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Noções Básicas em Dependência Quimica 1
Noções Básicas em Dependência Quimica 1
1.1 Definições 6
2 EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................... 10
bibligrAFIA ............................................................................................................... 42
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1 O USO DE DROGAS
Fonte: omicrono.elespanol.com
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ligamentos do maxilar inferior se relaxam, as unhas tornam-se lívidas e os olhos
encovados pressagiam a morte” (VALLE, 1988).
Na Idade Média, o conhecimento dos efeitos das drogas sobre o sistema
nervoso central foi utilizado por feiticeiros, mágicos e exploradores da fé pública, com
suas poções para o sono, esquecimento, amor e outras.
O uso da maconha no Brasil tem um registro interessante: desde a chegada
dos portugueses em 1500 existem relatos de viajantes que faziam uso dessa
substância e exaltavam suas qualidades como intensificador de emoções pré-
existentes. Com a formação de duas classes sociais polarizadas e distintas
culturalmente, uma aristocrática e outra formada por escravos e pobres, este uso
parece ter se mantido em ambas nos séculos subsequentes, até o início do século
XX, quando começa a haver uma tentativa de normatização desta substância em
termos legais, influenciada por mudanças que ocorriam neste sentido tanto na Europa
quanto nos Estados Unidos. É interessante notar que no período anterior à abolição
da escravatura no país, o uso de maconha parecia ser de conhecimento dos grandes
latifundiários e este uso não era por eles reprimido, pois havia uma percepção de que
diminuíam sensivelmente as chances de rebelião entre os escravos (YAMADA, 1999).
O termo “droga” já traz em si uma conotação negativa. Popularmente, “droga”
tem como significado algo ruim; é uma interjeição ligada a sentimentos de raiva,
pessimismo.
Em uma linguagem coloquial, droga tem um significado de algo malévolo, sem
qualidade. Já em uma linguagem médica, droga é sinônimo de medicamento.
Conceituar “droga” tecnicamente apresenta dificuldades, pois o significado
pode variar de país para país. Roberto de Lucia (apud Valle, 1988) indica como origem
do termo a palavra droog, do holandês, utilizada para designar “toda substância de
composição química definida ou não, de constituição molecular ou complexa que pode
ou não ter propriedades terapêuticas”.
É o que ocorre nos países de língua inglesa, por exemplo, onde drug é a
designação genérica para os medicamentos, ou seja, a substância ou produto
empregado para curar as doenças, aliviar a dor ou estabelecer diagnóstico.
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Não podemos confundir os termos fármaco, tóxico, entorpecente e narcótico.
Fármaco, segundo Murad, sob o ponto de vista médico ou farmacológico, pode-se
considerar tecnicamente como a designação do princípio ativo, ou seja, a matéria-
prima com que se faz o medicamento (MURAD, 1995).
Para Brito Filho (1988), tóxico é a substância com capacidade de produzir efeito
sobre o organismo em pequeníssima quantidade.
Murad (1995), utilizando definição mais simples, diz que tóxico é tudo que está
ligado a veneno. Já o termo entorpecente, muito utilizado por nossos legisladores,
segundo definição de Di Mattei, citado por Murad (1995, p. 35), é uma categoria de
substâncias, “venenos que agem eletivamente sobre o córtex cerebral, suscetíveis de
promover agradável ebriedade, de serem ingeridos em doses crescentes sem
determinar envenenamento agudo ou morte, mas capazes de gerar estado de
necessidade tóxica, graves e perigosos distúrbios de abstinência, alterações
somáticas e psíquicas profundas e progressivas”. Já narcótico é o termo geral para
substâncias que produzem insensibilidade, suprimem a dor e induzem sono profundo,
podendo causar dependência e determinar perturbações graves da personalidade. Os
conceitos apresentados indicam apenas categorias específicas de substâncias.
No Brasil, o termo droga é muito utilizado para designar as substâncias que são
consideradas ilícitas pelo ordenamento jurídico. No passado, a exemplo dos anglo-
saxões, já se utilizou também o termo no sentido de medicamento, ou seja,
substâncias que causam bem ao organismo, denominando-se os estabelecimentos
que as comercializam de “drogarias”.
Modernamente, a Organização Mundial da Saúde (OMS), segmento da
Organização das Nações Unidas, recomendou que fosse adotada a expressão
“drogas que causam dependência” – dependence producting drugs – para designar
tais substâncias (YAMADA, 1999).
Quando nos referimos às drogas, entendemos que existem não somente
drogas ilícitas como, por exemplo, a maconha, o haxixe, a cocaína, o crack, o ecstasy,
o ópio, a heroína, o LSD-25, etc., bem como drogas lícitas como por exemplo a cafeína
(café, chocolate, chá), a nicotina (tabaco), o álcool, os fármacos (princípio ativo dos
medicamentos vendidos nas farmácias e drogarias), etc. A dependência, por sua vez,
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se dá como um processo que pode se apresentar em duas variantes, a dependência
física/orgânica e a dependência psíquica/emocional.
Desde os primórdios da história da humanidade vamos encontrar referências
às drogas. Durante muito tempo o uso dessas substâncias teve um valor, uma função
e objetivos específicos e claros, diferentes dos que possuem atualmente. Muitas
vezes, as drogas foram usadas para fins medicinais, em outras fazem parte de rituais
sagrados ou, ainda, estiveram inseridas em outros aspectos da cultura de um povo.
Nas sociedades modernas, que vieram a se tornar globalizadas, o uso das drogas
mudou completamente. O consumo de drogas é um fato, não mais (ou pouco)
vinculado a um uso medicinal ou a ritos religiosos, mas a uma procura de prazer que
corre o risco de se tornar desenfreada. Tais efeitos viriam satisfazer a busca da
felicidade e da transcendência, como também amenizar a angústia existencial,
características inerentes ao ser humano, lacunas que impulsionam o homem na
procura incessante das diversas dimensões da existência. A tentativa de
preenchimento desses vazios justifica, por si só, o uso de drogas pelo homem, no
intuito de esquecer problemas existenciais (ansiolíticos, anfetamínicos, solventes,
etc.), na pretensão de entrar em contato com forças sobrenaturais, preenchendo uma
falta decorrente das limitações humanas (no caso dos chás alucinógenos) e na busca
de prazer com alterações do estado de consciência (álcool, ecstasy, LSD e outras).
Dentro desta perspectiva, podemos notar nossa vulnerabilidade frente a
situações que envolvam o uso de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Neste sentido,
falar de drogas não é simplesmente informar sobre seus efeitos, mas sim mostrar o
quanto estamos suscetíveis a elas, pelo simples fato de sermos seres humanos e de
termos um corpo que geralmente não sabemos bem como funciona.
Sendo assim, ao longo desse curso falaremos também em prevenção ao uso
de drogas, o que significa conversar sobre a natureza humana e a sua interação com
o meio. Se pensarmos em adolescentes e outras populações de risco, como por
exemplo, aqueles que estão nos presídios, nosso cuidado aumenta, primeiro porque
adolescência, é um dos períodos mais intensos da vida, pelos desafios, descobertas
e oportunidades que apresenta e segundo, porque a população carcerária vive em
situações não muito satisfatórias.
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1.1 Definições
Fonte: psiquiatrarj.com.br
O termo “droga” teve sua origem da palavra “droog”, que significava “folha
seca”, isto porque antigamente quase todos os medicamentos eram feitos à base de
vegetais. Atualmente, a medicina define “droga” como sendo qualquer substância que
é capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em transformações,
variações e modificações fisiológicas ou de comportamento.
As drogas psicotrópicas e psicoativas, são substancias químicas, naturais ou
mesmo sintética, que atuam sobre o nosso sistema nervoso central, provocando
alterações psíquicas, podendo causar sérios danos psicológicos ao seu consumidor,
além de dependência.
As drogas destroem o caráter, comprometem o sentido realístico da vida e
subvertem o senso de responsabilidade, fragilizando a família, afetando a sociedade
e as organizações, afetando os laços comunitários, a própria força do trabalho
nacional e provocando até, alguma alteração de personalidade ao longo prazo.
Percebe-se então a necessidade de uma efetiva prevenção.
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Todas as drogas têm em comum a capacidade de alterar o estado mental do
usuário, seja proporcionando uma sensação de prazer e conforto ou reduzindo a
timidez e aumentando a sociabilidade de quem a usa. Em geral, todas também
causam dependência química e psicológica, transformando o usuário ocasional em
viciado, que acaba dependendo do consumo da droga para manter suas atividades
normais (MAMBRINI, 2002).
A OMS (1981) define droga como qualquer entidade química ou mistura de
entidades que alteram a função biológica e possivelmente a sua estrutura. Em outras
palavras, seria qualquer substância capaz de modificar a função de organismos vivos,
resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento.
Droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética que introduzida no
organismo modifica suas funções. As drogas podem ser naturais quando obtidas
através de determinadas plantas, de animais e de alguns minerais. Como exemplo
tem-se a cafeína (do café), a nicotina (presente no tabaco), o ópio (na papoula) e o
THC tetrahidrocanabiol (da cannabis). As drogas sintéticas são fabricadas em
laboratório, exigindo para isso técnicas especiais (OMS, 1981).
O termo droga, presta-se a várias interpretações, mas ao senso comum é uma
substância proibida, de uso ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando-lhe as funções,
as sensações, o humor e o comportamento.
Do ponto de vista jurídico, segundo prescreve o parágrafo único do art. 1.º da
Lei n.º 11.343, de 23 de agosto de 2006 (Lei de Drogas) “Para fins desta Lei,
consideram-se como drogas as substâncias ou produtos capazes de causar
dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente pelo Poder Executivo da União”. Isto significa dizer que as normas
penais que tratam do usuário, do dependente e do traficante são consideradas normas
penais em branco. Atualmente, no Brasil, são consideradas drogas todos os produtos
e substâncias listados na Portaria n.º SVS/MS 344/98 (BRASIL, 2006).
Na CID.10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde) a Dependência é definida como:
“Um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se
desenvolvem após repetido consumo de uma substância psicoativa, tipicamente
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associado ao desejo poderoso de tomar a droga, à dificuldade de controlar o consumo,
à utilização persistente apesar das suas consequências nefastas, a uma maior
prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações, a
um aumento da tolerância pela droga e por vezes, a um estado de abstinência física.
A síndrome de dependência pode dizer respeito a uma substância psicoativa
específica (por exemplo, o fumo, o álcool ou o diazepam), a uma categoria de
substâncias psicoativas (por exemplo, substâncias opiáceas) ou a um conjunto mais
vasto de substâncias farmacologicamente diferentes” (BALLONE, 2001).
A dependência química não é uma doença aguda. Trata-se de um distúrbio
crônico e recorrente. E essa recorrência é tão contundente, que raramente ocorre
abstinência pelo resto da vida depois de uma única tentativa de tratamento. As
recaídas da drogadição são a norma. Portanto, a adição deve ser abordada mais como
uma doença crônica, como se fosse diabetes ou hipertensão arterial.
Considerando o fato da dependência química ser um distúrbio recorrente e
crônico, alguns autores mais realistas consideram como um bom resultado
terapêutico, tal como se deseja no tratamento da hipertensão arterial, asma brônquica,
reumatismo, diabetes, etc., uma redução significativa do consumo da droga, e longos
períodos de abstinência, supondo a ocorrência de recaídas ocasionalmente. Muitos
acham que este seria um padrão razoável de sucesso terapêutico, da mesma forma
que em outras doenças crônicas, ou seja, o controle da doença, mas não a sua cura
definitiva.
Vamos chamar de “psicoativas” as drogas psicotrópicas, portanto, com efeito
sobre o Sistema Nervoso Central. Convencionalmente, vamos chamar ainda de
“psicoativas” as drogas de caráter ilícito, cujo efeito por ela produzido é de alguma
forma agradável ao usuário. Pois bem. Quando se usa uma droga psicoativa, o efeito
proporcionado por ela adquire para a pessoa um caráter de recompensa prazerosa.
A maioria das definições de adição a drogas ou dependência de substâncias
inclui descrições do tipo “indivíduo completamente dominado pelo uso de uma droga
(uso compulsivo)” e vários sintomas ou critérios que refletem a perda de controle sobre
o consumo de drogas.
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As pesquisas, hoje em dia, caminham através da Psiquiatria e da Psicologia
Experimental, juntamente com a Neurobiologia. Todas essas áreas se esforçam para
identificar os elementos emocionais e biológicos que contribuem para alterar o
equilíbrio do prazer (homeostase hedonista), alterações esta que dá origem àquilo que
se conhece como drogadição (droga-adição). A palavra “adição”, em português, é um
neologismo técnico que quer dizer, de fato, "drogadição".
O tema “drogas” é muito complexo, multidimensional e tem atraído a atenção
da maioria dos países. Nas últimas duas décadas, importantes avanços nas ciências
do comportamento e nas neurociências vieram contribuir para um melhor
entendimento na questão do abuso de drogas e da drogadição (droga-adição).
A neurociência tem identificando circuitos neuronais envolvidos em todos tipos
de abusos conhecidos, assinalando regiões cerebrais, neuroreceptores,
neurotransmissores e as vias neurológicas comuns afetadas pelas drogas. Também
têm sido identificados os principais receptores das drogas suscetíveis de abuso, assim
como todas as ligações naturais da maior parte desses receptores.
Neurologicamente a drogadição deve ser considerada uma doença. Ela está
ligada a alterações na estrutura e funções cerebrais, e isso torna a drogadição
fundamentalmente uma doença cerebral. Inicialmente, o uso de drogas é um
comportamento voluntário, mas, com o uso prolongado um “interruptor” no cérebro
parece ligar-se, e quando o “interruptor” é ligado, o indivíduo entra em estado de
dependência química caracterizado pela busca e consumo compulsivo da droga.
Em tópico mais adiante falaremos em detalhes sobre a drogadição.
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2 EPIDEMIOLOGIA
Fonte: psiquiatrarj.com.br
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seja, apontando uma redução nas idades médias dos jovens adultos. Pela
vulnerabilidade dessa população, é fundamental monitorar de perto esse fenômeno.
Segundo a SENAD, estudos futuros poderão mostrar se vai ser possível
reverter essa tendência com a implantação de eventuais políticas públicas em relação
ao álcool. Vale a pena ressaltar que não houve diferenças entre os gêneros, quanto à
idade de início de uso e quanto ao padrão de consumo nos adolescentes estudados
(SENAD, 2007).
O consumo de álcool e outras drogas está inserido no cotidiano de grande parte
da população mundial. Tal realidade está associada a uma série de outras situações
de risco à saúde e vem sendo observada em diferentes países, em todos os
continentes.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 10% das
populações dos centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente
substâncias psicoativas, independentemente da idade, sexo, nível de instrução e
poder aquisitivo. Salvo variações sem repercussão epidemiológica significativa, essa
realidade encontra equivalência em território brasileiro (MS/BRASIL, 2003).
Um estudo capitaneado pela Universidade de Harvard indica que, entre as dez
doenças mais incapacitantes, cinco são de natureza psiquiátrica: depressão,
transtorno afetivo-bipolar, alcoolismo, esquizofrenia e transtorno obsessivo-
compulsivo (MS/BRASIL, 2003).
Sobre o uso de substâncias psicoativas, o estudo de Harvard sobre a Carga
Global da Doença trouxe a estimativa de que o álcool seria responsável por 1,5% de
todas as mortes no mundo, bem como 2,5% do total de anos vividos com alguma
incapacidade.
No Brasil, o II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas,
realizado em 2005 pelo CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
Psicotrópicas), apontou que 12,3% das pessoas pesquisadas, com idades entre 12 e
65 anos, preenchem critérios para a dependência do álcool, e cerca de 75% já
beberam pelo menos uma vez na vida (CARLINI et al., 2007).
Segundo os dados da pesquisa, o uso na vida de álcool, nas 108 maiores
cidades do país, foi de 74,6%, porcentagem inferior a de outros países (Chile com
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86,5% e Estados Unidos com 82,4%). Em todas as regiões, observaram-se mais
dependentes de álcool do sexo masculino.
O uso na vida para qualquer droga (exceto tabaco e álcool) foi de 22,8%. Essa
porcentagem é, por exemplo, próxima ao Chile (23,4%) e quase metade dos Estados
Unidos (45,8%).
O uso de solventes foi de 6,1%, prevalência superior à verificada na Colômbia
(1,4%) e Espanha (4,0%). Em contrapartida, a prevalência do uso na vida de solventes
nos Estados Unidos foi de 9,5%.
O uso na vida de maconha, nas 108 maiores cidades, foi de 8,8%, resultado
este próximo aos da Grécia (8,9%) e da Polônia (7,7%), porém abaixo dos Estados
Unidos (40,2%) e do Reino Unido (30,8%).
A prevalência de uso na vida de cocaína nas 108 maiores cidades do país foi
de 2,9%, sendo próxima à da Alemanha (3,2%), porém bem inferior a dos Estados
Unidos (14,2%) e do Chile (5,3%). O uso na vida de crack foi de 1,5%, cerca de duas
vezes menor que no estudo norte-americano.
Os dados também indicam o consumo de álcool em faixas etárias cada vez
mais precoces e sugerem a necessidade de revisão das medidas de controle,
prevenção e tratamento.
Outros dados epidemiológicos relevantes são:
20% da população usam substâncias psicoativas no decorrer da vida;
15% no mínimo são portadores da doença da dependência química;
10% a 12% desses usam mais de uma droga concomitante;
A incidência de DQ é de 2 a 6 vezes maior no homem;
DQ evolui do álcool para drogas mais pesadas;
150 mil óbitos/ano por alcoolismo nos USA;
15% dos DQ cometem suicídio (20 vezes maior que na população).
A Associação Norte-americana de Psiquiatria refere, no DSM IV, uma
prevalência de 3% para os Transtornos de Personalidade em homens e de 1% em
mulheres da população geral. Entretanto, essas porcentagens aumentam em
populações clínicas, em geral até 30%, podendo chegar em determinados subgrupos
populacionais como, por exemplo, entre os dependentes crônicos de substância, até
12
92%. As diferenças na incidência dos Transtornos de Personalidade entre pacientes
dependentes químicos despertaram interesses em se relacionar essas duas
condições.
3 AS PRINCIPAIS DROGAS
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3.1 Classificação de Chalout (1971)
Prevenção: Prevenir quer dizer: "preparar; chegar antes de; evitar (um dano ou
um mal); impedir que algo se realize".
A prevenção em saúde indica uma ação antecipada, baseada no conhecimento
que temos das causas de uma doença. Ela tem por objetivo diminuir a chance do
problema aparecer ou, se ele já existe, evitar que piore.
As mais sérias pesquisas sobre a questão nos mostram um aumento do uso de
drogas, mas principalmente, mostram-nos a necessidade de planejarmos ações
preventivas adequadas ao grupo que desejarmos atingir. Prevenir não é banir a
possibilidade do uso de drogas. Prevenir é considerar uma série de fatores para
favorecer que o indivíduo tenha condições de fazer escolhas.
O uso de álcool e outras drogas depende de outros fatores além da vontade do
indivíduo. Há fatores que aumentam as chances do indivíduo iniciar o uso de drogas,
ou ainda, aumentam as chances de que esse uso inicial ou moderado se torne um
uso que traga mais prejuízos para o usuário.
O uso indevido de álcool e outras drogas é fruto de um conjunto de fatores.
Nenhuma pessoa nasce predestinada a usar álcool e outras drogas ou se torna
dependente apenas por influência de amigos ou pela grande oferta do tráfico. Nós
seres humanos, buscamos elementos para aliviar dores e acirrar prazeres. Assim
encontramos as drogas. Algumas vezes experimentamos, outras usamos sem nos
comprometermos, e em outras, ainda abusamos.
Este que usou, se não tiver dentro de um fator biológico importante, se tiver
uma boa relação familiar e se não tiver uma boa sensação com este uso pode, ainda,
fazer só um uso recreacional, mas se suas condições forem de risco ou prazerosas
ele poderá vir a fazer o uso regular de drogas.
Fatores relacionados ao uso de drogas:
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Fatores Pessoais
Habilidades sociais
Cooperação
Habilidades para resolver problemas
De proteção Vínculos positivos com pessoas, instituições e
valores
Autonomia
Autoestima desenvolvida
Insegurança
Insatisfação com a vida
De Risco Sintomas depressivos
Curiosidade
Busca de Prazer
Fatores Familiares
Fatores Escolares
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Bom desempenho escolar
Boa inserção e adaptação no ambiente escolar
Ligações fortes com a escola
Oportunidades de participação e de decisão
Vínculos afetivos com professores e colegas
De
Realização pessoal
proteção
Possibilidade de desafios e expansão da
mente
Descoberta de talentos pessoais
Prazer em aprender
Descoberta e construção de projeto de vida
Fatores Sociais
Violência
Envolvimento em atividades ilícitas. Amigos
De Risco usuários de drogas
Pressão social para o consumo
Desvalorização das autoridades sociais
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Descrença nas instituições
Falta de oportunidades de trabalho e de lazer
Devemos ter em mente que vários fatores contribuem para a decisão de alguém
usar drogas, e não somente um fator isolado. Além disso, não é porque um indivíduo
está envolvido em uma vida cheia de fatores de risco que, necessariamente, ele fará
um uso problemático de álcool e outras drogas.
A formação de cada um de nós se inicia na família. É função da família proteger
seus filhos e favorecer neles o desenvolvimento de competências, por exemplo: para
lidar com limites e frustrações. Na adolescência, a falta de proteção da família,
especialmente para o adolescente transgressor, que não sabe lidar com frustrações,
pode favorecer o uso indevido de substâncias psicoativas.
Se o jovem vem de uma família desorganizada, mas encontra em sua vida um
grupo comunitário que faz seu asseguramento, oferecendo-lhe alternativas de lazer e
de desenvolvimento de habilidades pessoais, pode vir a ter sua formação garantida,
aprendendo a criticar por si próprio e pelo grupo social.
A presença de religião na vida do indivíduo é um fator protetor ao uso de
drogas. Diversos estudos têm demonstrado que pessoas que praticam alguma religião
ou que creem em algo superior, tem menores chances de se envolverem com drogas.
Quanto mais religioso o indivíduo, menor seu interesse pelo consumo de substâncias
psicoativas, incluindo as drogas ilícitas.
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Valores religiosos, em geral, preconizam o bom relacionamento com respeito e
afeto e isto, quando realmente aplicado ao convívio familiar, seria fator de estabilidade
doméstica, permitindo que os jovens cresçam dentro de um ambiente emocionalmente
saudável.
Sabemos que a motivação para o uso de drogas vem de vários fatores, e um
fator de proteção isolado não é garantia que um indivíduo não abusará de
substâncias psicoativas.
Para que se realize um trabalho de prevenção sério e cuidadoso, com um
determinado grupo, é necessário:
Identificar fatores de risco, para minimizá-los;
Identificar fatores de proteção, para fortalecê-los;
Tratar o grupo como específico, para identificar os fatores acima.
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medicinais. E suas orgias e bacanais regados a muito vinho são evidências do uso do
álcool para fins recreativos. São os alquimistas que utilizam nas suas pesquisas as
plantas que fazem “voar”. No fim da dinastia Han, os Chineses possuem “o pó das
cinco pedras, o pó que faz comer frio”.
Esta droga é inteiramente mineral, composta de “leite”, de estalactite, de
enxofre, de quartzo, de ametista e de ocre dissolvidos em álcool quente; absorve-se
em pequenas doses e tem virtudes sedativas e euforizantes.
Logo após as primeiras gotas, ela põe “fogo no corpo” e era preciso estar frio
para que os efeitos fossem compensatórios. Era indispensável andar para assimilar
melhor: aquele que “comia o pó” perdia muito rápido a noção do tempo.
O processo de degradação, ligado a um envelhecimento prematuro, era
relativamente rápido: dez anos para um homem jovem e forte, muito menos para todos
os outros. Uma vez iniciado este caminho, já não havia mais volta. Era um verdadeiro
suicídio.
Durante os séculos III e IV, o uso do “pó de cinco pedras”, associado à maconha
e ao gás alquímico expandiu-se maciçamente. Esta primeira dependência em grande
escala desenvolveu-se por ocasião de um “choque” de civilização; já não se apoiava
em nenhum fundamento ritual e já não era justificada pela prática de qualquer religião.
A coca foi conhecida há 600 A.C; as escavações arqueológicas permitiram
descobrir múmias de índios, sepultados com folhas de coca, nos sarcófagos Maias.
Os colonizadores, tudo fizeram para que perdessem o hábito de mascar as folhas de
coca, mas deram-se conta de que essa habituação estimulava as capacidades
laborais dos índios, que trabalhavam em condições deploráveis, passando a incentivar
o cultivo e o consumo e adotaram também o seu uso.
No México, as perseguições pelo Santo Oficio, não foram, durante a
colonização espanhola suficientes para erradicar esse hábito.
No início da idade Média, chega a informação sobre a “mirra”, servia como
tonificante farmacêutico e com o intuito recreativo e medicinais. Os gregos e Romanos
tomaram um preparado de vinho, cânhamo e mirra, “o vino resinato”.
Ao longo da Historia, vários povos serviram-se do consumo de espécies
botânicas enquanto instrumento condutor de uma maior aproximação com as
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divindades, utilizando-as em rituais religiosos ou em ritos de iniciação e passagem. A
droga tem funcionado entre os Homens e o desconhecido, como uma ponte entre a
vida real e o além.
As descobertas Portuguesas e Espanholas, vieram dar a conhecer um mercado
até então desconhecido. Foi o ópio que se destacou na rota comercial entre a Índia e
Lisboa. Foi até decretado que se cultivasse o ópio para fins de lucro para o Império.
No século VI o consumo de haxixe e ópio era considerado pelos aristocratas
como um vício luxuoso e excêntrico reservado às elites. Quando nos dias de hoje a
comunidade internacional se vê confrontada com o problema da toxicodependência,
verifica-se que este problema já surgiu há muitos séculos. O processo de
desumanidade, empreendeu guerras para defender e impor o seu direito de exportar
estupefacientes, ou seja, de vender com lucro, a destruição e a morte.
Nos finais do século XIX, a cocaína é considerada a droga da moda entre
artistas e intelectuais, substituindo o uso do haxixe e do ópio, sendo que a sua
divulgação atingiu proporções enormes, nos EUA foi utilizada na Coca-Cola, na
Europa com a sua adição foram comercializados vários produtos, como o “vinho
Mariani” que era consumido pelo Papa Leão XIII.
A partir dos anos 50 o uso de drogas dispara de uma forma brutal e gerou o
susto, com o aparecimento do SIDA. O L.S.D. depois de utilizado como terapia a nível
psiquiátrico, é adotado pelo submundo das drogas como um produto privilegiado e
popularizado sobretudo pela cultura “Hippy”. Nos anos 60 viveram-se grandes
iniciativas massificadas tendo a droga como objetivo comum, tais como: a marcha
sobre o Pentágono e o trips festival em São Francisco no ano de 1967; A concentração
de Chicago em 1968: E o mítico Festival Woodstock que reuniu mais de quinhentos
mil espectadores e que tinha como lema: “SEX, DRUGS & ROCK´N`ROLL”.
A partir dos anos 70 assistiu-se ao incremento do consumo de drogas, com
preferência pelas drogas duras como a Cocaína e pela Heroína, por esta altura
começa também a produção de drogas sintéticas. Enquanto isto acontece alargam-se
as faixas etárias que consomem, incluindo crianças e adolescentes.
A droga saiu dos bairros dos intelectuais e artistas e invadiu cidades e vilas,
áreas mais pobres e socialmente mais desfavorecidas. A sociedade contemporânea
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é altamente competitiva e há quem não olhe os meios para atingir os fins que
pretende. A primazia do prazer, o poder material, tem sobreposto aos valores
culturais, religiosos, e a outros valores sociais, valores do ser humano.
A forma como o jovem se sente na vida face aos seus desejos e inquietações,
em face de autoestima, face aos colegas, face à sua família, pode ser o regulador da
disponibilidade para esta atitude da moda: o consumo.
O êxtase tem sido utilizado principalmente entre jovens e adultos, com boa
formação escolar, inseridos no mercado de trabalho, pertencentes a classes sociais
privilegiadas e sendo poli usuários de drogas. Tendo disseminado seu uso em clubes
e haves.
Já o crack feito a partir da cocaína, é a droga conhecida com o efeito mais
devastador na atualidade. Chega ao sistema nervoso central em 15 segundos, devido
ao fato de a área de absorção pulmonar ser grande e seu efeito dura de 3 a 10
minutos, com efeito de euforia mais forte do que o da cocaína, após o que produz
muita depressão, o que leva o usuário a usar novamente para compensar o mal-estar,
provocando intensa dependência. Não raro, o usuário tem alucinações, paranóia
(ilusões de perseguição).
O uso do crack e sua potente dependência psíquica frequentemente leva o
usuário à prática de delitos, para obter a droga. Os pequenos furtos de dinheiro e de
objetos, sobretudo eletrodomésticos, muitas vezes começam em casa. Muitos
dependentes acabam vendendo tudo o que têm a disposição, ficando somente com a
roupa do corpo. Se for mulher, não terá o mínimo escrúpulo em se prostituir para
sustentar o vício. O dependente dificilmente consegue manter uma rotina de trabalho
ou de estudos e passa a viver basicamente em busca da droga, não medindo esforços
para consegui-la.
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Fonte: blog.iobconcursos.com
Embora seja uma droga mais barata que a cocaína, o uso do crack acaba sendo
mais dispendioso: o efeito da pedra de crack é mais intenso, mas passa mais
depressa, o que leva ao uso compulsivo de várias pedras por dia.
6 NEUROBIOLOGIA DA ADIÇÃO
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ocorrem no aprendizado de uma tarefa, e o indivíduo procura a droga mesmo na
evidência de consequências pessoais negativas e graves (CHOU; NARASIMNHAN,
2005 apud MPP, 2008).
No entanto, os mecanismos neurobiológicos que determinam essa transição do
uso controlado para o descontrolado ainda não estão totalmente esclarecidos. As
recaídas no uso das drogas é o fator clinico mais difícil de ser controlado no tratamento
da adição. Após longo período de abstinência o craving (compulsão pela droga) pela
droga ou a recaída pode ser iniciado pela presença da droga em si, por pistas
ambientais que estejam associadas à droga ou pelo estresse (SHAHAN; HOPE, 2005
apud MPP, 2008).
As drogas de abuso são substâncias com diversas estruturas químicas e
mecanismos de ação. Na administração aguda cada droga se liga a um sítio de ação
próprio e desencadeia uma série de comportamentos, sensações e efeitos fisiológicos
e dependendo da quantidade usada pode causar um quadro de intoxicação típico da
droga. Essas drogas são todas agudamente recompensadoras (o que leva a repetição
do seu uso) e com o uso crônico, alguns efeitos são compartilhados entre elas, como
produzir sintomas emocionais negativos na sua suspensão, produzir um longo período
de sensibilização e desenvolver um aprendizado associativo droga - pistas ambientais
relacionadas à droga. Acredita-se que esses efeitos crônicos são adaptações que
contribuem para o craving (desejo, compulsão) pela droga e para as recaídas, mesmo
após longos períodos de abstinência.
Existem várias evidências que todas as drogas de abuso convergem a um
circuito comum no sistema límbico cerebral, o qual é responsável pelo controle das
emoções. A principal via que vem sendo investigada é a via dopaminérgica que se
inicia na área tegmental ventral e vai em direção ao núcleo accunbens. Essa via é a
mais importante para os efeitos recompensadores agudos de todas as drogas de
abuso, e várias pesquisas têm mostrado como, apesar de seus diferentes
mecanismos de ação, todas as drogas convergem a essa via, tendo assim efeitos
agudos reforçadores comuns.
Drogas estimulantes (cocaína, anfetaminas) são capazes de ativar diretamente
essa via, principalmente por inibirem a recaptação de dopamina e no caso das
24
anfetaminas, também por aumentarem a liberação deste neurotransmissor. Os
opióides agem como agonistas (são semelhantes a opióides endógenos, assim
“enganam” a célula) em receptores de opióides endógenos (encefalinas, endorfinas e
dinorfina) atuando diretamente em neurônios do núcleo accunbens que promovem
liberação de dopamina. Esses agentes também atuam inibindo interneurônios
gabaérgicos na área tegmental ventral, levando a maior atividade dessa região (MPP,
2008).
A nicotina parece ativar os neurônios da área tegmental ventral diretamente via
receptores nicotínicos e indiretamente pela ativação de neurônios glutamatérgicos que
inervam as células dopaminérgicas. O álcool pela potencialização de receptores
gabaérgicos inibe a função deste neurotrasmissor em terminais de outros
neurotransmissores, aumentando a atividade dos neurônios dopaminérgicos e
também inibe terminais glutamatérgicos que inervam o núcleo accunbens. O álcool
tem vários mecanismos propostos para sua ação, e é a droga que tem o mecanismo
de ação mais complexo e menos conhecido.
O tetrahidrocanabinol, alcalóide presente na maconha, age em receptores para
canabinóides endógenos (como a anandamida), atuando em terminais nervosos
glutamatérgicos e gabaérgicos no núcleo accunbens e diretamente nos neurônios do
núcleo accunbens. Fenciclidina, um potente alucinógeno sintético, inibe receptores
glutamatérgicos pós-sinápticos no núcleo accunbens. Além disso, álcool e nicotina
parecem ativar vias opióides e essas duas drogas e as outras parecem ativar o
sistema canabinóide endógeno (NESTLER, 2005 apud MPP, 2008).
Todas essas drogas causam uma liberação de dopamina cerca de 2 a 10 vezes
maior do que reforçadores naturais e demoram mais para voltar ao normal. Em alguns
casos, como quando as drogas são fumadas ou injetadas endovenosamente, essa
inundação dopaminérgica ocorre quase imediatamente.
Como a dopamina, além das sensações prazerosas, está relacionada com a
motivação, cognição, movimento e emoção, a superestimulação destes sistemas
ensina o indivíduo a repetir o comportamento de busca pela droga. O sistema nervoso
central possui conexões que garantem a repetição de atividades de manutenção da
vida associando essas atividades com prazer ou reforço (como comer, fazer sexo,
25
etc.). Quando o circuito da motivação e recompensa é ativado, o cérebro nota que
algo importante está acontecendo, que precisa ser lembrado e isso ensina a repeti-lo,
muitas vezes sem pensar. Como as drogas de abuso ativam esse sistema, é como se
elas estivessem “sequestrando” esse sistema e “enganando” os circuitos cerebrais
informando que algo importante para a manutenção da vida está acontecendo. Alguns
cientistas dizem que o abuso de drogas é algo que aprendemos a fazer muito bem
(NIH, 2007 apud MPP, 2008).
Essas ações agudas das drogas levam a alterações de membrana e
citoplasmáticas que geralmente são locais e passageiras. Mas elas levam a ativação
de fatores de transcrição da função gênica celular que possivelmente resultam em
mudanças funcionais e morfológicas duradouras (KOOB; SANNA; BLOOM, 1998
apud MPP, 2008).
Um dos fatores de transcrição afetados pelo uso crônico de drogas é o CREB
(cAMP-response-element-binding protein) o qual é expresso em todas as células do
cérebro e é essencial em processos que se iniciam na membrana e levam à alteração
na expressão gênica, ou seja, causa uma modificação no funcionamento das células
cerebrais alvos da droga, podendo assim alterar a função de neurônios
individualmente ou de circuitos neuronais como um todo (CARLEZON; DUMAN;
NESTLER, 2005 apud MPP, 2008).
O uso crônico de cocaína, anfetaminas ou opióides induzem a atividade do
CREB, enquanto álcool e nicotina diminuem sua atividade no núcleo accunbens,
apesar de aumentá-la em outras regiões. O aumento de atividade do CREB no núcleo
accunbens diminui as respostas comportamentais, enquanto a diminuição da sua
atividade aumenta essas respostas. O CREB também é induzido por reforços naturais
(como água com sacarose administrada a animais, e possivelmente na presença de
outros reforçadores naturais) (CARLEZON; DUMAN; NESTLER, 2005 apud MPP,
2008).
Outro fator de transcrição que é afetado pelo uso crônico de drogas é o ÄFosB.
É um fator de transcrição que tem um papel essencial em mudanças adaptativas de
longa duração no cérebro, associadas a diversas condições como adição,
aprendizado, doença de Parkinson, depressão e tratamento antidepressivo. Esse fator
26
de transcrição induz a expressão de várias proteínas da família Fos e que aparecem
em regiões específicas após a administração de várias drogas de abuso, mas
retornam aos níveis basais dentro de algumas horas. Com a administração crônica
dessas drogas, algumas destas proteínas se acumulam nessas mesmas regiões
cerebrais (McCLUNG et al, 2004; NESTLER; BARROT; SELF, 2001 apud MPP,
2008).
Além da via mesolímbica, que envolve o núcleo accunbens, outras regiões que
interagem com ela também se mostram importantes, como amígdala, hipocampo,
hipotálamo e várias áreas do córtex cerebral. Muitas dessas regiões estão associadas
aos sistemas de memória e aprendizado. A via mesolímbica, assim como as outras
regiões citadas, também estão envolvidas com as “adições naturais” como compulsão
por sexo e por jogo (NESTLER, 2005).
Resumidamente, poderíamos dizer que as drogas têm uma ação aguda no
sistema nervoso central da qual se destacam as suas propriedades reforçadoras e os
efeitos observados na intoxicação aguda. Essas ações são passageiras e não
determinam nem a adição nem a dependência, mas promovem a procura inicial pela
droga. Com o uso crônico da droga, ocorrem neuroadaptações, que durante um
período, que varia de droga para droga, de indivíduo para indivíduo e de situação para
situação, ainda são reversíveis e constituem o que se chama de fase de transição
para a adição. É nesta fase que o processo de aprendizado do uso da droga se
desenvolve e todos os estímulos relacionados ao uso estão sendo associados à
presença da droga. É também nesta fase que começam a aparecer os problemas
associados ao uso e que são importantes para motivar o usuário a diminuir ou parar
com o uso, pois nesse período as neuroadaptações ainda são relativamente fáceis de
serem revertidas, desde que o usuário esteja motivado a realizar a mudança do seu
padrão de uso.
Uma das alterações que ocorre nesta fase, é a adaptação do sistema de
recompensa. Como a liberação de dopamina está aumentada e outros
neurotransmissores também estão alterados pela presença da droga, as células
cerebrais se ajustam a esta nova situação, o que se chama de adaptação
homeostática. Essas alterações fazem com que a droga seja menos prazerosa, o
27
indivíduo se sente mal, deprimido, sem vida e fica incapaz de apreciar coisas que
anteriormente lhe davam prazer. Agora, ele necessita de maiores doses da droga para
produzir a ativação dos sistemas de recompensa, fenômeno conhecido como
tolerância. Somado a isso, o sistema nervoso central dele promoveu o aprendizado
do uso da droga e estímulos associados a esse uso adquirem a capacidade de
estimular o circuito de aprendizado fazendo com que a presença de algum destes
estímulos desencadeie a ativação do circuito levando o indivíduo à urgência de usar
a droga (fissura, craving).
Esses estímulos associados podem ser internos e externos ao indivíduo.
Estímulos internos que podem ser associados ao aprendizado de usar a droga são,
por exemplo, certas emoções que o indivíduo experimentava durante ou previamente
ao uso, como alegria, raiva, tristeza, depressão e outras. Estímulos externos
associados ao uso podem ser de várias naturezas, como a presença constante de um
amigo, alguma música ou som característico, luzes do ambiente de uso, local de uso
da droga, entre outros, que dependem da “história” do indivíduo. Esses estímulos
podem ser perceptíveis ao indivíduo ou não. Por exemplo, cita-se na literatura o caso
de um jovem que estava sob tratamento de dependência de cocaína aspirada e que
relatava que em certas ocasiões ele sentia uma forte fissura pela droga, mas não
conseguia identificar o estímulo desencadeante. Após algum tempo de terapia e de
observação do ambiente ao qual estava sendo exposto no momento da fissura, ele
percebeu que quando atravessava uma rua na faixa de segurança ocorria a fissura. A
faixa de segurança é constituída de linhas brancas com fundo escuro, similarmente
ao modo de uso da cocaína aspirada, no qual as “carreirinhas” são linhas brancas
num fundo escuro. Para o cérebro esses estímulos eram generalizados e ativavam o
circuito associado ao uso da droga, causando fissura, ou seja, necessidade urgente
de consumir a droga.
Com o uso continuado da droga, a perda de controle se instala, se
caracterizando a fase da adição. Nesta fase consolidam-se as mudanças adaptativas
da fase de transição, ocorre um redirecionamento de circuitos cerebrais e um aumento
da expressão gênica de proteínas que conferem a vulnerabilidade para a recaída.
Nesta fase o indivíduo necessita de ajuda de profissionais especializados e habilitados
28
para poder enfrentar as suas situações do dia a dia. Nesta fase, normalmente o
indivíduo já obteve muitas perdas: físicas, financeiras, sociais e psicológicas. Muitas
vezes transtornos psiquiátricos se instalam, ou já existiam antes do uso da droga,
complicando muito o quadro do paciente e sua recuperação. Reestruturar os seus
circuitos cerebrais dentro deste panorama bio-psico-social, readquirir motivação para
a mudança de comportamento e ainda atingir sucesso pessoal tornam-se tarefas
“inatingíveis”, e o indivíduo recai. Alguns medicamentos auxiliam no tratamento, mas
não existe “remédio” para essa fase, ainda. Somente a psicoterapia e o forte apoio da
rede social e familiar garantem o sucesso.
Muito se fala da baixa efetividade do tratamento de dependência/adição.
Acredita-se que cerca de 40 a 60% dos pacientes dependentes/adictos que procuram
tratamento se recuperam, quando se considera o primeiro ano de seguimento, mas
estas taxas caem ainda mais quando se acompanha o paciente por um período mais
longo. Pode-se dizer que são taxas baixas, mas quando se compara com outras taxas
de recaída de outras doenças orgânicas crônicas, nota-se que o panorama é parecido.
O jornal JAMA (Journal of the American Medical Association) publicou em 2000 uma
comparação das taxas de recaída de alguns problemas crônicos médicos mais
frequentes. Enquanto para drogadição as taxas de recaída estão entre 40 e 60%, para
diabetes tipo 1 estão entre 30 e 50% e para hipertensão e asma entre 50 e 70%. Isto
demonstra que o tratamento da drogadição, um problema crônico e altamente
estigmatizado, não é diferente de outros problemas crônicos que possuem baixa
estigmatização e que possuem vários programas implantados nos sistemas de saúde
do mundo todo (MPP, 2008).
29
7 MECANISMO GERAL DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Fonte: gazetainfo.com.br
30
tenha vindo do cigarro, álcool, maconha, cocaína ou heroína. Por isso, só produzem
dependência as drogas que de algum modo atuam nessa área. O LSD, por exemplo,
embora tenha uma ação perturbadora no sistema nervoso central e altere a forma
como a pessoa vê, ouve e sente, não dá prazer e, portanto, não cria dependência.
Vários são os motivos que levam à dependência química, mas o final é sempre
o mesmo. De alguma maneira, as drogas pervertem o sistema de recompensa. A
pessoa passa a dar-lhes preferência quase absoluta, mesmo que isso atrapalhe todo
o resto em sua vida. Para quem está de fora fica difícil entender por que o usuário de
cocaína ou de crack, com a saúde deteriorada, não abandona a droga. Tal
comportamento reflete uma disfunção do cérebro. A atenção do dependente se volta
para o prazer imediato propiciado pelo uso da droga, fazendo com que percam
significado todas as outras fontes de prazer.
A evolução criou, no cérebro, um centro de recompensa ligado diretamente à
sobrevivência da espécie. As abelhas, quando pousam numa flor e encontram néctar,
liberam um mediador chamado octopamina, neurotransmissor presente nas
sensações de prazer. Esses mecanismos são bastante arcaicos?
O sistema de prazer é muito primitivo. É importante para as abelhas e para os
seres humanos também. A droga produz efeito tão intenso porque age nesses
mecanismos biológicos bastante primitivos que representam uma armadilha
poderosa. Na verdade, provoca-se um estímulo forte que está mexendo com milhares
de anos de evolução, portanto, podemos dizer que a droga é um fenômeno
psicossocial amplo, mas que acaba interferindo nesse mecanismo biológico primitivo.
Muitos usuários garantem que a maconha é uma droga fácil de largar, que não
causa dependência. Isso é verdade?
Cada droga tem um perfil de dependência; a maconha não é muito diferente
das demais. Atualmente ela está dez vezes mais forte do que era há 30 anos. Por
isso, não é tão fácil afastar-se dela, principalmente se a pessoa começou a fumar na
adolescência, quando ainda era um ser em formação. O acompanhamento de
usuários de maconha, no ambulatório da Escola Paulista de Medicina, sugere
exatamente o contrário. As pessoas conseguem suspender o uso da droga durante
alguns dias, mas a vontade fica incontrolável e elas voltam a fumar os baseados.
31
No Carandiru, Dráuzio examinava rapazes com tuberculose que fumavam
cigarros de nicotina, de maconha e crack. Explicava-lhes que eles não podiam fumar
de jeito nenhum, porque seus pulmões estavam doentes, muito inflamados. Na
semana seguinte, eles lhe informam que conseguiram suspender o crack e a
maconha, mas o cigarro estava difícil. Isso se repetia nas semanas subsequentes.
Centenas de casos como esse, o convenceram de que o cigarro é mais difícil de largar
do que as outras drogas. É um exagero?
Fonte: www.clinicagaivota.com.br
33
farmacológico vai determinar o perfil dos sintomas de abstinência de cada pessoa. A
compulsão é menor naquelas que toleram a abstinência um pouco mais, e maior nas
que a inquietação é intensa diante do menor sinal da síndrome de abstinência.
Resumindo: a dependência química pressupõe o mecanismo psicológico de
buscar a droga e a necessidade biológica que se criou no organismo. Disso resulta a
diversidade de comportamentos dos usuários.
A maconha é um bom exemplo. Seu uso compulsivo hoje é maior do que era
há 20, 30 anos e, de acordo com as evidências, quanto mais cedo o indivíduo começa
a usá-la, maior é a possibilidade de tornar-se dependente. Como garotos de 12, 13
anos, e às vezes até mais novos, estão usando maconha, atualmente o problema se
agrava. Além disso, as concentrações de THC (princípio ativo da maconha)
aumentaram muito nos últimos tempos. Na década de 1960, andavam por volta de
0,5% e agora alcançam 5%. Portanto, a maconha de hoje é 10 vezes mais potente do
que era naquela época.
Diante disso, a Escola Paulista de Medicina sentiu a necessidade de montar
um ambulatório só para atender os usuários de maconha e há uma lista de espera
composta por adolescentes e jovens adultos desmotivados, que fumam 6, 7 baseados
por dia e não conseguem fazer outra coisa na vida. Isso não acontecia quando a
concentração de TSH era mais fraca e o acesso à droga mais restrito.
Quando se conversa com usuários de maconha de muitos anos, eles lastimam
que a droga tenha perdido a qualidade. Sua explicação prova exatamente o
contrário.Terão essas pessoas desenvolvido um grau de tolerância maior à droga?
Laranjeiras acha que a queixa é fruto de um certo saudosismo, uma vez que
há tipos de maconha, entre eles o skank, que chegam a ter 20% de THC. Na Holanda,
foram desenvolvidas cepas que contêm maior concentração desse princípio ativo, o
que faz com que a maconha perca a classificação de droga leve e se transforme numa
substância poderosa para causar dependência. Deve-se considerar, ainda, como
justificativa da queixa que o uso crônico causa sempre certa tolerância.
No Carandiru, a experiência de Varella mostrou que há quem fumasse um
baseado a cada 30 minutos. Uma droga que exija tal frequência de consumo pode ser
considerada leve?
34
Infelizmente não existem drogas leves, se produzirem estímulo no sistema de
recompensa cerebral. Em geral, as pessoas perguntam: mas se a droga dá prazer,
qual é o problema? O problema é que ela não mexe apenas na área do prazer. Mexe
também em outras áreas e o cérebro fica alterado. Diante de uma fonte artificial de
prazer, ele reage de modo impróprio. Se existe a possibilidade de prazer imediato, por
que investir em outro que demande maior esforço e empenho? A droga perverte o
repertório de busca de prazer e empobrece a pessoa. Comer, conversar, estabelecer
relacionamentos afetivos, trabalhar são fontes de prazer que valorizamos, mas não
são imediatas (VARELLA, 2006).
35
Na verdade, essa pessoa está doente. Seu cérebro está doente, com a
sensação de que não existe outro prazer além da droga. Isso acontece também com
o cigarro, uma fonte preciosa de prazer para os fumantes que adiam a decisão de
parar de fumar por medo de perdê-la. De fato, 30% dos fumantes, logo depois que se
afastam da nicotina, apresentam sintomas expressivos de depressão e precisam ser
medicados com antidepressivos.
O Relatório Mundial sobre Drogas - 2009, lançado pelo Escritório das Nações
Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mostra que o mercado global de cocaína,
opiáceos (ópio, morfina e heroína) e de maconha está estável ou em declínio,
enquanto a produção e o uso de drogas sintéticas estão em crescimento nos países
em desenvolvimento.
O relatório de 314 páginas, elaborado para o Dia Internacional contra o Tráfico
e o Abuso de Drogas, celebrado no dia 26 de junho, foi lançado em Washington pelo
diretor-executivo do UNODC, Antonio Maria Costa, e pelo recém nomeado diretor do
Gabinete de Política Nacional de Fiscalização das drogas (ONDCP, na sigla em
inglês) dos Estados Unidos, Gil Kerlikowske.
36
O índice médio de THC (o componente danoso da droga) observado na maconha na
América do Norte quase dobrou na última década. Essa mudança traz grandes
implicações à saúde, evidenciada por um aumento significante no número de pessoas
em busca de tratamento.
Em termos de consumo, os maiores mercados de maconha do mundo (América
do Norte, Oceania e Europa Ocidental), de cocaína (América do Norte e parte da
Europa Ocidental) e de opiáceos (Sudeste da Ásia e Europa Ocidental) estão estáveis
ou em declínio. Os dados dos países em desenvolvimento são menos confiáveis.
37
9.3 As rotas de tráfico estão mudando
Fonte: www.vivermentecerebro.com.br
38
são eles os responsáveis pelas maiores apreensões de opiáceos (ópio, morfina e
heroína). Em 2007, o Irã apreendeu 85% do ópio produzido no mundo e 28% de toda
a heroína. O Paquistão está na segunda posição em termos de apreensões de heroína
e morfina.
A fim de aperfeiçoar o intercâmbio de informações e a ação conjunta de
operações contra narcóticos, o UNODC desenvolveu uma iniciativa triangular entre o
Afeganistão, o Irã e o Paquistão. “Quanto mais ópio for apreendido no Afeganistão e
em seus vizinhos, menos heroína haverá nas ruas da Europa. E vice-versa: quanto
menos heroína for consumida no Ocidente, mais estáveis estarão os países da Ásia
Ocidental”, disse Costa.
39
O Diretor do Gabinete de Política Nacional de Fiscalização das drogas
(ONDCP) dos Estados Unidos, Gil Kerlikowske, disse: “O Relatório Mundial sobre
Drogas 2009 demonstra que as drogas são um problema que atinge a todos os países.
Todos nós temos a responsabilidade de enfrentar o abuso de drogas na nossa
sociedade. Internacionalmente, a administração Obama está comprometida em
expandir iniciativas de redução de demanda a fim de garantir que todos aqueles que
lutam para superar o vício tenham acesso a programas efetivos de tratamento,
especialmente nos países em desenvolvimento. Estamos aprendendo muito sobre a
doença da drogadição e sabemos que o tratamento funciona. Por meio de uma ação
abrangente de aplicação da lei, de educação, de prevenção e de tratamento, teremos
êxito em reduzir o uso de drogas ilegais e suas consequências devastadoras”.
40
de crime criados por eles mesmos”, disse o diretor do UNODC. Particularmente, ele
destaca que “os instrumentos atualmente usados para enfrentar a lavagem de dinheiro
e os cibercrimes são inadequados”.
Costa pediu também uma maior eficiência na aplicação da lei. Ele estimulou as
polícias a focar seus esforços em um número menor de criminosos com maior
influência e volume de ação do que em um grande número de contraventores de
menor potencial ofensivo. Em alguns países, a taxa de prisão por uso de drogas é de
até cinco vezes maior do que a por tráfico. “Isso é um desperdício de recursos da
polícia, e um desperdício de vidas jogadas nas cadeias. Devemos ir atrás dos peixes
grandes, não dos pequenos”, disse Costa.
Em um esforço para aumentar a transparência e a qualidade dos dados
relacionados às drogas, em 2009 o UNODC introduziu um espectro de variáveis nas
estimativas por país utilizadas no Relatório Mundial de Drogas. Para muitas regiões,
e para alguns tipos de drogas (como maconha e substâncias do tipo anfetamina) a
variação de estimativas é relativamente ampla, já que o acesso à informação é mais
limitado. “É fundamental que os governos se esforcem na coleta de informações. Isso
proporcionará uma análise mais precisa das tendências e, como resultado, melhorará
o enfrentamento às drogas”, disse Costa.
41
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