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TERAPIA FAMILIAR

HISTÓRIA DA
TERAPIA FAMILIAR
• Nasceu nos anos 50 em diversos pontos dos Estados
Unidos.
• Se estruturou como resposta a necessidades sociais: o
aconselhamento familiar, os recursos comunitários e os
centros de saúde mental infantis, os modelos de
psicoterapia breve.
Uma assistente social, a conhecida Mary Richmond, a
autora da primeira descrição de uma interação familiar,
num caso público em 1908 e que relatava a história de uma
viúva com os seus quatro filhos.
De então para cá muito se avançou, sobretudo nos anos 60.
Na sua evolução, o movimento de Terapia Familiar foi influenciado por
diversos fatores:

1- PSICANÁLISE
Para Freud não era conveniente para o analista ocupar-se de vários membros
da mesma família. Durante sua vida parece ter apenas analisado um casal
(Strachey)

Psicanalistas posteriores como Jung e Adler elaboraram teorias


psicodinâmicas mais relacionadas com a família (tecido social).

Ericch Fromm e Harry Stack Sullivan (1947) desenvolveram novas dimensões


da psicanálise. Sullivan se preocupou com a psicoterapia da esquizofrenia
e com as relações precoces mãe-criança.
A publicação da obra de Bateson e Ruesch Comunication : The social
matrix of Psychiatric (1951);

A progressiva atenção sobre a ação entre os indivíduos (interação)

A formulação da Teoria Geral dos Sistemas - Administração (anos 60


por Bertalanffy)

PARADIGMA SISTÊMICO
TRABALHOS PIONEIROS EM TERAPIA FAMILIAR

• As investigações iniciais centravam-se essencialmente à volta da


comunicação normal e patológica na família e nas relações
existentes entre família e esquizofrenia.

• Os pioneiros foram diversos investigadores que trabalharam de


início isoladamente em vários pontos dos US mas que no fim dos
anos 50 começaram a se contactar, trocando as suas experiências.

• Entre os trabalhos mais significativos da época destacam-se: Nathan


Ackerman, John Bell, Lyman Wynne, Murray Bowen; Carl Whitaker;
o grupo de Palo Alto (Bateson, Haley, Weakland, Jackson e Satir e
Boszormenyi-Nogy).
INTERVENÇÃO EM TERAPIA
FAMILIAR
FAMÍLIAS E TERAPIA FAMILIAR

SAMPAIO, D.; GAMERO, J. Terapia Familiar. Porto:


Edições Afrontamento, 4ª edição, cap. 1, 1998,
p.7-12.
TERAPIA FAMILIAR
É um método psicoterapêutico que utiliza como meio de
intervenção sessões conjuntas com os elementos de uma
família.

A terapia familiar não é um modelo de


trabalho familiar que tem o propósito de
adaptar famílias a uma definição
pré-estabelecida.

A Terapia familiar processa-se através de encontros regulares


(com espaço de mais ou menos 15 dias) de um ou dois
terapeutas (sugerido) com uma família.
(p. 9 - 10)
A Terapia Familiar não trata de reunir numa
mesma sala indivíduos de uma família para
obter mais informações sobre o elemento
doente.

Em Terapia Familiar quando existe um elemento


portador de um sintoma psicológico (membro
sintomático) ele deve ser tratado, sempre que
possível, em sessões conjuntas com a sua
família = universo relacional.
TERAPEUTA FAMILIAR
Agente catalisador que através da sua ação vai provocar
um “desequilíbrio transitório” (atuar na homeostasia)
na vida familiar, de modo a que o grupo familiar possa
criar uma nova estrutura de funcionamento e um novo
modelo relacional (transformação).

O terapeuta familiar necessita de uma especialização,


específica e prolongada (formação) do qual faz parte
integrante, inclusive, o estudo da sua relação com a
própria família.
(p. 11)
MODELOS DE INTERVENÇÃO EM
TERAPIA FAMILIAR

SAMPAIO, D.; GAMERO, J. Terapia Familiar.


Porto: Edições Afrontamento, 4ª edição, cap. 1,
1998, p. 41- 80.
Classificação dos modelos de
intervenção em Terapia Familiar

1) Perspectivas psicanalíticas

2) Perspectivas transgeracionais
- perspectiva de Murray Bowen
- perspectiva simbólico-vivencial de Carl Whitaker

3) Perspectiva estrutural (Salvador Minuchin)


4) Perspectivas estratégicas
- perspectiva do Mental Research Institute (Palo Alto)
- perspectiva de Jay Haley
- Escola de Milão

5) Perspectivas comportamentalistas
MODELOS DE INTERVENÇÃO EM
TERAPIA FAMILIAR

SAMPAIO, D.; GAMERO, J. Terapia Familiar. Porto:


Edições Afrontamento, 4ª edição, cap. 1, 1998, p. 41- 80.
PERSPECTIVAS
TRANSGERACIONAIS
Perspectiva Transgeracional
A perturbação de uma família que procura a terapia tem sua raiz
em fatos passados que constituem a história natural da família e
que são transmitidos de geração em geração.

A perspectiva transgeracional é uma análise de transmissão da


cultura familiar de uma geração para outra, englobando padrões,
estilos, costumes, segredos, mitos e problemas que determinam o
caráter único de uma família.

(p. 42)
PERSPECTIVA MULTIGERACIONAL DE
MURRAY BOWEN
BOWEN (Anos 50) – iniciou seu trabalho clínico com
famílias de doentes internados em instituições
psiquiátricas.

Trabalhou num projeto de investigação sobre a


esquizofrenia em que os jovens eram internados em
conjunto com as suas mães numa área do hospital
reservada.

Verificou que muitos dos efeitos benéficos do tratamento


eram prejudicados pela constante interferência dos
elementos da família que permaneciam afastados do
hospital – Bowen passou a envolvê-los nas sessões.
(p.45)
Bowen não considera a terapia terminada
quando o problema que trouxe a família à
consulta está sintomaticamente resolvido.

A ação terapêutica deverá continuar até que


cada elemento da família adquira
autonomia e maturidade.

(p. 46)
CONCEITO DE TRIÂNGULO (p. 48)
Triângulo emocional = configuração emocional que envolve
três pessoas e que é considerada como base de qualquer
sistema emocional, incluindo o familiar. Ex: triângulo
clássico- pai-mãe-filho

O processo de triangulação pode continuar indefinidamente


dentro do sistema, até atingir um ponto em que já não é
possível envolver mais pessoas; é nessa altura que uma
família pode “triangular” um técnico de saúde mental, por
exemplo.

Na situação terapêutica, e na perspectiva de Bowen, o


terapeuta deve evitar ser “triangulado”.
O PROCESSO DE TRANSMISSÃO MULTIGERACIONAL (p. 50)
Passagem do processo de projeção familiar de geração
para geração

A compreensão da problemática atual de uma família tem


suas raízes nas gerações anteriores.
CORTE EMOCIONAL (p. 50)

Bowen encoraja os elementos da família a restabelecer laços


com as suas famílias de origem = alterar o processo de corte
emocional.

A terapia familiar só é bem sucedida se cada indivíduo fizer uma


reavaliação pessoal da sua relação com seus antepassados, de
modo a procurar estabelecer elos significativos entre o que se
passou na sua relação com eles e as dificuldades atuais.
POSIÇÃO DE FRATRIA (p. 51)

Fratria- conjunto de pessoas unidas por descendência, ligados por


um antepassado comum (Dicionário Aurélio).

Que características de personalidade são devidas à posição na


fratria em que se nasce e se é educado.

Ex: Filho mais novo = “Juninho” = dependente? Mimado? Pouca


iniciativa ? Primeiro filho “sofre mais”...
Processo Terapêutico (p. 52)
Aplicação na prática dos oito conceitos.

Sessões: muitas vezes sem a família completa. O terapeuta trabalha


com uma ou duas das pessoas envolvidas no triângulo (casal, só
o pai ou só a mãe)

Objetivo: Identificar os padrões originados no passado que


mantém presas as pessoas no seu dia-a-dia, de modo a torná-las
autônomas.
Descobrir um padrão repetitivo, transmitido de geração em
geração e, se possível, alterá-lo.
Processo Terapêutico (p. 52)
As sessões desenrolam-se à volta de um genograma que se
desenvolve para o passado e a partir de um indivíduo ou de um
casal como ponto focal.
Funções do terapeuta (p. 52-53)
1- Definir a relação entre o casal : procura baixar o nível de ansiedade
fazendo com que todas as comunicações passem por si, de modo a que
cada elemento do casal interaja apenas entre eles e com o terapeuta.
Comunicação sem sucesso = famílias disfuncionais.

2- Manter-se “não triangulado” : conservando-se num registro apenas


verbal; fazendo um comentário aparentemente descomprometido, o
terapeuta evita envolver-se na situação de tensão.

3- Clarificar à família o funcionamento dos sistemas emocionais : a partir


do GENOGRAMA o terapeuta clarifica aspectos do sistema emocional
da família em terapia = contexto pedagógico.

4- Estimular a formação do self sólido (diferenciação) em cada elemento:


costuma acontecer durante o processo de terapia mas deve ser um
objetivo a atingir.
Treino para o terapeuta(p. 53)

Análise sistemática do genograma da família em terapia.

Apoio dado pelo terapeuta ao processo de diferenciação do self dos


elementos da família.

O terapeuta terá que reanalisar as suas relações com a própria


família de origem antes de trabalhar com famílias em terapia.
O genograma como recurso no
espaço conversacional terapêutico
(ARTIGOS CIENTÍFICOS)
KRUGER, L. L.; WERLANG, B. S. G. O genograma como recurso
no espaço conversacional terapêutico. Aval. psicol., Porto
Alegre , v. 7, n. 3, dez. 2008.

CORREIA, E. C.; MARTINS, G.T. Genograma: um


instrumento de Saúde Mental. Revista das Faculdades
Santa Cruz, v. 7, n. 2, julho/dezembro 2009.
GENOGRAMA
Definido como um desenho gráfico da vida em família.

Instrumento de avaliação e intervenção que proporciona


uma aproximação com o “tecido de transmissão
familiar”, ou seja, com as heranças simbólicas recebidas
e transformadas pelas novas famílias, que vão sendo
levadas de geração em geração.

• As histórias contadas, através do genograma, integram o


patrimônio relacional das famílias.
GENOGRAMA
Objetivo terapêutico:
O trabalho através da construção do genograma familiar,
busca deslocar o foco do levantamento de informações e
de dados para a geração de novos significados nas
experiências vividas que possam ser agregadas às histórias
da família.

Fundamento da abordagem terapêutica: através de


encontros conversacionais, auxiliar as pessoas a
vislumbrar novas histórias.

Não qualquer história, mas sim uma nova narrativa que


encontre sentido no contexto histórico daquela família.
Vantagens do Genograma
Nos permite:

1. Observar e analisar barreiras e padrões de


comunicação entre as pessoas;
2. Explorar aspectos emocionais e comportamentais
em um contexto de várias gerações;
3. Auxiliar os membros da família a identificar aspectos
comuns e únicos de cada um deles;
4. Discutir e evidenciar opções de mudanças na família;
5. Trabalhar e prevenir isolamentos e rompimentos
entre membros da família
Os traçados básicos do genograma foram
definidos utilizando figuras que representam
as pessoas e linhas que descrevem suas
relações.

As primeiras (figuras) referem-se a símbolos


para representação de gênero (masculino e
feminino), datas de nascimento e falecimento,
gravidez e abortos espontâneo e provocado.
Estudo de caso
Ao realizarmos a leitura gráfica do genograma estrutural, encontramos três gerações
familiares.

O casal João (70 anos) e Maria falecida aos 56 anos por câncer intestinal, correspondem a
1ª geração familiar, e são encontrados na 1 ª linha vertical do genograma.

A Paciente Identificada PI, a qual denominamos como Mara, é a filha mais nova do casal de
uma prole de quatro indivíduos: Pedro (38 anos), Ana (falecida aos 37 anos), e Paulo (38 anos),
onde ambos correspondem a 2ª geração familiar.

A 3ª geração é composta pelos descendentes de Mara (filhos), oriundos de seus


relacionamentos: Bia (9 anos), Mateus (4 anos) e Julia (1 ano).

Sobre o aspecto funcional do genograma, pode-se identificar de forma cronológica diversos


fatores do histórico de vida de Mara, que podem estar contribuindo consideravelmente para
seu atual quadro psíquico: Transtorno Depressivo.

Mara tem 36 anos de idade, três irmãos; o genograma não traz muitos fatos sobre a infância
da PI, mas através da percepção da mesma há relatos de um pai alcolista e violento;

Mara casou-se aos 20 anos com José (40 anos) no ano de 1993, o qual era agressivo e fazia
uso abusivo de álcool; teve sua primeira gestação após 2 anos de união conjugal (1995), em
que optou pela interrupção da gestação provocando aborto.
Sua segunda gestação foi em 1997, que desta vez sofreu aborto espontâneo. No ano de
2000 com sua terceira gestação houve o nascimento de sua primeira filha Bia.

Em 2003, há rompimento de seu relacionamento conjugal (com duração de 10 anos)


devido a descoberta de traição por parte de José.

Mara casa-se com Antonio (28 anos) e em seguida tem sua quarta gestação e o
nascimento de Mateus (04 anos).

Neste mesmo período sua irmã Ana comete suicídio por enforcamento, fato este que nos
permite identificar aspectos hereditários para Transtorno Mental.

Em 2007, ocorre o falecimento de sua mãe, a qual mantinha em laço afetivo próximo e
intenso, onde Mara relaciona o fato com a potencialização dos sintomas depressivos.

No ano de 2008, de sua quinta gestação, nasce Julia (1 ano) e potencializa problemas de
relacionamento familiar em família nuclear.

Identifica-se que Bia tem problemas de relacionamento com Antonio (padrasto) e com a
aceitação de sua irmã Julia .
PERSPECTIVA SIMBÓLICO-
VIVENCIAL DE CARL WHITAKER
Carl Whitaker – licenciou-se em
Medicina nos USA em 1936.

Teve treino pessoal em psicoterapia


de grupo.

Foi influenciado também pela


Psicanálise.

Faleceu em 1995.
“Não faço terapia familiar, sou terapeuta familiar”.
“Terapia familiar não é mais uma técnica de intervenção em saúde
mental, mas uma visão diferente dos problemas”.

Parte de uma noção de família saudável, a partir da sua


experiência pessoal de homem casado, com cinco filhos,
fortemente influenciado pelos seus pais e também a partir do
contato com famílias na sua prática de 40 anos.

Procurando definir as características de uma família não


disfuncional (SAUDÁVEL), Whitaker vai lançar as bases do seu
modo de atuar.

Não vai impor um “modelo familiar” a quem o procura, não tenta


ilustrar à família aquilo que a “afasta da norma”
Características de uma família saudável
(Whitaker, 1981)
1- A família tem uma noção de conjunto – trata-se de um
conjunto integrado mas que não pode impedir a noção de
indivíduo (fusão x individualização).

2- Cada elemento da família contacta com uma “família


intrapsíquica de 3 ou 4 gerações” - sensação de
continuidade + visão transgeracional da passagem de
valores familiares.

3- Existe uma barreira intergeracional – pais não são filhos e


filhos não são pais. É necessária a delimitação dos
subsistemas e fronteiras.
4- Há grande liberdade e flexibilidade na escolha de papéis
familiares. Ex: filho ler história + pai escuta história e brinca
no chão + mãe brinca de fazer comida para a boneca +
filha frita bifes para o jantar. Mais tarde os papéis
tradicionais são retomados.

5- A distribuição do poder dentro da família é flexível


(renegociar papéis e regras a partir de experiências)

6- A família é capaz de brincar em conjunto.


7- A família continua a crescer, mesmo que tenham existido
acontecimentos desagradáveis. É capaz de notar a
passagem do tempo e modificar a sua maneira de estar.

8- Os problemas são resolvidos através de um diálogo franco


e aberto. Envolve a análise e reflexão de mitos, regras,
esperanças e realizades do dia-a-dia.

9- A família passa por crises de identidade. A “frustração” é


útil para acelerar a mudança.

10- A família é um sistema aberto influenciado pelo que se


passa na sociedade à sua volta e em contínua evolução.
Processo Terapêutico
1ª FASE

Pedido de terapia feito pela família ou por um dos seus


membros.

O primeiro contato é feito por telefone: ficha de pedido de


terapia preenchida pela recepcionista : dados geográficos +
composição da família nuclear + quem envia a família
Terapeuta chama para a sessão todas as pessoas que vivem em
conjunto

1ª entrevista: inicia-se com a família presente, começando com


o terapeuta por pedir ao pai: “diga-me como é a família”.

Percorre todos os elementos e obtém diferentes respostas para a


mesma pergunta que dão a ideia de “funcionamento da
família”.

A mãe deve ser deixada para o fim = peça mais importante.


Nas primeiras sessões dá-se a “batalha pela estrutura” – o
terapeuta deve definir como vai trabalhar, quem são os
elementos da família necessariamente presentes, presença de
co-terapeutas, etc.

O terapeuta é quem define as regras do processo terapêutico.

É preferível não prosseguir uma terapia se a estrutura


conseguida não é mais favorável para o desenvolvimento do
processo terapêutico.
Depois de estruturada a intervenção, o terapeuta deve levar a
família a definir claramente a sua vontade de mudar – batalha
pela iniciativa.

O terapeuta diz:
“Eu quero participar, mas não os quero passivos “.

O terapeuta não pode ser responsável pela não participação de


elementos da família, podendo dizer, por exemplo, de um
modo paradoxal:
“ Que sorte hoje estarem tão calados, acabou de sair uma
família que me deixou muito cansado, onde todos falaram
muito e a sessão foi muito libertadora...”
A terapia só prossegue se a família o pretende.
“Querem voltar? Marcamos já outra hora ou preferem pensar e
telefonar depois?”

Algumas famílias interromperam a terapia ao fim de 4 ou 5


sessões. Whitaker considera que este pode ser um movimento
saudável de crescimento por parte da família.

Estudos mostram reorganizações importantes nos grupos


familiares a partir de apenas uma sessão.
Crianças – são chamadas a participar ativamente das entrevistas
(ou através do uso de metáforas acessíveis à sua idade ou com o
uso de jogos existentes na sala).

Whitaker utiliza : bolas, sticks de baseball (batacas), puzzles,


desenhos e fotografias de jornais ou revistas.
Co-terapeuta: (p. 59)

É mais fácil lidar com a ansiedade e a tensão que uma sessão


provoca quando se está acompanhado.

Vantagens:
- Troca de posições (imersão no sistema x afastamento)
- Permite maior criatividade
- Liberdade administrativa
- Partilha de responsabilidade
- Honestidade sobre o cansaço, raiva e sentimentos pessoais
- Discussões no intervalo e na preparação das sessões.
2- FASE MÉDIA DA TERAPIA (p. 59)

Terapeuta deve evitar ser englobado (triangulação) no sistema


familiar ou tornar-se muito distante;

Podem ser partilhados com a família sentimentos pessoais e


experiências anteriores de outras sessões;

Exemplo: Esquizofrênico – “Eu sou “Jesus Cristo”


Terapeuta: “Ok, aqui temos JC! Mas não sei quem são os
outros, nem o porquê de estarem aqui...”
Irmã do doente – “Eu sou Maria Madalena”
Técnicas específicas desta fase do processo
terapêutico (p. 60)
1-Os sintomas são definidos como esforços
de crescimento

Exemplo 01 - A mãe acusa o pai de infidelidade:


Whitaker: “ Ambos devem ter sentido necessidade absoluta de fazer
qualquer coisa pelo casamento, que estava a esfriar. O pai deve ter sido
escolhido, implicitamente, pelos dois, para aumentar a temperatura do
casal”.

Exemplo 02- Um jovem fica muito tempo em casa, sem conviver com
outros adolescentes.
Whitaker: “É ótimo como você se preocupa em fazer companhia e em
animar a tua mãe, agora que o teu pai mudou de emprego e chega mais
tarde em casa”.
Técnicas específicas desta fase do processo
terapêutico (p. 60)
2- Podemos modelar fantasias alternativas às situações
reais de stress

“Em vez de tentar o suicídio de novo, por quê não tenta


matar-me? E se o fizer, que método vai usar? Com uma
facada nas costas ou um tiro de frente?”

Isso permite aumentar sentimentos agressivos latentes


sem o medo de violência reais.
Técnicas específicas desta fase do processo
terapêutico (p. 60)
3- Transformar os receios intrapessoais em fantasias
interpessoais

“Se você se matar, quem vai chorar mais? Quem levará flores ao
seu enterro? Acha que o retrato ficará na sala? Quanto tempo
depois a sua mulher arrumará outro homem? Como os seus
filhos irão se relacionar com o padrasto ?”

Esta manobra permite melhorar a comunicação dentro da


família ao tornar claro que muitos sentimentos latentes não
são tão destruidores como a pessoa os tem, e sozinha, pode
imaginar.
Técnicas específicas desta fase do processo
terapêutico (p. 60)
4- Aumentar o desespero de um membro da família
e
clarificar a revolução latente na família

Servem para aumentar a tensão na sessão terapêutica,


desequilíbrio necessário à mudança

“John, quando o seu pai deixar a casa e for viver com a secretária,
você será capaz de ser o homem da tua mãe, ou acredita que
ela terá que chamar para junto de vocês o amigo do bridge?”
Técnicas específicas desta fase do processo
terapêutico (p. 60)
5- A família deverá ser ajudada a brincar, criando na sessão um
contexto de jogo

O jogo é universal, é saudável e facilita o crescimento.

Pode-se brincar a partir de um sonho de um elemento da família,


fazendo-o partilhar com os outros membros e trabalhando a
sua posição na família a partir daí.
6- Deve-se procurar aumentar as relações da família com a
comunidade e com as famílias de origem
aumentar o sentimento gregário da família
reunião na mesma sala com a família extensa (origem de ambos
os pais)

alarga o campo de intervenção

torna mais criativo o processo terapêutico

Não se pretende introduzir alterações na geração de avós, mas


apenas fazê-los contribuir para o processo de mudança que
está a ocorrer na nova família.
A entrevista acontece sem tema prévio e de uma forma não
estruturada, procurando uma “contribuição de afeto para a
terapia”.

Sempre que por qualquer motivo o processo terapêutico tenha


caído num impasse, Whitaker chama um colega externo ao
sistema, fazendo uma sessão de consulta (supervisão).
3- FASE FINAL DA TERAPIA (p. 62)

A família começa a funcionar sozinha nas sessões, os filhos


começam a ter dificuldades em estar presentes. Alguém fala do
fim da terapia.

É o fim do processo em terapia: a família foi apoiada no início,


como um bebê que aprende a andar. Lutou pela sua
individualização, cresceu. Agora é um jovem adulto que pode
caminhar sozinha.

As intervenções terapêuticas são agora raras (processo de alta); o


terapeuta começa a separar-se da família.
Se o processo terapêutico foi: (p. 62)

❑ suficientemente rico;
❑ se cada elemento da família conseguiu uma experiência de
crescimento;
❑ se foi possível transmitir à família a importância da sua unidade
❑ Se foi dado a cada membro a sua liberdade de escolha

o fim da terapia é uma experiência gratificante


para a família e para o terapeuta
Treino em Terapia familiar (p.62)

Todo terapeuta familiar deve ter uma experiência como


“doente”, sendo preferível trazer sua família a uma ou duas
sessões com o terapeuta supervisor para poder ter a
dimensão da terapia familiar do lado dos clientes.

O ideal seria que todo terapeuta familiar fizesse terapia


familiar.

No seu treino cotidiano, o candidato a terapeuta familiar pode


fazer a sua aprendizagem trabalhando em co-terapia com
um colega mais experiente.
TERAPIA ESTRUTURAL (p. 63)
(Salvador Minuchin)
Nasceu em 1921 na Argentina e radicado nos USA
Abandonou nos anos 60 a sua prática psicanalítica para
elaborar uma perspectiva de terapia familiar que
denominou Terapia Estrutural.
ESTRUTURA FAMILIAR = conjunto invisível de
necessidades funcionais que organiza o modo como
os elementos da família interagem.

Através de transações repetidas ao longo dos anos,


estabelecem-se padrões de interação que se tornam
verdadeiras leis de conduta para os diversos
elementos da família.

(p.63)
Objetivo (p. 63)

Alterar a disfuncionalidade da família, através da


criação, pelo terapeuta, de um contexto que leva a
família a reorganizar-se de um modo diferente.

SINTOMA: produto de uma organização disfuncional do


sistema familiar, de modo que se conseguirmos
tornar essa organização mais “funcional” o sintoma
desaparecerá.
Nas famílias disfuncionais há frequentemente alterações dos
LIMITES. (p. 64)
Exemplo: situação em que certos elementos da família invadem as
funções (papéis) que pertencem a outros.

FAMÍLIAS AGLUTINADAS: com limites difusos, não permitindo a


individualização dos elementos da família (estruturas familiares
psicossomáticas)

FAMÍLIAS DESAGREGADAS: os limites aparecem excessivamente


marcados, não permitindo trocas afetivas e vivendo cada membro
da família afastado do conjunto familiar.

A clareza e a permeabilidade dos limites numa família demonstra o


seu funcionamento familiar.
Terapia Familiar Estrutural (p.64)

▪ Ativa
▪ Terapeuta intervém em transações determinadas,
características da estrutura familiar (organização e
interações entre membros)
▪ Pretende-se que o sistema entre em contato com as
mudanças estruturais iniciadas na sessão terapêutica,
desencadeadas a partir de intervenções que o terapeuta
executa, de modo a tornar claras as alterações funcionais
relacionadas com o problema que leva a família à
terapia. Exemplo: local onde cada membro senta;
membros isolados, etc...
Terapia Familiar Estrutural (p. 64)
As intervenções, através de uma manobra técnica do
terapeuta deve levar a uma alteração na estrutura das
transações no sistema = ecoará profundamente na
estrutura do problema.

CONTEXTO TERAPÊUTICO (através da ação)


❖ Explorativo
❖ De experimentação
❖ Aprendizagem
FASES DO PROCESSO TERAPÊUTICO

1. Fase do contato inicial com a família

2. Fase do desafio ao sintoma

3. Fase do desafio à estrutura

4. Fase de desafio à realidade familiar

5. Fase de reestruturação
1- Fase do contato inicial com a família
(p. 65-66)
Existem 3 técnicas específicas para esta fase da terapia estrutural:

1- O terapeuta deve seguir a pista fornecida pela família


É importante que o terapeuta não perca o controle da sessão.

2. Acomodação: o terapeuta reúne-se à família relacionando-se


de acordo com padrões de transação desta, aceitando de um
modo geral dos canais de comunicação apresentados.

3. Mimetismo: o terapeuta torna-se semelhante à família na fase


inicial da terapia, fazendo comunicações que a não hostilizem.
2- Fase do desafio ao sintoma
(p. 67)

O terapeuta procura uma redefinição do problema,


enquadrando-o numa perspectiva diferente = mostrar aos
seus clientes uma nova visão das questões, que passa
pelo envolvimento e responsabilidade de todos.

O terapeuta deve ser ativo e questionar claramente a


realidade apresentada = LANÇAR UM DESAFIO
O DESAFIO poderá ser feito através dos seguintes
procedimentos: (p. 67)
1- FOCAGEM : o terapeuta deverá escolher, entre as questões que lhe
são apresentadas, aquelas que irá salientar em primeiro lugar
(hierarquia).

2- AUMENTO DA INTENSIDADE: é provável que a família não aceite o


foco escolhido e continue a apresentar problemas ou indo por
atalhos. É necessário que o terapeuta aumente a intensidade das
suas intervenções, repetindo as suas mensagens e não deixando
perder a sua linha de ação.

3- DEMONSTRAÇÃO : procedimento básico na terapia estrutural. Se a


família através de um dos seus elementos faz um relato de uma
discussão havida em casa entre o pai e a mãe, imediatamente o
terapeuta a faz executar perante si, recriando a situação no contexto
da sessão terapêutica.
3- Fase do desafio à estrutura (p. 68)
Objetivo desta fase: desafiar a definição familiar de papéis e
funções.
1- CRIAÇÃO DE LIMITES:
O terapeuta tenta delinear limites entre 3 ou mais pessoas,
tornando claras alianças e coligações (2 pessoas unidas contra
uma terceira). Procura que encontrem solução dentro do próprio
sub-sistema; podem ser criados limites na própria sessão através
de um re-arranjo espacial na sala de atendimento.

2- DESEQUILÍBRIO DO SISTEMA:
Procura-se mudar a relação hierárquica dos membros de um sub-
sistema, através de manobras táticas como a de ignorar um
membro da família (exclusão) ou entrar em coligação contra certos
membros (aliança).
4- Fase de desafio à realidade familiar
(p. 68)
O terapeuta seleciona da própria cultura familiar as metáforas
(sentido figurado) que simbolizam a sua realidade estreita,
usando-as como direção de mudança.

Importante- O terapeuta deverá sempre estar atento às verdades


enunciadas pela família, os seus mitos e crenças, de modo a poder
aplicá-los em situações de impasse. Assim, evita-se que a família
rejeite as frases do terapeuta, pois pertencem à própria cultura
familiar.

Exemplo: Se os pais estiverem muito tempo definindo-se como os responsáveis por


tudo que se passa em casa, o terapeuta em relação à autonomia de um filho: “
uma vez que são pais responsáveis, certamente darão ao seu filho a possibilidade
de crescer com autonomia, fazer suas escolhas e responsabilizar-se”.
5- Fase de reestruturação(p. 69)
Procura-se numa recomposição do sistema uma modificação
estrutural = OBJETIVO DA TERAPIA

O terapeuta deve possibilitar a construção pela família de um novo


padrão de funcionamento, ajudando-a a acentuar diferenças,
desenvolvendo e procurando que a família solucione conflitos
implícitos e bloqueando padrões transacionais patológicos.

A Terapia Estrutural decorre segundo 3 momentos:


O terapeuta:
1- entra em contato com o sistema familiar;
2- Avalia a estrutura familiar subjacente
3- Cria condições para que a família proceda à transformação dessa
estrutura
PERSPECTIVAS
ESTRATÉGICAS (p. 69)
PERSPECTIVAS ESTRATÉGICAS (p. 69)
Estratégico – qualquer forma de terapia em que o terapeuta, de um
modo ativo, elabora intervenções dirigidas à resolução de problemas.

Paul Watzlawick Jay Haley Maurizio Andolfi


(Escola de Palo Alto)
Os terapeutas estratégicos começam a partir de um problema
muito específico, relacionado com o pedido da família.

Não é apenas o sintoma que interessa a esses terapeutas.

Há padrões transacionais específicos que mantém a cadeia


sintomática, sendo muitas vezes o problema mantido pela
própria “solução” utilizada.

Assim como há comportamentos que tendem a fazer cessar o


problema, também existem comportamentos que o mantém.

O terapeuta estratégico procura detectar a cadeia de interações


que perpetua o comportamento sintomático.
(p. 69-70)
O estratégico dá grande importância à redefinição = reenquadrar
a situação de modo a ela poder ser percebida de outro modo.

O terapeuta pode terminar a sessão prescrevendo uma mudança


no comportamento , às vezes através de uma comanda
precisa, muitas vezes PARADOXAL (contrária à que se espera).

Se através desta manobra os clientes anunciam que o seu


problema está resolvido, o terapeuta estratégico considera que
a parte principal do seu objetivo está cumprida = intervenção
breve e dirigida à resolução do problema.

(p. 70)
Perspectiva pragmática: não se perde tempo recolhendo
informações de caráter histórico que depois não é utilizada na
terapia. Não se interessa pela história familiar do marido e da
mulher, relações com os filhos, infância de cada um.
O terapeuta estratégico olha para o contexto do problema apenas o
tempo necessário para o resolver;
Os estratégicos definem com seus clientes, muito objetivamente,
aquilo que eles querem resolver, estabelecem um contrato breve
e trabalham ativamente na resolução dos problemas definidos.
O objetivo da escola estratégica não é modificar o funcionamento
global da família, não sendo fundamental ter
todos os elementos presentes na sessão.
JAY HALEY é hoje em dia um dos autores mais
conhecidos trabalhando numa perspectiva
Estratégica. (p.70)
PERSPECTIVA DE PALO ALTO (p. 72)
Esta abordagem nasceu em Palo Alto (Califórnia – anos 50) e tem
hoje o seu desenvolvimento no Mental Research Institute
(M.R.I.) no mesmo local.
Os problemas psiquiátricos resultam do comportamento entre
pessoas, no contexto de uma organização particular como a
família.

A terapia é centrada a partir de fenômenos observáveis na sessão.

BATESON foi o primeiro a utilizar o modelo cibernético para


descrever o conceito de homeostasia familiar.

(p. 73)
Processo terapêutico (p. 75)
O diagnóstico familiar define o problema como uma sequência de
atos entre pessoas vivendo no seio de uma família e
influenciando-a.

Desta sequência repetitiva de comportamentos resultam regras


que os determinam, desenvolvidas durante um longo período de
tempo.

As regras serão o centro da elaboração diagnóstica e da ação


terapêutica.

Watzlawick: “ a quebra do funcionamento familiar ocorre quando


as regras se tornam ambíguas”.
Objetivo da terapia (p. 75)

Clarificar as regras familiares, começando por observar o que se


passa no sistema em interação, como este continua a funcionar
(homeostasia) e como é possível introduzir a mudança
(transformação)

Depois da sua observação inicial, a função principal do terapeuta é


provocar mudança na sequência interativa que mantém o
sistema.
Função do terapeuta (p. 75)

O terapeuta é um outsider (“forasteiro”) capaz de levar o sistema a


fazer aquilo que sozinho não consegue, justamente uma
mudança nas suas regras.

Para ser terapêutica, a comunicação terá que transcender as regras


de comunicação existentes.
INTERVENÇÃO (p. 76)
1- Reforçar o comportamento que o paciente espera ver alterado.

2- O reforço é o veículo da mudança.

3- Criar um “paradoxo” que vem no fim de uma dedução correta a


partir de premissas corretas onde a escolha não é possível, visto
que se diz ao doente para mudar permanecendo na mesma.

4- A situação terapêutica evita que o paciente se retire, e a


intervenção tem um valor pragmático: o doente não pode reagir,
mas também não pode reagir da sua maneira habitual,
sintomática.
A abordagem terapêutica é é colocada na situação imediata,
dirigida para o AQUI e AGORA da sessão, procurando despistar
as cadeias de interação que perpetuam o comportamento
sintomático.

Não interessa fazer grandes pesquisas sobre a história da família,


porque se entende que uma vez tomada clara uma sequência
interativa, podemos pontuá-la de maneira diferente, levando a
uma mudança – modificação da lei de composição interna que
governa o sistema na sua totalidade.

Trata-se de uma mudança a um nível mais elevado, visando as


meta-regras (regras das regras) e capaz de gerar uma mudança
de fato duradoura.
A ESCOLA DE MILÃO – p. 76
(Mara Selvini Palazzoli e colaboradores)
Mara Palazzoli - iniciou suas atividades na Escola de Milão a
partir de 1968.
Embora fortemente influenciado pelo Grupo de Palo Alto, o
grupo de Milão ganhou cedo autonomia e a sua escola
constitui hoje um corpo de doutrina de grande importância
para o desenvolvimento futuro da terapia familiar, tanto na
Europa como nos USA.
O seu modo de trabalhar traduz grande rigor e para alguns
autores é dos poucos que merece corretamente a designação
de “sistêmico”.
Para o Grupo de Milão é necessário abandonar a causalidade
linear.
(p. 77)
CONOTAÇÃO POSITIVA (p. 78)

É a prescrição do sintoma ao paciente identificado, na linha de uma


intervenção terapêutica paradoxal.

A redefinição positiva do sintoma ligado aos outros comportamentos


dos familiares é o centro da prescrição paradoxal.

A intervenção não pode ser centrada apenas no paciente (intervenção


linear)pois devemos considerar todos os aspectos de todos os
comportamentos familiares em relação com o comportamento
sintomático
O Grupo de Milão prescreve não só o comportamento
sintomático, mas também os comportamentos e
configurações relacionais mais vastos ligados ao problema em
causa.

A prescrição feita no fim de cada sessão por meio de uma


instrução paradoxal, dos comportamentos = tem a função de
provocar na família uma reação, limita o campo de
observação e dá elementos novos para a próxima sessão.

Exemplo: A prescrição pode envolver a indicação de algum


comportamento necessário, como solicitando que a família execute
um ritual, no intuito de destruir mitos familiares resistentes ao
longo do tempo e bloqueiam a família na sua evolução.
Processo terapêutico (p. 78)
As sessões são conduzidas apenas por um terapeuta (entrevistador)
e um a três terapeutas atrás do espelho (observadores).

O entrevistador e os observadores trocam impressões algumas


vezes durante as sessões e sempre antes do fim, altura que se dá
uma discussão da situação terapêutica por toda a equipe.

O entrevistador entra de novo na sala para terminar a sessão e


fornece uma prescrição, comentário ou ritual (tarefa) muitas
vezes sob a forma escrita.
Método para recolher informação
da família (p.80)
Hoje em dia é usado por todos os terapeutas familiares que
trabalham próximo deste modelo.

As informações devem ser solicitadas à família não de uma forma


anárquica, mas segundo os seguintes princípios:

1- Pergunta-se a C o que pensa da relação entre A e B (não se solicita


a informação diretamente aos envolvidos), o que permite uma
meta-comunicação;
2- Solicita-se informação em termos de comportamentos interativos
específicos: “O que faz o Pai quando a Mãe ralha com o Rui?”
3- Em termos de diferença de comportamento: “Quem fala mais, o
seu Pai ou a sua Mãe?” (para o Rui)
Método para recolher informação
da família (p.80)
4- Em termos de escala, de classificação dos diferentes elementos da
família face a um comportamento ou interação específico:
“ Quem é o mais gastador, o Pai, a Mãe, você ou seu irmão? Faça uma
escala de 1 a 4.”
5- Em termos de mudança na relação antes ou depois de um
acontecimento preciso:
“ Rui, sua Mãe e o seu irmão mais velho, desde que o seu Pai adoeceu,
batem mais ou menos em você?”
6- Em termos de diferença no que diz respeito a circusntâncias
hipotéticas:
“Se o Pai e a Mãe dessem um jantar, quem convidariam em primeiro
lugar? Quem se sentaria à direita do Pai e à direita da Mãe?”
Constelações
Familiares
Hellinger desenvolveu seu método a partir de
observações empíricas, fundamentadas em
diversas formas de psicoterapia familiar, dos
padrões de comportamento que se repetem
nas famílias e grupos familiares ao longo de
gerações.
• Esse filósofo deparou-se com um fenômeno descortinado
pela psicoterapeuta americana Virginia Satir nos anos 70,
quando esta trabalhava com o seu método das “esculturas
familiares”: que uma pessoa estranha, convocada a
representar um membro da família, passa a se sentir
exatamente como a pessoa a qual representa, às vezes
reproduzindo, de forma exata, sintomas físicos da pessoa a
qual representa, mesmo sem saber nada a respeito dela.

• Esse fenômeno, ainda muito pouco compreendido e


explicado, já havia sido descrito anteriormente por Levy
Moreno, criador do Psicodrama.
Abordagem Fenomenológica
• O trabalho com constelação sistêmica pode ser realizado em
grupo (workshop) ou individualmente.

• Como o método utilizado pelas Constelações Familiares não se


deixa ser validado empiricamente por métodos de
investigação científicos, só pode ser defendido numa
abordagem fenomenológica .

• É um trabalho fenomenológico = o constelador centra-se em


seu íntimo e deixa de lado as próprias crenças e valores
pessoais para acompanhar aquilo que se apresenta.
O trabalho sistêmico fenomenológico vem a partir da
concepção da vida, do fluir no desenvolvimento natural.

Estamos inseridos dentro de um grande sistema contínuo, de


diversos elementos que se interagem e de certa forma são
inter-dependentes uns com os outros.

O trabalho de constelação familiar é uma oportunidade de


identificarmos de forma consciente o que está acontecendo
com o sistema familiar, podendo assim resolver os conflitos a
partir da escolha interna de cada um.
• Como é um trabalho de pulsação da vida, do fluir,
então tudo que está relacionado com a vida pode ser
trabalhado, desde que traga um significado
importante para você.

• Os curiosos dificilmente entrariam em uma


constelação e mesmo se entrassem não teriam como
dar continuidade ao trabalho, pois não haveria força
suficiente no campo para que o trabalho
acontecesse.
Alguns dos objetivos das
constelações são:
• Resolver conflitos com o casal, pais, filhos, irmãos e outros
membros do sistema familiar.
• Equilibrar os sistemas familiares e sociais;
• Lidar com o medo da morte e separação em geral;
• Esclarecer e diferenciar-se em sentimentos de outras pessoas;
• Entender que as ações sempre têm conseqüências;
• Restaurar o equilíbrio interior;
• Alcançar a paz e a felicidade que a vida precisa.
Processo Terapêutico

Método no qual um cliente apresenta um


tema de trabalho e, em seguida, o terapeuta
solicita informações sobre a vida de membros
de sua família, como mortes precoces,
suicídios, assassinatos, doenças graves,
casamentos anteriores, número de filhos ou
irmãos.
Processo Terapêutico
Com base nessas informações, solicita-se ao cliente que
escolha entre outros membros do grupo, de preferência
estranhos a sua história, alguns para representar membros do
grupo familiar ou ele mesmo.

Esses representantes são dispostos no espaço de trabalho de


forma a REPRESENTAR como o cliente sente que se
apresentam as relações entre tais membros.

O trabalho pode acontecer também diretamente com o


próprio cliente dentro da constelação, o que depende muito
de cada caso.
Processo Terapêutico

Em seguida, guiado pelas reações desses representantes, pelo


conhecimento das "ordens do amor" e pela sua conexão com
o sistema familiar do cliente, o terapeuta conduz, quando
possível, os representantes até uma imagem de solução onde
todos os representantes tenham um lugar e se sintam bem
dentro do sistema familiar.
Exemplo:

• Conflito entre pai e filho, o cliente poderia escolher uma


pessoa para ser ele próprio e a outra para ser o seu pai se
fosse este o caso.

• Essas pessoas assumiriam uma postura dentro do campo da


constelação, onde a partir de então o importante é apenas
perceber qual a necessidade de cada um, respeitá-la e
viabilizar a oportunidade para que isso aconteça para que
ambos se sintam livres e vivam em harmonia.
Exemplos de temas trabalhados
em uma constelação :
• Conflitos familiares (pais, filhos, irmãos, tios, avôs);
• Conflitos entre casais;
• Dificuldade em lidar com perdas de parentes, pessoas
queridas ou o parceiros;
• Dificuldade em relacionar-se de uma forma geral;
• Dificuldade em comunicar-se;
• Problemas de saúde;
• Problemas financeiros; etc..
Alguns dos objetivos das
constelações são:
• Resolver conflitos com o casal, pais, filhos, irmãos e outros
membros do sistema familiar.
• Equilibrar os sistemas familiares e sociais;
• Lidar com o medo da morte e separação em geral;
• Esclarecer e diferenciar-se em sentimentos de outras pessoas;
• Entender que as ações sempre têm conseqüências;
• Restaurar o equilíbrio interior;
• Alcançar a paz e a felicidade que a vida precisa.
Vídeos sugeridos:

Dinâmica Primeira Entrevista em Terapia Familiar Sistêmica (Família Simulada)


https://www.youtube.com/watch?v=HMQEnKl6ZRg

Terapia Familiar Sistêmica


https://www.youtube.com/watch?v=V-5gV9pRtWc
https://www.youtube.com/watch?v=jdSQc-zrhu8

Fatores a serem considerados no trabalho


https://www.youtube.com/watch?v=vWv33QX6yv0&index=7&list=PLnXe9VZ1ye9yQes7__v
p5T1ZqpO_6V7ZR
Enfoque Estratégico de Jay Haley
https://www.youtube.com/watch?v=h-fjsIcFIoA

História do Modelo de Milão em Terapia Sistêmica


https://www.youtube.com/watch?v=-QcKOoYLeUo

Psicodrama Transgeracional
https://www.youtube.com/watch?v=tumlv6NPt9M

Terapia Familiar em Psicanálise Clínica


https://www.youtube.com/watch?v=SAOpgQfNKiY&spfreload=1

Genograma
https://www.youtube.com/watch?v=fcEOJ67TkFs
https://www.youtube.com/watch?v=hivKiHLoVY0
https://www.youtube.com/watch?v=uQ6seqWaI5w
https://www.youtube.com/watch?v=z3ffrkjCEFw
https://www.youtube.com/watch?v=sOeBIcVebx0
Constelações Familiares
https://www.youtube.com/watch?v=HMQEnKl6ZRg
https://www.youtube.com/watch?v=T1xzxcx64SA
https://www.youtube.com/watch?v=Q3gPdE-hZvs
https://www.youtube.com/watch?v=j70xSaau7V4
https://www.youtube.com/watch?v=DTFQuVLnX-o
https://www.youtube.com/watch?v=O0W3OBbcClM

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