo Estado. O Estado é forte, vai te matar

QUEM MAIS ESTÁ DESSE LADO DESSAS CORRENTES LATERAIS?

JOHN HOLLAWAY

Holloway a princípio era derivacionista;

Foi, no final dos anos 1990, ser professor no México (pois ele foi um dos principais inspiradores
do Zapatismo ─ juntar gente e bater no poder central mexicano);

É o movimento do subcomandante Marcos, os zapatistas

Subcomandante Marcos estudou Althusser. Entendeu que o capitalismo comanda a mídia, os


aparelhos ideológicos comandam. O que o subcomandante Marcos fazia? Usava uma máscara
ninja, fazia mistério, fazia discursos, e, desse jeito, obrigava o aparelho ideológico a falar dele ─
assim ele aparecia na mídia;

RESUMO DESSA LEITURA

Essa leitura politicista não nega o viés econômico do capitalismo;

Mas é uma leitura que busca um “atalho”;

As leituras mais tradicionais do novo-marxismo, regulacionismo e derivacionismo, possuem um


caminho mais “canônico”, o caminho em que não dá para ignorar o Estado. O Estado é forte
demais, os primeiros a se levantarem contra ele vão ser esmagados, presos e afins;

──

CORRENTES LATERAIS ─ PARTE 2: NOVA CRÍTICA DO VALOR

Não dá para se concentrar na política;

Vamos se concentrar no lado econômico;

QUEM SÃO R. Kurz, A. Jappe e M. Postone

QUAL A PRINCIPAL TEORIA DELES?

Economia tem mais preponderância que a política;

Problema do capitalismo é que tudo é mercadoria;

Quando alguém age politicamente, no fim das contas, acaba reforçando a economia;

EXEMPLO. Evo Morales na Bolívia. Estatizou o gás. Aumentou um pouco a grana dos bolivianos.
Juntou a massa inteira boliviana contra o imperialismo. Organizou como uma “massa”. Toda
ação política gera impacto mercantil. Quem nacionalizou o gás redistribuiu o dinheiro do gás. O
que o Evo faz é reorganizar o capitalismo para aumentar os ganhos da burguesia boliviana, e
não o geralzão dos outros países;

E AGORA, O QUE FAZER?

Apostar no colapso da mercadoria;

Segundo a tese da crítica do valor, a taxa de lucro do capital está caindo;

E aí, o que o capitalismo faz? Vai “roubando” a riqueza dos países periféricos. EUA invade o
Iraque, compra o pré-sal, compra a Petrobras, etc.;

O sistema capitalista se direciona naturalmente ao colapso;

──

JAPPE. Quando jovem, era punk. Acha que a economia está uma merda e que tudo está indo
para o buraco? Deveria ir mais para o buraco ainda!;

“O povo está passando fome e está brigando no Masp por causa de estátua”. Tem que passar
mais fome ainda para ver se vira socialista;

Lula, PT, sindicato e afins só têm empurrado o capitalismo com a barriga. Lula dá aumento para
o povo, salva o capitalismo do Brasil, dá Prouni para as pessoas, que vai reverter em milhões de
dinheiros para o dono da Uniban;

MAS TAMBÉM TEM GENTE QUE INSISTE

Mas, mesmo que as pessoas sangrem muito, elas continuam capitalistas e crentes;

Porque? Porque existe um controle ideológico de mídia;

Quando acho que “pobreza gera revolução”, isso é algo muito delicado. O sofrimento não ensina
porque a racionalização é ideológica

Tenho que ir para a ideologia, e não para o “mais sofrimento”

Não existe um grau de sofrimento que transforma a pessoa em socialismo

MAS QUAL A PARTE BOA DESSA IDEIA DA CRÍTICA DO VALOR?

Uma hipótese: o sofrimento na pele transforma o eixo da pessoa. Certos sofrimentos fazem as
pessoas balançarem – mas também não significa nada;

O cara está podre, da rua, no chão. Ganha uma sopa da igreja na madrugada. Levanta as mãos
para o céu, “Deus me salvou” e continua cristão, não importa o tanto de porrada que leva;

PERGUNTAS FINAIS DA SALA, BIBLIOGRAFIA E PROVA


QUAL A RELAÇÃO DESSAS TRÊS LINHAS COM MARXISMO? Uma linha não exclui a outra. Cada
uma puxa para um assunto e com uma perspectiva

BIBLIOGRAFIA DA AULA DE HOJE. Finzinho do Filosofia do Direito + Texto “Política e Crise do


Capitalismo Atual”, http://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/27066/21754

PROVA Matéria não cumulativa. Tudo que veio após primeira prova

TRABALHO Tem que entregar, se não vai haver choro e ranger de dentes

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[Teorias Críticas do Direito] Aula 10 | Althusser

28 de outubro de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Althusser,


Alysson Leandro Barbate Mascaro, Alysson Leandro Mascaro, Alysson Mascaro, Juliana Paula
Magalhães, Teorias Críticas do Direito

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

26/10/2017

Aula 10

althusser

ALTHUSSER

INTRO

Juliana Paula Magalhães dá aula hoje

Tema de hoje foi parte do mestrado da Ju

“Althusser representa um marco no pensamento marxista”;

O pensamento de Althusser representa uma leitura diferente da que vinha sendo feita até então
sobre o marxismo;

E por que é diferente?

LOUIS ALTHUSSER

Filósofo francês;
Professor em Paris;

Conhecido como “o filósofo da rua dum (?)”;

Foi orientado pelo Gaston Bachelard ─ que desenvolveu questões sobre a epistemologia (?),
desenvolvidas pelo Althusser;

Teve uma vida bastante conturbada, teve problemas psiquiátricos, foi internado e pans;

Duas obras o tornaram conhecido mundialmente: “Pour Marx” e “Lire ‘Le Capital’”;

Tem traduções bonitonas recentes;

O QUE ALTHUSSER SE PROPUNHA NESSES LIVROS?

Althusser tem um olhar científico sobre o marxismo. É isso que o diferencia dos pensadores que
vieram antes dele;

Ele vai propor que o marxismo se apresenta como ciência;

Esse pensamento é diferente do que era tratado até então pelos marxistas;

Lire ‘Le Capital’ é de 1965. No livro, tem textos de alguns dos orientandos de Althusser
(destaque: Balibar);

EXTRA Balibar está vivo até hoje, desenvolveu mais temas marxistas e também da mesma linha
de pensamento de Althusser;

A PROPOSTA DE ALTHUSSER: MARXISMO COMO CIÊNCIA

Althusser dá status de ciência ao marxismo;

Até então, outros autores tratavam o marxismo mais como algo político;

EXEMPLO. Lukács, conceitos de “consciência de classe, por exemplo. Considerava o marxismo


mais como algo humanista. A ideia do marxismo e seu estudo era estimular uma sociedade mais
igualitária, mais unida, mais preocupada socialmente;

OUTROS HUMANISTAS MARXISTAS

Garaudy. Anos 1960. Se juntou com a turma da teologia da libertação, dialogou com a religião,
ele era um grande nome do partido comunista ─ inclusive levando essa discussão do humanismo
no partido. O grande viés do humanismo é enxergar o homem como sujeito da história. O
homem faz a história, ele é o foco. Ideia de sujeitos, o homem que faz alguma coisa, faz a
história, está na mão do homem fazer o socialismo;

Ao chegar no socialismo, pela mão do humanista, estaria acabada a alienação;

HUmanistas pensam no conceito marxista de essência humana;

EXTRA. Há uma essência humana burguesa, imutável;


Mas os marxistas querem pensar numa essência humana materialista, histórica. Essa essência
humana se constrói ao longo do tempo. Ela vai atingir seu ápice no socialismo;

──

Essa leitura humanista do marxismo se somava a uma crítica ao stalinismo;

Em Marx, a leitura humanista está lá no jovem Marx;

──

Há humanistas marxistas até hoje;

PORQUE A LEITURA HUMANISTA MARXISTA COMEÇA A PROSPERAR LÁ PROS ANOS 1950-60?

Justamente por ser uma crítica ao Stalinismo;

Stálin matou geral, por que? Exatamente porque se abandonou o humanismo;

Tentou-se construir um socialismo, mas se esqueceu o rosto humano, o valor humano;

GARAUDY. É no socialismo que o homem desabrocha sua essência verdadeira e irá reescrever
sua história;

No caso de Garaudy, dá até pra conversar com cristãos, “construir o paraíso na terra”;

ALTHUSSER CRÍTICA TUDO ISSO

Althusser diz que toda essa viagem humanista é ideologia. Nada disso é científico;

Marx é ciência! Marx descobre a ciência da história;

Portanto, Marx é o descobridor de um novo continente do pensamento (assim como Galileu, os


descobridores da física, Freud, etc);

Marxismo é uma ciência porque tem método próprio e terminologias próprias;

Essa nova ciência não é humanismo;

“Desabrochar da consciência…” não é ciência!;

Pensando o marxismo como ciência, jogamos fora essas categorias de “homem”, “essência
humana”;

O Marxismo tem como objeto de estudo as categorias sobre as quais se dá o capitalismo;

E o grande centro do objeto do marxismo é a exploração do trabalho;

Chegar ao socialismo equivale a acabar com a exploração do trabalho ─ e não essa coisa idílica
cor-de-rosa;

──

Essa ideia de ciência, de Althusser, foi incômoda aos seus contemporâneos;


Para Althusser, o livro principal do Marxismo era O Capital. É esse o livro que mostra a lógica do
capitalismo ─ e nha muita gente que se dizia marxista nessa época que não tinha lido O Capital;

O CAPITAL

O átomo do capitalismo é a mercadoria;

A força de trabalho é a mercadoria;

Marxismo quer entender essa lógica em que se põe o capitalismo, exploração do trabalho como
mercadoria e como sair dessa estrutura;

Se todo mundo vai ser irmão ou não, isso é discurso, isso não importa para o marxismo científico;

E ONDE ESTÁ A CRÍTICA A STALIN?

Stalin e a URSS não acabaram com as formas de exploração burguesas. A URSS continua com a
exploração do trabalho como mercadoria;

URSS não saiu da estrutura de capitalismo de Estado ─ e isso é um juízo cien fico, não ideológico;

O MARXISMO COMO CIÊNCIA E SUAS “LEIS”

Nós temos leis. Assim como há as “leis” da física (gravidade, inércia, etc.), a partir do momento
que penso o marxismo como ciência, há leis que estruturam a exploração do trabalho como
mercadoria;

Eu preciso entender essas leis ─ e agir dentro dessas leis de forma a sair dessa estrutura;

EXEMPLO. Newton fala sobre a gravidade. Tem a gravidade. É isso. Quero ir para outro planeta
, quero andar de avião! E agora, como vou trabalhar isso? Como construir o foguete que me leva
pra outro planeta é algo a ser construído por outros cientistas, e não por Marx, oras;

Marx apresentou as estruturas principais a nível científico (assim como Newton);

──

A ideologia constitui nossa subjetividade a partir das nossas práticas materiais;

Mas, para Althusser, humanismo é uma ideologia burguesa:

Seja o humanismo de Garaudy, seja o humanismo burguês de Sartre;

Essa história de que “o homem constrói o seu futuro” é uma balela tipicamente burguesa. As
pessoas, dentro de uma estrutura de exploração do trabalho alheio;

“A HISTÓRIA É UM PROCESSO SEM SUJEITO E SEM FIM”, DIZ ALTHUSSER

Por que ‘sem sujeito’ e ‘sem fim’?

Ele fala sobre isso numa carta/livro a John Lewis;


Quem faz a história são as massas. Mas as massas não são sujeito da história. História é um
processo sem sujeito. As coisas vão acontecendo;

Formas sociais se estruturam de uma determinada maneira, essas formas se reproduzem,


estruturas se reproduzem de maneira autônoma. É como um livro sem autor;

E o fim? Não é fim de ‘acabar’, é fim de ‘finalidade’;

História é um processo sem finalidade!

Para Althusser, não há teleologia. História é um processo que não tem uma finalidade pré-
estabelecida;

Marxistas achavam que vamos chegar ao socialismo a qualquer custo

Althusser diz que não! Não há fim pré-estabelecido;

E agora, como saio desse processo sem sujeito e sem fim? Tentando entender esse processo!;

O QUE DIZEM OS PENSADORES BURGUESES

“Faça o seu futuro. Você é o autor da sua história”;

Nós não temos condições de fazer história. Nós estamos atravessados por práticas capitalistas!;

E COMO SE ESTRUTURA A IDEOLOGIA NO CAPITALISMO?

Althusser diz que a ideologia opera no inconsciente;

EXTRA. Lembrar da aula passada, de Freud e o insciente;

Althusser vai fazer esse cruzamento entre marxismo e psicanálise;

EXEMPLO. O indivíduo, quando vem para faculdade, até pode pensar em que roupa vai usar,
mas ele não pensa que poderia ir pelado;

A ideologia integra o sujeito, constitui sua subjetividade; interpela o indivíduo como sujeito;

É AQUI QUE ALTHUSSER DÁ A PORRADA NO GARAUDY E CIA

Que lindo. Garaudy e os burgueses dizem que a gente tem escolhas. A gente pode ser quem a
gente quiser. Escolher o que quiser;

Althusser diz que não! Ideologia opera no meu inconsciente. As escolhas que nós fazemos não
são escolhas livres (como pensa Sartre, por exemplo). As escolhas que fazemos são feitas a partir
de uma aparelhagem ideológica que nos constitui ─ até o nosso gosto pessoal é cons tuído
dessa forma;

EXEMPLO. Assistimos um filme. O mocinho do filme tem que ser saradão, rico, forte, luta alguma
coisa e salva a mocinha. A mulher é a mocinha indefesa e gostosona;

Esses padrões operam em nosso inconsciente. A gente se acha livre, mas a psicanálise diz que
não é bem assim;
O tipo de roupa, a forma como nos portamos socialmente, tudo isso é determinado pela
ideologia;

EXEMPLO. A escola é um aparelho ideológico. Sentar em fila, em posição mais


baixa/subordinada ao professor, horário para entrar e para sair. Depois de anos na escola nesse
esquema, a gente sai para o mercado de trabalho e não vai estranhar hierarquia, horário para
entrar, etc. Depois de toda essa exploração no trabalho, o indivíduo vai para a igreja que diz
“aguenta que depois de morrer há o paraíso”. Então ele sai da igreja e volta para ser explorado
novamente;

Esses aparelhos ideológicos constituem nossa subjetividade;

Althusser vai trabalhar no seu texto os aparelhos ideológicos do Estado: rádio, jornal, TV, música,
cultura

EXEMPLO. Até a música que a gente escuta determina nossa subjetividade. Em nenhum
momento a música nos faz ver que somos explorados;

As nossas escolhas já são pré-determinadas, feitas em determinados padrões;

Essa tal liberdade é uma farsa;

RESUMO ATÉ AGORA

Ideologia. Constitui nossa visão de mundo;

Aparelhos ideológicos de Estado. Se somam aos aparelhos repressivos de Estado, controlar parte
da nossa subjetividade;

ALTHUSSER E ESTADO

Althusser é um filósofo. Quando ele trata da materialidade do Estado e o direito, ele não vai tão
a fundo ─ como foi Pachukanis, por exemplo

A análise sobre Estado e Direito vamos ver lá na frente, no “Estado e Forma Política”;

Althusser deu mais atenção aos aparelhos repressivos do Estado, ideológico

Mídia, escola, etc.;

E O DIREITO NISSO TUDO?

Direito faz parte da nossa subjetividade, opera no nosso inconsciente;

EXEMPLO. Ideologia da propriedade privada. Ela opera no inconsciente. Ninguém consegue


enxergar uma sociedade sem propriedade privada. Ninguém consegue enxergar uma sociedade
sem o próprio direito;
E o próprio direito estrutura a existência do Estado;

ALTHUSSER E A IDEOLOGIA

Para os antecessores de Althusser (e no próprio Marx, inclusive, quando escreveu “A Ideologia


Alemã”), não tinha como pensar ideologia atrelando à psicanálise ─ simplesmente porque Freud
é uma coisa recente! Não tinha Freud na época de Marx;

Ninguém conseguia pensar que ideologia era algo que não é possível de ser escolhido;

Althusser diz que a ideologia surge a partir de práticas materiais, não é uma escolha;

E AGORA, COMO VOU OPERAR A “MUDANÇA DAS MENTES”?

As esquerdas, quando chegam ao poder, em nenhum momento se preocupou com a questão


dos aparelhos ideológicos;

Se a ideologia só se constitui a partir de ṕráticas materiais (e a partir desses aparelhos


ideológicos), é preciso dispor desses aparelhos (e de práticas materiais) para conseguir se chegar
às pessoas ─ tem que ter discurso e tem que ter prá ca;

“TODO COMPLEXO ESTRUTURADO”

Sociedade é um todo complexo estruturado / ou / uma totalidade estruturada;

É daí que vem a crítica que Althusser sofre dentro dos próprios meios Marxistas ao se referir a
Althusser como um autor estruturalista (como Foucault, Saussure e cia.);

O próprio Althusser não se identificava como estruturalista, não obstante ele se identificar com
estruturas sociais;

É diferente da totalidade hegeliana, que enxerga a história como blocos homogêneos;

Althusser vai enxergar, no capitalismo, uma totalidade complexa, constituída por múltiplas
determinações. Não tenho só uma determinação, mas várias: políticas, ideológicas e
econômicas. O que determina o capitalismo, em última instância, é o econômico ─ mas isso não
nega outras determinações. São múltiplas determinações incidindo sobre o mesmo objeto;

EXEMPLO. Brasil. Formação social peculiar e diferente, por exemplo, da França. É uma formação
social peculiar. O marxismo, por essa leitura Althusseriana, não desconsidera essas diferenças
sociais;

──

EXTRA. Braudel. Autor não-marxista. Há Braudelianos que fazem leituras da história. Dizem que
o marxismo não oferece chaves teóricas para entender estruturas sociais específicas. Mas é aí
que, Althusser, quando fala em múltiplas determinações, ele não está desconsiderando
questões específicas ─ e isso é uma leitura do próprio Marx, não é uma criação da cabeça de
Althusser. É uma leitura sintomal que Althusser faz de Marx

──
Quando penso no todo complexo estruturado, atravessado por múltiplas determinações, não
ignoro elementos diferentões. É a partir dessa leitura que posso entender, a partir de uma
perspectiva marxista, o machismo, o racismo, etc.;

Althusser trabalha com o conceito de determinações. Esses elementos (como machismo,


política, economia, várias práticas materiais etc.) são determinações, eles determinam coisas;

E como há múltiplas-determinações, chegamos ao conceito de sobredeterminação. São várias


determinações advindas de práticas materiais;

Mas, em última instância, o que determina é o aspecto econômico;

─ Althusser não ignora as outras determinações, mas, em última instância, o que determina é o
aspecto econômico;

EXEMPLO. Posso ter uma novela feminista, que fale a favor da mulher. Na mídia, se abre um
espaço para a mulher. Eu vou ter grupos a favor e grupos contrários a essa novela. Mas o que
determina em última instância se essa novela passa ou não? O econômico. Está dando ibope?
Está dando lucro? A novela fica, oras;

“Quando chega na hora do vamo ver, é o econômico que manda”;

──

O socialismo não é só uma luta pelo fim da exploração do trabalho, mas também incorpora
outras lutas: feminista, anti-racista, anti-discriminação LGBT, etc;

E porque isso? Porque essas outras determinações, em última instância, são determinadas
economicamente. Ao romper com a lógica da mercadoria, rompe-se com essas outras
determinações;

PARA TERMINAR

Pensamento de Althusser se desdobra em outros textos;

EXEMPLO. “Resposta a John Lewis”, uma resposta aos humanistas de maneira geral;

──

Última fase do pensamento de Althusser é a do materialismo aleatório;

Texto: “A corrente subterrânea do materialismo do encontro”;

Discussão muito grande entre os Althusserianos. É uma ruptura ou continuidade do


pensamento?

Althusser trabalha a ideia do evento, do acaso;

Ideia do desvio dos átomos, clinamen, lá da filosofia grega;

Como romper a estrutura atomizada capitalista? Através de um fato aleatório, por exemplo!
Esse aleatório é uma possibilidade de ruptura da estrutura capitalista;

Ele vai propor uma teoria da transição entre os modos de produção;

──
A dialética, no pensamento Althusseriano, é vista como ruptura;

Diferente da dialética hegeliana, que significa superação;

Dialética é uma ruptura. Socialismo é uma ruptura frente ao capitalismo;

BIBLIOGRAFIA

Filosofia do Direito. Parte sobre Althusser;

EXTRA. Jair Pinheiro, “Ler Althusser”. Tem nas internets;

EXTRA. Artigo do prof. Armando Boito Jr., no “Ler Althusser”

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[Teorias Críticas do Direito] Aula 9 | Escola de Frankfurt

24 de outubro de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Alysson Leandro
Barbate Mascaro, Alysson Leandro Mascaro, Alysson Mascaro, Escola de Frankfurt, Juliana Paula
Magalhães, Teorias Críticas do Direito

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

19/10/2017

Aula 9

ESCOLA DE FRANKFURT

frankfurt-school-shirt.jpg

SOBRE A AULA

Professor não veio, Juliana vai dar a aula hoje;

PESQUISA DA JULIANA

Juliana Paula Magalhães;

Tem tese de mestrado: “O direito no debate marxista sobre o humanismo: Garaudy e Althusser”.
Dá pra baixar uma prévia aqui: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2139/tde-
21022017-215207/pt-br.php
Vai ser publicado em breve;

Tem resumo na internets

──

HOJE: ESCOLA DE FRANKFURT

Adorno, Horkheimer, Walter Benjamin, Marcuse e cia

QUAL O MÉRITO DOS CARAS?

Fizeram a junção entre Marxismo e psicanálise

Marx já tinha trabalhado questões ideológicas (como em “A Ideologia Alemã”);

Mas Freud, segundo Althusser, descobre um novo continente: o inconsciente;

Escola de Frankfurt pega base marxista, adiciona à psicanálise;

Não faziam um marxismo revolucionário / militante (apesar de um ou outro ser mais


revolucionário, como o Marcuse);

EXTRA. Marcuse tem uma pegada Woodstock / Peruada, liberação das energias, etc.;

O QUE ESTUDARAM

Cada um com sua especialidade. Vamos ver um por um;

ADORNO + HORKHEIMER

Fizeram uma crítica do próprio conceito de razão;

O grande mote do iluminismo era a razão, a luz que simboliza o conhecimento;

Adorno e Horkheimer vão fazer uma crítica ao conceito de razão ─ que era um conceito de razão
bem burguês;

A razão burguesa é uma forma de estruturar o próprio poder burguês contra a ideologia
“obscurantista” da fé ─ tanto que a Idade Média é conhecida como “Idade das Trevas”;

Turma da Escola de Frankfurt estava vivendo época da segunda guerra mundial, ascensão do
nazismo;

Eles perceberam que a razão burguesa tem caráter instrumental;

A razão burguesa age de maneira analítica. Ela fraciona o conhecimento, trabalha de maneira
técnica;

Existe uma técnica por trás da razão;


EX. Direito. Há uma técnica, o juspositivismo. É uma técnica analítica no âmbito jurídico;

Quando há a ascensão do nazismo, para nós, quando enxergamos a história da humanidade,


parece que essa gente é tudo maluca, irracional: matavam as pessoas, colocavam na câmara de
gás, etc;

Escola de Frankfurt diz que nazismo não é irracional, diz que nazismo é técnico, trabalha com
base de uma razão instrumental;

──

Nazistas

Eles se mantêm numa ordem burguesa e capitalista de reprodução. A barbárie dos caras era
racionalizada, eles tinham técnica e método para matar, técnica para fazer experimentos,
técnicas de convencimento de pessoas (marketing);

Nazistas calculados;

EXEMPLO ATUAL. Partidos de ultradireita. Tudo é calculado. A corrente recebida pelo zapzap de
“viva o exército brasileiro, viva a ditadura” é toda calculada;

É razão instrumental, altamente analítica;

EXTRA. Tem um filme com Marlon Brando, em que ele é um alemão meio desiludido com o
nazismo. Ele está lá num campo de concentração e precisa matar mais pessoas no campo de
concentração. Ele liga de boa para o superior: “olha, preciso de mais tanto de câmara de gás e
tanto de material para execuções”. É uma cena altamente crítica, mostra a frieza e
instrumentalidade do ser humano, do pensamento analítico, que fragmenta o conhecimento e
deixa a pessoa apenas enxergando a sua caixinha;

──

Juspositivismo

Funciona nesse mesmo esquema de caixinhas analíticas;

EXEMPLO. Quando um juiz julga montes de casos parecidos de lote. Taca tudo no mesmo saco,
copia e cola as sentenças e manda ver;

Oras, a justiça, para Aristóteles, era arte, era a justiça do caso concreto. Na arte, é necessário
ver as especificidades de cada caso;

Na razão burguesa, há apenas a analítica, eu tenho que produzir, é técnica de produção;

──

Razão instrumental constitui nossa subjetividade no capitalismo. Tudo o que pensamos,


pensamos de maneira técnica, pensamos em termos de perdas e ganhos;

EXEMPLO. Faculdade. Quem tem razão puramente instrumental pensa sua graduação apenas
em termos de créditos;

EXTRA A contraposição ao pensamento instrumental é o pensamento crítico;

──
Se o pensamento técnico se move em direção sempre do cálculo, das perdas e ganhos, isso se
aproxima do pensamento marxista da forma mercadoria;

FORMA DA MERCADORIA. É o que lastreia todas as relações no capitalismo. Tudo é mercadoria;

RAZÃO CRÍTICA

É a razão que rompe o esquema da razão instrumental;

Inclusive a universidade por si só não rompe com o esquema da razão instrumental ─ muito pelo
contrário, a depender, só reforça (ideia do “tudo pelos créditos);

Escola de Frankfurt tenta apregoar uma razão que rompe com a noção de mundo burguês
(noção da forma mercadoria, enxergar que estamos mergulhados no formato mercadoria);

EXTRA. Nosso capitalismo brasileiro é tão rasteiro que a razão nem chegou muito ao nível de
mercadoria, não é nada valorizada

EXTRA. Livro do professor Mascaro, “Crítica da Legalidade e do Direito Brasileiro”, sobre o


capitalismo no Brasil;

A razão crítica pode fazer uma crítica à razão instrumental pois, a razão crítica se insere num
formato de totalidade;

TOTALIDADE

EXEMPLO. Pachukanis vai enxergar o direito tendo em vista a totalidade das relações sociais;

Frankfurt tenta enxergar a totalidade, mas há uma falha aqui;

Para Frankfurt, a totalidade anda não é estrutural. Frankfurt não desenvolve super esse
conceito, está sempre moldado pela influência hegeliana, idealista;

EXTRA. Althusser que vai desenvolver melhor esse conceito de totalidade. Althusser vai pensar
em totalidade estruturada, que a sociedade é um todo complexo estruturado, as coisas não
acontecem de maneira isolada ─ MAS Althusser é marxista, não é estruturalista (apesar de estar
próximo do barco estruturalista);

Para Frankfurt, a totalidade ainda é limitada, ainda está ligada ao pensamento Hegeliano;

──

MAS POR QUE FRANKFURT É IMPORTANTE?

Frankfurt já abriu a cabeça das pessoas para se enxergar a totalidade ─ até então, todo mundo
estava sob um “cabresto”

EXTRA. PERGUNTA DO COLEGA. E O WEBER?

Weber trabalha com uma ideia de dominação;


É um conceito importante, mas o Marxismo trabalha com um conceito de exploração ─
exploração do trabalho;

Claro, há também formas de dominação, como o machismo, racismo, etc.;

Mas, para o marxismo, não é só dominação; o força de trabalho é explorada como mercadoria;

DE VOLTA A FRANKFURT…

Marxismo + Psicanálise: Frankfurt vai estudar a questão da ideologia;

EXTRA. Althusser também vai avançar nesse ponto, vai falar que a ideologia opera no nosso
inconsciente;

EXTRA. Quando Marx escreve “Ideologia Alemã”, Freud ainda não tinha aparecido, não existia o
conceito de inconsciente;

Frankfurt vai falar que nossa subjetividade, nosso pensamento já é constituído pela mercadoria
no capitalismo;

Nosso inconsciente opera em perdas e danos;

EXEMPLO. Quando a gente vem para a SanFran, a gente pensa: “hoje tem a aula do professor X,
vou fazer uma média, vou de gravata”. Ou a gente pensa: “depois da aula tem festa, vou com
roupa de farra”. Mas ninguém pensa: “hoje vou pelado!”;

Nosso inconsciente opera numa chave ideológica de possibilidade;

EXEMPLO. Nosso inconsciente dita o que é ser menina e o que é ser menino. Menino pode sentar
de perna aberta. Menina não pode. Menino pode xingar e ser boca suja. Menina não pode.
Menina tem que gostar de cor rosa e de boneca, menino tem que gostar de azul e de carrinho ─
“as coisas não vêm de graça, elas vêm desde a nossa infância”.

FREUD E A PSICANÁLISE

Id: impulso de prazer

Superego: repressão;

Ego: como se manifesta;

──

EXEMPLO. Bebê tem impulso de prazer, mamar. E, quando ele quer mamar, ele chora. A mãe
vai lá e dá de mamar. Mas aos poucos o bebê vai ficando indisciplinado, quer mamar às 3h da
madrugada. Assim não rola. Mãe deixa o bebê chorando de madrugada, vai regulando e
controlando os horários de mamar. É uma forma de estruturação de repressão. No começo, o
bebê fica frustrado. Mas depois, de tanto isso acontecer, isso vai começar a constituir a
subjetividade do bebê. O indivíduo introjeta a repressão;

──
ALTHUSSER. Vai falar da escola como aparelho ideológico que constitui nossa subjetividade.
Aluno tem que cumprir horário, tem que obedecer o professor, precisa de notas boas, senta em
fileira e num lugar de subjugação ao professor, etc;

──

FREUD. Trabalhava em termos do indivíduo, da constituição da subjetividade individual;

MARX. Trabalha com o social, com a exploração do trabalhador;

É a ESCOLA DE FRANKFURT que junta esses dois mundos

A CHAVE MARXISMO + PSICANÁLISE. AUTORES

Adorno, Horkheimer trabalham um pouco essa junção;

EXTRA. Horkheimer. Texto “História e Psicologia”. Diz que a subjetividade do empregado é um


tanto diferente da subjetividade do patrão. Em última instância, ambos estão calcados na
mercadoria. Mas o padrão de comportamento é diferente. Um está acostumado a obedecer
(cabeça mais baixa, fala mais baixo, se expõe menos, é mais estressado por ser mais
pressionado) e outro está mais acostumado a ser mais expansivo (não deve nada para ninguém,
viaja muito, tem muitos amigos, fica mais à vontade);

──

O próprio direito constitui, na nossa cabeça, uma subjetividade reprimida. O indivíduo acostuma
a ser reprimida, ela se sujeita à autoridade;

A sociedade do capitalismo é a sociedade da repressão;

EXEMPLO. Quem, em sã consciência, quer estar no verão brasileiro fazendo petição num
escritório abafado a tarde? Mas a subjetividade alcança um grau de repressão tão alto que tem
gente que vai falar “Amo! Quero! Adoro petição! Adoro jornada de trabalho!”;

O indivíduo tem que se reprimir para aguentar isso;

E essa repressão, que num primeiro momento vem de fora, num segundo momento virá de
dentro;

ESCOLA DE FRANKFURT DIZ: Capitalismo é repressão;

O direito também é repressão. Eu tenho que obedecer, tenho que seguir a lei, tenho que abaixar
a cabeça para a autoridade;

──

REICH E FROMM

──

MARCUSE

Vão dizer que, de alguma forma, eu tenho que romper com essa sociabilidade repressora;

No caminho do socialismo, as pessoas precisam se transformar, precisam ficar mais amorosas e


menos reprimidas;
FROMM

Fromm. Livro: “Ter ou Ser” . Está numa chave humanista. Diz que a pessoa tem que desapegar
das coisas materiais, as pessoas têm que amar;

Fromm. “A arte de amar”. Também nessa pegada do amor;

──

From está na chave humanista, trabalhando em ser um ser humano melhor, etc.;

Mas vai criticar o capitalismo exatamente por ter uma mentalidade repressora

──

FROMM. Inclusive o socialismo seria mais fraternal em seu gestual. Tratar o outro como irmão.
Distribuir abraços e beijinhos

──

Fromm vai dizer, em “A Arte de Amar”, que a primeira forma de amor entre as pessoas é o amor
fraterno. O indivíduo que só faz pegação e putaria não sabe o que é amor. Inclusive os casais
precisam ter esse amor fraterno;

REICH

“O Assassinato de Cristo”. Neste livro, Reich vai falar sobre como a sociabilidade capitalista mata
Cristo;

──

Reich acredita na liberação sexual da pessoa como forma de chegar ao socialismo;

Quem não for liberado sexualmente não chega ao socialismo;

(Claro, isso ainda é muito simplista, senão a peruada seria total socialismo, o que não é bem
verdade, mas tá valendo);

──

Reich inventou até uma “máquina de orgasmo” #valeogoogle

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2711200315.htm

MARCUSE

Acreditava muito na chave da sexualidade. Socialismo seria criação de novas formas de


sexualização;

──

Marcuse vai dizer que a sociedade capitalista é a sociedade de Thanatos, a sociedade da pulsão
de morte, que mata os indivíduos;
E a sociedade socialista é a sociedade de Eros, a sociedade de amor. Essa é a pegada de
Woodstock

TRETA ─ PARA ACABAR

Mas Frankfurt, ao ficar só nesse ponto dos costumes, acabou deixando um flanco vazio;

Posso ir pra woodstock e vender música do mesmo jeito;

Essa forma de “levar a vida mais leve”, mais de boas, é o indivíduo que se libera das repressões
─ o que, ṕara Frankfurt, aproxima do socialismo

ADORNO. Depois, vai desenvolver o conceito de indústria cultural;

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[Teorias Críticas do Direito] Aula 8 | Lukács e o problema da “alienação”

6 de outubro de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Alienação, Alysson
Leandro Barbate Mascaro, Alysson Leandro Mascaro, Alysson Mascaro, Lukács, Marx, Marxismo,
Teorias Críticas do Direito

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

05/10/2017

Aula 8

LUKÁCS

COMEÇAMOS A AULA NAS ARCADAS

Porque nenhum bedel apareceu para abrir a sala #foda

RESUMO DA ÚLTIMA AULA / HISTÓRIA

Noção do pensamento crítico marxista em meados do śeculo XX, é o “marxismo ocidental”;

Após a 3a Internacional (que teve Pachukanis e cia)

É um “marxismo acadêmico”;

Começou com os italianos e Gramsci;

HOJE
Uma nova vertente do marxismo ocidental;

AUTOR IMPORTANTE. Lukács

LUKÁCS

Teórico do marxismo;

COnhecimento próprio das questões de filosofia;

Características do seu pensamento: tentou dialogar o marxismo com a filosofia tradicional


estabelecida, o Hegelianismo;

“Buscou dar um passo para trás em marx para ele conversar com Hegel”;

Marxismo foi construído todo para não ser hegeliano;

Mas Lukács tentou fazer disso um sistema;

LUKÁCS E A FILOSOFIA MARXISTA A PARTIR DO HORIZONTE DA FILOSOFIA GERAL

Houve fases;

Lukács começou seu pensamento no início do séc. XX, ainda não era marxista;

Primeira grande obra marxista: “História e Consciência de Classe”;

Obra considerada um dos maiores marcos da teoria crítica marxista;

É nessa obra que tentou fazer o encontro de Marx com Hegel;

──

O QUE DIZ?

Dialética de Marx é parecida com a dialética de Hegel;

DIALÉTICA DE HEGEL. Idealista;

DIAlÉTICA DE MARX. Crítica;

Lukács diz que ambos podem até fazer coisas diferentes, mas ambos começam sempre da
totalidade;

TOTALIDADE. Todos os fenômenos mundiais servem para explicar o mundo. A estética, a


economia, a política servem para se chegar ao capitalismo e para se entender o mundo;

POR QUE “HISTÓRIA E CONSCIÊNCIA DE CLASSE”?

DIALÉTICA. Dois, conflito;


Porque, na sua compreensão, a dialética, o conflito, é um conflito de classes. Há uma classe
exploradora e uma classe explorada;

A pergunta de Lukács é: como fazer a classe trabalhadora tomar consciência da sua classe, como
explorados, e então se levantar, se revoltar;

──

É um tema de extrema relevância para o nosso pensamento no presente;

Por que a classe trabalhadora é conservadora? Por que, ao invés dela lutar pela revolução, ela
luta pelo capitalismo?

O povo bate panela para a Dilma sair, mas se cala frente ao Temer (“não que a Dilma seja o
socialismo”);

CONCEITOS TRABALHADOS POR LUKÁCS. Alienação e reificação

É um par conceitual;

“Um é o outro, é só olhar por um ângulo diferente”

REIFICAÇÃO

“Rei” vem de “res”, coisa;

Lukács diz que, na sociedade capitalista, todas as pessoas são reificadas, são coisificadas;

As pessoas só são o que elas têm, o que elas compram, o que elas querem e/ou conseguem
comprar;

Como a sociedade capitalista é uma sociedade na qual tudo é mercantil, todas as pessoas se
tornam reificadas, são coisas;

Como são reificadas, ao invés das pessoas se preocuparem com coisas fundamentais (não serem
exploradas, mudarem as condições das coisas), elas se preocupam com coisas banais (as
compras, ganhar mais dinheiro). Inclusive elas começam a competir umas com as outras, há uma
concorrência ao invés de uma união;

ALIENAÇÃO

É efeito da reificação;

A classe trabalhadora não se levanta porque está alienada;

E O QUE MAIS?

Além de classe, vamos falar de grupo social. Mulheres, homoafetivos, negros. Por que não se
levantam para protestar contra a exploração?

Lukács diz que essas pessoas estão alienadas;


E a primeira mulher que, no interior do Brasil, se levantar contra o machismo, ela vai ser
criticada, oprimida, vai só perder. Por isso, o trabalhador, ao invés de se levantar, entrar no
sindicato e brigar, ele fica com medo de perder o emprego, ele fica com medo de perder o salário
e não ter o que comer, então ele “se aliena”;

O PARZINHO “REIFICAÇÃO E ALIENAÇÃO”

Vem de lá de Hegel;

Mas Hegel diz que, uma hora, as pessoas deixam de ser alienadas ─ o que é uma coisa idealizada;

Lukács trabalha com esse par de modo marxista;

O conceito de alienação é muito usado em todo o século XX;

Mas agora vêm as críticas a esse par alienação e reificação;

CRÍTICAS AO PAR “ALIENAÇÃO E REIFICAÇÃO”

Os marxistas, num primeiro momento, estranharam muito esse par. Eles sabiam que isso era
algo Hegeliano;

O próprio Lukács, no início, não era marxista. Foi se tornando;

Os marxistas CRITICAM o conceito de alienação;

Esse conceito de “reificação e alienação” é muito simples, muito simplista;

O QUE ALTHUSSER VAI DIZER?

Quando alguém usa a palavra “alienação”, essa pessoa pressupõe que exista um estado
“normal”. Portanto, quem está “alienado” não está em seu modo “normal”;

Isso é uma forma de discurso moralista!

──

EXEMPLO. “O ser humano tem um jeito normal de ser. Mas ele está alienado. Temos que o
libertar dessa alienação, libertar da forma errada de ser e temos que o levar para o modo certo
de viver”;

Essa forma de pensar é igual a forma de pensar que a direita utiliza em seus discursos moralistas;

──

Lukács estava dizendo que a classe trabalhadora não fazia greve, não era de luta, ele dizia que
os trabalhadores estavam “alienados”; eles tem que voltar a ser trabalhadores;

Mas esse é o mesmo discurso do Malafaia. Ele fala que as pessoas ficam fazendo “gayzice” por
aí, elas estão “alienadas” da sua “forma natural/normal”. Temos que acabar com isso e voltar
ao normal, voltar ao natural, que é só macho x fêmea;

Esse discurso é moral!


──

No pensamento de Lukács, no conceito de alienação, essa ideia pressupõe que o ser humano
está “alheado” de si;

Mas a psicanálise ensinou o seguinte: não existe o homem normal, natural, pelo qual alguém
estaria alienado;

Psicanálise diz que não existe sexualidade certa, normal, biológica. Toda a sexualidade humana
é construída de forma social / cultural. Inclusive o que é erótico, o desejo, é construído
culturalmente

──

EXEMPLO DO MACHISMO COTIDIANO DO BRASIL. Mulheres, com um certo corpo e loiras, são
usadas para vender cerveja. Isso faz com que o referencial masculino de mulher é a loira. Não é
que o ser humano nasceu com um desejo X e então a propaganda fez com que ele desejasse a
loira. A pessoa É esse próprio desejo;

COM RELAÇÃO AO TRABALHADOR. Efetivamente, no capitalismo, um ser humano concorre com


o outro, todo dia e toda hora. Ele tem que derrubar tudo seus amiguinhos para conseguir ganhar
a vaga que ele quer. O corpo humano não faz do ser humano um trabalhador. É a sociedade que
faz desse ser humano um trabalhador;

OUTRO EXEMPLO. Homofobia. A sociedade é opressora. Quando a pessoa se descobre


homossexual e sofre com isso, essa pessoa não está na fase “alienada”, ela está exatamente
onde a sociedade e a cultura machista quer que ela esteja: sofrendo, se fudendo;

──

Quando falamos em “alienação”, pressupõe-se uma condição normal, ideal. Mas “ideal” é um
conceito de Hegel! E nós somos marxistas, nós não acreditamos em “ideal”, em “perfeições”;

O aluno da SanFran é mesmo estimulado a ser competitivo, a querer ser o melhor, a passar no
vestibular na frente de todo mundo, é o que a sociedade estimula e produz;

──

Isso é um problema filosófico

E COMO TODO MUNDO VAI FALAR DEPOIS?

Althusser, Zizek vão falar que “alienação” é errado;

LUKÁCS. Diria que a Globo aliena o trabalhador;

ZIZEK. Vai falar que o trabalhador é CONSTITUÍDO, filosófica e politicamente pela Globo;

ZIZEK DIZ. Eu tenho que tomar o aparelho que constitui a ideologia

──

EXEMPLO. Trabalhador brasileiro, no geral, é religioso;


Se o trabalhador brasileiro foi constituído por igreja, é difícil explicar “mais-valor” para ele. Mas,
se a gente pensar em GRAMSCI, vamos falar a mesma língua do trabalhador. “Você acha que é
certo deixar um irmão morrer de fome, sem teto e sem casa?”;

EXEMPLO DA SEXUALIDADE. Qual a sexualidade ideal? A gente consegue falar hoje qual
estamos, qual queremos, mas como dizer qual é a “sexualidade ideal”? A direita fala numa
sexualidade normal / natural. E esse discurso é o discurso do nosso tempo, é um discurso que
exclui;

──

Isso tudo é uma questão de terminologia

“A alienação é a casca de banana dos marxistas”;

Por que alienação cola tão bem na esquerda? Porque isso é MST. O homem está alienado dos
meios de produção, o homem usa agrotóxico , o homem não tem terra… Mas isso não é o “meio
ambiente alienado”, usar agrotóxico é um uso ruim do meio ambiente, mas não existe uma
forma “ideal” de usar o meio ambiente, são só formas diferentes de usar o meio ambiente, umas
melhores, outras piores, que destroem mais o meio ambiente;

E NESSE BOLO CONCEITUAL, COMO FICA O PROBLEMA DA “CONSCIÊNCIA”?

Diz-se correntemente que o trabalhador alienado é o trabalhador que “não tem consciência”;

E como trazer “consciência” ao trabalhador? Desalienando. E o que seria desalienar? Ainda


segundo Hegel, seria trazer a razão! ─ mas Hegel ainda é idealista, essa razão é ideal

──

Por que uma pessoa vai para a igreja? Porque está triste, foi abandonada, está sem família,
perdeu o emprego, etc. E o que ela encontra lá? Carinho, conforto, esperança, amizade, etc. A
igreja dá um positivo, diz que o filho vai deixar de beber, que os negócios vão melhorar;

A pessoa não vai para a igreja por causa de um “negativo”, porque ela não quer ter razão, não
quer ter consciência, etc.

A pessoa vai para igreja por fatos concretos positivos;

Não é por “alienação/desalienação”. O fundamental é segurança;

A pessoa vai para a igreja pela segurança!

──

Porque a esquerda hoje está sendo limada? Porque a juventude esquerdista está sendo limada?
Porque MBL tem posts mais bombados da internet? Porque a esquerda é educada, é bonitinha,
é camiseta hipster. A direita é Alexandre Frota, é monstrona, ela grita, o MBL grita, o MBL não é
zoado, eles gritam alto;

“Aqui o problema é psicanalítico, e não de alienação”;

──
A ANÁLISE POSSÍVEL MARXISTA

Quem controla a subjetividade das pessoas? É a escola, internet, whatsapp… São os meios de
comunicação de massa. Isso é um fato científico;

O ser humano não está degenerado e dissociado de si. Não há um ideal constituído. Não há uma
sexualidade ideal. Há o mundo de hoje, que é machista e homofóbico. Qual o passo dessa luta?
Combate ao machismo, combate à homofobia;

E se um dia a luta contra o machismo e contra a homofobia forem otimas, cheguei a uma
sociedade ideal? NÃO! Cheguei a uma sociedade que superou a homofobia e o machismo;

──

Freud jamais disse que uma mulher que traiu é uma degenerescência de uma mulher fiel. Ele diz
que os afetos tomam caminhos diferentes;

Quando uma pessoa não sabe que ela é explorada, ela é “alienada”? É o cara que tem um Uno
1985 cagado e que cola um adesivo “foi Deus que me deu”. Para ele, é um motivo de glória! Ele
lida com o mágico, com Deus. E o mágico dele é um positivo. E, para conversar com esse cara,
tem que ser por meio do positivo;

──

“A propaganda de massa opera em positividade”;

O MBL opera em positividade. O MBL passa a segurança de que, se estou do lado do Frota,
ninguém me xinga. Estou do lado de quem me apoia;

Não adianta tratar a positividade (da religião, de Deus, etc.) com uma negatividade (Deus não
existe!). É preciso trazer outra positividade;

“O problema da esquerda é que hoje só estamos chorando”;

ALTHUSSER diz: todos os aparelhos de comunicação de massa repercutem o Kim Kataguiri. A


positividade da direita é replicada loucamente;

EGINARDO PIRES

Economista;

Genial;

Marxista;

Morreu com 30 anos;

Diz que, no combate do mundo, das lutas nossas, a esquerda tem que parar de ficar dando
respostas bonitas, científicas, completas;

Ele diz que a ideologia que ganha é a ideologia que tem mais meios de comunicação;

A esquerda não tem só que falar melhor, tem que ter o meios de comunicação de massa.
Enquanto não tem, apanha;
“Cada aula que eu dou poderia dar uma manchete de jornal, mas quem dá manchete de jornal
é a professora da bandeira”;

Por que? Porque ela é inteligente? Porque os aparelhos de comunicação são de direita, ela
também é de direita;

O desejo foi constituído para ouvir sertanejo universitário, foi construído para isso, não tem
outra opção, é isso que toca nos meios de comunicação;

LUTA, SEXUALIDADE E ALIENAÇÃO

Sexualidade: é positiva. A gente é pelo positivo;

Qual é a dor do homossexual? É a dor do seu desejo, é uma dor em positivo. O desejo dele é
socialmente reprimido;

Freud descobriu que a pessoa não muda o desejo. Ela pode mudar de posição com relação a
repressão e seu desejo;

MAS ENTÃO “ALIENAÇÃO” É UM ERRO?

Conceitualmente, “alienação” é um erro?

“‘Desalienar’ pode ser o processo da cura gay. Vou lá desencapetar a pessoa”;

A faca que a gente usa para cortar pode ser usada para nos cortar;

“Alienação” é um conceito filosófico ruim;

Não é que tem um monte de gente alienada, mas sim, tem um monte de gente positivada no
pensamento da direita;

──

FETICHIZAÇÃO

Próximo conceito filosófico de Lukács;

Lukács diz que a mercadoria é fetichizada;

EXEMPLO. Pessoa ganha 1 mil reais. Ela compra um tênis de 1 mil;

O tênis foi um fetiche para a pessoa? Sim. Aqui, está sendo trabalhado no par “alienação”;

MAS E OBJETIVAMENTE? Qual o sentido de “fetiche”;

Objetivamente, todo mundo que está no capitalismo está fetichizável. Há um pedaço do mundo
capitalista que só chega a mim por meio do fetiche, um fetiche objetivo;

EXEMPLO. Não compra o tênis da Reebok de 1 mil não, compra um all star baratinho;

EU VOLTEI para o “compra”, ainda é uma forma de fetiche;


“Fetiche não é alienação, é a verdade de qualquer coisa que eu quero no mundo, eu tenho que
comprar”;

Isso é imposto a mim;

PRÓXIMA AULA

Bloch

BIBLIOGRAFIA DE HOJE

Filosofia do Direito, Cap. 15, Lukács

SEGUNDO TRABALHO

Um resumo, “muito bem feito” do “Estado e Forma Jurídica”;

Não vale transcrição do livro que não seja com aspas;

50 páginas;

Para a última semana de aula antes da semana de provas;

LEMBRAR Essa matéria é do quarto ano, tem que ser na quinta anterior ao começo das provas
do quarto ano

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[Teorias Críticas do Direito] Aula 7 | Italianos, Gramsci

6 de outubro de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Alysson Leandro
Barbate Mascaro, Alysson Leandro Mascaro, Alysson Mascaro, Gramsci, Marx, Teorias Críticas
do Direito

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

21/09/2017

Aula 7

EXTRA. AULA DO DIA 14/09

Não vim;

Monitora que deu aula. Falou mais sobre Pachukanis;


––

HOJE

MARXISMO OCIDENTAL

– Caderno da Cristiane Souza Costa, mestra da 188-24 –

Marx Engels – século XIX

Stutchka e Pachukanis – século XX

O saber do marxismo é castrado no ambiente universitário, ele perde força pois adquire um
certo padrão de intelectualidade existente.

Mascaro pontua que não podemos reduzir essa corrente filosófica, tradicionalmente nessa
época os trabalhos filosóficos são menores, pois não se comprometem em propor chaves de
revolução política.

“Nossa geração é a geração da desgraça, não fazemos e não pensamos nas revoluções”

SOCIALISMO OCIDENTAL

Na década de 1970, Perry Anderson propôs que o momento revolucionário soviético pode ser
denominado como “momento clássico do Marxismo”. Após, podemos chamar de “marxismo
Ocidental”.

Por que as aspas? Porque aqui não vale o lugar (Ocidente e Oriente), mas sim porque na União
Soviética e na China temos movimentos ligados à experiência dos países soviéticos e certas
vertentes intelectuais

Esse Marxismo Ocidental possui diversas vertentes. Há algumas décadas há quem corte esse
“marxismo ocidental no contexto da União Soviética, o denominando de: socialismo
socialmente existente.

Entretanto, quando a URSS cai e a noção de Socialismo perde-se, muitos chamam o que vem
depois de: novo marxismo. Ou seja, quem pensar marxismo hoje não terá exemplos práticos,
logo, terá que pensar o socialismo a partir do Marx.

Esse longo intermédio do século XX é do Marxismo Ocidental, portanto, o novo marxismo inicia-
se a partir do século XX.

MARXISMO NOVO NO BRASIL

O marxismo ocidental eclodiu na época em que o Brasil passava por uma ditadura, não temos
uma história de leitura na época, e, ao sair da ditadura, relemos as obras antigas. De modo geral,
a Universidade desconhece o marxismo clássico e o novo marxismo, para nós só existe o
Marxismo Ocidental.

EIXOS PARA COMPREENDERMOS O MARXISMO OCIDENTAL

Mascaro propõe três eixos de análise para compreendermos o Marxismo Ocidental.

(I) A Itália foi o único país no mundo com chances de ganhar a eleição democrática burguesa
com um partido marxista. Esse cenário foi uma grande ironia.

(II) O segundo debate está em torno do Oriente, filósofos soviéticos estudavam as experiências
soviéticas no Oriente.

(III) Escola de Frankfurt. Corrente muito conhecida nas Universidade e de todos essas correntes
foi a única que teve abertura dentro das Universidades.

Muito bem, aqui estão três grandes eixos do marxismo ocidental. A lembrar, ao tempos da URSS
há inúmeros debates e avanços não sobre marxismo Ocidental, mas sim de teoria e prática
avançadas como de Rosa Luxemburgo (alemã que realiza uma grande reflexão revolucionária).

MARXISMO ITALIANO E GRAMSCI

Gramsci é um exemplar de teórico e revolucionário, foi um grande líder popular é um notável


marxista, uma espécie de Lênin nas condições específicas da Itália, apesar de ter uma origem
humilde e Lenin ser de classe média.

Se o marxismo tem alguém para fazer uma narrativa de Santo, esse alguém é Gramsci”

Nasce no norte da Itália, passa a trabalhar em Turim na fábrica da FIAT para sobreviver. No plano
pessoal, ele tem um problema de nascimento que o impede de crescer, de tal sorte que ele tinha
graves dores e disfunção óssea.

O autor em algum momento começa a estruturas a luta dos trabalhadores ao Norte da Itália. Os
trabalhadores estão ainda muito adstritos num horizonte católico. O autor se torna líder e
deputado italiano, quando Mussolini toma o poder tem em Gramsci o seu grande opositor.

Gramsci, enquanto estava preso, escreveu cadernos do cárcere, obra dispersa. Esses cadernos
do cárcere não foram uma série de livros entre um tempo ou outros. De tanto tempo preso, ele
teve acesso aos livros disponíveis, alguns dos textos de Gramsci eram confiscados. Essa
característica impediu que determinassem posteriormente a cronologia de suas obras.

No Brasil, temos seis grossos volumes. Na Itália, os autores organizam sua obra de acordo com
os temas e comentários, ou seja, é uma tentativa de estabelecer uma obra cronológica de seus
cadernos. Uma outra tentativa é fazer compilação por assuntos: economia, política, estética,
religião, Itália, etc. Sendo assim, não temos uma estabilização total de quais são os textos na
seguinte medida: não temos certeza se ele escreveu um livro pra ser o que é ou se será um livro
ou uma grande obra.

No cárcere, se estivessem publicados suas obras com certeza ele seria um dos maiores autores
críticos do século XX, mas infelizmente tiverem que compilar tudo.
Na Itália, os fascistas eram muitos notáveis e Gramsci lia tudo (eles são a base teórica de
Mussolini): Benedito e Giovanni Gentili. Esses dois autores foram estudadas por Miguel Reale
(Mascaro tece profundas críticas).

Na Itália Unificada o poeta Gabriel Danuccio foi uma espécie de um herói fascina cujo modo de
reflexão é muito próximo desse momento é muito afim desse momento fascista. Igual Miguel
Reale, por muitos anos foi a voz intelectual do Brasil e fez do Largo São Francisco um ninho da
intelectual direitista (FFLCH foi o berço da resistência do largo São Francisco, ali estudavam as
teorias esquerdistas).

Gramsci lida com Marx sem ter as descobertas dos textos de Marx que os soviéticos fazem
depois. Gramsci não conheceu nenhum autor deles, sua obra foi feita toda pela sua memória no
cárcere e aos esparsos livros que ele tinha acesso.

Nisto está a fraqueza de Gramsci, boa parte de sua teoria não é marxista, ele as utiliza como
marxista e o inverte. Ou seja, o marxismo dele contrariava os argumentos de direita dizendo que
o oposto era esquerda. Tecnicamente tudo que ele inventou sobre marxismo foi de cabeça.

A principal descoberta de Gramsci foi uma ferramenta análoga à usada por Maquiavel. Gramsci
possui esse conceito central: hegemonia.

Gramsci começa a perceber que existe uma diferença entre a luta dos soviéticos e dos alemães.
O central dessa descoberta de Gramsci é que existem certas estruturações das lutas sociais e
das composições de mundo que são diferentes em cada sociedade.

Gramsci irá dizer que existem dois básicos modelos de sociedades: (i) Ocidental e (ii) Oriental.

Entretanto, esse modelo não corresponde a geografia do mapa.

1. Sociedade Ocidental: a burguesia é presente na sociedade, através de jornais, rádios,


associações comerciais. Essa ideologia advém dos EUA adentrando em todos os países
ocidentais.

2. Sociedade Oriental: presente mais o Nepotismo, temos o Estado presente na organização


estatal. Ex: Czar, Imperador, Kaiser.

Para Gramsci as estratégias são diferentes. Revoluções aos moldes leninista fazem sentido em
organizações orientais, há uma guerra sangrenta confrontando o Estado. O Caso soviéticos é um
caso típico de luta socialista de estrutura oriental .

Entretanto, em sociedades ocidentais, revoluções aqui não serão tão sangrentas, a ideologia
burguesa está esparramada (cultura) o povo não quer de início fazer uma revolução, lutas
sangrentas não fazem sentido.

Ou seja, a sociedade ocidental é contaminada de estrutura capitalista. Se você articule luta de


campo não logrará êxito. Daí, o conceito central de Gramsci de hegemonia: a sociedade
ocidental ganha as estruturas dos indícios por conta desse arcabouço de hegemonia.

HEGEMONIA

Existem em todas as sociedades explorações e formas de poder que não se dão somente (ou
majoritariamente) pela repressão. As sociedades tipos orientais são em maioria despóticas, “o
Czar manda matar”, ali faz sentido guerras. Já nas sociedades ocidentais o que temos é uma
força de controle e de amálgamas do pensamento em torno do capitalismo.

A Igreja católica não é um capitalismo americano, mas na Itália ela se amalgama aos interesses
americanos, fascistas, etc. Ou seja, há uma espécie de União.

Gramsci denominava essa União como um bloco histórico. A Itália em todo o século XX é
conservadora no bloco capitalista e Igreja, controlados pela direita. Ex: uma empresa faz
propaganda gay, a Igreja não aprova, porém, existe uma hegemonia que faz com que eles
aceitem certas coisas.

Aqui, temos uma série de estruturas que se conflitam, mas resultam num bloco histórico.

A fala recorrente: sou liberal e isso é diferente de ser conservador. Mascaro pontua, que para
Gramsci isso não faz diferença, são um bloco único de resistência.

Ex: O que o malária tem a ver com a GVLaw. São faces dos mesmo bloco, ambos contribuem
para o resultado geral da direita. Essa convergência forma um bloco.

Porque esse bloco dura? Porque estão ligados através de uma ordem hegemônica, que se
assentam nas bases onde encontram.

Conceito de hegemonia: um grande bloco de valores, ideias e sentimentos.

Gramsci irá dizer que o capitalismo ganha, nas sociedades ocidentais, porque a batalha não se
resume as guerras, ele ganha através dos valores disseminados.

“Aquele que for plenamente revolucionário deve disputar o espaço dos valores e combater a
hegemonia”.

Para ele temos que ter grandes intelectuais. É preciso que a sociedade oriental seja guiada por
abertura de espaços de discussão em favor dos oprimidos e operários.

GUERRA DE MOVIMENTO É GUERRA DE OPOSIÇÃO

Na Rússia tivemos um claro exemplo de Guerra de movimento (corporal). Nas sociedades


ocidentais passamos a ter Guerra de Oposição, não é legal ser despolitizado, rir com Danilo
Gentili, etc, dado que a guerra aberta não é possível ganhar.

Tecnicamente podemos dizer que nenhum desses conceitos é de teor marxista. “Vamos disputar
corações e mentes”é uma ideia americana, Gramsci por ter dificuldade no acesso a leitura,
acabou transformando os conceitos. Para Mascaro, por mais que tecnicamente não seja de lado
marxismo, esses conceitos servem muito ao marxismo.

Ex: De alguma maneira descobriram que a NSA domina o Google, para proteger a segurança
nacional.

Para Mascaro, não podemos nos limitar em Gramsci, pois esses conceitos são facilmente
transformados em armas para a direita.

GALVANO DELLA VOLPE


Um italiano que recontou a história marxista. As obras de Della vogue são obras notáveis.
Humberto Perrone foi o primeiro marxista a trazer Pachukanis ao Ocidente. O outro grande
intelectual dessa escola foi Lutcho Collete, que certamente foi um dos filósofos mais brilhantes
da década de 1960.

O Colete foi um brilhante intercultural marxista que deu apoio ao Berlusconi e assim morreu.

Della Volpe possui um pensamento impressionante. O impacto de Gramsci é tamanho que Della
Volpe foi esquecido, apesar de filosoficamente ser superior (até porque teve mais acesso às
informações).

Della Volpe articula num lado diferente ao eurocomunismo. O Euro comunismo significa uma
plataforma para se ganhar uma eleição para o partido comunista (luta prática), já Della Volpe
estuda filosoficamente Marx, (teoria). Cujo principal talvez tenha sido Enrico Berlinguer. O em
torno desse sistema são artistas marxistas artesanais: Pierpaolo Pasolini. O maior teórico em
relações de gênero é Mário Mielli.

Esse contexto italiano transborda.

Filosoficamente, a grande escola italiana pertence a Della Volpe

Euro Comunismo: articulação dos partidos comunistas para ganhar eleições. O problema foi que
após resolverem se associar com os democratas cristão. Porém, quando eles fizeram a aliança
mataram o líder dos democratas e acusaram os comunistas. Dai inicia-se a decadência do
partido comunista.

BIBLIOGRAFIA

Os Italianos todos do livro filosofia do Direito.

Prova: tudo que ele deu até a semana passada: Marx Lenin Stucka e Pachukanis. Os italianos são
tema da última prova.

À prova não é para resolver pela intuição, é prova sobre conceitos.

–––––

xxx

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MESMA AULA

– Caderno da Maria Helena, diva da 188-24 –

Dois momentos clássicos do marxismo


Marx e Engels – Séc XIX – Fase de ebulição revolucionária

Pachukanis, Lenin, Stutchka – Séc XX – Fase de acomodação (nesta fase também teorias
direcionadas para a prática revolucionária: Rosa Luxemburgo)

Ocidente e Oriente – Quando se pensa nas duas civilizações, se foca no modo de leitura e
construção da experiência marxista de cada um, não se referindo somente a lugar geográfico.

Marxismo Ocidental

Muitas vertentes, principalmente nas décadas do meio do século. Crpiticos do marxismo


soviético. Trata-se de analisar os países socialistas e suas experiências práticas ( “ o que temos
para hoje”).

A respeito: Perry Anderson – “Considerações sobre o Marxismo Ocidental”

(sobre diversas correntes do marxismo e o impacto das duas grandes guerras no pensamento
marxista da Europa Ocidental)

O professor propõe 3 eixos para o marxismo ocidental

1 – DEBATE ITALIANO: Único país que teve um partido socialista forte, quase ganhou a eleição.
Promoveu um debate muito importante para o marxismo do século XX.

2 – OCIDENTE ORIENTAL: LUKÁCS, Georg e BLOCH, Ernst – Uma espécie de ligação


próxima/distante com a experiência soviética

3 – ESCOLA DE FRANKFURT: Muito conhecida nas universidades. Foi a que teve mais espaço das
universidades.

ESPECIAL

GRAMSCI, ANTONIO – Brilhante pensador e homem de luta política. Intelectual vindo da classe
trabalhadora. Nascido na Sardenha. Família pobre. Vai trabalhar em Turin. (tinha graves
deficiências ósseas no corpo e sentia muitas dores). É o maior patrimônio do marxismo italiano.

Estruturou a luta dos trabalhadores na Itália. Foi deputado. Mussolini o prendeu e quando
estava morrendo, Mussolini o libertou para dizer que não o deixou morrer na cadeia.

Ele lida com Marx sem conhecer totalmente os textos de Marx ( A União Soviética só publicou
os textos esparsos de Marx depois) Aí está a fraqueza de Gramsci : ele ele pegou a leitura de
direita e rebateu: “isso é marxismo”. Ele não utilizou as categorias teóricas marxistas (não tinha
acesso a elas, pois estava preso.)

Sua obra; “CADERNOS DO CÁRCERE” – São textos esparsos, escritos na cadeia. Alguns desses
textos foram confiscados e ele não tinha nenhuma estrutura material para escrever esses textos.

Aqui no Brasil eles têm 06 volumes.


Na Itália: houve tentativa de colocá-los em ordem cronológica. Outro tentativa foi reuni-los por
assunto.

CONCEITO CENTRAL NA OBRA DE GRAMSCI, DE GRANDE CONTRIBUIÇÃO PARA O MARXISMO :

HEGEMONIA

2 MODELOS : (Lembrando que não correspondem à divisão geografia do mapa)

1 – Sociedade de Tipo Oriental – Tende ao despotismo. Forte presença do Estado – Czar,


imperador. Modelo leninista

2 – Sociedade de tipo Ocidental – sociedade civil burguesa é muito presente – jornais,


associações comerciais, Rotary Club, etc. – A classe média tem uma rede de apoio e é sempre a
favor do capital.

A presença do capital não está só na força. Está disperso pela sociedade, nas instituições civis,
na mídia. A sociedade está contaminada por uma estrutura de pensamento capitalista. Ex.;
Brasil.

OU SEJA:

HEGEMONIA: as sociedades ocidentais ganham os indivíduos por conta desse arcabouço


controlador, as formas de poder ou de exploração não se dão só pela força física, mas Por um
BLOCO HISTÓRICO: pela força do controle, pelo amálgama de interesses, pensamentos e valores
– A HEGEMONIA FAZ ISSO.

––

NA REAL: a disputa política não se dá pelas armas ou pelas eleições! Essa disputa se dá ,
verdadeiramente, em vários outros espaços (valores, ideias, sentimentos).

Ex.: Liberal e conservador – são do mesmo BLOCO HISTÓRICO (Liberal: pode expor quadro da
exposição do Santander – “Queer Museum” e Conservador: não pode) – O BLOCO HISTÓRICO
pode ser incongruente, mas é hegemônico – esse BLOCO HISTÓRICO não tem pensamento igual,
mas se assenta na mesma ordem hegemônica do capital (aglutinação de valores, ideias,
sentimentos) Liberal e conservador são faces do mesmo bloco.

––

Intelectuais – São sempre “orgânicos”. Ou aderem ao espaço do poder ou aderem às lutas das
classes trabalhadoras.

DOIS CONCEITOS

Guerra de Movimento Aberto; Rússia – Exército. O povo se movimento para tomar o poder.

Guerra de Posição: Trata-se de ganhar posições dentro da sociedade civil, convencimento


(disputa de “corações e mentes”).

Esse conjunto conceitual não tem nada a ver com o marxismo, mas é útil ao marxismo. São
usados pela direita, inclusive.
––

Para a direita: Há o marxismo cultural que “lava a cabeça” das pessoas para convencê-las a
serem comunistas.

––

Outros filósofos notáveis (embora de direita, fascistas) – Benedetto Croce e Giovanni Gentile
(Miguel Reale foi estudar com Gentile).

Outro: Gabriele D´Annunzio – fascista/poeta. Horizonte da força italiana: força fascista.

OUTROS FILÓSOFOS E VERTENTES ( não exaustivo):

DELLA VOLPE, Galvano – Após a guerra, tornou- se plenamente marxista. É melhor filósofo que
Gramsci . Tinha acesso aos livros.

CERRONI, Umberto – Primeiro marxista a trazer Pachukanis para o Ocidente

COLLETTI, Lucio – Importante filósofo da década de 90. Tornou-se de direita.

EUROCOMUNISMO

E. Berlinguer e Giovanni Berlinguer- vasta tradição de marxistas

Plataforma: “Na Europa não consigo fazer guerra”. Então estratégia: O comunismo deve ganhar
eleição no Estado capitalista. Se associou com os democratas cristãos. Então o líder democrata
foi assassinado. O movimento eurocomunista foi acusada da morte. Perderam as eleições!

––

MARXISTAS/ARTISTAS: Pierpaolo Pasolini. A estética do mundo é capitalista. É preciso

conquistar uma estética socialista.

MIELLI, Mário – Maior teórico italiano sobre as questões de gênero.

FINAL DO SÉCULO XX

Não há mais “marxismo ocidental” e sim o “novo marxismo” – sua leitura não tem mais a União
Soviética e a China para pensar o socialismo. Agora deve-se pensar o socialismo a partir de Marx

––

ALTHUSSER – o primeiro a semear a nova etapa de reflexão teórica

NO BRASIL – Marxismo ocidental é o que se conhece do marxismo. Há grande deficiência de


leitura do marxismo no Brasil. Este pouco conhecimento se dá na Universidade, de modo geral.

––

Contemporaneamente: O marxismo na universidade ocupa raros nichos e de modo controlado

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[Teorias Críticas do Direito] Resumo para prova 1

28 de setembro de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Alysson Leandro
Barbate Mascaro, Marx, Pachukanis, Prova, Resumo, Teorias Críticas do Direito

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

RESUMO PARA A PROVA 1

AULA 2

ENTENDENDO MARX

FILOSOFIA DO DIREITO CONTEMPORÂNEA

3 caminhos: crítica, juspositivismo, não-juspositivismo;

CRÍTICA. “A mais alta, mais vigorosa”;

Qual o entendimento vulgar de “crítico”. EXEMPLO. “Eu discordo da lei de cotas raciais”. Aí
dizemos que eu sou “crítico” da política de cotas. Esse é um pensamento vulgar, afinal, se
concorda com todo o sistema jurídico, com toda a organização social, só se é crítico a um ponto
específico. Dentro da leitura juspositivista, “crítico” é sobre uma questão pontual;

NÃO-JUSPOSITIVISMO

Não chega a ser crítico, mas já consegue entender que para além do direito posto e para as
normas postas, há fenômenos de poder. Sabe-se que criminalização de negros é muito maior
que a de branco;

Nietzsche: entende que o Estado é cusão, não é uma coisa justa;

──

PERSPECTIVA FILOSÓFICA CRÍTICA

INTRO

No sentido estrito, chama-se por crítica, uma tradição filosófica contemporânea muito
específica: a do marxismo;
––

MARX: HISTÓRIA E CONTEXTO

Homem do século XIX. No contexto de revoluções sociais. Já faz muito tempo?

A estrutura geral do capitalismo continua a mesma. Nos tempos de Marx, toda sua estrutura já
estava de pé. Subemprego, gente morrendo de trabalhar, máquina e tecnologia extinguindo
postos de trabalho;

Marx nasceu em 1818. Reflexão teórica começa a despontar em 1840;

Sua crítica social já é sobre um capitalismo europeu maduro, consolidado;

Marx passou a maior parte da vida num gabinete/biblioteca. Mas tinha um compromisso direto
com as causas dos trabalhadores. Se envolveu com lutas sindicais. Fez a primeira internacional
socialista. Tem uma grande história de engajamento político. Um homem de prática mas
também o grande cientista dessas questões;

JOVEM MARX

Estudou na Escola de Direito de Berlin. Formação jurídica. Era o menino de esquerda;

Já escrevia textos. Célebres textos das pessoas que passavam frio na Prússia. Crítica a lei do Rei
que proibia os pobres de recolher gravetos na floresta;

Nesse começo, ele é um juspositivista. Aos poucos, se torna um não-juspositivista. Entende que
não é só a lei do rei que está errada, mas todo o esquema de normas do rei;

“Marx não nasceu marxista”.

As ferramentas conceituais da ciência que Marx viria a descobrir se deu ao longo da sua vida;

Marx tinha 20 para 21 anos quando escreve texto sobre o furto de lenha;

MARX E O TEXTO SOBRE O FURTO DE LENHA

Marx escreve o seguinte:

─ Fazem mais de 1000 anos que os pobres da Prússia, ao chegar o inverno, vão para a floresta
coletar gravetos. Isso é uma tradição. Não pode vir uma lei e romper essa tradição milenar na
prática de um povo–;

Esse texto é belíssimo;

Esse texto é de esquerda? Sim, ele está ao lado do pobre batendo no rei;

Mas e qual seu argumento? Tradição. O rei da Prússia não pode, com uma lei, romper com o
direito costumeiro de pegar gravetos;
Direito costumeiro. É um conceito muito bonito de quem está no 4° ano de direito. Vale bem
para quem é juvenil;

Mas esse texto vai contra tudo o que Marx fala depois;

EXEMPLO. Brasil está sob domínio Português há 500 anos. Portugal está inscrito na tradição
cristã há 1500 anos. Malafaia, Bolsonaro,Feliciano e Eduardo Cunha são os homens de Deus. Faz
1500 anos que a Europa cristã de Jesus tem tradição em matar gays, sapatões, satanistas e afins.
É tradição. Há um direito natural tradicional de casamento entre homem e mulher. Homem e
homem não pode casar porque é contra a tradição;

NA DÉCADA DE 1950, NO PÓS 2a GUERRA…

GALVANO DELLA VOLPE disse: “todo mundo está errado quando lê Marx”;

Volpe é super estudioso monstro do Marxismo. Um dos maiores professores de filosofia da


Itália;

Volpe não era Marxista. Foi estudar Marx. Após anos de reflexão, entende o problema do
argumento da tradição ao ser usado pelos Marxistas;

Della Volpe dirá que é preciso separar uma certa produção de Marx do resto;

Diz que o texto dos gravetos são textos juvenis. Esse tempo de formação não é tempo de uma
ciência;

Della Volpe propõe um corte em 1843 (Marx com 25 anos). É a partir daqui que Marx começa a
desenvolver sua obra teórica adulta;

1843. “Crítica da ‘Filosofia do Direito’ de Hegel”;

Della Volpe diz que, desse livro pra frente, já é conceito Marxista. Para antes disso, não é!

Isso foi super revolutionary na época! Era Marx! E Marx era como Jesus. Jesus sempre foi Jesus.
Como era possível cortar um pedaço da vida de Marx?;

––

Discípulos de Della Volpe. LUCIO COLLETTI e UMBERTO CERRONI

ESCOLA DE DELLA VOLPE E EVOLUÇÕES

DÉCADA DE 1960. Método para como ler Marx;

1965.Publicação de 2 livros. “Para ler ‘O Capital’” e “A favor de Marx”, de LOUIS ALTHUSSER;

Althusser, na França, diz que é preciso estabelecer um método de leitura de Marx. Diz que Della
Volpe quase acertou (Della Volpe é de c. de 1950);

Althusser diz que é preciso fazer um corte epistemológico na obra de Marx;


EPISTEMOLÓGICO?

Corte não é na orientação que tenho. Marx sempre foi de esquerda, sempre defendeu o pobre;

Mas o corte é no MÉTODO CIENTÍFICO, isso é epistemológico;

Marx usava uma metodologia e depois passou a usar a dele próprio;

Althusser vai mais adiante. Fala que o corte é entre 1844 e 1845;

Vai falar que “Critica da ‘Filosofia do Direito’ de Hegel” é o último que Marx escreve com um
método primitivo, que ainda não é dele;

Até antes de 1844-45, período do Jovem Marx (tem frase de efeito, coisa pra colocar na camiseta
e pior fase teórica ─ é a fase “Anitta” na música, “péssima mas todo mundo ouve”);

20 nos seguintes, Fase de Maturação;

20 anos finais da vida de Marx, Maturidade, corresponde a fase de pesquisa e escrita de “O


Capital”;

FASES DE MARX

Na fase de maturidade, todos os conceitos estão postos;

Na fase de maturação, não tem nada errado, só os conceitos e o método científico que não estão
lá;

FASE DE MATURAÇÃO. “Manifesto Comunista” -> “trabalhadores do mundo, uni-vos”, até está
certo, é um conceito bom, juntar todo mundo, mas esse não é conceito científico do capital.

Jovem Marx que tem que ser lido com cuidado. A catação de lenha está errada! O argumento
não é tradição

É a partir da metodologia de Althusser que é possível ler e fazer a Leitura Crítica do Direito;

EXTRA. “Advertência aos leitores do Capital”, por Althusser

Althusser diz que Marx deve ser julgado apenas pelo “O Capital”

Fundou todo um campo de estudos (comparável à matemática e à física);

––

AULA 3

MARX: PRINCIPAIS CONCEITOS DE “O CAPITAL”


ÚLTIMA AULA

Marx pode ser lido de um modo científico. Propostas e Della Volpe e Althusser;

Fundamental dividir as fases de Marx;

1. Jovem Marx. Textos juvenis. Último deles é o “Crítica da ‘Filosofia do Direito’ de Hegel”. Jovem
Marx apaixonado pelas lutas sociais e causas libertárias, mas sem um aparato conceitual bem
desenvolvido ;

2. Maturação. “Manifesto Comunista” e “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte”.

3. Maturidade. “O Capital”. Onde está a base da ciência do funcionamento do capitalismo;

––

“O CAPITAL”

Tem um livro central;

Toda leitura crítica do mundo fundamentada em Marx está no livro primeiro do “O Capital”;

É no Livro I que está a base, todos os conceitos;

Livros II e III estavam quase prontos quando Marx morreu. Engels terminou as obras;

APRESENTAÇÃO DE “O CAPITAL” FEITA POR ALTHUSSER

Advertência aos leitores do Livro I de O Capital;

QUAL A PRINCIPAL DESCOBERTA DE MARX?

O núcleo central da sociedade capitalista é a mercadoria;

Isso é chocante para as pessoas do senso comum;

O senso comum pensa que o capitalismo é a sociedade de classes. Sociedade onde a classe rica
manda na classe pobre. Isso não é errado. Marx também estudou isso;

––

A questão não é “capitalismo é gente que explora gente”, a questão é qual a estrutura dessa
relação social;

Capitalismo não é apenas rico X pobre. O seu átomo, seu núcleo é a mercadoria;

A PERGUNTA: Porque gente manda em gente? E de que jeito?

MERCADORIA: O ÁTOMO DO CAPITALISMO


Qualquer coisa é mercadoria. Tem gente que vende até ideia (exemplo: advogados);

Mercadoria é qualquer coisa que vale. Portanto, mercadoria tem valor;

Mas Marx também percebe que VALOR, no senso comum, parece outra coisa;

VALOR

EXEMPLO. A Rua Riachuelo é uma rua que tem um grande declive, os ônibus passam a milhão,
nós estamos do lado da rua Riachuelo e a sala de aula é uma barulhada. Nesse contexto, o
microfone tem um valor bom, ele faz todo mundo, até do fim da sala, ouvir;

Esse é o uso comum de “valor”. Mas valor não é isto. No dia a dia, valor equivale à expressão
valor de uso;

Marx não usa esse conceito de valor;

Marx usa o conceito de valor de troca;

Marx descobre que toda vez que algo é mercadoria, é porque este algo é trocado e existe uma
forma social de fazer a troca: a forma dinheiro;

EXEMPLO Tem microfone de 50, tem microfone de 300 e tem garrafa d’água de 2 reais. E dá
para você comparar e dizer que 25 garrafas d’água dão um microfone;

O capitalismo não tem nada que diga “isso, pelo seu uso, é muito importante”. É com esse uso
que a gente se ilude. Não é isso, é porque paga um monte;

“Marx tirou da gente a pretensão de se encontrar o valor intrínseco das coisas”;

E como é determinado o valor?

Marx fala: por mais que pareça (e há!) propaganda, boca a boca, fama, existe algo na própria
estruturação da mercadoria que diz respeito a única coisa que não se pode modificar / alterar
em termos de propaganda;

EXEMPLO. Uma empresa faz carros. Ela tem custos fixos para fazer carros. O principal custo é o
do trabalhador. E tem o custo do trabalhador, matéria prima, aço, solda, parafuso, energia
elétrica, etc. Nesses custos, o centro, o que dá a dimensão da mercadoria é o trabalho;

O que dá o valor da mercadoria é o trabalho do trabalhador;

TRABALHO

EXEMPLO. A empresa do carro tem que vender o carro por um preço maior do que ela paga pelo
trabalho do trabalhador;

O trabalho do trabalhador é o que permite a acumulação;


Marx faz a diferença de uma exploração só pela mercadoria, só pelo nível da mercadoria X
acumulação pelo mercado;

Se trocar uma coisa pela outra desse lucro e o lucro deixasse alguém rico…

EXEMPLO. Pego a água da torneira, falo que é água de Lindoya e vendo por um preço caríssimo
para as pessoas;

Marx diz que isso não cria riqueza. Porque?

Uma hora gasto todo meu lucro que consegui vendendo água. Há uma transferência que, no
fim, dá soma zero;

O que permite a acumulação? A extração de mais-valor

MAIS-VALOR

Só vender e comprar coisas tende a soma zero;

Agora é do trabalho do assalariado que dá para tirar uma acumulação. E não tem volta. A riqueza
capitalista sai do trabalho do trabalhador assalariado e não volta para ele;

Quem trabalha sozinho não consegue ficar rico. Quem explora o trabalho do outro sim consegue
ficar rico;

A exploração do trabalho do outro que gera acumulação;

QUAL A MAIS IMPORTANTE MERCADORIA DO MUNDO?

O trabalho do trabalhador assalariado;

Esse é o cerne da exploração capitalista;

──

DUAS FORMAS DE EXPLORAR O MAIS-VALOR

1. Mais-valor absoluto;

2. Mais-valor relativo;

MAIS-VALOR ABSOLUTO

EXEMPLO. Michel Temer diz: preciso arrancar mais dinheiro do povo. Ao invés de pagar o salário
mínimo, eu revogo a CLT, acabo com os sindicatos e pago menos. Esse é o MAIS VALOR
ABSOLUTO, quero que o trabalhador produza o máximo possível com o salário mais baixo
possível;
Como ganhar mais valor absoluto: diminuindo salário (e direitos);

──

MAIS-VALOR RELATIVO

É dinâmico, relacional;

EXEMPLO. Sou dono de uma metalúrgica. Tenho 50 funcionários. Pago 1000 para cada um por
mês. Mas aí descubro que tem uma máquina nova chinesa que precisa de muito menos
funcionários para fabricar muito mais. Compro a nova máquina, gasto menos dinheiro com
trabalhador e produzo mais;

A estratégia aqui é tecnologia;

Celular e whatsapp é uma forma de fazer o trabalhador continuar a trabalhar, mesmo quando
não está mais no local de trabalho;

MERCADORIA E DINHEIRO

Mas o sistema capitalista não é simplesmente isso. Eu tinha dinheiro, comprei uma mercadoria.
Não é só isso;

O esquema é: eu tenho dinheiro, comprei mercadoria. Essa mercadoria tem que virar mais
dinheiro;

──

Esse sistema pelo qual se faz o movimento mercadoria ─ dinheiro, Marx chama esse movimento
de dinâmica da circulação;

A dinâmica da circulação tem seu apogeu na extração de mais-valor;

EXEMPLO. Vender água e comprar Camaro amarelo é só circulação. Mas é a fábrica do camaro
amarelo que tem extração de mais-valor;

A lógica geral da circulação e da acumulação de capitais tem a seguinte fórmula;

D ─ M ─ D’;

(Dinheiro ─ se torna ─ Mercadoria ─ se torna ─ Mais dinheiro)

Sendo que D’ = D + Delta-D

(Sendo que delta-D é um acréscimo);

Henry Ford: não vende carro porque gosta muito de carro; pode até gostar, mas a ideia é que
vendendo carro eu faço mais dinheiro;

Tenho dinheiro, converto em mercadoria para que ele vire mais dinheiro;

Não importa a mercadoria. As pessoas vendem água, carro, balinha, maconha, etc.;

D ─ M ─ D’
Essa é a fórmula geral do capitalismo. O sentido geral do capitalismo é fazer o dinheiro virar
mais dinheiro;

E essa ânsia de fazer mais dinheiro é chamada de acumulação;

ÚLTIMO CONCEITO

ACUMULAÇÂO: se faz pela produção (e residualmente pelo lucro)

Marx, lá pro final do O Capital, vai falar na “a assim chamada ‘acumulação primitiva’”

David Harvey, notável socialista dos Estados Unidos, tem um conceito, acumulção por
expoliação. Acumulação primitiva começou como expoliação. EXEMPLO. Europeus vêm para a
América, tomam as terras dos povos indígenas

Até hoje, mesmo no capitalismo mais avançado, ainda se operam formas de acumulação
primitiva;

––

AULA 4

MARX E A FORMA MERCADORIA

MAIS UM CONCEITO

Sociedade capitalista tem determinação;

Para o capitalismo, há uma determinação social. E tudo passa pelo formato mercadoria. Não
negamos o sofrimento individual e afins (e, aliás, é bom que as pessoas se unam, lutem contra
essas opressões), mas todo esse sofrimento passa pela determinação econômica;

Há o preconceito racial. Mas esse preconceito de raça é determinado pelo capital. O preconceito
racial também é determinado pela forma mercadoria: na história do mundo, a pobreza está
concentrada na África, no escravo negro africano;

MAIS SOBRE DETERMINAÇÃO SOCIAL

Ideia de determinação social funda uma ciência;

Marx diz: “não há Estado e direito para além ou para acima do capital”;

A formação psíquica do pensamento da nossa geração, é uma formação de quem viveu na


geração Constituição de 1988. Essa é a geração “mais direitos”. Mais direitos para o povo, para
o negro, para o LGBT, para as mulheres. As garantias para as minorias seriam leis: lei contra o
feminicídio, contra a homofobia, etc.;
“Existe um nível de determinação para além das normas e para além do Estado, é a economia”;

––

Marx não se ocupou de coisas especificamente jurídicas, mas sim de coisas estruturalmente
jurídicas;

A verdade do direito, a determinação do direito é feita pelo capital;

MARX PERGUNTA. Por que o direito é determinado pelo capital?

Marx. “18 de Brumário de Luís Bonaparte”;

18 DE BRUMÁRIO. O golpe: Luís Bonaparte tirou a burguesia do poder na França. Luís Bonaparte
era uma espécie de Bolsonaro ─ e o Bolsonaro não é o Doria, Doria tem um grupo de capitalistas,
esse é burguês de verdade, Bolsonaro é só o pior. A burguesia fez revolução na França, matou
rei, teve terror e, anos depois, Luís Bonaparte, esse tosco, deu um golpe. Como pode? Marx
descobriu que o Estado, bem como o direito, não são burgueses porque as pessoas que
controlam o Estado ou direito são burguesas, a burguesia saiu do palco e largou Luís Bonaparte
porque não importa quem é a pessoa, direito e Estado são formas sociais que derivam da forma
mercadoria.

O ESTADO E O DIREITO SÃO UMA FORMA SOCIAL BURGUESA, ainda que o agente do Estado ou
do Direito não sejam burgueses;

EXEMPLO. O PM é pobre. E mesmo assim, ele bate em pobre e prende pobre. “O dia que o pobre
virar juiz, ele vai ser um juiz com recalque”;

––

“Enquanto houver forma mercadoria, junto tem que haver uma forma política estatal e uma
forma jurídica”, são a cara e coroa da mesma coisa;

DE VOLTA AO CONTEÚDO

Conteúdo do direito é burguês. Às vezes, o direito faz um conteúdo um pouco menos burguês:
EX. “função social da propriedade”. Mas e aí, quantas terras no Brasil foram expropriadas de
1988 até hoje?

QUANDO ACABA O CAPITALISMO?

Quando acabar a forma mercadoria, forma Estado, forma direito, forma sexo, forma racial, etc.

––

FORMA DE SUBJETIVIDADE JURÍDICA

Dizemos que uma pessoa, com livre autonomia da vontade, contratou com outra;
Isso é a forma do capitalismo;

No escravismo, quem determina o trabalho do escravo é o senhor do escravo, há uma força


bruta que obriga o escravo a trabalhar;

Hoje, quem garante o que é de cada um é o direito. Por isso que há a subjetividade jurídica;

O que é importante não é a norma, mas sim, saber que o que é meu é meu por direito;

E a exploração do trabalho é jurídica. O trabalho só é assalariado porque o trabalhador vende,


pelo direito, o trabalho;

HISTÓRIA NO INÍCIO DO SEC. XX

Friedrich Engels.

A luta de Marx foi convencer todos os sindicatos a seu unirem numa mesma associação, a
Internacional Socialista Revolucionária;

Marx morreu. Um professor de direito da Áustria, Anton Menger, disse que os marxistas
estavam todos errados porque não se deveria fazer revolução, o que deve acontecer é que as
pessoas precisam lutar por mais direitos. O que a gente precisa é de uma CLT (ou algo assim). A
ideia de Menger é que de grão em grão, da glória da luta trabalhadora, chegamos ao socialismo.
Para Menger, o socialismo é uma soma de conteúdos na forma capitalista;

No final do Séc. XIX, sindicatos desistiram da luta revolucionária e concordaram em lutar para
manter um Estado Burguês;

Em 1914, os sindicatos embarcaram na primeira guerra mundial em favor das suas pátrias.
Sindicatos acabaram em nacionalismo! Cada um defendeu suas burguesias ─ até hoje, é essa
desgraça das polícias e exércitos, pobre matando e morrendo por rico, “a máquina da morte é
de pobre para pobre”;

De acordo com Menger, começa a II Internacional, que era contra a I Internacional. A II


Internacional era reformista. “Era o PT”. Vamos defender mais direitos, vamos colocar os
republicanos no STF, vamos fazer mais CLT, Bolsa Família. Ela diz que o direito é bom, como
instrumento para dar melhores condições para os trabalhadores;

A II Internacional é toda baseada no direito do Estado;

Engels, revoltado com o fato de que tinham deixado de ser revolucionários, se une com Karl
Kautsky (que depois será conhecido como “o renegado Kautsky”). Os dois escrevem “O
Socialismo Jurídico”;

Neste livro, Engels e Kautsky falam do sr. Menger e sua ideia de mais direitos. Falam que isso é
um absurdo pois a forma do direito é a forma do capital, com isso não é possível fazer
emancipação do trabalhador;

“O SOCIALISMO JURÍDICO”

Primeira obra só para falar do direito e sua relação com capitalismo // comunismo;
É do fim do século XIX;

Marx sempre usou imagem de uma mentira contada por Barão de Münchhausen. Conforme a
história, ele caiu em um poço muito profundo. Como fez para sair? Puxou seu cabelo até sair do
buraco;

Marx diz que sair do buraco puxando o cabelo é como sair do capitalismo através do direito;

Direito e Estado é a forma do capital. Não dá para sair do capital por meio do direito e do Estado;

––

AULA 5

LÊNIN, STUTCHKA E PACHUKANIS

COMO ISSO SE DÁ NA ENTRADA NO SÉCULO XX?

Marx, Engels e Kautsky são tributários da I Internacional, união dos trabalhadores da Europa
com pretensões revolucionárias;

Menger e os “juristas de esquerda” estão do lado da II Internacional, reformistas, querem brigar


por mais direitos ─ isso é uma coisa de sindicatos, é a lógica de reformismo, o importante é
ganhar aumento, e não acabar com a exploração capitalista;

──

No começo do século XX, dizia-se que o marxismo havia acabado;

Desde cerca de 1890, todo mundo que era de esquerda era reformista;

Entra-se no século XX com um descrédito total no Marxismo;

MAS, A PARTIR DA DÉCADA DE 1910…

Começa um movimento chamado de III Internacional;

Trabalhadores, lutadores políticos, intelectuais e galeres tudo se uniram numa Internacional


Revolucionária ─ mesmo porque, durante todo o tempo de II Internacional, a única coisa que se
conseguiu foi a 1a Guerra Mundial;

Uma filosofia marxista é reconstituída quase integralmente. Pensamento de Lênin;

LÊNIN
Ninguém nunca reuniu teoria e prática tão bem quanto Lênin;

Lênin era intelectual e era um homem de ação. O melhor de dois mundos;

LENIN. Diz que o capitalismo é um Estado de Opressão. Qual a forma de sair disso? Batendo em
quem te oprime;

A exploração é feita pela força. A única forma de fazer que alguém me bata é pegar a mão da
pessoa e tirar o chicote da mão dela;

Em 1917, começa a Revolução Russa;

UMA EXPERIÊNCIA NOTÁVEL

Primeira vez que os trabalhadores de um país grande (grande pra caralho) se reúnem e se
levantam. Quanto tempo os burgueses conseguem resistir ao povo? 3 meses;

A descoberta de Lênin: não tem estágio prévio para uma revolução acontecer. Precisa de
vanguarda ─ gente que fica a frente, tem voz de comando e coragem para encarar as
consequências desse engajamento de luta (consequências: morte, levar bala, levar porrada);

─ mas naquele tempo era matar ou morrer, já estava todo mundo passando fome mesmo;

“Por isso que um dia, se a revolução acontecer, ela sai da favela”. Porque a favela não tem nada
a perder. A classe média tem um apartamento de 70m2 e uma varanda gourmet a perder;

ORGANIZAÇÃO SINDICAL E TRABALHADORES DO PAÍS. COMO FAZER A REVOLUÇÃO, SEGUNDO


LÊNIN

Os trabalhadores que leram Marx, que sabem o que é o Capital, esses trabalhadores vão fazer a
revolução;

MAS LÊNIN DIZ: é bom essa gente que lê e manja dos rolê. Mas na Rússia, a população não sabe
nada, vê o czar atirando a esmo nas pessoas, essa gente se levanta e fica revoltada, vão descer
a porrada. Na prática, isso é revolução;

Resultado: os processos revolucionários saem de onde der!

Mas isso não é espontaneísmo. Tem que ter comando, tem que ter organização, tem que ter
gente com perfil psicológico para lutar contra o capitalismo, tem que ter luta, tem que ter gente
morrendo;

“O ESTADO E A REVOLUÇÃO”

Livro fundamental dos século XX;

Livro central da teoria política do século XX;


Lênin escreveu durante o exílio, na Suíça;

Lênin foi advogado trabalhista em São Petersburgo durante uns 3 anos. A conclusão dele: isso
não leva a nada. Ele só conseguiu ajudar meia dúzia de pessoas (frente ao número total de
trabalhadores da Rússia);

O QUE LÊNIN ESCREVEU? O Estado deve perecer;

Comunismo: fim dos Estado e fim do direito;

CAPITAL: passa de pai pra filho. Quem não tem, também é pobre

O Estado organiza a transferência de capital de pai pra filho e só fica nisso;

LÊNIN. Estado é o “comitê-gestor” para o bem da burguesia, Estado gesta o capital. Essa é a
função do Estado;

A REVOLUÇÃO ACONTECE

A Rússia soviética;

Soviets. Unidades do povo para organizar o seu próprio governo e sua própria gestão. Indústria
tinha um soviet, bairro tinha um soviet;

Essa organização deu poder peculiar para quem até então não tinha poder nenhum;

––

PIOTR STUTCHKA E EVGENI PACHUKANIS

São os dois grandes nomes da teoria jurídica da história do pensamento crítico;

São os dois grandes homens da revolução soviética. Estavam na linha de frente da Revolução;

Stutchka foi Ministro da Justiça. Pachukanis foi vice-MJ;

Os dois, juntos com Lênin, pensam a mesma plataforma: o Estado e o Direito são capitalistas,
eles têm que acabar;

Depois da revolução, não tem mais que existir o patrão, não tem mais que existir CLT. O soviet
da fábrica que vai decidir tudo, como será o trabalho, quantas horas trabalhar, etc;

OBRAS

1921. “Direito e a luta de classes”. Stutchka

1924. “Teoria Geral do Direito e Marxismo”. Pachukanis ─ esse é O LIVRO da teoria crítica;
STUTCHKA

O Direito é uma forma do capital;

HISTÓRIA: AS FACULDADES EM 1917

Em 1917, todas as Universidades russas eram radicalmente anti-esquerdistas. Odiavam Marx e


qualquer coisa de esquerda. Agitavam bandeiras e afins;

A faculdade de direito na Rússia sempre foi anti-trabalhista;

Quando a revolução aconteceu, Lênin acabou com tribunais e fez tribunais populares;

Mas precisavam de algumas formas gerais para organizar contratos e afins;

Essa é a hora que apareceram uns juristas espertões. Principal deles: Rejsner;

Rejsner: era um jurista conservador;

Rejsner começou a defender a luta soviética;

Começou a escrever obras sobre como ler o direito de maneira crítica;

REJSNER

Porque direito é de esquerda ou direita?

Rejsner diz que direito tem um fundo psicológico. Tem a ver com a psiquê do Jurista;

Quando o jurista é uma pessoa crítica, defende leis em favor do povo;

Qual a conclusão de Rejsner: manter as universidades de direito. Ideia era “formar pessoas de
esquerda”;

STUTCHKA

Jurista não é cuidador do direito. E também não tem nada a ver o perfil do jurista fazer o direito
ser mais progressista ou não;

O que faz o direito ser progressista ou conservador não é a psiquê do jurista. O problema não é
o sujeito, o indivíduo. O direito é o que é pela luta de classes;

O capital compra a alma dos universitários;

EXEMPLO. FEA. Quem não defende a meritocracia e o capital privado é um alienígena;

TRADUÇÃO. O capital ganhou. Quem sai de uma faculdade sai defendendo o capital, o dinheiro,
não sai defendendo a CLT, o trabalhador coitadinho;

O que define é a luta de classes. Se a luta de classes é progressista, até um conservador vira
progressista. Se a luta de classes é conservadora, até o mais progressista será conservador;
Quando a sociedade está fortalecida na luta, ela ganha mais direitos. Quando a classe
trabalhadora está fraca na luta de classes, ela só perde, só leva porrada;

Não é o jurista que faz o direito, é a luta de classes

EXEMPLO. Vargas, quando pressionado por revoltas de trabalhadores e pela luta de comunistas
nos anos de 1930, aí sim Vargas resolveu fazer a CLT. Tinha gente de esquerda progressista na
equipe? Não! Quem fez a CLT eram quatro juristas conservadores. “Gente pra escrever qualquer
coisa sempre tem”. O que importa é quem manda;

O que importa é a luta, não o jurista;

EXEMPLO. Se o indígenas tivessem força, tivessem eco em sua luta, não haveria o retrocesso
que há ;

──

!PACHUKANIS!

O camarada Stutchka está certo. Se os trabalhadores estão organizados, eles até ganham mais
direitos trabalhistas. Se os índios estão organizados, eles até ganham mais direitos. Se há uma
mobilização de luta social, há uma vitória no direito;

Mas porque as classes, lutando, precisam da forma do direito?

EXEMPLO Porque os índios precisam ir até o STF e pedir “julgue em meu favor”? Porque ele não
dá uma flechada no branco? Porque ele não invade a terra do agropecuarista? Porque o direito
não deixa!

Mas porque, se a classe está organizada, só ganha mais direitos? Porque o direito toma uma
forma específica dentro do capitalismo?

Porque o direito é a forma do capital. Tudo o que é do capitalismo também é jurídico. E quando
as pessoas lutam por mais direitos, elas também lutam pelo capitalismo;

O DIREITO É A FORMA ESPECÍFICA DO CAPITALISMO

Direito é a forma do capital ─ e não é por essa forma que a gente supera o capital;

Stutchka está certo, mas ele ainda ficou no caminho;

Pachukanis dá na mão do povo o poder, e não uma intermediação pelo Estado;

Todo Pachukanis é a nossa próxima aula;

––

AULA 6

PACHUKANIS
RELEMBRANDO O QUE VIMOS ATÉ AQUI

Pensador nas questões do direito para o marxismo

Nas sociedades anteriores não havia o que hoje chamamos de Direito, tendo em vista serem as
formas sociais distintas das de agora. As relações sociais eram de mando direto e o Direito não
era o elo entre o mandante e o mandado: não havia forma jurídica, não havia subjetividade
jurídica.

A forma que dá base constitutiva ao capitalismo é a forma da mercadoria, de tal forma que se
torna a gênese de outras formas sociais como a forma jurídica e a forma estatal, as quais imersas
em um processo de retroalimentação se constituem no sustentáculo do capitalismo.

A forma jurídica tem como núcleo o sujeito de direito, derivando daí os institutos da igualdade
formal e do contrato. O Estado, como um terceiro, apartado das classes sociais, é quem se
apresenta como um terceiro supostamente desinteressado para arbitrar, através do direito
posto, as relações entre as classes sociais.

––

Chegar ao socialismo?

Muitos teóricos falam assim, mas o socialismo é uma fase de transição. O objetivo é chegar ao
comunismo.

Como terminar com as formas sociais burguesas? Não através do Direito! Nessa perspectiva,
crítica à Rússia:

O que houve foi um capitalismo estatal. Não houve rompimento das formas sociais capitalistas.

––

Grande mote do pensamento de Pachukanis: Não se rompe com o capitalismo a partir do direito
ou a partir das formas capitalistas.

Pachukanis; Na antiguidade havia um embrião do direito.

––

Para o juspositivista: o sujeito de direito surge da norma.

Para Pachukanis: o sujeito de direito surge das práticas sociais, da concretude das relações
sociais, ou seja, as estruturas sociais (práticas materiais) engendram o sujeito de direito

––

ANOTAÇÕES SOBRE OS VÍDEOS DO MASCARO SOBRE PACHUKANIS

https://www.youtube.com/watch?v=vv_Mr4xJNEw&list=PLHiE8QPap5vT-
4gGfjaxSzkZNcyxxQJpJ
1. MARXISMO

PACHUKANIS. Forma jurídica é “espelho” da forma mercadoria;

MARX. Mercadoria é o átomo do capitalismo. Trabalho é a principal mercadoria/

PACHUKANIS. Para vender seu trabalho, o trabalhador tem que ter forma de subjetividade
jurídica;

MARXISMO. A luta de classe existe;

PACHUKANIS. Foi além do pensamento de Stutchka;

STUTCHKA Para este, o direito vinha da luta de classes. Essa posição de Stutchka é marxista. Ele
diz que direito é moldado pela luta de classes. Luta de classes também é luta social. Enquanto o
movimento feminista não foi forte e organizado, os direitos das mulheres era deixado de canto;

Mas porque a classe trabalhadora não vai lá e toma o poder fisicamente nas mãos? (já que a
classe trabalhadora é a maioria, é mais forte). O povo não toma o poder diretamente porque
acha que o poder está centralizado no Estado – mas não entende que o Estado se estrutura no
próprio capitalismo;

O capitalismo “se esconde” por trás do Estado. A gente xinga o governante, mas não xinga a
forma desigual da vida, da estrutura econômica em que vivemos;

Pensar apenas a luta de classes é insuficiente!

Quando a classe trabalhadora luta por mais direitos, no fim das contas, ela luta por “mais
capitalismo”;

PACHUKANIS. No fundamental, o direito é forma do capital. Não dá para chegar no socialismo


através da luta de “mais direitos”;

Para PACHUKANIS, a ideia não é mais direitos, mas sim buscar uma forma de partilhamento
social e econômica geral!

2. PACHUKANIS E O DIREITO

KELSEN. Norma jurídica funda o direito;

CARL SCHMITT. Para além da norma jurídica, existe o poder;

FOUCAULT. Para além da norma jurídica, existe a microfísica do poder;

PACHUKANIS. A forma do direito equivale a forma da mercadoria;

Relação específica, intrínseca, complexa entre direito e mercadoria. PACHUKANIS diz que direito
não é só norma jurídica nem só poder, ele está enraizado nas relações capitalistas: exploração
do trabalho de uma pessoa por outra;

Direito está posto a partir das regras de sociabilidade capitalista;

“O problema do mundo está no capital, na mercadoria”;


3. FUNDAMENTOS DO PENSAMENTO PACHUKANIANO

Núcleo da sociabilidade do capital: é o que está lá no Capital. Mercadoria -> Trabalho ->
Exploração do mais valor -> Acumulação;

PACHUKANIS pesquisa como estruturar essa forma de produção?

No escravismo e feudalismo, há um trabalho compulsório. É feito basicamente na base da força,


vinculação compulsória;

No capitalismo, há uma forma pela qual o trabalhador, se colando sob as condições do


capitalista, o faz mediante vínculos jurídicos, contratuais. São esses vínculos que submetem o
trabalhador;

Direito não é um acessório do capitalismo, mas sim, um dos seus elementos centrais;

É só através do direito que há a submissão do trabalhador ao capitalista;

Entre esses dois, há uma relação que faz com que esses dois sujeitos sejam presumidos como
equivalentes nessa relação contratual. A verdade da equivalência está na mercadoria. Tudo é
possível ser trocado por tudo. Qualquer produto ou serviço pode ser trocado por dinheiro e que
pode ser trocado por tudo;

O capital está lastreado em seu valor de troca;

Com o valor de troca, dá para se estabelecer cálculo, contas, medir salário, etc;

A igualdade jurídica entre trabalhador e capitalista possibilita estabelecimento de um contrato;

– Até o feudalismo, as sociedades eram estamentais. A depender do seu estamento, você possui
diferentes privilégios;

Os burgueses, que não tinham privilégios, movimentam a história, acabar com a ideia de
estamentos, fazer com que haja a equivalência. Na equivalência, o trabalho é mercadoria;

––

As pessoas são consideradas iguais. Portanto, elas têm liberdade para trabalhar para quem
quiser – e o capitalista tem liberdade para contratar quem ele quiser;

No capitalismo, o artifício que une uma pessoa a outra é a autonomia da vontade;

Por livre manifestação da sua vontade, o trabalhador resolve vender sua mercadoria trabalho
para um capitalista em troca de um determinado valor-salário;

––

PACHUKANIS percebe que, para o capital explorar o trabalho, é necessário que surja a categoria
do sujeito de direito / sujeito pelo direito;

Alguém está sujeito por outra pessoa mediante instrumentos jurídicos;

Todos, no capitalismo, tomam forma de subjetividade jurídica. Hoje, num mundo capitalista,
todo mundo que tem algo tem pelo direito, compram e vendem por meio de instrumentos
jurídicos. Elas só existem por meio de balizas jurídicas. EXEMPLO. Se alguém tem 500 casas, as
tem pelo direito; o outro, que não tem nenhuma, não tem nenhuma casa registrada no seu
nome;

Direito é estrutura fundamental e necessária do capital – ele está no nível de interação das
pessoas. MAS é claro que, o que vem primeiro é a vida real das pessoas, a submissão real das
pessoas umas as outras, é no plano “teórico”que há o direito;

4. CAPITALISMO E DIREITO

Só há direito quando a mercadoria se torna plena;

Sociedades pré-capitalistas, a mercadoria existe, mas ela é incidental. Um senhor de escravo


podia trocar mercadoria com outro escravo, mas o principal é que ele é senhor. No capitalismo,
a mercadoria é plena. Não basta comprar e vender tudo, fundamentalmente o trabalho do
trabalhador se torna mercadoria;

O que Pachukanis está fazendo é lastrear a mercadoria no mundo da produção;

5. PACHUKANIS E A POLÍTICA

Pensamento jurídico de Pachukanis tem impctos na política;

PACHUKANIS. Descobre que as lutas de transformação social não são jurídicas nem estatais. Luta
por “mais direitos” é só uma modalidade possível dentro do capitalismo, são elementos do
capitalismo, como uma forma de manejo do capitalismo. Isso é quantidade de direito (mais
proteção ao trabalhador, mais proteção à mulher, etc.) e não qualidade de direito (qualidade da
subjetividade jurídica permanece a mesma);

“Mais direitos” não faz chegar ao socialismo;

É o fim do trabalho assalariado, o fim do capital e o fim da mercadoria que leva à superação do
capitalismo;

Para se chegar ao socialismo, o direito tem que acabar. Com direito, não dá para chegar ao
socialismo;

Estado é uma forma do capitalismo;

Estado é forma necessária, específica de um terceiro no esquema de exploração entre o


capitalista e o trabalhador. No capitalismo, além da exploração dos trabalhadores, há um
terceiro, a organização estatal;

––

Cidadania é forma do capital. A cada 4 anos, há um voto. Essa é forma por excelência da
vinculação capitalista. É por esse movimento que o capital e a forma Estado se garante;

––

Claro, há diferenças entre um capitalismo nazista e um capitalismo de bem-estar social. Mas


ainda assim, são duas formas capitalistas, onde há desigualdades. Nos dois modelos, tem gente
que tem casa e tem gente que não tem casa e isso por causa do direito;
––

PACHUKANIS. Socialismo é para além do direito e socialismo é para além do Estado;

Não dá para sair do capitalismo pelo que constitui o capitalismo;

––

Pachukanis nos obriga a pensar fora da fronteira da nossa sociabilidade. Para haver a superação
do capitalismo, é preciso realmente de um novo, algo que não chegamos e não temos noção;

6. LEITURAS DE PACHUKANIS

Para Pachukanis, ser “jurídico” é portar subjetividade jurídica. Essa é a figura central do direito
– e não a norma jurídica;

––

Direito deriva da forma mercadoria, assim como o Estado;

Não dá para dizer que Estado é direito nem vice-versa. Mas ambos derivam da forma
mercadoria;

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[Teorias Críticas do Direito] Aula 6 | Pachukanis

27 de setembro de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Alysson Leandro
Barbate Mascaro, Alysson Leandro Mascaro, Alysson Mascaro, Pachukanis, Teorias Críticas do
Direito

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

14/09/2017

Aula 6

– Caderno da Maria Helena, diva da 188-24 –

HOJE

Professor não veio;

Monitora deu aula

PACHUKANIS
Pensador nas questões do direito para o marxismo

Nas sociedades anteriores não havia o que hoje chamamos de Direito, tendo em vista serem as
formas sociais distintas das de agora. As relações sociais eram de mando direto e o Direito não
era o elo entre o mandante e o mandado: não havia forma jurídica, não havia subjetividade
jurídica.

A forma que dá base constitutiva ao capitalismo é a forma da mercadoria, de tal forma que se
torna a gênese de outras formas sociais como a forma jurídica e a forma estatal, as quais imersas
em um processo de retroalimentação se constituem no sustentáculo do capitalismo.

A forma jurídica tem como núcleo o sujeito de direito, derivando daí os institutos da igualdade
formal e do contrato. O Estado, como um terceiro, apartado das classes sociais, é quem se
apresenta como um terceiro supostamente desinteressado para arbitrar, através do direito
posto, as relações entre as classes sociais.

Althusser –Teórico que retratou muito bem o pensamento de Marx. Destrinchou as formas
sociais do capitalismo.

––

Chegar ao socialismo?

Muitos teóricos falam assim, mas o socialismo é uma fase de transição. O objetivo é chegar ao
comunismo.

Como terminar com as formas sociais burguesas? Não através do Direito! Nessa perspectiva,
crítica à Rússia:

O que houve foi um capitalismo estatal. Não houve rompimento das formas sociais capitalistas.

********Márcio Bilharinho Nevas: “A Questão do Direito em Marx”

******** Robert Kurz : “Crise e Crítica do Marxismo” – sobre crítica do valor

Grande mote do pensamento de Pachukanis: Não se rompe com o capitalismo a partir do direito
ou a partir das formas capitalistas.

Pachukanis; Na antiguidade havia um embrião do direito.

Brasil –

Exploração da mão-de-obra escrava (força de trabalho ainda não era mercadoria)

Europa: Revolução industrial.

Havia capitalismo no Brasil?

Segundo Gorender, havia no Brasil um modo de produção escravista atrelado ao modo de


produção capitalista europeu.

Para o juspositivista: o sujeito de direito surge da norma.

Para Pachukanis: o sujeito de direito surge das práticas sociais, da concretude das relações
sociais, ou seja, as estruturas sociais (práticas materiais) engendram o sujeito de direito.

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[Teorias Críticas do Direito] Aula 5 | Lênin, Stutchka e Pachukanis

1 de setembro de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Alysson Leandro
Barbate Mascaro, Alysson Leandro Mascaro, Alysson Mascaro, Lênin, Pachukanis, Stutchka,
Teorias Críticas do Direito

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

31/08/2017

Aula 5

LÊNIN, STUTCHKA E PACHUKANIS

6550093

MARX. DIREITO E SOCIEDADE. O QUE VIMOS ATÉ AGORA

Marx mostra que a forma mercadoria é a forma básica da nossa sociabilidade;

A forma mercadoria constitui uma forma de subjetividade jurídica. Esse é o núcleo do direito e
do capitalismo, assim como a forma política estatal;

──

CAPITALISMO. Dizem por aí que ele é exploratório, que ele é cruel. Nada disso se nega. Mas o
que dizemos é que o capitalismo é um modo específico de fazer a exploração social da produção;

O capitalismo tem momentos mais desiguais e menos desiguais. Isso não é uma valoração moral.
O constituinte moral do capitalismo é que ele é um sistema de exploração fundada no direito;

O capitalismo garante que quem tem, tenha e mantenha. Só;

Direito do trabalho e direitos sociais não são formas de superar o capitalismo. É só mais do
mesmo. É mais da mesma forma;

──

Engels e Kautsky, no século XIX, em “O Socialismo Jurídico”, combatem as idéias de Anton


Menger e os “juristas de esquerda” da época. Esses juristas de esquerda falavam para esquecer
a revolução e se contentar com “mais direitos”;

COMO ISSO SE DÁ NA ENTRADA NO SÉCULO XX?


Marx, Engels e Kautsky são tributários da I Internacional, união dos trabalhadores da Europa
com pretensões revolucionárias;

Menger e os “juristas de esquerda” estão do lado da II Internacional, reformistas, querem brigar


por mais direitos ─ isso é uma coisa de sindicatos, é a lógica de reformismo, o importante é
ganhar aumento, e não acabar com a exploração capitalista;

──

No começo do século XX, dizia-se que o marxismo havia acabado;

Desde cerca de 1890, todo mundo que era de esquerda era reformista;

Entra-se no século XX com um descrédito total no Marxismo;

MAS, A PARTIR DA DÉCADA DE 1910…

Começa um movimento chamado de III Internacional;

Trabalhadores, lutadores políticos, intelectuais e galeres tudo se uniram numa Internacional


Revolucionária ─ mesmo porque, durante todo o tempo de II Internacional, a única coisa que se
conseguiu foi a 1a Guerra Mundial;

Uma filosofia marxista é reconstituída quase integralmente. Pensamento de Lênin;

LÊNIN

Ninguém nunca reuniu teoria e prática tão bem quanto Lênin;

Lênin era intelectual e era um homem de ação. O melhor de dois mundos;

Fidel, Che e afins eram muito mais homens de ação;

LENIN. Diz que o capitalismo é um Estado de Opressão. Qual a forma de sair disso? Batendo em
quem te oprime;

A exploração é feita pela força. A única forma de fazer que alguém me bata é pegar a mão da
pessoa e tirar o chicote da mão dela;

Em 1917, começa a Revolução Russa;

UMA EXPERIÊNCIA NOTÁVEL

Primeira vez que os trabalhadores de um país grande (grande pra caralho) se reúnem e se
levantam. Quanto tempo os burgueses conseguem resistir ao povo? 3 meses;

A descoberta de Lênin: não tem estágio prévio para uma revolução acontecer. Precisa de
vanguarda ─ gente que fica a frente, tem voz de comando e coragem para encarar as
consequências desse engajamento de luta (consequências: morte, levar bala, levar porrada);
─ mas naquele tempo era matar ou morrer, já estava todo mundo passando fome mesmo;

“Por isso que um dia, se a revolução acontecer, ela sai da favela”. Porque a favela não tem nada
a perder. A classe média tem um apartamento de 70m2 e uma varanda gourmet a perder;

ORGANIZAÇÃO SINDICAL E TRABALHADORES DO PAÍS. COMO FAZER A REVOLUÇÃO, SEGUNDO


LÊNIN

Havia, na história de organização sindical do Brasil coisas muito tristes;

EXEMPLO. Sindicalistas europeus, nos anos 1930, vinham para o Brasil. Perguntavam: “posso
visitar sua biblioteca?”. Obviamente, sindicatos no Brasil não tinham biblioteca nenhuma;

Os trabalhadores que leram Marx, que sabem o que é o Capital, esses trabalhadores vão fazer a
revolução;

MAS LÊNIN DIZ: é bom essa gente que lê e manja dos rolê. Mas na Rússia, a população não sabe
nada, vê o czar atirando a esmo nas pessoas, essa gente se levanta e fica revoltada, vão descer
a porrada. Na prática, isso é revolução;

Resultado: os processos revolucionários saem de onde der!

Mas isso não é espontaneísmo. Tem que ter comando, tem que ter organização, tem que ter
gente com perfil psicológico para lutar contra o capitalismo, tem que ter luta, tem que ter gente
morrendo;

EXTRA Dolores “La Pasionaria”. Líder comunista espanhola. É dela a frase “no pasarán!”. 20 dias
depois, exército de Franco matou todo mundo. “Slogan é bom, mas tem que ter mais
antecipação”;

“O ESTADO E A REVOLUÇÃO”

Livro fundamental dos século XX;

Livro central da teoria política do século XX;

Lênin escreveu durante o exílio, na Suíça;

Lênin foi advogado trabalhista em São Petersburgo durante uns 3 anos. A conclusão dele: isso
não leva a nada. Ele só conseguiu ajudar meia dúzia de pessoas (frente ao número total de
trabalhadores da Rússia);

O QUE LÊNIN ESCREVEU? O Estado deve perecer;

Comunismo: fim dos Estado e fim do direito;

CAPITAL: passa de pai pra filho. Quem não tem, também é pobre

O Estado organiza a transferência de capital de pai pra filho e só fica nisso;


LÊNIN. Estado é o “comitê-gestor” para o bem da burguesia, Estado gesta o capital. Essa é a
função do Estado;

──

NO FINAL DO LIVRO

Rola uma inconclusão;

Lênin termina o livro no dia que ele resolve ir para Moscou e ir fazer a revolução;

Em 3 meses, fez a revolução ─ “e ele não tinha whatsapp, era no grito”;

“Hoje ninguém sai do computador pra discutir revolução”, a gente tira selfie na revolução, não
tem como dar certo!;

A REVOLUÇÃO ACONTECE

A Rússia soviética;

Soviets. Unidades do povo para organizar o seu próprio governo e sua própria gestão. Indústria
tinha um soviet, bairro tinha um soviet;

Essa organização deu poder peculiar para quem até então não tinha poder nenhum;

Lênin faz uma espécie de “ministério de trabalhadores”;

Primeira mulher ministra: Alexandra Kollontai;

Kollontai, além de primeira mulher ministra, depois foi nomeada primeira embaixadora do
mundo, para a Liga das Nações;

Em 3 meses, da noite para o dia, União Soviética tinha direito ao aborto, cancelou uma lei que
dizia que o homem podia cancelar o casamento se descobrisse que a esposa, ao casar, não era
virgem #aquelediafoilouco

PIOTR STUTCHKA E EVGENI PACHUKANIS

São os dois grandes nomes da teoria jurídica da história do pensamento crítico;

São os dois grandes homens da revolução soviética. Estavam na linha de frente da Revolução;

Stutchka foi Ministro da Justiça. Pachukanis foi vice-MJ;

Os dois, juntos com Lênin, pensam a mesma plataforma: o Estado e o Direito são capitalistas,
eles têm que acabar;

Depois da revolução, não tem mais que existir o patrão, não tem mais que existir CLT. O soviet
da fábrica que vai decidir tudo, como será o trabalho, quantas horas trabalhar, etc;

OBRAS

1921. “Direito e a luta de classes”. Stutchka


1924. “Teoria Geral do Direito e Marxismo”. Pachukanis ─ esse é O LIVRO da teoria crí ca;

STUTCHKA

O Direito é uma forma do capital;

HISTÓRIA: AS FACULDADES EM 1917

Em 1917, todas as Universidades russas eram radicalmente anti-esquerdistas. Odiavam Marx e


qualquer coisa de esquerda. Agitavam bandeiras e afins;

A faculdade de direito na Rússia sempre foi anti-trabalhista;

Quando a revolução aconteceu, Lênin acabou com tribunais e fez tribunais populares;

Mas precisavam de algumas formas gerais para organizar contratos e afins;

Essa é a hora que apareceram uns juristas espertões. Principal deles: Rejsner;

Rejsner: era um jurista conservador;

Rejsner começou a defender a luta soviética;

Começou a escrever obras sobre como ler o direito de maneira crítica;

REJSNER

Porque direito é de esquerda ou direita?

Rejsner diz que direito tem um fundo psicológico. Tem a ver com a psiquê do Jurista;

Quando o jurista é uma pessoa crica, defende leis em favor do povo;

Qual a conclusão de Rejsner: manter as universidades de direito. Ideia era “formar pessoas de
esquerda”;

STUTCHKA

jurista não é cuidador do direito. E também não tem nada a ver o perfil do jurista fazer o direito
ser mais progressista ou não;

O que faz o direito ser progressista ou conservador não é a psiquê do jurista. O problema não é
o sujeito, o indivíduo. O direito é o que é pela luta de classes;

EXEMPLO. Se o movimento feminista se encontra desarticulado, vem um nazista pra falar: “sai
daqui feminazi; família é homem e mulher; órgão excretor não reproduz; lalalá”. Pior de tudo:
essa gente recebe aplausos. A sociedade é homofóbica ─ e inclusive está preparada para lutar
para ser homofóbica, e não para lutar contra isso;
O capital compra a alma dos universitários;

EXEMPLO. FEA. Quem não defende a meritocracia e o capital privado é um alienígena. Na São
Francisco, ainda existe público para Teorias Críticas;

TRADUÇÃO. O capital ganhou. Quem sai de uma faculdade sai defendendo o capital, o dinheiro,
não sai defendendo a CLT, o trabalhador coitadinho;

O que define é a luta de classes. Se a luta de classes é progressista, até um conservador vira
progressista. Se a luta de classes é conservadora, até o mais progressista será conservador;

Quando a sociedade está fortalecida na luta, ela ganha mais direitos. Quando a classe
trabalhadora está fraca na luta de classes, ela só perde, só leva porrada;

Não é o jurista que faz o direito, é a luta de classes

EXEMPLO. Vargas, quando pressionado por revoltas de trabalhadores e pela luta de comunistas
nos anos de 1930, aí sim Vargas resolveu fazer a CLT. Tinha gente de esquerda progressista na
equipe? Não! Quem fez a CLT eram quatro juristas conservadores. “Gente pra escrever qualquer
coisa sempre tem um”. O que importa é quem manda;

O que importa é a luta, não o jurista;

EXEMPLO. Se o indígenas tivessem força, tivessem eco em sua luta, não haveria o retrocesso
que há ;

──

!PACHUKANIS!

O camarada Stutchka está certo. Se os trabalhadores estão organizados, eles até ganham mais
direitos trabalhistas. Se os índios estão organizados, eles até ganham mais direitos. Se há uma
mobilização de luta social, há uma vitória no direito;

Mas porque as classes, lutando, precisam da forma do direito?

EXEMPLO Porque os índios precisam ir até o STF e pedir “julgue em meu favor”? Porque ele não
dá uma flechada no branco? Porque ele não invade a terra do agropecuarista? Porque o direito
não deixa!

Mas porque, se a classe está organizada, só ganha mais direitos? Porque o direito toma uma
forma específica dentro do capitalismo?

Porque o direito é a forma do capital. Tudo o que é do capitalismo também é jurídico. E quando
as pessoas lutam por mais direitos, elas também lutam pelo capitalismo;

EXEMPLO. Se o índio luta, ganha uma terra demarcada e o aceita, ele também aceita a terra
demarcada do pecuarista;

EXEMPLO. Se uma pessoa ganha um teto, uma casa, ela tem uma casa e não tem um hospital;

O DIREITO É A FORMA ESPECÍFICA DO CAPITALISMO


Direito é a forma do capital ─ e não é por essa forma que a gente supera o capital;

Stutchka está certo, mas ele ainda ficou no caminho;

Pachukanis dá na mão do povo o poder, e não ima intermediação pelo Estado;

Todo Pachukanis é a nossa próxima aula;

O FIM DE PACHUKANIS, STUTCHKA E LÊNIN

Stálin toma o poder

Stálin tem uma leitura profundamente velha;

Em 1936, Pachukanis se insurgiu contra um fato. Stálin mandou um jurista fazer a Constituição
da URSS. Quem fez? Vichinsky, “o Gilmar Mendes do comunismo”. Fez todos os processos para
matar os inimigos de Stalin ─ inclusive para matar Pachukanis;

O que dizia? A Constituição da URSS dizia que URSS era socialista. Como se para ser socialista só
é necessário declarar. Pachukanis fez essa crítica;

Stálin e Vichinsky diziam que há um direito no socialismo. Stálin, de uma forma “revolucionária”,
retomou a II Internacional;

Vichinsky diz: não vamos estudar Stutchka e Pachukanis, vamos estudar Hans Kelsen! (que
depois escreveu um livro falando sobre como a teoria pura do direito valeria para um país
socialista);

EXTRA. PACHUKANIS

Pachukanis dizia que, o melhor avanço do socialismo é acabar logo com o direito;

Qual a melhor transição possível? Acabar logo com o direito;

PRÓXIMA AULA: o ponto alto de Pachukanis

BIBLIOGRAFIA

Filosofia do Direito. Fim do cap. 11 (Marx) e vamos para o Cap. 15. Lênin e Stutchka + Pachukanis
(logo em sequência)

MATÉRIA DA PROVA 1. Tudo o que for dado em aula até o dia 21/09

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[Teorias Críticas do Direito] Aula 4 | Marx e a forma mercadoria

27 de agosto de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Alysson Leandro
Barbate Mascaro, Alysson Leandro Mascaro, Alysson Mascaro, Teorias Críticas do Direito

DFD0414
Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

25/08/2017

Aula 4

MARX E A FORMA MERCADORIA

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CONTINUANDO

Marx funda um modelo de compreensão crítica do capitalismo, que se funda a partir de algumas
bases;

“O Capital” amplia o horizonte dos estudos da fase “jovem Marx”;

No mundo capitalista, o dinheiro manda e compra tudo. “Nada resiste ao poder do dinheiro”;

Golpe de 2016: não é crime, corrupção, nada disso. A determinação é do dinheiro;

Tem ministro do STF com mandos e desmandos. Ninguém se levanta contra ele. O dinheiro
manda e desmanda. Não tem direito nem Estado que segure o poder do dinheiro. Trump está
aí para isso;

FORMA MERCADORIA. Está o fundamento de tudo o que é capitalismo;

“A sociedade capitalista é determinada pelo capital”;

A sociedade capitalista até também é a sociedade das opressões. Mas o que determina, em
última instância, as opressões, é o dinheiro. Quem tem dinheiro compra o trabalho do outro,
quem não tem, se vende;

“Qualquer trabalho é péssimo”. E não precisa de filósofo para isso, já tem aí o seu Madruga.
Jurista trabalha, é trabalhador igual, ele só se vende por um preço maior;

HOJE

MAIS UM CONCEITO

Sociedade capitalista tem determinação;

DETERMINAÇÃO? Hoje, século XXI, quem faz faculdade está acostumada a uma visão
confortável. Diz que não tem jeito de se afirmar qual é o “erro do mundo”. Há conceitos como
o “local de fala”. X sofre, Y sofre, mas X não entende como Y sofre. Não consigo descobrir a
objetividade dos padrões sociais. Dessa maneira, eu carrego com altíssimas tintas a
subjetividade. Fazer a psicologia do sofrimento individual é realmente uma coisa assim,
individualizada. Mas há também um estudo científico mais amplo (como, no caso do sofrimento,
Freud fez e entendeu que sofrimento é o par desejo-proibição);

Para o capitalismo, há uma determinação social. E tudo passa pelo formato mercadoria. Não
negamos o sofrimento individual e afins (e, aliás, é bom que as pessoas se unam, lutem contra
essas opressões), mas todo esse sofrimento passa pela determinação econômica;

ALYSSON. HISTÓRIAS PESSOAIS

Professor Mourão, antigo professor da SanFran. Conta uma história do senhor Fritz Morin, um
intelectual, homem, negro e haitiano. Cada reserva de hotel cinco estrelas em que ele chega e
anuncia seu nome, o balconista pergunta: você é motorista dele? Há o preconceito racial. Há um
problema de raça. Mas esse preconceito de raça é determinado pelo capital. O preconceito racial
também é determinado pela forma mercadoria: na história do mundo, a pobreza está
concentrada na África, no escravo negro africano;

MAIS SOBRE DETERMINAÇÃO SOCIAL

Conceito banal, mas de difícil aceitação;

Ideia de determinação social funda uma ciência;

Marx diz: “não há Estado e direito para além ou para acima do capital”;

A formação psíquica do pensamento da nossa geração, é uma formação de quem viveu na


geração Constituição de 1988. Essa é a geração “mais direitos”. Mais direitos para o povo, para
o negro, para o LGBT, para as mulheres. As garantias para as minorias seriam leis: lei contra o
feminicídio, contra a homofobia, etc.;

“Existe um nível de determinação para além das normas e para além do Estado, é a economia”;

Não sobra uma lei no Brasil. Não sobra CLT, não sobra Eletrobras;

“Existe uma ciência que mostra que a determinação é da mercadoria, não é do Estado”;

AVANÇANDO. DESCOBERTA CENTRAL DE MARX

Marx não se ocupou de coisas especificamente jurídicas, mas sim de coisas estruturalmente
jurídicas;

A verdade do direito, a determinação do direito é feita pelo capital;

MARX PERGUNTA. Por que o direito é determinado pelo capital?

O MODO BANAL DE DIZER QUE O DIREITO É CAPITALISTA. Michel Temer quer acabar com a CLT
porque ele é rico, porque ele é amigo dos ricos e prefere os ricos. Gilmar Mendes solta o rei do
ônibus porque ele é amigo dos ricos ;
Quando penso assim, penso que ou o conteúdo do direito é capitalista ou as pessoas são
burguesas. Se eu penso “ai, se não tivesse Gilmar, então nosso direito seria melhor”, ou, “aí, se
a Dilma fosse presidente o machismo acabava”…

Não é bem assim!

Marx descobre isso no “18 de Brumário de Luís Bonaparte”;

18 DE BRUMÁRIO. O golpe: Luís Bonaparte tirou a burguesia do poder na França. Luís Bonaparte
era uma espécie de Bolsonaro ─ e o Bolsonaro não é o Doria, Doria tem um grupo de capitalistas,
esse é burguês de verdade, Bolsonaro é só o pior. A burguesia fez revolução na França, matou
rei, teve terror e, anos depois, Luís Bonaparte, esse tosco, deu um golpe. Como pode? Marx
descobriu que o Estado, bem como o direito, não são burgueses porque as pessoas que
controlam o Estado ou direito são burguesas, a burguesia saiu do palco e largou Luís Bonaparte
porque não importa quem é a pessoa, direito e Estado são formas sociais que derivam da forma
mercadoria.

O ESTADO E O DIREITO SÃO UMA FORMA SOCIAL BURGUESA, ainda que o agente do Estado ou
do Direito não sejam burgueses;

EXEMPLO. O PM é pobre. E mesmo assim, ele bate em pobre e prende pobre. “O dia que o pobre
virar juiz, ele vai ser um juiz com recalque”;

Não adianta pensar que o Estado e o direito são burgueses porque as pessoas que controlam o
Estado e o direito são burguesas. Não dá para colocar a conta nas mãos das pessoas;

EXEMPLO. Lula “traiu” a classe trabalhadora. A única forma de culpabilizar a pessoa é dessa
forma moralista;

“ESTADO: administração do interesse de 20 pessoas”. Ser chefe de Estado, no Brasil, é chefiar


para Bradesco, Itaú, Odebrecht, JBS, Ambev e mais umas 10 empresas;

“Enquanto houver forma mercadoria, junto tem que haver uma forma política estatal e uma
forma jurídica”, são a cara e coroa da mesma coisa;

Não adianta fazer leis melhores, “a sociedade emancipada é SEM Estado”, a luta de qualquer
pessoa anticapitalista é a luta contra o Estado de Direito;

EXEMPLO. Porque há uma instituição chamada casamento e ela tem que ser controlada por
outra instituição chamada Estado? Não tem lógica no mundo para fazer com que casamento
seja controlado politicamente e juridicamente, A NÃO SER QUE, como tenho que garantir a
mercadoria, posso executar e cobrar o casal;

MERCADORIA: A LÓGICA DO ESTADO E DO DIREITO

Polícia, exército, MP, desembargador, toda essa estrutura só existe para defender a mercadoria;

“Dessacralizem o Estado, o Estado é a máfia mais poderosa de uma nação”;

MAS E O CONTEÚDO?
Quantidade de direito: não é porque o direito deu a CLT que o direito passou a ser comunista. A
CLT é capitalista e a ausência dela também é capitalista;

COMUNISMO

É o fim da mercadoria, e, portanto, fim do Estado e fim do direito;

É um mundo sem mercadoria, sem estado e sem lei. Portanto, para nós, é um mundo
insuportável;

FOUCAULT DIZ. Porque o afeto e o eros tem que ter intermediação social? Porque tem que ter
protocolo de casamento, aliança, fidelidade, mandar flores e afins? Comunidade LGBT é
conservadora, pede casamento. Foucault diz que a forma “sexo” deveria acabar. Conservador
diz: “e se a pessoa quer ser homem de manhã e mulher a noite?” Ótimo, problema da pessoa,
ué, qual o problema?

DE VOLTA AO CONTEÚDO

Conteúdo do direito é burguês. Às vezes, o direito faz um conteúdo um pouco menos burguês:
EX. “função social da propriedade”. Mas e aí, quantas terras no Brasil foram expropriadas de
1988 até hoje?

QUANDO ACABA O CAPITALISMO?

Quando acabar a forma mercadoria, forma Estado, forma direito, forma sexo, forma racial e
todas essas formas psicanalíticas;

E, segundo Marx, acaba de verdade quando acabar a forma mais difícil, não a forma mais fácil.
LGBT tem e é aceito, tem Pabllo Vittar cantando na TV, tem casamento homoafetivo e isso é
ótimo, as Casas Bahia aprovam e vendem TV para casal homoafetivo sem preconceitos;

FORMA DE SUBJETIVIDADE JURÍDICA

Sou professor da USP. Assino um papel com a USP e me comprometo a trabalhar e dar aula a
hora que a USP quiser e a USP me paga dinheiros;

Esse contrato existe para qualquer pessoa que trabalha;

Dizemos que uma pessoa, com livre autonomia da vontade, contratou com outra;

Isso é a forma do capitalismo;

No escravismo, quem determina o trabalho do escravo é o senhor do escravo, há uma força


bruta que obriga o escravo a trabalhar;

Hoje, quem garante o que é de cada um é o direito. Por isso que há a subjetividade jurídica;

O que é importante não é a norma, mas sim, saber que o que é meu é meu por direito;

Eu inclusive sou o nome que as pessoas me dão;


E a exploração do trabalho é jurídica. O trabalho só é assalariado porque o trabalhador vende,
pelo direito, o trabalho;

CORTE DA CENA. PULANDO 15 ANOS A FRENTE…

Friedrich Engels.

A luta de Marx foi convencer todos os sindicatos a seu unirem numa mesma associação, a
Internacional Socialista Revolucionária;

Marx morreu. Um professor de direito da Áustria, Anton Menger, disse que os marxistas
estavam todos errados porque não se deveria fazer revolução, o que deve acontecer é que as
pessoas precisam lutar por mais direitos. O que a gente precisa é de uma CLT (ou algo assim). A
ideia de Menger é que de grão em grão, da glória da luta trabalhadora, chegamos ao socialismo.
Para Menger, o socialismo é uma soma de conteúdos na forma capitalista;

No final do Séc. XIX, sindicatos desistiram da luta revolucionária e concordaram em lutas para
manter um Estado Burguês;

Em 1914, os sindicatos embarcaram na primeira guerra mundial em favor das suas pátrias.
Sindicatos acabaram em nacionalismo! Cada um defendeu suas burguesias ─ até hoje, é essa
desgraça das polícias e exércitos, pobre matando e morrendo por rico, “a máquina da morte é
de pobre para pobre”;

De acordo com Menger, começa a II Internacional, que era contra a I Internacional. A II


Internacional era reformista. “Era o PT”. Vamos defender mais direitos, vamos colocar os
republicanos no STF, vamos fazer mais CLT, Bolsa Família. Ela diz que o direito é bom, como
instrumento para dar melhores condições para os trabalhadores;

Engels viu o movimento da II Internacional. Lenin, na década de 1910, vai lá tretar, acaba com
peleguismo e funda a III Internacional, mas isso é outra história;

A II Internacional é toda baseada no direito do Estado;

Engels, revoltado com o fato de que tinham deixado de ser revolucionários, se une com Karl
Kautsky (que depois será conhecido como “o renegado Kautsky”). Os dois escrevem “O
Socialismo Jurídico”;

Neste livro, Engels e Kautsky falam do sr. Menger e sua ideia de mais direitos. Falam que isso é
um absurdo pois a forma do direito é a forma do capital, com isso não é possível fazer
emancipação do trabalhador;

“O SOCIALISMO JURÍDICO”

Primeira obra só para falar do direito e sua relação com capitalismo // comunismo;

É do fim do século XIX;

Primeira edição circulou muito na Europa no fim do séc. XIX. Eles não assinaram a primeira
edição, era um livro anônimo para não dar muito holofote para Menger ─ porque Menger era
mané, sua ideia era boçal;
MAIS SOBRE “O SOCIALISMO JURÍDICO”

Marx sempre usou imagem de uma mentira contada por Barão de Mitschhousen (?). Conforme
a história, ele caiu em um poço muito profundo. Como fez para sair? Puxou seu cabelo até sair
do buraco;

Marx diz que sair do buraco puxando o cabelo é como sair do capitalismo através do direito;

Direito e Estado é a forma do capital. Não dá para sair do capital por meio do direito e do Estado;

COMO É QUE ACABA MARX?

Porque as críticas do direito são fundadas por Marx mas passa por mais um monte de gente
além de Marx?

EXEMPLO. Foucault, para acabar com a forma mercadoria, são várias noções a serem destruídas.
E a pergunta não é “quantas são”, mas sim “conservo ou destruo?”;

“A revolução é o fim da propriedade privada nas fazendas”, e não dar mais direitos aos
trabalhadores cortadores de cana. A luta é que não exista mais trabalhador cortador de cana
empregado, a luta é para que ele seja o proprietário da terra;

Em algum momento, começa o pensamento: porque a sociedade quer manter a exploração?


Porque o pobre quer manter a estrutura na qual ele está inserido? Porque se prefere a religião
aprisionadora a revolução libertadora?

BIBLIOGRAFIA DA AULA DE HOJE

Filosofia do Direito, cap. 11, Marx. De ponta a ponta;

Filosofia do Direito. Primeiro tópico do cap. 15. Lênin e a III Internacional;

“O Socialismo Jurídico”. Tem as partes mais importantes no “Filosofia do Direito”. Mas o


socialismo jurídico é um livro curtíssimo, dá para dar conta.

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[Teorias Críticas do Direito] Aula 3 | Marx: principais conceitos de “O Capital”

21 de agosto de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Alysson Leandro
Barbate Mascaro, Alysson Leandro Mascaro, Alysson Mascaro, Marx, O Capital, Teorias Críticas
do Direito

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

18/08/2017

Aula 3
karl-marx-capital-volume-moscow-caturday-17026311

MARX: PRINCIPAIS CONCEITOS DE “O CAPITAL”

ÚLTIMA AULA

Estruturação do pensamento de Marx;

Como Marx desenvolve sua obra e os conceitos centrais da crítica da sociabilidade capitalista;

Marx pode ser lido de um modo científico. Propostas e Della Volpe e Althusser;

Modo científico: entender os aparatos conceituais da leitura de Marx;

Fundamental dividir as fases de Marx;

1. Jovem Marx. Textos juvenis. Último deles é o “Crítica da ‘Filosofia do Direito’ de Hegel”. Jovem
Marx apaixonado pelas lutas sociais e causas libertárias, mas sem um aparato conceitual bem
desenvolvido ;

2. Maturação. “Manifesto Comunista” e “O 18 de Brumário de Luís Bonaparte”.

3. Maturidade. “O Capital”. Onde está a base da ciência do funcionamento do capitalismo;

HOJE

Vamos ver como funcionam esses conceitos e esse aparato teórico do “O Capital”;

Muitos desses conceitos são quase anti-intuitivos. Não tem visualização nem referência na vida
comum. Pessoas no senso comum não veem o aparato do funcionamento da nossa
sociabilidade;

EXEMPLO. A Terra está girando. Mas nós estamos aqui parados. Ninguém percebe que a Terra
está girando;

“O CAPITAL”

Tem um livro central;

Toda leitura crítica do mundo fundamentada em Marx está no livro primeiro do “O Capital”;

É no Livro I que está a base, todos os conceitos;

Livros II e III estavam quase prontos quando Marx morreu. Engels terminou as obras;

NESTE CURSO Não vamos ver os livros II e III. “Poderíamos ficar um semestre para cada um
desses livros”;
APRESENTAÇÃO DE “O CAPITAL” FEITA POR ALTHUSSER

Advertência aos leitores do Livro I de O Capital;

QUAL A PRINCIPAL DESCOBERTA DE MARX?

O núcleo central da sociedade capitalista é a mercadoria;

Isso é chocante para as pessoas do senso comum;

O senso comum pensa que o capitalismo é a sociedade de classes. Sociedade onde a classe rica
manda na classe pobre. Isso não é errado. Marx também estudou isso;

Mas isso é equivalente a olhar para o Sol e falar “o Sol é uma bola de fogo”. Até que não é errado.
É só olhar pro sol pra ver que ele é quente. Mas só um cientista vai entender o fenômeno a
fundo, quais são os elementos químicos, qual o raio do Sol, etc.;

A questão não é “capitalismo é gente que explora gente”, a questão é qual a estrutura dessa
relação social;

Capitalismo não é apenas rico X pobre. O seu átomo, seu núcleo é a mercadoria;

A PERGUNTA: Porque gente manda em gente? E de que jeito?

Dizer que tem gente sem teto, gente apanhando, gente pobre, gente chorando, falar só isso é
moralismo. Por que choram? Por que o Temer cortou os direitos trabalhistas? Por que a Flávia
Piovesan está lá do lado do Temer? É porque ele é só malvado? O Poder é mais do que isso!

MERCADORIA: O ÁTOMO DO CAPITALISMO

O que é mercadoria?

O que respondem: algo que é tão bom que dá para vender;

NÃO É ISSO;

Marx diz logo no início da nossa obra que mercadoria não é um negócio bom que alguém quer
comprar;

Qualquer coisa é mercadoria. Tem gente que vende até ideia (exemplo: advogados);

Mercadoria é qualquer coisa que vale. Portanto, mercadoria tem valor;

Mas Marx também percebe que VALOR, no senso comum, parece outra coisa;

VALOR

EXEMPLO. A Rua Riachuelo é uma rua que tem um grande declive, os ônibus passam a milhão,
nós estamos do lado da rua Riachuelo e a sala de aula é uma barulhada. Nesse contexto, o
microfone tem um valor bom, ele faz todo mundo, até do fim da sala, ouvir;
EXEMPLO. Um aluno passa cola da prova para o outro. O outro diz: “valeu”. Tem algum valor;

Esse é o uso comum de “valor”. Mas valor não é isto. No dia a dia, valor equivale à expressão
valor de uso;

Marx não usa esse conceito de valor;

Marx usa o conceito de valor de troca;

EXEMPLO. Um dia a Uni. Anhanguera vai comprar a USP. A USP vai se mudar para a Berrini, num
prédio espelhado belíssimo. A USP Berrini, querendo melhorar, comprou microfones que nem
os da Ana Maria Braga, headset, sem fio, belíssimos. Esse microfone custa R$ 300. O microfone
da USP São Francisco, com fio, custa R$ 50. Porque um custa 300 e outro custa 50? Porque na
hora de trocar, troca-se por isto. Marx descobre que toda vez que algo é mercadoria, é porque
este algo é trocado e existe uma forma social de fazer a troca: a forma dinheiro;

EXEMPLO Tem microfone de 50, tem microfone de 300 e tem garrafa d’água de 2 reais. E dá
para você comparar e dizer que 25 garrafas d’água dão um microfone;

EXEMPLO. Deputado diz: quanto custa uma eleição? Ah, por R$ 5 milhões qualquer um é
deputado federal. E se eu for deputado, quanto eu consigo tirar de dinheiros? UNs 40 milhões
se eu for amigo do Temer. Então parece bom!

EXEMPLO. Ninguém nasceu querendo, quando crescesse, fazer petição inicial, recurso, acórdão,
peticionar no cívil e afins. Quando crianças, as pessoas querem ser o Neymar, querem dançar,
quem ser bailarina. E aí, porque aos 17 acontece o milagre de quererem cursar direito ao invés
de educação física? Porque o direito, na hora da troca, vale mais. Cada petição inicial me paga
um monte de dinheiro. Cada aula de spinning que eu dou me paga poucos dinheiros. Se é para
escolher, eu vendo minha mercadoria trabalho por muito mais dinheiros. Se dançar zumba a
pessoa ganhasse o mesmo que fazer petição inicial, a sanfran estaria vazia e a educação física
estaria cheia. Na rua, um pote de whey faz muito mais sucesso que Thomas Marky;

MARX está esvaziando o valor da sociedade. As pessoas não fazem uma coisa porque é mais
legal ou não;

O capitalismo não tem nada que diga “isso, pelo seu uso, é muito importante”. É com esse uso
que a gente se ilude. Não é isso, é porque paga um monte;

“Marx tirou da gente a pretensão de se encontrar o valor intrínseco das coisas”;

Marx fala: por mais que pareça (e há!) propaganda, boca a boca, fama, existe algo na própria
estruturação da mercadoria que diz respeito a única coisa que não se pode modificar / alterar
em termos de propaganda;

EXEMPLO. Uma empresa faz carros. Ela tem custos fixos para fazer carros. O principal custo é o
do trabalhador. E tem o custo do trabalhador, matéria prima, aço, solda, parafuso, energia
elétrica, etc. Nesses custos, o central, o que dá a dimensão da mercadoria é o trabalho;

O que dá o valor da mercadoria é o trabalho do trabalhador;

TRABALHO
EXEMPLO. A empresa do carro tem que vender o carro por um preço maior do que ela paga pelo
trabalho do trabalhador;

O trabalho do trabalhador é o que permite a acumulação;

Marx faz a diferença de uma exploração só pela mercadoria, só pelo nível da mercadoria X
acumulação pelo mercado;

Se trocar uma coisa pela outra desse lucro e o lucro deixasse alguém rico…

EXEMPLO. Pego a água da torneira, falo que é água de Lindoya e vendo por um preço caríssimo
para as pessoas;

Marx diz que isso não cria riqueza. Porque?

EXEMPLO. Vendi toda essa água que enganei as pessoas. Pego todo meu lucro, todos os
dinheiros que ganhei explorando o povo, vou lá na rua Estados Unidos e compro um Camaro
amarelo. O dono da GM pensa: que povo trouxa, o Camaro que vale 20 mil nos EUA aqui Brasil
eu vendo por 200 mil;

EXEMPLO. Lacoste é lindo. Camiseta custa 400. Hering custa 40. Ambas são fabricadas por
trabalho escravo na tailândia com o mesmo algodão;

Esse vender por 10 e comprei por 1, se somado todos desse, pra todos os lados, vai dar zero;

O que permite a acumulação? A extração de mais-valor

MAIS-VALOR

Comprei a água por 10 e vendi por 1. Sempre tudo o que eu comprar / vender vai ser 10 para 1?
Sendo mais ou menos, uma hora eu gasto tudo e isso vai zerar;

Só vender e comprar coisas tende a soma zero;

Agora é do trabalho do assalariado que dá para tirar uma acumulação. E não tem volta. A riqueza
capitalista sai do trabalho do trabalhador assalariado e não volta para ele;

Quem trabalha sozinho não consegue ficar rico. Quem explora o trabalho do outro sim consegue
ficar rico;

A exploração do trabalho do outro que gera acumulação;

QUAL A MAIS IMPORTANTE MERCADORIA DO MUNDO?

O trabalho do trabalhador assalariado;

Esse é o cerne da exploração capitalista;

EXTRA. “MAIS VALIA”?

Por que a tradução de Marx que vinha para o Brasil era do Espanhol. E “valor”, no Espanhol, é
“valia”;
──

DUAS FORMAS DE EXPLORAR O MAIS-VALOR

1. Mais-valor absoluto;

2. Mais-valor relativo;

CAI NA PROVA #SOS #PROVA

MAIS-VALOR ABSOLUTO

EXEMPLO. Michel Temer diz: preciso arrancar mais dinheiro do povo. Ao invés de pagar o salário
mínimo, eu revogo a CLT, acabo com os sindicatos e pago menos. Esse é o MAIS VALOR
ABSOLUTO, quero que o trabalhador produza o máximo possível com o salário mais baixo
possível;

Como ganhar mais valor absoluto: diminuindo salário (e direitos);

Aumentado a taxa de desemprego eu aumento o mais-valor absoluto? Sim! Todo mundo está
desempregado, as pessoas aceitam um salário por qualquer valor;

──

MAIS-VALOR RELATIVO

É dinâmico, relacional;

EXEMPLO. Sou dono de uma metalúrgica. Tenho 50 funcionários. Pago 1000 para cada um por
mês. Mas aí descubro que tem uma máquina nova chinesa que precisa de muito menos
funcionários para fabricar muito mais. Compro a nova máquina, gasto menos dinheiro com
trabalhador e produzo mais;

A estratégia aqui é tecnologia;

Celular e whatsapp é uma forma de fazer o trabalhador continuar a trabalhar, mesmo quando
não está mais no local de trabalho;

POR QUAL DAS FORMAS O CAPITALISMO EXPLORA?

Pelas duas formas!

EXEMPLO. USP tem um plano de demissão voluntário. Funcionário vai embora e não é reposto.
Quem fica faz o trabalho de dois (ou mais). Pensando em exploração de mais-valor, USP curte;

──

Esses mecanismos de mais-valor estão relacionados ao mundo do trabalho;

Mas, no capitalismo, o encadeamento das coisas é feito através da mercadoria. Porque


mercadoria é aquela forma que é equivalente a dinheiro;

M─D;
MERCADORIA E DINHEIRO

Mas o sistema capitalista não é simplesmente isso. Eu tinha dinheiro, comprei uma mercadoria.
Não é só isso;

O esquema é: eu tenho dinheiro, comprei mercadoria. Essa mercadoria tem que virar mais
dinheiro;

──

Esse sistema pelo qual se faz o movimento mercadoria ─ dinheiro, Marx chama esse movimento
de dinâmica da circulação;

A dinâmica da circulação tem seu apogeu na extração de mais-valor;

EXEMPLO. Vender água e comprar Camaro amarelo é só circulação. Mas é a fábrica do camaro
amarelo que tem extração de mais-valor;

A lógica geral da circulação e da acumulação de capitais tem a seguinte fórmula;

D ─ M ─ D’;

(Dinheiro ─ se torna ─ Mercadoria ─ se torna ─ Mais dinheiro)

Sendo que D’ = D + Delta-D

(Sendo que delta-D é um acréscimo);

Henry Ford: não vende carro porque gosta muito de carro; pode até gostar, mas a ideia é que
vendendo carro eu faço mais dinheiro;

Tenho dinheiro, converto em mercadoria para que ele vire mais dinheiro;

Não importa a mercadoria. As pessoas vendem água, carro, balinha, maconha, etc.;

D ─ M ─ D’

Essa é a fórmula geral do capitalismo. O sentido geral do capitalismo é fazer o dinheiro virar
mais dinheiro;

E essa ânsia de fazer mais dinheiro é chamada de acumulação;

──

PERGUNTA. Lucro X Acumulação

LUCRO. Permite acumulação;

ACUMULAÇÃO. Movimento que faz dinheiro virar mais dinheiros. Estratégia de acumulação é
extração de mais-valor;

O que Marx fala é que uma sociedade fundada só no lucro vai patinar e vai ficar no zero;

A ACUMULAÇÃO se funda na extração do mais-valor (mas o lucro não é negado)

──
PERGUNTA Valor de uso X Valor de troca

Marx diz que valor de uso é totalmente dissociado do valor de troca;

O capitalismo cria necessidades;

ÚLTIMO CONCEITO

ACUMULAÇÂO: se faz pela produção (e residualmente pelo lucro)

Marx, lá pro final do O Capital, vai falar na “a assim chamada ‘acumulação primitiva’”

EXEMPLO. Rei de Portugal, muito esperto, fez um barquinho, mandou seus generais irem pra
índia, buscar produto de um lado e vender do outro lado. Barquinho veio para o Brasil, tomaram
terras dos índios. Mataram os índios de tiro e de gripe e tomaram a terra. Veio um cartorário de
portugal, registrou a terra. Terra foi passando de pai para filho. E tem gente até hoje que tem a
terra;

EXEMPLO. Exploração primitiva na Europa. Expulsão dos camponeses do campo. Vão para a
cidade, são obrigados a trabalharem;

SEGUNDO TRABALHO

Monografia sobre “Estado e Forma Política”;

David Harvey, notável socialista dos Estados Unidos, tem um conceito, acumulção por
expoliação;

É um conceito novo. Diz que o capitalismo começou com acumulação primitiva. Houve expulsão
dos povos das terras, etc;

Hoje, acumulação continua, agora por espoliação;

EUA não tem grana. O que fazem? Vão para o Iraque, matam o Saddam e vão buscar petróleo
no Iraque;

Brasil: é um dos momentos de espoliação. Petrobras é corrupta, Petrobras lixo. A Shell poderia
comprar a Petrobras por milhões, bilhões, trilhões de dinheiros. Mas ao invés disso, a Petrobras
está quebrada, vende poço de Petróleo para a Shell a preço de banana (e todo mundo bate
palma). Isso é acumulação por espoliação;

Todo esse conjunto de exploração opera por bloco. Operam em conjunto. Até hoje, mesmo no
capitalismo mais avançado, ainda se operam formas de acumulação primitiva;

EXEMPLO. É a USP em pedaços. Um dia, a Uniban compra a USP;

──

PERGUNTA. E o empreendedorismo?

É quase uma mais-valia relativa;


EXEMPLO. Vendedora da Avon. Vende para a Avon e não recebe nenhum direito trabalhista.
Afinal, a consultora da Avon é uma “consultora independente”. A Avon te um ganho maior,
explora de maneira mais incisiva a mais-valia relativa;

──

VALOR

Quando Marx fala em “valor”, sem especificar. Ele está se referindo ao “valor de troca”;

PREÇO. É uma espécie de “etiqueta” que eu dou ao valor de troca;

BIBLIOGRAFIA DA AULA DE HOJE

Althusser. Advertência aos leitores de O Capital;

O Capital. Ler o sumário do livro. Já dá para começar a entender os conceitos.

Filosofia do Direito. Cap. 11. Marx. Continua para a semana que vem
[Teorias Críticas do Direito] Aula 2 | Entendendo Marx

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

10/08/2017

Aula 2

ENTENDENDO MARX

INTRO

Tradição crítica do direito;

Crítica? Quando falamos aqui em crítica, não é no seu sentido vulgar;

Lembrar dos caminhos da filosofia do direito contemporânea;

FILOSOFIA DO DIREITO CONTEMPORÂNEA

3 caminhos: crítica, juspositivismo, não-juspositivismo;

CRÍTICA. “A mais alta, mais vigorosa”;

O pensamento jurídico tradicional é um pensamento assentado, via de regra, em horizontes


estatais a partir das instituições postas, e não contra essas instituições;

EXEMPLO. “Eu discordo da lei de cotas raciais”. Aí dizemos que eu sou “crítico” da política de
cotas. Esse é um pensamento vulgar, afinal, se concorda com todo o sistema jurídico, com toda
a organização social, só se é crítico a um ponto específico. Dentro da leitura juspositivista,
“crítico” é sobre uma questão pontual;

NÃO-JUSPOSITIVISMO

Não chega a ser crítico, mas já consegue entender que para além do direito posto e para as
normas postas, há fenômenos de poder. Sabe-se que criminalização de negros é muito maior
que a de branco;

Alguns autores como Nietzsche são autores de um vigor em contraposição a ordem vigente. É
uma forma de dizer que as instituições não são corretas, não são justas, não são morais, o Estado
não é o guardião da moral, etc;

É uma forma de dar um chute na canela da socieda;

Grafiteiro: “o Estado oprime de cima para baixo”;

Algumas reflexões não-juspositivistas podem contribuir para o escopo das leituras críticas;

EXTRA. Nietzsche foi usado, posteriormente, pelo nazismo;

Pontualmente, podemos usar Nietzsche ou Heidegger para a crítica;

Quem fica mais na fronteira? Foucault ─ embora afaste de si o rótulo de marxista, é, dos não-
positivistas, o mais próximo da leitura crítica;
──

PERSPECTIVA FILOSÓFICA CRÍTICA

INTRO

No sentido estrito, chama-se por crítica, uma tradição filosófica contemporânea muito
específica: a do marxismo;

REPETINDO. “Crítica” que vemos aqui não é no sentido vulgar, é no sentido filosófico. É
permeado por leituras contribuintes do horizonte marxista;

Nosso “problema” filosófico começa a partir de Marx;

REFLEXÃO DE MARX

A primeira dificuldade teórica: como ler Marx enquanto teórico. Quais suas obras? Quais ideias
principais? Como amarrar seu conteúdo de reflexão?

Também entender Marx no contexto do seu tempo e antes do seu tempo;

Portanto, entender quais são as fontes teóricas de Marx;

História da filosofia tem uma explicação padrão. Entretanto, leitura sofisticada vai constituir
uma leitura distinta para explicar as fontes de Marx, quais inspirações, contradições, limites,
etc.;

“Marx não surge do nada. Em geral, está dialogando a favor ou contra tradições do seu tempo”;

MARXISMOS. Há correntes que bebem das teorias de Marx, mas que não necessariamente se
concordam entre si;

EXEMPLO. PT é marxista? Tem gente que diz que sim. Tem gente que diz que não. A discussão,
em termos filosóficos, do que é uma teoria marxista, é altamente complexa ─ também dá para
falar para o amiguinho “sua leitura não é correta”;

Vamos ver o campo de leituras teóricas marxistas;

TRADIÇÃO DA FILOSOFIA CRÍTICA DO DIREITO: MARXISMOS

E o que resta além dessa tradição crítica que vem do marxismo? Algumas coisas pontuais:
Foucault, Carl Schmidt…

VAMOS COMEÇAR AGORA CAMPO ESPECÍFICO DO MARXISMO;

Não há nenhuma leitura filosófica crítica que se estabeleça a partir do pensamento de Marx.
Não há filosofia crítica sem levar em consideração a forma de pensamento de Marx. Existe uma
ciência estabelecida, não dá para inventar a roda do zero;

EXEMPLO Joguei uma maçã pra cima. Ela caiu. Vou chamar esse fenômeno de Lei de Lucas Tófoli.
NÃO. 400 anos atrás o Newton já chegou a essa conclusão. Até dá para não conhecer o passado
e chegar a mesma conclusão. Mas cientificamente, há um caminho estabelecido. É uma
necessária leitura científica;

Portanto, só se começa uma leitura crítica da sociedade a partir da leiura de Marx;

CONTEXTO DE MARX

Homem do século XIX. No contexto de revoluções sociais. Já faz muito tempo?

Não vale dizer que a reflexão de Marx é sobre o capitalismo do século XIX.

EXEMPLO. Querem acabar com a CLT porque ela é muito “velha”. É dos anos 1940. Mas o Código
Penal é de 1940 e nem por isso alguém quer acabar com o crime de homicídio;

A estrutura geral do capitalismo continua a mesma. Nos tempos de Marx, toda sua estrutura já
estava de pé. Subemprego, gente morrendo de trabalhar, máquina e tecnologia extinguindo
postos de trabalho;

Desde que há tempo de maquinário, na Rev. Industrial., a máquina já levava emprego embora.
Isso não é fenômeno exclusivo do Uber;

Marx nasceu em 1818. Reflexão teórica começa a despontar em 1840;

Sua crítica social já é sobre um capitalismo europeu maduro, consolidado;

Marx passou a maior parte da vida num gabinete/biblioteca. Mas tinha um compromisso direto
com as causas dos trabalhadores. Se envolveu com lutas sindicais. Fez a primeira internacional
socialista. Tem uma grande história de engajamento político. Um homem de prática mas
também o grande cientista dessas questões;

“A luta nossa, para ganhar o XI de Agosto é uma luta de Pirro”. “Se a SanFran ocupasse a praça
da Sé ou a 23 de Maio, que fica a duas quadras daqui, pararia São Paulo. Mas a SanFran para o
pátio, e ninguém liga para o pátio”;

JOVEM MARX

Estudou na Escola de Direito de Berlin. Formação jurídica. Era o menino de esquerda;

Já escrevia textos. Célebres textos das pessoas que passavam frio na Prússia. Crítica a lei do Rei
que proibia os pobres de recolher gravetos na floresta;

Está desenvolvendo uma reflexão contundente contra elementos do seu tempo;

Nesse começo, ele é um juspositivismo. Aos poucos, se torna um não-juspositivista. Entende


que não é só a lei do rei que está errada, mas todo o esquema de normas do rei;

“Marx não nasceu marxista”.

Na Prússia do século XIX, Marx aprendeu direito com uma gente que nem a “mulher da
bandeira”. Se incomodava com essa gente e fazia críticas a essa gente;

As ferramentas conceituais da ciência que Marx viria a descobrir se deu ao longo da sua vida;
Marx aos 16 anos escreveu uma carta para o pai. O pai respondeu e assim ficou esse troca troca
de carta. Isso faz parte das “obras completas de Marx”. Existe publicação disso;

Mas carta, livro e afins não é tudo a mesma coisa! Marx disse muitas coisas em muitos contextos
e muitas situações diferentes;

Marx tinha 20 para 21 anos quando escreve texto sobre o furto de lenha;

MARX E O TEXTO SOBRE O FURTO DE LENHA

Marx escreve o seguinte:

─ Faz mais de 1000 anos que os pobres da Prússia, ao chegar o inverno, vão para a floresta
coletar gravetos. Isso é uma tradição. Não pode vir uma lei e romper essa tradição que faz mais
de 1000 anos na prática de um povo;

Esse texto é belíssimo;

Esse texto é de esquerda? Sim, ele está ao lado do pobre batendo no rei;

Mas e qual seu argumento? Tradição. O rei da Prússia não pode, com uma lei, romper com o
direito costumeiro de pegar gravetos;

Direito costumeiro. É um conceito muito bonito de quem está no 4° ano de direito. Vale bem
para quem é juvenil;

Esse é um texto do jovem Marx;

COMO AS PESSOAS TOMAM ESSE TEXTO? Esse texto vai contra tudo o que Marx fala depois;

EXEMPLO. Brasil está sob domínio Português há 500 anos. Portugal está inscrito na tradição
cristã há 1500 anos. Malafaia, Bolsonaro,Feliciano e Eduardo Cunha são os homens de Deus. Faz
1500 anos que a Europa cristã de Jesus tem tradição em matar gays, sapatões, satanistas e afins.
É tradição. Há um direito natural tradicional de casamento entre homem e mulher. Homem e
homem não pode casar porque é contra a tradição;

TRADIÇÃO. É o mesmo argumento de Marx na questão dos gravetos. Seu argumento teórico é
o de alguém que poderia ser um reacionário;

Marx, mesmo defendendo o pobre, ele está utilizando um argumento filosófico bastante difícil;

Qual é o método pelo qual eu proponho uma certa ordem social?

NA DÉCADA DE 1950, NO PÓS 2a GUERRA…

GALVANO DELLA VOLPE disse: “todo mundo está errado quando lê Marx”;

(E Volpe é super desconhecido, ao menos no Brasil);

Volpe é super estudioso monstro do Marxismo. Um dos maiores professores de filosofia da


Itália;

Volpe não era Marxista. Foi estudar Marx. Após anos de reflexão, entende o problema do
argumento da tradição ao ser usado pelos Marxistas;
Della Volpe dirá que é preciso separar uma certa produção de Marx do resto;

Diz que o texto dos gravetos são textos juvenis. Esse tempo de formação não é tempo de uma
ciência;

Della Volpe propõe um corte em 1843 (Marx com 25 anos). É a partir daqui que Marx começa a
desenvolver sua obra teórica adulta;

1843. “Crítica da ‘Filosofia do Direito’ de Hegel”;

Hegel tinha escrito “Princípios da Filosofia do Direito”;

Marx escreveu uma crítica a obra de Hegel;

Marx odiava a leitura de mundo Hegeliana, que era a leitura de mundo da direita alemã;

Della Volpe diz que, desse livro pra frente, já é conceito Marxista. Para antes disso, não é!

Isso foi super revolutionary na época! Era Marx! E Marx era como Jesus. Jesus sempre foi Jesus.
Como era possível cortar um pedaço da vida de Marx?;

Escola de Della Volpe ensinou que temos que estudar Marx a partir de categorias filosóficas;

Marx da lenha: tradição na base da prática;

E esse Marx jovem, que é o mais citado no Facebook, é o Marx não científico! Só há pouco tempo
que lemos Marx de maneira mais “correta”, com um corte para entender quando é científico e
quando não é;

Discípulos de Della Volpe. LUCIO COLLETTI e UMBERTO CERRONI

ESCOLA DE DELLA VOLPE

Reconstituiu a lógica Marxista ─ mas eles eram isolados lá na Itália, resto da Europa nunca deu
bola para os italianos;

Inclusive foram eles que resgataram Pachukanis para o direito;

DÉCADA DE 1960. Método para como ler Marx;

1965.Publicação de 2 livros. “Para ler ‘O Capital’” e “A favor de Marx”, de LOUIS ALTHUSSER;

Althusser, na França, diz que é preciso estabelecer um método de leitura de Marx. Diz que Della
Volpe quase acertou (Della Volpe é de c. de 1950));

Althusser diz que é preciso fazer um corte epistemológico na obra de Marx;

EPISTEMOLÓGICO?

Corte não é na orientação que tenho. Marx sempre foi de esquerda, sempre defendeu o pobre;

Mas o corte é no MÉTODO CIENTÍFICO, isso é epistemológico;

Marx usava uma metodologia e depois passou a usar a dele próprio;

Althusser vai mais adiante. Fala que o corte é entre 1844 e 1845;
Vai falar que “Critica da ‘Filosofia do Direito’ de Hegel” é o último que Marx escreve com um
método primitivo, que ainda não é dele;

Até antes de 1844-45, período do Jovem Marx (tem frase de efeito, coisa pra colocar na camiseta
e pior fase teórica ─ é a fase “Ani a” na música, “péssima mas todo mundo ouve”);

20 nos seguintes, Fase de Maturação;

20 anos finais da vida de Marx, Maturidade, corresponde a fase de pesquisa e escrita de “O


Capital”;

FASES DE MARX

Na fase de maturidade, todos os conceitos estão postos;

Na fase de maturação, não tem nada errado, só os conceitos e o método científico que não estão
lá;

FASE DE MATURAÇÃO. “Manifesto Comunista” -> “trabalhadores do mundo, uni-vos”, até está
certo, é um conceito bom, juntar todo mundo, mas esse não é conceito científico do capital.

Jovem Marx que tem que ser lido com cuidado. A catação de lenha está errada! O argumento
não é tradição

É a partir da metodologia de Althusser que é possível ler e fazer a Leitura Crítica do Direito;

EXTRA. Quem mais disse, no século XX, que as pessoas têm que se unir? Mussolini! ‘Fascismo’
vem de ‘feixe’. “Povo do mundo, uni-vos” pode ser usado para a direita. Povo de Jesus unido,
não importa se é de Nossa Senhora ou da Igreja x ou y;

MÉTODO

“Chegar a Marx não é chegar no atropelo”. É importante entender as bases de Marx, quem é,
contexto, fases;

Jovem da Maturação: romântico de esquerda;

Maturidade: “nessa fase a gente pode sambar a vontade”. Conceitos estão todos aqui;

ONDE ESTAMOS E COMO ESTUDAR PARA PRÓXIMA AULA?

Próxima aula, leitura científica das obras de Marx por dentro;

Texto central: “O Capital”;

BIBLIOGRAFIA. “O Capital, Vol.1”, Boitempo (trad. direto do alemão). Trazer livro/xerox/PDF


para próxima aula. Ler. “Advertência aos leitores do Capital”, por Althusser

ALTHUSSER. É bem didático, fala quais são os contextos para pegar primeiro, quais depois, etc;

“Filosofia do Direito”, Cap. 11. Marx;

EXTRA. “Marx: Ciência e Revolução”. Márcio Bilharinho Naves. Quartier Latin

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[Teorias Críticas do Direito] Aula 1 | Intro

6 de agosto de 2017 lutofoli SanFran, Semestre 6, Teorias Críticas do Direito Alysson Leandro
Barbate Mascaro, Alysson Leandro Mascaro, Alysson Mascaro, Filosofia do Direito, Teorias
Críticas do Direito

DFD0414

Teorias Críticas do Direito

Associado Alysson Barbate Mascaro

03/08/2017

Aula 1

INTRODUÇÃO

SEMINÁRIOS. Não vai ter!

Professor vai começar as aulas sempre às 16h30

As aulas são encadeadas;

BIBLIOGRAFIA. “Introdução ao Estudo do Direito”, do Mascaro, 5a edição. Essa é a obra que


inicia o semestre. Estabelecer primeira reflexão sobre pensamento crítico de categorias gerais
do direito. Ler capítulos 1 a 6 e 13 a 15. Pura teoria. Para ler para já. Durante o semestre, também
será usado o “Filosofia do Direito, Mascaro, 5a edição. Trazer o livro para a sala de aula;

MONOGRAFIA DE CURSO A TRABALHAR. “Estado e Forma Política”, Mascaro. É a base do final


do semestre. Essas três obras são guia para o semestre (e para prova);

BIBLIOGRAFIAS ESPECÍFICAS. “O Capital”, Marx, tradução da Boitempo, livro I. “Teoria Geral do


Direito e Marxismo”, Pachukanis, Boitempo. Essas são as obras de aprofundamento da parte 1
do curso;

Aula a aula vai passar bibliografia complementar;

VÍDEOS. Para cada capítulo do livro do IED do Mascaro, há um vídeo do próprio professor
explicando conceitos;

──

SISTEMA DE AVALIAÇÃO

Duas provas e dois trabalhos. Um de cada em cada fim de bimestre;

PROVA. Individual, sem consulta. Tudo cai na prova e a prova é conceitual, “não dá para resolver
com conhecimento banal do dia a dia”. Matéria é não cumulativa nas duas provas;

PROVA 1. 28.set

TRABALHO 1. Do livro IED. Capítulos 1 a 6, 13 a 15. Trabalho de estruturação de ideias. O que


fazer? Forma sinótica, forma de estrutura conceitual em termos de sistema de ideias. Papel
sulfite, fazer quadros conceituais com flechinha, chavinha, desenho, fluxograma, infográfico de
todos os capítulos. Duas páginas por capítulo e a mão. “É um estabelecimento de construção
conceitual”. DATA DE ENTREGA. 17/08 #fudeu
TRABALHO 2. Monográfico. “Quase uma pré-tese de láurea”. Do “Estado e Forma Política”.
Mínimo de 50 páginas. Esse é digitado, só que com uma estruturação conceitual na forma de
monografia. Vamos falar mais sobre o trabalho dois na virada do bimestre #fudeu2

VAMOS COMEÇAR. O QUE VAMOS VER DURANTE O CURSO?

Curso de Teorias Críticas do Direito;

Estrutura geral do desenvolvimento desta mateŕia neste semestre;

Disciplina é nova. Mascaro que montou. Primeira turma foi ano passado;

Propósito é estabelecer fundamentos e horizontes das reflexões que tradicionalmente


chamamos por “críticas” ─ que a faculdade de direito, no geral, não desenvolve;

“Ensino jurídico no Brasil e no mundo tem um compasso com a ordem estabelecida”;

EXEMPLO. Hoje, é papel do mundo jurídico dizer que não há golpe, que tudo está funcionando
nos conformes, apoio a ordem;

Agora é momento de tomar nas mãos o fenômeno do direito nas mãos, entender seus
antagonismos com a sociedade;

O NOME “TEORIAS CRÍTICAS DO DIREITO”

Pode nos levar a um problema semântico, sobre o sentido de “crítica” e o sentido do direito;

CRÍTICA. Usamos usualmente, no dia a dia. Tem um sentido de antagonismo, de oposição.


EXEMPLO. Alguém é crítico a alguém;

Filosoficamente, “crítica” tem outra acepção;

Existe uma referência histórica acerca da crítica;

Esse é um curso de filosofia, de teoria. Aqui não é “luta crítica do direito”. Não vamos aprender
a lutar e advogar pelo MST. A ideia é aprender, entender sobre questões concretas e lutas em
específico e a partir dessas experiências, ir para o plano teórico, filosófico;

Esse também não é um curso de sociologia. Não vamos ver o “percentual de encarcerados
negros”. Ainda que haja um só negro (ou branco) preso, a pergunta é: “para que a prisão?”. O
que importa é o nível conceitual filosófico;

EXEMPLO. Se estamos engajados no “Fora Temer”, é uma luta tão cansativa, é tão extenuante
acompanhar todas as maldades diárias do governo Temer que não paramos para pensar “por
que existe o Estado”. Esse sim é o tiro de canhão;

MARX. Parou sua vida de lutas por anos para construir “O Capital”, para entender o capitalismo,
para entender a lógica do capital. Compreender essa lógica ilumina toda a humanidade;

“A premência da vida prática fala mais alto para um aluno de direito”;

O conceito, a teoria incomoda, dá trabalho. Elevar-se às grandes ideias demanda tempo e nos
afasta de resolver questões cotidianas;
PRIMEIRO CONTEÚDO FILOSÓFICO IMPORTANTE

Momento de reflexão!

Estamos cada vez mais premidos por circunstâncias que tem sido brutal a tentativa de
naturalização da ordem social vigente capitalista;

Praticamente perdemos a demanda por falar em desigualdade social, desigualdade de riqueza,


explorados, oprimidos. É praticamente uma unanimidade dizer que as empresas precisam do
fim do direito do trabalho (quando o direito do trabalho é mais uma forma de manifestação do
capitalismo);

Difícil ter leitura crítica quando temos Trump-Temer-Gilmar Mendes. “A gente está aprisionado
numa cela”. Do alto dela, de um lado tem Gilmar Mendes, do outro está o Bradesco;

“É um tempo de horror”. Gera um estado depressivo para os lutadores por transformação social;

HISTÓRIA MASCARO

Entrou na Faculdade com 17 anos;

Primeira sala do Mascaro era aqui, a sala Barão de Ramalho;

Período de campanha do FHC;

Neoliberalismo estava crescendo e aparecendo. Um neoliberalismo atróz, rolando desde Collor


até governo Lula. Tambeḿ naquele tempo, se forjava uma visão de mundo ligada a meritocracia,
que o rico é rico porque ele (ou seus antepassados) trabalharam montes;

Mascaro, em sua época, toda a faculdade era extremamente conservadora;

E Direitos Humanos é um assunto fácil. Até Gilmar Mendes defende direitos humanos;

O que unificou uma certa leitura de mundo nos últimos 30 anos foi a primazia do Direito. Direito
é bom, há uma ordem principiológica, há ponderação de princípios…

Esse quadro gera conforto, anestesia das instituições postas. Perdemos a ideia de que há um
estrago central, uma reprodução social a nível econômico. Acumulação de capital e extração da
mais valia de uma população imensa de humanos está acontecendo;

Ainda que pela esquerda, estamos presos a pautas neoliberais, pauta identitária: cota para o
negro, direitos da mulher, direitos dos LGBTs ─ o que são pautas difíceis sim, é uma luta enorme

EXTRA. E nossa Faculdade parece uma bolha, mas é uma bolha bem frágil. Já há Bolsonaristas
na faculdade. E no fundo, tem montes de homofóbico machista por aí;

RESUMO. Não conseguimos sensibilizar a sociedade. Racismo é uma construção profundamente


arraigada em questões econômicas. Machismo tem uma raiz econômica: domínio do dinheiro é
masculino, as posições de poder são masculinas…

Dificuldade imensa em defender leituras de mundo progressistas. Em especial porque as


pessoas gritam contra quem tem uma visão minimamente progressista;
A DIFICULDADE

A verdade e a ciência servem de apoio

Os grandes pensadores da história passaram, em seus tempo, pelas piores incompreensões;

Sócrates foi morto por suas ideias;

Platão (basicamente um comunista) foi exilado;

Aristóteles foi exilado;

A verdade: faz sofrer, mas serve como apoio para nos desligarmos às demandas do horror do
mundo. Uma pessoa só consegue pensar no seu tempo quando se desliga das demandas
imediatas do seu tempo;

EXEMPLO. Heidegger. Nazista. Morreu em 1977. Dizia que nosso tempo não forma sábios nem
filósofos porque o nosso tempo não tem o silêncio;

Estamos demandados pelo facebook, pelo whatsapp, tem a moda do “azul ou dourado?”, tem
o Guarani Kaiowa, tem o avatar arcoíris… E tudo isso não serve de nada. Se eu coloco meu
sobrenome “Guarani Kaiowa” não ajuda em NADA o Guarani Kaiowa, que continua a ser morto.
O avatar no facebook é só o mundo da estética;

Demandas cotidianas de todos impedem a reflexão filosófica;

É muito gasto de energia para comentar os tweets para o Trump. Isso é energia roubada;

Heidegger foi morar na floresta. Ficou 15 anos por lá;

Lutar pela transformação social não tem like, não tem curtida, envolve anos de resistência e
isolamento;

MAIS SOBRE EXPERIÊNCIAS DO MASCARO

A forja de caminho é algo fundamental para podermos avançar mais;

Há 20 anos, SF nunca falou sobre Pachukanis, Marx mal era assunto de aula. Tinha professor
falando que Nietzsche não podia ser assunto porque ele não respeitava a Deus;

Essa estrada de formação é uma estrada central e fundamental;

PALAVRA DO PROFESSOR. UM SENTIDO E HORIZONTE PARA ESSA CAMINHADA

Alerta da desesperança. Não tenho nenhuma esperança quanto a sociabilidade do capital. Vão
rasgar a Constituição? Sim! O STF não vai falar nada? Não! Estamos em 2017, 29 anos de
constituição, até hoje só houve UMA propriedade que foi para reforma agrária por causa da
função social da propriedade (e só porque essa propriedade era uma grande plantação de
maconha);

A SF é o sertanejo-família, pagode, cervejada. Não tem rock, não tem Raul Seixas, não tem
contracultura, não tem Rap;
Não acho que haja qualquer amarra moral que dê conta da reprodução do capital. A ordem de
reprodução do capital destrói tudo. Não há vergonha de dizer uma coisa e dizer outra depois,
não há vergonha em tirar uma mulher presidente para colocar um homem;

Gente que defende muito o fim da corrupção tem algo muito latente dentro de si algo sobre
corruptibilidade. Aécio por exemplo era o grande arauto da moral. Acabou em pó! #PANS!

Pasmem. A nossa sociedade piorará. É por isso que precisamos das armas da crítica;

──

A palavra da esperança

Pensar que a sociedade se transforma. Difícil se transformar com as bases existentes hoje;

Não conseguimos romper com as formas sociais. É muito difícil romper com essas formas;

EXEMPLO BANAL. Gênero. Alguém que luta contra as formas de gênero luta contra algo que foi
de sua formação. Mulher e homem são categorias nas quais formos formados. Todos. Todos
estão atravessados por essas formas sociais;

Estruturalmente estamos preparados para o racismo, para o machismo, para a homofobia;

EXTRA. Até se tolerou uma mulher como presidente, mas não se tolerou mexer na taxa de juros.
Virtualmente não se mexe nessa estrutura;

Mas, se as formas são essas, virtualmente pode ocorrer o acaso, o aleatório. Eventualmente, em
algumas circunstâncias, o povo não aguenta mais. São Paulo e gde. SP, 21 milhões de explorados,
1 milhão de pessoas que exploram. O que controla esse barril de pólvora é a ideologia: Globo,
pastor, etc. Isso dura bem até a página 3, mas estamos na página 2,5…

Quando o povo se levantar, é contra a gente, contra o Direito, contra o Gilmar Mendes ─ e nós,
como estudantes de direito, somos lacaios do Gilmar Mendes. O povo não pode perdoar essa
faculdade;

É por causa da gente que 21 milhões de pessoas são exploradas e passam como zumbis,
exploradas por outro 1 milhão de pessoas;

A gente se mata para conseguir dar FGTS para pobre e, com uma canetada do Congresso, esse
direito acaba!

Vivemos eventualmente num tempo de horror e eventualmente num tempo de esperança;

Antes de tudo, antes de ser juristas, somos seres humanos, seres de luta, a estar do lado do
povo quando o povo se levantar;

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