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JAIR MESSIAS BOLSONARO VITO ENZO GENESI

Presidente da República Coordenador de Fomento e Inclusão Florestal

TEREZA CRISTINA CORRÊA DA COSTA DIAS BRUNO MALAFAIA GRILLO


Ministra de Estado da Agricultura, Pecuária e DÉBORA SILVA CARVALHO
Abastecimento GRACIEMA RANGEL PINAGÉ
Equipe Técnica
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO
IRAN PAZ PIRES
VALDIR COLATTO ANA CAROLINA C. VIEIRA
Diretor-Geral do Serviço Florestal Brasileiro Conteudistas especializados do Instituto Floresta Tropical
(IFT)
JAINE ARIÉLY CUBAS DAVET
Diretora de Cadastro e Fomento Florestal AVANTE BRASIL INFORMÁTICA E TREINAMENTO LTDA.
Projeto Gráfico e Ilustração
PAULO HENRIQUE MAROSTEGAN E CARNEIRO
Diretor de Concessão Florestal e Monitoramento

FERNANDO CASTANHEIRA NETO


Coordenador-Geral de Fomento e Inclusão Florestal
SUMÁRIO
1 Introdução ao Manejo Florestal 6
Apresentação 8
1.1 Uso sustentável da Floresta 9
1.2 Recursos da floresta 12
1.3 Exploração convencional 14
1.4 Definição de manejo florestal 16
1.5 Exploração de Impacto Reduzido (EIR) 17
1.6 Exploração de uso múltiplo da floresta 19
1.7 Manejo florestal de uso múltiplo 21
1.8 Importância do Manejo Florestal para a comunidade e para a floresta 22
1.9 Conceitos utilizados no manejo florestal 23
1.10 Preocupações com a saúde e a segurança no trabalho 28
1.11 Equipamentos de Proteção Individual necessários para cada etapa do Manejo Florestal 31
1.12 Atividades pré-exploratórias, exploratórias e pós-exploratórias 33
1.12.1. Atividades pré-exploratórias 34
1.12.2. Atividades Exploratórias 35
1.12.3. Atividades pós-exploratórias 35
1.13. Estrutura mínima para condução do Manejo Florestal 36
1.13.1. Equipe 37
1.13.2 Infraestrutura/equipamentos 40
1.13.3 Conhecimentos técnicos operacionais 41
Encerramento do módulo 1 42

2 Macroplanejamento da Exploração Florestal 43


Apresentação 44
2.1 Procedimentos do Macroplanejamento do Manejo Florestal 45
Encerramento do módulo 2 49

3 Microplanejamento da Exploração Florestal 50


Apresentação 51
3.1 Atividades e procedimentos para a realização do microplanejamento do Manejo Florestal 52
3.2 Atividades pré-exploratórias 53
3.2.1. Delimitação da Unidade de Trabalho (UT) 54
3.2.2. Inventário florestal 100% 56
3.2.3. Corte de Cipós pré-exploratório 59
3.2.4. Processamento de dados 60
3.2.5. Confecção de mapas 62
3.2.6. Planejamento e instalação das infraestruturas florestais (estradas e pátios) 66
Encerramento do módulo 3 67

4 Infraestruturas do Manejo Florestal - Planejamento e Construção 68


Apresentação 69
4.1 Tipos de Infraestruturas do Manejo 70
4.2 Importância das infraestruturas 74
4.3 Planejamento das infraestruturas 75
4.4 Dimensionamento de pessoal, materiais e equipamentos 78
4.5. Estradas 79
4.5.1. Categoria de estradas permanentes 79
4.5.2. Metodologia de planejamento de estradas 82
4.5.3. Metodologia de construção das estradas 83
4.5.4. Critérios para implantar as principais estruturas das estradas 84
4.6. Pátios 86
4.6.1. Metodologia de planejamento de pátios de estocagem 86
4.6.2. Metodologia de construção dos pátios 87
Encerramento do módulo 4 89

5 Introdução ao Manejo Atividades Exploratórias - Corte direcional no Manejo Florestal 90


Apresentação 91
5.1 Introdução 92
5.2 Principais desafios na implantação das técnicas de corte 93
5.3 Corte de árvores 94
5.4 Metodologia para o corte de árvores 95
5.4.1. Fluxograma dos passos operacionais do corte direcional 95
5.4.2 Traçamento das árvores 108
5.4.3 Equipe 110
5.4.4 Produção 112
5.4.5 Material e equipamento 113
Encerramento do módulo 5 116

6 Arraste de toras 117


Apresentação 118
6.1. Planejamento de Arraste 119
6.1.1. Arraste de toras 119
6.1.2. As vantagens do planejamento das operações de arraste 121
6.1.3. Critérios e considerações mínimas no planejamento das operações de arraste de toras 121
6.1.4. Realizando o planejamento das operações de arraste de toras 125
6.1.4.1 Materiais e equipamentos necessários 127
6.2. Arraste de toras 128
6.2.1. Arraste das toras no manejo florestal 129
6.2.2. Recomendações metodológicas na execução da operação de arraste 130
6.2.3 Equipamentos utilizados 131
6.2.4 Equipe 132
6.2.5. Formas de arrastes mecanizados 132
Encerramento do módulo 6 135

7 Operações de pátio 136


Apresentação 137
7.1 Introdução 138
7.2. Metodologia 139
7.3. Classificação e Traçamento das toras no pátio 140
7.4. Medição de toras 142
7.4.1. Romaneio 142
7.5 Cubagem de toras 144
7.5.1. Comprimento da tora 145
7.5.2. Diâmetros da tora 145
7.6. Empilhamento 146
7.7. Armazenamento de Toras 148
7.8. Carregamento e Transporte das toras dos pátios 149
7.9. Descarregamento 151
7.10. Equipe 151
7.11. Materiais e Equipamentos 152
Encerramento do módulo 7 153

8 Atividades pós-exploratórias e silvicultura pós-colheita 154


8.1. Tratamentos silviculturais 157
8.2. Parcelas Permanentes e Remedição do Inventário Contínuo 158
8.3. Condução de regeneração natural 159
8.4. Corte de cipós pós-exploratório 161
8.5. Plantios em Linha 162
8.6. Plantios de enriquecimento em clareiras de copa 162
8.7. Plantios de enriquecimento em áreas de cipó 164
8.8. Desbaste de Refinamento 166
8.8.1. Sistemático (cego) 166
8.8.2. Desbaste Seletivo (Método Wadsworth) 168
8.9. Exploração Seletiva Planejada (EIR) 170
8.10. Proteção Florestal 170
8.11 Avaliação de danos e desperdícios da exploração 172
8.11.1 Avaliação de desperdícios de madeira 172
8.11.2. Metodologia 173
8.11.3. Variáveis de Avaliação de Desperdícios 174
8.11.4. Avaliação de danos no manejo florestal 176
8.11.5. Danos às árvores remanescentes 176
8.11.6. Danos ao solo da floresta (área exposta pela exploração) 177
8.11.7. Coleta dos dados da avaliação de danos 178
8.11.8. Coleta da saúde da árvore remanescentes 179
Encerramento do módulo 8 180

9 Manutenção de infraestruturas 181


Apresentação 182
9.1. Introdução 183
9.2. Estradas/Pátios 184
9.3. Pontes/Bueiros 186
9.4. Alojamentos/Acampamentos 187
9.5. Rede divisional/Aceiros 187
9.6. Aspectos-chave para implementação da manutenção 188
9.7. Equipe e equipamentos necessários 189
Encerramento do módulo 9 190
Referências Bibliográficas 191
MÓDULO 1
Introdução ao Manejo
Florestal
Módulo 1 - Introdução ao Manejo Florestal

SONIA IRAN CESAR

ANDRÉ MARGARIDA

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
7
Apresentação

Olá! Que bom ter vocês aqui neste curso de Manejo de Impacto Reduzido, com
ênfase nas etapas e elaboração de planos de manejo. Eu sou a técnica instrutora
Sônia, e contarei com a colaboração do engenheiro florestal Iran, o operador César,
e o técnico em segurança do trabalho André. Apresentaremos mais adiante outros
profissionais envolvidos nas atividades de manejo.
É muito bom contar com um público tão diverso neste momento de aprendizado e
colaboração.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
8
1.1 Uso sustentável da Floresta

Vamos iniciar nosso curso refletindo sobre a imensidão


da floresta amazônica e seus diversos tipos de vegeta-
ção. Encontramos aqui florestas altas e fechadas, flo-
restas com abundância de palmeiras e bambus, flores-
tas com árvores espaçadas e até campos abertos.
E todas elas possuem um papel importante para o
desenvolvimento socioeconômico das populações que
vivem nessas regiões.

Quando algum produto da floresta é extraído para o consumo próprio ou para


comercializar, consideramos que há uma movimentação da economia florestal,
que gera trabalho e renda. No entanto, a floresta tem muito mais a nos oferecer
do que matéria-prima ou os chamados produtos florestais (madeiras, raízes, óleos,
resinas, látex, sementes, cipós, frutos, cascas, plantas medicinais etc.). Há também
os serviços ambientais que a floresta em pé oferece a todos.

Sônia, precisamos ressaltar que a floresta tem um papel importante para manter o ar limpo,
regular os efeitos do aquecimento global com a captação do carbono da atmosfera, proteger
os rios, nascentes, os igarapés e os solos, oferecer proteção contra incêndios e abrigo e
alimentação para diversas espécies de animais.

Isso mesmo, Iran. Talvez a característica mais


marcante das florestas tropicais, existentes
em vários continentes em faixas ao longo da
linha do Equador, seja uma alta diversidade
de espécies animais e vegetais coexistindo em
áreas relativamente pequenas, ou uma alta
biodiversidade.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
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A alta biodiversidade das florestas tropicais tem pelo menos duas
implicações práticas:
(a) a necessidade de preservar estas espécies para as futuras gerações,
por meio da criação de largas extensões de áreas de florestas protegidas
na forma de Áreas Protegidas;
(b) a necessidade de utilizar os recursos necessários para a sobrevivência
das populações locais e para os mercados estabelecidos para os produtos
florestais tropicais de uma forma racional, promovendo a conservação da
natureza.

Preservar: visa à integridade e à perenidade (continuidade) de algo. O termo se refere


à proteção integral, a “intocabilidade”. Tende a compreender a proteção da natureza,
independentemente do interesse utilitário e do valor econômico que possa conter.
Conservar: proteção dos recursos naturais, com a utilização racional, garantindo sua
sustentabilidade e existência para as futuras gerações. Na conservação a participação
humana precisa ser harmônica e sempre com intuito de proteção.

Neste curso, faremos uso de alguns termos


bastante comuns para o Manejo Florestal.
Iremos apresentá-los a seguir, e pedimos
para que sempre retornem a eles quando
surgir alguma dúvida.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
10
Termos comuns relacionados ao Manejo Florestal.

Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) é o documento técnico básico que apresenta
as diretrizes e procedimentos para administração da floresta de acordo com os princípios
do manejo florestal sustentável (Resolução CONAMA nº 406/2009). O PMFS é o instrumento
básico de gestão da propriedade florestal e está alicerçado nos seguintes fundamentos
técnicos (Souza & Soares, 2013):
• Caracterização do meio físico e biológico;
• Determinação do estoque;
• Intensidade de exploração compatível com a capacidade de sítio;
• Promoção da regeneração natural da floresta;
• Adoção de sistema silvicultura adequado;
• Monitoramento do desenvolvimento da floresta remanescente;
• Garantia da viabilidade técnico-econômica e dos benefícios sociais;
• Garantia de medidas mitigadoras dos impactos ambientais.

Plano Operacional Anual (POA) é o documento a ser apresentado ao órgão ambiental


competente, contendo as informações definidas em suas diretrizes técnicas, com a
especificação das atividades a serem realizadas no período de 12 meses (Resolução Conama
nº 406/2009).
Autorização para Exploração (Autex) é o documento expedido pelo órgão competente que
autoriza o início da exploração da Unidade de Produção Anual (UPA), e especifica o volume
máximo por espécie permitido para exploração (Resolução Conama nº 406/2009).
Área de Preservação Permanente (APP) é a área protegida, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e
assegurar o bem-estar das populações humanas (Lei nº 12651/2012).
Reserva Legal (RL) é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
delimitada nos termos do art. 12 da Lei nº 12.651/2012, com a função de assegurar o uso
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação
e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem
como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

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1.2 Recursos da floresta

Os recursos da floresta podem ser definidos como os bens ou produtos que a floresta
possui com determinado valor de uso.

Social, como no caso de uma planta que é utilizada em celebração cultural de


uma população.

Econômico, como a madeira, sementes e outros produtos.

Biológico, como as árvores da floresta que fixam o carbono da atmosfera e


colaboram com equilíbrio climático, entre outros.

Vamos conferir mais alguns conceitos importantes neste módulo


introdutório.
Recursos florestais
São elementos ou características de uma floresta que geram
produtos ou serviços florestais. Por exemplo, a árvore é um
elemento da floresta e gera um produto florestal, que é a madeira.
Produtos florestais ou produtos da sociobiodiversidade
Podem ser a madeira ou produtos não-madeireiros, como óleos,
frutos, resinas, plantas ornamentais, plantas medicinais, pescado,
entre outros; além do material lenhoso (galhada) gerado na
exploração madeireira.

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Entende-se por sociobiodiversidade a relação entre bens e serviços gerados a partir
de recursos naturais, voltados à formação de cadeias produtivas de interesse de povos e
comunidades tradicionais e de agricultores familiares.
Serviços florestais ou ambientais
São serviços úteis oferecidos pela floresta, como a regulação de gases de efeito estufa
(produção de oxigênio e captura de carbono), regulação do clima, manutenção da
biodiversidade, proteção dos solos e regulação das funções hídricas, belezas cênicas, valor
sociocultural, abrigo para animais e muito mais.
Manejo sustentável dos recursos
Explorar produtos e serviços florestais em áreas tropicais de alta diversidade é uma tarefa
de elevada complexidade e, de fato, a ciência ainda precisa avançar para responder a
muitas questões envolvidas neste tema. A base da conservação das florestas tropicais é o
manejo sustentável dos recursos, ou seja, explorá-los de uma forma tão meticulosamente
planejada que não afete a biodiversidade existente ou a resiliência da floresta. Esta é a
meta do manejo de uso múltiplo da floresta, que passaremos a partir deste ponto chamar
simplesmente de manejo florestal.

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1.3 Exploração convencional

Pessoal, ainda é predominante na Amazônia a exploração predatória ou ex-


ploração convencional dos recursos florestais. Neste tipo de exploração flo-
restal, não se realiza um planejamento detalhado e criterioso das etapas ope-
racionais que envolvem a exploração florestal, não existe o cuidado com o
estado futuro da floresta após a exploração, ou seja, a exploração é feita de
uma forma que extrapola a capacidade da floresta em se recuperar.

A exploração convencional (EC) apareceu em um tempo


no qual imensas extensões de florestas foram exploradas
durante o processo de colonização da Amazônia. Neste
sistema, a exploração é repetida na mesma área toda vez
que uma nova espécie de madeira se torna atrativa ao
mercado, de forma que a floresta não tem tempo suficiente
para se recuperar naturalmente.

Após algumas destas entradas na área sobre-


exploração, todas as árvores passíveis de
aproveitamento são exploradas, e com isso não
resta mais nenhum uso econômico possível para
a floresta remanescente a não ser queimá-la para
a implantação de agropecuária, principalmente
pecuária extensiva de baixa produtividade.

O resultado desta exploração desordenada é a


degradação florestal decorrente do excessivo
dano provocado à floresta como a sobre
exploração de espécies sem o estudo diamétrico,
excesso de áreas abertas para as estradas,
pátios e ramais de arraste e do desperdício
excessivo, em que muitas toras são perdidas pelo
uso de práticas inadequadas no corte ou são
simplesmente esquecidas na floresta.

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O estudo diamétrico refere-se a distribuição diamétrica ou distribuição dos diâmetros. Conceitua-
se distribuição diamétrica como sendo a distribuição do número de árvores por hectare (N/ha)
ou densidade absoluta (DA) da comunidade florestal por classe de diâmetro (dap). A estrutura
diamétrica da espécie é a distribuição do número de árvores por hectare, por espécie e por classe
de dap. Também é utilizada como guias de corte e, sobretudo, como verificador de sustentabilidade
ambiental de manejo.
Agostinho Lopes de Souza e Carlos Pedro Boechat Soares. Editora UFV.
Florestas Nativas: estrutura, dinâmica e manejo. Viçosa-MG. Ed. UFV, 2013. 322p. il.; 29cm. ISBN
978-85-7269-463-6
A degradação florestal está ligada diretamente à fragmentação da paisagem, extração seletiva de
madeira e/ou ocorrência de fogo florestal. Segundo INPE (2008) degradação florestal é o processo
gradual e de longo-prazo da perda da cobertura florestal por meio da extração seletiva de madeira
e da ocorrência de incêndios florestais.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE). Monitoramento da cobertura florestal da
Amazônia por satélites: Sistemas PRODES, DETER, DEGRAD e QUEIMADAS 2007-2008. p. 47. São
José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2008.

Outro ponto importante é que, na exploração convencional, não há um plano de


segurança e saúde do trabalhador implementado, nem ao menos a preocupação
e estímulo quanto ao uso adequado dos equipamentos de proteção individual, os
chamados EPIs, itens de segurança que servem justamente para salvaguardar suas
vidas em casos de acidentes, não respeitando desta forma as leis trabalhistas e
ambientais.

Figura 1: Degradação florestal ocasionada pela


exploração convencional

Fonte: Acervo de fotos do IFT

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1.4 Definição de manejo florestal

Vamos então reforçar o conceito de manejo florestal?


Manejo florestal pode ser definido como o uso de práticas de
planejamento e princípios de conservação que visam garantir que
uma determinada floresta seja capaz de suprir, de forma contínua, um
determinado produto ou serviço.

Saiba Mais
Na Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei nº 11.284/2006), em seu artigo 3°, inciso
VI, manejo florestal é definido como a “administração da floresta para a obtenção
de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de
sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou
alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos
e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de
natureza florestal”.

Só é possível fazer o bom uso da floresta se planejarmos como o faremos.


Para o início da atividade de planejamento, quatro questões se tornam
indispensáveis: o que vai ser manejado, onde será manejado, quanto pode
ser manejado e como será manejado.

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1.5 Exploração de Impacto Reduzido (EIR)

A Exploração de Impacto Reduzido (EIR) é assim chamada por comparação


com a exploração convencional e a exploração tradicional, realizada há
séculos, principalmente pelas populações ribeirinhas, que retiram baixo
volume de madeira.
Podemos dizer que este tipo de exploração causa menos danos à floresta?
Quando a exploração realizada por comunidades locais para uso próprio
geralmente é sustentável, mas quando é feita para fins comerciais, pode ser
ou não prejudicial para a floresta.

A Exploração de Impacto Reduzido é uma alternativa à exploração convencional, pois é executada


segundo um planejamento detalhado, baseado na estrutura da floresta que se pretende manejar e
empregando técnicas especiais de colheita florestal. O manejo florestal deve garantir a exploração
sustentável de produtos florestais sem ameaçar a qualidade da floresta ou sua composição e a
diversidade no longo prazo, assim como seus processos e serviços ecológicos essenciais.

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A EIR é um dos principais fundamentos do manejo florestal. Surgiu como
uma alternativa à exploração madeireira convencionalmente feita na
Amazônia, de forma a amenizar os danos ambientais das atividades
operacionais da exploração florestal. Desde a década de 1990, diversos
modelos têm sido implantados, resultando em maiores benefícios e
menores impactos em comparação à exploração convencional.

Figura 2: Comparativo da área impactada entre exploração


convencional e EIR

Fonte: IFT

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1.6 Exploração de uso múltiplo da floresta

A floresta tropical contém uma alta biodiversidade, com uma


diversidade enorme de plantas e animais. A alta complexidade destes
ambientes faz com que as espécies convivam e interajam de muitas
maneiras, provocando uma relação de dependência entre elas para a
sua sobrevivência.

Biodiversidade é a variedade de vida na Terra. É composta por


todos os seres vivos e engloba desde vírus microscópicos até
os maiores animais do planeta. Humanos são parte integrante
da biodiversidade. É composta por todos os genes, espécies,
ecossistemas e paisagens que integram nosso mundo envolvendo
comunidades e relacionamentos com elementos interagindo
constantemente em todos os níveis.
https://www.revistaplaneta.com.br/tudo-o-que-voce-sempre-quis-
saber-sobre-biodiversidade/. Acesso em: 14/01/2020

Saiba Mais
Essa diversidade de espécies também gera uma diversidade de produtos, como
frutos, óleos, resinas, sementes, cascas, cipós e outros, que são utilizados pelas
populações locais para alimentação, medicina, produção de utensílios domésticos
e ferramentas de trabalho, artesanato etc., e muitos desses produtos possuem
valor comercial para compor a renda familiar. Além disso os produtos florestais
também são consumidos pela fauna silvestre, para alimentação, estabelecimento
de ninhos e tocas.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
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Por isso dizemos que a floresta, com sua diversidade de essências
e produtos derivados delas, possui múltiplos usos, e que toda
atividade aqui deve valorizar essa produção, combinando a produção
madeireira com o extrativismo de produtos não-madeireiros e assim
diversificando a produção florestal e incrementando a economia da
floresta.

“Em silvicultura, o termo essência é sinônimo de espécie florestal, e em


relação a um determinado país dizem-se: Espontânea, indígenas ou
autóctones quando vegetam e se reproduzem naturalmente; Exótica
se provenientes de outros territórios ainda não integradas ou mesmo
não integráveis na flora natural e que, em princípio não se regeneram
naturalmente, salvo em casos especiais; Sub-espontânea se, uma
vez introduzidas, se aclimatam e reproduzem regularmente num
novo ambiente, integrando-se nele com maior ou menor dificuldade;
Naturalizada, se as plantas se encontram totalmente adaptadas;”
FELIPE, Julis Orácio. Floresta, uma definição atualizada. Revista Jus
Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 8, n. 66, 1 jun. 2003. Disponível
em: https://jus.com.br/artigos/4173. Acesso em: 13 jan. 2020.

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20
1.7 Manejo florestal de uso múltiplo

O Manejo Florestal de Uso Múltiplo é a administração da


floresta para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e
ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação
do ecossistema objeto do manejo e considerando-se,
cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas
espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos
não-madeireiros, bem como a utilização de outros bens e
serviços de natureza florestal (Decreto nº 2.788/1998).

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21
1.8 Importância do Manejo Florestal para
a comunidade e para a floresta

Entendemos que o manejo florestal é a melhor maneira de obter os recursos


das florestas sem comprometer as funções que elas têm, pensando também
futuras gerações. Esse modo de exploração depende de sistemas de colheita
(madeira e outros produtos) e de tratamento da floresta após a colheita que
garantam a sustentabilidade da produção e da floresta.

O manejo melhorou muito após a adoção de práticas


de exploração de impacto reduzido, pois o manejo
de florestas nativas utiliza técnicas e práticas
adequadas. A utilização de boas práticas depende
essencialmente do treinamento e capacitação
dos diversos atores que atuarão nas atividades de
produção do manejo florestal sustentável, seja em
áreas de concessões florestais, quanto em áreas
privadas e áreas de comunidades tradicionais. Este
nosso curso busca exatamente isto!

Para nós da comunidade o manejo florestal representa uma das


atividades econômicas mais importantes para manter continuamente
a capacidade produtora da floresta e assim viabilizar transformações
desejadas localmente, promovendo a autonomia social e econômica
em florestas comunitárias. Também, as condições de saúde e
segurança no trabalho são consideradas, e os grupos comunitários
passam a acessar um mercado formal garantindo estabilidade e
legalidade na comercialização de produtos florestais madeireiros e
não madeireiros por meio do uso múltiplo da floresta.

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22
1.9 Conceitos utilizados no manejo florestal

A seguir, apresentaremos alguns termos e conceitos fundamentais para


que o manejo florestal caminhe com sustentabilidade. É basicamente a
preocupação com estes itens que torna o manejo florestal superior a outros
meios predatórios, quando temos em vista a conservação dos recursos e dos
serviços florestais no longo prazo.

CICLO DE CORTE
É o período, em anos, entre sucessivas colheitas de produtos florestais
madeireiros ou não-madeireiros numa mesma área (Resolução
CONAMA nº 406/2009). Período necessário para que a floresta se
recupere após a exploração florestal antes que seja possível uma
segunda exploração, ou seja, o tempo de pousio da floresta.

INTENSIDADE DE CORTE
É o volume comercial das árvores derrubadas para aproveitamento, estimado por meio
de equações volumétricas previstas no PMFS e com base nos dados do inventário florestal
a 100%, expresso em metros cúbicos por unidade de área (m³/ha) de efetiva exploração
florestal, calculada para cada unidade de trabalho (UT) (Resolução CONAMA nº 406/2009).

AUTORIZAÇÃO PARA EXPLORAÇÃO (Autex)


Documento expedido pelo órgão competente que autoriza o início da exploração da
Unidade de Produção Anual-UPA e especifica o volume máximo por espécie permitido
para exploração (Resolução CONAMA nº 406/2009).

VISTORIA TÉCNICA
É a avaliação de campo para subsidiar a análise, acompanhar e controlar rotineiramente
as operações e atividades envolvidas na AMF, realizada pelo órgão ambiental competente
(Resolução CONAMA nº 406/2009).

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
23
UMF
Unidade de Manejo Florestal é a área do imóvel rural a ser utilizada no manejo florestal
(Resolução CONAMA nº 406/2009).

AMF
Área de Manejo Florestal: conjunto de Unidades de Manejo Florestal que compõem o PMFS,
contíguas ou não, localizadas em um único Estado (Resolução CONAMA nº 406/2009).
Estas áreas, que podem ter mais de uma UMF, compõem o mesmo plano de manejo.

UPA
Unidade de Produção Anual: subdivisão da Área de Manejo Florestal, destinada a ser
explorada em um ano (Resolução CONAMA nº 406/2009).

UT
Unidade de Trabalho: subdivisão operacional da Unidade de Produção Anual (Resolução
CONAMA nº 406/2009).

DAP
É o diâmetro à altura do peito, medida de diâmetro de uma árvore medida a 1,30 m do
solo (Resolução CONAMA nº 406/2009).

DMC
É o diâmetro mínimo de corte de uma árvore a partir do qual é permitido seu corte em
um PMFS. O diâmetro mínimo em florestas da Amazônia é de 50 centímetros, medido na
altura do DAP (Resolução CONAMA nº 406/2009).

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
24
Importante
Pelas normas brasileiras (Instrução Normativa MMA 05/2006 e Resolução CONAMA
406/2009), o ciclo de corte deve estar entre 25 e 35 anos se a exploração for feita
de forma mecanizada. Para um empreendimento florestal sem o arraste de toras
mecanizadas, situação típica de comunidades florestais que fazem a exploração
de baixa intensidade (até 10 metros cúbicos por hectare) o ciclo de corte pode ser
diminuído para 10 anos.
Para um empreendimento florestal que queira explorar de forma contínua e
permanente uma área de floresta (Unidade de Manejo Florestal – UMF), o período
do ciclo de corte deve ser igual ao número de Unidades de Produção anual - UPAs.
Um empreendimento, por exemplo, que adote um ciclo de 30 anos deve ter um
planejamento para a exploração de 30 UPAs.

Como vimos anteriormente, na exploração convencional, é comum


ocorrer uma nova entrada na mesma área de floresta, toda vez que uma
nova espécie florestal passa a ter valor comercial.

Importante
No manejo florestal com EIR isto não acontece. O ciclo de corte adotado implica
que uma área de manejo deve ter um tamanho suficiente para que cada unidade
produtiva (no jargão técnico, cada UPA) seja explorada em um dado ano de forma
que volte a ser explorada novamente apenas quando completado o ciclo de corte.
Isto permite que o processo de regeneração da floresta através da sucessão
florestal ocorra nas clareiras de exploração e que as espécies possam crescer e se
recuperar até a próxima intervenção na floresta. Também evita os danos causados
por sucessivas trilhas de arraste sem planejamento.
O ciclo de corte depende, desta forma, da capacidade de recuperação da floresta,
da intensidade em que for feita a exploração (ou seja, quantos metros cúbicos ou
quantas árvores serão extraídas em cada unidade de área florestal) e do grau de
danos que forem causados à floresta durante a exploração.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
25
Após todas estas considerações, podemos compreender que determinar o ciclo de corte
para cada floresta pode ser uma tarefa extremamente complicada, uma vez que, isto
depende de muitos anos de acompanhamento, principalmente do desenvolvimento da
floresta para entender seu comportamento.

Para entender um pouco melhor sobre esse assunto a legislação


brasileira (Resolução Conama nº 406/2009) considera uma
relação entre a intensidade de corte e o ciclo de corte igual a
0,86  m³/ha*.
Este seria o caso, por exemplo, de uma intensidade máxima de
corte de 25 m³/ha em um ciclo de 30 anos, por exemplo. É possível
então ao aumentar o ciclo de corte (até 35 anos), aumentar a
intensidade de exploração de uma forma proporcional a esta
relação. No outro extremo, se o empreendimento optar por um
ciclo de corte de 25 anos, o ciclo de corte mínimo permitido para
a exploração com o uso de máquinas, ele poderá explorar até
21,5 metros cúbicos de madeira em tora por hectare de floresta.
*Outra forma simples de ver este índice é de considerar que
a combinação de espécies florestais exploradas poderá se
regenerar e crescer a uma taxa que não excede 0,86 metros
cúbicos de madeira comercial em cada hectare a cada ano. Este
cálculo leva em consideração as árvores comerciais acima de 50
cm de DAP (ver definição de diâmetro mínimo de corte).

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
26
Ciclo de Corte Fator de Crescimento Intensidade de Corte

(anos) (m3/ha1) (m3/ha)

25 0,86 21,5

26 0,86 22,3

27 0,86 23,2

30 0,86 25,8

35 0,86 30

Quanto maior a intensidade a ser adotada, maior deve ser o ciclo


de corte, de forma a propiciar que a floresta tenha tempo para se
recuperar até a próxima exploração. O ciclo de corte, intensidade
máxima de corte e o diâmetro mínimo para a extração
estabelecidos na regulação do manejo florestal é para permitir
que a floresta se regenere mantendo a estrutura da floresta
até que ocorra a segunda exploração na mesma área (2º ciclo).
Outro ponto importante é que, devido ao melhor planejamento
da exploração e ao uso de técnicas adequadas, a exploração
de impacto reduzido, provoca danos muito menores à floresta
remanescente, assim como uma proporção muito menor de
desperdícios, colaborando com a conservação e regeneração da
floresta.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
27
1.10 Preocupações com a saúde e a
segurança no trabalho

Ao estruturar uma operação de manejo florestal, existem quatro


aspectos imprescindíveis para garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores.
i. equipamentos adequados para a implementação do manejo;
ii. conhecimentos e técnicas de planejamento essenciais;
iii. estrutura de vivência e de conforto mínimos para os
trabalhadores; e
iv. equipamentos e requerimentos mínimos de saúde e
segurança no trabalho.
Existem regulamentações específicas para guiar os produtores
florestais de diferentes escalas em esforços ligados a segurança e
saúde no trabalho (SST) no manejo florestal, incluindo as condições
de vivência e conforto no trabalho e os equipamentos de proteção
individual (EPI) mínimos para cada atividade.

Um dos instrumentos-chave para consulta pelos produtores interessados no manejo


florestal é a Norma Reguladora 31 (NR 31). Para além do previsto na normativa, há
recomendações para a elaboração e operacionalização de um programa eficiente de
segurança no trabalho em empreendimentos florestais de diferentes escalas em projetos
de manejo florestal na Amazônia (NOGUEIRA et al.; 2011).
Vamos analisar melhor os termos relacionados à segurança do trabalho a seguir.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
28
Risco

É a potencialidade de determinado fato ocorrer, seja por negligência, imperícia, imprudência,


ou outro fator que possa levar a um acidente. Também se entende por todas as situações de
perigo comumente existentes no ambiente florestal e no acampamento florestal. É necessário
adotar medidas de avaliação e gestão dos riscos com a seguinte ordem de prioridade:
l. Eliminação dos riscos;
ll. Controle de riscos na fonte;
lll. Redução do risco ao mínimo através da introdução de medidas técnicas ou
organizacionais e de práticas seguras, inclusive através de capacitação;
lV. Adoção de medidas de proteção pessoal, sem ônus para o trabalhador.

Acidente de trabalho

É aquele que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal
ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, a redução permanente ou temporária
de sua capacidade para o trabalho (Lei nº 8.213, de 1991).

Incidente de trabalho

É uma ocorrência não planejada com potencial de causar um acidente, mas que não afetou
nenhum dos envolvidos, a empresa ou a rotina de trabalho.

Equipamento de Proteção Individual (EPI)

Muito citado na legislação e no cotidiano dos trabalhadores, o EPI é todo dispositivo de uso
individual utilizado pelo empregado, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho (NR 6), por exemplo, capacete. É obrigatório o fornecimento
de equipamentos de proteção individual (EPI) aos trabalhadores, gratuitamente.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
29
Equipamento de Proteção Coletiva (EPC)

É todo dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou móvel de abrangência coletiva, destinado a


preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores usuários e terceiros, por exemplo,
extintor de incêndio (CPN - GESTÃO 2004/ 2005).

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (CIPATR)

Tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças relacionados ao trabalho, de modo a


tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida do trabalhador.

Segurança no Trabalho em Máquinas e Implementos Agrícolas

As máquinas e implementos devem ser utilizados segundo as especificações técnicas do


fabricante e dentro dos limites operacionais e restrições por ele indicados, e operados
por trabalhadores capacitados, qualificados ou habilitados para tais funções. É vedado o
transporte de pessoas em máquinas autopropelidas e nos seus implementos.
Deve-se realizar avaliações dos riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores e, com
base nos resultados, adotar medidas de prevenção e proteção para garantir que todas
as atividades, lugares de trabalho, máquinas, equipamentos, ferramentas e processos
produtivos sejam seguros e em conformidade com as normas de segurança e saúde.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
30
1.11 Equipamentos de Proteção Individual
necessários para cada etapa do Manejo Florestal

O Manejo Florestal pode ser dividido em três etapas principais, conforme


veremos mais adiante. Cada etapa constitui de diversas atividades
florestais para serem implantadas. Estas atividades podem ocasionar
riscos à segurança do trabalhador, haja vista a sua periculosidade.

Importante
Veja os EPIs e EPCs essenciais para o bom funcionamento do
plano de segurança no trabalho.
Para cada etapa do manejo florestal, um conjunto mínimo de
equipamentos deve ser disponibilizado aos trabalhadores.

EPI Pré-Exploratória Exploratória Pós-Exploratória


Capacete simples X X
Capacete notosserrista X
Protetor auricular (tipo concha) X
Protetor auricular (plug) X
Camisa manga longa X X X
Luvas de couro X
Calça anti-corte X
Botas bicos de aço X
Botas antiderrapante X X X
Viseira ou protetor facial X
Luvas de pano pigmentada X X X
Perneira de segurança X X X
Colete de sinalização refletivo X X X
Bainha para facão X X X
Calça comum X
Apito X
EPC Pré-Exploratória Exploratória Pós-Exploratória
Cones X X X
Extintores X X X
Fita Zebrada X X X
Placas de Sinalização X X
Kit Primeiros Socorros X X X
Proteções em Máquinas X X
Treinamentos X X X

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
31
No manejo florestal, um conjunto mínimo de equipamentos deve ser disponibilizado aos
trabalhadores em suas diferentes funções e cargos:

Motosserr Trabalha Operador Adminis- Paratoxô-


EPI de Téc./Eng. Motorista Cozinheiro Zelador Mecânico
ista dor trador nomo
máquina

Capacete simples X X X X X X X

Capacete
X
motosserrista
Protetor
auricular X X
(tipo concha)
Protetor auricular
X X X X
(plug)
Camisa manga
X X X X X X X X X X
longa

Luva de couro X

Calça
X
anti-corte

Bota bicos de aço X

Bota
X X X X X X X X
antiderrapante
Viseira ou
X
protetor facial
Luvas de pano
pigmentada X X X X X X

Perneira de
X X X X
segurança
Colete de
sinalização X X X X X X X X
refletivo

Calça comum X X X X X X X X X

Avental em PVC X

Avental em PVC X X

Apito
Bainha para
X X X X
facão

O parataxônomo (mateiro) aprende sua profissão com seus pais ou na convivência dentro da floresta,
raramente, tem base científica para diferenciar os indivíduos, não utiliza regras nem condições para a
identificação das espécies, acarretando erros gravíssimos e trazendo prejuízos irreparáveis quando se
refere ao manejo florestal.
https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/575230/parataxonomo-profissional-
indispensavel-no-processo-de-inventario-para-o-manejo-florestal. Acesso em 13/01/2020
Um parataxonomista é um adulto recrutado da população rural, com pouca educação formal, mas
boa centelha, morador e um membro integrante de sua comunidade de entorno.
https://www.acguanacaste.ac.cr/programa-de-parataxonomos
Acesso em 13/01/2020

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
32
1.12 Atividades pré-exploratórias, exploratórias e
pós-exploratórias
Confira agora as atividades do manejo florestal, divididas em: pré-exploratórias, exploratórias e
pós-exploratórias.
Tudo começa com a identificação de uma área florestal na qual o Manejo Florestal será realizado.
Assim, a primeira ação é o Macroplanejamento. Esta etapa consiste em uma avaliação geral da área
de manejo florestal quanto:
i) aptidão da área para o manejo florestal;
ii) qualificação da área a nível de espécies comerciais disponíveis para realização do manejo
florestal;
iii) a viabilidade econômica da atividade manejo florestal;
iv) indicação das infraestruturas mínimas para realização da atividade; e
v) um planejamento mínimo de gestão e equipe necessária para funcionamento do empreendi-
mento.
Essas são as informações mínimas para a tomada de decisão quanto à viabilidade do empreendi-
mento florestal.
As informações levantadas nesta etapa possibilitarão o início do processo de licenciamento
ambiental do manejo, além de contribuir na elaboração do microplanejamento das etapas pré-
exploratória e exploratória. Com o intuito de maximizar a produção florestal, as atividades para
enriquecer, manter e/ou acelerar o crescimento do patrimônio físico e ambiental das áreas são
realizadas na etapa pós-exploratório do manejo.
Vamos passar agora pelas atividades!

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
33
1.12.1. Atividades pré-exploratórias

São as atividades que antecedem e preparam a exploração florestal. É a etapa do manejo


florestal em que se realiza um estudo detalhado da:
i) Unidade de Manejo Florestal por meio do macroplanejamento; e
ii) Unidade de Produção Anual por meio do microplanejamento.
Esta etapa indica a aptidão da área florestal para o Manejo Florestal, a viabilidade econômica
do empreendimento.
É durante a etapa pré-exploratória que se realizam os procedimentos de licenciamento
ambiental, são dimensionados os custos de produção, planejamento e construção das
infraestruturas, e são levantadas informações que possibilitam a exploração racional da
área de manejo florestal. Dentre as atividades que a compõe estão a delimitação das áreas
efetivas para o manejo florestal e nelas realizadas inventários florestais, instaladas parcelas
de monitoramento, processadas informações de campo e produção de mapas temáticos.
Essas atividades devem ser realizadas pelo menos um ano antes da etapa exploratória.
Devem ser consideradas as técnicas que colaborem para minimizar os danos ambientais
e riscos à segurança e saúde do trabalhador florestal, o que chamamos de exploração de
impacto reduzido (EIR). Atenção! A etapa exploratória só pode ser realizada após a aprovação
do PMFS pelo órgão competente, e da AUTEX para a primeira UPA.

As parcelas de monitoramento ou parcelas permanentes são delimitações feitas com piquetes


dentro da floresta, geralmente sugeridas como tendo uma área de 1 ha (10.000 m², o que equivale
a um retângulo de 20 x 500m) para cada 250 ha de floresta manejada.

INSTITUTO FLORESTA TROPICAL. Manejo Florestal e Exploração de Impacto Reduzido em


Florestas Naturais de Produção na Amazônia. Informativo Técnico do IFT 1. IFT. Belém: IFT,
2012. 31 p. Disponível em www.ift.org.br.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
34
1.12.2. Atividades Exploratórias

Esta é a etapa operacional do manejo florestal, ou a colheita florestal. Faz parte das atividades
exploratórias: o corte direcional de árvores, planejamento de arraste, traçamento de árvores em
toras, arraste florestal, operação de pátio, romaneio e rastreabilidade. Para a realização dessas
atividades, é necessário um planejamento prévio para a redução de danos ambientais, dos custos
de produção e dos acidentes de trabalho durante a execução da colheita.

1.12.3. Atividades pós-exploratórias

Após a execução da colheita, a floresta continua a crescer e é preciso acompanhar esse


processo para conhecer sua dinâmica de crescimento e monitorar seu funcionamento.
Desta forma, as atividades pós-exploratórias visam viabilizar os próximos ciclos de corte a
partir dos seguintes levantamentos:
i) dos danos provocados pela exploração;
ii) do crescimento da floresta; e
iii) de medidas para catalisar este crescimento.
Basicamente, nessa etapa são sugeridas as seguintes atividades: manutenção de infraestru-
turas, avaliação de danos e desperdícios da exploração, inventário contínuo, silvicultura pós-
-colheita, medidas de proteção florestal, entre outras atividades.
Um elemento importante desta etapa está na elaboração do relatório pós-exploratório, que
irá descrever os resultados produtivos, a avaliação de danos e próximos passos que serão
realizados na UPA para colaborar com a regeneração florestal.

O inventário contínuo é uma mensuração da floresta explorada que deve ser realizada permanen-
temente, pois seu objetivo, dentre outros, é o de monitorar o crescimento e a regeneração natural
da floresta

INSTITUTO FLORESTA TROPICAL. Manejo Florestal e Exploração de Impacto Reduzido em


Florestas Naturais de Produção na Amazônia. Informativo Técnico do IFT 1. IFT. Belém: IFT, 2012.
31 p. Disponível em www.ift.org.br.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
35
1.13. Estrutura mínima para condução do Manejo
Florestal

Quando pensamos em estrutura mínima para a condução do manejo florestal, estamos


falando de: A) equipe, B) infraestrutura/equipamentos e C) conhecimentos técnicos
operacionais necessários para o manejo florestal.
Esta estrutura, depende da escala do empreendimento, das condições físicas e logísticas
para a exploração da floresta, e dos requerimentos legais de ordem social e ambiental da
área em questão.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
36
1.13.1. Equipe

A equipe que irá trabalhar no Manejo Florestal deve ser treinada para a realização do manejo
florestal com exploração de impacto reduzido, visando sua atualização quanto às tecnologias
e legislações para realização do Manejo.
Apresentaremos aqui uma estrutura de equipe mínima necessária para o Manejo Florestal
que detenha à sua disposição máquinas pesadas para realização do trabalho.
Mas esta não é a única configuração para realização de um bom manejo. Para empreendi-
mentos florestais verticalizados, por exemplo, onde há o aproveitamento de resíduos flores-
tais, haverá outras funções operacionais, assim como em empreendimentos que trabalham
o manejo de baixa intensidade onde há pré-processamentos de toras na floresta ou coleta de
produtos florestais não-madeireiros. Nesses casos serão necessárias funções como: opera-
dor de serraria portátil, classificador, escalador de árvores etc.
As funções a serem desempenhadas em uma atividade florestal são diversas, contudo, um
trabalhador (manejador) florestal pode desempenhar mais de uma função na atividade de
manejo. Por isso o dimensionamento da equipe, ou número de trabalhadores, varia com o
tamanho do empreendimento e a função social do manejo florestal.
Por exemplo, no caso do manejo florestal comunitário, que tem como objetivo central a
geração de renda para as famílias detentoras do plano e infraestrutura comunitária, equipes
maiores são dimensionadas a fim do manejo proporcionar trabalho ao maior número de
famílias possível.

Serraria Portátil: é uma máquina de fácil transporte entre diferentes áreas, e que contém uma serra-circular
ou serra-fita capaz de fazer o “desdobro” ou “processamento” da madeira em tora. Com uso da serraria
portátil, evita-se o transporte de toras.
A escolha desse equipamento deve-se à: facilidade de transporte (a serraria é levada até a tora), facilidade
de montagem (monta-se a serraria em pouco tempo, considerando as condições do terreno), facilidade de
manuseio (não há necessidade de um longo treinamento para trabalhar com a máquina), segurança (a 11
probabilidade de acidentes é bem menor), redução do impacto ambiental (a tora não será arrastada, mas
sim, conduzida em forma de pranchas, o que também permite um menor custo na retirada dessa madeira).

Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia INPA. RENDIMENTO DO DESDOBRO DE TORAS, UTILIZAÇÃO


DOS RESÍDUOS E OTIMIZAÇÃO DO TEMPO DE TRABALHO COM UMA SERRARIA PORTÁTIL (LUCAS MILL) NUMA
COMUNIDADE RURAL NA AMAZÔNIA. Cícero Irisvam Furtado de Souza. Dissertação apresentada ao Programa
de Biologia Tropical e Recursos Naturais do Convênio INPA/UFAM , como parte dos requisitos para obtenção
do Título de Mestre em Ciências de Florestas Tropicais. Manaus-AM 2006. 75 páginas.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
37
Confira então os cargos e funções em atividades de manejo florestal.
Gerenciamento do manejo (supervisão): É a função profissional responsável por conduzir
e gerenciar a execução técnica, política e financeira dos investimentos do empreendimento
florestal, como a compra de insumos, maquinários, pagamentos de pessoal etc. Compete
também a elaboração de relatórios, avaliações, planejamentos, além de monitorar o
desenvolvimento profissional dos membros da equipe técnica. Essa atividade pode ser
desenvolvida por profissionais da área de administração de empresas, engenharia florestal
ou formação de nível técnico, bem como por dirigentes comunitários com vivência no setor.
Engenharia Florestal (Engenheiro Florestal): Atuará como responsável técnico pelo Manejo
Florestal, com a responsabilidade de conduzir os procedimentos de licenciamento e execução
do Plano de Manejo (PMF) e Plano de Operação Anual (POA).
Operação de corte direcional (Motosserrista): Execução das atividades de corte e traçamento
das árvores em conformidade com a lista de espécies autorizada pela AUTEX. Requer
profissionais muito bem preparados para minimizar danos à floresta remanescente, evitar
acidentes e facilitar as atividades exploratórias subsequentes.
Planejador de Infraestruturas florestais (Técnico Florestal e/ou Trabalhador treinado mais
ajudante): Consiste em atividades de planejamento de infraestruturas de permanentes ou
temporárias, como estradas, pátios, pontes, bueiros e ramais de arraste. O importante é que o
profissional possua habilidade e treinamento para realização da função de planejamento das
infraestruturas para posterior construção.
Operação de máquinas pesadas (Tratorista, Skideiro etc.): Consiste em viabilizar atividades
estruturantes como construção de infraestruturas, arraste de toras, abertura de estradas
e ramais, e operações de pátio, que necessitam de equipamentos de grande porte e
dimensionados para maximizar a produção.
Trabalhadores florestais (Ajudantes): Desempenham atividades auxiliares em quase todas
as atividades do manejo. Representam o maior quantitativo de mão de obra no manejo, pois
estarão em menor ou maior número apoiando as atividades nas etapas pré-exploratória,
exploratória e pós-exploratória, e no acampamento florestal.
Identificação de espécies (Parataxonomista): Tem o objetivo de identificar as espécies
comerciais e potencialmente comerciais que possam viabilizar o manejo da floresta, tanto na
etapa pré quanto pós exploração.
Apoios ao gerenciamento (Cozinheiro, motoristas, mecânicos, segurança do trabalho, etc):
São funções em apoio ao gerenciamento do manejo, podendo variar. Por exemplo, na área do
acampamento será preciso pessoas para apoiar na cozinha, zeladoria, almoxarifado, oficina
mecânica dentre outras funções.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
38
Confira um exemplo de composição de profissionais para um empreendimento empresarial
que explora 45 mil m³ de toras/ano. (UPA de 2.500 ha):

Função Nº de funcionários

Eng. Florestal 1

Técnico Florestal 3

Técnico de Segurança 1

Operador de skidder 2

Operador de trator de esteiras 2

Operador de motoniveladora 1

Operador de carregadeira 2

Motosserrista 8

Motorista 7

Identificador botânico 2

Operários florestais 25

Romaneadores 2

Cozinheira 1

Ajudante de cozinheira 1

Almoxarife 1

Auxiliar de processamento de dados 1

Total 60

Romaneador: cargo ligado aos profissionais responsáveis pela coleta do comprimento, diâmetro e demais
informações de origem da tora. Com essas informações é possível fazer o romaneio e a mensuração do
volume (cubagem das toras).

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
39
1.13.2 Infraestrutura/equipamentos

Para a infraestrutura e equipamentos existem pelo menos quatro pontos importantes que
precisam ser observados para o manejo florestal:
· Equipamentos necessários para a implementação do manejo em si;
· Conhecimentos e técnicas de planejamento essenciais;
· Estrutura de vivência e de conforto mínimos para os trabalhadores;
· Equipamentos e requerimentos mínimos de saúde e segurança no trabalho
Por fim, é muito importante que o empreendimento florestal tenha metodologias para
o levantamento de informações sobre a área de manejo (características da área, como a
topografia, rios, solo etc.) e os profissionais envolvidos sejam capacitados na implementação
dessa metodologia.
O uso de GPS, para caracterização das áreas e realização de inventários florestais, somados
ao uso de programas de informações geográficas e imagens de satélite colaboram na
elaboração de mapas, operacionalização do manejo florestal contribuindo com uma maior
agilidade, precisão no levantamento de informações e menor custo operacional aumentando
a produtividade das equipes.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
40
1.13.3 Conhecimentos técnicos
operacionais

A capacitação e o treinamento da equipe que executará o manejo florestal são fundamentais


para que se garanta a implementação das ações descritas no Plano de Manejo. As capacitações
servem para o nivelamento técnico dos profissionais, para o aprimoramento técnico, para
obtenção de novos conhecimentos ligados as tecnologias de realização do manejo florestal
bem como atualização da legislação vigente. Esses elementos colaboram com a melhoria na
qualidade técnica do manejo florestal, da produção, da segurança no trabalho florestal, além
de estimular e valorizar os trabalhadores envolvidos.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
41
Encerramento do módulo 1

A oferta de cursos e treinamentos específicos em Manejo Florestal é


reduzida, mas o cenário está mudando, como a facilidade de acesso
a cursos realizados por instituições governamentais relacionados às
atividades florestais, assim como este que você está participando aqui.

É importante que os administradores dos empre-


endimentos busquem apoio e informações com as
empresas de assistência técnica local, sindicatos,
órgãos fundiários, entre outros. 

Muito bom saber e aprender sobre todos esses


cuidados e zelo que devemos ter tanto com
as florestas quanto com os trabalhadores
que realizam esse manejo de forma a buscar
a preservação.

Finalizamos aqui este módulo. Esperamos que


todos tenham compreendido a importância do
manejo florestal para a manutenção da floresta.
Nos vemos no próximo módulo!

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 1
42
MÓDULO 2
Macroplanejamento da
Exploração Florestal

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO
Apresentação

Olá!
No módulo 1, estudamos os principais conceitos atribuídos ao manejo florestal e como
a floresta pode fornecer produtos e serviços (uso múltiplo) com o uso de boas práticas
de manejo, com especial atenção aos impactos gerados na floresta, a segurança dos
trabalhadores e a geração de renda para pequenos, médios e grandes empreendimentos.

Neste módulo, veremos que as áreas destinadas ao manejo florestal precisam comprovar
viabilidade técnico-financeira, portanto, uma fase inicial e primordial é a realização do
macroplanejamento do manejo florestal.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 2
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2.1 Procedimentos do Macroplanejamento
do Manejo Florestal

Você sabia que o macroplanejamento é a primeira etapa, sendo realizada antes mesmo de
decidir realizar o manejo na área florestal pretendida? É isso mesmo!
As informações reunidas nesta fase são importantes para a elaboração do Plano de Manejo
Florestal Sustentável (PMFS), e, posteriormente, do Plano Operacional Anual (POA). Esta etapa
gera as informações necessárias para a tomada de decisão quanto à viabilidade econômica
do manejo florestal, além de subsidiar as demais atividades do empreendimento.
O macroplanejamento compreende:

a. Seleção das áreas aptas ao manejo florestal


A seleção das áreas é realizada dentro da Área de Manejo Florestal (AMF) a partir da análise
de imagens (satélite, foto ou radar) e após visitas de prospecção às áreas potenciais, onde
será definida a dimensão total da unidade de área destinada para o manejo florestal (UMF).
A partir dos resultados das análises da AMF é possível definir a Unidade de Manejo Florestal
(UMF) subtraindo destas aquelas já abertas com construções ou sem vegetação (como áreas
abertas para pastos, roçados ou áreas sem cobertura florestal) e áreas com belezas cênicas
relevantes. No caso do manejo florestal comunitário, é muito importante que a seleção destas
áreas de manejo seja feita de forma participativa, consultando e confirmando as informações
junto do grupo de manejadores e as outras pessoas das comunidades envolvidas.

b. Quantificação do potencial da floresta para o manejo florestal


Para subsidiar a tomada de decisão sobre a elaboração do PMFS, a área a ser manejada passa
por um processo de levantamento e avaliação do potencial madeireiro por meio de inventário
florestal amostral ou diagnóstico.

Inventário Florestal Amostral consiste no levantamento de informações qualitativas e


quantitativas sobre determinada floresta, utilizando do processo de amostragem, conforme
Resolução CONAMA nº 406/2009.

No inventário amostral, observa-se apenas uma parcela da população e com as informações


estima-se os parâmetros da floresta como:
1) as espécies florestais comerciáveis;
2) a quantidade de produtos a serem manejados (número de indivíduos por espécie,
volume, área basal etc.);
3) revela a tipologia e estrutura da floresta; e
4) a intensidade do manejo florestal.

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Uma metodologia de inventário florestal amostral foi desenvolvida pelo Serviço Florestal
Brasileiro, conhecida como Inventário Florestal Nacional, e no ano de 2017 foi reeditado o
“Manual de Campo: procedimento para coleta de dados biofísicos e socioambientais”,
onde pode ser encontrada a metodologia do Inventário Nacional de maneira detalhada por
bioma.
O inventário amostral é uma metodologia de coleta de informações utilizado em grandes
populações, especialmente quando os resultados devem ser obtidos no menor espaço de
tempo, pelo menor custo e com a precisão desejada.
No inventário amostral, as características essenciais da floresta são reveladas (tipologia
da floresta), podendo indicar, por exemplo, se a estrutura da floresta comporta o uso de
máquinas pesadas para realização do manejo ou não, indica a intensidade da exploração
florestal possível, respeitando os preceitos ambientais e legais.

c. Avaliação da viabilidade econômica do empreendimento


Para estimar o valor monetário de um produto florestal, primeiro avalia-se o estoque do
produto florestal, por espécie, classe de tamanho e/ou, classe de qualidade, mediante a
realização de inventário florestal. Depois obtêm-se os preços de mercado, mediante uma
pesquisa dos preços praticados, em que são realizadas as compras e as vendas do referido
produto (LEUSCHNER, 1984); e, por último, calcula-se o valor monetário, por hectare, mediante
a multiplicação do valor de estoque, pelo preço de mercado (SOUZA, 2013). Outros pontos a
serem levados em consideração ao avaliar este tópico é a distância da área de manejo em
relação ao local onde serão vendidos os produtos do manejo, pois o transporte muitas vezes
responde por custos significativos, e a existência de mercado para madeira dura e madeira
branca no mercado pretendido.
Os resultados do inventário amostral, como a estimativa do volume de árvores comerciáveis
na floresta, conjuntamente a infraestrutura e equipe necessária para o manejo, ajudam a
estimar quanto é preciso investir e quanto será o retorno financeiro da atividade florestal.
Em relação aos custos do manejo florestal, os empreendimentos terão de considerar durante
suas operações, minimamente:
• Os custos de transação envolvidos no manejo florestal, que incluem a contratação
de um engenheiro florestal para a elaboração do PMFS e seu posterior
acompanhamento, as licenças ambientais, a emissão de guias florestais etc.
• Os custos operacionais do empreendimento, como a construção de estradas e de
infraestruturas florestais, a compra ou o aluguel de equipamentos, o transporte
da matéria-prima, o processamento da matéria-prima florestal (se houver), o
treinamento e a capacitação de pessoal etc.
• Os custos de gerenciamento financeiro e operacional.

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d. Definição das estratégias de gerenciamento da floresta
Com o mapa da área (polígono da AMF) e UMF apta para o manejo em mãos, é feito o
planejamento geral da utilização da floresta, ou seja, a divisão da UMF em UPAs, e depois
em UTs com tamanhos e quantidades suficientes para atender a capacidade da indústria, a
demanda de mercado dos produtos a serem extraídos e a regulação da produção que definiu
o ciclo de corte ideal; a definição das áreas de preservação permanente e áreas inacessíveis,
áreas de preservação absoluta (quando a área é certificada) e definição da ordem de exploração
das unidades de produção anual.

e. Dimensionamento e definição das áreas das Unidades de Produção Anual (UPAs)


Durante a definição das estratégias de gerenciamento da floresta é determinado o tamanho
das UPAs. Nessa unidade é feito o planejamento de execução do manejo florestal para o
período de um ano. Ou seja, a UMF, desconsiderando a área de reserva absoluta, é dividida
em áreas anualmente exploráveis, as UPAs, de forma a facilitar a execução da exploração
florestal.
A área da UPA a ser manejada deve ter tamanho compatível com o consumo de matéria-prima
(SILVA, 2001) que estará condicionada à demanda do mercado e ao potencial volumétrico por
unidade de área, revelado no inventário 100%. As UPAs, por sua vez, são também divididas
em áreas menores denominadas Unidades de Trabalho (UTs), para que facilite a organização
do trabalho da exploração florestal. Embora não seja uma regra, geralmente a UT tem uma
área de 100 ha ou 1000x1000 metros.

Figura 3: Exemplo da alocação de diversas UPAs subdivididas em UTs dentro da AMF

Fonte: Acervo do IFT

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f. Definição e dimensionamento das infraestruturas gerais
Dentro do macroplanejamento, tão importante quanto verificar a potencialidade dos
recursos madeireiros, também é preciso avaliar as condições de acessibilidade e logística
para o escoamento da produção florestal. Nessa fase do manejo são identificadas as estradas
e caminhos já existentes dentro e fora do futuro empreendimento florestal. Além das estradas,
os rios também são verificados quanto ao comprimento, profundidade e largura, pois quando
comparados às vias terrestres, estes possibilitam um transporte mais barato da produção.
Depois, durante o microplanejamento, no ano da exploração, na escala da UPA, são definidos
os locais nos quais serão locadas as infraestruturas, como estradas, pontes e bueiros.
Durante o macroplanejamento é determinada a alocação das infraestruturas gerais
(acampamento permanente, estradas principais e estradas de acesso) e durante o
microplanejamento as demais infraestruturas que darão suporte ao manejo florestal.

g. Quantificação e definição da necessidade de recursos humanos


Conhecendo o potencial florestal, o tamanho das UPAs e a forma de gerenciar as mesmas, é
possível estimar o número de profissionais e trabalhadores necessários para executar o PMFS.
De maneira geral, estima-se que, para cada 5.000 ha de floresta a ser manejada anualmente
(Exemplo de área de uma UPA), em se tratando de empreendimentos madeireiros empresariais,
emprega-se 90 funcionários, incluindo trabalhadores da exploração e profissionais florestais
de gerenciamento. No caso de comunidades, a proporção do número de trabalhadores
envolvidos por unidade de área pode ser maior, tendo em vista que o objetivo finalístico do
manejo florestal comunitário é gerar renda para o maior número de famílias possíveis.
Uma vez definidas as áreas aptas ao manejo, é importante dar início ao processo de
licenciamento ambiental da atividade florestal, com a elaboração da APATs (Autorização
Prévia à Análise Técnica do PMFS), caso a legislação estadual exija. No caso de Plano de Manejo
Florestal Sustentável em terras da União esta etapa é necessária. É muito importante checar
as exigências do órgão que vai licenciar o Plano antes da execução de qualquer etapa. A APAT
pode ser submetida ao órgão licenciador antes do PMFS, e trata de análise documental e de
geoprocessamento tanto do detentor do Plano quanto da área de manejo. Após a aprovação
da APAT, o próximo documento a ser submetido à análise do órgão licenciador é o Plano de
Manejo Florestal Sustentável (PMFS).

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Encerramento do módulo 2

Concluímos mais um módulo do curso. Lembrem-se de realizar as


atividades deste módulo!

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MÓDULO 3
Microplanejamento da
Exploração Florestal
Apresentação

O módulo anterior abordou o macroplanejamento da atividade


de manejo florestal. Assim, uma vez comprovada a viabilidade
financeira e as demais condicionantes legais atendidas, com PMFS
aprovado, o projeto chega na sua fase de planejamento tático, em
que as atividades operacionais iniciais necessárias para a produção
deve ser planejada em campo e, posteriormente, construídas para
subsidiar as demais etapas e atividades do manejo.

É o que vamos aprender agora! Será


estudado o microplanejamento da
exploração florestal.

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3.1 Atividades e procedimentos para a realização
do microplanejamento do Manejo Florestal

O microplanejamento é a etapa que orienta as operações anuais do


manejo florestal, sendo realizado na Unidade de Produção Anual
(UPA). Nessa etapa, é realizado o planejamento ao nível da UPA, para
estimar o volume da produção anual, recursos humanos, maquinário e
investimentos no período de um ano.

É o levantamento de informações
detalhadas para um ano de exploração.
Para isso, deve ser realizada uma série de
atividades que antecedem a exploração
florestal, por esse motivo as etapas de
macro e microplanejamento são chamadas
de atividades pré-exploratórias.

O microplanejamento viabiliza as operações anuais do manejo


florestal, sendo realizado na Unidade de Produção Anual
(UPA) durante a etapa pré-exploratória. Para definição do
tamanho das UPA e sua respectiva área efetiva para manejo,
as áreas são avaliadas quanto a presença de APPs tais como
margens de rios e áreas com declives superiores a 45º situação
facilmente identificada nos mapas de hidrografia e topografia
na região. A realização do inventário 100% também possibilita
identificar áreas impróprias para manejo não identificadas
anteriormente.

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3.2 Atividades pré-exploratórias

Apresentaremos agora as atividades pré-exploratórias da atividade de manejo florestal.


É nesta fase que são levantadas informações que possibilitam a exploração racional da
área, como a delimitação de unidades de trabalho, inventário florestal 100%, tratamento
silvicultural pré-exploratório, inventário contínuo, sistematização e processamento de dados,
produção de mapas e construção de infraestruturas. Essas atividades devem ser realizadas
pelo menos um ano antes da exploração.
Confira detalhes sobre cada uma delas.

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3.2.1. Delimitação da Unidade de Trabalho (UT)

A UT é uma unidade física que compõe uma determinada UPA. Geralmente, a soma das áreas
das UTs é o tamanho total da área da UPA. Mas se a UPA for pequena e os manejadores tiverem
capacidade operacional para explorar ela de uma vez, então a UPA poderá ter o mesmo
tamanho da UT.
Figura 4: Exemplo de delimitação da Unidade de Trabalho

Fonte: Acervo IFT

Embora não seja uma regra, as UTs possuem uma área de 100 ha, o que equivale a um polígono
de 1000 m por 1000 m. A divisão da UPA em UTs delimitadas facilita, entre outras ações: a
realização do inventário 100%, o planejamento das estradas secundárias, o corte direcional,
o planejamento dos ramais de arraste, o dimensionamento de equipes e maquinários, a
organização do trabalho e a instalação de trilhas de orientação favorecendo positivamente a
execução do manejo florestal e obtenção dos dados de rendimento.

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Figura 5: Exemplo de delimitação da Unidade de Trabalho

Fonte: Acervo IFT

Figura 6: Exemplo de delimitação da Unidade de Trabalho

Fonte: Acervo do IFT

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3.2.2. Inventário florestal 100%

Este é o segundo inventário realizado na área, também chamado de censo florestal, para
espécies comerciais ou potencialmente comerciais. É um levantamento detalhado de todas
as árvores de interesse dentro da área de manejo quando são mensuradas árvores em
tamanhos propícios de corte (DAP maior ou igual a 50cm) e árvores remanescente com 10cm
abaixo do DMC, com objetivo de conhecer o estoque de espécies e indivíduos comerciais e
potencialmente comerciais para futura exploração.
Figura 7: Realização da atividade de inventário

Fonte: Acervo IFT

Este inventário inclui informações dendrométricas (altura, DAP e qualidade do fuste),


identificação das espécies1 e a localização das árvores dentro da floresta. O inventário 100%
levanta detalhadamente o potencial produtivo da floresta (quantidade e qualidade), seja este
relacionado às espécies madeireiras ou a espécies que produzem produtos não madeireiros.
Nesta etapa, também são anotadas informações relevantes para a exploração, como
ocorrência de grotas, cursos d’água, área de cipó etc.
A qualidade de fuste (QF) é uma avaliação do fuste da árvore realizada durante o inventário
para determinar o nível de aproveitamento de uma dada árvore na indústria. Toras que
contenham muito defeitos ou tortuosidades (QF 3), ocas (QF 4) e cônicas (QF 5) são descartadas
da exploração e, portanto, mantidas em pé na floresta; enquanto árvores com fustes retos (QF
1) ou pouco tortuosos (QF 2) são explorados.

1
É bastante importante a adoção de procedimentos técnico-científicos na identificação das espécies que comporão o
inventário. Tais procedimentos são previstos nos regulamentos de manejo florestal (Resolução CONAMA 406/2009). A
identificação incorreta das espécies constitui uma das falhas mais importantes que se nota nos dias de hoje nos PMFS sendo
executados, e podem trazer problemas graves para a indústria, que geralmente se baseia nas estimativas de produção do
inventário para fazer previsões de estoques e de produção.

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Figura 8: Aproveitamento do fuste

Fonte: Acervo do IFT

O inventário pode ser feito usando como base uma malha de trilhas abertas de forma
sistemática na floresta para a orientação dos trabalhadores que coletarão os dados ou,
com os avanços atuais em tecnologias de georreferenciamento, com o apoio de aparelhos
GPS. O principal produto do inventário é a produção de um mapa contendo a localização de
todas as árvores comerciais e remanescentes que poderá ser usado para o planejamento da
exploração. O inventário 100% é importante por fornecer informações para:
A tomada de decisão;
i. O planejamento da colheita e das atividades de pós-colheita;
ii. O microzoneamento e mapeamento da UT;
iii. A negociação para comercialização dos produtos da colheita.
Figura 9: Procedimento de censo 100%

Fonte: Acervo IFT

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Figura 10: Mapa Inventário 100%

Fonte: Acervo do IFT

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3.2.3. Corte de Cipós pré-exploratório

Em geral, é recomendável fazer esta intervenção na floresta antes que a exploração seja
executada para melhorar as condições de exploração ou de coleta. Por exemplo, em áreas
com muitos cipós, é recomendado o corte destas plantas presas às árvores selecionadas
para o corte e de suas vizinhas evitando que, no momento da derruba da árvore, os cipós não
prendam as árvores umas às outras, causando a queda desnecessária de árvores e situações
de risco para os trabalhadores de campo. O corte de cipós pode ser realizado durante o
inventário 100%, visando a otimização da equipe e a redução de custos.

Figuras 11 e 12: Execução do corte de cipós pré-exploratório

Fonte: Acervo do IFT

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3.2.4. Processamento de dados

Essa atividade tem como objetivo organizar e analisar as informações coletadas durante o
Inventário Florestal. Os dados das medições do inventário 100% e do inventário contínuo
podem ser trabalhados de forma mais prática utilizando ferramentas básicas de informática,
como planilhas eletrônicas e gerenciadores de banco de dados. O processamento permite
gerar informações para tomar decisões sobre a UT. No processamento de dados é possível
extrair um conjunto de informações que passam por vários critérios exigidos pela legislação
ambiental.

Figura 13: Ficha de campo Inventário 100%

Fonte: Acervo do IFT

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Os principais critérios de seleção são:
a. Diâmetro Mínimo de Corte: pode-seexplorar somente as árvores que possuem DAP maior
ou igual a 50,0 cm. As árvores mais finas com DAP menor de 50 cm ficarão crescendo para
a exploração futura (estoque de remanescente).
b. Árvores matrizes ou porta sementes: pela lei, deve-se deixar 10% das árvores potenciais
para corte de cada uma das espécies identificadas no inventário 100%. São árvores que
permanecem na floresta para produzir sementes e assim garantir que novas árvores de
todas as espécies continuem nascendo e povoando a floresta.
c. Critérios de retenção de espécies: pela lei (IN 05/2006 MMA), uma espécie terá sua
quantidade reduzida de árvores à exploração se tiver menos do que três árvores em cada
100 hectares e DAP maior ou igual a 50,0 cm. Essas espécies, apesar de não serem proibidas,
ocorrem em pouca quantidade na floresta e não devem ser exploradas em locais nesta
situação.
d. Espécies proibidas: São aquelas constantes da “Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora
Ameaçadas de Extinção”. São árvores de espécies protegidas por lei, portanto, proibidas
para corte, devido sua importância cultural, econômica e ambiental para o território onde
se encontra.
Na Amazônia, são exemplos as espécies castanheira e a seringueira no âmbito federal,
contudo, cada estado pode definir listas especificas de espécies proibidas. Portanto, a
coleta de outros subprodutos (óleo, látex, sementes etc.) é permitida, desde que não leve a
morte do indivíduo. Para saber quais espécies estão na lista de retenção para exploração,
consulte a Portaria MMA 443, de 17 de dezembro de 2014 e IN MMA 1, de 12 de fevereiro de
2015, além de normativas específicas por estados da federação.
e. Áreas de Preservação Permanente (APP): são aquelas áreas que margeiam os rios e
igarapés, entorno de nascentes e lagos e encostas muito íngremes. Nestas áreas é proibido
o corte de árvores para produção madeireira, contudo, essas áreas são passíveis de manejo
para produção de não-madeireiros, como frutos, óleos, resinas, extração de cipós, cascas
e sementes.
f. Árvores ninho: são aquelas árvores que servem de abrigo para aves e outros animais.
Depois de selecionadas as árvores a serem exploradas, podemos fazer os cálculos para
estimar os volumes de produção.

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3.2.5. Confecção de mapas

A utilização de mapas é uma prática crucial para o sucesso do manejo florestal, permitindo
maior precisão na execução das práticas de campo. O mapa pode tanto ser gerado em
computadores por meio de programas de informações geográficas (SIG) ou manualmente, no
caso da exploração realizada em áreas menores por pequenos produtores ou por comunidades
tradicionais.
Os mapas que compõem o processo de licenciamento da área para o manejo só são aceitos em
formatos digitais com informações geométricas (SIG), enquanto mapas para uso operacional
podem ser tanto de construção digital quanto manual.
Vamos detalhar agora os mapas para orientação das operações florestais.
Croqui da área da UT, feito durante a delimitação e inventário da UT. Sugere-se utilizar
escala de 1:5000, facilitando levantamento em campo com papel milimetrado, em que cada
centímetro no papel equivale a 50 m na floresta. A função do croqui é fazer um primeiro
esboço das condições topográficas, hidrográficas e espaciais dentro da UT (grotas, canais
de drenagens, aglomerações de rochas, áreas cipoálicas etc.). Nessa fase, o croqui pode ser
substituído pela coleta de informações via GPS, georreferenciando as condições do terreno
para posterior inserção em mapas operacionais.
Figura 14: Croqui em papel milimetrado feito durante microzoneamento da UT

Fonte: Acervo do IFT

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Mapa base da UT, contém todas as informações sobre a UT, como a área total, os limites, a
ocorrência de cursos d’água e grotas etc. Sugere-se utilizar escala de 1:1000 para facilitar as
operações na floresta.
Figura 15: Mapa da base da UT

Fonte: Acervo do IFT

Mapa pré-exploratório, gerado a partir do processamento de dados do inventário 100%,


indicando a localização das árvores comerciais, das árvores remanescentes, das árvores
substitutas e qualquer outra informação que julgar relevante (árvores porta-sementes, árvores
protegidas por lei, árvores ninho etc.). Sugere-se utilizar a escala de 1:1000.

Figura 16: Mapa pré-exploratório

Fonte: Acervo do IFT

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Mapa de corte, utilizado pelo operador de motosserra, indicando a localização das árvores
selecionadas para o corte e sua sinalização de queda direcionada, pós corte. Sugere-se utilizar
escala de 1:1000 para facilitar as operações de corte e, posteriormente, de planejamento de
arraste.
Mapa de corte/arraste, trata-se do mapa de corte que é elaborado após a queda da árvore
e é repassado para a equipe de planejamento da atividade de operação de arraste onde no
próprio mapa é desenhado as trilhas de arraste. O mapa de arraste é repassado ao operador
de máquina que seguirá as informações sinalizadas pela equipe de planejamento orientando
o percurso da máquina até a tora e depois direcionando o arraste até o pátio.
Figura 17: Mapa corte/arraste

Fonte: Acervo do IFT

Mapa remanescente, contendo a localização das árvores que possuem potencial para manejo
no próximo ciclo de corte. Sugere-se utilizar escala de 1:1000.
Mapa pós-exploratório, indicando a situação da UT depois de explorada. As informações que
esse mapa pode trazer são: árvores selecionadas para corte não abatidas, árvores efetivamente
extraídas, estradas, pátios, localização dos ramais de arraste, áreas que possuem tratamentos
silviculturais pós-colheita etc. Sugere-se utilizar escala de 1:1000.

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Figura 18: Mapa pós-exploratório

Fonte: Acervo IFT

Para quase todos os mapas operacionais, sugere-se utilizar a escala 1:1000 por facilitar sua
elaboração e sua operacionalização em campo. Entretanto, para a elaboração e apresentação
de mapas florestais exigidos no PMFS e POA, deve-se seguir procedimentos e parâmetros
determinados pelos órgãos licenciadores da atividade2.

2
Consultar a IN MMA 05/2006, além das Portarias e Instruções Normativas específicas das OEMAs em cada estado. Um caso
especial se refere aos procedimentos para o Plano de Manejo Florestal Sustentável que contemple a exploração do mogno
(Swietenia macrophylla K.). Neste caso, consultar a Instrução Normativa IBAMA 07, de 22/08/2003.

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3.2.6. Planejamento e instalação das
infraestruturas florestais (estradas e pátios)

Esta atividade é realizada por uma equipe técnica que discute, baseada nas informações
do macroplanejamento e em mapas, onde serão instaladas as infraestruturas para a
exploração florestal, com especial atenção aos obstáculos, evitando-os durante o processo
de planejamento e construção das infraestruturas.
Esta atividade é muito importante para diminuir o tempo de trabalho gasto pelas máquinas
pesadas, uma vez que o tamanho e a quantidade de pátios são dimensionados conforme as
necessidades pontuais do empreendimento. Para uma melhor compactação das estradas
e pátios e para uma melhor trafegabilidade durante a exploração, recomenda-se que as
infraestruturas sejam construídas ao menos um ano antes da exploração.

Fechamos aqui as atividades da etapa pré-exploratória. Até a próxima!

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 3
66
Encerramento do módulo 3

Agora que já foram apresentadas as fases do microplanejamento,


partiremos para o módulo 4, que aborda as infraestruturas do
Manejo Florestal. Até lá!

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 3
67
MÓDULO 4
Infraestruturas do Manejo
Florestal - Planejamento e
Construção
Apresentação

No módulo 3 vimos as atividades e os procedimentos para a realização do


microplanejamento do Manejo Florestal.
Agora vamos estudar as infraestruturas do manejo, o planejamento e sua construção.
Assista ao vídeo que aborda este tema!

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
69
4.1 Tipos de Infraestruturas do Manejo

Olá!
Vamos conhecer agora as infraestruturas permitidas e quais são as suas funções dentro do
manejo florestal.
Estradas permanentes: são planejadas e construídas para viabilizar a exploração presente e
futura.
Figura 19: Estrada permanente

Fonte: Acervo do IFT

Estradas secundárias: quanto ao método de construção, são consideradas estradas


permanentes, pois serão utilizadas no próximo ciclo de corte. Mas, quanto ao uso, são
utilizadas somente no ano da exploração (estradas de uso temporário).

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
70
Figura 19: Estradas secundárias

Fonte: Acervo do IFT

Pátios de estocagem: Local construído dentro da Unidade de Trabalho, infraestrutura


permanente, destinado à estocagem provisória da madeira explorada na UT antes do
transporte até indústria.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
71
Figura 20: Pátio de estocagem

Fonte: Acervo do IFT

Os pátios de estocagem ao longo de estradas secundárias são infraestruturas localizadas no


interior das UTs que servem para o armazenamento temporário das toras de madeira, até o
transporte por caminhões, e em geral possuem dimensões de 20x25m.

O pátio de estocagem principal, pátio central ou pátio de concentração é uma infraestrutura,


geralmente com capacidade superior a 1 mil m³ de toras localizada dentro ou fora da UMF, à
margem da estrada principal ou em um porto à beira do rio, armazenadas até que ocorra o
transporte das toras por caminhões ou balsas até a indústria (serraria ou laminadora).

Ramais de arraste: são vias menores, temporárias, que ligam os pátios aos locais de derruba
das árvores.
Figura 21: Ramal de arraste principal e secundário

Fonte: Acervo do IFT

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72
Acampamento: local com instalação de dormitórios, banheiros, cozinha, refeitório,
enfermaria, pode haver sala de escritório, almoxarifado e outras estruturas necessárias de
acordo com o porte do empreendimento.
Figura 22: Acampamento

Foto: Acervo do IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
73
4.2 Importância das infraestruturas

As infraestruturas são importantes, pois dão as condições físicas para realização das ativi-
dades do manejo florestal, por isso devem ser bem planejadas e instaladas, respeitando as
condições edafoclimáticas.

Diz-se das condições e/ou características de solo, em um ponto da superfície da terra,


associadas ao conjunto de fatores climáticos ou meteorológicos como temperatura, pressão
e ventos, umidade e chuvas etc.
Ormond, J.G. P. Glossário de termos usados em atividades agropecuárias, florestais e ciências
ambientais. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. 3º edição. Recursos
naturais. Rio de Janeiro: BNDES, 2006. 316 p.
Refere-se as características definidas através de fatores do meio tais como o clima, o relevo, a
litologia, a temperatura, a humidade do ar, a radiação, o tipo de solo, o vento, a composição
atmosférica e a precipitação pluvial. As condições edafoclimáticas são relativas à influência
dos solos nos seres vivos, em particular nos organismos do reino vegetal, incluindo o uso da
terra pelo homem, a fim de estimular o crescimento das plantas.
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/condicoes-edafoclimaticas/21084,
Acesso em 13/01/2020

O planejamento criterioso das estradas e pátios diminui os danos causados à floresta durante
a construção delas, promovendo um menor número de árvores comerciais e remanescentes
danificadas em relação à área construída, além de uma menor abertura de dossel durante a
instalação.
No sistema de Exploração de Impacto Reduzido (EIR) as estradas e pátios são planejados e
construídos de modo a tornarem-se infraestruturas permanentes na floresta, ou seja, serão
reutilizados em futuros ciclos de corte.
Com um bom planejamento, o operador da máquina não perde tempo com dúvidas e decisões
sobre desvios e obstáculos na abertura da estrada e localização dos pátios, pois essa decisão
já foi tomada e devidamente sinalizada em campo, diminuindo erros e o tempo operacional.
A soma de todos esses elementos promove a redução dos custos operacionais da construção
devido ao menor consumo de combustível, maior aproveitamento do tempo operacional e
menor desgaste do equipamento.

É bom notar que essa infraestrutura inicial para o manejo pode chegar a responder por 40%
dos custos da operação no primeiro ano, e o custo por hora das máquinas utilizadas é alto.
Dai a importância de um planejamento prévio bem feito.

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74
4.3 Planejamento das infraestruturas

O planejamento e construção das infraestruturas, como no caso das estradas, permitem a


minimização da distância de extração e a otimização do tráfego durante o transporte das
toras entre os pátios e as serrarias. As infraestruturas também garantem o acesso à floresta
para a realização das atividades pós-exploratórias do manejo florestal.
• A construção de infraestruturas consiste em instalações físicas, como estradas, pátios,
pontes e bueiros, permanentes ou não, dentro da unidade de manejo. Nas operações
florestais comerciais de larga escala, esta atividade é realizada com o auxílio de
equipamentos pesados, exigindo mão de obra especializada, merecendo, desta
forma, planejamento e controles detalhados. Nesta fase, existem grandes riscos aos
trabalhadores, às próprias máquinas e a integridade da floresta em virtude do uso de
maquinário pesado.
Figura 23: Equipe para atuação na etapa de infraestrutura

Fonte: Acervo IFT

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75
• O planejamento eficiente garante menores custos de instalação e maior segurança,
pois infraestruturas bem planejadas facilitam a orientação do tratorista durante sua
construção, permitem a diminuição do tempo de trabalho da máquina e evitam danos
desnecessários à floresta, além de permitir um tráfego seguro colaborando com a
segurança do trabalho.

Figura 24: Atividade de infraestrutura

Fonte: Acervo IFT

São premissas para se ter boas infraestruturas:


a) Produzir um trajeto da estrada sem perigo, com uma boa relação custo benefício,
favorável ao meio ambiente;
b) Envolver os usuários na aprovação do projeto da estrada;
c) Avaliar o planejamento para considerar as mitigações ambientais;
d) Proteger a qualidade da água e reduzir o acúmulo de sedimentos nos rios e igarapés;
e) Proteger as áreas sensíveis e reduzir os impactos no ecossistema;
f) Manter os canais naturais e fluxos naturais das correntes de água, e manter passagens
para os animais aquáticos;
g) Minimizar os distúrbios no solo e nos canais de drenagem;
h) Controlar a água superficial na estrada e estabilizar o leito de rodagem;

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76
i) Controlar a erosão e proteger as áreas de solos expostos;
j) Implementar medidas para estabilizar os taludes e reduzir os desbarrancamentos;
k) Evitar áreas problemáticas (inundáveis);
l) Evitar topes na estrada superiores a 12 a 15% de declividade.

Ao final da instalação das infraestruturas, espera-se que as estradas estejam trafegáveis e


aptas para o escoamento da produção florestal. O material tombado deve estar nas laterais
das estradas para sua decomposição, contudo o material lenhoso pode ser aproveitado para
lenha, carvão etc.
Pontes, bueiros, canais de drenagens e demais infraestruturas hidráulicas devem ser planeja-
das e construídas sempre que necessárias. A função dessas estruturas é evitar o acúmulo de
água sobre as estradas e pátios, transpor obstáculos naturais sem danificar o meio ambiente e
prestar economicidade à operação florestal. Para tanto, utiliza-se os mesmos princípios, equi-
pamentos e pessoal utilizado nas instalações de estradas e pátios.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
77
4.4 Dimensionamento de pessoal, materiais
e equipamentos

A equipe que realiza a atividade de planejamento das infraestruturas é formada por um


coordenador e um trabalhador rural (assistente) familiarizado com a atividade. Já a construção
de estradas, pátios, bueiros e pontes carecem de uma equipe com três pessoas: um operador
de máquinas pesadas (como trator de esteiras) com experiência na construção de estradas, e
dois ajudantes, sendo um trabalhador rural que saiba manusear motosserra e outro que apoie
na limpeza final da infraestrutura.
Para as atividades de planejamento e construção de infraestrutura são necessários materiais
e equipamentos específicos para cada atividade, como por exemplo:
• Para o planejamento das infraestruturas: mapa base da unidade de produção anual e/
ou da unidade de trabalho, clinômetro, bússola, fitas para marcação, prancheta e lápis
com borracha, EPIs, kit primeiros-socorros, facão com bainha, motosserra e acessórios.
• Para a construção das infraestruturas: mapa base da unidade de produção anual e/ou
da unidade de trabalho, bússola, trator de esteiras com lâmina frontal, potência acima
de 140Hp equipado com cabine ROPS/FOPS, caixa de ferramentas, EPIs, kit primeiros-
socorros, facão com bainha, motosserra e acessórios.

Os clinômetros são os instrumentos profissionais de medição de altura de árvores. A


palavra clinômetro é formada por duas palavras gregas:
clinos que significa inclinação ou encosta
metron que significa medida.
São instrumentos utilizados para medir inclinações ou ‘”ângulos verticais”, como a
declividade de uma encosta ou o ângulo do sol ou das estrelas com o horizonte.

http://cmq.esalq.usp.br/Philodendros/doku.
php?id=equipamentos:clinometros:clinometros_analogicos. Acesso em 13/01/2020

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
78
4.5. Estradas

4.5.1. Categoria de estradas permanentes

A partir de agora, vamos destacar especificamente as estradas.


Figura 25: Categorias de estradas no manejo florestal

Fonte: Acervo IFT

Quando as UPAs possuem grandes áreas e estão localizadas em relevo acidentado, a


distribuição das estradas/pátios terá um misto entre distribuição sistemáticas e equidistantes
(áreas regulares); e quando em áreas irregulares, as estradas e pátios acompanharão o
desenho do terreno diferenciado.
• Estrada principal: permite o acesso da indústria à área de manejo florestal, podendo
ter revestimento ou não, e são trafegáveis o ano inteiro. Possuem entre 8-10m de largura
de leito carroçável e zona de ventilação acima de 2m nas laterais da estrada, além de
estruturas de drenagem como plataforma abaulada, canaletas laterais e tangenciais
(bigodes).

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
79
Leito carroçável: é a faixa da via destinada á circulação de veículos, excluídos os passeios,
os canteiros centrais e o acostamento.
http://cetsp1.cetsp.com.br/sc/glossario.asp. Acesso em 13/01/2020
As zonas de ventilação são áreas dispostas de ambos os lados do leito carroçável da
estrada com a finalidade de permitir que vento flua constantemente, sem obstáculos
naturais, e com isso acelere a secagem do leito da estrada em períodos pós chuvas. Devido
ao curto tempo de uso, estradas secundárias e ramais de arraste não necessitam dessas
zonas ventiladas.

Figura 26: Padrão de estradas principais

Fonte: Acervo IFT

• Estrada de acesso: permite o acesso às UPAs trafegáveis o ano inteiro ou parte dele.
Possuem entre 5-7m de largura de leito carroçável e zona de ventilação abaixo de 2m
nas laterais da estrada e, quando possível, canaletas laterais e tangenciais (bigodes).

Figura 27: Padrão de estradas de acesso

Fonte: Acervo IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
80
• Estrada secundária: visa facilitar o acesso das equipes de trabalho e escoamento da
produção do interior das Unidades de Trabalho. Possuem entre 4 m de largura de leito
carroçável e sem zona de ventilação. São vias que interligam os pátios de estocagem
às estradas de acesso, com pouca ou nenhuma estrutura de drenagem, por isso são
trafegáveis apenas no período seco.

Figura 28: Padrão de estradas secundárias

Fonte: Acervo IFT

As estradas principais, acesso e secundárias são todas infraestruturas de construção


permanente (para serem utilizadas no próximo ciclo de corte). A exceção é a infraestrutura
RAMAIS DE ARRASTE, que tem caráter temporário, ou seja, dificilmente um mesmo ramal
utilizado no ano 1 do primeiro ciclo de manejo do PMFS será utilizado no ano 1 do segundo
ciclo de manejo

O sistema de extração (animal, tratores, cabos ou outro método) é que vai determinar o
tipo de estrada. Por exemplo, em áreas de manejo de baixa intensidade, a abertura de uma
estrada secundária ou de acesso é suficiente para atender a necessidade do empreendimento.
O planejamento das estradas deve considerar, também: drenagem e tipos de estradas
(velocidade média, periocidade de uso, padrões, tipo de revestimento).

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
81
4.5.2. Metodologia de planejamento de
estradas

Para o planejamento de estradas principais e de acesso, deve-se levar em consideração


infraestruturas já existentes na área da AMF e UMF, e utilizar ferramentas de SIG para definir
o melhor desenho do trajeto da estrada. Para estradas secundárias, deve-se fazer um pré-
planejamento com auxílio do mapa base da UPA, quantificando e distribuindo as estradas
segundo os volumes obtidos no inventário 100%, o relevo, a hidrografia e outras condições de
campo visando a redução dos custos e impactos.
Em campo, deve-se aplicar o pré-planejamento sinalizando o traçado das estradas com uso
de fitas ou qualquer outro método de sinalização do trajeto procurando áreas de menor
resistência à construção (evitar árvores grossas). Quando possível, evitar o cruzamento de
APP.
As estradas secundárias devem ser com traçado aproximadamente retilíneo e mantendo
equidistância entre as estradas (objetivando uma melhor divisão da área para o arraste) e
orientadas no sentido leste-oeste (para facilitar a secagem pela irradiação do sol).
Além, disso as árvores mortas, caídas perpendicularmente ao trajeto, devem ser sinalizadas
numa largura de 4m, para posteriormente serem traçados durante a construção da estrada.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
82
4.5.3. Metodologia de construção das
estradas

A equipe de construção deve fazer um reconhecimento prévio da estrada planejada, e construir


exatamente sobre a sinalização correspondente ao percurso, conforme o planejamento. O
operador de trator deve iniciar a construção com a lâmina suspensa, tombando as árvores
longitudinalmente ao caminho.
Após tombamento do material verde (árvores), deve distribui-lo nas margens da futura
estrada. Uma vez separado o material verde do solo, o tratorista deve dar início à raspagem do
solo com a lâmina baixa (10 a 15cm de profundidade). O nível de acabamento da estrada vai
depender do padrão de estrada que será construída. Estradas de acesso e principais terão seu
leito carroçável abaulado e, quando possível, construir estruturas de drenagens superficiais
(canaletas laterais e transversais).

Importante
Estradas principais que serão utilizadas para o transporte de madeira no
período chuvoso devem ser revestidas e bem drenadas. No processo de
abertura das estradas deve ser retirado todo e qualquer material orgânico
do leito carroçável, tais como raízes superficiais, cipós, galhos e pequenos
tocos. Esse material é de fácil decomposição e podem originar buracos na
estrada.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
83
4.5.4. Critérios para implantar as
principais estruturas das estradas

Em estradas:
• Planejar para evitar zonas problemáticas, com altos riscos naturais, como deslizamentos
de terras e inundações;
• Evitar relevos com declividade maiores que 60%;
• Evitar estradas com aclives (subidas) superiores a 12 a 15% de declividade;
• Evitar zonas úmidas e terrenos saturados (favorecem o surgimento de atoleiros);
• Minimizar os desvios (manter estradas retas sempre que possível);
• Áreas planas são um problema para drenagem (investir em abaulamento e canaletas de
escoamento da água da chuva);
• Compactar áreas de aterros ou áreas de depósitos de resíduos (essas áreas precisam de
pelo menos uma estação chuvosa para compactação natural);
• Envolver os usuários (vizinhos) no planejamento e escolha do desenho da estrada;
• Minimizar a largura da estrada e área atingida pela abertura;
• Instalar drenagens transversais (bigodes) e canaletas laterais;
• Evitar a alteração de padrões naturais de drenagem;
• Minimizar a conectividade entre estradas e rios;
• Incluir passagem para animais.
Figura 29: Manutenção de estradas

Fonte: Acervo IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
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Em pontes:
• Localizar a ponte em um ponto estreito e estável do canal;
• Manter a ponte com alinhamento reto com a estrada (segurança e custos);
• Analisar se há acúmulo ou degradação do trecho do canal e se lateralmente estável;
• Avaliar a bacia hidrográfica rio acima e rio abaixo da ponte;
• Evitar as áreas com bifurcações, mudança de curso, delta, curvas etc.;
• Manter o alinhamento horizontal e vertical da estrada no cruzamento da ponte.

Figura 30: Acesso por ponte

Foto: Acervo do IFT

Em bueiros:
• Manter um alinhamento adequado entre estrada e o canal de drenagem;
• Bueiros nivelados com o leito do canal de drenagem;
• Colocar proteção (muros de arrimo) na entrada e saída dos bueiros;
• Evitar uso de bueiros em canais com água permanente.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
85
4.6. Pátios

4.6.1. Metodologia de planejamento de


pátios de estocagem

Pátios de estocagem são áreas abertas destinadas ao armazenamento das toras arrastadas
da floresta. Devem estar localizados próximos às estradas secundárias e/ou primárias. Esta
localização tem como finalidade facilitar o transporte regular das toras até a indústria ou local
de utilização (FFT, 1999).
Durante o planejamento dos pátios, é necessário dimensionar o tamanho, escolher os locais
propícios para sua instalação, distribuí-los nas estradas secundárias em função da volumetria
a ser extraída por hectare manejado e demarcar a área para sua construção.
Parte do planejamento dos pátios de estocagem é realizada no escritório, onde se faz o
dimensionamento e pré-localização dos pátios no mapa base ou no mapa pré-exploratório da
UPA, e depois, em campo, são definidas a localização e a sinalização dos pátios para posterior
construção.
De posse do mapa em que foram plotados os pátios, a equipe de planejamento localiza a
área indicada no mapa e aplicam os critérios observados para a escolha do local ideal para
a construção do pátio. Com uso de fitas de sinalização a equipe de planejamento sinaliza o
perímetro do pátio, que normalmente segue as dimensões 20m x 25m.
Em casos excepcionais, em função das condições topográficas do terreno, os pátios serão
planejados em divisores de água do terreno, e não seguirão o padrão de escolha da densidade
de árvores.

Importante
Deve-se definir o local de construção dos pátios, segundo os seguintes
critérios: local plano, baixa densidade de árvores de grande porte e local de
clareira natural e/ou com alta concentração de cipós.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
86
4.6.2. Metodologia de construção dos
pátios

Para a construção dos pátios, recomenda-se que a equipe de construção percorra a pé


(reconhecimento) todo o perímetro e interior do futuro pátio, observando se há buracos e
grandes obstáculos. Se houver árvores caídas naturalmente, devem ser traçadas. O operador
do trator inicia a construção seguindo as fitas ou outra sinalização adotada, definindo o
perímetro do pátio com o canto da lâmina.
Figura 30: Demarcação de pátio

Fonte: Acervo IFT

O pátio deve ser construído das extremidades (perímetro) para o centro, em movimentos
circulares e com a lâmina do trator suspensa para quebrar todo o material verde sem misturá-
lo ao material de solo. Em seguida, fará o rebaixamento do material lenhoso triturando com a
esteira e peso da máquina, todo o material verde tombado.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
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Figura 31: Tombamento da área de pátio

Fonte: Acervo IFT

O rebaixamento é necessário para que o motosserrista possa traçar as diversas árvores e


arvoretas em troncos menores para facilitar a movimentação do material lenhoso pelo trator.
Depois do traçamento dos trocos compridos, o trator faz a limpeza da área, colocando todo o
material vegetal nas extremidades laterais do pátio. Por fim, os ajudantes do tratorista fazem
a retirada de algumas raízes superficiais, cipós, galhos e pequenos tocos, que porventura
ainda permaneçam no pátio recém-aberto.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
88
Encerramento do módulo 4

Lembre-se de concluir os exercícios avaliativos.


Até o próximo módulo!

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
89
MÓDULO 5
Introdução ao Manejo
Atividades Exploratórias - Corte
direcional no Manejo Florestal
Apresentação

No módulo anterior, vimos a infraestrutura necessária para o


manejo florestal e como planejar e construir. Neste módulo
serão demonstradas as atividades exploratórias, como o corte
direcional no manejo florestal. Vamos iniciar?

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
91
5.1 Introdução

Sabemos que as etapas pré-exploratórias e as atividades exploratórias são muito


importantes no manejo florestal, com a exploração de impacto reduzido (EIR), conforme
vimos nos módulos 3 e 4.
As atividades da etapa exploratória envolvem a execução do planejamento prévio detalhado
(vistos nos módulos 2, 3 e 4), que contribuirão para a redução de danos, de custos e de
acidentes de trabalho durante a execução da colheita, etapa de maior risco da atividade
florestal.

As técnicas de corte de árvores foram aperfeiçoadas ao longo dos anos para as espécies
amazônicas. Na EIR, os principais objetivos referentes ao corte são:

i. O controle da direção de queda – o que permite que as árvores


sejam tombadas em uma direção que provoque o mínimo de
danos às outras árvores; e
ii. O aproveitamento máximo do volume do fuste – cortando as
árvores rente ao solo e evitando árvores ocadas, que possuem
baixo aproveitamento. Para isso, foram desenvolvidas técnicas
e equipamentos que visam a segurança do motosserrista e da
equipe, além de técnicas específicas para espécies que racham
com facilidade durante o corte, como a maçaranduba (Manilkara
huberi) e a jarana (Lecythis lurida).

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
92
5.2 Principais desafios na implantação
das técnicas de corte

As técnicas de corte, desenvolvidas para as regiões da Amazônia


legal têm como meta principal trabalhar diversos desafios, dos quais
destacamos:
i. Diminuir os danos causados na floresta (proteger árvores
remanescentes e matrizes);
ii. Diminuir os desperdícios de madeira;
iii. Considerar os aspectos econômicos (Ex: facilitar o arraste);
iv. Eliminar os acidentes eminentes na operação;
v. Utilizar de maneira correta a motosserra;
vi. Conhecer os itens de segurança da motosserra;
vii. Usar os equipamentos de proteção individual (EPI);
viii. Obter produtividade sem expor a equipe de corte a riscos excessivos;
ix. Cumprir os aspectos legais do manejo (evitar corte em áreas de preservação e espécies
protegidas por lei);
x. Disseminar boas práticas de Manejo Florestal.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
93
5.3 Corte de árvores

A etapa de corte é a execução da derruba e do traçamento das árvores comer-


ciais previamente selecionadas, utilizando-se das melhores técnicas de corte
direcional. O corte de árvores é a primeira atividade exploratória na exploração
de impacto reduzido, influenciando decisivamente no planejamento e opera-
ção de arraste.

O corte é executado pela equipe de trabalhadores,


que é responsável pela intensidade de danos à
floresta e pelo aproveitamento de madeira, em maior
ou menor proporção, e por esta razão devem estar
adequadamente capacitados para estas situações.
Além disso, o corte é uma operação de alto risco.

O uso de técnicas adequadas durante o corte é importante por pelo menos


três razões:

i. Diminuir os danos causados à floresta e às árvores remanescentes e os


desperdícios de madeira;

ii. Eliminar os acidentes mais comuns na operação;

iii. Obter produtividade sem expor a equipe de corte a riscos excessivos.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
94
5.4 Metodologia para o corte de árvores

5.4.1. Fluxograma dos passos operacionais


do corte direcional

A técnica de corte direcional tem o objetivo de reduzir os desperdícios de madeira com


rachaduras durante a queda e oferecer maior segurança operacional durante a atividade de
corte. A técnica é composta, basicamente, por um corte direcional ou corte escadinha e um
corte de abate.
Confira agora os passos desta operação.
1º passo: Localização e verificação do número da placa da árvore selecionada para a
exploração.
O coordenador da equipe – técnico/operador de motosserra – de posse do mapa, corte/arraste
e/ou da lista de árvores a serem exploradas localiza a árvore que será derrubada.
Figura 32: Mapa de corte/arraste

Fonte: Acervo IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
95
Figura 33: Localização da árvore durante a atividade de corte direcional

Fonte: Acervo IFT

Esse mapa é produzido a partir do mapa pré-exploratório da Unidade de Trabalho, e abrange,


sempre que possível, uma área de aproximadamente 6,25ha (250m x 250m), correspondente a
um lado do pátio de estocagem. A utilização do mapa garante benefícios operacionais, como:
• Diminui os danos na floresta porque a equipe tem uma visão geral das árvores que
devem ser derrubadas.
• Maior segurança para equipe, ao possibilitar sua distribuição e localização por meio das
informações contidas no mapa.
• Menor esforço físico da equipe na procura de árvores.
• É recurso indispensável na execução da atividade de planejamento de arraste e poste-
riormente o arraste.
• Todas as árvores plotadas no mapa são encontradas e avaliadas para o corte ou descar-
te.
• Árvores engatadas (macaco e viúva) – que oferecem riscos, são localizadas e identifica-
das no mapa para oferecer maior segurança as demais atividades ali realizadas.

Saiba Mais
Árvore engatada (viúva e macaco): “macaco” é uma expressão utilizada para
indicar quando uma árvore é derrubada, mas se mantém apoiada ou enganchada
em outra árvore de pé, oferecendo grandes riscos aos trabalhadores da floresta.
Enquanto que, “Viúva” é uma expressão popular dada àqueles galhos verdes ou
secos que ficam dependurados em árvores ou cipós, seja por evento natural ou
humano, com eminência de caírem sobre os trabalhadores ao se desprenderem;
levando-os a mortalidade e por consequência deixando esposas Viúvas.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
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Figura 34: Ilustração da situação de viúva (galho dependurado)

Fonte: Acervo IFT

Figura 35: Ilustração da situação de “macaco” (árvore engatada)

Fonte: Acervo IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
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2º passo: Teste de oco nas árvores selecionadas para exploração.
Figura 36: Processo de teste de oco

Fonte: Acervo IFT

Caso a árvore não apresente nenhum dano ou defeito aparente, a equipe prossegue a
verificação observando somente o teste de oco. Se for detectada qualquer anormalidade
durante essa operação (terra, cupins, serragem podre etc.), ou se o sabre penetrar rapidamente
para dentro do tronco, essa árvore é imediatamente descartada do corte.

3º passo: Limpeza da zona operacional


Se a árvore não apresentar nenhum dano ou defeito que impeçam seu aproveitamento, o
próximo passo = é realizar uma limpeza na base do tronco da árvore (para eliminar a areia ou
terra que danificam o conjunto de corte do motosserra) e da área em volta da árvore (cerca de
1m de raio) para eliminar cipós, arvoretas e qualquer obstáculo que interfira no corte.
Espécies com facilidade de acumular grande quantidade de areia e ninho de cupim no tronco
e na base são aquelas que apresentam casca estriadas e sapopemas. Exemplos: maçaranduba
(Manilkara huberi), maparajuba (Manilkara paraensis), Angelim vermelho (Dinizia excelsa) e
outras.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
98
Figura 37: Limpeza da zona operacional do corte direcional e de abate

Fonte: Acervo IFT

4º passo: Planejamento operacional para definir a queda direcionada, segundo os três


principais critérios de avaliação
A equipe deve observar a disposição das árvores remanescentes ao redor da árvore a ser
derrubada, procurando o local de queda que cause menos danos e que facilite o arraste.
1º Critério - Proteger árvores remanescentes e matrizes.
2º Critério - Direcionar a queda para áreas de cipós, clareiras naturais e sobreposição de copas,
minimizando os danos à floresta.
3º Critério - Direcionar a queda do tronco em direção ao pátio de estocagem, para facilitar o
planejamento e arraste.
Figura 38: Definição da direção do corte direcional

Fonte: Acervo IFT

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99
As medidas para definição da queda direcional são:
Verificação da queda natural
Para direcionar a queda da árvore é necessário encontrar, em primeiro lugar, a direção de
queda natural. Toda árvore tem sua direção de queda natural.
Na verificação e avaliação da direção de queda natural o operador deve atentar-se aos
seguintes indicadores:

1. Inclinação do fuste.
A primeira avaliação de queda natural feita pelo
motosserrista é da inclinação do fuste ou tronco.

2. Distribuição da galhada.
A distribuição dos galhos também é uma avaliação
que determina a direção de queda natural. Para
ter um resultado satisfatório a avaliação deve ser
feita com bastante atenção.

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100
3. Inclinação do fuste e distribuição de
galhadas.
Em alguns casos a definição de queda natural
apresenta dificuldades para o operador,
principalmente árvores com grandes copas.
Esta avaliação deve ser feita considerando a
distribuição da galhada, e também a inclinação
do fuste. É comum a queda natural pender para
o local que apresenta maior quantidade de
galhadas (influência direta do peso da galhada
durante a inclinação de queda do fuste).

4. Ninho de cupim.
Quando está muito complicada a avaliação de
queda natural o operador verifica se há ninho
de cupim no fuste da árvore. A maioria dos
motosserristas acredita que o cupim constrói o
ninho ao lado da inclinação da queda natural,
pois isso oferece-lhe mais proteção durante as
chuvas.

5. Cipó dependurado.
A presença de cipós é outro importante indicador
para avaliar a queda natural. Se a presença de
cipós dependurados na árvore formarem ângulo
aberto com o tronco, isso indica forte inclinação
do fuste.

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101
5º passo: Localização das rotas de fugas
O ajudante abre as rotas de fuga para garantir uma saída segura, promovendo a segurança da
equipe envolvida na operação. Os caminhos ou rotas de fugas são construídos para auxiliar
na fuga da equipe durante a queda da árvore, são localizados na “área de segurança”, que fica
do lado contrário da direção de queda escolhida (corte direcional), também denominada de
área de risco. Estes caminhos devem ser feitos ao redor da árvore, a 45° contrário à direção de
queda.
Figura 39: Definição da rota de fuga

Fonte: Acervo IFT

6º passo: Aplicação das técnicas para a execução do corte direcional


Inicia-se com um primeiro corte no ângulo de 0º (zero grau), com profundidade no tronco
inferior a 1/3 do diâmetro da árvore. Um segundo corte é realizado no ângulo de 45º até
encontrar-se com o final do corte zero grau. A junção desses dois cortes forma o Corte
Direcional (Boca).

A localização do corte direcional (boca) no fuste da árvore indica a direção para onde o operador
almeja tombar a árvore. A definição da direção do corte direcional está associada a fatores
como: inclinação do fuste, proporção da distribuição de galhos da copa, pontos acessíveis
no pé do tronco para realizar o corte, propósito de desviar a árvore objeto do corte de outras
árvores remanescentes, local apropriado para lançar o fuste e copa da árvore a ser derrubada e
direcionamento do fuste para o pátio que facilite a operação de arraste.

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Figura 40: Detalhe do corte para a abertura do corte direcional

Fonte: Acervo IFT

7º passo: Aplicação de técnicas para a execução do corte escadinha


Aplicado em espécie que racha com facilidade durante o tombamento ou quando tocam o
solo. Nesses casos é feito um corte logo abaixo do corte direcional, formando assim um degrau
denominado de escadinha.
Figuras 41 e 42: Esquema operacional do corte escadinha

Fonte: Acervo IFT

8ª passo: Aplicação de técnicas para execução operacional do corte de abate


Esta técnica é aplicada tanto para árvore com tronco cilíndrico como para árvore que
apresentam sapopemas (catanas).

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103
Figuras 43 e 44: Esquema operacional do corte de abate ao mesmo tempo que se forma o 1º filete
de ruptura ou dobradiça

Fonte: Acervo IFT

a) O corte de abate inicia a uma altura de 10 a 15cm acima do corte 0º, formando o 1º filete
de ruptura
Figura 44: Corte de abate

Fonte: Acervo IFT

b) Formação do 1º filete de abate ou de segurança.


Figura 45: Formação do primeiro filete de abate ou de segurança

Fonte: Acervo IFT


c) Formação do 2º filete de abate ou de segurança.
Figura 46: Formação do segundo filete de abate ou de segurança

Fonte: Acervo IFT

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d) Formação do 2º filete de ruptura ou dobradiça. Ao final da formação do 2º filete de
ruptura, automaticamente se formará um batente (salto) que vai servir de apoio para a
árvore não escorregar em cima do toco.
Figura 47: Formação do segundo filete de ruptura ou dobradiça

Fonte: Acervo IFT

O filete de abate ou segurança é ou são aqueles que se formam no 2/3 restante do tronco,
excetuando-se o corte direcional e os dois filetes de ruptura ou dobradiça. Numa árvore fina e
cilíndrica, geralmente há somente um filete de abate ou segurança, em árvores cilíndricas grossas
ou em árvores com várias sapopemas pode originar 2 ou mais filetes de abate ou de segurança.

9º passo: Sinalizar no mapa de corte/arraste, com uma seta ou qualquer outra sinalização, a
direção de queda da árvore.
Figura 48: Sinalização do direcionamento de queda da árvore no mapa de corte/arraste

Figura: Sinalização do direcionamento de queda da árvore no mapa de corte/arraste.

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105
10º passo: Colocar a plaqueta no toco para garantir a rastreabilidade da árvore (cadeia
de custódia)
A técnica de corte a ser aplicada deve estar de acordo com o formato do tronco da árvore e das
condições do terreno e floresta ao seu redor. Normalmente existem outras condições típicas
com variações peculiares no procedimento do corte, e cada uma requer uma sequência de
técnicas apropriadas.
Figura 49: Colocação da placa do inventário 100% no toco de exploração

Fonte: Acervo IFT

Estes são os 10 passos operacionais do corte direcionado.


Confira alguns termos e definições.

Filete de Segurança
Parte não cortada do tronco que fica entre a linha de abate e o entalhe direcional.

Árvore Normal
Árvores com fuste bem formado (reto), desprovido de sapopemas (catanas), copa bem
formada, sem ou com pouca inclinação de queda natural, favorável ao arraste.

Rebote do Motosserra
O rebote é um movimento brusco da motosserra para trás, fazendo com que a máquina venha
ao encontro do operador, podendo causar acidentes leves, graves e ou até mesmo fatais. O
rebote ocorre quando o ângulo de ataque com o sabre da motosserra forma um ângulo de 90º,
nesse caso somente um dente da corrente ataca na madeira sem poder de corte.
Árvore engatada (viúva e macaco): “macaco” é uma expressão utilizada para indicar quando
uma árvore é derrubada, mas se mantém apoiada ou enganchada em outra árvore de pé,
oferecendo grandes riscos aos trabalhadores da floresta.

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106
Enquanto que, “Viúva” é uma expressão popular dada àqueles galhos verdes ou secos que
ficam dependurados em árvores ou cipós, seja por evento natural ou humano, com eminência
de caírem sobre os trabalhadores ao se desprenderem; levando-os a mortalidade e por
consequência deixando esposas Viúvas.
A localização do corte direcional (boca) no fuste da árvore indica a direção para onde o
operador almeja tombar a árvore.
A definição da direção do corte direcional está associada a fatores como: inclinação do fuste,
proporção da distribuição de galhos da copa, pontos acessíveis no pé do tronco para realizar
o corte, propósito de desviar a árvore objeto do corte de outras árvores remanescentes, local
apropriado para lançar o fuste e copa da árvore a ser derrubada e direcionamento do fuste
para o pátio que facilite a operação de arraste.
O filete de abate ou segurança é ou são aqueles que se formam nos 2/3 restantes do tronco,
excetuando-se o corte direcional e os dois filetes de ruptura ou dobradiça. Numa árvore fina
e cilíndrica, geralmente há somente um filete de abate ou segurança, em árvores cilíndricas
grossas ou em árvores com várias sapopemas pode originar 2 ou mais filetes de abate ou de
segurança.

Dicas de segurança durante o corte:


• Antes de iniciar a derruba de cada árvore, o motosserrista
deve olhar sempre para cima, certificando-se de que não
existem galhos secos ou verdes perigosamente dependurados
na copa, que possam vir a cair sobre ele mesmo ou alguém da
equipe.
• O ajudante só pode localizar ou iniciar o trabalho em outra
árvore selecionada para corte quando o motosserrista finalizar
a operação de derruba.
• Uso da Cunha – Cunha de metal introduzida na fenda que
corresponde ao corte 0° ou na fenda que se abrirá com o corte
de abate. Isto ajuda a direcionar a queda da árvore, em uma
direção diferente da queda natural.

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107
5.4.2 Traçamento das árvores

Após a derrubada da árvore, a equipe realiza uma avaliação dos


possíveis defeitos no fuste e do potencial para o aproveitamento
de galhadas, os quais sofrerão os traçamentos de acordo com
as exigências da indústria e avaliando os defeitos naturais.

A árvore é traçada em toras com comprimentos proporcionais


à capacidade de arraste da máquina (Skidder), e partes inapro-
veitáveis (destopos e galhadas) são cortadas para permanecer
na floresta para decomposição.

De uma maneira mais simples, o traçamento separa o tronco da galhada,


verifica se há aproveitamento dos galhos e secciona o tronco em tamanhos
diferenciados (bitolas), conforme requeridos pelas serrarias e laminadoras.
Em espécies utilizadas em laminação, comumente toda a seção inicial da tora
é removida (destopo).

Importante
Nos casos em que a comunidade ou empresa faz
o aproveitamento de resíduos, esses são poste-
riormente colhidos para a produção de lenha,
carvão ou energia.

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108
O traçamento deverá ser realizado, preferencialmente, por outra equipe de
motosserristas após passados uma semana do corte (segurança operacional da
equipe).
Essa operação pode ser feita no momento da atividade de corte (não
recomendada por questões de segurança operacional) ou após o planejamento
de arraste por uma equipe independente.
Na execução do traçamento, devemos considerar as técnicas adequadas
para cada tipo de situação do tronco com relação ao solo, garantindo um
bom aproveitamento de madeira, segurança da equipe e durabilidade do
equipamento.

Os tipos de traçamento são classificados em três grupos, e as técnicas recomendadas variam de


acordo com a posição do tronco e grau de dificuldade na operação:
i. Troncos ou toras apoiados no solo;

ii. Troncos ou toras apoiados nas duas extremidades;

iii. Troncos suspensos em uma das extremidades.

Saiba mais
Bitola: medida-padrão na construção ou na indústria; forma fixa ou dimensão
convencionada de certos materiais. Na indústria madeireira se refere aos comprimentos
com que as toras devem sair da floresta. Cada comprimento se adequará à produção de
determinado subproduto da tora (tábuas, ripas, lâminas, caibros etc.). Normalmente
são submúltiplos de um determinado comprimento mínimo utilizado na serraria ou na
laminadora.

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109
5.4.3 Equipe

Para o sucesso e maior eficiência na atividade de corte, os operadores de mo-


tosserras devem passar por capacitação e treinamento de derruba direciona-
da, e por procedimentos de saúde e segurança do trabalho, além de estarem
adaptados ao sistema de trabalho com o uso de mapas de corte/arraste ou
GPS.
De acordo com nível técnico, responsabilidade e experiência dos operadores,
a equipe poderá ser constituída por um operador e um ajudante ou dois ope-
radores e um ajudante.

Composição de equipe em Comunidade


Na região amazônica, onde são desenvolvidos projetos de manejo comunitário, a formação de
equipes de corte varia de acordo com:
• Número de associados;
• Distância do projeto;
• Disponibilidade entre os associados;
• Variação do tipo de terreno (terra firme ou várzea);
• Equipe formada por 2 ou por mais de 4 pessoas, sendo atribuídas funções a cada
associado.

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110
É importante destacar que no caso do manejo florestal comunitário a função econômica
da atividade florestal não está relacionada à obtenção de lucro como no caso do manejo
empresarial. Como se trata de uma atividade coletiva, a função econômica está na
distribuição de renda para o maior número de famílias e formação de um capital de giro que
possibilite a próxima colheita florestal, sendo assim, a geração de renda está na inclusão do
maior número de manejadores comunitários nas atividades de produção florestal.

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111
5.4.4 Produção

Figura 50: Equipe de corte A produtividade de uma equipe de motosserristas varia de


(motosserrista e ajudante) acordo com os fatores ambientais e operacionais, dos quais
destacamos:
• Topografia do terreno;
• Qualidade da equipe - formação e prática;
• Apoio logístico (chegada e saída no horário, alimentação
etc.);
• Densidade de árvores selecionadas a explorar;
• Remuneração da equipe (pagamento mensal, pagamento
por produção etc.);
• Qualidade da alimentação;
• Supervisão técnica.

Fonte: Acervo IFT Em empresas privadas, a produção normal de uma equipe


treinada supera os 100 m³ de produção diária.

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112
5.4.5 Material e equipamento

Para conduzir e executar a atividade de corte, é necessário que a equipe tenha disponível os
seguintes materiais e equipamentos.
Material/Equipamento Motosserrista Ajudante

Corote conjugado (gasolina e óleo da corrente) x

GPS x

Sacola para carregar material x

Cave combina e torx x

Sabre e corrente/reserva x

Lima roliça e chata x

Calibrador de corrente x

Facão com bainha para operador/ajudante x x

Martelo pequeno x

Martelo de 2 ou 2/1/2 kg x

Cunha padrão x

Carote conjugado (gasolina e óleo da corrente) x

kit primeiros-socorros x

Apito para ajudante x

Garrafa para água e ou cantil x x

Plancheta com lápis e borracha x

Mapa de corte/arraste x

3m de corda de seda para retirar sabre x

Uma porção de prego x

Trena métrica de 20 ou 30 m x

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113
A quantidade de materiais utilizados na operação de corte e traçamento de
árvores pode sofrer uma variação no tipo e consumo desses materiais. Há
uma tendência normal para maior consumo sobre as correntes, sabres, limas,
combustível e lubrificantes e algumas peças do motosserra. O consumo dos
materiais está diretamente relacionado ao diâmetro e densidade da árvore,
a maior ou menor presença de terra ou cupins nas árvores e a quantidade de
traçamentos necessários.

Saiba mais
A execução do manejo madeireiro somente deverá ser realizada após o estudo
da floresta (atividades pré-exploratórias) e definidas as técnicas de exploração
(planejamento). A execução da exploração deve ser dimensionada e compatível com
o tipo de floresta a ser manejada e após licenciamento pelos órgãos competentes.
Para garantir bom gerenciamento de campo, é necessário que o responsável
entenda e aplique as ferramentas gerenciais (administrativas) e operacionais:

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114
Gerencial: ferramenta importante para o planejamento adequado da atividade, maximizando
o desempenho e evitando acidentes e contratempos, como:
• Gerenciamento da carga horária do trabalho, evitando cargas elevadas (> 8 horas por
dia), que podem ser prejudiciais. Transporte adequado e seguro para a distribuição de
pessoal e apoio à atividade.
• Disponibilidade de equipamentos adequados, EPIs e peças para reposição.
• Alimentação de qualidade.
• Alojamento adequado para a equipe de campo.

Operacional: Ferramenta composta por um conjunto de responsabilidades que a equipe de


campo deve seguir:
• Utilização do mapa de corte e arraste que permita um planejamento operacional
adequado das atividades.
• Controle dos materiais necessários para a execução da atividade de corte.
• Veículo de apoio durante a atividade de corte.
• Plano de ação em caso de acidentes.
• Sinalização da área em processo de corte.

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115
Encerramento do módulo 5

Encerramos aqui mais um módulo do curso. Faça as


atividades deste módulo e depois siga para o módulo 6.
Até lá!

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116
MÓDULO 6
Arraste de toras

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Apresentação

Vimos que é preciso atender alguns critérios para o corte direcional, dentre eles, havia
aquele estritamente ligado ao arraste (derrubar na direção apropriada para favorecer o
arraste de toras).

Exatamente, Dona Margarida. Agora será apresentado o arraste de toras.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
118
6.1. Planejamento de Arraste

6.1.1. Arraste de toras

Confira agora o processo de arraste de toras, atividade que responde por uma importante
parcela dos custos operacionais do manejo. E, para minimizar os efeitos negativos da
operação sobre o rendimento financeiro, é preciso que a atividade de corte, que antecede o
planejamento de arraste e arraste, tenha ocorrido de forma satisfatória.
Figura 51: Mapa de corte/arraste após realização do corte direcional

Fonte: Acervo IFT

Após o corte direcional das árvores, elas são traçadas e arrastadas até pátios de estocagem ao
longo das estradas secundárias, onde serão posteriormente embarcadas em caminhões para
o transporte até a indústria. Os caminhos utilizados pelos maquinários que fazem o arraste
das toras até os pátios, chamados de trilhas de arraste ou ramais de arraste, são planejados
para otimizar a operação.
O planejamento de arraste consiste na definição e na demarcação, através de sinalização
padronizada, do caminho a ser percorrido pelo trator durante a operação de arraste das toras,
entre o local no qual as árvores foram derrubadas até o pátio de estocagem. Neste momento,
são definidos os ramais principais, secundários e até terciários, que são distribuídos na região
de influência do pátio de estocagem.

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119
São considerados ramais principais os caminhos que serão utilizados pelas máquinas de
arraste entre os pátios e a árvore mais distante a ser explorada neste mesmo caminho. Os
ramais secundários e terciários são desvios ou conexões feitas a partir do ramal principal para
o arraste de toras que estejam próximas ao mesmo.
Uma equipe de campo, com o mapa de corte/arraste em mãos, faz o planejamento do arraste,
indicando com fitas de sinalização por onde a máquina deverá passar para buscar a tora.
Com esse planejamento, evitam-se maiores danos e desperdícios à floresta, aumentando a
produtividade e há uma minimização dos custos associados ao funcionamento de máquinas
pesadas, uma vez que o operador da máquina sabe exatamente onde ir para encontrar as
toras, enfrentando o mínimo de obstáculos para isso.
Figura 52: Mapa de corte/arraste com o planejamento de arraste concluído

Fonte: Acervo IFT

Depois do planejamento, é realizado o arraste das toras propriamente dito. Nessa atividade,
são utilizadas técnicas adequadas de arraste da tora que evitam danos ao solo e às árvores
que ficaram remanescente na floresta.

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120
6.1.2. As vantagens do planejamento das
operações de arraste

i. Aumento da produtividade do arraste e diminuição dos custos da operação, em grande


parte pelo fato de que o operador não precisa tomar decisões durante o arraste, apenas
seguir um planejamento estabelecido por uma equipe, que levou em conta a capacidade
do equipamento, os obstáculos naturais e o porte das árvores;
ii. Um bom planejamento é capaz de promover uma diminuição do desgaste do trator
florestal e dos acidentes de trabalho;
iii. Redução dos danos à floresta, em especial às árvores remanescentes e a exposição de
solos; e
iv. Redução dos desperdícios de madeira, uma vez que não há esquecimento de árvores na
floresta.

6.1.3. Critérios e considerações mínimas no


planejamento das operações de arraste de toras

i. Os ramais de arraste devem ser distribuídos em função da menor resistência da floresta


à passagem do trator florestal e em função da direção de queda das árvores. Isto quer
dizer que, durante o planejamento, deve-se evitar que o ramal passe por árvores grossas
e vegetação que dificulte o trânsito da máquina, assim como grotas, árvores de grande
porte e outros obstáculos.
ii. Para facilitar as operações no pátio, principalmente, o empilhamento e o carregamento
das toras, os ramais devem terminar, preferencialmente, no fundo e/ou na frente dos
pátios.
iii. Fatores como a precisão dos dados do inventário 100%, níveis de informações do mapa
de corte e nível de capacitação da equipe influenciam diretamente na qualidade do
planejamento.
iv. O número de ramais principais a serem utilizados durante o arraste dependerá do
tipo de trator florestal a ser utilizado, do solo da floresta, da distribuição das árvores a
serem arrastadas por área de influência do pátio, da densidade da madeira (ex.: o peso
específico da espécie) e do comprimento da árvore.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
121
Recomenda-se, no máximo, 15 viagens para os ramais principais quando da utilização dos
tratores de pneus skidder e 10 viagens por um mesmo ramal principal quando realizado o
arraste com tratores de esteiras.
É importante que equipe técnica do empreendimento faça testes e dimensione um número
adequado de viagens por tipo de máquina nas florestas em que atua, tendo como principal
requisito a exposição e compactação de solo do ramal principal.

A estrutura padrão dos ramais deve assemelhar-se à forma de uma espinha de peixe.

Figura 53: Detalhe da atividade do planejamento e definição dos ramais de arraste

Fonte: Acervo IFT


Figura 54: Ramais principais

Os ramais principais devem ser mais retilíneos


possível, evitando curvas bruscas. O planejamento
deve ser feito de modo que a junção de um ramal
secundário a um ramal principal tenha uma curva
ou angulação suave, que não exceda os 35 graus.

Fonte: Acervo IFT

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122
O caminho que a máquina percorrerá durante a operação deverá ser bem sinalizado. O
operador da máquina não toma decisões durante a operação, ele segue um roteiro pré-
estabelecido indicado pelo uso de fitas de sinalização.

Figura 55: Representação


planejamento de curvas

No planejamento de curvas, as fitas de sinalização devem ficar


próximas umas das outras, a uma altura de 1,80 m, o que facilita
a orientação do operador na execução do arraste.

Fonte: Acervo IFT

Figura 56: Traçamento das árvores

O traçamento de árvores caídas e demais obstáculos


que poderiam atrapalhar a atividade de arraste deve ser
sinalizado em campo e ser representado graficamente
no mapa de corte e arraste.

Fonte: Acervo IFT

Mesmo no caso do uso de tratores de pneus equipados com pinças, o uso do guincho (com
um cabo principal preso para arrastar a tora da clareira até o trator) deve ser considerado em
algumas situações especiais, como obstáculos que dificultem a operação com a garra (pinças)
e situações nas quais a entrada da máquina possa provocar a destruição de um sub-bosque
de remanescentes comerciais.
Os ramais não devem ser planejados para posições nas quais fiquem tangentes a declives,
assim como no mesmo sentido de encostas. Nesses casos o planejamento deverá indicar o
guinchamento das toras, a partir de um local seguro para o posicionamento da máquina.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
123
Figura 57: Risco de tombamento de máquinas em ramais planejados no mesmo sentido de
encostas e declives

Fonte: Acervo IFT

O limite para as tangentes em declive são de 10 a 15º para o Skidder e de até 25º para
o trator de esteiras.

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124
6.1.4. Realizando o planejamento das
operações de arraste de toras

Uma vez definidos os critérios para o planejamento, pode-se iniciar o planejamento dos
ramais de arraste. Esse planejamento é realizado em duas etapas:
i - A primeira ocorre no escritório ou acampamento florestal
É realizada sobre o mapa de corte/arraste. Nesta etapa, os ramais são pré-planejados
de acordo com a distribuição dos pátios e das árvores derrubadas. Também é definida
a convenção de sinais que serão utilizados no campo e representados graficamente no
mapa.
ii - A segunda etapa ocorre no campo.
Nesta fase, o pré-planejamento no mapa de corte/arraste poderá sofrer modificações
em função dos obstáculos que a floresta oferece.
A etapa de campo pode ser realizada da seguinte maneira:
i. O planejamento no campo deve ser iniciado a partir das árvores mais distantes do
pátio até as árvores mais próximas. Isto evitará o esquecimento de árvores e diminuirá
a fadiga da equipe na medida que se aproximarão do pátio no final do dia.
ii. Ao chegar junto à árvore a ser arrastada, a equipe de planejamento deve definir e
sinalizar o local onde o trator deve parar, guinchar, ou prender a tora com a garra.
A definição deste local está em função do sítio e do posicionamento da tora em relação
ao seu toco.
iii. Definido o local de parada do trator, deve-se iniciar a orientação da trilha com uso do
facão e fazer a sinalização do ramal de arraste principal, seguindo em direção ao
pátio.
iv. Um dos membros da equipe, por meio do mapa, localizará as árvores que estiverem
com direcionamento de queda favorável à sua saída pelo ramal principal. Esse
procedimento se repete, também, para a abertura e sinalização de uma trilha secundária
que, ao final, se ligará ao ramal principal.
v. O início de cada ramal deve ser sinalizado com um piquete ou vareta com fitas
padronizadas. A sinalização com fitas deve ser feita ao longo do trajeto em intervalo de
3-5 m de distância entre elas.
vi. Por fim, repassar para o mapa as informações do número de traçamento das árvores
e indicação dos obstáculos ao arraste..

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
125
Observações de Segurança:
1- Sinalização convencionada. Ao representar as convenções utilizadas nos mapas,
deve-se defini-las como serão instaladas no campo. As convenções de sinalização
podem ser: 2 fitas de cores iguais são utilizadas no início ou fim do ramal de arraste; 2
fitas de cores diferentes utilizadas nas bifurcações de ramal principal ou secundário ou
de secundário com terciário.
2- Segurança para o equipamento. Quando da abertura das trilhas com uso de facão, a
altura dos tocos de arvoretas não deve ser menor que 50 cm, pois isso evitará furo nos
pneus da máquina.

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126
6.1.4.1 Materiais e equipamentos
necessários

Fitas plásticas para a sinalização dos ramais, toras e obstáculos, com pelo menos duas cores
distintas, facões, trena métrica, equipamento de proteção individual (EPI) e a primeira versão
do mapa de corte e arraste.
Figura 58: Montagem de fotos de equipamentos

Fonte: Acervo IFT

Quanto à equipe mínima e qualificação, a atividade pode ser realizada por uma dupla, sendo
um coordenador e um ajudante.
É importante destacar que o planejamento requer boa visão periférica, sentido de orientação
na floresta, conhecimento de operação da máquina e bom senso. Um bom planejamento
depende de treinamento e de prática de campo para o aperfeiçoamento da equipe.
• Um coordenador, pode ser um técnico florestal ou uma pessoa treinada que coordene a
equipe e saiba se localizar na floresta com o auxílio do mapa de corte/arraste.
• Um ajudante, trabalhador rural, que auxilie o coordenador na localização das árvores
a serem arrastadas, abra pequenas picadas, sinaliza o ramal de arraste e traçar as
galhadas e toras que possam estar obstruindo os ramais.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
127
6.2. Arraste de toras

Com o planejamento do ramal de arraste realizado, e de posse do mapa definitivo de corte/


arraste, o operador de Skidder saberá a quantidade e a localização exata das toras a serem
arrastadas, evitando assim que alguma árvore será esquecida na floresta.
Na Exploração de Impacto Reduzido (EIR), o arraste prioriza a eficiência da operação com a
redução do desgaste do trator durante o transporte das toras, e tem como base a segurança
do operador, redução dos custos operacionais e dos desperdícios e danos à vegetação
remanescente.
Figura 59: Arraste de toras com Skidder

Foto: Acervo do IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
128
6.2.1. Arraste das toras no manejo
florestal

Conheça agora alguns princípios gerais a serem observados durante a operação:


a. Se o planejamento tiver sido realizado de forma correta, o operador não precisará tomar
decisões durante o arraste. Este profissional, de posse do mapa de corte/arraste, deve
encontrar os ramais de arraste, tanto principal como secundários, sinalizados e livres
de obstáculos.
b. O arraste das toras é sempre realizado iniciando-se nas porções mais distantes dos
ramais até as mais próximas do pátio de estocagem.
c. Durante a abertura dos ramais e o arraste das toras, o operador deve evitar a derrubada
e danificação de árvores de porte menores, diminuindo desta forma os danos da
atividade à floresta.
d. O operador deve manejar a máquina com todo o cuidado possível utilizando integral-
mente sua capacidade, arrastando o máximo de volume sem provocar danos à máqui-
na.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
129
6.2.2. Recomendações metodológicas na
execução da operação de arraste

a. Localizada a sinalização do ramal principal na borda do pátio, o trator, com a lâmina


suspensa entrará na floresta, seguindo as fitas de sinalização que indicam o trajeto do
ramal de arraste principal.
b. O trator tombará todos os obstáculos verticais (arbustos e arvoretas) e moverá os
horizontais (troncos caídos ou rocha perpendicular ao ramal) no ramal principal até
a última sinalização, que indica o fim do ramal principal e a parada da máquina para
o arraste da primeira árvore. Ao chegar nesta árvore, o operador deve prendê-la ao
cabo ou à garra do trator, suspendendo uma das extremidades da tora, e retornar pelo
mesmo caminho até o pátio, onde as toras serão deixadas.
c. No caso do uso de tratores skidder com garra, o operador deve sempre escolher o melhor
posicionamento para agarrar a tora, evitando passar por obstáculos que possam furar
ou danificar os pneus.
d. Arrastada a primeira árvore do ramal principal, preferencialmente a do final do ramal
principal, o operador, orientado pelo mapa e pela sinalização na floresta, seguirá para a
próxima árvore localizada na extremidade do ramal.
e. Durante a sincronia da operação de arraste, caso a equipe de operação de pátio ainda
esteja envolvida com a preparação de uma tora para empilhamento, e nesse momento
chegue o skidder carregado, este deve ter prioridade para descarregamento da tora,
ou seja, a equipe de pátio deve parar a atividade para que skidder prossiga com o
descarregamento.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
130
6.2.3 Equipamentos utilizados

A produtividade de um equipamento depende basicamente da máquina (potência, porte ou


tempo de uso), da gestão (nível de gerenciamento da operação) e do operador (capacitação e
treinamento no uso da máquina e no conhecimento da atividade).
Na Amazônia são utilizados skidder, trator de esteiras e tratores de rodas para o arraste de
toras. O skidder (trator florestal articulado de rodas) é a máquina desenvolvida e preparada
para o arraste, pois possui torre para elevação da extremidade da tora que pode ser alçada via
guinchos ou pinças hidráulicas (grape).
Outra característica é de ser rápido e possuir boa capacidade de carga, entre 5 e 8 toneladas.
Tratores de esteiras ou de rodas, eventualmente são utilizados desde que recebam adaptação
para o arraste de toras. Entretanto, a utilização deles deve acompanhar diferenciação no
número de viagens por ramal para evitar danos ao solo.
Outros materiais são recomendáveis, como um extintor de incêndio, caixa de ferramenta,
guilhotina para cortar cabo de aço, carote para água, cabo de aço com alma de aço, estropos,
castanhas para estropos, luvas para Operador e Ajudante, terçados e marreta de 5kg para
cortar cabo de aço.
Figuras 60, 61 e 62: Tipos de máquinas utilizadas para arraste de toras

Fonte: Acervo do IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
131
6.2.4 Equipe

Para realizar o arraste, são necessárias três pessoas.


• Um operador de máquina, treinado e capacitado para executar a atividade.
• Um ajudante, treinado para auxiliar na operação com o guinchamento.
• Um ajudante, trabalhador rural, que auxilia o coordenador na localização das árvores
a serem arrastadas, abrem pequenas picadas, sinalizam o ramal de arraste e traçar as
galhadas e toras que possam estar obstruindo os ramais.

6.2.5. Formas de arrastes mecanizados

São tipos de arraste que utilizam sistemas e tecnologias baseadas em máquinas pesadas.
Caracteriza-se por altas produtividades e empreendimento em escalas. Na Amazônia,
existem o arraste sem elevação de uma das extremidades das toras por cabeamento ou garra
(convencional), arraste com elevação por cabeamento e guinchamento das toras (trator
agrícola), arraste com tratores equipados com pinça (grape) e operação de pré-arraste e
arraste (Sistema Celos). Vamos agora detalhar um pouco mais alguns deles.
• Arraste com tratores equipados com pinça (grape) é uma opção exclusiva de tratores
skidder ou track skidder equipados com este item. O uso da pinça permite ótimas
condições operacionais e de produtividade. Na maior parte das florestas tem de ser
utilizado em conjunto com o uso do guincho.
• Arraste com elevação por cabeamento e guinchamento das toras é feito pelas mesmas
máquinas do item anterior ou tratores agrícolas adaptados com guincho. O maquinário
se movimenta para dentro da floresta e guincha a tora ao seu encontro; ponto a partir
do qual uma das extremidades da tora é elevada para o transporte até o pátio.

A produtividade do Skidder CAT525) é de 1,34 ha/h, ou aproximadamente 60 árvores/dia, de


forma que uma Unidade de Trabalho (100 ha) pode ser finalizada em um pouco mais de nove
dias de trabalho (oito horas de trabalho diárias).

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
132
Arraste não mecanizado/Operação sem arraste
São tipos de arraste que utilizam sistemas e tecnologias bem diferenciadas, ajustando-
se às peculiaridades da floresta e porte econômico e técnico do empreendimento.
A Amazônia apresenta as seguintes opções: Processamento local, Arraste manual
(calango), Arraste Animal (calango e zorra), Sistema catraca, Sistema tartaruga e
sistema de flutuação das toras (florestas de várzea).

Figura 63: Flutuação das Toras (Florestas de várzea)

Fonte: Acervo IFT

Figura 64: Arraste no Sistema Calango

Fonte: Acervo IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
133
Figura 65: Caminhão catraca

Fonte: Acervo IFT

Figura 66: Sistema tartaruga para arraste na várzea

Fonte: Acervo IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
134
Encerramento do módulo 6

Fechamos aqui mais um módulo. Realize as atividades e


siga para o módulo 7.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
135
MÓDULO 7
Operações de pátio
Apresentação

Vimos até o momento as atividades da fase pré-exploratória e


exploratória do manejo. Agora iremos ver a última atividade da
etapa exploratória, que inclui as operações de pátio.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
137
7.1 Introdução

Operações de pátio são atividades realizadas nos pátios de


estocagem. Elas finalizam a fase de exploração na floresta.
Consistem em fazer os tratos finais nas toras arrastadas, como
a cubagem, o empilhamento e o carregamento nos caminhões,
entre outras.
Cubagem ou Cubicagem é o cálculo do volume do material
lenhoso de uma árvore ou povoamento florestal.
Também incluem as rotinas para assegurar a rastreabilidade
da produção madeireira, incluindo o plaqueteamento e/ou
pintura de números nas toras. A atividade de operação de pátio
é finalizada com o carregamento das toras em caminhões que
as transportarão até a indústria de processamento primário.

Vimos nas aulas anteriores as atividades que compõem a fase de exploração do manejo
florestal. Agora abordaremos especificamente as operações de pátio.
Estas atividades ocorrem concomitantemente à operação de arraste de toras, operação onde
a máquina arrasta a tora da floresta até o pátio de estocagem. Uma vez no pátio, são iniciadas
então as chamadas atividades de operação de pátio. Esse é o momento em que as toras são
remarcadas com nova numeração de identificação, que será utilizada na rastreabilidade da
matéria-prima.
A rastreabilidade da tora garante ao comprador que a madeira foi extraída conforme o
planejamento autorizado pelo órgão licenciador, garantindo assim que a origem do produto
possa ser mapeada desde a exploração, colaborando com a formação da cadeia de custódia.
A cadeia de custódia é o caminho percorrido pelos produtos desde a floresta até o ponto onde
o produto é vendido para transformação ou para o consumidor final.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
138
7.2. Metodologia

Nos pátios de estocagem, a indústria madeireira costuma trabalhar em dois formatos de


operações de pátio. O primeiro se baseia na cubagem e estocagem das toras no pátio da
floresta por alguns dias ou até meses, e o segundo baseia-se na cubagem e transporte imediato
das toras para a indústria à medida que as toras vão sendo arrastadas para o pátio da floresta.
Este segundo método é chamado de “Transporte ou Sistema Quente”.
A escolha por esse método pode estar atrelada a situações de pátios que possuem dimensões
reduzidas (ver planejamento dos pátios) ou pela urgência em abastecer a indústria com
toras. Nesses casos, a empresa opta pelo carregamento das toras no momento do arraste.
Com isso as duas máquinas (skidder e a carregadeira) trabalham sempre juntas e o operador
da carregadeira deve dar sempre preferência à operação do Skidder, com objetivo de não
atrapalhar a produção do arraste.
À medida que o Skidder deixa as toras no pátio, o operador da carregadeira deve empilhá-
las nas laterais dos pátios para facilitar o trânsito das máquinas dentro do pátio. Caso esteja
ocorrendo o transporte quente, logo após a cubagem da tora, esta é imediatamente embarcada
nos caminhões. Em ambas as operações, o operador da carregadeira deve trabalhar com
todo o cuidado e atenção para evitar acidentes envolvendo pessoas que estão trabalhando
nas atividades de cubagem, traçamento das toras nas bitolas exigidas pela empresa e outras
atividades auxiliares.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
139
7.3. Classificação e Traçamento das toras
no pátio

Normalmente são feitos três traçamentos dos fustes comerciais.


• O primeiro é realizado na floresta, no qual os fustes são traçados no diâmetro mínimo
comercial ou no comprimento de máximo aproveitamento. Nesta etapa, normalmente
são eliminadas porções dos fustes com defeitos e é feito o destopo da galhada e, ou, o
corte da lenha da copa.
• O segundo traçamento é feito no pátio de estocagem na floresta, no qual os fustes são
classificados, empilhados e preparados para embarque e transporte para venda ou
para a indústria processadora da madeira.
• O terceiro, quando necessário, é feito na unidade de processamento da madeira (Souza
& Soares, 2013).

Figura 67: Traçamento no pátio de estocagem da floresta

Foto: Acervo do IFT

Vamos entender melhor agora os riscos e os cuidados necessários na atividade de traçamento.


O supervisor da atividade ou gerenciador do manejo florestal deve instruir a equipe de corte
sobre os riscos durante o traçamento.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
140
Algumas das orientações são:
• Evitar andar por cima da tora com a motosserra funcionando, mesmo que o freio da
corrente esteja acionado;
• Avaliar a área na qual será feito o traçamento para identificar galhadas penduradas e
árvores que estão quebrando lentamente;
• Retirar o excesso de galhadas, cipós e arvoretas do local do traçamento;
• Analisar a situação da tora a ser traçada para verificar se existem rachaduras ou outros
defeitos naturais.

Classificaremos os tipos de traçamento em três grupos, uma vez que as técnicas recomendadas
variam de acordo com a posição do tronco e grau de dificuldade na operação:
(i) troncos ou toras apoiadas no solo;
(ii) troncos ou toras apoiadas nas duas extremidades; e
(iii) troncos suspensos em uma das extremidades.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
141
7.4. Medição de toras

Veremos agora o processo de medição das toras.


Figura 68: Medição das toras

Fonte: Acervo IFT

7.4.1. Romaneio

No manejo florestal, romaneio é o nome dado ao procedimento de numerar, cubar e anotar


em fichas ou formulários próprios, as características qualitativas (espécie, fuste, presença de
ocos etc.) e quantitativas (comprimento, diâmetro, número do inventário de origem, volume)
de cada tora proveniente da área sob manejo.
Ao romanear as toras, você possibilita a identificação da origem de cada tora, atendendo as
exigências legais (rastreabilidade), como também facilita conhecer a produtividade e custos
do sistema de exploração.
O quantitativo de volume pode ser obtido por diferentes funções matemáticas, mas, em geral,
adota-se aquelas definidas pelos órgãos de licenciamento.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
142
Veja um exemplo de ficha de romaneio de toras
Figura 69: Exemplo de ficha de romaneio de toras

Foto: Acervo do IFT

O Documento de Origem Florestal (DOF) é a licença obrigatória para o transporte e armaze-


namento de produtos florestais de origem nativa e contém informações sobre a procedência
dos produtos.

O SISFLORA (Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais), integrado ao CEPROF


(Sistema de Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais), é um sistema desenvolvido pela
empresa TECNOMAPAS Ltda, que tem como objetivo auxiliar e controlar a comercialização e o
transporte de produtos florestais no Estado.
https://www.semas.pa.gov.br/servicos/sisflora/. Acesso em 14/01/2020
O SISFLORA é uma solução que oferece aos Órgãos Ambientais as ferramentas necessárias para assumir
a gestão florestal controlando toda a sua cadeia produtiva desde a solicitação de corte ou manejo até
o consumo do produto florestal, fazendo todo o controle de exploração, transporte, transformação e
consumo.
https://pt.slideshare.net/tecnomapas/sisflora-sistema-de-comercializao-e-transporte-de-produtos-
florestais. Acesso em: 14/01/2020
- Estados que adotam o SISFLORA (Guia florestal-GF) (TRANSPORTE) – MA, MT, PA e RO

FICHA DE CONTROLE DE OPERAÇÕES FLORESTAIS


UNIDADE: IFT EQUIPE DE DERRUBA EQUIPE DE TRAÇAMENTO EQUIPE PLANEJAMENTO DE ARRASTE EQUIPE DE ARRASTE
UPA: 02 (2005) 3 5 2 1
UT: 10
MAPA DE CORTE/ARRASTE: 6
DERRUBA Traçamento NÃO CONFORMIDADE

Número Plaqueta COC Número Plaqueta COC Número Plaqueta COC APP RF AC
Nº ÁRV. NOME VULGAR ÔCO, FINO, NÚMERO DE
SIM NÃO Diâm. Diâm. Diâm. Diâm. Diâm. Diâm.
(Inventário) (inventário) F3, OUTROS TORAS Diâm.1 Diâm.2 Comprimento Diâm.1 Diâm.2 Comprimento Diâm.1 Diâm.2 Comprimento
Oco 1 Oco 2 Oco 1 Oco 2 Oco 1 Oco 2 Volume
AO2778 A02024
1191 Macaranduba X 2
62,50 58,00 15,00 10,00 13,90 58,00 56,00 10,00 8,00 6,60

1194 Macaranduba X ÔCO


AO2723 A02009 A02019
1197 Macaranduba X 3
88,00 82,20 8,90 82,20 78,40 6,00 78,40 70,00 6,00

1207 Timborana X FINO


A02750 A02752
1218 Macaranduba X 2
56,00 50,00 13,00 50,00 47,80 12,00
A30116 A30117 A30118
1309 Guajara bolacha X 3
96,00 84,50 22,00 17,00 12,40 84,50 79,00 17,00 13,40 11,00 79,00 71,00 13,40 9,00 6,00

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
143
7.5 Cubagem de toras

A determinação do volume da tora (cubagem) não é fácil porque a tora é irregular nas seções
transversais e no perfil. A determinação do volume é feita por meio de medições que envolvem
o diâmetro e o comprimento da tora, e assumindo alguns pressupostos sobre a forma. O único
processo preciso de medir o volume da tora é por deslocamento de água (STERNADT, 2001),
mas isso seria muito dispendioso de fazer na floresta e, portanto, é realizado por meio de
equações matemáticas.
Confira o exemplo da equação matemática.
Ln V = -8,3315 + 2,3004Ln(d)
Em que,
V é o volume comercial da árvore;
d é o diâmetro mensurado à altura do peito.

Equação para toras


Para a obtenção dos volumes das árvores individuais, com e sem a casca, a metodologia a ser
utilizada, baseia-se no procedimento de Smalian:

V= Si=1n (A+a)L,

Onde:
V= volume do tronco;
A= área transversal da seção de maior diâmetro;
a= área transversal de menor diâmetro;
L= comprimento da seção;
n= número de seções.

A= p.d2/4,
Onde: p= 3,1416; e d= diâmetro da seção.

Uma vez coletadas as informações de comprimento e diâmetro da tora, faz-se o registro das
informações em ficha de romaneio, é realização a pintura ou marcação as informações de
comprimento e diâmetro e inserida a plaqueta de rastreabilidade em uma das extremidades
da tora.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
144
7.5.1. Comprimento da tora

Confira agora as recomendações para medir o comprimento da tora:


• Deve-se sempre utilizar uma trena métrica e esticar a trena de ponta a ponta para medir
com maior precisão;
• Observar se as pontas ou as extremidades da tora apresentam rachaduras, e qual a
possibilidade de aproveitamento na indústria;
• Em toras que apresentam oco, deve ser medida a extensão do oco para efeito de
cubagem do volume de oco, e posterior desconto no volume total da tora.

7.5.2. Diâmetros da tora

Para uma medição com maior precisão, o romaneador deverá considerar os seguintes passos:
• Medir o diâmetro das duas extremidades da tora com a trena ou suta em formato de
cruz; coleta do diâmetro maior e menor em ângulo de 90 graus (medidas centralizadas);
• Para toras ocas, proceder a medição dos diâmetros do oco em ambas ou em somente
uma das extremidades em que ele apareça. Havendo somente uma extremidade ocada,
o valor obtido será o valor de referência para calcular o volume do oco.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
145
7.6. Empilhamento

É importante que as toras fiquem bem ordenadas nas pilhas para maximizar o espaço do pátio,
ou seja, permitir que as máquinas (Skidder e Carregadeira) continuem se movimentando no
interior do pátio. É fundamental distribuir as toras em razão do tamanho delas e dar preferência
para colocar as toras mais compridas e pesadas na base da pilha. O formato (trapezoidal) e a
altura de cada pilha deve obedecer às questões de segurança, e principalmente a capacidade
de levante da carregadeira, que em geral limita-se a 4 metros de altura e até 4 toneladas.
As toras longas devem ser colocadas em uma pilha e toras curtas em outra pilha. Essa divisão
facilitará a composição de cargas nos caminhões, uma vez que as toras longas podem formar
as primeiras camadas da carga e as menores a complementarão, colocando-as na carroceria
do caminhão sobre as toras longas.
Figura 70: Empilhamento de toras no pátio de estocagem

Foto: Acervo do IFT

Você sabia que fueiros são os caminhões que transportam toras de madeira que precisarão
se adaptar à nova legislação, que exige uma amarração padrão da carga no caminhão? |Mas
também será necessária a instalação de mecanismos de proteção que impeçam que o material
deslize na carroceria. As mudanças fazem parte da Resolução 196 do Conselho Nacional de
Trânsito (Contran), em vigor desde janeiro de 2007.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
146
Pela resolução, o transporte das toras de madeira deverá ser feito com o material devidamente
arrumado e amarrado por cabos de aço ou cintas de poliéster sobre a carroceria do veículo.
Não é permitido que a carga exceda a altura dos painéis (dianteiro e traseiro) do caminhão,
nem das estacas (fueiros) e das guardas laterais da carroceria. Dependendo da espessura das
toras, o caminhão deverá ser equipado com telas metálicas.
A madeira bruta com comprimento até 2,50 metros (dois metros e meio) pode ser transportada
no sentido longitudinal ou transversal. As que possuem medidas superiores a esse comprimento
devem ser transportadas no sentido longitudinal.

RESOLUÇÃO CONTRAN Nº 196 DE 25 DE JULHO DE 2006


Art. 3º, § 2º Para o transporte longitudinal de toras nativas, com disposição
piramidal (triangular):
I - painel dianteiro com largura igual à da carroçaria do veículo;
II - fueiros (escoras) laterais, perpendiculares ao plano do assoalho da carroçaria do veículo,
com altura mínima de 50cm (cinquenta centímetros) reforçados por salva-vidas, sendo
necessário, no mínimo, 2 (dois) conjuntos de fueiros/salva-vidas por tora inferior externa, de
cada lado da carroçaria.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
147
7.7. Armazenamento de Toras

O armazenamento inadequado das toras resulta em dois tipos de perda do volume de toras,
que são os danos causados por insetos e a rachadura da tora.
Veja alguns exemplos de espécies susceptíveis ao ataque de insetos (Ex. besouros).
Michoropholis melinoniana (Currupixá) e a Astronium lecointei (Muiracatiara).
Essas espécies valiosas e são geralmente serradas para o mercado de exportação.
Figuras 71: Toras provenientes de manejo

Foto: Acervo do IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
148
7.8. Carregamento e Transporte das toras
dos pátios

Existem vários métodos e equipamentos de carregamento dos caminhões nos pátios de


estocagem, devendo-se utilizar sempre os mais adequados ao tamanho do pátio, à categoria
de estradas, ao tamanho dos caminhões e ao porte das toras. A eficiência influencia a
produtividade e, consequentemente, os custos da operação de transporte, uma das mais
caras do manejo.
Para o embarque de toras, os dois sistemas mais comuns são: carregamento com uso de
carregadeira com garfo frontal e guincho “autocarga” instalados na lateral da carroceria dos
caminhões (catracas hidráulicas). Após carregamento, a liberação do transporte só dever
acontecer com o documento de romaneio (numeração, cubagem e registros das cargas de
toras para rastreabilidade da madeira) para que a carga siga com algum documento de origem
florestal.
Figuras 72, 73 e 74: Pátio Central – atividades de carregamento de toras nos caminhões

Fotos: acervo do IFT

Fotos: acervo do IFT

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
149
Saiba mais
A catraca hidráulica consiste em dois guinchos acionados por motores
hidráulicos independentes. As catracas são montadas em uma das laterais
da carroceria do caminhão ou do reboque, e permitem carregamento e
descarregamento por ambos os lados do caminhão. Ainda utilizam vigas
(acessórios) com as extremidades assentadas na carroceria e no solo, para
facilitar a subida das toras, servindo como rampas de elevação das toras
enquanto são tracionadas pelas catracas.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
150
7.9. Descarregamento

O descarregamento deve ser feito, preferencialmente, com uma carregadeira frontal ou


qualquer outro equipamento com pinça. O importante é retirar as toras da carroceria e
posicioná-las em pilhas sem deixá-las cair e sem excesso de movimentações que gerem
impacto sobre elas ocasionando rachaduras.
No pátio das serrarias e laminadoras, os traçamentos dos troncos são marcados segundo a
sanidade e as bitolas (medidas) exigidas pelo mercado. Depois de avaliações adicionais, as
toras são empilhadas conforme a espécie e a qualidade das toras.

Fique atento!
Não se deve extrapolar a altura da carga dos caminhões, ou seja, as toras não devem extrapolar
a altura dos fueiros.

7.10. Equipe

Apresentaremos agora a equipe de operação de pátio, que é formada, em geral, por 4 a 5


pessoas. Veja o papel e as atividades de cada um deles.
Coordenador Conduz a cubagem e o romaneio.

Operador da carregadeira Empilha as toras.

Motosserrista de pátio Realiza o retraçamento e a eliminação de pequenos defeitos nas toras.

Auxilia o coordenador nas tarefas de medição, pintura de toras e


Ajudantes
colocação de plaquetas da cadeia de custódia.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
151
7.11. Materiais e Equipamentos

Os equipamentos necessários incluem:

Uma carregadeira de rodas com garfo frontal para o empilhamento


de toras;

Acessórios regulamentados para a máquina (extintores, placas de


advertência, cinto de segurança, caixa de ferramentas etc.);

EPIs para o operador e os demais trabalhadores;

Um motosserra com EPIs presentes e ferramentas auxiliares;

Facão, garrafa d’água, trena métrica, suta, prancheta, lápis com


borracha, fichas de romaneio, tinta, plaquetas de Cadeia de Cus-
tódia etc.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
152
Encerramento do módulo 7

Parabéns por concluir os estudos deste módulo.


Realize as atividades propostas e depois siga para
o próximo módulo, que abordará as atividades pós-
exploratórias. Até lá!

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MÓDULO 8
Atividades pós-exploratórias e
silvicultura pós-colheita
Vimos, nos módulos anteriores, em que consistem as diversas
atividades das etapas pré-exploratória e exploratória. Foi possível
compreender que, ao adotar boas práticas de manejo, a exploração
de madeira pode ser sustentável e contínua ao longo dos anos.

É isto mesmo, Sônia. Para tanto, é preciso adotar um alto nível de planejamento na etapa
pré-exploratória e selecionar melhores técnicas e práticas durante a execução da etapa
exploratória. Dentre as práticas existentes, há também aquelas que compreendem
atividades da etapa pós-exploratória, realizadas dentro de empreendimentos florestais
manejados, que visam a conservação florestal, um povoamento remanescente mais
valioso e a manutenção da floresta para futuros ciclos de produção.

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155
Veremos agora que a etapa pós-exploratória do manejo florestal consiste em ações silvicul-
turais, com os tratamentos silviculturais, permanência de árvores sementeiras, avaliação de
danos, avaliação de desperdício, inventário contínuo nas parcelas permanentes, Exploração
Seletiva Planejada (EIR); e ações preventivas da estrutura do manejo implantado, que con-
siste na proteção florestal e manutenção de infraestruturas.
As atividades silviculturais pós-colheita de madeira em florestas nativas são fundamentais
para que a floresta seja manejada. Tratamentos silviculturais compreendem principalmente os
tratamentos de limpeza, corte de cipós, refinamentos, liberação e plantios de enriquecimento
(Souza; Jardim 1993; Gomes et al, 2010). Visam não somente aumentar a composição
de espécies comerciais, a produtividade, a qualidade e o valor econômico da floresta
remanescente, bem como mitigar os efeitos ambientais adversos e potencializar benefícios
promovido pelo manejo sustentável da floresta.

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8.1. Tratamentos silviculturais

Tratamento silviculturais são ações operacionais de intervenção na floresta de forma a


enriquecê-la ou acelerar o incremento das espécies comerciais de interesse.
Dentre algumas atividades de tratamento silvicultural pós-exploratório podemos destacar:
• corte de cipós pós-exploratório;
• remedições do inventário contínuo de parcelas de monitoramento;
• plantio em clareiras de copa;
• plantios em áreas de cipó;
• plantios em linha etc;
• desbaste e liberação de copa: desbaste sistemático (cego);
• desbaste e liberação de copa: desbaste seletivo (Método Wadsworth);
• condução de regeneração; e
• exploração seletiva planejada - EIR.

O crescimento das árvores de valor comercial depende do nível de competição por nutrientes,
água e luz com as árvores vizinhas sem valor comercial. Assim, os tratamentos silviculturais são
aplicados para reduzir ou eliminar essa competição, favorecendo o crescimento das árvores
reservadas para as futuras colheitas. Estes tratos aumentam significativamente o crescimento
das árvores em uma floresta tropical, podendo duplicar o crescimento em relação a floresta
explorada e não tratada (Silva, 2001).
Aplicar tratamentos silviculturais aumenta as garantias de retorno do homem à floresta em
condições de produção madeireira e de equilíbrio biológico, além de permitir avaliar a maior
ou menor eficiência do manejo que está sendo conduzido numa determinada área.

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157
8.2. Parcelas Permanentes e Remedição
do Inventário Contínuo

As parcelas permanentes são pequenas áreas delimitadas de forma aleatória e piqueteadas


dentro da floresta, geralmente com tamanho de 1 hectare e formato de 20m x 500m. São
instaladas na etapa pré-exploratória do manejo, momento no qual também é realizado o
primeiro inventário contínuo dentro da parcela.
Conforme as diretrizes para instalação e medição de parcelas permanentes em florestas
naturais da Amazônia brasileira (Silva, 2005), as parcelas permanentes são instaladas antes
da exploração, ou seja, antes de qualquer intervenção. A 2ª medição ocorre até um ano depois
da exploração, a 3ª medição aos 2 anos após a segunda e as demais medições em intervalos de
até 5 anos ao longo do ciclo de corte. Podem ser instaladas parcelas permanentes menores,
mas que, somando suas áreas, sejam iguais a 1 hectare (SILVA, 2005).
O inventário contínuo é um sistema de inventário florestal por meio do qual parcelas perma-
nentes são instaladas e periodicamente medidas ao longo do ciclo de corte, para produzir
informações sobre o crescimento e a produção da floresta (CONAMA nº 406/2009). A partir de
uma série de medições ao longo do ciclo, é possível obter dados de incremento, mortalidade
e o de recrutamento de novos indivíduos da floresta sob manejo.

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8.3. Condução de regeneração natural

Certamente você já sabe que a regeneração natural se refere a um estímulo dado ao


crescimento das mudas e arvoretas de valor comercial nas clareiras de árvores. Mas como isso
tudo acontece? É o que apresentaremos agora!
Este procedimento é realizado com a capina (roço) de toda vegetação competidora,
favorecendo os indivíduos de interesse (favorecidos). A limpeza acontece apenas na área
correspondente ao perímetro da clareira, favorecendo plântulas, varas e arvoretas de interesse
comercial.
O tratamento pode ser iniciado logo após a exploração ou até um ano depois da intervenção
na floresta. Essa variação no tempo decorre da heterogeneidade do ambiente florestal, da
intensidade da exploração madeireira, do tipo de floresta (densa de terra firme, aberta, várzea
etc.) e da classe de solo (latossolo amarelo, terra roxa etc.).

Confira agora os procedimentos para esse tipo de tratamento.


• Localizar as clareiras na floresta a partir do mapa de exploração;
• Selecionar as espécies de valor comercial e potencialmente comercial a serem
favorecidas;
• Limpar (roçar) com uma foice ou facão a vegetação existente ao redor das plantas
selecionadas; e
• Realizar manutenção do tratamento conforme a competitividade dos indivíduos não
favorecidos com aqueles escolhidos.

Nesse tipo de tratamento pode ser utilizado qualquer tamanho de clareira, mas por questões
práticas, dá-se preferência pelas pequenas clareiras, deixando as maiores para outros tipos
de tratamentos silviculturais, a exemplo dos plantios em clareiras. Recomenda-se escolher
clareiras próximas às infraestruturas existentes, tais como, estradas e ramais.

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Figura 75: Tratamento silvicultural - condução de regeneração natural

Foto: Acervo do IFT

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8.4. Corte de cipós pós-exploratório

Outro tipo de tratamento que traz bons resultados é o corte de cipó seletivo das espécies
comerciais de futuro corte (DAP > 40cm). Esse tipo de tratamento é recomendado caso a
floresta manejada apresente grande incidência destes vegetais, e tem como objetivo principal
favorecer o desenvolvimento das árvores, bem como liberá-las do entrelaçamento com
as copas de outras árvores, tendo em vista o corte futuro desses indivíduos favorecidos e a
segurança operacional das equipes de exploração.
Assim, após a identificação dos indivíduos favorecidos, todos os cipós presos às árvores devem
ser cortados, isso vale tanto para cipós que estão presos na árvore demarcada como também
os cipós presos em outras árvores vizinhas. Este tratamento poderá ser aplicado durante a
etapa pré-exploratória e logo após a fase exploratória, e acompanhado ao longo do ciclo de
corte do plano de manejo florestal.
O corte dos cipós deve ser realizado a uma altura de aproximadamente 1 metro acima do solo,
feito em duas seções do cipó, evitando, assim, o contato direto de sua parte superior com o
solo para que não ocorra seu enraizamento.

Foto: Acervo do IFT

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161
8.5. Plantios em Linha

No plantio em linha são plantadas espécies arbóreas de valor comercial em linhas abertas
no sub-bosque da floresta com o intuito de enriquecê-la. Neste tipo de tratamento deve-se
considerar que a falta de iluminação direta (sombreamento demasiado) e a incidência de
cipós tornam o tratamento menos recomendado.
O método é simples e consiste na abertura de linhas retas ou sinuosas no interior do sub-
bosque com 1 a 2 metros de largura, e quando possível no sentido leste-oeste, para aumentar a
possibilidade de incidência solar sobre as mudas plantadas. No início do tratamento e durante
alguns anos é preciso fazer a limpeza nos plantios para liberar as plantas da competição com
os cipós.

8.6. Plantios de enriquecimento em


clareiras de copa

Plantios em clareiras de copas são largamente utilizados em áreas de manejo por apresentarem
características favoráveis à implantação desses plantios. Em geral, são clareiras com abertura
de dossel suficiente para comportar várias plantas (acima de 200m2), possuem alta incidência
de luminosidade e, em geral, estão próximas às estradas e aos pátios.
A preparação das clareiras para os plantios consiste apenas no rebaixamento das copas,
realizada com o auxílio de motosserras e abertura de covas ou lanço de sementes em meios
aos resíduos da exploração (nesse sistema não há limpeza da clareira). A manutenção dos
plantios (limpezas) é feita pelo menos duas vezes por ano até o terceiro ano e depois uma
limpeza anual, até o quinto ano, quando deixará de ser realizada.
Em um determinado período do ciclo será feito desbaste para diminuir a competição entre
indivíduos. Depois, apenas eliminação dos cipós que estejam entrelaçados nas plantas. A
aplicação de adubação química deve ser avaliada pelo manejador, tendo os custos adicionais
como balizador.

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Confira quais são os procedimentos para desse tipo de tratamento.
• Instalar um viveiro temporário ou permanente para produção de mudas de diferentes
espécies;
• Seleção da clareira em função do tamanho e próximo das vias de acesso;
• Combinação das espécies de rápido, médio e lento crescimento (ex.: mogno, ipê e
paricá);
• Posição das mudas nas clareiras (centro da clareira), excluindo apenas cerca de 5 metros
das bordas, para que as mudas se beneficiem da maior quantidade de luz possível nos
primeiros anos de instalação;
• Mapeamento (plotagem e identificação dos tratamentos);
• Plantar três a quatro mudas para cada árvore adulta extraída;
• Fazer o plantio no início da estação chuvosa;
• Plantar as espécies que ocorrem na própria floresta, pois estas já estão adaptadas ao
ambiente;
• Em uma mesma clareira, plantar apenas indivíduos da mesma espécie ou de espécies
com taxa de crescimento similar. Assim, as árvores crescerão atingindo o tamanho
explorável na mesma época;
• Manter a diversidade plantando espécies diferentes nas clareiras (uma espécie por
clareira);
• Manutenção (limpeza) até o quarto ano;
• Mensurações iniciais até o quarto ano, e depois a cada cinco anos.

Figura 76: Enriquecimento de clareiras

Foto: Acervo do IFT

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8.7. Plantios de enriquecimento em áreas
de cipó

O plantio de enriquecimento com espécie de valor comercial em áreas de cipó é recomendado


para manchas de floresta juvenil (dominadas por árvores com DAP entre 5 e 15 cm), onde a
densidade e o porte das árvores de espécies de valor comercial são baixos, e que principalmente
apresentam-se com alto índice de cipós e lianas (acima de 30%). Outrossim, só se obtiver o
licenciamento para supressão da vegetação infestada pelos cipós.
Uma instituição especializada em manejo tem testado a metodologia de plantios nesses
locais, e consiste em derrubar a vegetação existente na área escolhida (em geral, inferior a
1 hectare) com um trator de esteira. O procedimento é o mesmo adotado para a abertura de
pátios, entretanto, não há a raspagem do solo. Nesta metodologia o trator entra na área com a
lâmina suspensa quebrando toda a vegetação e finaliza com o maceramento ou rebaixamento
do resíduo florestal.
Apresentamos agora os passos para a implantação de um plantio em área de cipó, que
consistem em:
• Instalar um viveiro temporário ou permanente para produção de mudas de diferentes
espécies;
• Seleção da área de cipó em função do tamanho da área, densidade de espécies de valor
comercial e porte dos indivíduos na região onde será implantado o plantio;
• Preparação manual ou mecanizada da área;
• Definir espaçamento (sugestão: 3 metros entre plantas e linha);
• Metodologia de plantio (cuidados necessários) abertura de cova e plantio;
• Combinação das espécies (ex.: mogno, ipê e paricá);
• Fazer o plantio no início da estação chuvosa;
• Mapeamento (plotagem e identificação dos tratamentos);
• Plantar as espécies que ocorrem na própria floresta, pois estas já estão adaptadas ao
ambiente.
• Manter a diversidade plantando espécies diferentes em cada área (no mínimo 3 espécies
diferentes);
• Manutenção (limpeza) até o terceiro ano;
• Mensurações iniciais até o quarto ano, e depois a cada cinco anos.

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São realizadas medições anuais nos plantios até o quarto ano para determinar o momento
de realizar os desbastes e diminuir a competição. Ao contrário do plantio em clareira de copa,
nos plantios de enriquecimento em áreas de cipós, estes eventualmente recebem adubação,
principalmente para aquelas espécies de alto valor comercial, como o Mogno, por exemplo.
Figura 77: Áreas de enriquecimento de clareiras

Foto: Acervo do IFT

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8.8. Desbaste de Refinamento

8.8.1. Sistemático (cego)

O tratamento sistemático é realizado em algumas árvores dos plantios de clareiras de copa,


plantios de áreas de cipó e na condução da regeneração natural, por meio de anelamento
das árvores. A metodologia varia de acordo com a espécie sujeita ao trato, e também da
característica da vegetação local. Este trato silvicultural é realizado a partir da análise dos
indicadores de crescimento em volume da floresta, o IMA (incremento médio anual) e ICA
(incremento corrente anual), e tem praticamente os mesmos objetivos do corte de cipó. O ICA
mede o quanto a floresta cresceu em volume no último ano e o IMA mede o crescimento médio
da floresta até aquela idade. 
Figura 78: Desbaste sistemático

Figura: Acervo do IFT

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O anelamento ou a anelagem é conhecida como um método silvicultural mais tradicional
de eliminar árvores sem derruba (CARVALHO, 1981), tornando-se a técnica mais usada na
eliminação de indivíduos indesejáveis (RIBEIRO et al., (2002). Consiste em retirar a casca e
entrecasca da árvore em redor do fuste, provocando uma descontinuidade nos elementos
vasculares e interrompendo o transporte de metabólitos (Jardim, 1995), provocando, após
algum tempo, a morte do indivíduo (AMARAL et al., 1998; RIBEIRO et al., 2002).
O mecanismo de anelar pode ser realizado com o auxílio de machadinha ou facão. A anelagem
pode ser um anel completo em volta do tronco ou apenas entalhes associados à aplicação de
arboricida.

Em geral, a execução do desbaste ocorre por meio de anelamento. Mas, nas fases iniciais,
pode ser realizado por meio do corte dos indivíduos que apresentem os seguintes quesitos
necessários:
• Eliminar árvores não desejáveis, sem valor comercial, com qualidade de fuste e copa
inferior;
• Eliminar árvores que ocorram com maior abundância e frequência na área, e que estejam
inibindo ou retardando o desenvolvimento de árvores desejáveis, tanto comerciais
como as de importância para manutenção do equilíbrio da flora e fauna da região;
• Diminuir a competição por nutrientes e aumentar a penetração de luz na floresta,
facilitando o desenvolvimento das desejáveis; e
• Diminuir a dispersão de sementes das espécies não desejáveis e, consequentemente,
sua regeneração natural na área.
Para executar a anelagem, é preciso retirar um anel completo da casca da árvore, que
de acordo com a espécie poderá variar em largura e espessura. Em função das espécies
ocorrentes na área e devido à necessidade deste trato silvicultural, poderá ser utilizado até
três modalidades de anelamento: anelagem simples, anelagem com entalhes e anelagem
profunda. Para manter o crescimento mais elevado ao longo do tempo é necessário repetir os
tratamentos assim que aumente a competição entre as plantas.

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8.8.2. Desbaste Seletivo (Método
Wadsworth)

O desbaste seletivo e liberação de copa é uma metodologia baseada no anelamento de árvores


competidoras visando reduzir a área basal da floresta, e desta forma favorecer as espécies de
interesse econômico.
O método consiste em definir o tamanho do raio para eliminar as árvores competidoras das
favorecidas, e compreende as seguintes seleções:
• Competidoras suprimidas: seleção das árvores competidoras (raio de 2 metros);
• Competidoras dominantes: seleção das árvores competidoras com sobreposição de
copa;
• Competidoras co-dominantes: seleção e marcação das árvores competidoras pela
relação soma de diâmetro e distância mínima aceitável da favorecida.

Metodologia: Seleção em duas etapas, escritório e campo, e adoção dos critérios de seleção.
As etapas exigem atividades no escritório e no campo.
• No escritório: consultar a lista do inventario 100% e fazer seleção por árvores
remanescentes em função da espécie, DAP e qualidade de fuste.
• No campo: confirmar a seleção da favorecida realizada no escritório e selecionar as
competidoras.
Figura 79: Desbaste seletivo

Figura: Acervo do IFT

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Com a lista final de confirmação da vistoria de campo, deve-se aplicar os critérios de seleção.

Saiba mais
Vamos ver uma demonstração que representa a seleção de árvore compe-
tidora para anelamento tendo a soma de diâmetro como parâmetro. Este
quadro permite determinar a distância mínima entre as árvores Favorecidas
e as árvores Competidoras, para evitar que a árvore competidora não seja
anelada.
Soma de DAP (cm) Distância Mínima (m)

20 -39 3

40 – 59 5

60 – 79 7

80 – 99 8

> 100 9

Você sabe como fazer o anelamento de árvores?


O anelamento é o método mais utilizado para eliminar lentamente as árvores sem valor
comercial. Essa técnica é mais vantajosa do que o corte, uma vez que a árvore morre
lentamente, reduzindo de maneira significativa os danos típicos da queda de uma árvore na
floresta. Existem dois tipos de anelamento: anelamento simples e anelamento combinado.
No anelamento simples, usando um machadinho, retira-se uma faixa de 10 cm de largura da
casca do tronco (na altura do DAP da árvore). Para garantir a eliminação, faz-se um pequeno
corte na base do tronco anelado.
No anelamento combinado usa-se o mesmo procedimento do anelamento simples, porém
adiciona-se “óleo queimado” combinado ou não com herbicida (quando autorizado pela
autoridade competente).
A anelagem deve ser feita, preferencialmente, na estação seca, pois nesse período as árvores
estão menos vigorosas por causa da escassez de água, o que as torna mais vulneráveis ao
anelamento.
Embora haja vantagens em se aplicar o anelamento para promover o crescimento de
árvores de valor comercial, é preciso destacar possíveis impactos negativos dessa prática. O
anelamento pode reduzir a diversidade de espécies arbóreas na área manejada. Além disso,
a fauna pode ser prejudicada, uma vez que algumas dessas espécies aneladas servem como
abrigo e fonte de alimento. Finalmente, algumas espécies classificadas como sem valor
comercial no presente podem vir a ter valor no futuro. Nesse caso, a eliminação significaria
uma perda econômica.

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169
8.9. Exploração Seletiva Planejada (EIR)

A Exploração Seletiva Planejada com EIR, por si só, caracteriza um tratamento silvicultural,
pois os resultados da exploração com a abertura de diversas clareiras de diferentes tamanhos
possibilitam uma entrada maior de luz e chuvas de sementes no sub-bosque da floresta,
favorecendo a germinação e o desenvolvimento de diversas plântulas que encontravam–se
estagnadas pelo sombreamento natural da floresta.
Essa entrada de luz resulta em ganhos de incremento da floresta com a aceleração dos
mecanismos de crescimento dos indivíduos.
Os tratamentos silviculturais trazem diversos benefícios, alguns já mencionados, mas
destacamos os principais:
• Recuperação da floresta via plantios;
• Aumento da produtividade e estoque da floresta;
• Valorização da floresta;
• Trabalhadores atuando na floresta na entre safra; e
• Melhora significativa do aspecto da floresta remanescente ao longo dos anos.

8.10. Proteção Florestal

O empreendimento deve garantir a proteção de suas áreas por meio da adoção de medidas
para prevenir a ocorrência de incêndios, invasões, aparecimento de doenças, pragas,
introdução de plantas colonizadoras, caça e pesca ilegal e exploração madeireira ilegal na
unidade de manejo.
É fundamental que o empreendimento busque, também, alternativas para reduzir o uso de
químicos, inclusive nos viveiros, por meio da implementação do manejo integrado de pragas,
com ênfase em prevenção e métodos de controle biológico.
Deve ser realizada inspeção da floresta, de acordo com a escala e intensidade do
empreendimento, principalmente em longos períodos de seca, quando incêndios florestais
podem ocorrer. E, periodicamente, para inibir a entrada de caçadores e extratores ilegais de
madeira.

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Figura 80: Proteção florestal

Fonte: Acervo IFT

Indicativo de verificadores
São indicativos da existência de preocupações quanto à proteção florestal, a existência
dos seguintes pontos na propriedade: Plano de educação dos funcionários, plano de
prevenção contrafogo em época de queimadas e a existência de aceiros onde necessário,
agentes ambientais, ausência de lixo ao longo das infraestruturas e na floresta, local para
acondicionamento de resíduos de óleo, plano de emergência em caso de acidentes, placas de
advertência contra pesca e caça da fauna local, guaritas e torres de vigilância e grupamento
de ronda ostensiva.

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171
8.11 Avaliação de danos e desperdícios
da exploração

8.11.1 Avaliação de desperdícios de


madeira

Na etapa pós-exploratória, a atividade de avaliação dos desperdícios visa identificar, mensurar


e quantificar o desperdício de madeira durante a exploração florestal. E o resultado dessa
avaliação indicará se existe a necessidade de treinamento de operadores e/ou aprimoramento
das técnicas de exploração.
Desta forma, o desperdício pode ser definido como a diferença entre a totalidade do volume
comercial de madeira que poderia ter sido retirado da floresta e o volume efetivamente
retirado durante a exploração.
Existem muitas práticas que originam o desperdício na exploração. Vamos ver algumas delas?
(a) toras cortadas não encontradas pelas equipes de arraste ou simplesmente deixadas na
floresta devido a práticas inadequadas de corte, que fizeram com que as toras rachassem
durante a queda;
(b) toras esquecidas nos pátios de estocagem;
(c) desperdícios de madeira deixados em tocos da exploração muito altos ou devido a práticas
inadequadas de traçamento das toras.
Os desperdícios de madeira representam uma medida direta de ineficiência da exploração,
uma vez que estão associados a custos das operações (i.e., corte, arraste, traçamento etc.),
que foram diluídos por uma quantidade de madeira menor retirada da floresta.
As operações de EIR se mostram efetivas em reduzir o volume de madeira desperdiçada,
resultando em maior eficiência da exploração. No entanto, nem todo desperdício é viável
economicamente de ser evitado, uma vez que a operação em alguns casos poderia despender
muito mais tempo (e recursos) para aproveitar relativamente pouco volume de matéria prima.
Uma taxa de até 10% de desperdícios seria aceitável, e pode ser considerada como um bom
indicador da qualidade da exploração.

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172
8.11.2. Metodologia

A avaliação de desperdício é aplicada até dois anos após a exploração, avaliando as atividades
de corte, planejamento de arraste, traçamento e arraste, adotando uma amostragem de até
10% da área explorada. Antes de ir ao campo e iniciar a coleta dos dados, deve-se identificar os
fatores e as principais causas que provocam o desperdício de madeira durante a exploração.
Também deve-se definir as variáveis a serem observadas e mensuradas para poder identificar
as causas e quantificar o desperdício. Há dois fatores característicos de desperdícios, os de
origem natural e os de origem operacional. Na avaliação de desperdício o foco será somente
o desperdício de origem operacional.

Definição dos fatores de desperdícios:


• Fator Operação - chamado desperdício operacional - é aquele provocado durante as
atividades de exploração, principalmente pela falta de planejamento, de treinamento e
usos de técnicas inadequadas por parte dos operadores.
• Fator Natureza - chamado desperdício natural - é aquele provocado pela característica
natural da espécie ou da própria árvore tais como: oco, tortuosidade, podridões, cupins
e outros.

Dentre todos os fatores que contribuem para os desperdícios da exploração, em geral o


traçamento de toras é o mais significativo.

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173
8.11.3. Variáveis de Avaliação de
Desperdícios

As variáveis de avaliação de desperdícios são aplicadas com base em parâmetros de fácil


observação e mensuração, objetivando identificar a causa do desperdício. Normalmente são
utilizadas as seguintes variáveis para avaliar o desperdício durante a exploração: tipo de corte;
desperdício no corte (altura do toco); desperdício na tora; desperdício na copa e desperdício
nos galhos.
Vamos entender melhor cada um deles.
Desperdício no corte (toco): Variável altura que permite quantificar o grau de desperdício
de madeira no toco, proveniente dos cortes realizados durante a derrubada da árvore, e é
influenciado pela forma do fuste e presença ou não de sapopemas nos tocos.

Figura: Acervo do IFT

Desperdício na tora: Variável quantidade de madeira, que permite quantificar o grau de


desperdício nas toras deixadas na floresta (não encontrada pelo operador de Skidder) ou nos
pátios (descartadas).

Figura: Acervo do IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
174
Para quantificar o desperdício, as toras são divididas em categorias.
1) Toras sem Aproveitamento, são todas as toras que não apresentam oco ou rachadura,
mas apresentam defeitos naturais4 que impossibilitam o seu aproveitamento.
2) Toras com oco, são todas a toras que apresentam oco parcial ou em toda a extensão
da tora. Toras ocas destinadas à serraria são aproveitadas desde que apresentem oco
de diâmetro menor ou igual a 50 % do diâmetro da tora (Leão, 1998). Toras destinadas
à laminação que apresentam oco de diâmetro menor ou igual a 20 cm são aproveitadas
pelas laminadoras.
Deste modo, as toras ocas que se enquadram nestes parâmetros e que são deixadas na floresta
são consideradas como desperdício operacional. E as toras que estão fora destes parâmetros
e ainda não são aproveitadas pela indústria são consideradas como desperdício natural.
3) Toras Rachadas, são toras que apresentam rachaduras ou fendas parcial ou por toda
a sua extensão. Estas rachaduras são originadas basicamente de causas naturais ou
operacional:
4) Toras com sapopemas6, são provenientes de espécies que apresentam este tipo de
raiz. A parte da tora que apresenta sapopemas dificilmente é utilizada pela indústria e
por isso muitas destas toras são deixadas na floresta.
5) Desperdício na copa: variável comprimento de madeira, que permite verificar o
desperdício de volume de madeira do fuste durante o traçamento na junção do fuste
com a copa.
6) Desperdício nos galhos: variável volume que permite verificar o desperdício de madeira
deixada em galhos na copa da árvore.

Exemplos de desperdícios na tora e nos galhos

Figuras: Acervo IFT

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175
8.11.4. Avaliação de danos no manejo
florestal

Sabemos que as operações florestais causam, inevitavelmente, danos em menor ou maior


grau. Assim, a avaliação dos impactos dos danos causados ao solo e à floresta remanescente
é uma das atividades que também faz parte da etapa pós-exploratória, e é realizada para
verificar se as técnicas de redução desses impactos estão sendo seguidas pelas equipes de
campo.
Acompanhar a intensidade dos danos após a exploração é importante para saber se o
crescimento está sendo prejudicado em função das técnicas adotadas. Dessa forma, são
instaladas parcelas de monitoramento em áreas sem intervenção e em áreas onde houve
exploração para comparativamente avaliar os danos, e como eles influenciam no crescimento
da floresta. Nessas parcelas são identificadas, mensuradas e quantificadas a intensidade e
a frequência de danos causado pela exploração madeireira nas árvores remanescentes
comerciais e potencialmente comerciais. A avaliação pode ser realizada até dois anos após a
exploração, de forma a ser visível a mortalidade e a recuperação de árvores remanescentes.

8.11.5. Danos às árvores remanescentes

Esta avaliação consiste em mensurar a qualidade geral da árvore remanescente, definida aqui
como árvores comerciais ou potencialmente comerciais entre 40 e 50 cm de diâmetro à altura
do peito (DAP), após a exploração. É feita por meio de três avaliações, sendo a primeira dos
danos na copa das árvores provocados pela exploração, a segunda pelos danos causados ao
fuste, e a terceira uma avaliação do estado geral de saúde da árvore.

Figura 81: Danos severos em árvore remanescente

Fonte: Acervo IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
176
8.11.6. Danos ao solo da floresta (área
exposta pela exploração)

Esta mensuração tem o objetivo de avaliar o impacto do uso de máquinas pesadas no solo da
floresta. Quanto melhor e mais planejada for a área manejada, é esperado que haja menores
impactos em relação à área total aberta por máquinas pesadas (estradas secundárias, pátios
de estocagem, bueiros, pontes etc.), mas também que haja menor área de solo mineral
exposto nas infraestruturas construídas para serem temporárias, como os ramais de arraste.
Na avaliação, mede-se a área total das infraestruturas estabelecidas para a exploração
(comprimento e largura). Pode-se utilizar tanto trenas métricas e bússolas, como aparelhos
de GPS para determinar o traçado das infraestruturas e posterior plotagem em mapas de
registros.
A intensidade com a qual a largura das infraestruturas será medida (ou seja, a cada quantos
metros será realizada uma medição de largura de estradas ou ramais de arraste) depende da
escala do empreendimento e da área na qual o impacto da exploração será avaliado. Essas
etapas devem ser realizadas anualmente. Para fins práticos, recomenda-se que a distância
não seja menor do que 30 metros ou maior do que 100 m.
Se houver a possibilidade, é importante também, uma medição da compactação do solo de
forma sistemática ao longo das infraestruturas temporárias (ramais de arraste). Entretanto,
como a maioria dos empreendimentos florestais da Amazônia (pequeno e médio porte) podem
não ter acesso a tais recursos, sugere-se uma mensuração para captar o nível de proteção do
solo durante o arraste, medindo-se a quantidade de solo exposto ao longo dos ramais.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
177
8.11.7. Coleta dos dados da avaliação de
danos

A coleta de dados deve ser realizada até dois anos após a exploração florestal, tanto para
a avaliação de danos sobre as árvores remanescentes quanto para impactos ao solo.
Também é importante a definição das espécies e árvores de maior interesse para a avaliação,
principalmente, das espécies comerciais e potencialmente comerciais, bem como das árvores
remanescentes com a melhor qualidade de fuste e fitossanidade, identificados durante o
inventário pré-exploratório.
1. Depois de definir os tipos de danos a serem avaliados, deve-se obter uma lista de árvores
remanescentes comerciais e/ou potencialmente comercias baseado nas informações
do inventário florestal da área a ser monitorada.
2. Definir as espécies a serem avaliadas, baseado na lista das árvores comerciais e
potencialmente comerciais presentes na área.
3. Selecionar as árvores que serão avaliadas com DAP estabelecido para árvores
remanescentes; com qualidade de fuste 1 e 2, além, das porta-sementes.

Os danos no fuste e na copa são classificados segundo categorias de avaliação. Para o fuste
tem-se 6 categorias (Sem danos, Dano leve, Dano médio na casca, Dano médio na casca e
câmbio da árvore, dano severo no câmbio da árvore e dano irreversível). Enquanto na Copa há
4 categorias de danos (Sem danos, Danos leves, Danos médios, Danos severos).

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178
8.11.8. Coleta da saúde da árvore
remanescentes

De acordo com o tipo de dano presente no fuste e na copa, deve ser observado na árvore a
existência de algum tipo de recuperação (cicatrização) do dano e, rebrota da copa. A este fato,
é atribuído o estado de saúde da árvore. Está classificado em quatro categorias:
1. Árvore sadia, árvore sem nenhum tipo de dano, quer seja no fuste ou na copa.
2. Árvore em recuperação, árvore danificada apresentando cicatrização do dano e/ou
recomposição da copa.
3. Árvore sem sinal de recuperação, árvore sem nenhum sinal de recuperação ou
cicatrização de seus danos, tanto no fuste quanto na copa.
4. Árvore morrendo, árvore em estado de degeneração, com necroses ou podridões no
fuste e, queda de galhos e folhas.

Este método de avaliar danos e desperdícios permite que os empreendimentos florestais de


diferentes tamanhos possam monitorar como podem melhorar em relação à diminuição dos
impactos ecológicos sobre a floresta, promovendo o aumento do valor futuro das espécies
comerciais e diminuição de seus custos operacionais.
Ao mesmo tempo, a execução do levantamento em si pode ter seus custos bastante diluídos
considerando que pode ser feito durante a entressafra madeireira, de forma a manter
empregados e ocupados alguns trabalhadores da exploração.
Por fim, o método também pode ser útil para monitorar a qualidade do manejo florestal.

Foi muito bom entender a importância de monitorar e


cuidar das áreas já manejadas. O trabalho é constante!

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
179
Encerramento do módulo 8

Confira, no próximo módulo, como é feita a


manutenção das infraestruturas.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
180
MÓDULO 9
Manutenção de
infraestruturas

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO
Apresentação

Olá!
No módulo 4 vimos as infraestruturas do manejo florestal, o planeja-
mento e a construção. Neste módulo iremos estudar a manutenção des-
sas infraestruturas.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
182
9.1. Introdução

Agora trataremos da manutenção de infraestruturas, medida necessária para garantir a


utilização ininterrupta da mesma ao longo do ciclo de manejo. O principal objetivo é não
permitir a deterioração da infraestrutura existente na área florestal manejada. A aplicação de
práticas de planejamento que resultam na adoção de melhores desenhos de engenharia para
a concepção e construção da infraestrutura decorre em um menor número de intervenções
para correções futuras. Uma boa prática de manutenção melhora a funcionalidade das
infraestruturas.
As infraestruturas florestais, como elementos fundamentais de toda a organização do espaço
florestal, permitem o trânsito para os povoamentos florestais de todos os equipamentos,
maquinários e pessoal, além de facilitar a remoção dos produtos florestais e de auxiliar na
prevenção, detecção e combate aos incêndios florestais, além de acesso às demais medidas
de proteção florestal. As infraestruturas gerais, a exemplo da viária, devem ser mantidas
regularmente de modo a possibilitar a execução de todas as operações do manejo florestal
durante todo o ciclo.
A manutenção regular tem como vantagem principal a diminuição do tempo de transporte
das equipes de profissionais e deslocamento de materiais diversos contribuindo para uma
redução dos custos operacionais do manejo. Estradas bem mantidas facilitam o escoamento
de água da chuva e evitam atoleiros, garantindo continuidade do trabalho; diminuem o
número de acidentes e resultam em várias vantagens logísticas que aumentam a eficiência
das operações.
A manutenção das infraestruturas é precedida de boas práticas de gestão, ou seja, boas
práticas recomendadas de gerenciamento das infraestruturas florestais.
Vamos conferir os principais objetivos das melhores práticas de gestão.
• Produzir um desenho seguro para as infraestruturas;
• Proteger a qualidade da água e reduzir a acumulação de sedimentos nos cursos d’água;
• Evitar conflitos pelo uso das infraestruturas (política de boa vizinhança);
• Proteger zonas sensíveis (Áreas de Proteção Permanente) e reduzir impactos nos
ecossistemas;
• Manter canais naturais de drenagens e passagens de fauna;
• Controlar a água superficial sobre as infraestruturas e estabilizá-las;
• Controlar erosão e áreas de solos expostos;
• Estabilizar taludes e reduzir os desperdícios de materiais na construção civil.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
183
9.2. Estradas/Pátios

A manutenção das estradas tem como vantagem principal a diminuição do tempo de transporte
de pessoal, material e matéria-prima. Estradas bem mantidas facilitam o escoamento de água
da chuva e evitam atoleiros, garantindo continuidade do trabalho; diminuem o número de
acidentes e resultam em vantagem logísticas que aumentam a eficiência das operações e, em
geral, ajudam a reduzir os custos do manejo.
Vamos conhecer agora as recomendações para estradas florestais.
- Minimize a largura da estrada e área atingida;
- Evite áreas problemáticas;
- Desenhe drenagem transversais sobre as estradas;
- Evite a alteração de padrões naturais de drenagem (evite aterros);
- Controle a drenagem e o fluxo da água na superfície e nas valetas;
- Minimize a conectividade entre estradas e rios;
- Evite a proliferação de ervas daninhas;
- Mantenha a estrada estruturalmente integral;
- Estabilize taludes;
- Estabilize pontos de erosão;
- Controle o uso de estradas ou fechar quando possível;
- Inclua passagem para animais sob e sobre a estrada;
- Tenha pessoal com o conhecimento e treinamento necessários para construir, gerenciar
e manter seu sistema de estradas; e
- Construa o cronograma de manutenção minuciosa e padronizada.

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Figura 82: Estrada para manejo

Foto: Acervo do IFT

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185
9.3. Pontes/Bueiros

Diretamente relacionadas ao trânsito nas estradas, as pontes e bueiros também necessitam ser
mantidos em bom estado de conservação, o que implica em maior segurança nas operações
e não permite atrasos para a sua transposição pelas máquinas e caminhões. Na proximidade
de pontes e bueiros, deve ser mantida sinalização indicando a presença delas ao longo das
vias, assim como nas curvas acentuadas ou demais trechos que requerem mais atenção do
motorista.
Dessa forma, o bom estado de conservação das placas de sinalização deve ser observado,
juntamente com a limpeza de vegetação que possa encobrir a visualização da sinalização.
Figuras 83 e 84: Pontes e bueiros

Foto: Acervo do IFT

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
186
9.4. Alojamentos/Acampamentos

Os alojamentos devem ser mantidos em bom estado e oferecer condições mínimas de


conforto e segurança. Dentre as características mínimas de conforto, há a necessidade
de proteção contra chuva, espaço suficiente para os ocupantes, banheiros e chuveiros em
quantidade adequada ao número de pessoas, condições mínimas de higiene, refeitório e
cozinha adequados, dentre outros. A manutenção deve ser feita durante todo o ano, como
forma preventiva à ocorrência de incidentes/acidentes e para que os profissionais tenham
uma infraestrutura confortável e segura.

9.5. Rede divisional/Aceiros

A rede divisional ou grandes aceiros é o conjunto de faixas com funções de compartimentação


das áreas de floresta plantada e de acesso para as operações de exploração. Em floresta natural
podem servir como zonas limítrofes entre propriedades e como anteparos entre áreas de uso
alternativo do solo (fazendas, lavouras etc.) e bordas de florestas. Contudo, com o decorrer
do tempo, aumentou a importância da rede divisional na defesa contra incêndios. Assim, a
rede divisional é composta por faixas corta-fogos com ou sem cobertura de vegetação e onde
se realiza periodicamente a limpeza ou rebaixamento da vegetação espontânea (manutenção
dos aceiros).

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187
9.6. Aspectos-chave para implementação
da manutenção

• A manutenção deve incluir a superfície de rolamento e as estruturas de drenagem. Os


bueiros e outras estruturas para drenagem devem ser limpos com frequência para evitar
formação de poças d’água persistentes após chuvas fortes e/ou vegetação morta em
represamentos. Quando necessário, deve-se aplicar medidas para controlar a erosão
em taludes, pista de rolamento e pontes.
• As estradas principais devem estar acessíveis o ano inteiro e as estradas secundárias
não devem ser usadas durante a estação chuvosa.
• A manutenção das estradas deve incluir o leito trafegável e também as estruturas de
drenagem. Bueiros, pontes e valetas devem ser frequentemente limpos de vegetação
ou sedimentos acumulados. As estradas principais devem ser acessíveis o ano inteiro,
tanto na época seca quanto na chuvosa.
• A manutenção das placas de sinalização deve ser feita com a substituição de peças,
sempre que necessário.
• Os alojamentos, bem como toda a estrutura relacionada, devem ser mantidos, com a
substituição de madeiras, telhas, estrutura hidráulica e elétrica, dentre outros.
• Caso ocorra a persistência de grandes poças d’água após as chuvas, deve haver a
abertura de drenos para o escoamento da água para um nível mais baixo, sempre que
possível.
• Sempre que necessário, deve haver medidas de controle de erosão em declividades,
tais como taludes de corte, de aterro e imediações de bueiros e pontes. Tais medidas
podem ser a compactação do solo, caixas de contenção, plantio de gramíneas, entre
outras.
Na EIR a infraestrutura deve ser considerada PERMANENTE (exceto as trilhas de arraste)
requerendo constante atenção quanto aos aspectos de manutenção.

MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
188
9.7. Equipe e equipamentos necessários

Para as atividades de manutenção, o empreendimento pode optar por manter uma equipe
ao longo do ano e específica para essa atividade ou definir um cronograma de intervenções
nas diferentes infraestruturas e redirecionar profissionais alocado em diferentes setores
para atuar ocasionalmente nos períodos definidos pelo cronograma de manutenção. Os
profissionais necessários para atuar são: Engenheiro ou Técnico responsável, operador de
motoniveladora/trator de esteira/rolo compactador/Pá Carregadeira/Retroescavadeira,
operador de motosserra, motorista de caçamba e veículo de apoio e ajudantes.
Para as “Áreas de Empréstimo”, deve-se atentar para necessidade de licenciamento ambiental
nessas áreas de coleta de material, de acordo com as Leis Estaduais e Federais vigentes. O
ideal é preparar um plano operacional de uso da área de empréstimos, procurando trabalhar
no mesmo local em diferentes fases do manejo florestal, e concentrar-se no mesmo local de
extração de material. Preparar um plano de recuperação para toda área de empréstimo, após
o esgotamento do material, e procurar, se possível, executar a recuperação simultânea aos
demais trabalhos, para aproveitar a equipe envolvida.
Os aceiros limpos não devem ser implantados em situações de relevo acidentado e/ou vento
forte, pois constituem canais de injeção de oxigénio, é difícil e onerosa a sua limpeza, os
incêndios conseguem transpô-los facilmente e apresentam riscos de erosão muito elevados,
para além da perturbação da paisagem que causam. Todos estes fatores são agravados
com o aumento do declive. Nestas situações, é aconselhável a implantação de aceiros com
vegetação uma vez que este tipo de faixas pode ter uma largura maior que os outros aceiros e
ser implantado numa rede mais densa.

Figura 85: Depósito de piçarra em uma área de empréstimo

Fonte: Acervo IFT

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Encerramento do módulo 9

Concluímos o estudo de todos os módulos. Confira se todas


as tarefas foram realizadas, com alcance da nota mínima,
e preencha a avaliação de reação para obter o certificado.

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ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
190
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MANEJO DE IMPACTO REDUZIDO COM ÊNFASE NAS


ETAPAS E ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MANEJO MÓDULO 4
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