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O PODER DOS SISTEMAS FAMILIARES

Por Joy Manné, no livro “As Constelações Familiares em sua vida diária”

“Ao vir ao mundo no seio de uma família, não herdamos somente um patrimônio genético, mas
sistemas de crença e esquemas de comportamento. Nossa família é um campo de energia no interior
do qual nós evoluímos. Cada um, desde seu nascimento, ocupa aqui um lugar único.

(…) Somos, também, mantidos em nosso campo familiar pessoal e individual num nível determinado,
que entrava ou faz crescer a nossa disposição para ser feliz, escolher livremente, ter êxito naquilo que
empreendemos, para fazer durar os relacionamentos agradáveis, a saúde, o bem-estar e também as
doenças.

(…) As constelações familiares nos dão a oportunidade de compreender os esquemas em seu nível
mais pro fundo. Elas permitem que nos libertemos, ao mesmo tempo que encontramos a paz e a
felicidade.

A natureza do nosso campo de energia familiar é determinada pela história da nossa família,
principalmente sua religião e suas crenças, em outras palavras, sua consciência. Nosso país de
origem, a religião em meio à qual nascemos, também desempenham um papel.

Essa natureza é moldada por acontecimentos marcantes, como a história dos relacionamentos dos
pais e dos avós, morte de uma criança muito nova, aborto, parto prematuro, adoção, suicídio, guerra,
exílio forçado, troca de religião, incesto, antepassado agressor ou vítima, traição, ou mesmo a
confiança.

As ações generosas e altruístas de nossos pais e de nossos antepassados são saudáveis para nós,
enquanto suas más ações modificam o campo energético familiar, obrigando as gerações posteriores
a pagar o preço.

Entre as más ações estão: adquirir bens de forma duvidosa, trapacear ou roubar, pertencer a uma
corporação cuja função envolva matar (como o exército, por exemplo), as diferentes formas de
violência, a internação psiquiátrica ou a prisão de membros da família, os acidentes que terminam em
morte, renegar sua religião ou seu país.

O comportamento dos nossos antepassados em relação às mulheres ou aos homens afeta nossa
aptidão para criar bons relacionamentos. A ausência de respeito e da gratidão a que nossos
antepassados têm direito também altera o campo de energia.

O provérbio bíblico “até a terceira e quarta geração” confirma-se nas constelações familiares. Pode
até ser que a influência decorra daí. Imersos no campo energético familiar, ignoramos sua influência
que permanece fora da nossa consciência.

Estamos presos a comportamentos e atitudes que nos derrotam e incitam a cometer atos que não
compreendemos e dos quais acabamos por nos arrepender. As constelações familiares nos ensinam
que a nossa família é a nossa sina.

Entretanto, não estamos irremediavelmente presos a essa sina e podemos alcançar a cura. Ao
compreender os mecanismos desse processo, ficamos na posse do poder de controlar o nosso
comportamento a fim de evitar sofrimento para as gerações futuras.”
A FAMÍLIA E A ORDEM
texto de Bert Hellinger

“Filhos saudáveis e felizes, bem como pais afetuosos, são encontrados em todas as culturas, religiões
e classes sociais. Portanto, há muitas maneiras eficientes de criar filhos, que podem diferir umas das
outras e mesmo contrariar-se.

Não obstante, o amor exige vínculo, equilíbrio entre o dar e o receber, e ordens sociais adequadas
seja qual for a cultura, mas deixa-nos largo espaço para concretizar tudo isso.

O amor flui mansamente quando todos os membros de um sistema familiar obedecem à hierarquia.
Como vimos, a hierarquia familiar deve atender a três critérios: tempo, peso e função.

Com respeito ao tempo, a hierarquia familiar vem de cima e do mais antigo até o mais novo. Assim
como o tempo, ela não pode ter a direção invertida: os filhos sempre vêm depois dos pais e os mais
jovens sempre vêm depois dos mais velhos.

O relacionamento entre marido e mulher existe antes de se tomarem pais; há adultos sem filhos, mas
não existem filhos sem pais biológicos.

O amor vence quando os pais cuidam bem dos filhos quando eles são jovens, mas a recíproca não é
verdadeira. Assim, o relacionamento entre marido e mulher assume prioridade na família.

A prioridade baseada no tempo também se aplica aos irmãos. Os que estão perto do começo da vida
recebem dos que já viveram mais. O mais velho dá ao mais jovem, o mais jovem recebe do mais
velho. O primeiro filho dá ao segundo e ao terceiro; o segundo recebe do primeiro e dá ao terceiro; e
os caçulas recebem de todos os outros.

O primogênito dá mais e o infante recebe mais. Por isso, muitas vezes, o filho mais velho é
recompensado com privilégios e o mais novo assume maiores responsabilidades para com a velhice
dos pais.

Os novos sistemas de relacionamento também têm prioridade sistêmica sobre os antigos. Dá-se aí o
contrário da dinâmica de precedência dentro de um sistema em que os membros mais velhos se
sobrepõem aos que vêm depois.

O relacionamento do casal tem prioridade sobre o relacionamento com a família de origem, do mesmo
modo que o segundo casamento tem precedência sobre o primeiro.

Os relacionamentos são prejudicados quando esse princípio não é acatado — quando os pais
permanecem mais importantes que os parceiros e filhos ou os primeiros parceiros mais importantes
que os novos.

Com respeito ao peso, o relacionamento mais importante na família é entre o pai e a mãe; vem em
seguida o relacionamento entre pais e filhos, os relacionamentos com a família em geral e, finalmente,
os relacionamentos com outros grupos livremente escolhidos.

Algumas pessoas, assoberbadas por um destino particularmente ingrato, podem ter peso sistêmico
bastante para que a sequência normal, de acordo com o tempo, deva ser ajustada.
CONSTELAÇÃO FAMILIAR NÃO É
MÁGICA
Há um componente muito importante para os bons resultados de uma Constelação Familiar: a
responsabilidade pessoal.

É através dela que o cliente consegue se apropriar do que foi visto na Constelação e partir para a
ação e para as possibilidades que se abrem após um trabalho com as Constelações Familiares.

Mas isso também tem um custo: sair do papel de vítima e dizer sim aos erros, e também aos acertos.
É ver a realidade, com tudo que a compõe.

Isso dá força, algo muito próprio que nos direciona para uma vida mais leve e madura.

A Constelação Familiar encontra aqui também um desafio: a medida que este conhecimento se
difunde, muitas pessoas chegam nele querendo terceirizar essa responsabilidade.

Sim, há ação do campo familiar e há reflexos em todo o sistema. Mas sem uma postura realmente
madura diante da própria realidade em relação às dores, aos insucessos, ao que é difícil, os efeitos
verificados na Constelação se perdem.

Isso porque, ainda que inconsciente, somos os maiores agentes de acontecimentos (bons e ruins) em
nossa vida. E se não tomarmos a possibilidade de mudança como nossa responsabilidade, nós
iremos, novamente, criar o ambiente para que certos situações difíceis voltem a acontecer.

Constelação Familiar não é mágica. É uma chance de ver e aceitar o nosso lugar e nosso papel no
nosso sistema familiar. Com a postura certa, nos auxilia a assumir a responsabilidade que nos
pertence e assim tomar as atitudes necessárias para caminhar adiante.

O QUE FAZER COM A IMAGEM DE UMA


CONSTELAÇÃO FAMILIAR?
Pergunta para Bert Hellinger e sua resposta no livro “A fonte não precisa perguntar pelo caminho”

Um PARTICIPANTE perguntou à HELLINGER: “Você sempre traz à luz que estamos metidos em
certas lealdades no seio de nossa família. Tem-se, nesse ponto, aonde essas lealdades vem à luz,
uma chance de se liberar delas, quando se reconhece que não são boas para si?”

HELLINGER então o responde: “Nem sempre. Às vezes, a lealdade é tão forte que a solução não é
possível. A solução exige uma despedida da família e a disposição de ser independente.

Isso está ligado a um sentimento de solidão. Por isso, o passo é tão grande. É necessária, portanto,
uma transformação interna, um processo de amadurecimento, frequentemente, também algo assim
como uma consumação espiritual em direção a algo maior.

Então, isso tem êxito. Quem não tem antenas para isso, quem, por exemplo, quer fazê-lo
mecanicamente, não tem êxito. Funciona melhor quando se olha aquilo que vem à luz, concorda-se
com isso assim como é e, então, deixa-se que a própria alma dirija, sem ser muito ativo.”
Este é um dos desafios após uma constelação. Temos que aceitar o tempo do nosso centramento ao
mesmo tempo que assumimos a responsabilidade por nossas ações.

A Constelação Familiar não é mágica. Ela exige bastante mudanças daqueles que chegam até ela.
Porém, os resultados tem se mostrado muito eficiente para todos aqueles que desejam e se
comprometem realmente consigo mesmo no movimento das mudanças.

PORQUE REPETIMOS?
Você sabe porque repetimos as situações difíceis do nosso sistema familiar?

O conhecimento trazido pela constelação fala de como recebemos influências dos acontecimentos
difíceis de nossa rede familiar, mesmo de pessoas que sequer tivemos convivência.

Isso acontece pelo nosso vínculo familiar, pela lealdade e amor (muitas vezes inconscientes) que
temos com todos aqueles que pertencem ao nosso sistema, em especial em um espaço de 4
gerações.

Hellinger, pioneiro neste conhecimento, escreveu no livro “Ordens do Amor”:

“Na comunidade de destino, constituída pela família e pelo grupo familiar, reina portanto, em razão do
vínculo e do amor que lhe corresponde, uma necessidade irresistível de compensação entre
vantagens de uns e as desvantagens de outros, entre a inocência e a sorte de uns e a culpa e a
desgraça de outros, entre a saúde de uns e a doença de outros, e entre a vida de uns e a morte de
outros.

Em razão dessa necessidade, se uma pessoa foi infeliz, uma outra também quer ser infeliz; se uma
ficou doente ou se sente culpada, uma outra, saudável ou inocente, também fica doente ou se sente
culpada; e se uma morreu, outra, próximo a ela, também deseja morrer.”

Nesse movimento inconsciente, somos levados à repetição do que é difícil. Porém, entrar em contato
com esta identificação e olhar com amor e respeito para o que foi difícil nos permite liberar do amor
cego e seguir para uma vida mais leve.

É isso que a Constelação Familiar oferece. Um conhecimento que nos auxilia a seguir adiante para
além das dificuldades.

PAIS E FILHOS sob o olhar da Constelação


Familiar
Por Bert Hellinger, no livro “No centro sentimos leveza.”

“Pertence às ordens do amor entre pais e filhos, em primeiro lugar, que os pais dêem e os filhos
tomem. Os pais dão a seus filhos o que antes tomaram de seus pais e o que, como casal, tomaram
um do outro”.
Os filhos tomam, antes de tudo, seus pais como pais e secundariamente aquilo que os pais lhes dão
por acréscimo. Em compensação, aquilo que tomaram dos pais eles posteriormente transmitem a
outros e, principalmente, como pais, aos próprios filhos.

Alguém só pode dar porque antes recebeu, e tem o direito de receber porque mais tarde também
dará.

Quem vem primeiro deve dar mais, porque também recebeu mais, e quem vem depois
necessariamente recebe mais. Entretanto, também ele, quando já tiver recebido bastante, dará aos
que vierem depois. Assim, dando e tomando, todos se sujeitam à mesma ordem e seguem a mesma
lei.

Esta ordem também vale para o dar e tomar entre irmãos. Quem veio antes deve dar aos que vieram
depois, e quem vem depois deve tomar dos que vieram antes. Quem dá, já recebeu antes, e quem
recebe, também precisa dar depois.

Por essa razão, o primeiro filho dá ao segundo e terceiro, o segundo recebe do primeiro e dá ao
segundo e o terceiro recebe do primeiro e do segundo. O filho mais velho dá mais e o mais novo
recebe mais. Em compensação, o mais novo frequentemente cuida dos pais quando envelhecem.”

A FORÇA DO VÍNCULO
Por Bert Hellinger

Por efeito do vínculo, os membros subsequentes e mais fracos da família querem segurar os
antecedentes e mais fortes para que não se vão, ou pretendem segui-los se já partiram. Também por
efeito do vínculo, os membros que obtiveram vantagem querem assemelhar-se aos que ficaram em
desvantagem.

Assim, filhos saudáveis querem assemelhar-se a pais doentes e filhos inocentes a pais culpados. O
vínculo faz ainda com que membros da família com boa saúde se sintam responsáveis por membros
doentes, inocentes por culpados, felizes por infelizes e vivos por mortos. Assim, pessoas que se
sentem em vantagem se dispõem também a arriscar e oferecer sua saúde, inocência, vida ou
felicidade pela saúde, inocência, vida ou felicidade dos outros. Pois alimentam a esperança de que,
renunciando à própria vida e à própria felicidade, poderão assegurar ou salvar a vida e a felicidade de
outros membros dessa comunidade de destino, restituindo e recuperando a vida e a felicidade deles,
mesmo que tenham sido perdidas.

Na comunidade de destino, constituída pela família e pelo grupo familiar, reina, portanto, em razão do
vínculo e do amor que lhe corresponde, uma necessidade irresistível de compensação entre a
vantagem de uns e a desvantagem de outros, entre a inocência e a sorte de uns e a culpa e a
desgraça de outros, entre a saúde de uns e a doença de outros, e entre a vida de uns e a morte de
outros. Em razão dessa necessidade, se uma pessoa foi infeliz, uma outra também quer ser infeliz; se
uma ficou doente ou se sente culpada, uma outra, saudável ou inocente, também fica doente ou se
sente culpada; e se uma morreu, outra, próxima a ela, também deseja morrer.

Dessa maneira, no interior dessa estreita comunidade de destino, o vínculo e a necessidade de


compensação levam ao equilíbrio e à participação na culpa e na doença, no destino e na morte de
outros. Com isso, tenta-se pagar a salvação do outro com a própria desgraça, a cura do outro com a
própria doença, a inocência do outro com a própria culpa ou expiação, e a vida do outro com a própria
morte.
VÍNCULO E PROGRESSO
por Bert Hellinger, no livro “A fonte não precisa perguntar pelo caminho.”

“Quero dizer algo sobre o vínculo. Muita desventura está enraizada em vínculos. A criança está
vinculada profundamente à sua família e, na verdade, não somente a seus pais e irmãos, mas
também aos antepassados.

Porque ela, através do vínculo, faz parte da alma da família, participa também nos destinos dessa
família. Ela acha que mostra o seu amor participando desses destinos. Portanto, quando alguém da
família foi assassinado, ela acha que talvez possa mostrar o seu amor pela vítima, se também morrer.

Ou se o pai se suicidou, ela acha que o seu amor por ele exige que morra precocemente como ele.
Eu denomino isso de dinâmica: “Eu sigo você”. Ou quando a criança vê que um dos pais quer morrer,
diz: “Eu faço isso em seu lugar”.

Portanto, através do amor e através do vínculo a desventura continua. Ontem, vimos em alguns
exemplos que o que se exige do indivíduo para que se libere desse vínculo é, de fato, não um amor
menor, mas sim, um amor maior. Por exemplo, exige do homem que quer seguir o seu pai que se
suicidou mais amor pelo seu pai se permanecer em vida do que morrendo.

E que a alma da criança sente-se mais vinculada na desventura, quer dizer, sente-se inocente na
desventura. Enquanto que concordando com uma solução, afastando-se da morte e voltando se para
a vida, sente-se culpada. Por isso, a solução exige da alma tanto progresso.

Portanto, solução só existe através de um desenvolvimento interno.

Em alemão, solução é uma palavra ambígua. C. G. Jung a denomina individuação. Portanto, através
da solução, somos isolados e, de certa maneira, mais solitários, entretanto, ao mesmo tempo, fortes e
capazes de fazer algo novo. Todo progresso que afasta da desventura, que afasta da discórdia para a
paz passa pelo isolamento nesse sentido, pois, esse tipo de isolamento permite que me volte para um
todo maior.

A criança que quer ficar inocente em seu amor fica presa em sua própria família. Quem no isolamento
progride para o maior não está somente vinculado à sua família, senão a muitas famílias, diferentes
famílias, ele pode unir em si antagonismos, está ligado a um todo maior e pode, portanto, também
servir a um todo maior.

Por isso, quando alguém que viu uma solução torna a cair em desventura, sente-se mais inocente e
menor. Quando se libera e olha para frente, sente-se culpado, mas maior. ”

Há um preço a ser pago no caminho para o crescimento pessoal, e é sobre isso que Hellinger fala
neste trecho. Ao mesmo tempo, aquilo que é desafiante se torna uma nova força para novas
possibilidades.

O OLHAR SISTÊMICO
A Constelação Familiar e Sistêmica é um conhecimento que olha para influências pessoais que
surgem do vínculo a um grupo, seja ele familiar, profissional ou de qualquer outro tipo.
Considerar o sistema e suas atribuições significa que o todo NÃO pode ser explicado a partir da
análise separada de cada elemento.

Na verdade, na inter-relação entre seus integrantes, uma realidade maior surge, estando esta além
para a simples soma da contribuição individual de cada integrante.

Esta análise é especialmente válida no trabalho da Consultoria Organizacional Sistêmico-Dinâmica,


onde o conhecimento da Constelação Sistêmica é aplicado para análise de emaranhamentos
profissionais.

Em uma empresa, a simples identificação do indivíduo que acarreta o problema e a aplicação de uma
solução direcionada geralmente não resolve a dificuldade. O olhar precisa ampliar para encontrar o
motivo sistêmico que permite a manifestação de um sintoma empresarial.

É nesse novo olhar, que a Constelação Organizacional auxilia no diagnóstico e na busca de soluções.

“O todo é mais do que a soma dos elementos. As propriedades sistêmicas são mais – e pode-se até
dizer que são algo distinto – do que a mera adição de seus elementos. As propriedades de um
sistema não podem ser concluídas a partir da análise dos respectivos elementos, elas só são
acessíveis quando o sistema como um todo é considerado na inter-relação entre as suas partes.”
(trecho de Klaus Grochowiak e Joachim Castella, no livro “Constelações Organizacionais –
Consultoria Organizacional Sistêmico-Dinâmica).

Sobre as informações que surgem e as que


permanecem ocultas no trabalho da Constelação
Familiar.
Por Bert Hellinger, No livro “A fonte não precisa perguntar pelo caminho”.

“A família tem uma memória. O que dela vem à luz nos é presenteado. Mas ainda estão presos a ela
o escuro e o oculto do qual vêm.

Isto é, o seu essencial nos permanece oculto, por exemplo, o seu “de onde” e o “para onde”.

Não só nos permanece somente oculto, mas também em segurança, isto é, subtraído ao nosso
acesso. Por isso, podemos e nos é permitido dispor dele somente quando se mostra, e nós paramos
aí, onde nos é ocultado.

Por isso, o que veio à luz não trai o oculto e nem aquilo que está em segurança, somente nos é
mostrado por ele de maneira limitada.

Nossas opiniões se colocam na frente do que vem à luz, encobrindo-o. A opinião, tão logo a
tenhamos formado, nos permite permanecer no subjetivo e por isso bloqueia o conhecimento.

Ao contrário, o que veio à luz nos força ao desconhecido, insólito e novo. Quando nos concentramos
neste trabalho, então nos concentramos naquilo que permanece oculto, atrás do que quer vir à luz.
Nós nos submetemos não somente ao que vem à luz, mas também àquilo que permanece oculto e a
tudo aquilo que se manifestou e que volta a imergir.

Por isso, estamos em harmonia com os dois movimentos e nos submetemos a ambos. Este trabalho
deixa aparecer o essencial e, por isso, não se limita ao que está em primeiro plano, por exemplo, à
cura de uma doença.

Por isso, ele é em sua essência mais do que simples psicoterapia.”

CONSTELAÇÕES FAMILIARES:
FILOSOFIA APLICADA
“Vou esclarecer com um exemplo:

Um cliente reclama de seus pais ou reclama do que ele ou ela vivenciou de ruim na infância.

Originalmente tínhamos pena desse cliente e pensávamos: ‘Vamos ajudá-lo’. Mas se penso
filosoficamente, através do espírito, não existe nada de ruim. Isso não pode existir.

Se atrás de tudo atua uma força criativa, não existe nada que possa contradizer isso.

Portanto, agora olho filosoficamente para essa situação e peço ao cliente que ele também veja a sua
situação filosoficamente e que diga: ‘Não importa o que tenha sido: obrigado. Tomo isso como uma
força. Eu tomo esses pais como pais especiais, que me dão forças especiais e essenciais para a
minha vida’.

De repente, tudo o que aconteceu se transfigura.

Fica preciso.

Como o terapeuta se comporta então?

Ele já não é mais um terapeuta, é agora, na verdade, um filósofo.

Ele não tem nenhum pesar.

Pelo contrário, concorda também com aquilo que é ou que foi.

Com isso são liberadas forças que ultrapassam a psicoterapia”.

PARA ENTENDER A CONSTELAÇÃO


FAMILIAR
Algumas pessoas estranham o termo “Constelação Familiar” e isto é bem natural.

Aqueles que não conhecem os estudos de Bert Hellinger sobre os relacionamentos humanos e as
influências do sistema familiar sobre os seus integrantes, acham que se trata de algo místico.

Por isso, geralmente é um desafio falar da Constelação Familiar de Hellinger para aqueles que nunca
participaram de uma vivência.

Então, para fim de explicação e buscando facilitar o entendimento, vamos usar aqui neste post um
termo mais diretamente relacionado com o objeto deste trabalho. Usaremos “Posicionamento
Familiar” no lugar de Constelação Familiar.

O “Posicionamento Familiar” (Constelação Familiar) é uma dinâmica terapêutica com o objetivo de


observar como membros de uma família se relacionam em um sistema.

Dadas algumas regras que regem o sistema familiar, como descobriu o psicoterapeuta Hellinger, ao
fazer o “Posicionamento familiar” com base numa questão trazida pelo cliente, é possível verificar
onde está a possível fonte da identificação do cliente com seu sistema e que se manifesta como
dificuldade em sua vida.

Essa dinâmica fica clara para o cliente, servindo como um rápido diagnóstico e incitando mudanças.
Como é uma experiência que se manfesta em seu corpo, a compreensão é muito mais rápida e
efetiva, diferente por exemplo, da terapia onde o cliente fala sobre suas questões.

Outras teorias também se propõem a explicar outros resultados da Constelação, que vão para além
do trabalho com o cliente.

Como estas informações que transparecem no “Posicionamento Familiar” advém do insconsciente


familiar do cliente, este também é impactado, gerando movimentos em todo o sistema.

O trabalho de Hellinger é impressionante e tem encontrado resultados expressivos em todo o mundo,


já sendo aplicado há mais de 40 anos.

Hoje, este conhecimento se expande para todo local onde há relações sistêmicas, como na
Administração, na Saúde, na Pedagogia e no Direito.

Lembre-se: “Posicionamento Familiar” é um sinônimo de “Constelação Familiar”.

Neste texto apenas mudamos para auxiliar uma compreensão mais racional, sem a barreira “mística” (
e inexistente) que o nome original em português as vezes desperta nas pessoas que não o
conhecem.

CONSTELAÇÃO FAMILIAR: UMA


TERAPIA BREVE
Por Bert Hellinger
“Terapias breves se destacam porque, partindo da multiplicidade do possível, direcionam-se ao
essencial.

Chegam direto ao assunto, ao centro, à raiz.

Com efeito, as constelações familiares também são terapias breves porque trazem à luz, em poucos
passos, o que estava, até então, oculto e, assim, as soluções com frequência emergem,
espontaneamente.

Uma constelação familiar dura, via de regra, de 20 a 50 minutos.

Isto é bem breve, quando se pensa o quanto vem à luz e quão amplos são os resultados.

Entretanto, ela traz toda a família para seu campo de visão, incluindo muitas pessoas na solução.

Trata-se de soluções no sentido literal ou de um movimento interrompido em direção à mãe ou ao pai


que estava impedido ou interrompido, até aquele momento; ou trata-se de olhar para uma realidade
até então não percebida, porque se tinha medo dela. Aqui, o terapeuta deixa o cliente ver sem rodeios
essa realidade e deixa que ela mostre a solução.”

A REPETIÇÃO COMO FORMA DE EXPIAR


ALGO DIFÍCIL
por Bert Hellinger, no livro “Ordens do amor”

“A expiação é uma forma de compensação, e por sinal, uma compensação cega. Existe uma lei
natural que busca sempre compensar um desequilíbrio.

Essa lei atua igualmente na psique, onde também busca sempre compensação. Assim, a expiação é
uma tentativa de compensar alguma coisa instintivamente.

Muitas vezes ela funciona de um modo que escapa do controle do indivíduo.

Há, porém, uma forma de libertar-se do contexto instintivo e de compensar de acordo com uma ordem
superior, que chamo de ordem do amor.

Ela se encontra em um nível superior e leva a compensar de uma forma que dispensa a expiação.”

A forma de cessar a expiação é olhando para a realidade com respeito, lidando com a
responsabilidade que lhe cabe. Assim, nos liberamos e liberamos os outros em relação a este
acontecimento.

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