Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Simbolos Magicos Nordicos Guia Visual e
Simbolos Magicos Nordicos Guia Visual e
https://www.academia.edu/43073317
Introdução
*
Este ensaio faz parte da pesquisa Simbolismo religioso nórdico em monumentos da Era Viking e na Europa
Medieval (Lattes/PPGCR-UFPB): http://lattes.cnpq.br/3561550459580228 Vários resultados desta
pesquisa já foram apresentados em eventos acadêmicos: Conferência: A religião dos vikings: novas
perspectivas, III Feira Medieval e VI Simpósio de História, Cultura e Política. da PUC-PR, 2019;
Conferência: La religion nórdica en la Era Vikinga, Universidad Complutense de Madrid, 2018;
Conferência: As relações culturais entre Escandinávia e Eurásia na Era Viking, I Simpósio Nacional de
Estudos Medievais da UFSJ, 2018; Palestra: Animais, suásticas e símbolos celestes na Escandinávia (séc.
V-XI d.C.), V Colóquio de Estudos Vikings e Escandinavos, 2017.
1
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
escandinava. A mesmo tempo, aproveitamos para corrigir vários equívocos sobre o tema,
abundantes em livros e na internet. Nosso levantamento possui alguns critérios: incluímos
apenas símbolos mágicos com morfologia geométrica não figurativa e que foram
utilizados na Antiguidade e Medievo, alguns com continuidade após a cristianização,
também sendo utilizados no folclore e tradição popular moderna. Atualizamos algumas
considerações já realizadas em nosso anterior estudo acadêmico (Langer, 2010) mas com
várias adições e correções.
O estudo dos símbolos é uma área complexa e que requer alguns cuidados.
Primeiro, evitamos generalizações, referenciais diacrônicos e universalistas em excesso.
Símbolos extremamente difundidos na área euro-asiática (como a suástica)
necessariamente não tem os mesmos significados, variando conforme o contexto
histórico, geográfico, social e cultural: “O símbolo é sempre proteiforme, polivante,
ambíguo (...) no mundo dos símbolos, tudo é cultural e deve ser estudado em relação à
sociedade que dele faz uso (...) nada funciona fora do contexto” (Pastoreau, 2002, p. 495,
505, 507). Outra questão é o conceito de magia. Aqui empregamos noções relacionadas
ao caráter pragmático dos simbolismos, onde magia envolve uma série de recursos
materiais para o controle do sobrenatural e a natureza, também empregando mitos e
tradições orais; diversas práticas, rituais e simbolismos para tentar encontrar em contato
com poderes invisíveis, para conhecer o futuro ou influenciar eventos (Mitchell, 2015, p.
59). E neste sentido, a magia medieval não pode ser entendida enquanto oposta à religião,
tanto erudita quanto popular (Jolly, 1996, p. 18), mesclando-se e hibridizando-se com as
tradições religiosas.
2
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
segundo, o estudo dos símbolos nórdicos ainda é muito precário na academia, sendo
objeto de poucas investigações científicas. Para o caso de símbolos presentes na Era
Viking, estamos preparando um material acadêmico mais detalhado e analítico, a ser
publicado futuramente. Neste pequeno ensaio, concederemos apenas algumas
considerações sistematizadoras de base diacrônica, enfatizando um recorte da
Antiguidade à modernidade.
1. Suástica e Triskelion
3
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
4
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 3: Suástica e triskelion de Snoldelev (DR 248), séc. IX, original e reconstituição gráfica, Museu
Nacional da Dinamarca, Copenhague. Foto de Johnni Langer/NEVE, 2018. Trata-se da representação mais
famosa de uma suástica na Era Viking. O triskelion feito de cornos relaciona o conjunto imagético ao deus
Odin (remete ao mito do hidromel).
Imagem 4 e 5: DR 337 (Valleberga, Lundagård, Lund/Escânia, Suécia), séc. XI, erguida em memória de
Manni e Sveini. Uma das inscrições cita a cidade de Londres, porém o detalhe mais interessante é a suástica
esculpida no meio de uma cruz latina. Foto de Johnni Langer/NEVE (julho de 2019). A suástica possui
extremidade curvas, gerando uma ideia de movimento circular interno. Aqui o Sol pode ter sido relacionado
a Cristo? Na área irlandesa medieval, o simbolismo solar em suásticas foi reinterpretado dentro da noção
cristã de ressureição (Rynne, 1990, p. 3-18).
5
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 6: Pedra rúnica do aeroporto de Arlanda, Séc. XI (L2013:3081 Runristning), descoberta em 1990.
É relacionada às expedições de Ingvar. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE (2019). A cruz com suástica é
inserida dentro do padrão tradicional de entrelaçados com serpentes, típica da área sueca. O simbolismo
das serpentes em pedras rúnicas da Suécia foi tema de uma recente tese de doutorado no Brasil: Oliveira,
2020.
6
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 7 e 8: Escultura de rosto humano e pássaros, Santa Maria, Great Canfield (Essex, Inglaterra), séc.
XII. Foto de Susan Tsugami/NEVE (2019). A escultura é tradicionalmente interpretada como sendo Odin
e seus dois corvos, ao lado de um conjunto de cinco suásticas (foto abaixo), mas também como dois pombos
alimentando a face de Cristo. As suásticas seriam signos de boa sorte (Wilson, s.d., p. 12).
7
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 9 e 10: A pedra do Sol, séc. IX-X, Igreja de Govan Old Parish, Escócia. Fotos de Susan
Tsugami/NEVE (2019) e Barbara Keeling (2010). A suástica do monumento possui seus terminais com
cabeças de serpentes e é interpretada como sendo um símbolo da redenção humana (Ritchie, 2011, p. 14).
8
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Esta suástica é muito semelhante a representações de triskelions com terminais em forma de animais,
comuns na Escandinávia antiga, como na estela de Smiss, Gotland.
Imagem 11: Triskelion, estela de Smiss, Museu de Gotland, Suécia, séc. V-VI. Foto de Munir Lutfe
Ayoub/NEVE, 2019. O tiskelion aqui possui terminais em forma de javali, águia e serpente, animais
relacionados ao deus Odin. A figura abaixo, muito polêmica, geralmente é interpretada como um ser
feminino e segura em suas mãos duas serpentes. Recentemente a cena foi relacionada ao parto e o
simbolismo da serpente-dragão na transição de mundos (durante o nascimento da criança) (Mitchell, 2019,
p. 125-126.
9
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 12: Þórshmar, Manuscrito Huld (ÍB 383 4to), 24v, 1860. Fonte.
https://handrit.is/en/manuscript/view/is/IB04-0383
Nos tempos modernos a suástica foi associada ao martelo de Thor (MacLeod &
Mees, 2006, p. 252). Este instrumento continuou a ter um papel importante em
comunidades rurais suecas na modernidade. Um martelo utilizado em confrarias possui
vários caracteres gravados em sua cabeça (semelhantes a marcas de propriedade),
incluindo uma suástica. Não sabemos se existe alguma continuidade folclórica entre este
símbolo e o martelo pagão ou se possui alguma similaridade com a área islandesa. Em
todo caso, este objeto demonstra a perpetuação do símbolo na vida cotidiana dos
escandinavos.
10
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 13: Fattigklubba, martelo de madeira utilizada em confrarias rurais na Suécia, século XVIII.
Fonte: Mejborg, 1889, p.16.
Imagem 14: Sinais mágicos encontrados em um livro de nascimentos e batismos de Ytterlännäs, 1680. A
suástica é o terceiro sinal marcado da direita para a esquerda. Fonte da imagem: Wijk, 2020.
A suástica nórdica também continua nos tempos modernos com usos diferentes. Em
1680, um padre da igreja de Ytterlännäs (Ångermanland, Suécia), anotou vários símbolos
em um livro de registro de nascimentos e batismos. Entre letras romanas, quadrados e
sinais variados, ocorre uma suástica - aqui ela teria funções repulsivas, de afastar o mal
das crianças, segundo alguns historiadores (Wijk, 2020). Marcas antigas eram utilizadas
como substitutos de assinaturas na Suécia e as vezes elas misturavam runas e símbolos
antigos, mas também proviam de letras da liturgia e tradição bíblica, com o sentido de
afastar o mal. E a suástica muitas vezes estava incluída.
11
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
sueco, constante do acervo do Nordiska Museet (Mejborg, 1889, p. 14). Nesta mesma
instituição, porém, existem duas pranchas de madeira para dobrar roupas, do Setecentos,
que possuem inscrições de vários signos, sigilos, desenhos e marcações, possivelmente
de caráter mágico ou protetor, incluindo vários tipos de suásticas. Suásticas também eram
gravadas em portas de casas suecas como sinais profiláticos (Mejborg, 1889, p. 15).
Imagem 15: Dobrador de roupa, Igreja de Djura (Dalarna, Suécia); dobrador de roupa, Leksand (Dalarna,
Suécia). Ambos os objetos são do acervo do Nordiska Museet e datados entre 1600 e 1700. Fonte das
imagens: Mejborg, 1889, p. 13.
2. Triquetra e Valknut
12
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 16: Triquetra, runestone de Sanda I (G 181), séc. X-XI, Museu de Gotland, Suécia. Foto de Munir
Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. O símbolo aparece junto ao que se acredita ser uma figuração do deus Odin,
segurando uma lança (Gungnir ?).
13
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 17: Triquetra, runestone U 937, séc. XI, parte do conjunto das pedras rúnicas de Funbo, atualmente
situada no jardim da Universidade de Uppsala, Suécia. Foto.
https://en.wikipedia.org/wiki/Funbo_Runestones#/media/File:Trikvetra.JPG É a representação mais
famosa de uma triquetra durante a Era Viking, possuindo traços uniformes e bem definidos.
Tanto a triquetra quanto o valknut foram associados ao deus Odin na Era Viking.
Mas enquanto a triquetra é mais antiga e sobreviveu muito mais tempo na Europa
(extremamente comum nas regiões celtas), o valknut é quantitativamente encontrado
quase que exclusivamente na ilha de Gotland e somente entre os séculos VIII ao X. Em
objetos móveis (como pentes, bastões, moedas, pingentes) e sem o contexto de figurações
e iconografias mais complexas, é muito difícil de tentar entender o significado da triquetra
e do valknut nos tempos pré-cristãos e saber se possuíam algum sentido mágico (talvez
14
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 18: Detalhe da cena sacrificial, estela de Stora Hammars I, séc. IX-X, Museu aberto de Bunge,
Gotland, Suécia. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. É talvez a representação mais famosa de um
valknut, totalmente inserido dentro de um contexto ritual e religioso – cercado de pássaros, sacrifício e
guerreiros armados, uma situação objetivamente relacionada ao deus Odin.
15
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
3. Espiral e labirinto
Na Idade do Bronze Nórdica o espiral era conectado ao culto solar e a guerra, com
a carruagem, embarcações e ao movimento do Sol. Na Idade do Ferro, o Sol passa a ser
personificado e figurado, diminuindo as abstrações e elementos não figurativos (Wang,
2017, p. 6, 10).
Imagem 19: Estela de Väskinde, séc. V-VI, Museu de Gotland, Suécia. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE,
2019. A espiral no período Vendel era geralmente representada associada a figuras de animais, mais
comumente serpentes, mas também a seres humanos em cavalos.
16
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 20: Detalhe da estela Stenkyrka Lillbjärs III (G 268), Gotland, Suécia, séc. IX, atualmente parte
do acervo do Historiska Museet, Estocolmo. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019. Uma das
representações figurativas mais complexas realizadas durante a Era Viking, possuindo três símbolos
17
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
geométricos (valknut, triskelion e espiral), um cavaleiro e uma valquíria portando um corno. O tema de
escudos com espirais também foi representado em pingentes de valquírias: Wickham Market (Suffolk, séc.
IX, Museu Colchester); Vrejlev (séc. IX, Museu Nacional da Dinamarca); Tissø séc. IX, Museu Nacional
da Dinamarca).
18
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 21: Amuleto em forma de escudo com suástica espiralada, tumba feminina de Birka (Bj 954), Era
Viking (Gräslund, 2005, p. 385).
Imagem 22: Labirinto da igreja de Fröjel, Gotland, Suécia, séc. XIV. Foto de Munir Lutfe Ayoub/NEVE,
2019. A ilha da Gotlândia possui mais de 500 labirintos de pedra criados na Idade Média.
19
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 23: Labirinto (trojaborgar) em Maria kirkko (Igreja de Santa Maria), Turku, Finlândia, séc. XV.
Foto de Vitor Menini/NEVE (2019).
Os labirintos que ocorrem nas igrejas nórdicas não seguem o padrão europeu,
conhecido como modelo de Chartres (comum em pinturas e pavimentações). Em vez
disso, são frequentemente encontrados os trojaborgar. Pesquisas efetuadas nas igrejas
20
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
medievais de Gevninge, Båstad e Östra Karup indicam que elas possivelmente foram
utilizadas como símbolos apotropaicos, protegendo o portão e a abertura para o coro da
igreja. No momento em que estes labirintos foram perdendo espaço nas igrejas, eles
continuaram a existir no ambiente costeiro como protetores da pesca e caça até pouco
tempo (Swärd, 2012 p. 40).
21
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 24: Estela Hablingbo Havor II (SHM 21879), séc. V-VII d.C., Museu de Gotland, Suécia. Foto
de Munir Lutfe Ayoub/NEVE, 2019.
22
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 25: Fragmento da tapeçaria de Oseberg, Suécia, séc. IX d.C., reconstituição de Mary Storm (1939-
1940). Fonte da imagem. http://www.germanicmythology.com/works/OsebergTapestry.html O nó
quadrifólico foi representado ao lado de suásticas. Ambos os símbolos parecem estar relacionados ao
contexto fúnebre da cena. Um nó quadrifólico isolado foi representado ao lado de uma figura masculina
portando um elmo com cornos e espada na mão.
Durante a Era Viking este símbolo permaneceu com esparsas aparições, a exemplo
da tapeçaria de Oseberg (datada do século IX d.C.). Várias representações foram
realizadas de forma isolada e em outras, ele aparece ao lado de suásticas, sugerindo um
significado próximo ou relacionado ao contexto fúnebre do conjunto. Em todo caso, é
possível que ele também tivesse vínculo com os rituais a Odin (sem maiores evidências)
ou então a rituais de morte (mais provável).
23
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 26: Nós quadrifólicos na pia batismal de arenito da Igreja de Näs, Västergötland, Suécia, 1200
d.C. Fonte da imagem: Höök, 2015, p. 33. Os símbolos integram-se a um conjunto de esculturas de nós que
perfazem quase toda a superfície do objeto, dando um sentido estético ao significado de proteção.
Nos calendários medievais suecos, o dia de João Batista (24 de junho) era marcado
com este símbolo. Também era gravado em portas para impedir a entrada de forças
malignas e infortúnios para os seus habitantes (Cronsioe, 2010). Os ornamentos pagãos
24
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 27: Triquetra, Nó quadrifólico e bandknutar, Pia batismal, Igreja de Remmarlöv (Escânia, Suécia),
1200 d.C., Fonte da imagem:
http://medeltidbild.historiska.se/medeltidbild/visa/foremal.asp?objektid=900621F1
25
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 28 e 29: Pentagrama da igreja de Ala, Gotlândia, Suécia, séc. XII (Fonte: Källström, 2017, p. 5);
Símbolos encontrados na Catedral de Turku, Finlândia (séc. XIV). As marcas abaixo do pentagrama
simbolizam as chaves de São Pedro (Stenlund, 2017, p. 482).
26
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
gravada na forma de grafites nas paredes de Igrejas e casas. Outra, mais elaborada e
artística, esculpida entrelaçada com um círculo central, seguia a tradição de esculturas em
forma de nós de períodos mais antigos e quase sempre inseridas em pias batismais.
Imagem 30: Fonte batismal, Igreja de Ekeby (Escânia, Suécia), 1200 d.C., Fonte da imagem:
www.kringla.nu/kringla/objekt;jsessionid=00A66294714C00633015DEBF59941C0F?filter=fromPeriod
Name%3Dtidig+medeltid&sida=3&referens=shm/art/900519F3 O pentagrama é integrado a um círculo
central e encontra-se ao lado de relevos de nós ornamentais.
27
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 31: Pentagrama, pia batismal, Igreja de Fulltofta (Escânia, Suécia), séc. XII. Fonte da imagem:
https://historiska.se/upptack-historien/artikel/dopfuntarnas-bilder/ Esta bela representação de pentragrama
filia-se à antiga tradição de símbolos entrelaçados em nós, presentes especialmente em triquetas e valknutes.
No medievo cristão existia a visão de que uma criança recém nascida era “pagã” e
que corria o risco de ser levada pelo diabo – um verdadeiro risco de vida. Havia o medo
de que um feiticeiro substituísse a criança antes do batismo, o que gerava a necessidade
do uso de vários objetos mágicos para proteção da criança. Estes também seriam usados
para conceder uma boa vida futura para o pequeno cristão. Essas crenças e práticas
perduraram do medievo até o século XIX na Suécia (Höök, 2015, p. 13). A grande maioria
das proteções mágicas era direcionada para os trolls e feiticeiras – que poderiam substituir
os filhos. O recém-nascido (“pagão”) era vigiado de perto, o fogo nas lareiras devia
queimar constantemente para afugentar os poderes do mal, objetos de ferro e livros
sagrados eram colocados no berço. Na casa do recém-nascido ainda não batizado, todas
as janelas e portas deviam ficar permanentemente fechadas e nenhum estranho podia
entrar (Höök, 2015, pp. 13-15).
28
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 32: Cruz Troll (Trollkors), Brogården, Suécia, sem datação, provavelmente século XIX. Fonte da
imagem. https://sv.wikipedia.org/wiki/Trollkors#/media/Fil:Portliderkors.JPG Esta representação de cuz
geralmente era esculpida em portas, janelas e locais próximos a caminhos.
As cruzes troll eram amuletos com uma cruz latina incisa ou ainda, marcas de cruzes
realizadas em portas, janelas e objetos móveis, realizadas com a intenção de proteger
contra malefícios. Sua origem provém do folclore escandinavo moderno. Estas marcas
também são inseridas em potes ou recipientes para proteger alimentos (Ålenius, 1943, p.
91).
Imagem 33: Pingente “Futhark troll cross”, vendido no Brasil pelo site Philip Mead como sendo “antigo
amuleto dos povos escandinavos”: https://www.hidromelphilipmead.com.br
29
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Na década de 1990 o artesão sueco Kari Erlands inventou um novo símbolo com o
nome de Trollkors, utilizando a runa Othala (Odal) do Futhark antigo (Frej, 2016). O
símbolo se propagou pela internet e transforma-se equivocadamente num suposto “objeto
da Era Viking”, propagado mesmo no Brasil: “Acreditavam -se que a Cruz de troll tinha
o poder de afastar os trolls e elfos dos povos vikings” (Símbolos nórdicos e seus
significados, Elizangela Assis, internet). O verbete Asatru da Wikipedia em português,
inseriu a cruz troll como sendo um pingente do folclore sueco (ao lado de uma imagem
do Valknut e Mjollnir), o que também é um erro.
Equívocos contemporâneos: “Cruz Troll (...) usado por los primeiros pueblos
escandinavos como uma protecion contra los trolls y elfos” (Símbolos de poder nórdicos).
A cruz troll é uma invenção moderna (em sua forma rúnica) e a folclórica é muito
posterior ao cristianismo ser introduzido na Escandinávia.
30
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 34: Cruz élfica (Ellakors), pingente de prata, Västergötlands Museum, Suécia. Sem datação,
provavelmente depois do século XVIII. Fonte da imagem.
https://digitaltmuseum.se/021027135988/amulett
8. Vegvísir e ægishjálmr
Dois símbolos mágicos que surgem nos tempos modernos, não sendo conhecidos
durante a Era Viking.
O Vegvísir foi um signo mágico utilizado para encontrar o caminho e devido ao seu
formato semelhante a uma rosa dos ventos, foi comparado a uma bússola (Zarrillo, 2018,
p. 29).
31
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 35: Ægishjálmur no manuscrito GKS 2367 4to, página 14r (Codex Regius da Edda em Prosa),
séc. XIV. Segundo o pesquisador Kári Pálsson (comentário na internet), trata-se de um acréscimo posterior
ao manuscrito, pela diferença de cor e textura, possivelmente realizado no século XVI. Segundo os
pesquisadores Teresa Dröfn Freysdóttir Njarðvík e Rune Hjarnø Rasmussen (comentários na internet), o
desenho foi realizado ao lado do texto de Snorri – na cena onde o deus Thor enfrenta a serpente do mundo.
Ainda não existem estudos publicados sobre este tema. Foto de Rune Hjarnø Rasmussen (Universidade de
Uppsala, internet, 2019).
32
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Imagem 36: Ægishjálmur no manuscrito AM 756 4to, 10v, séc. XV (transcrição da Edda em Prosa).
Possivelmente trata-se de uma inserção imagética posterior à escrita do manuscrito, talvez no século XVI,
ainda sem estudos. Os desenhos foram realizados na parte inferior da página. Fonte:
https://image.landsbokasafn.is/source/AM_756_4to/AM_756_4to,_0010v_-_27-
hq.pdf?fbclid=IwAR2wqq0HPSO9RHGN2nBwDbg9KSjm11U40Ma_yDdiuxxO21RkRVy0XHF1eB4
33
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
símbolo anterior ao século XV, e não temos como provar que existiu entre os vikings.
Segundo Macleod e Mees (2006, p. 252), o Ægishjálmur foi uma forma cruzada e
adaptada do símbolo tvímadr, presente no calendário rúnico do século XIII.
Imagem 37: Ægishjálmur, Manuscrito Huld (ÍB 383 4to), 25v, 1860. Fonte.
https://handrit.is/en/manuscript/view/is/IB04-0383
Imagem 38: Vegvísir, Manuscrito Huld (ÍB 383 4to), 26v, 1860, Fonte.
https://handrit.is/en/manuscript/view/is/IB04-0383
34
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
Agradecimentos:
Helena Bure Wijk, Eirik Westcoat, Susan Tsugami (NEVE), Vitor Menini (NEVE),
Victor Hugo Sampaio (NEVE), Munir Lutfe Ayoub (NEVE), Pablo Gomes de Miranda
(NEVE) e Leandro Vilar Oliveira (NEVE).
Referências bibliográficas:
ÅLENIUS, Nils Olof. Skyddet för födan. Årsboken Uppland, 1943, pp. 86-91.
BOYER, Régis. Le Christ des barbares: le monde mordique (IX-XIII siècle). Paris: Les
Éditions du Cerf, 1987.
BOYER, Régis. Le monde du double: la magia chez les anciens Scandinaves. Paris: L´Ile
Verte, 1986.
35
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
CHAPPLE, Robert M. Swastikas from the Oseberg Ship Burial, Norway & Time
Travelling Nazis. Robert Chapple Archaeologist, 2017.
http://rmchapple.blogspot.com/2017/07/swastikas-from-oseberg-ship-burial.html
COIMBRA, Fernando. Symbols for protection in war among European societies (1000
BC - 1000 AD). Late Prehistory and Protohistory: Bronze Age and Iron Age.
Proceedings of the XVII UISPP World Congress, Burgos, Spain. Oxford:
Archaeopress Publishing Ltd, 2016, pp. 15-26.
FRANCESCHI, Gérad et al. Men, gods and masks in Nordic Iron Age art. Koln: Verlag
der Buchhandlung, 2005.
GRÄSLUND, Anne-Sofie. Symbolik för lycka och skydd: vikingatida amuletthängen och
deras rituella kontext. In: Fra funn til samfunn: Jernalderstudier tilegnet Bergljot
Solberg på 70-årsdagen, Universitetet i Bergen, 2005, pp. 377-392.
HEATH, Neil. Mysteries of medieval graffiti in England's churches. BBC News, 2014.
https://www.bbc.com/news/uk-england-28035013
HENDRIKS, Cor. De pad en de heks, Rob Scholte Museum, 2016, pp. 1-10.
36
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
HÖÖK, Lena Kättström. Från foster till dop Hur man skyddar en hedning. In: SE
ÅLDERN: Nordiska museets och Skansens årsbok. Stockholm: Nordiska museets
förlag, 2015, pp. 13-37.
JOLLY, Karen Louise. Popular religion in late Saxon England: elf charms in context.
The University of North Carolina Press, 1996.
LANGER, Johnni. Símbolos religiosos dos Vikings: guia iconográfico. História, Imagem
e narrativas 11, 2010. https://www.academia.edu/752529
MACLEOD, Mindy & MEES, Bernard. Runic amulets and magic objects. London:
Boydell Press, 2006.
MITCHELL, Stephen. Ormhäxan, Dragons, Partuition and Tradition. In: EDHOLM, Klas
et al (Ed.). Myth, Materiality, and Lived Religion In Merovingian and Viking
Scandinavia. Stockholm: Stockholm University Press, 2019.
OEHRL, Sigmund & PESCH, Alexandra. Runen, Thorshämmer und Schwarze Sonnen:
rezeption und Missbrauch frühgeschichtlicher Symbole und Zeichen.
Archäologische Nachrichten, Schleswig-Holstein, 2017, pp. 110-121.
37
LANGER, Johnni. Símbolos mágicos nórdicos: guia visual e histórico. Academia.edu, 2020.
https://www.academia.edu/43073317
PEARL, Frederic B. The water dragon and the snake witch: two Vendel period Picture
Stones from Gotland, Sweden. Current Swedish Archaeology 22, 2014, pp. 137-
156.
PRICE, Neil; GRÄSLUND, Bo. Twilight of the gods? The dust veil event of AD 536 in
critical perspective. Antiquity 86, 2012, pp. 428-443.
RITCHIE, Anna. Govan and its carved stones. Glasgow: The Friends of Govan Old,
2011.
ZARRILLO, Dominick. The Icelandic Witch Craze of the Seventeenth Century. The
College of New Jersey, 2018.
WANG, Lan. Freyja and Freyr: successors of the Sun. On the absence of the sun in
Nordic saga literature. Universidade de Oslo, 2017.
WIJK, Helena Bure. Bomärket, ett forntida personligt sigill. Släktforskning, 2020.
https://helenawijk.com/2020/02/17/bomarket-ett-forntida-personligt-sigill/
WILSON, J. Maryon. The church of St. Mary the Virgin. Essex: M & B Limited, s.d.
38