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O emaranhamento tem algo a ver com a “consciência do clã”. Existe uma consciência de
grupo que influencia todos os membros do sistema familiar. A este pertencem os filhos, os
avós, os irmãos dos pais e aquele que foram substituídos por outras pessoas que se
tornaram membros da família, por exemplo, parceiros anteriores (marido/mulheres) ou noivos
dos pais. Se qualquer um desses membros do grupo foi tratado injustamente, existirá nesse
grupo uma necessidade irresistível de compensação. Isso significa que a injustiça que foi
cometida em gerações anteriores será representada e sofrida posteriormente por alguém da
família para que a ordem seja restaurada no grupo. É uma espécie de compulsão sistêmica
de repetição. Mas essa forma de repetição nunca coloca nada em ordem. Aqueles que
devem assumir o destino de um membro excluído da família são escolhidos e tratados
injustamente pela consciência de grupo. São, na verdade, completamente inocentes.
Contudo, pode ser que aqueles que se tornaram realmente culpados, porque abandonaram
ou excluíram um membro da família, por exemplo, sintam-se bem. A consciência de grupo
não conhece justiça para os descendentes, mas somente para os ascendentes. Obviamente,
isso tem a ver com a ordem básica dos sistemas familiares. Ela atende à lei de que aquele
que pertenceu uma vez ao sistema tem o mesmo direito de pertencimento que todos os
outros. Mas, quando alguém é condenado ou expulso, isto significa: “Você tem menos direito
de pertencer ao sistema do que eu”. Essa é a injustiça expiada através do emaranhamento,
sem que as pessoas afetadas saibam disso.
Um exemplo bem extremo dado por Bert Helling para mostrar como isto acontece:
Há algum tempo, um advogado veio a mim completamente perturbado. Ele tinha pesquisado
em sua família e descobrira o seguinte: sua bisavó fora casada e estava grávida quando
conheceu outro homem. Seu primeiro marido morrera dia 31 de dezembro com 27 anos, e
existe a suspeita de que ele tenha sido assassinado. Mais tarde, essa mulher acabou por
não dar a propriedade que herdara do marido ao primeiro filho, mas ao filho do segundo
matrimônio. Isso foi uma grande injustiça. Desde então, três homens dessa família se
suicidaram no dia 31 de dezembro, na idade de 27 anos. Quando o advogado soube disso,
lembrou-se de um primo que acabara de completar 27 anos; e o dia 31 de dezembro se
aproximava. Ele foi, então, até a casa dele para avisá-lo. Este já havia comprado um revólver
para se matar. Assim atuam os emaranhamentos. Posteriormente, esse mesmo advogado
voltou a me procurar, em perigo eminente de se suicidar. Pedi-lhe que se encostasse numa
parede, imaginasse o homem morto e dissesse: “Eu o reverencio e você tem um lugar no
meu coração. Vou falar abertamente sobre a injustiça que lhe fizeram para que tudo fique
bem”. Assim ele se livrou do seu estado de pânico.
Na Constelação, trabalhamos os “emaranhamentos familiares”. No livro “Constelações
Familiares” (Cultrix), Bert Hellinger explica sua definição de emaranhamento.