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A Lei do Pertencimento diz que todos têm direito de pertencer a um sistema familiar e não podem
ser excluídos do mesmo. Ainda que a pessoa tenha cometido algum ato reprovável, nada justifica
sua exclusão. Inclusive os fatos, traumas e acontecimentos não podem ser “negados” ou
“esquecidos” pois abarcam essa lei dentro do sistema familiar. Quando por algum motivo, alguém é
excluído do sistema familiar, os demais membros do sistema acabam sofrendo consequências ou
reproduzindo os mesmos comportamentos reprováveis do excluído. O sistema sempre busca de
algum modo promover a inclusão daquele membro excluído para que o equilíbrio familiar seja
retomado.
A Lei da Hierarquia indica que os que nos antecederam tem preferência sobre os que vieram
depois. Por isso, precisamos respeitar os avós, pais, irmãos mais velhos e todos os ancestrais… A
vida somente chegou até nós porque outros contribuíram para isso, os nossos antepassados.
Quando essa ordem não é respeitada, como por exemplo, os filhos que não honram ou respeitam os
seus pais, interferem em suas decisões, acabam ocupando o lugar que é deles, geram conflitos e
consequências. O mesmo deve ser seguido nas relações interpessoais em outros espaços, como no
trabalho, na escola, entre amigos. Há sempre alguém que nos antecedeu e deve ser respeitado. Isso
não significa que devemos concordar com todos os comportamentos dos que vieram antes de nós,
mas sempre lembrar da hierarquia e do respeito a hierarquia na forma de questionar e lidar com o
outro e, muitas vezes acolher e aceitar o que não pode ser mudado no outro, dando o devido lugar
para cada um no sistema olhado.
A Lei do Equilíbrio se refere ao movimento entre “dar” e “receber” que ocorre em todas as
relações humanas, a começar em nosso sistema familiar, quando recebemos o maior presente: a
vida! Por isso, os pais serão sempre maiores do que nós, vieram antes, nos precederam. Logo, de
acordo com o equilíbrio, são eles que “dão” aos filhos, que por sua vez, “recebem”.
Todo ser é dotado da capacidade de troca, oferecendo a outros seus dons, capacidades e habilidades
e recebendo daqueles o que for importante para satisfazer suas necessidades de sobrevivência,
crescimento e desenvolvimento. Numa relação equilibrada, ambas as pessoas compartilham
mutuamente, dando e recebendo aquilo que cada um é capaz. Ainda que o equilíbrio nunca seja
perfeito, em todas as relações humanas, é preciso esse movimento entre “dar” e “receber”, que se
configura como uma busca pelo equilíbrio.
As Constelações observam que esses sintomas são apresentados quando as leis sistêmicas
(pertencimento, hierarquia e equilíbrio de troca são negligenciadas e a proposta da prática é que
olhemos para isso, para estas “negligências” para que possamos refletir e analisar as nossas
dinâmicas de relacionamento dentro deste sistema e fora dele e restabelecer o equilíbrio.
Como eu já constelei algumas vezes e participei de algumas dinâmicas com práticas sistêmicas, ao
estudar a disciplina pude ter mais clareza sobre algumas dinâmicas em relação ao meu sistema de
origem, que efetivamente já ocasionaram alguns (muitos) sintomas ao longo da minha vida. O
estudo foi muito proveitoso em todos os aspectos, mas especialmente em relação ao meu
autoconhecimento. O estudo sobre a prática é amplo e constante, creio eu, então não vejo como
descrever que determinado sintoma seja especificamente em relação à negligência de uma lei
específica, tendo em vista que no meu sistema percebi negligência em relação às três leis.
Com relação à lei do pertencimento, minha mãe sofreu um aborto intencional há anos atrás, assim
como uma irmã minha também. Duas situações que sempre foram “segredo”, tendo em vista o
julgamento sobre a escolha delas terem realizados estes abortos. Eu também tive um aborto há 6
anos, mas espontâneo, e apesar da minha família e meus filhos saberem disso, acredito que seja
necessário eu reconhecer que tive 3 filhos, inclusive em respeito à lei de hierarquia, já que a minha
filha mais nova, que considero como segunda filha, é na verdade a terceira.
Também em relação à hierarquia, meus irmãos sempre me consideraram como mãe, pois a nossa
trabalhava durante o dia e estudava a noite e eu como filha mais velha acabava sendo a responsável
pelos cuidados deles. Inclusive meu pai até hoje verbaliza que eu fui a mãe dos meus irmãos.
Com relação ao equilíbrio de troca, como sofri abuso sexual por parte do meu pai na infância,
sempre fiquei com sentimento de cobrança em relação a ele e minha mãe, como se tivessem me
devendo algo (o cuidado, a proteção, o amor…) e foi com as constelações que pude me libertar
destes sentimentos e entender que fizeram o que podiam com os recursos internos que tinham e que
haviam me dado tudo: a vida!