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TERAPIA FAMILIAR

SISTÊMICA

Profa. Juliana Leonel


CONTEXTO HISTÓRICO
 Antes de 1950 → Psicanalítico → O foco do trabalho é a
compreensão do intrapsíquico dos elementos da família no
desenvolvimento da doença;
 Em torno de 1950 → Já se sabe da importância das relações
familiares no desenvolvimento e melhora das crises psicóticas →
Cibernética → Sessões com todos os membros da família, nas
quais se juntavam técnicas psicanalíticas, com uma compreensão
do funcionamento sistêmico das famílias;
 Primeira Cibernética (Década de 60) → Entusiasmo dos terapeutas
de família pela Teoria Geral dos Sistemas → conceito de Paciente
Identificado;
 Segunda Cibernética → O terapeuta é incorporado ao sistema e
fica vedada toda desconexão do circuito integrado pelo terapeuta e
o cliente → compreende o problema como a Família em
dificuldades.
ORIGENS

 Segundo Batenson o comportamento


esquizofrênico resultaria da comunicação do
tipo duplo vínculo no contexto familiar. Este
seria o primeiro passo para consideração de
que o paciente seria um emissor da
patologia familiar correspondendo à
denominação “paciente identificado” de uso
corrente a partir de então entre os
terapeutas sistêmicos.
ORIGENS

 Mudança do pensamento linear para o circular;


 Mudança do foco intrapsíquico para foco
relacional/interpessoal;
 Introdução dos conceitos de duplo vínculo,
cibernética/homeostase + e -;
 Se mudarmos os padrões interativos no seio familiar
podemos alterar o comportamento de seus
membros e por consequência a patologia de seu(s)
membro(s) enfermo(s)
TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

 A Terapia Familiar Sistêmica é a expressão


clínica do pensamento sistêmico-relacional;
 Influenciado diretamente pelos conceitos de
Duplo Vínculo e Teoria da Comunicação
Humana de Batenson (1956);
 A Terapia Relacional Sistêmica segue todos
os pressupostos teóricos/técnicos/clínicos
enfocando o cliente (seja um indivíduo, uma
família, um casal) como um Sistema em
relação.
TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

 O sistema em terapia necessita tomar consciência


do seu funcionamento e das suas dificuldades (ou
problemas), para poder desenvolver um programa
de mudanças, e assim ter como treinar os novos
comportamentos/ atitudes/sentimentos.
 O foco da Terapia Relacional Sistêmica é o
processo de autonomia, que engloba o
pertencer/separar-se, o desenvolvimento da
consciência, das escolhas e responsabilidade; a
mudança das pautas disfuncionais, adquirindo um
número maior e mais rico de estratégias de
funcionamento.
TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

 Terapeuta – ênfase em sua inserção no


sistema terapêutico e nas funções de
facilitador das intervenções e catalisador das
soluções que o próprio casal ou família deve
encontrar para seus problemas respeitando
as culturas familiares de origem;
 Atenção a comunicação não verbal dos
participantes → explicitar quando
necessário;
TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

 Terapeuta como facilitador das interações,


decodificador da comunicação entre os membros do
casal ou família; terapeuta como memória viva;
 Terapeuta é menos interpretativo;
 Pacientes são agentes do processo;
 Processo terapêutico é entendido como rede de
relações e significados tecida conjuntamente entre
terapeuta e aqueles a quem se destina o referido
processo;
TERAPIA SISTÊMICA DE CASAIS

 Casal + terapeuta = grupo;


 Teoria sistêmica/comunicação humana

 Psicodrama Psicanálise
TERAPIA SISTÊMICA DE CASAIS

 Terapia breve; 10 a 20 sessões semanais de 70/5


minutos;
 Trabalho no foco conflituoso;
 Setting: comunicação verbal, recursos
psicodramáticos, temas para casa – tarefas,
inclusão dos membros da família inseridos no
conflito;
 Nunca iniciar a sessão com um só membro do casal,
não aceitar entrevistas isoladas;
TERAPIA SISTÊMICA DE CASAIS

 Critérios de indicação: ambos os membros do casal


estejam suficientemente motivados para encontrar
“via terapia” uma forma de atenuar o sofrimento
psíquico a que foram levados por uma relação que
não consegue ser satisfatória;
 Empatia com o casal;
 Estejamos convictos de que podemos nos manter
distantes e imparcial, sem pomar partido em pró de
um dos cônjuges, nas desavenças que se
mostraram ao longo da terapia;
TERAPIA SISTÊMICA DE CASAIS

 Critérios de exclusão: um ou ambos dos


participantes evidenciar paranóia, sociopatia
ou psicose.

 Foco: desajustes do casal, mobilizar os


membros a encontrarem suas próprias
soluções e saídas para o impasse;
TERAPIA SISTÊMICA DE CASAIS

 Processo:
 Entrevista inicial; avaliação;
 Perfil dos cônjuges: História do casal – um conta a
história de vida do outro antes de se conhecerem
+ como se conheceram;
 Jogos interativos: troca de papéis, vivencia
indetificatória, permuta projetiva/introjetiva;
 Terapeuta como agente de mudança; torna o
latente → manifesto;
 Termino: consenso do par terapeuta – casal;
Estilo do Terapeuta Sistêmico
 Ouve o casal/família e o que esperam;
 Questiona sobre o que já tentaram fazer para solucionar o
problema;
 Não sobrecarrega com clientes com expectativas próprias;
 Ajuda a descobrir seus próprio caminhos e soluções;
 Age como catalisador e não interventor;
 Respeita e tenta compreender a cultura familiar para criar o
clima terapêutico adequado;
 Pode atender o ambiente familiar, como os antigos médicos de
família.
Referências

 Como trabalhar com sistemas humanos: grupos,


casais e famílias e empresas. Luiz Carlos Osorio.
Artmed.Cap.3,10.
 Do desejo ao prazer de mudar. Françoise Kourilsky-
Belliard. Cap. 8 9.
 A escolha do cônjuge:um entendimento sistêmico e
psicodinâmico. Iara L.C.Anton.Cap.5
 Terapia familiar: das divergências às possibilidades de
articulação dos diferentes enfoques.Psicologia, ciência
e profissão,1996,16,38-42
Ser terapeuta

 A técnica é um meio, não um fim em um sistema; é uma


ferramenta de trabalho a serviço de quem a emprega; um
instrumento cujo manejo vai depender da habilidade de
quem o emprega;
 A técnica não deve ser dura “ideologia” para o terapeuta ou
algo como se fosse o fio condutor de sua vida profissional;
 Técnicas que servem para a abordagem focado em um
casal ou família específicos podem nãos servir ou até serem
contraindicadas para a abordagem de outros casais ou
famílias;
 Cada terapeuta, uma técnica; cada casal ou família, uma
abordagem própria;
Ser terapeuta

 A ênfase na técnica muitas vezes atrapalha nossa


percepção do que se passa no processo terapêutico;
 O foco deve estar nos membros do casal/família não
na técnica com que os abordam;
 É possível sermos terapeutas sem sermos experts
em qualquer técnica, mas certamente não o
podemos ser sem empático pelo sofrimento alheio.
Nessa empatia reside a essência do ser terapeuta,
seja qual for nossa formação profissional.

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