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Entrevista com

Bert Hellinger!
PROFESSORA ALINE
Olá,
Hoje eu trouxe para vocês trechos de
entrevistas com o Bert Hellinger
“Sofrer é mais fácil do que
encontrar soluções”,

dizia Bert Hellinger. Muitos livros de Hellinger são construções


conjuntas com Gabriele ten Höver, que sistematizou as ideias do
autor. O primeiro capítulo do livro “Constelações Familaires” de
Hellinger & Höver é a transcrição de um programa de rádio. A
entrevista foi dada por Hellinger à Emissora Südfunk 2, de
Stuttgart. Até hoje, essa entrevista é considerada como a
espinha dorsal para compreender os princípios e fundamentos
da Constelação Familiar. Recomendamos a leitura do livro e do
capítulo. Aqui, iremos fazer uma síntese deste entrevista.
O que é uma “terapia
familiar sistêmica"?
É averiguar se no sistema familiar ampliado se
existe alguém que esteja emaranhado nos destinos
de membros anteriores dessa família.
Como isso é feito?

Através do trabalho com constelações familiares.


Trazendo-se à luz os emaranhamentos, a pessoa
consegue se libertar mais facilmente deles.
Quais os elementos iniciais
da sessão?

Pessoas estão sentadas num grande círculo e


cercados por aproximadamente 400 pessoas que
participam como observadores. Bert Hellinger inicia
o trabalho perguntando aos clientes o que os aflige
.
Um jovem sofre, desde os 18 anos de idade, de uma enfermidade que se manifesta
através de taquicardia e distúrbios vegetativos. Bert Hellinger passa a entrevistá-
lo: Cliente: Existem muitos conflitos na minha família. Minha mãe e meu pai são
separados. Minha mãe e meu avô estão brigados. Isso cria muitos problemas
práticos, por exemplo: Como poderei reuni-los todos para o meu casamento? Um
jovem sofre, desde os 18 anos de idade, de uma enfermidade que se manifesta
através de taquicardia e distúrbios vegetativos. Bert Hellinger passa a entrevistá-
lo: Cliente: Existem muitos conflitos na minha família. Minha mãe e meu pai são
separados. Minha mãe e meu avô estão brigados. Isso cria muitos problemas
práticos,

por exemplo: Como poderei reuni-los todos para o meu casamento?


Hellinger (para o cliente): Aconteceu algo significativo em sua família? Cliente: A
irmã gêmea de minha mãe morreu. Hellinger: Isso já me basta. Isso é tão
significativo que provavelmente encobre todos os outros acontecimentos.
Posicione, portanto, em primeiro lugar, a sua família de origem: a sua mãe, o seu
pai — e quantos filhos? Cliente: Tenho ainda uma irmã mais nova. Hellinger: Ok.
Posicione as quatro pessoas agora.
Escolha alguém do público para representar o seu pai, alguém para a sua mãe,
para a sua irmã e para você. Pegue qualquer pessoa, basta que você as coloque
em seus lugares. Então vá até cada uma delas, pegue-as com ambas as mãos e
encaminhe-as para seus lugares — em silêncio.

E os representantes também não dizem nada. Posicione-os em relação uns aos


outros, tal qual a imagem interior que você tem da sua família neste exato
momento.
O que simboliza o posicionamento
inicial da constelação familiar?
No exemplo, o jovem escolhe entre o público
presente representantes para o pai, a mãe e a irmã,
pessoas totalmente desconhecidas, e as posiciona
em relação umas às outras, de acordo com a sua
imagem interior no momento. Neste caso o pai
estava afastado e virado de costas para a mãe [o
que é bem simbólico ao contexto da separação]. A
pessoa que representava o cliente estava, ao
contrário, na frente da mãe
Como agem os representantes em
uma constelação familiar?

Naquele exemplo, estavam pessoas completamente


estranhas, escolhidas ao acaso, que não conheciam
o cliente e nem a sua história familiar. O que pode
acontecer então? O que é curioso nessas
constelações é que as pessoas escolhidas para
representar os membros da família se sentem como
as pessoas reais, tão logo se encontrem na
constelação. .
Algumas vezes começam a sentir até os sintomas
que os membros dessa família têm, sem sequer
saber algo sobre eles. Por exemplo, uma pessoa
teve uma vez um ataque epiléptico quando
representou um epiléptico. Ou frequentemente um
representante tem taquicardia ou sente que um
lado do corpo está frio. Se questionarmos as
pessoas reais, verificamos que é realmente o que
sentem. Não existe uma explicação para esse fato.
Mas foi constatado milhares de vezes nessas
constelações.
Como a constelação atua?

Posso ver os relacionamentos entre os membros da


família. Aqui, por exemplo, é bem significativo que o
pai fique afastado e virado de costas e o filho fique
na frente da mãe. Deixando que isso atue dentro de
nós, podemos ver onde está o problema.
O que quer dizer “emaranhamento”?

Emaranhamento significa que alguém na família


retoma e revive inconscientemente o destino de um
familiar que viveu antes dele. Se, por exemplo,
numa família, uma criança foi entregue para
adoção, mesmo numa geração anterior, então um
membro posterior dessa família se comporta como
se ele mesmo tivesse sido entregue. Sem conhecer
esse emaranhamento, o novo membro não poderá
se livrar dele.
Como se resolve o emaranhamento?

A solução segue o caminho contrário: a pessoa que


foi entregue para adoção (a representação dela na
constelação) entra novamente em jogo. É colocada,
por exemplo, na constelação familiar. De repente, a
pessoa que foi excluída da família passa a ser uma
proteção para aquela que estava identificada com
ela. Quando essa pessoa volta a fazer parte do
sistema familiar e é honrada, ela olha
afetuosamente para os descendentes.
Isso não é tão fácil de ser entendido. Uma pessoa
repete um destino que lhe é desconhecido. O cliente,
por exemplo, nem chegou a conhecer a sua falecida
tia. De onde vem então o emaranhamento? Tem
algo a ver com o que o senhor denomina de
“consciência de clã”? Exato. Obviamente existe uma
consciência de grupo (ou “de clã”) que influencia
todos os membros do sistema familiar. A este
sistema pertencem os filhos, os pais, os avós, os
irmãos dos pais e aqueles que foram substituídos
por outras pessoas que se tomaram membros da
família, por exemplo, parceiros anteriores
(maridos/mulheres) ou noivos(as) dos pais.
Mas essa forma de repetição nunca coloca nada em ordem.
Aqueles que devem assumir o destino de um membro excluído da
família são escolhidos e tratados injustamente pela consciência
de grupo. São, na verdade, completamente inocentes. Contudo,
pode ser que aqueles que se tornaram realmente culpados,
porque abandonaram ou excluíram um membro da família, por
exemplo, sintam-se bem. A consciência de grupo não conhece
justiça para os descendentes, mas somente para os ascendentes.
Obviamente, isso tem a ver com a ordem básica dos sistemas
familiares. Ela atende à lei de que aquele que pertenceu uma vez
ao sistema tem o mesmo direito de pertinência que todos os
outros. Mas, quando alguém é condenado ou expulso, isso
significa: “Você tem menos direito de pertencer ao sistema do que
eu”. Essa é a injustiça expiada através do emaranhamento, sem
que as pessoas afetadas saibam disso.
O senhor poderia dar um exemplo de
como isso pode afetar as gerações
posteriores? Como podemos ter uma
ideia disso?

Posso dar um exemplo bem terrível. Há algum


tempo, um advogado veio a mim completamente
perturbado. Ele tinha pesquisado em sua família e
descobrira o seguinte: sua bisavó fora casada e
estava grávida quando conheceu outro homem
Seu primeiro marido morrera no dia 31 de
dezembro com 27 anos, e existe a suspeita de que
ele tenha sido assassinado. Mais tarde, essa mulher
acabou por não dar a propriedade que herdara do
marido ao primeiro filho, mas ao filho do segundo
matrimônio. Isso foi uma grande injustiça. Desde
então, três homens dessa família se suicidaram no
dia 31 de dezembro, na idade de 27 anos. Quando
o advogado soube disso, lembrou-se de um primo
que acabara de completar 27 anos; e o dia 31 de
dezembro se aproximava.
Ele foi, então, até a casa dele para avisá-lo. Este já
havia comprado um revólver para se matar. Assim
atuam os emaranhamentos. Posteriormente, esse
mesmo advogado voltou a me procurar, em perigo
iminente de se suicidar. Pedi-lhe que se encostasse
numa parede, imaginasse o homem morto e
dissesse: “Eu o reverencio e você tem um lugar no
meu coração. Vou falar abertamente sobre a
injustiça que lhe fizeram para que tudo fique bem”.
Assim ele se livrou do seu estado de pânico.
"Quem pertence à consciência familiar, ex-cônjuges,
doenças. Quem está incluído na consciencia familiar?

A consciencia familiar abarca um número


circunscrito de pessoas:
1. As crianças, inclusive as falecidas durante a
gravidez e aquelas que morreram cedo.
2. Os pais e seus irmãos,
3. Os avós,
4. Às vezes os bisavós ou um dos bisavós, e às
vezes inclusive ancestrais que vem de mais atrás.
E, o que parece muito estranho, pessoas que não
são parentes pertencem também à consciencia
familiar:
5. todos – e isto é muito – os que proporcionaram
alguma vantagem aos membros já mencionados.
Isto inclui em particular, cônjuges anteriores dos
pais ou dos avós, assim como também todos os que
a sorte resultou para a família uma vantagem ou
ganho.
6. vítimas da violência ou assassinato por parte de
qualquer membro da família.
Pode compartilhar algumas de suas
experiencias com ex-cônjuges?
Sim, experiências que tive recentemente com pessoas que
sofreram uma perda em beneficio de alguém da família. Por
exemplo, a ex-esposa do pai, da qual ele se separou. A nova
esposa tem uma vantagem porque a outra sofreu uma perda;
assim, a primeira esposa pertence à família. E ela sempre será
representada. Esta é uma das leis das quais nunca vi uma exceção,
ela será representada por um filho ou uma filha do segundo
casamento. Assim, por exemplo, uma das filhas da segunda
esposa repentinamente sentira como a primeira esposa. Se
enfurece com seu pai e ninguém sabe por que. Isto é novamente o
resultado da consciencia familiar. Isto é a consciência familiar.
"Como trabalha estes assuntos em uma
Constelação Familiar?

A constelação familiar mostra o estado da família,


aonde se encontra o problema. No caso que acabo
de mencionar a modo de exemplo, eu introduziria
no sistema familiar uma representante da primeira
esposa. E então, o homem, seu ex-esposo, olha
para ela e lhe diz: “Sinto haver te ferido. Te honro
como minha primeira esposa”. E a segunda esposa
lhe diz: “Tu es a primeira, eu sou a segunda. E por
favor, seja amável se conservo meu esposo, e por
favor, olhe com bons olhos aos meus filhos”.
E então a filha que representava a ex-esposa já não
necessita faze-lo e pode dizer à mulher que
representa ... isto é a ex-esposa de seu pai na
Constelação: “Eu sou filha do meu pai e da minha
mãe” E pode dizer ao pai” Tu és meu pai e eu sou
apenas a sua filha não tenho nada que ver com sua
ex esposa”. Nestes casos a filha também se
converte em rival da mãe porque o seu pai a vê
como sua primeira esposa. Agora pode dizer a sua
mãe: “Tu es minha mãe, eu sou sua filha por favor
seja gentil”.
Tenho observado que em casos como este as
crianças desenvolvem uma neurodermatites, uma
doença da pele... uma coceira constante.
É muito estranho. Descobri por acaso. Se ocorre
uma reconciliação entre as duas esposas a
neurodermatite cura ou se alivia.
Isto mostra que na realidade muitas doenças se
devem à consciência familiar.
Assim, fazendo este trabalho se pode ajudar a
muitas pessoas, para que levem uma vida de
melhor qualidade.
Seus métodos terapêuticos são
também aplicáveis para pessoas com
doenças graves?

Sim, especialmente nos casos em que os problemas ou doenças


são causados por implicações sistêmicas ou quando esta é pelo
menos uma das causas contribuintes.
Quais são os sintomas que respondem melhor a
esta psicoterapia sistêmica?

Temos visto que algumas doenças muito


desafiantes para a vida das pessoas, por exemplo,
o câncer, também tem causas sistêmicas. O
contexto sistêmico se mostra na dinâmica de: "Eu te
sigo"; isto significa que uma pessoa quer seguir a
outro membro da família que está doente ou morto,
caindo doente ou buscando morrer também.
Ou uma criança que vê alguém de sua família com
a tendencia a seguir a outra pessoa desta forma
tenta reté-lo dizendo: "É melhor que eu vá em teu
lugar." A tudo isto se soma o desejo de expiar ou
compensar uma sorte, buscando a sua vez um
destino similar.
Conhecendo estas dinâmicas fundamentais, é
possível despoja-las de seu poder e aliviar muito o
sofrimento e a dor.
Outros sintomas estão relacionados com um
movimento interrompido em direção a um dos
progenitores. Este é o caso, por exemplo, de dores
cardíacas ou dores de cabeça, que com frequência
expressam um amor refreado, e as dores nas costas
se desenvolvem muitas vezes quando uma pessoa
se recusa a se inclinar profundamente em respeito a
seu pai ou mãe".
Até o próximo
encontro

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