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HOMOFOBIA

O PRECONCEITO NA FAMÍLIA
A família como conjunto é mais do que a soma das suas
partes e não pode ser descrita adicionando as características
dos seus membros individuais ( 1+1+1 = 4 ou mais)

A organização da família e os seus padrões habituais de


interacção influenciam o comportamento dos seus
membros e o esforço ou a energia conjunta, cujo efeito final
é um resultado maior do que o que seria conseguido pela
actuação de uma só parte isoladamente, é a Sinergia

(Pimentel, 2011)
A CRISE NA FAMÍLIA

Um mesmo fenómeno pode provocar consequências


diferentes e, inversamente, o mesmo resultado pode
obter-se a partir de origens diferentes.

Assim a influência das situações iniciais é menos


importante do que o impacto da organização familiar e
dos seus padrões habituais de interacção e de resposta ao
stress.

(Pimentel, 2011)
A CRISE NA FAMÍLIA

CRISES SEMELHANTES

 um grupo pode desorganizar-se

 outro pode manter-se funcionando bem…


Para a compreensão do comportamento
dos membros de uma família é necessário
explorar :

relações interpessoais

 normas que regulam a vida dos grupos


significativos a que o(s) indivíduo(s)
pertencem( religião, partido político)
(Pimentel, 2011)
VAMOS OUVIR E VER?
• E se um filho ou filha não tiver uma orientação
sexual normativa?

• E se um dos pais recebesse um testemunho


como este?

(AMPLOS, 2011)
TESTEMUNHO
•O futuro imaginado pela família esfuma-se
( a narrativa futura do casamento, dos netos…)

•Quando os pais tomam conhecimento da


homossexualidade de um dos seus filhos/as,
apodera-se deles toda uma imensidão de
sentimentos , emoções, constrangimentos,
revolta e até repulsa…
• Pode-se então dizer que, no campo da sexualidade
não é apenas o/a filho/a no seu processo de
desenvolvimento, que passa por inúmeras
transformações psicológicas, mas seus pais também,
interferindo como este irá lidar com sua orientação
sexual

• A família debate-se entre o amor ao/à filho/a e o que


acha “normal”(podem pensar que é uma patalogia),
moralmente aceitável e as normas religiosas…
PSICOTERAPIA FAMILIAR /SISTÉMICA

A Terapia Familiar centra-se no sistema


familiar e nas mudanças que podem ser
efectuadas nesse sistema

 O paciente é a família e a interacção desta,


sendo o membro individual mais um sintoma de
um sistema doente
TERAPIA FAMILIAR

 O/A terapeuta vai focalizar os padrões de


interacção existentes no seio da família.

 O alvo será o da patologia familiar e não a


patologia deste ou daquele membro (toda a família
está presente, mas tal não é de modo nenhum
exigido).

 Enfoque na FAMÍLIA

(Pimentel, 2011)
TERAPIA FAMILIAR

• O objectivo da intervenção sistémica é


restabelecer a noção de conjunto, não
perdendo de vista a liberdade individual.

(Sampaio & Gameiro, 1985)


MODELO ESTRUTURAL
SALVADOR MINUCHIN

O/a terapeuta funciona como um/a


agente catalizador/a que através da sua acção vai
provocar um desequilíbrio transitório na vida
familiar, de modo a que o grupo possa criar (ou
recriar) uma nova estrutura de funcionamento e
um novo (alternativo) modelo relacional.
OBJECTIVO DA TERAPIA

• Alterar a estrutura disfuncional da família,


criando um contexto que permita à família
reorganizar-se de um modo alternativo

Minuchin frequentemente causava um impacto dramático e vigoroso.


(Sampaio & Gameiro, 1985)
OBJECTIVOS

 Estimular a aliança entre os membros dum subsistema


(pais, irmãos...)
 Reenquadramento (destinado a mudar a percepção do
problema)
 Criação de limites (condições para que os pais exerçam
eficazmente a sua autoridade, sem prepotência)
OBJECTIVOS

 Encenação (o terapeuta recria condições para que se


repitam na sessão as interacções que ajudam a manter o
problema por forma a identificar a sequência patogénica).
 Desequilibragem para ultrapassar o “status quo”.
(Exemplo: aliança do/a terapeuta com um dos pais,
considerado pelo outro pouco competente ou com um
dos/as filhos/as)
 Realinhamento (corrigindo alianças).
O sintoma é o produto de uma organização
disfuncional do sistema familiar.

O sistema familiar é composto por diferentes


sub-sistemas (ex. subsistema parental) – os
limites determinam quem participa em que
subsistema e os papéis associados.

Nas famílias disfuncionais há frequentemente


alterações nos limites.
• A terapia estrutural é activa, dinâmica e
explorativa.
• O objectivo é modificar o presente e não explorar e
modificar o passado.
• Valoriza-se a aprendizagem e neste caso é
essencial…
• É imperativo que os pais tomem consciência da
naturalidade do problema e o compreendam de
forma a se tornar possível a aceitação plena

(Sampaio & Gameiro, 1985)


• “A família tem geralmente identificado num membro a
localização do problema.(...) E espera que o terapeuta se
concentre nesse indivíduo, trabalhando para mudá-lo. Para
o terapeuta de família, porém, o paciente identificado é
somente o portador do sintoma; a causa do problema são
as transacções disfuncionais da família; e o processo de
cura envolverá a mudança destas transacções
disfuncionais.”

(Minuchin & Fishman, p.37)


• A elaboração do genograma é potencialmente
terapêutica pois permite aos elementos da família
confrontarem-se emocionalmente e
metaforicamente com a sua história familiar, bem
como com o seu próprio percurso, tendo sempre
em conta que “o mapa não é o território”.
FASES

1. Fase do contacto inicial com a família


2. Fase do desafio ao sintoma
3. Fase do desafio à estrutura
4. Fase do desafio à realidade familiar
5. Fase da reestruturação
1. CONTACTO INICIAL COM A
FAMÍLIA
• O/a terapeuta convida a família a conhecer a sua
“casa”.

• Técnicas utilizadas:
a) O/a terapeuta deve seguir as pistas fornecidas pela
família
b) Acomodação – o/a terapeuta reúne-se à família entrando
em relação através dos padrões de interacção desta.
c) Mimetismo – o/a terapeuta deve tornar-se semelhante à
família, procedendo a interacções não hostis.
2. DESAFIO AO SINTOMA

Procura de redefinição do problema, enquadrando-o


numa perspectiva diferente.

Técnicas utilizadas:

a) Focagem – o/a terapeuta escolhe a questão que será


objecto de intervenção em primeiro lugar.

b) Aumento da intensidade – perante o foco escolhido a


família poderá mostrar resistências.
Cabe ao/à terapeuta intensificar o seu papel.
(cont…)
2. DESAFIO AO SINTOMA

•c) Demonstração – a dança em 3 momentos:

•1. o/a terapeuta observa a dança


•2. o/a terapeuta faz dançar (demonstração)
•3. o/a terapeuta sugere novas danças

•São sugeridas alternativas de enfrentar o preconceito vs aceitação da


orientação sexual do/a filho/a. Tentamos assim restabelecer os canais
de comunicação. O desafio à realidade familiar consiste na
reformulação de sua construção, utilizando as forças da família e os
paradoxos.
3. DESAFIO À ESTRUTURA
• Desafio da definição familiar de papéis e funções.

• O papel de género e a orientação sexual são abordados

• Técnicas utilizadas:
utilizadas

• a) Criação de limites – o/a terapeuta tenta delinear


limites entre 3 ou mais pessoas, clarificando alianças e
coligações. Procura-se que os elementos da família
resolvam os seus problemas dentro do próprio sub-
sistema.
3. DESAFIO À ESTRUTURA

b) Desequilíbrio do sistema – o/a terapeuta pretende


alterar a relação hierárquica dos membros, por via de
manobras tácticas como a de se ignorar um membro da

família ou estabelecer coligações contra certos membros.


4. DESAFIO À REALIDADE
FAMILIAR
• O/a terapeuta selecciona da própria cultura
familiar as metáforas que simbolizam a
realidade da família, usando -as em prol da
mudança.
• Há que enfatizar as verdades postuladas pela
família, as suas crenças e os seus mitos. O/a
terapeuta utiliza estas dimensões de modo a
resolver os problemas em questão.
5 .REESTRUTURAÇÃO

 O objectivo desta última fase é promover de facto a


recomposição do sistema familiar.

 Acentua-se o carácter de reconstrução do


padrão estrutural.
RESULTADO ESPERADO

• A desfocalização do sintoma familiar sobre o


“paciente “identificado, avanços consideráveis de
todos os membros da família em torno do
sintoma( Homofobia) e redefinições de papéis

• ACEITAÇÃO E (RE)EQUILÍBRIO DO SISTEMA


FAMILIAR
REFERÊNCIAS
• Minuchin, S. (1974). Families and Family Therapy. Harvard University
Press.
• Minuchin, S. & Fishman, H. C. (2004). Family Therapy Techniques.
Harvard :University Press.
• Piercy, Fred (1986). Family Therapy Sourcebook. New York: Guilford Press.
• Pimentel, L. V.L.(2011). Psicoterapia familiar/sistémica. Documento não
publicado. Maia: ISMAI.
• Sampaio, D. & Gameiro, J. (1985). Terapia Familiar. Lisboa:Afrontamento

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